Buscar

Exame Clínico de Equinos - Speirs

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 349 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 349 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 349 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

~
rs
CAMPO
VETERINÁRIO
I58N 85-7307-543-0
J~l~~!ij~l'
1"f' I Exame Clínicode
I ~ QÜINOS
Victor C. Speirs
MVSc, PhD, Dr. med vet Habil, FACVSc, Diplomate ACVS,
Diplomate ECVS, Specialist Equine Surgeon,Melbourne, Australia
Formerly: Professor,LargeAnimal Surgery, College of Veterinary Medicine,
Auburn University, Alabama
Professorand Head, Equine Surgery, Klinik für Nutztiere und Pferde,
Universitat Bem, Switzerland
1"(
ExameClínicode..
. QUINOS
Com colaboraçãode:
RobertH. Wrigley
BVSc,MS, DVR, MRCVS, Diplomate ACVR
Associate Professor,Department of Radiological Health Sciences
College of Veterinary Medicine and Biomedical Sciences,Colorado State
University, Fort Collins, Colorado
Ilustrações de:
Gale E. Mueller
Tradução:
CLAUDIO S. L. DE BARROS
Med Vet, PhD
Professor Titular; Departamento de Patologia
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
B
ARTM:D
PORTOALEGRE/ 1999
Obra originalmente publicada sob o título
Clinical examination of horses
(Ç) W.B.SaundersCompany,1997
ISBN 0-7216-6506-3
Capa:
JOAQUIM DA FONSECA
Preparação do original:
ZITA SOUSA, MAGDA CHAVES
Supervisão editorial:
LETíCIA BISPODE LIMA
Editoração eletrônica:
GRAFLlNE EDITORA GRÁFICA
Fotolitos:
V&S FOTOLlTOS
Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à
EDITORAARTES MÉDICAS SUL LTDA.
Av. Jerônimo de Ornei as, 670 - Fone (051) 330-3444 Fax (051) 330-2378
90040-340 Porto Alegre RS Brasil
SÃO PAULO
Rua Francisco Leitão, 146 - Fone (011) 883-6160
05414-020 São Paulo SP Brasil
IMPRESSONO BRASIL
PRINTEDIN BRAZIL
r-r Prefácio
À medida que aumentam os tipos e a complexidade dos meios auxiliares do diagnóstico
disponíveis para o clínico, torna-se fácil esquecer que um diagnóstico acurado repousa, ba-
sicamente, num exame clínico competente, suplementado pelos resultados de meios auxi-
liares de diagnóstico. A utilização de meios auxiliares de diagnóstico especializados geral-
mente requer que o local da doença tenha sido localizado com antecedência pelo exame
clínico. Portanto, um exame clínico competente, além de tornar o diagnóstico possível, de-
termina o teste auxiliar apropriado, reduzindo, dessa forma, a utilização desnecessária des-
ses testes.
Um exame clínico competente deve ser sistemático e completo. Essa abordagem é natural
para um bom clínico. Uma abordagem sistemática assegura que todas as regiões do organis-
mo serão examinadas, e é mais facilmente aplicável se forem utilizados protocolos para
registrar os resultados do exame clínico. Aexperiência desse autor no ensino e na investiga-
ção clínica por mais de 25 anos tem sido mais que suficiente para reforçar o adágio de que
cometemos mais erros por não procurar do que por não saber.
Este texto foi escrito com o objetivo de fornecer, em um único livro, instruções para a
realização de procedimentos envolvidos num exame clínico geral e os exames especiais dos
órgãos e sistema de eqüinos. Durante o tempo em que este autor tem ensinado as técnicas do
exame clínico para estudantes da graduação em veterinária, a falta de um livro como este se
tornou aparente. Embora o principal objetivo tenha sido descrever quais exames são neces-
sários e como realizá-Ios, foi feito um esforço para assegurar que o leitor entenda a razão
para cada teste e o significado de seu resultado. Um clínico deve estar ciente do grande
número de meios auxiliares para o diagnóstico à sua disposição e deve possuir um conheci-
mento das linhas gerais de como eles funcionam e quais as indicações para o uso de cada
um deles. Ainda mais importante, como o clínico geralmente é o principal ou o único ponto
de contato com o proprietário de um paciente, uma completa compreensão do significado
dos resultados dos testes extradiagnósticos é necessária. Por essa razão, as bases teóricas dos
meios auxiliares de diagnóstico, algumas das quais são extremamente sofisticadas, foram
descritas resumidamente.
