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Aula 01 - História da Instituição Prisional

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Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sociologia Aplicada 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
SOCIOLOGIA E OS ASPECTOS DA 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
CONTEÚDO 
História da Instituição Prisional 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sociologia Aplicada 
www.cenes.com.br | 2 
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Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sociologia Aplicada 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Sociologia Aplicada --------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 História da Instituição Penal --------------------------------------------------------------------------- 6 
3 Sistemas Prisionais --------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3.1 Sistema Pensilvânico, Filadélfico ou Celular -------------------------------------------------------------------- 13 
3.2 Sistema Auburniano-------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
3.3 Sistemas Progressivas ------------------------------------------------------------------------------------------------ 14 
3.3.1 Sistema Progressivo Inglês ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 14 
3.3.2 Sistema Progressivo Irlandês --------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 
3.4 Sistema de Correção – Sistema de Elmira ----------------------------------------------------------------------- 15 
3.5 Sistema de Montesinos ---------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
3.6 Sistema Borstal --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
4 Sistemas Prisionais no Brasil -------------------------------------------------------------------------- 17 
4.1 Penitenciárias ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18 
4.2 Colônias agrícolas, industriais e similares ----------------------------------------------------------------------- 19 
4.3 Casa do Albergado ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 19 
4.4 Cadeia Pública ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
6 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
 
 
 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sociologia Aplicada 
www.cenes.com.br | 4 
1 Sociologia Aplicada 
A Sociologia é uma ciência que surgiu em meados do século XIX, no decurso de 
intenso processo de urbanização do Mundo Moderno, buscando desvendar e explicar 
as estruturas e os processos sociais, bem como os dilemas fundamentais e a 
complexidade que decorriam da nova realidade que permeava as forças produtivas e 
as relações sociais. Tem, assim, como objeto de análise todo aspecto que constitui a 
sociedade, tais como a economia, política, cultura, recursos, e as relações entre os 
sujeitos e os objetivos que buscam alcançar e os resultados que advém desses 
processos. 
 
Alguns teóricos que podem ser citados e que marcaram esse período são, 
inicialmente, os filósofos Herbert Spencer e Auguste Comte, com o pensamento 
positivista, os quais entendiam os fenômenos sociais não como resultado da interação 
do homem na sociedade, mas sim por leis naturais que independem da intervenção 
das pessoas. Na outra base encontramos filósofos, historiadores e cientistas sociai, 
com o pensamento dialético, como Max Weber, Karl Marx, Friedrich Engels, entre 
outros, compreendendo os fatos sociais como produtos ou resultados das ações das 
pessoas de diferentes grupos, classes ou segmentos sociais. 
 
Contudo, foi Émile Durkheim (1858 – 1917), em fins do século XIX e início do século 
XX, que contribuiu significativamente para a instauração da sociologia como disciplina 
científica no meio acadêmico, por isso é considerado um dos pais da sociologia 
aplicada. Durkheim defendeu a existência de um objeto exclusivamente sociológico, 
distinto das demais áreas, chamando- o de “fato social”. Segundo Celso Castro, 
Durkheim defende que os fatos sociais “existem “fora” das consciências individuais, 
sendo-lhes exteriores e antecedendo-as. Seu substrato é a sociedade, ou partes dela. 
Além disso, essa espécie de consciência pública ou coletiva exerce um poder de 
coerção que se impõe, de maneira mais ou menos perceptível, aos indivíduos” 
(CASTRO, 2014, p. 27). 
 
Ele acreditava que este objeto demandava um método específico para seu tratamento 
e uma disciplina autônoma para compreender o seu funcionamento, propondo que 
fossem estudados em suas especificidades e diversidades e delimitados para melhor 
situá-los no campo do conhecimento. Neste sentido, a sociologia é também 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sociologia Aplicada 
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compreendida como uma área da ciência humana, pois estuda os fatos sociais pelo 
viés da ciência, aplicando-se métodos científicos, como os métodos quantitativos ou 
qualitativos na sua análise. 
 
