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08-10-2010 1 Para ser um bom marcador molecular tem que preencher determinados parâmetros: 1) Polimorfismo (a matéria prima de um geneticista é a variabilidade); 2) Co-dominância (as diferentes formas de um marcador devem ser detectáveis em organismos diploídes de modo a distinguir os homozigóticos dos heterozigóticos); 3) Não epistático (o seu genótipo pode ser lido a partir do fenótipo, qualquer que seja o genótipo nos outros loci); 4) Distribuição uniforme ao longo do genoma, detecção fácil, rápida e pouco dispendiosa; 5) Insensível ao meio (o genótipo pode ser deduzido do fenótipo, qualquer que seja o meio) Uma das características fundamentais de um bom marcador molecular é a sua reprodutibilidade intra e inter laboratórios. Figura 10 – Representação esquemática dos quatro passos em que consiste a análise de RFLP (adaptado de: www.scq.ubc.ca). Tecido vegetal Extracção de DNA Clivagem do DNA com enzimas de restrição Separação dos fragmentos de DNA por electroforese Southern Blot Hibridação Eliminaçãoda hibridação inespecífica Película detectora dos fragmentos padrão Análise de fragmentos RFLP de DNA total 08-10-2010 2 Esquema PCR Marcadores de primers arbitrários Marcadores STS (Sequence tagged sites) 08-10-2010 3 RAPDs - Random Amplified Polymorphic DNA Esta técnica foi descrita em 1990 por uma equipa da DuPont Co. (Williams et al., 1990), que a denominou de RAPD. É um processo de análise simples que requer uma simples reacção de PCR (com baixas temperaturas de annealing, p.e. 35ºC) e primers curtos (10 oligonucleótidos) de sequência e arbitrária, que se ligam ao DNA molde em direcções convergentes. A amplificação destes fragmentos de DNA genómico irá estar na base da detecção de polimorfismos, que posteriormente serão de fácil identificação através de uma separação electroforética. Cada primer pode amplificar em simultâneo vários loci ao longo do genoma e originar fragmentos de tamanhos variados. Primer Molécula de DNA Fragmentos amplificados Separação electroforética Figura 12 – Representação esquemática do princípio da análise genética por RAPD (adaptado de: (Vicent and Fulton, 2003). RAPD – exemplificação da técnica 08-10-2010 4 AP-PCR – Arbitrary Primed Polimerase Chain Reaction Tendo como base a tecnologia de RAPD, Welsh e McClelland (1990) desenvolveram uma derivada desta análise, cujo objectivo era obter impressões genéticas de indivíduos (fingerprinting). Esta técnica difere da anterior, uma vez que usa primers com 20 ou mais bases (p.e. primer M13 de sequência universal) e os dois primeiros ciclo da amplificação ocorrem a baixas temperaturas (com elevadas concentrações de primers), seguidos de 35 a 40 ciclos com temperaturas elevadas (com adição de nucleótidos marcados radioactivamente). DAF – DNA Amplification Fingerprinting Em semelhança à tecnologia anterior, esta análise também é uma derivada de RAPD. Desenvolvida por Caetano-Anollés et al. (1991), engloba o uso de primers muito pequenos (p.e. 5 a 8 bases) em elevadas concentrações. Estas duas últimas tecnologias, surgem como uma alternativa à tecnologia RAPD, no entanto apresentam-se com um maior grau de complexidade na sua aplicação e análise. 