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Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro PEDIATRIA – NUTRIÇÃO PEDIÁTRICA Aleitamento Materno IDEAL: desde a sala do parto até a criança desmamar voluntariamente, sendo AME até os 6 meses de vida. • Aleitamento reduz em até 13% as mortes de crianças menores de 5 anos. • A introdução precoce de outros alimentos antes do 6º mês pode causar mais episódios de diarreia, doenças respiratórias, diminuição da absorção de ferro e zinco e risco de desnutrição. COLOSTRO (primeiros 5 dias): leite secretado nos primeiros dias, contendo muitas proteínas e imunoglobulinas, mas com menos lipídios. LEITE DE TRANSIÇÃO: é mais volumoso que o colostro, contendo menos proteínas e mais gorduras e carboidratos. LEITE MADURO: contém grandes quantidades de lipídios e carboidratos e menores quantidades de proteínas. O leite de vaca possui 3x mais proteínas do que o leite humano, o que sobrecarrega os rins e aumenta a excreção de cálcio pela urina. Além disso, o leite de vaca possui uma proteína com potencial alérgico, que é a beta- lactoglobulina. • Leite de vaca possui ferro, mas ele não é bem absorvido. Já as fórmulas lácteas são uma boa alternativa quando o AM não é possível, porem, elas não possuem as imunoglobulinas necessárias para a proteção do bebê, além de ser necessário um acompanhamento correto para a prescrição adequada desse composto, a fim de evitar subnutrição e obesidade. Os principais benefícios do leite humano são: • Diversas imunoglobulinas, sobretudo IgA, que atua contra microrganismos que invadem/colonizam as mucosas. • Leucócitos, lisozimas, lactoferrina, oligossacarídeos. • Fator bífico, que favorece o crescimento da bactéria que acidifica as fezes e dificulta infecções por bactérias que causam diarreia, como Shigella. OBS: GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA A gravidez na adolescência é uma situação de vulnerabilidade, pois há falta de informação, incapacidade psicológica e emocional, na maioria dos casos. O colostro produzido por mães adolescentes possui níveis diferentes de IgA e IgM, devido aos altos níveis de prolactina, estrogênio e progesterona. Além disso, é importante ressaltar que a amamentação previne o câncer de ovário, mama e endométrio. E, ainda, a mãe perde cerca de 500 calorias por dia e estabelece o vínculo mãe-bebê. Enquanto durar o aleitamento materno, com exceção da vitamina D, K e do ferro, haverá a oferta de vitaminas suficientes. Porém, essa oferta depende da alimentação da mãe, isto é, quanto mais diversificada, maior e melhor é o aporte de vitaminas no leite. LEMBRE-SE: amamentar antes da primeira hora de vida traz menos riscos de mortalidade para o bebê. Doenças infecciosas Maternas que impedem a Amamentação INFECÇÕES QUE CONTRAINDICAM TEMPORARIAMENTE A AMAMENTAÇÃO: • Brucella – interromper o aleitamento de 72 a 96 horas. • Streptococcus do grupo B • Staphylococcus aureus • Haemophilus influenza tipo B • Streptococcus pneumoniae • Neisseria miningitidis TUBERCULOSE: mães abacilíferas ou tratadas por duas semanas ou mais antes do Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro nascimento devem amamentar. Já as mães com sinais e sintomas devem retirar o leite e oferecer para a criança, utilizando máscara e normais higiênicas. Em casos de mães contaminadas, a criança precisa tomar 10 mg/kg/dia até o 3º/40 de vida. MASTITE E ABCESSO MAMÁRIO: não contraindica a amamentação. HANSENÍASE CONTAGIOSA (VITCHOWIANA): se a lactante estiver realizando o tratamento adequadamente, não há contraindicação para a amamentação. Mesmo assim, o RN deverá ser precocemente tratado. DOENÇA DIARREICA: não há contraindicação, mas a mãe deve realizar