Castro explica que embora a expressão “fato social” seja usada corriqueiramente para 
se referir a quaisquer fenômenos que ocorrem no âmbito social, o objeto da sociologia 
não se confunde com os da biologia ou psicologia, por exemplo, pois não abarca 
todas as funções exercidas pelo homem cujo exercício interessa à sociedade, tais como 
comer, dormir, raciocinar. O que há, segundo ele, é um grupo de fenômenos com 
características bem distintas daquelas estudadas pelas outras ciências em toda 
sociedade. Para explicar o fato social, na obra intitulada “As regras do método 
sociológico” (1895)Durkheim relata: 
Quando desempenho meu papel de irmão, esposo ou cidadão, ou assumo os compromissos 
que firmei, cumpro deveres definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. 
Mesmo quando estes coincidem com meus sentimentos e sinto intimamente sua realidade, 
esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu quem os estipulei, tendo-os recebido por 
intermédio da educação. [...] Da mesma forma, o fiel já encontra as crenças e práticas de sua 
vida religiosa todas prontas ao nascer; se existiam antes dele, é porque existem fora dele. O 
sistema de signos de que me sirvo para exprimir meu pensamento, o sistema de moedas que 
emprego para pagar minhas dívidas, os instrumentos de crédito a que recorro em minhas 
relações comerciais, as práticas adotadas na profissão etc. etc. funcionam independentemente 
do uso que faço deles. [...] Eis então maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam a notável 
propriedade de existir fora das consciências individuais. Não só esses tipos de comportamento 
ou de pensamento são exteriores ao indivíduo, como dotados de um poder imperativo e 
coercitivo graças ao qual, queira ele ou não, se lhe impõem (DURKHEIM, 1895 apud CASTRO, 
2014, p. 28-29). 
 
Neste sentido, a sociologia aplicada propôs-se a explicar processos sociais que exigem 
um tratamento específico, debruçando-se sobre o estudo da significação, história e 
tendências regulares de determinadas organizações socioculturais. Assim, a sociologia 
aplicada ao tema da segurança pública tem o atributo de conduzir uma reflexão acerca 
da história da instituição penal e dos sistemas prisionais, buscando responder, dentre 
outros, questionamentos que tangenciam a função da prisão, o motivo de sua 
existência, o público a que é destinada e sua função finalista, ou seja, o objetivo 
pretende atingir. 
 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
www.cenes.com.br | 6 
O tema da questão carcerária no Brasil suscita muitos debates, é um problema 
complexo que merece soluções complexas, pois não há como compreender ou 
resolver um problema histórico com soluções muito básicas e imediatas ou com base 
em exemplos personalistas ou fatos subjetivos; por isso, ao estudar a segurança 
pública e o sistema prisional brasileiro é importante lembrar-se que, neste âmbito, 
existem muitos problemas de ordem estrutural, logo as soluções devem ser pensadas 
no médio e longo prazo. 
 
Dessa forma, iniciaremos este módulo falando sobre a história da instituição prisional. 
Abordaremos nomes de grande destaque nesta esfera, tal como o filósofo Michel 
Foucault, que escreveu em 1975 uma de suas obras mais conhecida, intitulada “Vigiar 
e punir”, na qual faz uma análise do sistema prisional e da finalidade das instituições 
prisionais, e que é, ainda hoje, constantemente usada como referência quando o 
assunto é políticas voltadas para a questão prisional social. Além de Foucault, 
apresentaremos ideias pensadas por outros estudiosos que tentaram compreender o 
sistema prisional como um todo. 
 
2 História da Instituição Penal 
Primeiramente, é importante frisar que quando falamos sobre a história da instituição 
prisional, não estamos falando sobre história de cadeia ou história da prisão, fosse 
esse o tema, nós teríamos que voltar a um passado remoto, às primeiras sociedades, 
às primeiras organizações sociais da antiga Mesopotâmia, passando pelo Egito, pelos 
persas, pelos gregos, pelos romanos, e então pela idade média. Mas falar da história 
da instituição prisional, é falar sobre a origem do sistema penitenciário. 
 
A sociedade vive dentro de uma ordem social estabelecida. Existe o delito, que é uma 
infração de uma norma penal vigente, esse delito é cometido por alguém guiado por 
algum motivo e, a partir desse delito cometido tem-se a instauração de inquérito que 
visa apurar a autoria da materialidade e restabelecer a ordem social. Assim, em relação 
à pessoa que cometeu o delito, associa-se a ideia de penitência, a ideia de que, de 
alguma forma, essa pessoa precisa reaver à sociedade pelo ato cometido. 
 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
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Muitas vezes, a opinião geral da sociedade é de que esse pagamento deve ser feito 
“olho por olho, dente por dente”. Mas nós passamos por uma evolução de direitos. 
 
Se adentrarmos na ceara do Direito Penal, até o século XVIII falava-se basicamente em 
penas cruéis e desumanas, a privação de liberdade em cárcere não existia como forma 
de pena, mas sim como uma forma de custódia, para garantir que o acusado não 
fugisse enquanto aguardava o julgamento e pena subsequente e que dele fossem 
obtidas provas mediante a tortura, que era uma forma legítima para atingir esse fim. 
Ou seja, o encarceramento era um meio e não o fim da punição. 
 
