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Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 1 BIOMEMBRANAS Lodish et al., 2008 Biologia Celular As membranas biológicas são crucias para a vida das células. Nas células eucarióticas são responsáveis pela organização espacial do meio interno celular (compartimentação intracelular). Face exoplasmática Face citosólica Biologia Celular Membranes Protein Lipid Carbohydrate Plasma membranes: red blood cells liver cells amoeba myelin 49 54 54 18 43 36 42 79 8 10 4 3 Nuclear envelope 66 32 2 Endoplasmic reticulum 62 27 10 Golgi complex 64 26 10 Mitochondrion outer membrane inner membrane 55 78 45 22 trace --- Chloroplast spinach lamellae 70 30 6 Composição em Proteínas, Lípidos e Carbohidratos de diferentes biomembranas (percentagem aproximada de peso seco) Sources: Guidotti, G., 1972, Ann. Rev. Biochem.; Lotan, R. and Nicholson, G.L., 1981, Advanced Cell Biology ed. by L.M. Schwartz and M.M. Azar. Van Nostrand, New York. Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 2 Biologia Celular Principais Lípidos das Biomembranas (fosfoglicerídeos, esfingolípidos e esteróides) Moléculas anfipáticas (com uma cauda apolar, hidrofóbica, e uma cabeça polar, hidrofílica) muitas delas sem carga elétrica efetiva, outras com carga elétrica negativa. A - representação esquemática; B - fórmula molecular; C - modelo de enchimento; D - símbolo Alberts et al., 2008 Biologia Celular Partes de uma molécula de um Fosfoglicerídeo (fosfatidilcolina) Dois ácidos gordos ligados, por uma ligação éster, ao glicerol e este, por uma ligação fosfodiéster, a um grupo terminal carregado (colina) Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 3 Biologia Celular Diferentes tipos de fosfoglicerídeos Biologia Celular Nalguns esfingolípidos, o grupo polar é um açúcar ligado à esfingosina (glicolípidos) ���� glucosilcerebrosídeos (GlcCer). Partes de uma molécula de um Esfingolípido (compostos derivados da esfingosina) No esfingolípido mais abundante (esfingomielina), um grupo polar terminal (fosfocolina) liga-se à esfingosina e esta a uma longa cadeia de um ácido gordo. Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 4 Biologia Celular Partes de uma molécula de um Esteróide (colesterol) Lípidos cuja parte apolar é um núcleo esteróide (fusão de quatro anéis hidrocarbonados) ligado a uma cauda de hidrocarbonetos. O colesterol é o esteróide principal nas células animais, caracterizando-se por ter o grupo polar (grupo hidroxilo - OH) no anel terminal. Nas células vegetais 30-50% dos lípidos são esteróides únicos das plantas. Microfotografia TEM da membrana (a) e respetivas representações esquemáticas Lodish et al., 2008 Cooper & Hausman, 2009 Biologia Celular Estrutura em bicamada das Biomembranas Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 5 Distribuição assimétrica dos fosfolípidos nos dois folhetos da membrana plasmática de eritrócitos Alberts et al., 2008 Biologia Celular Lodish et al., 2008 Biologia Celular A função única de cada membrana biológica é largamente determinada pelas proteínas que possui. Proteínas Membranares As proteínas desempenham funções estruturais, enzimáticas, de recetores de sinais ou ligandos, de transportadores, … De acordo com o grau de associação com as biomembranas, as proteínas classificam-se em: - Proteínas periféricas ou extrínsecas (não interagem com o interior hidrofóbico da bicamada) - Proteínas integrais ou intrínsecas (interagem com o interior hidrofóbico da bicamada) Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 6 Biologia Celular Proteínas Membranares (Periféricas, Integrais e Ancoradas em lípidos) Representação esquemática da associação de proteínas com a bicamada lipídica Lodish et al., 2008 Biologia Celular Proteínas Membranares Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 7 MEMBRANA PLASMÁTICA Preparada pela técnica da criofractura e criogravação De Robertis & De Robertis, 1996 Biologia Celular Congelamento rápido das amostras, seguido de fratura com uma faca de aço arrefecida e ulterior obtenção de uma réplica metálica da superfície de fratura, que é observada no TEM → Modelos Moleculares da organização das Biomembranas • Overton (1902) →Monocamada lipídica • Gorter & Grendell (1926) → Bicamada lipídica • Danielli & Davson (1935) → Bicamada lipídica com proteínas aderentes a cada superfície • Robertson (1959) → Unidade de membrana • Singer & Nicholson (1972) →Mosaico fluido Biologia Celular Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 8 • Lípidos e proteínas distribuem-se nas membranas numa espécie de mosaico. • Lípidos e proteínas apresentam mobilidade na bicamada. Biologia Celular Representação esquemática do modelo do Mosaico Fluido (Cooper & Hausman, 2009) Tipos de movimentos possíveis dos fosfolípidos na bicamada lipídica Alberts et al., 2008 Biologia Celular (difusão transversal) Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 9 Factores que influenciam a fluidez das