a higiene das mãos adequada após ir ao banheiro. SÍFILIS: se houver lesões primárias e secundárias na aréola e/ou mamilo, a amamentação é contraindicada temporariamente. DOENÇA DE CHAGAS: amamentação contraindicada durante a fase aguda da doença. HEPATITES A, B OU C: a amamentação é contraindicada nos casos do B e C. HIV: amamentação contraindicada. Necessidades de Micronutrientes RNPT As necessidades energéticas do RNPT dependem da IG, PN, metabolismo e deficiência nutricional, mas, em geral, oferta- se 110-135 Kcal/kg/dia. PROTEÍNAS: fundamentais para o desenvolvimento normal. O objetivo é alcançar o crescimento desejado e incorporar nitrogênio, sem ocasionar acidose, uremia ou grandes quantidades de amônia no sangue. • A maior taxa de uso de proteínas ocorre antes de 32 semanas gestacionais. CARBOIDRATOS: são a maior fonte de energia. O limite mínimo é de 10,5 g/100 Kcal de carboidrato, para que haja funcionamento adequado dos órgãos dependentes de glicose, como o cérebro. LIPÍDIOS: fundamentais para o crescimento e composição corporal. • Recomenda-se ingestão mínima diária de 4,8 g de gordura/kg. • ÁCIDOS GRAXOS ESSNECIAIS: linoleico e a-linolênico, são importantes para o transporte e oxidação de colesterol, além de fazerem parte dos fosfolipídios. Sua deficiência ao longo de tempo gera um déficit no desenvolvimento neuropsicomotor. Necessidades de Micronutrientes RNPT SÓDIO: RNPT possuem excretam mais, possuem altas taxas de mineralização óssea e possuem um desbalanço glomérulo-tubular e, por isso, necessitam de altas quantidades de sódio. • Quanto mais prematuro, maior a perda renal de sódio. CÁLCIO E FÓSFORO: Devido ao baixo acúmulo de nutrientes e grande velocidade de crescimento e mineralização óssea, necessitam de altas quantidades de cálcio e fósforo. • Lembre-se: absorção de cálcio depende da vitamina D. • Recomenda-se ingestão de 120 a 200 mg/kg/dia de cálcio e 60 a 140 mg/kg/dia de fósforo. VITAMINA D: importante papel nos sistemas neuromuscular e imunológico e na mineralização óssea. FERRO: essencial para a formação das hemácias, para o desenvolvimento cerebral e para as funções musculares e cardíacas. • Porém, a oferta excessiva pode aumentar o risco de infecções, déficits Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro no crescimento e distúrbio na absorção de outros minerais, além de aumentar a presença de radicais livres. ZINCO: Atua no sistema imune e é essencial para o crescimento e a diferenciação celular. • Recomenda-se ingesta de 1400 a 2500 mcg/kg/dia. • DEFICIÊNCIA – causas: diarreia, síndromes de má-absorção e nutrição parenteral prolongada sem zinco. Nutrição Enteral INDICAÇÕES: • Ingesta insuficiente • Disfagia • Terapia de doença metabólica, doença inflamatória intestinal e intolerância ao jejum • Alterações no TGI • Traumas • Gasto energético aumentado, como em cardiopatias congênitas, fibrose cística, nefropatias, infecção e broncodisplasia. • Aumento das perdas gastrointestinais. CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS: • Íleo paralítico ou mecânico • Obstrução intestinal • Perfuração intestinal • Enterocolite necrotizante Vitamina A - Vitamina Lipossolúvel - Dose diária recomendada: 400 a 900 mcg retinol/dia (1.200 a 3.000 UI/dia) - FUNÇÕES: • Metabolismo celular • Produção do pigmento retiniano (rodopsina) • Diferenciação de células epiteliais • Crescimento ósseo • Processos imunes • Metabolismo do ferro - Deficiência prevalente no nordeste e alguns locais do sudeste e norte. - Encontrada na forma de retinol (princípio ativo) em alimentos de origem animal (fonte de vitamina A pré-formada) e beta carotenos (fonte de provitamina A). • Vísceras • Gemas de ovos • Leite integral e seus derivados • Frutas e legumes amarelos e alaranjados • Vegetais verde-escuros • Frutos de palmeira e seus óleos - CAUSA PRIMÁRIA: baixa ingestão - CAUSA SECUNDÁRIA: má absorção, parasitoses, hepatopatias, pancreatopatia, infecções e desnutrição. - SINTOMAS DE HIPOVITAMINOSE: • OCULARES: xeroftalmia, cegueira noturna (nictalopia), maca de bitot (casos muito avançados), xerose conjuntival e ceratomalácia.