Assim, o século XVIII é um século marcante para a história da evolução do pensamento 
e da concepção social, porque somente então a partir de então a pena privativa de 
liberdade passa a fazer parte do rol de punições. É somente no século XVIII, no decurso 
do pensamento do pensamento iluminista, da Revolução Industrial, da revolução 
Francesa, que se teve uma alteração na interpretação do próprio Direito Penal e, com 
o passar do tempo, o banimento das penas desumanas e cruéis, e nesse contexto a 
prisão passa a exercer um papel de punição de fato e as penas se tornam mais 
humanas. 
 
 
 
Neste período, passa a ocorrer um gradual banimento das pernas consideradas 
desumanas em virtude da sociedade e do pensamento social estar passando por 
diversas transformações, incluindo o entendimento relacionado a essa questão. 
 
Em decorrência, as reformas passam a ocorrer como consequência dessa mudança na 
estrutura da sociedade, a partir do momento que nós temos o antigo regime, a 
monarquia absolutista derrubada por revolucionários de origem burguesa, a punição 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
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deixa de ser um espetáculo público feito para agradar a população, para que o 
soberano reafirmasse o seu poder sobre a sociedade, e passa a acontecer em locais 
específicos, em locais fechados, em cárceres, com o objetivo de fazer um indivíduo 
refletir a respeito de sua conduta. Assim, no fim do século XVIII começam a surgir os 
primeiros projetos do que viriam a ser as penas posteriormente. 
 
Juntamente com as mudanças políticas da época, com a queda do antigo regime e a 
ascensão da burguesia, emerge a ideia de punição fechada, com regras rígidas, 
obliterando a ideia de punição como um espetáculo público. Conforme relata 
Foucault, 
A atenuação da severidade penal durante os últimos séculos é um fenómeno bem conhecido 
dos historiadores do direito. Mas, durante muito tempo, foi vista de uma forma global como 
um fenómeno quantitativo: “menos crueldade, menos sofrimento, mais brandura, mais 
respeito, mais humanidade”. De facto, estas modificações são acompanhadas de um 
deslocamento no próprio objeto da operação punitiva. Diminuição de intensidade? Talvez. 
Mudança de objetivo, certamente. 
Se já não é sobre o corpo que incide a penalidade nas suas formas mais severas, sobre o que 
é que exerce então a sua força? A resposta dos teóricos – dos que, por volta de 1760, deram 
início a um novo período que ainda não terminou – é simples, quase evidente. Parece estar 
inscrita na própria pergunta. Como já não é o corpo, é a alma. À expiação infligida no corpo 
deve suceder um castigo que atue profundamente sobre o coração, o pensamento, a vontade, 
as disposições. Mably formulou definitivamente o princípio: “Que o castigo, se assim posso 
dizer, atinja mais a alma que o corpo.” (FOUCALT, 2013). 
 
Essa mudança, segundo o autor, é um modo de acabar com as punições imprevisíveis 
e ineficientes do soberano sobre o condenado, conclui-se que o poder dejulgar e 
punir deve ser mais bem distribuído, deve haver proporcionalidade entre o crime e a 
punição já que o poder do Estado é tipo de Poder Público. 
 
Neste sentido, o projeto de instituição prisional (penitenciárias) só começa a surgir no 
final do século XVIII. Neste contexto, um importante pensador foi John Howard (1725 
– 1790), crítico da realidade prisional de então, após ser nomeado xerife de 
Bedfordshire, Inglaterra, começou a avaliar e realidade e os problemas penitenciários, 
conhecendo outras prisões, além daquela em que atuava. Nisso, começa a perceber 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
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que existe uma inadequação que permeia essa esfera, e então escreve uma obra sobre 
as condições das prisões na Inglaterra, na qual propõe uma série de mudanças, com 
a ideia de criar estabelecimentos específicos. Conforme explica Bitencourt (2020): 
Foi Howard quem inspirou uma corrente penitenciarista preocupada em construir 
estabelecimentos apropriados para o cumprimento da pena privativa de liberdade. Suas ideias 
tiveram uma importância extraordinária, considerando-se o conceito predominantemente 
vindicativo e retributivo que se tinha, em seu tempo, sobre a pena e seu fundamento. Howard 
teve especial importância no longo processo de humanização e racionalização das penas 
(BITENCOURT, 2020). 
 
A partir dessa nova visão que se tem sobre o cárcere, para a nova concepção 
carcerária, com o objetivo de criar um ambiente em que realmente só a detenção 
aconteça, e que não abarque outras finalidades. Ocorreu uma transferência na 
finalidade. Antes o cárcere era um meio para a condenação, agora passa a ser a 
finalidade, a própria punição. 
 