biomembranas Alberts et al., 2008 Biologia Celular • Natureza química dos seus componentes (grau de saturação das cadeias de ácidos gordos) Maior quantidade de ácidos gordos insaturados e cadeias mais curtas e flexíveis aumentam a fluidez das biomembranas Factores que influenciam a fluidez das biomembranas Alberts et al., 2008 Biologia Celular • Natureza química dos seus componentes (características químicas e estruturais do colesterol) Maior quantidade de colesterol torna as biomembranas mais rígidas Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 10 Factores que influenciam a fluidez das biomembranas Biologia Celular • Temperatura fisiológica Temperaturas baixas conduzem a gelação e a uma consequente formação de agregados cristalinos. Temperaturas altas conduzem a solação e a uma maior flexibilidade dos fosfolípidos. Lodish et al., 2008 Formação de balsas ou jangadas de lípidos Biologia Celular • As biomembranas apresentam domínios funcionais com uma composição diferente em lípidos e proteínas, que não se misturam entre si. • Um destes microdomínios resulta da associação entre moléculas de colesterol e de esfingolípidos (esfingomielinas e glicolípidos) formando balsas lipídicas (lipid rafts). • As balsas lipídicas são enriquecidas em proteínas ligadas covalentemente a um ou mais grupos lipídicos (ex. proteínas recetoras e de sinalização). • Estes complexos lípidos-proteínas são importantes em diversos processos, tais como na endocitose e na deteção de sinais químicos vindos do exterior e subsequente activação de eventos citosólicos. Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 11 Demonstração da fluidez das Biomembranas Representação esquemática do fenómeno da formação do capuz em linfócitos (De Robertis & De Robertis, 1996) Biologia Celular Representação esquemática da experiência de fusão celular de Frye e Edidin (Alberts et al., 2008). Demonstração da fluidez das Biomembranas Biologia Celular Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 12 Observação da movimentação lateral de proteínas (e taxa de difusão) pelo método de FRAP (fluorescence recovery after fotobleaching – restabelecimento da fluorescência após fotobranqueamento) Demonstração da fluidez das Biomembranas Biologia Celular Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 13 REVESTIMENTO CELULAR (GLICOCÁLICE) Representação esquemática da composição molecular do glicocálice (Azevedo, 1999) Biologia Celular Revestimento externo da membrana plasmática de todas as células eucarióticas, constituído pelas cadeias oligossacarídicas dos glicolípidos e glicoproteínas da membrana. REVESTIMENTO CELULAR (GLICOCÁLICE) Microfotografias TEM do glicocálice após o teste de Thiéry (em cima) e acoloração com vermelho de ruténio (em baixo) Membrana plasmática Membrana plasmática Alberts et al., 2008 Biologia Celular O Glicocálice é visualizado por técnicas de coloração específicas para os sacarídeos, como a reação PAS (MO) ou o Teste de Thiéry (TEM) ou os corantes azul de alciana (MO), nitrato de lantânio ou vermelho de ruténio (TEM). A identificação exacta dos sacarídeos do glicocálice é feita com lectinas: • Concavalina A → glicose e manose • Aglutinina de gérmen → N-acetilglicosamina Prof. Augusto Dinis BIOLOGIA CELULAR 14 REVESTIMENTO CELULAR (GLICOCÁLICE) Principais funções: 1. Protecção da membrana Protege a bicamada lipídica contra agressões químicas e/ou físicas do ambiente externo. 2. Filtração Actua como um filtro ou crivo molecular, regulando a passagem de substâncias de acordo com o seu peso molecular. 3. Microambiente Define um ambiente especial na superfície das células, que pode variar em termos de pH e carga eléctrica (o que faz variar a concentração de certas substâncias na superfície e, inclusivamente, o ambiente catiónico da célula). 4. Actividade enzimática Muitas das glicoproteínas têm função enzimática, como a fosfatase alcalina e outras enzimas que intervêm na digestão de carbohidratos e proteínas, especialmente nas vilosidades do intestino. Biologia Celular REVESTIMENTO CELULAR (GLICOCÁLICE) Principais funções: 5. Antigénios dos grupos sanguíneos (ABO) A especificidade do sistema ABO dos grupos sanguíneos é largamente determinada pelas cadeias terminais de oligossacarídeos que estão presentes na membrana plasmática dos eritrócitos. 6. Reconhecimento e Adesão celulares Os oligossacarídeos presentes no glicocálice constituem como que um código molecular (marca datiloscópica) para a superfície celular → antigénios de histocompatibilidade; deste modo, só células que tenham o mesmo código/marca é que se reconhecem e aderem, enquanto as células estranhas se rejeitam. 7. Inibição por contacto Responsável pela emissão de sinais químicos que interrompem a mitose por meio de contatos físicos entre células de um mesmo tecido; quando esta propriedade é perdida ou modificada, as células crescem desordenadamente, formando tumores. Biologia Celular
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