08-10-2010 5 ISSRs (Inter simple sequence repeats) Descritos por Zietkiewicz et al. (1994), baseiam-se na amplificação das regiões que se localizam entre as regiões SSR. É realizada uma reacção de amplificação, cujos primers são baseados nas repetições SSRs (microssatélites) e podem ser apresentadas em várias metodologias: 1) amplificação com apenas um primer; 2) amplificação com dois primers de características similares em simultâneo; 3) combinação entre um primer ISSR e um primer de sequência arbitrária (p.e. RAPD). Em contrapartida, é um marcador dominante, o que por vezes limita a sua aplicação. NN(CA)n (CA)nNN Repetição CA NN(CA)n (CA)nNN Repetição CA DNA Genómico Produto de PCR amplificado com o primer (CA)nNN Produto de PCR amplificado com o primer NN(CA)n ISSR – exemplificação da técnica 08-10-2010 6 Isolado Origem geográfica 4,74CT1 Rabal (área não-ultramáfica) 4,28CT5 Rabal (área não-ultramáfica) 7,43MT5 Morais (área ultramáfica) 2,17MT5 Morais (área ultramáfica) 7,47MT5 Morais (área ultramáfica) 5,37MT5 Morais (área ultramáfica) 1,19MT9 Morais (área ultramáfica) 7,15MT5 Morais (área ultramáfica) 6,19MT5 Morais (área ultramáfica) Identificação e origem geográfica dos isolados de Cenococcum geophilum. T1: tipo morfológico 1; T5: tipo morfológico 5; T9: tipo morfológico 9. Cada isolado foi identificado de acordo com a seguinte nomenclatura: n.º do esclerócio x, da caixa de Petri x, colhido do solo da árvore x, da área seleccionada, Morais (M) – área ultramáfica ou Rabal (C) – área não-ultramáfica (controlo), pertencendo ao tipo morfológico x. Padrões de bandas obtidos por PCR com o primer (GATA)4 nos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,5 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9 respectivamente. Controlo, linha 10. Marcador 100 bp, linha M. 08-10-2010 7 Padrões de bandas obtidos por PCR com o primer (GTG)5 nos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,5 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9 respectivamente. Controlo, linha 10. Marcador 100 bp, linha M. Padrões de bandas obtidos por PCR com o primer (GGAT)4 nos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,5 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9 respectivamente. Controlo, linha 10. Marcador 100 bp, linha M. 08-10-2010 8 Padrões de bandas obtidos por PCR com o primer (TCC)5 nos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,5 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9 respectivamente. Controlo, linha 10. Marcador 100 bp, linha M. Padrões de bandas obtidos por PCR com o primer (GA)8 nos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,5 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9 respectivamente. Controlo, linha 10. Marcador 100 bp, linha M. 08-10-2010 9 Clusters resultantes da análise UPGMA com base em todos os dados fornecidos pelos primers de microsatélites, evidenciando a separação entre os três tipos morfológicos, e dentro do tipo 5, o agrupamento entre os isolados 7M. SCAR (Sequence Characterized Amplified Region) Este tipo de marcador resulta da conversão das bandas de RAPD, por exemplo. Uma marca SCAR é um produto de amplificação RAPD ou ISSR (banda) que é extraído de um gel e posteriormente clonado num vector e sequenciado. Posteriormente, este fragmento é re-amplificado com primers específicos (16-24 pb) e são analisados os resultados obtidos. Apresenta vantagem em relação aos RAPDs uma vez que é convertido num marcador co-dominante e mais reprodutível. No entanto trata-se de uma técnica mais exigente e requer algum conhecimento da sequência que se manifesta de acordo com a herança mendeliana e apresenta uma maior exigência em termos operacionais. 08-10-2010 10 Gel RAPD Banda polimórfica Extracção da banda polimórfica e clonagem num vector Sequenciação do fragmento e amplificação apenas das bandas com interessePadrão de bandas mais fácil de interpretar Banda polimórfica Figura 14 – Representação esquemática da metodologia SCAR (adaptado de: Vicent e Fulton, 2003). SCAR – sequence characterized amplified region (exemplificação da técnica) Localização dos primers no cistrão do rDNA e respectivas regiões amplificadas. Adaptado de White et al. (1990). 