Quando John Howard começa a pensar diferente, ele percebe que as instituições 
prisionais não tinham mais condições de abrigar essa visão em relação a prisão, e 
assim mudanças começam a acontecer. Apesar de não atingir mudanças significativas 
na realidade penitenciária do seu país, suas ideias contribuíram muito para as teorias 
posteriores. 
 
O próximo pensador que viria a contribuir imensamente para o sistema prisional é 
Jeremy Bentham (1748-4832), fundador da doutrina do utilitarismo, cujo pensamento 
central consistia na ideai de que as condutadas adotadas pelos homens devem 
promover a felicidade. Nesse sentido, sua finalidade era a busca da felicidade maior 
por meio de uma organização pragmática da sociedade. Bitencourt (2020) explica: 
Um ato possui utilidade se visa a produzir benefício, vantagem, prazer, bem-estar, e se serve 
para prevenir a dor. Bentham considera que o homem sempre busca o prazer e foge da dor. 
Sobre esse princípio fundamentou a sua teoria da pena. Uma das limitações que se pode 
atribuir à teoria utilitária é que muitas vezes aquilo que proporciona alegria à maioria pode 
não proporcioná-la à minoria. É muito difícil igualar os conceitos sobre o prazer (BITENCOURT, 
2020). 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
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Assim, Bentham era adepto a uma punição proporcional, que fosse severa, que 
incluísse “alimentação grosseira e vestimenta humilhante” no intuito de trazer 
mudanças no caráter e nos hábitos dos delinquentes, pois considerava que a 
finalidade primária da punição era prevenir delitos semelhantes no futuro. Além disso, 
mostrou a importância da arquitetura penitenciária ao elaborar suas ideias sobre o 
“Panóptico” (1787). Neste modelo de penitenciária, a prisão seria uma estrutura 
circular com as células em sua borda e no meio vazio se encontraria a Torre de Vigia, 
sempre “onipresente”. 
 
 
Figura 1 - Plan of the Jeremy Bentham's panopticon prison. 
Fonte: Blue Ākāśha, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons 
 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
História da Instituição Penal 
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O panóptico, de acordo com Jeremy Bentham, é a prisão circular, cujo centro vazio 
comporta somente a torre de observação em 360 graus. Todos são vigiados pelo vigia 
presente nessa torre. O regime prisional é severo e rigoroso, ou seja, a disciplina 
dentro dos presídios deve ser severa, a alimentação deve ser grosseira, a vestimenta 
deve ser humilhante. E a concepção de Jeremy Bentham, embora rigorosa e severa 
era, na verdade, um avanço dentro das instituições, tendo em vista que era melhor se 
ter vestimentas humilhantes, uma alimentação grosseira e um regime severo, do que 
ir para a guilhotina. Desse modo, na visão social da época, isso já representava um 
avanço dentro da perspectiva da instituição prisional. 
 
Foucault refere-se ao panóptico em sua obra “Vigiar e Punir” como uma “figura 
arquitetônica” da composição de um conjunto de técnicas e instituições que 
“assumem a tarefa de avaliar, controlar e corrigir os anormais” que faz com que 
aqueles dispositivos disciplinares originados pelo medo da peste funcionem também 
em diversas outras instâncias como mecanismos do poder. 
No fundo dos esquemas disciplinares, a imagem da peste vale para todas as confusões e 
desordens; do mesmo modo, a imagem da lepra, do contacto a cortar, está no fundo dos 
esquemas de exclusão. 
Esquemas diferentes, portanto, mas não incompatíveis. Lentamente, vemo-los aproximarem-
se; no século XIX, aplicou-se ao espaço de exclusão do qual o leproso era o habitante simbólico 
(e os mendigos, os vagabundos, os loucos, os violentos formavam a população real) a técnica 
de poder específica da repartição disciplinar. Tratar os “leprosos” como “pestilentos”, projetar 
as divisões rigorosas da disciplina no espaço confuso do internamento, trabalhá-lo com os 
métodos de repartição analítica do poder, individualizar os excluídos, mas usar processos de 
individualização para marcar exclusões – isto foi operado regularmente pelo poder disciplinar 
desde inícios do século XIX: o asilo psiquiátrico, a penitenciária, a casa de correção, o 
estabelecimento de educação vigiada e, de certo modo, os hospitais. E, em geral, todas as 
instâncias de controlo individual funcionam num modo duplo: o da divisão binária e da 
marcação (louco-não louco, perigoso-inofensivo; normal-anormal); e o da determinação 
coerciva, da divisão diferencial (quem é; onde deve estar; como caracterizá-lo, como 
reconhecê-lo; como exercer sobre ele, de maneira individual, uma vigilância constante etc.) 
(FOUCAULT, 2013). 
 