Este livro é dirigido primariamente para estudantes, embora se espere que pós-graduados
em todos os níveis encontrem nele uma referência útil para as ocasiões em que necessitem
realizar testes ou procedimentos com os quais não estejam familiarizados. O livro não pre-
tende ser um texto de clínica, embora, sempre que possível, os achados normais e os resulta-
dos de vários testes sejam apresentados afim defacilitar a identificação dos achados anormais.
.,.,. Sumário
Prefácio.............................................................................................
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Apêndice A
Apêndice B
Apêndice C
Apêndice D
Apêndice E
Apêndice F
Manejando Eqüinos ...........................................
O Exame Clínico ................................................
O Sistema Respiratório .......................................
O Sistema Nervoso ..............................................
O Sistema Musculoesquelético ............................
O SistemaCardiovascular ...................................
O Sistema Reprodutor da Fêmea ........................
O Sistema Reprodutor do Macho ........................
O Sistema Urinário.............................................
O Olho e seusAnexos..........................................
O Sistema Alimentar ..........................................
O Integumento ..................................................
O Sistema Hemolinfático ....................................
O Fígado ............................................................
A Glândula Mamária .........................................
Instrumentação Endoscópica..........................................
Ultra-Sonografia...........................................................
BacteriologiaClínica ......................
AvaliaçãodeAmostrasPleurais e Peritoneais......................
Contaminação da Amostracom Sangue ...........................
Biópsiapor Agulha ........................................................
índice Remissivo ..............................................................................
VII
11
19
37
83
109
183
207
223
237
249
269
307
315
323
329
333
337
345
349
353
355
359
.,-r Manejando
Eqüinos
INTRODUÇÃO
o exame clínico é quase sempre realizado com o
cavalo sob alguma fomla de contenção. Há exceções
para isso,por exemplo, quando o cavalo é demasiada-
mente perigoso, é suspeito de estar sofrendo de uma
doença,como raiva, ou está correndo solto em um po-
treiro e não se consegue pegá-lo. Nessas condições, o
exame não pode ser completo. O exame geral requer
relativamente pouca contenção, mas alguns dos pro-
cedimentos mais invasivosenvolvem desconforto e ne-
cessitam de um grau maior de contenção. Em cavalos
xucros ou muito bravos, o exame dos membros poste-
rioresé mais difícil e freqüentemente perigoso. Embo-
ra pequenos, ospotrinhos são difíceis de conter até que
tenham se acostumado ao contato e controle huma-
nos.
CONTENÇÃO FíSICA
DO CAVALO ADULTO
Antesque um cavalo adulto possa ser contido e con-
trolado, deve-se pegá-Io, o que em geral é feito pela
pessoa que traz o animal para o exame clínico. Oca-
sionalmente, isso não é possível, e cabe ao veterinário
pegar o animal. Com cavalos no campo isso é, muitas
vezes, difícil, e relativamente poucos cavalos permiti-
rão que um estranho se aproxime e lhes coloque um
cabresto ou uma corda. No entanto, se o cavalo é coo-
perativo, essa é a maneira mais simples e mais rápida.