08-10-2010 11 Padrões de IGS1 obtidos por PCR dos isolados de Cenococcum geophilum em gel de agarose (1,2 %) corado com brometo de etídio. Isolados 4,74CT1; 4,28CT5; 7,43MT5; 2,17MT5; 7,47MT5; 5,37MT5; 1,19MT9; 7,15MT5; 6,19MT5, linhas 1-9, respectivamente. Marcadores 100 bp e 1 Kbp, linhas M e m, respectivamente. Tamanho aproximado (bp) dos loci do cistrão do rDNA amplificados por PCR dos isolados de Cenococcum geophilum . Isolados Loci 4,74CT1 4,28CT5 7,43MT5 2,17MT5 7,47MT5 5,37MT5 1,19MT9 7,15MT5 6,19MT5 ITS1 600 700 700 700 700 700 250 700 700 ITS2 350 350 350 350 350 350 350 350 350 ITS total 950 1050 1050 1050 1050 1050 600 1050 1050 NS3/NS4 600 600 600 600 600 600 600 600 600 SR1R/NS4 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 NS3/SR6 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 1300 08-10-2010 12 Sumário dos resultados dos padrões de restrição obtidos com 7 endonucleases nos vários loci do cistrão do rDNA amplificados por PCR em isolados de Cenococcum geophilum. Tx = isolados do tipo morfológico x; — = sem sítio de restrição; Ø = sem variação entre isolados; Dv = digestão variável. Loci do rDNA Endonucleases ITS1 ITS2 NS3/NS4 SR1R/NS4 NS3/SR6 Alu I Discrimina alelos entre T1, T5 e T9; Discrimina alelos entre isolados T5 Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Ø; Dv Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Discrimina alelos entre T1/5 e T9 EcoR I — Ø — — — Hinf I Discrimina alelos entre T1, T5 e T9; Discrimina alelos entre isolados T5 Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 Ø Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Hind III Discrimina alelos entre T1, T5 e T9; Discrimina alelos entre isolados T5; Dv Discrimina alelos entre T1 e T5/9; Dv Ø; Dv Ø; Dv Discrimina alelos entre T1/5 e T9; Dv Msp I Discrimina alelos entre T1, T5 e T9; Discrimina alelos entre isolados T5 Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 Ø Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Discrimina alelos entre T1/5 e T9 Pst I Discrimina alelos entre T1, T5 e T9; Dv Discrimina alelos entre isolados T5; Dv Ø; Dv Ø; Dv Discrimina alelos entre T1/5 e T9; Dv Taq I Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 Discrimina alelos entre T1/9 e T5 Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 Discrimina alelos entre T1, T5 e T9 PCR + Digestão + Electroforese CAP – Cleaved amplified polimorphic sequences = PCR-RFLP 08-10-2010 13 08-10-2010 14 AFLP – Amplified Fragment Length Polymorphism Esta técnica foi desenvolvida em 1990 numa empresa de biotecnologia holandesa Keygene (Vos et al., 1995), e representa uma tecnologia que permite a obtenção de um grande número de marcadores moleculares distribuídos pelo genoma de procariotas e eucariotas. Este marcador combina a especificidade da digestão com enzimas de restrição e o poder prático da técnica de PCR. A análise de AFLP consiste em quatro etapas: 1) o DNA genómico do indivíduo é clivado com duas enzimas de restrição, uma com elevada e outra com reduzida frequência de corte (p.e. MseI e EcoRI); 2) adaptadores específicos ligam-se aos terminais dos fragmentos de DNA genómico originados pela digestão das enzimas de restrição; 3) uma fracção destes fragmentos gerados é amplificada por duas reacções de PCR, uma designada de pré-amplificação e uma outra mais específica e selectiva; 4) os fragmentos amplificados são separados em gel de alta resolução. DNA Genómico Ligação de adaptadores Pré-amplificação Amplificação selectiva Corte com enzimas de restrição AFLP Fingerprinting AFLP – princípios da técnica 08-10-2010 15 Restrição por EcoR I e Mse I AFLP Fragmentos gerados pelas duas enzimas de restrição 08-10-2010 16 Ligação dos adaptadores específicos Amplificação pré-selectiva Fragmentos amplificados 08-10-2010 17 Amplificação Selectiva 4,74CT1 4,28CT5 7,43MT5 2,17MT5 7,47MT5 5,37MT5 1,19MT9 7,15MT5 6,19MT5 Electroferogramas obtidos com o par de primers selectivos EcoR I-TGC e Mse I–CTA para os isolados de Cenococcum geophilum. Em todos os fluorogramas atribui-se a cor laranja aos picos do marcador interno de peso molecular ROX-500 e a cor azul para os picos correspondentes aos fragmentos detectados. 