Segundo o autor, não só as prisões que evoluíram conforme esse modelo, mas todas 
as estruturas hierárquicas, nesse sentido Foucault enfatiza a questão da vigilância, de 
sermos constantemente vigiados, constantemente observados para sermos punidos. 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sistemas Prisionais 
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Essa visão é muito interessante, pois remete à ideia da evolução, mostrando que a 
sociedade se regula por causa da vigilância. 
 
SOCIOLOGIA APLICADA A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO PRISIONAL 
• Michel Foucault – Vigiar e Punir (1975) 
Séc. XVIII 
✓ Penas desumanas 
✓ Penas Privativas de Liberdade 
• John Howard – Crítica à Realidade Prisional 
• Jeremy Bentham – Panóptico 
Figura 2 - pensadores que contribuem para a alteração da instituição prisional. 
Fonte: Núcleo Editorial Focus. 
 
3 Sistemas Prisionais 
Neste capítulo veremos alguns exemplos de sistemas carcerários na evolução histórica 
da instituição prisional, que remonta ao final do século XVIII e início do século IX, 
momento no qual surgiram, na cidade de Filadélfia, Pensilvânia, os primeiros presídios 
caracterizados pelo sistema celular, também chamado de sistema pensilvânico ou 
filadélfico. Trata-se de um sistema de reclusão total, no qual o preso ficava isolado do 
mundo externo e dos outros presos em sua cela, que servia como local de repouso, 
trabalho e lazer. 
 
Em 1828 surge outro sistema, conhecido como o sistema de Auburnou Sistema de 
Nova York, que apresentava certa similaridade com o sistema da Pensilvânia no que 
diz respeito à reclusão e ao isolamento absoluto, contudo, nesse novo sistema a 
reclusão ocorria apenas durante à noite; durante o dia, as refeições e o trabalho eram 
coletivos. A despeito disso, impunha-se regras de silêncio severas, de modo que os 
presos não podiam nem se comunicar nem trocar olhares e a vigilância era absoluta. 
 
Observe que desde as teorias de John Howard e Jeremy Bentham, que introduziam a 
evolução dos sistemas, impera a preocupação com a disciplina, com as regras e com 
as estruturas formais e engessadas dentro de um rigoroso processo de vigilância. A 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Sistemas Prisionais 
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partir da transição do século XVIII para o século IX surgiram alguns outros sistemas. A 
seguir, veremos uma breve descrição desses sistemas. 
 
3.1 Sistema Pensilvânico, Filadélfico ou Celular 
O sistema pensilvânico, também chamado de sistema celular ou filadélfico era 
baseado no isolamento celular absoluto, ou seja, um isolamento em menor unidade. 
Neste sistema, o preso era recolhido na sua cela, ficando isolado dos demais, sem 
direito a trabalhar ou a receber visita. Além disso, estimulava-se a leitura da Bíblia no 
intuito de levar o preso à reflexão e ao arrependimento. Na época, dominava nos 
Estados Unidos o pensamento protestante que via na leitura da Bíblia uma forma de 
recondução do indivíduo a sua plenitude. 
 
Aqui já temos o início da preocupação com o restabelecimento da ordem e com 
ressocialização, embora esse termo específico não fosse utilizado. Isto é, a própria 
conversão do indivíduo, que passava a ver o crime como uma coisa mal, era uma 
forma de recondução. 
 
3.2 Sistema Auburniano 
O sistema auburniano é o sistema que adota a regra do silêncio absoluto, por isso 
também é conhecido como Silent System. Os detendo eram proibidos de conversar 
entre si, só lhes era permitido trocar algumas palavras em voz baixa com os guarda, 
desde que tivessem autorização prévia. No entanto, essa rigidez de silêncio acarretou 
na criação de um sistema de comunicação entre os detentos, por meio de sinais com 
as mãos ou de batidas nas paredes ou nos canos de água. 
 
O trabalho era considerado um dos pilares do sistema auburniano. Neste sentido, não 
bastava mais só a leitura da Bíblia para o condenado voltar para a sociedade, o 
trabalho também passou a ser visto como um elemento essencial. 
 
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3.3 Sistemas Progressivas 
O sistema progressivo coincide com a imposição definitiva da pena privativa de 
liberdade, que até hoje, explica Bitencourt (2020) “continua sendo a espinha dorsal do 
sistema penal atual”. A adoção do regime progressivo se dá juntamente com o 
abandono dos regimes pensilvânico e auburiano. 
 