Em geral é melhor manter o cabresto e a corda escon-
didos e, quando possível, carregar uma gulodice na
forma de pasto ou feno. Se necessário, o cavalo pode
ser tocado para um pequeno piquete ou canto de cer-
ca, o que facilita a captura. Se há vários cavalos jun-
1
tos, é melhor tocar todos para um piquete e depois iso-
lar o paciente. Deve-sesempre abordar um cavalo pelo
seu lado esquerdo ou "próximo", porque a maioria
deles é treinada para aceitar a abordagem e aplicação
deequipamentos (arreios, etc.) por esse lado. É claro
que muitos cavalos também toleram uma abordagem
pelo outro lado (o "lado errado"), mas não tão facil-
mente, sobretudo quando se trata de uma pessoa com
a qual não estão familiarizados. A abordagem é mais
bem feita pela paleta. Desde aí é fácil passar o braço
esquerdo por baixo e, em seguida, ao redor do pesco-
ço, antes de colocar uma corda em volta do pescoço
ou aplicar um buçal, cabresto, ou testeira (Figura 1-
1). Uma vez feito o contato passando-se o braço ao
redor do pescoço, a maioria dos cavalos cede ao seu
treinamento e não tentará escapar. A maioria dos ca-
valos permitirá uma abordagem pela cabeça, mas, se
o animal estranha esse procedimento, afastando brus-
camente a cabeça, perde-se a oportunidade de pegá-lo.
Se o cavalo está num estábulo ou num pequeno
piquete, a captura é, teoricamente, mais fácil, porque
ele não pode fugir. No entanto, o confinamento tam-
bém toma mais difícil e perigosa a saída do veteriná-
rio, caso o cavalo entre em pânico ou tome-se agressivo.
A agressão é mais provável da parte de um garanhão
ou de uma égua com potrinho. É importante que a
porta, ou portão, não esteja completamente fechada,
de modo que o veterinário, mas não o cavalo, possa,
se necessário, sair facilmente. O método de aborda-
gem é, novamente, pela paleta esquerda, como foi des-
crito. Na maioria dos casos, isso será bem-sucedido.
Ocasionalmente, um cavalo resistirá dando volta e
apresentando sua parte posterior. Essehábito, que pode
ser desconcertante, especialmente, para uma pessoa
inexperiente, é geralmente controlado colocando-se
uma mão no lado do cavalo a fim de impedir que ele
12 VICTORC SPEIRS
. FIGURA 1-1
Colocandoo cavalosobcontrole.Primeiro,umbraçoécolocadoaoredor
do pescoçoparaasseguraro controlee impedirqueo cavaloseafaste.
Emseguida,umacorda-guiaé passadaaoredordo pescoço.
. FIGURA 1-2
Colocandoa mãodireitano ladoesquerdodagarupaparaimpedirqueo
cavalobalanceseusposterioresemdireçãoaoclínico,o que,àsvezes,é
feitoem preparaçãoparacoicear.
balance seus quartos em direção do veterinário ou
tratador (Figura 1-2). Àsvezes o animal faz isso com
a intenção de coicear e, nesses casos, são necessários
muito cuidado e alguma ajuda de outras pessoas.
Como ocorre em todos os aspectos do manejo de eqüi-
nos, lentamente, a experiência fornece uma percep-
ção extra sobre qual cavalo irá apresentar problema e
qual a melhor maneira de evitar ou controlar a situa-
ção.Em todososcasos,recomenda-se uma atitute sen-
sata, não-heróica, que assegure uma carreira
profissional relativamente livre de lesões.Esforçosim-
pensados ou heróicosem controlar cavalos resultam,
cedo ou tarde, em lesõesque, na melhor das hipóteses,
podem causar o afastamento do trabalho por alguns
dias, mas que, na pior das hipóteses,podem serfatais.
Ao retomar um cavalo ao estábulo ou piquete, a
porta ou portão devem estar totalmente abertos, o ca-
valo deve ser conduzido completamente através da en-
trada e então se devevolteá-lo, de maneira que a pessoa
que o conduz fique mais perto da porta ou portão. Não
se deve soltar o cavalo antes de se ter certeza de que é
possível fechar a porta ou portão antes que o cavalo
possa correr de volta pela abertura. O cavalo deve ser
conduzido em linha reta pela abertura, e não se deve
permitir que ele "quebre a curva", o que, às vezes, re-
sulta em choque da tuberosidade coxal com a borda
da porta. Alguns cavalos tendem a passar rapidamen-
te através de qualquer abertura, e é bom que a pessoa
conduzindo o animal esteja segura de que tem um
bom controle da corda-guia (Figura 1-3).
