281 pág.

Pré-visualização | Página 14 de 50
Dentro da cultura, porém, determinadas agências de controle manipulam conjuntos particulares de variáveis. As agências de controle como educação, governo e economia são geralmente mais bem organizadas do que a cultura como um todo, e com freqüência operam com maior sucesso (linha: 55). The power to wield economic control naturally rests with those who possess the necessary money and goods. The economic agency may consist of a single individual, or it may be as highly organized as a large industry, foundation, or even government. It is not size or structure which defines the agency as such, but the use to which the economic control is put. The individual uses his wealth for personal reasons, which may include the support of charities, scientific 56 activities, artistic enterprises, and so on. …. If there is any special economic agency as such, it is composed of those who possess wealth and use it in such a way as to preserve or increase this source of power. Just as the ethical group is held together by the uniformity of the aversive effect of the behavior of the individual, so those who possess wealth may act together to protect and to control the behavior of those who threaten it. To that extent we may speak of the broad economic agency called "capital". The study of such an agency requires an examination of the practices which represent concerted economic control and of the return effects which support these practices. (linhas: 98, 99) No caso da economia, temos um conjunto de práticas relacionadas ao poder para controlar os membros da cultura através do acúmulo de dinheiro. Assim como no caso dos grupos menos organizados, o estudo das práticas culturais de agências demanda investigarmos quais são as variáveis dispostas pela cultura para controlar os indivíduos e como, em contrapartida, o comportamento dos indivíduos colabora para a manutenção das práticas culturais. O controle da cultura sobre o indivíduo da forma como analisado aqui é mais poderoso, mas, a princípio, não se diferencia do controle pessoal já discutido ou do controle do indivíduo sobre o grupo. Segundo Skinner, o controle pessoal do homem forte ou inteligente, por exemplo, é uma espécie de governo pessoal, cujo poder deriva de sua habilidade ou força (linha: 58) Na agência governamental organizada, por sua vez, são utilizados equipamentos específicos e a tarefa de punir é incumbida a grupos especiais como a polícia e os militares (linha: 59): ―The techniques employed by an individual will be similar to those of a political machine or party‖ (linha: 60). Ainda que seu comportamento seja menos poderoso do que as variáveis produzidas pelo grupo, o indivíduo também pode controlar o grupo. O indivíduo pode, 57 por exemplo, ao ser estimulado aversivamente, contra-atacar o agente controlador. Ele pode responder às criticas feitas pelo grupo criticando o grupo ao invés de submeter-se a elas: ―the liberal accuses the group of beign reactionary, the libertine accuses it of beign prudish‖ (linha: 88). Outra possibilidade é o indivíduo simplesmente recusar-se a agir em conformidade com as práticas: ―a child unsuccessful in avoiding or revolting against parental control simply becomes stubborn‖ (linha: 89). Quando isto ocorre o grupo pode intensificar suas práticas, por exemplo, atirando contra o revolucionário ou preparando o indivíduo para controlar suas próprias tendências a escapar do controle, se revoltar ou atacar (linha: 90). 1.2.3 A cultura como objeto de análise. Além das análises de Skinner envolvendo o comportamento de indivíduos ou conjuntos de indivíduos em interação, outra possibilidade de análise focaliza a própria cultura como objeto de estudo. O leitor passa a ficar sob controle de aspectos que perpassam outro nível de análise e que superam, mas não independem de, outras variáveis discutidas até aqui. Para esclarecer esta passagem para a análise da cultura, examinaremos um exemplo no qual a diferença em relação aos estímulos que Skinner coloca o leitor sob controle são evidenciadas: We may not be satisfied with an explanation of the behavior of two parties in a social interaction. The slaves in a quarry cutting stone for a pyramid work to escape punishment or death, and the rising pyramid is sufficiently reinforcing to the reigning Pharaoh to induce him to devote part of his wealth to maintaining the forces which punish or kill. An employer pays sufficient wages to induce men to work for him, and the products of their labor reimburse him with, let us say, a great deal to spare. These are on-going social systems, but in 58 thus analyzing them we may not have taken everything into account. The system may be altered by outsiders in whom sympathy with, or fear of, the lot of the slave or exploited worker may be generated. More important, perhaps, is the possibility that the system may not be in equilibrium. It may breed changes which lead to its destruction. Control through punishment may lead to increasing viciousness, with an eventual loss of the support of those needed to maintain it; and the increasing poverty of the worker and the resulting increase in the economic power of the employer may also lead to counter-controlling action. (linha: 181) No primeiro segmento de texto, Skinner apresenta situações nas quais variáveis que atuam sobre o comportamento dos indivíduos em interação estão sendo analisadas. O autor o faz apontando comportamentos e consequências que mantém o comportamento social. O foco é o comportamento de interação entre indivíduos, como no caso do controle econômico por parte do empregador, ou no efeito de práticas culturais sobre o comportamento dos indivíduos e vice-versa, como no caso do Faraó e seus escravos. Na segunda parte do parágrafo, contudo, o próprio sistema social ou cultura como um todo passa a ser o elemento analisado. Neste momento, Skinner chama a atenção do leitor para as variáveis que afetam o sistema. Isto é feito indicando: (1) variáveis externas ao sistema que possam afetá-lo, como no caso dos outsiders e/ou (2) variáveis internas, como a ação de contracontrole por parte do trabalhador. Outro exemplo interessante no qual Skinner analisa práticas culturais (linhas: 82, 83, 84, 85) envolve a análise do governo e dos governados. Neste caso, a conjunção das contingências dispostas pelo governo e pelos governados é considerada como cultura: 59 Government and governed compose a social system [cultura] in the sense of Chapter XIX. The questions which have just been raised concern the reciprocal interchange between participants. The government manipulates variables which alter the behavior of the governed and is defined in terms of its power to do so. The change in the behavior of the governed supplies a return reinforcement to the government which explains its continuing function. (linha: 82) Segundo Skinner, neste caso a cultura é inerentemente instável, uma vez que o poder da agência aumenta a cada interação. Quando o poder aumenta, as práticas de controle da agência tornam-se cada vez mais efetivas e cada vez mais voltadas aos interesses da agência - como, por exemplo, quando um governo ―uses force to acquire wealth‖ (linha: 83). Este processo não decorre indefinidamente, contudo. O desequilíbrio pode atingir um limite devido a variáveis internas, quando se esgotam os recursos dos governados ou quando os indivíduos se engajam em ações de contracontrole como as discutidas anteriormente, por exemplo. Outros limites podem ser oriundos de variáveis externas à cultura, como a competição com grupos que pretendam tomar o poder da agência em questão