Segundo Bitencourt, a natureza desse regime consiste em ampliar o os privilégios do 
recluso de acordo com sua boa conduta e do aproveitamento do tratamento voltado 
para a recondução. Para tanto, distribuía-se o tempo de condenação em períodos, 
com isso surgia a possibilidade de o recluso voltar a viver em sociedade antes do 
término da sua condenação. Neste sentido, o regime progressivo representou 
significativo avanço penitenciário. 
 
3.3.1 Sistema Progressivo Inglês 
No sistema progressivo inglês, também conhecido como Mark System ou sistema de 
vales, os detentos recebiam, diariamente, um número de marcas ou vales referentes a 
trabalho e boa conduta (as más condutas geravam multas). Da soma dessas marcas 
creditadas ao recluso, debitava-se a quantia de marcas referentes a alimentos e 
suplementos, e o que sobrava, o excedente das marcas, representava a duração da 
pena a ser cumprida. Nesse sistema, o condenado precisava receber uma quantidade 
de vales proporcional à gravidade do delito antes que pudesse ser liberado. 
 
Segundo explica Bitencourt, esse sistema dividia-se em três períodos: 
1. “Isolamento celular diurno e noturno”: momento que o condenado tirava 
para refletir sobre o seu delito, ou seja, era submetido a trabalho duro e regime 
de alimentação escassa. 
2. “Trabalho comum sob a regra do silencio”: neste período, durante o dia o 
apenado era submetido ao trabalho em regime comum, com regra de silêncio 
absoluto e durante à noite permaneciam segregados. Conforme a soma de 
marcas ia aumentando, o detendo subia de classe, até alcançar a primeira classe 
“onde obtinha o ticket of leave, passando para o terceiro período, o de liberdade 
condicional”. 
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3. “Liberdade condicional”: a liberdade obtida neste período era limitada, 
devendo o apenado obedecer a certas restrições por um período determinado. 
Após esse período, ele podia obter sua liberdade de forma definitiva, desde que 
não fosse determinada revogação por alguma conduta inapropriada 
(BITENCOURT, 2020). 
 
3.3.2 Sistema Progressivo Irlandês 
O sistema progressivo irlandês foi introduzido nas prisões da Irlanda pelo diretor 
Walter Crofton, como uma forma aperfeiçoada do sistema progressivo inglês, com a 
ideia de “prisões intermediárias”, um quarto período que o detendo deveria cumprir 
antes de conquistar a liberdade condicional, caracterizado como um período em que 
se testaria a aptidão do apenado para o regresso à sociedade. 
 
Neste sistema, o período de reclusão celular diurna e noturna, assim como o de 
reclusão noturna e trabalho diurno, ocorriam nos mesmos termos do sistema 
progressivo inglês; contudo, antes do período de liberdade condicional, o apenado 
passava pelo período intermediário, ocorria em prisões especiais, alternando entre 
liberdade condicional e trabalhos no exterior do estabelecimento, “preferencialmente 
agrícolas”. 
Nesse período — que foi a novidade criada por Crofton — a disciplina era mais suave, e era 
cumprido “em prisões sem muro nem ferrolhos, mais parecidas com um asilo de beneficência 
do que com uma prisão”. Muitas vezes os apenados viviam em barracas desmontáveis, como 
trabalhadores livres dedicando-se ao cultivo ou à indústria (BITENCOURT, 2020). 
 
3.4 Sistema de Correção – Sistema de Elmira 
O reformatório de Elmira surgiu na cidade de Nova York, em 1869, baseado no sistema 
progressivo irlandês. O grande diferencial desse sistema é a prática diária de exercícios 
físicos que foi implementada no intuito de recuperar os reclusos. O sistema a que eram 
submetidos os presos era muito próximo dos sistemas progressivos, porém, além do 
direito ao livramento condicional, eles também recebiam uma quantia de dinheiro 
para garantir a sobrevivência nos primeiros dias de livramento, e tinham a obrigação 
de exercer um ofício e manter a disciplina. 
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Embora o reformatório admitisse apenas pessoas com idade entre 16 e 30 anos, que 
cometiam crimes pela primeira vez e o sistema de seleção para admissão fosse muito 
rigoroso, a superlotação chegou a três vezes mais que sua capacidade original, 
atingindo, no ano de 1899, 1.500 reclusos para 500 celas. Assim, em 1915, o sistema 
entra em decadência juntamente com outros sistemas existentes nos Estados Unidos. 
Este é um dos primeiros registros de superlotação nos sistemas penitenciários. 
 