CONTENÇÃO QUíMICA
DO CAVALO ADULTO
Para o exame clínico normal, é melhor que o ca-
valo não esteja sob influência de qualquer medicação
que possa deprimir o sistema nervoso central (SNC),
porque o estado mental do paciente e sua resposta a
vários estímulos constituem uma parte importante na
avaliação clínica. Para alguns dos procedimentos mais
invasivosdo exame clínico, e no caso de certos cavalos
rebeldes, é necessária, às vezes, alguma forma de con-
tenção química. Quando a contenção química se faz
necessária, devem-se ter em mente as ações farmaco-
lógicas das drogas usadas e se elas podem ou não in-
terferir com a função dos órgãos que estão sendo
examinados (p. ex., a administração de xilazina an-
tes da auscultação abdominal, para avaliar a função
. FIGURA 1-3
Conduzindoum cavaloatravésde umaentradaou vãode umaporta.É
importantemantero controlesegurandoa guia,comoé demonstrado,e
assegurar-sequeo cavalopassecompletamentea entradaantesquelhe
sejapermitidovirar-se
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 13
dos intestinos, ou da auscultação cardíaca, para ava-
liar os sons cardíacos). Há outros exemplos, e o uso da
contenção química será discutido, quando necessário,
à medida que cada sistema do organismo for descrito.
Drogas usadas para a contenção química produ-
zem vários graus de depressão do SNCe analgesia. Es-
sas drogas são classificadas como tranqüilizantes,
sedativo-hipnóticas e opiáceas. A diferença básica en-
tre tranqüilizantes e as outras é que tranqüilizantes
produzem depressão do SNCsem analgesia ou aneste-
sia, enquanto que as outras, além de depressão do SNC,
causam vários graus de anestesia e analgesia.
Atérecentemente, a acetilpromazina, um derivado
da fenotiazina, era o tranqüilizante mais usado em
medicina eqüina. Produz bloqueio alfa-l e tem um
suave efeito tranqüilizante que é maximizado se o ca-
valo for mantido quieto após a injeção. Os cavalos re-
cuperam-se facilmente do seu efeito, e a droga não faz
efeitoem cavalos já excitados. Produz hipotensão como
resultado da perda do tônus vasomotor. Essa hipoten-
são, que geralmente é bem tolerada, pode ser perigosa
se o cavalo for excitado ou hipovolêmico. Adroga bai-
xa o limiar dos ataques nervosos e, portanto, não deve
ser administrada a cavalos com hipersensibilidade do
SNC.Não há antagonista específico. Deve-seter sem-
pre cuidado ao usá-Ia em cavalos machos, principal-
mente garanhões, devido à possibilidade de paralisia
do pênis. Atranqüilização em cavalos machos é acom-
panhada deprolapso do pênis, que dura de 1 a 2 horas, e
em cada cavalo deve-se verificar se a função peniana
foi recuperada e se houve retração do pênis para o in-
terior do prepúcio. Se a retração não ocorrer, o pênis
torna-se edematoso, desenvolveparalisia permanente
e fica exposto a traumatismos físicos que levam à ne-
cessidade de amputação. A probabilidade desse pro-
blema ocorrer é maior se for permitido que o cavalo
seja solto no campo antes de ter retraído o pênis. Por-
tanto, deve-semanter o confinamento até que a retra-
ção do pênis tenha ocorrido. Se a retração não ocorrer
após cerca de 2 horas, deve-se recolocar manualmen-
te o pênis no prepúcio e impedir o prolapso, colocan-
do prendedores na pele ao redor do orifício prepucial.
