AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Maikon Lucian Lenz Atuadores, controladores e sensores industriais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a instrumentação de sensores. � Identificar os princípios das conexões elétricas de sensores e atuadores industriais. � Analisar o funcionamento de atuadores e controlares industriais. Introdução Neste capítulo, você vai estudar os três elementos fundamentais da automação: atuadores, controladores e sensores. Os atuadores modificam o comportamento do sistema, oferecendo energia para manipular os ob- jetos envolvidos. Já os controladores são dispositivos utilizados na tomada de decisão e correspondem ao cérebro da aplicação; eles orientam os atuadores sobre quando e como funcionar. Por fim, os sensores retornam informações relevantes do ambiente e dos objetos manipulados, para que estas sirvam de base para os controladores tomarem as decisões para as quais foram programados ou parametrizados. 1 Instrumentação de sensores Os processos automatizados podem se apresentar em diferentes formas e naturezas. Um sistema de controle de vendas, por exemplo, exerce parte do trabalho que antes estava sob total responsabilidade de um operador, cal- culando impostos, registrando mudanças de estoque, avaliando métricas de desempenho, produzindo relatórios e tantas outras funções. Nos ambientes industriais, no entanto, a automação se faz presente principalmente por meio de instrumentos para: � sensoriamento de máquinas; � acionamento de dispositivos que transformam de alguma forma os materiais envolvidos na produção ou o próprio ambiente que os cerca; e � controlar, organizar e orientar todos esses elementos. É graças ao feedback dado pelos sensores que esses outros dispositivos, atuadores e controladores podem ser empregados para controlar e alterar o processo produtivo. A instrumentação, responsável por alimentar o sistema com informações a respeito do processo, é o ponto de partida de qualquer automação (DUNN, 2013). Essa automação, quando bem projetada, poderá não apenas diminuir os custos e aumentar a produtividade, como também garantir maior segurança e qualidade (LAMB, 2015). Foi uma mudança de estrutura e natureza dos dispositivos utilizados que deu início à instrumentação industrial, que visa ao aperfeiçoamento do processo de automação. Tão logo a eletrônica começou a se desenvolver, a automação, antes essencialmente mecânica e pneumática, passou a ser substituída, a partir da metade do século XX, por componentes eletrônicos, em especial, sensores e controladores. Essa mudança possibilitou que formas mais com- plexas de automação fossem desenvolvidas e reduziu parte dos problemas de confiabilidade e manutenção, antes corriqueiros, devido ao desgaste físico dos meios de controle. Sensores e controladores que antes costumavam falhar com frequência ou apresentar vida útil reduzida, principalmente devido ao desgaste mecânico de todos os componentes envolvidos, foram gradualmente substituídos por componentes de estado sólido, em que partes móveis são empregadas somente quando estritamente necessário ou mais adequado ao tipo de aplicação desejada. Tanto os métodos essencialmente mecânicos de controle quanto os métodos mo- dernos, predominantemente eletrônicos, exercem o mesmo papel sob o ponto de vista da automação industrial: o de reduzir a necessidade de intervenções e tomadas de decisões humanas para guiar o processo de produção. Atuadores, controladores e sensores industriais2 Sensores Os sensores são os elementos que alimentam o sistema com as informações necessárias para se modificar o processo, seja para sequenciar as operações na ordem correta ou para regular o comportamento de um mecanismo em diferentes intensidades, velocidades e formas de atuação. A seleção de sensores deve considerar a natureza da medida, para definir quais efeitos e tipos de sensores são mais adequados para cada situação. Existem inúmeras formas diferentes de se medir temperatura, deslocamento, velocidade, luminosidade e qualquer grandeza que seja (BOLTON, 2010). Na sequência, o sensor deverá ser capaz de fornecer sinal no formato ou na intensidade que possa ser utilizada pelo restante do projeto ou, ao menos, que possa ser adequada por alguma interface (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Assim, os sensores integram um componente maior da automação, denominado sistema de medição, em que podem se fazer presentes o elemento de senso- riamento em si e também interfaces para condicionamento e adequação de sinais, além de um meio de exibição das informações no próprio equipamento. Ao contrário da utilização de sensores em sistemas embarcados, cujo projeto visa, entre outros fatores, a diminuir redundâncias, gastos e, muitas vezes, espaço físico, no ambiente industrial, maior ênfase é dada à segurança, à recuperação e à manutenção dos componentes. Logo, um simples sensor de temperatura que seria empregado diretamente em uma placa e cuja interface provavelmente seria desenvolvida especificamente para ela, na indústria, se apresentaria em um módulo robusto, envolto em uma carcaça que o protegesse de ruídos, umidade, choques e outras interferências. Em muitos casos, contaria ainda com um visor que exibisse a informação, e o acesso se daria por meio de conexões padronizadas para um determinado tipo de comunicação, com níveis de tensão, de corrente e, até mesmo, de frequência adequados para o padrão esperado. A Figura 1 apresenta um sensor industrial de diferença de pressão. 3Atuadores, controladores e sensores industriais Figura 1. Sensor de pressão industrial. Fonte: ekipaj/Shutterstock.com. As características mais relevantes que devem ser observadas em qualquer sensor utilizado são: faixa de operação, alcance, erro, precisão, sensibilidade, repetibilidade, estabilidade, resolução e, quando elétrico, também a impedância de saída (RODRIGUES, 2016). A faixa de operação descreve o conjunto de valores possíveis de serem mensurados pelo sensor, especificando valores de mínimo e máximo. O alcance, por sua vez, nada mais é que a diferença entre esses limites. Por exemplo, um sensor de temperatura cuja faixa de operação seja entre −4°C e 120°C terá um alcance de 124°C (DUNN, 2013). O erro de um sensor pode se dar de diferentes formas: � o erro absoluto é a diferença entre o valor medido e o valor real; � o erro de histerese é a diferença de comportamento que um sensor apresenta conforme o sentido de variação da grandeza mensurada — em outras palavras, um mesmo valor pode ser mensurado de forma diferente, se a grandeza está em ascensão ou em declínio (Figura 2); � já o erro de não linearidade é a diferença existente entre uma linha reta da medição mínima até a máxima do sensor, para cada intervalo de medição, cujo valor representa a maior diferença esperada ao longo de toda a faixa de operação. Atuadores, controladores e sensores industriais4 A precisão indica o quanto um valor medido pode estar errado, seja acima ou abaixo do esperado. Por exemplo, é esperado que um sensor de temperatura com precisão de 1°C tenha apenas 1°C de diferença entre o valor medido e o valor real, podendo ser até 1°C menor ou maior. Já a sensibilidade especifica a relação entre os sinais de entrada e de saída. O valor de entrada é dado em termos da unidade de grandeza mensurada, e o de saída é dado em termos da unidade de grandeza do sinal gerado pelo sensor — por exemplo, um sensor de temperatura com sensibilidade de 0,1 Ω/°C. A repetibilidade é a capacidade que um sensor tem de fornecer a mesma saída repetidas vezes (RODRIGUES, 2016). Normalmente é expressa em termos percentuais da variação esperada para uma série de medições (equação 1). (1) A estabilidade é similar à repetibilidade, porém, visa a determinar a ca- pacidade de se retornar o mesmo valor de saída dentro de um dado intervalo de tempo de medições constantes. Em outras palavras, especifica a