3.5 Sistema de Montesinos 
O Sistema Montesinos foi criado pelo Coronel Manoel Montesino de Molina que 
passou três anos preso em um estabelecimento prisional militar na França, após ser 
capturado durante a Guerra da Independência (1800). 
 
Ao assumir a diretoria do presídio de Valência, no ano de 1834, constatou que mesmo 
diante das evoluções trazidas pelas reformas do século XVIII as penas privativas de 
liberdade ainda não garantiam a preservaçãoda dignidade das pessoas. Assim, 
implementou diversas mudanças como um sistema de trabalho remunerado, a 
abolição do sistema circular e do castigo corporal, e com isso conseguiu reduzir o 
índice de reincidência, que girava em torno de 30 a 35%, para 1%. 
 
 
 
3.6 Sistema Borstal 
O Sistema Borstal, originado na Inglaterra, semelhantemente ao Sistema de Elmira, 
destinava-se a jovens entre 16 e 21 anos de idade que cometiam delitos. Esse sistema 
foi inaugurado quando, em 1902, um grupo de jovens presos na prisão Borstal, que 
ficava localizada no Condado de Kent, se deslocaram para a cidade de 
Nottinghamshire e construíram lá uma espécie de moradia para eles e para os jovens 
que viessem a ser presos no futuro. Neste ambiente a vigilância era reduzida e os 
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detentos podiam ter maior contato com pessoas de fora. Por esse motivo, esse sistema 
é considerado o embrião do regime penitenciário aberto. Não só os presos concebiam 
aqueles espaço de moradia como uma prisão, como a ideia foi muito bem acolhida 
pela comunidade, de modo que posteriormente, o Governo apoiou a implementação 
de outras unidades com o mesmo perfil para jovens delinquentes. 
 
Assim temos a evolução dos sistemas que acabaram contribuindo para nossa 
concepção atual, contemporânea, dentro da história da instituição prisional. O Brasil 
também passa por uma evolução dentro desse sistema nas nossas prisões que vinham 
desde o período colonial, passando pelo século IX, chegando ao século XX, e à 
situação contemporânea. 
 
4 Sistemas Prisionais no Brasil 
Wagner Engbruch e Bruno Morais di Santis (2012) explicam que no Brasil, o sistema 
punitivo só começou a ser reajustado em 1824, com o advento da Constituição Política 
do Império do Brasil, quando foram banidas algumas penas mais cruéis, como a de 
açoite e tortura e determinado que as prisões fossem mantidas em melhores 
condições, limpas e seguras, e separação dos réus acontecesse de acordo com a 
natureza dos seus crimes. Com a publicação do Código Criminal do Império, em 1930, 
a pena de prisão passa a ocorrer de duas formas: simples ou com trabalho (que pode 
ser perpétua). Até esse momento, não havia implementação de nenhum sistema 
penitenciário específico. 
 
Os debates quanto à aplicação de sistemas estrangeiros no Brasil inicia por volta do 
ano de 1850 e 1852, concomitantemente à inauguração da Casa de Correção do Rio 
de Janeiro e de São Paulo, diante dos diversos relatórios elaborados pela comissão 
encarregada de fazer visitas nas prisões, instituídas por Lei Imperial, que criticava a 
precariedade dos estabelecimentos prisionais. O principal sistema que influenciou 
essas prisões foram o Sistema Pensilvânico e Auburniano, com o modelo panóptico. 
Embora representasse uma grande evolução no sistema penitenciário Brasileiro, esse 
modelo não influenciou, contudo, as demais prisões no país, que mantiveram as 
condições precárias e o tratamento violento. 
 
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Na sequência, em 1980, sob a influência de doutrinas norte-americanas e europeias e 
com a publicação do Código Penal, o país implantou o sistema progressivo irlandês, 
abolindo algumas penas, tais como as penas de morte e penas perpétuas. Nesse 
momento, foram adotados quatro tipos de prisões: 
▪ Prisão celular (ou em cárcere); 
▪ Prisão em estabelecimentos militares; 
▪ Prisão cumprida em penitenciárias agrícolas; 
▪ Prisão cumprida em estabelecimentos industriais. 
 
Hoje, existem quatro tipos de unidades prisionais no Brasil, as penitenciárias que 
abrigam os condenados em regime fechado; as colônias agrícolas, industriais ou 
similares; a casa do albergado e a cadeia pública. 
 