O grupo de drogas alfa-2 agonistas - xilazina, de-
tomidina e romifidina - inclui as drogas sedativo-hip-
nóticas mais usadas no cavalo em estação, sendo que
a romifidina é mais potente e tem efeito mais prolon-
gado. São usadas para produzir sedação, analgesia e
relaxamento rápidos e confiáveis. Em todas, a ação
manifesta-se rapidamente, 1 e 5 minutos após inje-
ções intravenosa e intramuscular respectivamente. A
duração do efeito varia de 30 a 60 minutos para a xi-
lazina e algumas horas para a romifidina. Aduração
do tempo de analgesia é cerca da metade do da seda-
ção. A romifidina tem menos tendência a causar ata-
xia que as outras. Alfa-2 antagonistas como a ioimbina
(0,04-0,08mglkg IV) podem ser usados para reverter
seus efeitos. Os principais efeitos colaterais dos alfa-2
agonistas que têm relevância aqui são bradicardia,
bloqueio cardíaco de primeiro ou segundo graus, hi-
pertensão passageira seguida de hipotensão e diminui-
ção da atividade gastrintestinal de propulsão.
Os opiáceos são usados primariamente para forne-
cer analgesia quando o estímulo doloroso esperado é
significativo, por exemplo, durante biópsia de medula
óssea; também produzem tranqüilidade e euforia.Os
agonistas opióides (morfina, oximorfona, meperidi-
na) estimulam receptores mu-opióides, agonistas-an-
tagonistas opióides (pentazocina, butorfanol) e
possuem afinidade para receptoresmu e kappa-opiói-
des, com tendência a bloquear os primeiros, enquanto
os antagonistas opióides (naloxona, naltrexona) blo-
queiam a atividade de ambos. O uso dessas drogas é
limitado pela imprevisibilidade da estimulação do SNC
que elas, muitas vezes, provocam. Elas são, por isso,
usadas mais freqüentemente associadas com outras
drogas ou após o uso de outras drogas que previnem o
excitamento. Os opióides têm um efeito mínimo no
sistema cardiovascular, mas diminuem a atividade
gastrintestinal propulsiva. O naloxone é um antago-
nista efetivoque, devido à curta duração de seu efeito,
pode necessitar redosagem. Dentre esse grupo de
drogas,o tartrato debutorfanolé usadomais comumente.
Nenhuma droga individualmente dará a conten-
ção ideal do cavalo em estação em todas as circuns-
tâncias, dando lugar a uma grande escolha de drogas
e combinações de drogas. O uso de algumas dessas,
apresentadas na Tabela l-I, tem-se demonstrado útil
na experiência do autor.
. TABELA 1-1
ALGUMASDROGASECOMBINAÇÕESDEDROGASÚTEISPARAA
CONTENÇÃOROTINEIRADOCAVALOEMESTAÇÃO
Drogas
Dose Endovenosa
(mg/kg)
Derivadosdafenotiazina
Maleatode acetilpromazina
Alfa, agonistas
Hidrocloretode xilazina
Hidrocloretode detomidina
HCIde romifidina
Opiáceos
Hidrocloretode meperidina
Tartratode butorfanol
Combinações
HCIde xilazina-tartratode butorfanol
HCIdexilazina-HCIde metadona
HCIdexilazina-HCIde meperidina
HCIde xilazina-maleatode acetilpromazina
HCIde detomidina-tartratode butorfanol
HCIde romifidina-tartratode butorfanol
0,04-0,06
0,50-1,10
0,01-0,04
0,04-0,08
Nãousadasozinha
Nãousadasozinha
1,10,0,02
0,55, 0,01
0,55, 1,10
0,55, 0,02
0,02, 0,02
0,05, 0,02
Observação: A adição de opiáceos confere aumento da analgesia e
sedação.
14 VICTOR C. SPEIRS
B
CONTENÇÃO FíSICA DE POTROS
Ospotros podem ser bastante difíceis e até perigo-
sos de controlar antes de tornarem-se acostumados
com o manejo. Isso porque são muito pequenos, não
são familiarizados com a contenção e apresentam mo-
vimentos muito rápidos. Embora não sejam tão amea-
çadores quanto um cavalo adulto, ainda assim eles
podem morder e coicear perigosamente, principalmen-
te se o veterinário está agachado para administrar tra-
tamento ou proceder a um exame. Quando o potro
está em estação, o melhor método para a contenção
consiste em parar (em pé) ao seu lado com uma mão
ao redor do peito e a outra por trás dos músculos da
coxa. Em alguns potros mais rebeldes, pode ser neces-
sário segurar a base da cauda e elevá-Ia para obter um
controle extra (Figura 1-4). Dessamaneira, consegue-
se um método de contenção bom e seguro, pois o po-
tro não pode mover-senem para frente nem para trás.