• DEMAIS: descamação da pele, acne, deficiência do crescimento esquelético, deficiência reprodutiva. - SINTOMAS DE HIPERVITAMINOSE: náusea, vômitos, cefaleia, letargia, irritabilidade, dor óssea, alopecia, emagrecimento, hepatomegalia, aumento a PIC, fontanela abaulada, entre outros. - DIGNÓSTICO: anamnese, exame físico e laboratorial (dosagem sérica do retinol) • 10 a 20 mcg/dL de retinol: deficiência leve a moderada • < 10 mcg/dL de retinol: deficiência grave. - Suplementação em crianças que vivem em áreas de risco como profilaxia para o desenvolvimento da deficiência de vitamina A. • Avaliar bem a história clínica e epidemiológica do paciente, para evitar hipervitaminose. Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - DOSAGEM PROFILÁTICA E TERAPÊUTICA: • Menores de 6 meses de vida: 50.000 UI • 6 a 11 meses de vida: 100.000 UI a cada 6 meses. • 12 a 59 meses de vida: 200.000 UI a cada 6 meses. OBS: QUADROS OCULARES Nos quadros oculares, deve-se realizar 10.000 UI/dia ou 25.000 UI/semana, durante 3 meses. E, nos casos de lesão de córnea, realizar 200.000 UI no primeiro e segundo dia, repetindo após 14 dias. - INFORMAÇÕES IMPORTANTES: • Todo paciente desnutrido grave deve receber uma megadose de acordo com a faixa etária. • Pacientes com sarampo devem receber por dois dias • Deficiência de zinco pode interferir no metabolismo da vitamina A e, por isso, deve ser corrigida em conjunto. Vitaminas do Complexo B - O sistema nervoso é o mais dependente de vitaminas do complexo B e da vitamina C. - São vitaminas hidrossolúveis - São 8: • B1: tiamina – deficiência = beribéri • B2: riboflavina – deficiência = alteração na cicatrização, na síntese de hemoglobina, no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas. • B3: niacina ou niacinamida – deficiência = pelagra. o Controla os níveis de colesterol, triglicérides e glicose. • B5: ácido pantotênico – deficiência é rara. • B6: piridoxina ou piridoxal- deficiência está associada às doenças crônicas. • B7: biotina – deficiência é um erro inato do metabolismo. • B9: ácido fólico • B12: cobalamina VITAMINA B9 - É absorvida no intestino delgado e metabolizada no fígado. - Fundamental para a síntese de RNA, DNA e hemácias. - Trabalha junto com as vitaminas B12 e c, ajudando na síntese proteica. - Está presente no feijão, nas vísceras, nas folhas verde-escuras, batata, trigo e levedura. - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 65 a 400 mcg/dia. • Seu excesso causa a diminuição da absorção de zinco. - SINTOMAS DE HIPOVITAMINOSE B9: • Astenia • Glossite • Anorexia • Taquicardia • Esplenomegalia • Déficit de memória • Irritabilidade • Distúrbios do sono • Ataxia • Defeitos do tubo neural em fetos - TRATAMENTO: correção de eventuais carências dietéticas, substituição ou interrupção de drogas anti-folato e uso de ácido fólico, de 1 a 5 mg/dia. VITAMINA B12 - Absorvida no íleo terminal, sendo necessária a presença do fator intrínseco do estômago. - Presente nos tecidos animais, carnes bovinas, suínas, de aves e de peixes, vísceras, principalmente fígado, rins e coração, gema de ovo, frutos do mar, levedo de cerveja, leite e derivados. • Mães vegetarianas e veganas: deve-se realizar suplementação para a mãe (50 mcg/dia) e para o lactente (5 mcg/dia). Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 0,4 a 2,4 mcg/dia - DIAGNÓSTICO: hemograma (índices hematimétricos) e dosagem de vitamina B12 (se menor que 200 ng/L = deficiência) - TRATAMENTO: correção alimentar e reposição de acordo com a deficiência, peso e idade. Vitamina C - Hidrossolúvel - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 40 a 63 mg/dia. - Encontrada em frutas e em hortaliças de folhas verdes. - FUNÇÕES • Antioxidante • Absorção de ferro • Síntese de colágeno • Biossíntese da carnitina e da epinefrina • Metabolismo da tirosina e dos hormônios peptídeos (TSH, LH e FSH) - DEFICIÊNCIA = ESCORBUTO • Má cicatrização • Gengivite • Hemorragias perifoliculares, equimoses e petéquias • Letargia • Fadiga • Dores ósseas • Hemorragias subperiosteais • Icterícia • Neuropatia, convulsões e óbito. - Sintomas de hipervitaminose: diarreia, dor abdominal, cálculo renal de oxalato, rubor facial, cefaleia, aumenta a excreção renal de vitamina B6. - DIAGNÓSTICO: concentração sérica inferior a 0,2 mg/dL. - PROFILAXIA: vitamina C 10 mg/dia - TRATAMENTO: 300 a 500 mg, 2x/dia, VO ou parenteral. - Principal diagnóstico diferencial de deficiência de vitamina C: violência doméstica. Vitamina D - Lipossolúvel - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 400 a 600 UI/dia (10 a 15 mcg/dia). - A quantidade de vitamina D no leite materno é insuficiente, por isso, o ministério da saúde recomenda suplementação profilática. • 400 UI/dia de vitamina D, a partir da 1ª semana até os 12 meses de vida. • 600 UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para lactentes em AME. • PREMATUROS: 400 UI/dia quando o peso for superior a 1500g e houver tolerância plena à nutrição enteral. - FORMAÇÃO: raio UVB à pró-D3 à pré-D3 à vitamina D3 à fígado à 25(OH)D à rim à ação estimuladora do PTH à 1,25(OH)2D à mobiliza cálcio armazenado nos ossos e aumenta a absorção de cálcio e fósforo no intestino à mantem os níveis de cálcio sérico e fósforo à funções metabólicas, saúde óssea e funções neuromusculares. • A vitamina D depende de colesterol. - Hormônio com efeitos endócrinos, parácrinos e autócrinos = secosteroide. - FUNÇÕES: metabolismo de cálcio e fósforo, metabolismo da glicose, imunidade, controle da PA e musculatura vascular, esquelética e cardíaca. Além disso, tem funções neuromusculares. - DEFICIÊNCIA: • Raquitismo • Comprometimento do desenvolvimento do SNC • Comprometimento do desenvolvimento renal • Desenvolvimento e implantação placentária • Maior risco cardiovascular, câncer, diabetes, doença metabólica, doença Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro inflamatória intestinal e artrite reumatoide. - FATORES DE RISCO: • Pele escura • Ausência ou baixa exposição solar • Não suplementação durante a gestação • AME prolongado sem suplementação • Alto consumo de alimentos ricos em fitatos • Obesidade • Hepatopatias • Má absorção intestinal • Nefropatia crônica • Uso de drogas (fenobarbital, Fenitoína, carbamazepina, corticosteroides, rifampicina). - SINTOMAS: • Convulsões hipocalcêmicas – grande excitabilidade do SNC • Insuficiência cardíaca hipocalcêmica • Hipotonia • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor • Hipoplasia do esmalte dentário • Atraso na dentição • Falência do crescimento • Irritabilidade • Dor óssea - Sintomas de hipervitaminose: anorexia, náusea, vomito, poliúria, polidipsia, hipercalciúria, hipercalcemia, calcificação metastática principalmente em rins e coração, alteração da função renal, constipação intestinal e hipotonia muscular. - DIAGNÓSTICO: anamnese, exame físico e dosagem de calcidiol – 25(OH)D • Deficiência: < 20 ng/mL • Insuficiência: 21 < x < 29 ng/mL • Normal: > 30 ng/mL • Intoxicação: > 100 ng/mL - TRATAMENTO: • < 1 mês de vida: 1.000 UI/dia, por 2 a 3 meses. • 1 a 12 meses de vida: 1.000 a 5.000 UI/dia, por 2 a 3 meses. • > 12 meses de vida: 5.000 UI/dia, por 2 a 3 meses. • Manutenção: 400 a 1000 UI/dia RAQUITISMO - Causado pela desmineralização óssea inadequada, ossos frágeis e deformidade esquelética. - SINTOMAS: • Craniotabes • Alargamento das epífises • Rosário raquítico • Deformidade torácica • Falência do crescimento • Atraso DNPM • Palidez • Sudorese • Irritabilidade • Atraso no fechamento das fontanelas • Atraso na erupção dentária, genu varum, fronte olímpica - DIAGNÓSTICO: anamnese, exame físico e exame laboratorial • Redução do fósforo sérico • Aumento do paratormônio à de início, o paciente evolui com aumento doparatormônio, causando um raquitismo hipofosfatêmico, que evolui para um raquitismo hipocalcêmico se a causa não for corrigida. • Aumento da fosfatase alcalina • Alterações radiológicas (alargamento das epífises em taça e linhas de milkman-Looser, que são zonas densas e claras, transversais, ao longo da diáfise). Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro Def. Vit. D Leve Moderada Grave Ca Plasmático Normal ou diminuído Normal ou diminuído Diminuído (- -) P plasmático Normal ou diminuído Diminuído Diminuído (- -) Fosfatase alcalina Aumentada (+) Aumentada (++) Aumentada (+++) PTH Aumentado (+) Aumentado (++) Aumentado (+++) 25-OH-D Diminuído (-) Diminuído (- -) Diminuído (- - -) 1,25-(OH)2-D Normal Aumentado Normal, diminuído ou aumentado Alterações radiológicas osteopenia Alterações raquíticas moderadas Alterações raquíticas graves - TRATAMENTO: • 1 a 6 meses: 3.000 UI/dia, por 8 a 12 semanas e manutenção de 400 UI/dia. • 6 a 12 meses: 6.000 UI/dia, por 8 a 12 semanas e manutenção de 400 UI/dia • 12 a 18 meses: 10.000 UI/dia por 8 a 12 semanas e manutenção de 600 UI/dia. OBS: após o primeiro mês do tratamento, deve-se dosar cálcio, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina, 25-OH-D, PTH, cálcio urinário/creatinina e RX dos membros. Vitamina E - Lipossolúvel - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 4 a 15 mg/dia. - É encontrada no azeite de oliva, óleos vegetais, amêndoas, avelas, cereais, gordura animal, gema de ovo, manteiga, folhas verdes e legumes. - A sua deficiência é rara – causas: doenças genéticas, má absorção de gordura, doenças do pâncreas exócrino, redução da absorção intestinal. - Sintomas de hipovitaminose: • Fraqueza muscular • Problemas visuais • Alterações do sistema imunológico • Parestesia • Transtornos na marcha • Tremores • Pobre senso de equilíbrio • Ataxia • Miopatia • Ausência de reflexos profundos • Sinal de babinski positivo - TRATAMENTO: 25 a 50 mg/dia, VO, aumentando para 150 a 200 mg/dia. Vitamina K - Lipossolúvel - DOSE DIÁRIA RECOMENDADA: 2 a 75 mcg/dia. - É encontrada: • K1 (filoquinona): vegetais verdes folhosos, tomate, espinafre, couve-flor, repolho e batata. • K2 (menaquinona): sintetizada pelas bactérias intestinais • K3 (menadiona): sintética. - FUNÇÕES: ativação dos fatores de coagulação II, VII, IX, X e participa do metabolismo ósseo. - Sintomas de hipervitaminose: toxicidade com menadiona e alteração da função hepática. - Sintomas de hipovitaminose: fenômenos hemorrágicos espontâneos ou provocados de intensidade variada e doença hemorrágica do RN, que pode se estalar precocemente no Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro primeiro dia de vida ou de forma clássica, entre o 2º e 7º dia de vida. - DIAGNÓSTICO: triagem laboratorial • INR > ou = 4 • Tempo de protrombina > ou = 4 do valor controle • Fibrinogênio normal • Plaquetas normais - PROFILAXIA EM TODOS OS RN: para evitar doença hemorrágica do RN. • Mãe não fornece vitamina