08-10-2010 18 4,28CT5 4,74CT1 1,19MT9 6,19MT5 7,43MT5 7,15MT5 100 56 55 94 5,37MT5 7,47MT5 2,17MT5 100 100 54 Árvore de consenso obtida a partir dos electroferogramas de AFLP para os isolados de Cenococcum geophilum. Sequenciação de DNA 08-10-2010 19 SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms) Os SNPs são marcadores cujo polimorfismo é baseado na substituição de uma única base entre sequências homólogas. Ocorrem mais frequentemente que qualquer outro marcador e localizam-se muito próximo, ou até mesmo inseridos nos genes de interesse. Figura 20 – Identificação de SNPs (adaptado de: Vicent and Fulton, 2003). ESTs (Expressed Sequence Tags) As ESTs são pequenos fragmentos de DNA (200 a 500 pb) obtidos por sequenciação de uma ou de duas extremidades de um gene expresso de uma biblioteca de cDNA . É de bastante eficácia quando se quer identificar um novo gene e, em plantas, já foram identificados mais de 1 000 000 sequências EST (www.ostp.gov). mRNA Transcriptase reversa RNA cDNA Degradação do RNA/Síntese da dupla cadeia de DNA Dupla cadeia de DNA Primer Primer 5’ EST 3’ EST 08-10-2010 20 Microarrays Esta tecnologia permite a análise da totalidade do genoma em micro chips (Microarrays). Baseia-se na hibridação entre pequenos oligonucleótidos e cDNA marcado com fluorocromos, num chip (suporte físico). Quando se verifica complementariedade entre o oligonucleótido e o cDNA, é emitida fluorescência e é identificado e quantificado o fragmento de DNA em estudo. Os microarrays são usados no diagnóstico da expressão de genes e na construção de mapas genéticos. Representação esquemática dum microarray 08-10-2010 21 Cromossomas mitóticos observados ao microscópio óptico (n = 6) em hifas de C. geophilum (isolado 4,28CT5) coradas com carmim (× 2740). Número de cromossomas (n) 6 7 8Isolados Frequência de metafases 4,74CT1 2 - - 4,28CT5 10 - - 7,43MT5 27 - 7 2,17MT5 20 - 2 7,47MT5 20 - - 5,37MT5 20 3 4 1,19MT9 6 - - 7,15MT5 12 - - 6,19MT5 11 - 2 Números cromossómicos e frequência de metafases em isolados de C. geophilum. Marcador Citogenético Cromossomas mitóticos observados ao microscópio óptico (n = 8) em hifas de Cenococcum geophilum (isolado 2,17MT5) coradas com carmim (× 2740). 08-10-2010 22 Isolados Rf 2,17MT5 7,43MT5 1,19MT9 4,28CT5 Loci 0 ppm 30 ppm 0 ppm 30 ppm 0 ppm 30 ppm 0 ppm 30 ppm 0,21 + + + + + + + + 0,25 + + + + + + + + 0,29 - - - - + + - - 0,35 - - + - - - - - 0,45 - - + - - - - - ACPH-2 0,52 - - + - - - - - ACPH-1 0,84 - - + - - - - - Formas moleculares de fosfatases ácidas (ACPH) em isolados de C. geophilum expostos a duas concentrações de Ni (0 e 30 ppm). + Isoenzima expressa; - isoenzima não expressa. Ni adicionado ao meio de cultura (ppm)Isolados 0 5 10 15 20 30 4,28CT5 0,26 a 0,25 ab 0,26 a 0,25 ab 0,23 ab 0,19 b 2,17MT5 0,16 a 0,21 a 0,23 a 0,20 a 0,16 a 0,15 a 1,19MT9 0,17 a 0,20 a 0,18 a 0,17 a 0,17 a 0,18 a 7,43MT5 0,30 a 0,31 a 0,31 a 0,35 a 0,33 a 0,35 a Biomassa (g) dos isolados de C. geophilum nas diversas combinações isolado/concentração de Ni adicionado ao meio de cultura, após 8 semanas. Marcador Bioquímico
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