Ospotros que não foram treinados a serem condu-
zidos por uma rédea ou corda presa ao cabresto po-
t FIGURA 1-4
Contenção do potro. A. Método padrão com os braços ao redor
do peito e da coxa. B. O ato de segurar a base da cola dá maior
segurança e tende a impedir que o potro "sente"
dem ser conduzidos por uma laçada feita com uma
corda e colocada sobre sua garupa. O condutor, em
pé, ao lado do potro, segura a extremidade livre da
corda e a puxa gentilmente. Dessa maneira, o potro
sente a pressão por trás e tende a mover-separa a fren-
te, afastando-se do ponto de pressão. Do outro modo,
se é puxado por uma corda-guia ou rédea, o potro re-
siste, recuando no sentido contrário à pressão. Com
potros, assim como com cavalos adultos, é impor-
tante que sempre que o animal puxe para trás, o
condutor não entre num "cabo-de-guerra" com o
animal, pois issofreqüentemente induz o animal a
"sentar", o que pode resultar na sua queda de cos-
tas e conseqüente fratura do crânio.
Potros em decúbito necessitam também ser conti-
dos. O melhor método é que alguém sentado segure a
cabeça do potro em seu colo. Isso permite um bom
controle e impede que o potro execute movimentos
bruscos com a cabeça que podem causar traumatis-
mos auto-infligidos.
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 15
CONTENÇÃO QUíMICA
DE POTROS
Asdiferenças essenciais entre adultos e potros são
que potros têm um volume maior de distribuição para
as drogas, uma menor proporção de gordura corpo-
ral, menos albumina para ligação com as drogas e
mecanismos hepáticos e renais de eliminação menos
desenvolvidos.Uma vez que esses aspectos sejam man-
tidosem mente, a maioria das drogas usada para adul-
tospode ser usada para potros (Tabela 1-2). Axilazina
é particularmente útil, pois age rápida e confiavelmen-
te, possui um período de ação curto e pode ser combi-
nada com butorfanol para fornecer uma combinação
confiável, usada em procedimentos diagnósticos do-
lorosos como coleta de líquido sinovial ou líquido ce-
falorraquidiano.
Uma administração de 1,1mg!kg de xilazina pro-
duz decúbito que dura por 60 a 90 minutos. Depen-
dendo do procedimento, uma dose menor pode ser
usada, ou a reversão dos efeitos pode ser conseguida
com o uso de ioimbina (0,1mg!kg lentamente, IV); o
diazepam (0,05-0, 1mg/kg IV)pode ser usado, mas po-
derá resultar em decúbito.
AUXILIARES PARA A CONTENÇÃO
Cachimbo
o cachimbo é uma peça essencial de equipamento
para qualquer pessoa que maneje cavalos. Há vários
modelos que refletem, principalmente, preferências
pessoais. No entanto, a estrutura básica consiste numa
laçada de corda ou corrente presa a um cabo (Figura
1-5). Oprincípio é que a laçada é colocada no focinho
do cavalo e apertada, torcendo-se o cabo. Dessa for-
ma, o cavalo é distraído, permitindo que se prossiga
t TABELA 1-2
ALGUMASDROGASECOMBINAÇÕESDEDROGASÚTEISPARAA
CONTENÇÃOROTINEIRADEPOTROS
Drogas
Dose Endovenosa
(mgjkg)
Derivadosdafenotiazina
Maleatode acetilpromazina
Alfa2agonistas
Hidrocloretode xilazina
Hidrocloretode detomidina
Benzodiazepinicos
Diazepam
Combinações
HCIde xilazina~tartratode butorfanol
0,03
0,25-1,1
0,OHJ,04
0,05-0,1
0,55, 0,02
Observação: Freqüentemente ororrerá decúbito.