K o suficiente. • RN < 1500g: 0,5 mg, IM ou EV • RN > 1500 g: 1 mg, IM ou EV, ou 1 a 2 mg, VO, logo após o nascimento. - TRATAMENTO: administração de vitamina K, 5 mg, dose única. Ferro A deficiência de ferro é a carência nutricional mais prevalente nas crianças brasileiras, sendo que aquelas entre 6-24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doença que aquelas entre 25- 60 meses. É importante ressaltar que, durante a amamentação, a mãe não consegue fornecer a quantidade suficiente de ferro. Por isso, é necessário suplementar. IDADE DOSE TEMPO RN termo, peso adequado, AME até 6 meses, sem fatores de risco 1 mg/kg/dia Início aos 90 dias de vida até os 2 anos RN termo, peso adequado, independente da alimentação, com fatores de risco 1 mg/kg/dia Início aos 90 dias de vida até 2 anos. RN a termo < 2.500 g 2 mg/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um ano. Depois, 1 mg/kg/dia por mais um ano RN prematuro > 1.500 g 2 mg/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um ano. Após esse prazo, 1 mg/kg/dia por mais um ano. RN prematuro entre 1000 e 1500g 3 mg/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia por mais um ano RN prematuro < 1000g 4 mg/kg/ia, iniciando com 30 dias de vida, durante um ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia por mais um ano. RN prematuro que recebeu > 100 mL de concentrado de hemácias durante a internação Avaliação individual. O ferro é um dos principais nutrientes essenciais para a mielinização e para a formação estrutural e funcional das vias neurotransmissoras. Ainda, participa do metabolismo do hipocampo e do crescimento da rede neuronal. Desnutrição energético-proteica (DEP) COMPROMETEU ESTATURA = DESNUTRIÇÃO CRÔNICA Definição: desequilíbrio entre o suprimento de energia e nutrientes e a demanda do organismo para garantir a sua manutenção, crescimento e funções metabólicas. Quanto à origem, ela pode ser: - PRIMÁRIA: quando não há outra doença associada, estando relacionada à insegurança alimentar. - SECUNDÁRIA: quando há uma doença associada decorrente de baixa ou inadequada ingestão alimentar, alteração na absorção dos alimentos, aumento das necessidades nutricionais e/ou maior perda de nutrientes. Já quanto à gravidade, de acordo com os critérios clínicos e laboratoriais: - Leve - Moderada - Grave: marasmo, kwashiorkor. MARASMO Pacientes apresentam deficiência de proteínas e calorias. Ainda, a liberação de Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro EPO se encontra afetada de maneira proporcional à redução do metabolismo, PORÉM, a anemia é mascarada pela depleção de volume, tornando-se aparente apenas após a realimentação. Ele acomete crianças menores de 12 meses. SINTOMAS: emagrecimento acentuado, baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e subcutânea, desaparecimento da bolsa de Bichat, facies senil ou simiesca, costelas visíveis e nádegas atróficas. Raramente cursa com hepatomegalia. KWASHIORKOR É um tipo de desnutrição grave causada por deficiência de proteínas, podendo comprometer o crescimento e o desenvolvimento da criança. Ela acomete crianças acima de 2 anos. SINTOMAS: - Pele: lesões hipocrômicas ou descamativas - Cabelo: textura, coloração, facilidade de soltar do couro cabeludo. - Hpeatomegalia por esteatose - Ascite - Edema de MMII e/ou anasarca. Geralmente é bilateral e simétrico, começando nos pés (edema 1+), progredindo para as pernas e para as mãos (Edema 2+) e, em casos graves, pode envolver a face (edema 3+). Em relação ao diagnóstico, avaliaremos as seguintes coisas: História Clínica Anamnese alimentar Sinais clínicos de desnutrição Determinação do estado nutricional pela antropometria Fatores de risco sociais e