4.1 Penitenciárias 
As penitenciárias são locais destinados a abrigar os condenados em regime fechado, 
segundo disposição da Lei de execução penal – LEP, as celas das penitenciárias devem 
ser salubres, com área mínima de seis metros quadrados e dormitório e banheiros 
individuais; deve ser localizadas em pontos distantes das áreas urbanas, mas propiciar 
condições para que os presos recebem visitas. 
 
Ainda, de acordo com o art. 87 da LEP, a União e os Estados poderão construir 
penitenciárias destinadas exclusivamente “aos presos provisórios e condenados que 
estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado”, que é o 
regime mais rígido existente na legislação, aplicados apenas a indivíduos de alto risco. 
 
Hoje existem cinco estabelecimentos prisionais Federais de segurança máxima, que 
abrigam preso de alta periculosidade ou que têm participação com o crime 
organizado, são elas: 
▪ Penitenciária Federal de Brasília – Distrito Federal 
▪ Penitenciária Federal de Catanduva – Paraná; 
▪ Penitenciária Federal de Campo Grande – Mato Grosso do Sul, 
▪ Penitenciária Federal de Porto Velho – Rondônia; 
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▪ Penitenciária Federal de Mossoró – Rio Grande do Norte. 
 
4.2 Colônias agrícolas, industriais e similares 
Além das penitenciárias, existem ainda as colônias agrícolas, industriais e similares, 
que são instalações voltadas para abrigar condenados no regime semiaberto. As 
disposições da LEP em relação a esses estabelecimentos consistem nas seguintes: 
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os 
requisitos da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. 
Parágrafo único. São também requisitos básicos das dependências coletivas: 
a) a seleção adequada dos presos; 
b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena. 
 
Conforme explica Bitencourt, “no regime semiaberto, o trabalho externo é admissível, 
desde o início de seu cumprimento, inclusive na iniciativa privada, ao contrário do que 
ocorre no regime fechado” (2020), podendo, inclusive, frequentar curso 
profissionalizante ou superior, enquanto cumpre pena. Tanto o trabalho quanto o 
estudo contribuem para a “remissão da pena” e “progressão de regimes”. 
 
4.3 Casa do Albergado 
Um terceiro tipo de estabelecimento prisional previsto na LEP é a casa do albergado, 
que abrigam os condenados que cumprem o regime aberto ou condenados com pena 
de limitação de fim de semana. Conforme prevê o Código Penal (art. 36) “o regime 
aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. O 
condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar 
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o 
período noturno e nos dias de folga”. 
 
Contudo, “o condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido 
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública | 
Conclusão 
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como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo não pagar a multa 
cumulativamente aplicada”. 
 
A casa do albergado caracteriza-se também por não apresentar obstáculos físicos 
contra a fuga do condenado, porém, frequentam a casa presos com boa conduta e 
que oferecem pouco risco a sociedade. 
 
4.4 Cadeia Pública 
A cadeia pública é uma unidade específica destinadas ao preso em regime provisório, 
ou seja, que estão aguardando a sentença. Esses estabelecimentos devem ficar 
localizados próximos aos centros urbanos para que o preso não fique muito distante 
do seu meio social e familiar. 
 
5 Conclusão 
Neste módulo vimos um panorama geral da evolução dos sistemas prisionais no 
ocidente e no Brasil e pudemos observar que a Sociologia aplicada ao sistema 
carcerário ou ao entendimento das questões de segurança na sociedade procura 
estudar hipóteses e soluções que possam ajudar na ressocialização do indivíduo e na 
criação de um ambiente em quea ordem social possa ser reestabelecida. 
 
6 Referências 
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal. – 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 
2020. 
CASTRO, C. Textos básicos de Sociologia: de Karl Marx a Zygmunt Bauman. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2014. 
ENGBRUCH W.; DI SANTIS, B. M. A evolução histórica do sistema prisional e a 
Penitenciária do Estado de São Paulo. In: Revista Liberdades, n. 11, 2012. 
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Lisboa: Edições 70, 2013. 
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Referências 
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	Sumário
	1 Sociologia Aplicada
	2 História da Instituição Penal
	3 Sistemas Prisionais
	3.1 Sistema Pensilvânico, Filadélfico ou Celular
	3.2 Sistema Auburniano
	3.3 Sistemas Progressivas
	3.3.1 Sistema Progressivo Inglês
	3.3.2 Sistema Progressivo Irlandês
	3.4 Sistema de Correção – Sistema de Elmira
	3.5 Sistema de Montesinos
	3.6 Sistema Borstal
	4 Sistemas Prisionais no Brasil
	4.1 Penitenciárias
	4.2 Colônias agrícolas, industriais e similares
	4.3 Casa do Albergado
	4.4 Cadeia Pública
	5 Conclusão
	6 Referências

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