com o tratamento ou exame (Figura 1-6). Há diferen-
tes métodos de aplicar e segurar o cachimbo, mas como
ele é potencialmente perigoso tanto para o cavalo como
para a pessoa que o aplica, é um procedimento que
deve ser feito com segurança. Se há uma pessoa com-
petente segurando a cabeça do cavalo, o veterinário
pode usar ambas as mãos para aplicar o cachimbo. A
seqüência é a seguinte: a) O cabo do cachimbo é se-
gurado na mão direita; b) os dedos da mão esquerda
são parcialmente introduzidos pela laçada e usados
para segurar e elevar levemente o beiço superior do
cavalo, c) faz-se a laçada deslizar pelos dedos até o
beiço superior e d) a mão direita aperta a laçada tor-
cendo o cabo do cachimbo (Figura 1-6A). Para con-
tenção de rotina, o sentido no qual o cabo do cachimbo
é torcido não é importante, mas quando um endoscó-
pio ou sonda gástrica precisam ser introduzidos, é pre-
ferível torcer o cabo no sentido anti-horário. Assim,as
narinas tendem a abrir-se, tomando mais fácil a in-
serção. Quando não encontra uma assistência com-
petente, o clínico precisa, ao mesmo tempo, segurar o
cavalo e aplicar o cachimbo: a) a preparação é feita
colocando a laçada do cachimbo parcialmente sobre
os dedos da mão esquerda; b) o cabo é torcido de ma-
neira que a laçada tenha o diâmetro suficiente para
acomodar o beiço; c) o cabo é transferido para a mão
t FIGURA 1-5
Cachimbo.Háváriosmodelosde cachimbo.Esteé um exemplode um
cachimbocomcabolongocomcordaparao focinho.
16 VICTOR C. SPEIRS
. FIGURA 1-6
Aplicaçãodocachimbo.A. Métodocomo usodasduasmãos,quandoacabeçado cavaloé controladaporumauxiliarexperiente.B.Métodocomuso
de apenasumamão,no qualo veterinárionecessitasegurara cabeçado cavaloao mesmotempoqueaplicao cachimbo.Observecomoo cabodo
cachimboé seguradonapalmada mão.
esquerda,onde é mantido entre a palma e o terceiro e
quarto dedos;d) a mão direita segura o buçal, enquan-
to os dedosna mão esquerda são usados para segurar
o beiço; e) nessemomento, o clínico pode usar amão
direita para torcer o cabo do cachimbo ou, alternati-
vamente, issopode ser feito por um auxiliar seo clíni-
co não puder soltar o buçal (Figura 1-68).
Dependendo da preferência pessoal, a laçada pode
ser feita de material macio, como corda, ou consistir
em uma corrente, e o cabo pode ser longo ou curto,
feito de madeira ou borracha. Cada modelo possui van-
tagens e desvantagens, mas os princípios de uso apli-
cam-se para todos. O cachimbo não deve ser aplicado
muito apertado, porque pode machucar o focinho e
porque o cavalo pode ressentir-se e tornar-se extrema-
mente violento pela predominância da dor. O objetivo
é aplicar o cachimbo de modo firme, aumentar a pres-
são imediatamente antes de realizar o procedimento
clínico invasivo ou doloroso e, então, reduzir a pres-
são. Dessemodo, o efeito máximo é obtido sem pertur-
bar desnecessariamente o cavalo. Como uma regra
geral, a pessoa segurando o cachimbo e o examinador
devem ficar no mesmo lado do cavalo. Assim, se o ca-
vaio se afasta ou escapa, existe uma rota de fuga livre
para ele. O cachimbo deve estar sempre sob controle
manual, de modo que possa ser afrouxado ou aperta-
do, se necessário. Não é incomum a prática errônea de
prendero cachimbono buçal, o que significaque ele
não está sob controle e, caso o cavalo escape, o ca-
chimbo não poderá ser liberado. Não é demais insistir
que a tensão na laçada deveestar sob permanente con-
trole, sendo ajustada segundo as necessidades do mo-
mento, e que a pessoa que segura o cachimbo não deve
se distrair. Com alguns cavalos, o mesmo efeito pode
ser obtido simplesmente segurando e apertando o fo-
cinho com a mão.