familiares Desenvolvimento neuropsicomotor Doenças infecciosas e nutricionais associadas Outras doenças e agravos à saúde Exames complementares Condições socioeconômicas Características familiares Em relação à avaliação antropométrica, é preciso analisar o peso, a altura e o IMC e colocar no gráfico. Os valores abaixo de -2 no Z score em qualquer um dos três índices são indicativos de comprometimento nutricional. Já no exame físico, atente-se para: • Hipo ou hiperpigmentação, manchas ásperas (hiperqueratose) • Estomatite angular e glossite com perda de papilas à sinais de anemia. • Diminuição do musculo na região glútea e perda de gordura subcutânea. Atualmente, a classificação mais usada para definir a gravidade é com base nos critérios P/E e E/I. • E/I < -2 desvios padrões = nanismo nutricional ou baixa estatura. • P/E < -2 desvios padrões e IMC/Idade < -2 desvios padrões = emagrecimento • P/I < -2 desvios padrões = baixo peso para a idade. Para o tratamento,existem algumas possibilidades: • Ambulatorial/domiciliar • Internação hospitalar à interna quem estiver com desidratação grave, choque, distúrbios eletrolíticos, rebaixamento do nível de consciência, sinais de infecção, hipotermia, anemia grave e hipoglicemia. • Centros de reabilitação nutricional. AMBULATORIAL 1. Diagnosticar a desnutrição e sua gravidade 2. Tratar e prevenir infecção 3. Corrigir a deficiência de micronutrientes 4. Realimentar/reorientar a alimentação de forma a facilitar o crescimento rápido 5. Monitorar frequentemente como está ocorrendo o crescimento durante a reabilitação. Vitória Nobrega Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro 6. Estimular emocionalmente. 7. Preparar para o acompanhamento da criança após a recuperação, evitando recaídas. 8. Assegurar suporte comunitário para o tratamento prescrito. 9. Assegurar o encaminhamento da criança no nível de complexidade adequado para o seu tratamento. 10. Assegurar o seguimento ambulatorial para as crianças que receberam tratamento hospitalar. HOSPITALAR 1. Tratar e prevenir a hipotermia 2. Tratar e prevenir a hipoglicemia 3. Tratar a desidratação e o choque séptico 4. Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos. 5. Tratar infecção 6. Corrigir as deficiências de micronutrientes 7. Reiniciar a alimentação cautelosamente 8. Reconstruir os tecidos perdidos (fase de reabilitação ou de crescimento rápido) 9. Afetividade, estimulação, recreação e cuidado. 10. Preparar para a alta e acompanhamento após a alta. Referências 1. Manual de Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria. / organizador Rubens Feferbaum, revisores Luciana Rodrigues Silva, Dirceu Solé; apresentação Luciana Rodrigues Silva. -- 2ed. - Rio de Janeiro: Departamento Científico de Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria. – 2020. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Aleitamento materno, distribuição de leites e fórmulas infantis em estabelecimentos de saúde e a legislação / Ministério da Saúde. Secretaria Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 3. Temas da Atualidade em Nutrologia Pediátrica - 2021. / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. São Paulo: SBP, 2021. 4. Doenças Maternas Infecciosas e Amamentação - Atualização. / Luciano Borges Santiago, Rossiclei de Souza Pinheiro, Ana Luiza Velloso da Paz Matos, Elsa Regina Justo Giugliani, Roberto Mário Silva Issler, Yechiel Moises Chencinski, Vilneide Maria Santos Braga Diegues Serva, Graciete Oliveira Vieira, Maria Beatriz Reinert do Nascimento, José Vicente de Vasconcellos. Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria. - Rio de Janeiro: SBP, 2022.
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