Apertão no Pescoço
Cavalos podem ser distraídos desta maneira: agar-
ra-se, com uma ou as duas mãos, uma prega da pele
da basedo pescoçoe aplica-sefirmementeum movi-
mento de rotação, de maneira a colocar tensão sobre
a pele (Figura 1-7). Isso pode ser difícil de fazer em
cavalosmuito fortesou depelegrossa,ou seo exami-
nador não é muito forte; no entanto, é um método
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 17
que dispensa equipamentos e pode ser aplicado rápida
e seguramente.
Segurar e Torcer a Orelha
Acabeça do cavalo pode ser contida se a orelha for
firmemente segurada e torcida. Para fazer isso com
segurança, o examinador pode permanecer ao lado
do cavalo e deslizar a mão direita pescoço acima, até
que a orelha possa ser agarrada. Deve-sefazer issosua-
vemente num só movimento coordenado. Quando o
cavalo está acostumado a esse procedimento, ele deve
ser feito muito rapidamente, caso contrário, ele levan-
tará rapidamente a cabeça para longe do alcance do
examinador. O examinador deve manter o controle da
cabeça do cavalo, apoiando o antebraço contra o pes-
coço do animal. Isso é muito importante, porque, se o
cavalo retrai a cabeça ou tenta recuar, o examinador
pode ser puxado para baixo das patas dianteiras e
machucar-se. Apoiando o antebraço contra o pescoço,
o examinador fica numa melhor posição para resistir.
Avantagem mecânica é também incrementada segu-
rando-se o cabresto com a mão esquerda, asseguran-
do-se de que a cabeça do cavalo é puxada para o lado
esquerdo (Figura 1-8). O método de segurar pela ore-
lha não é recomendado para o uso rotineiro em todos
os cavalos, porque eles adquirem uma tendência de
"negacear" a cabeça e apresentarão resistência a qual-
quer manobra nessa região. Essemétodo tem especial
valor para a contenção rápida e para estabilizar a ca-
beça, enquanto o cachimbo é aplicado ou uma sonda
gástrica, ou endoscópio são passados pelas fossas na-
sais. O cachimbo pode ser também aplicado na ore-
lha, mas issonão é recomendado devidoà possibilidade
de lesão na cartilagem aural.
t FIGURA 1-7
Apertão no pescoço. Essa é uma manobra que pode ser executada com
uma ou com as duas mãos. A ilustração demonstra o método com uma
dasmãos.
t FIGURA 1-8
Segurando a orelha. Observe que o antebraço do clínico estã apoiado no
pescoço do cavalo, e que a cabeça do animal está controlada pela outra
mão que segura o buçal.
Troncos
Os troncos são úteis para conter cavalos que apre-
sentam tendência de afastarem-se do examinador ou
de serem violentos. Colocar o cavalo no tronco restrin-
ge sua atividade, tornando o exame clínico mais se-
guro - alguns exemplos de troncos são mostrados na
Figura 1-9.É importante que o examinador tenha aces-
so à região que ele deseja, e que o cavalo seja colocado
e retirado do tronco com segurança. Uma tira coloca-
da na extremidade posterior é útil para impedir o ca-
valo de pular fora, mas deve ser fácil de ser liberada
rapidamente. Troncossão fabricados demuitas formas,
as principais variações consistem no grau em que eles
são fechados e se portas laterais podem ou não ser aber-
tas. Quando os lados são fixos e não podem ser aber-
tos, é importante que eles não sejam. totalmente
fechados, pois sempre é desejável ter-se acesso à parte
inferior dos membros para exame radiológico ou ao
abdômen ventral, para paracentese abdominal. É de-
sejável que exista uma forração adequada no tronco
para proteger o cavalo de traumatismos, caso ele re-
cue ou coiceie.
18 VICTOR C. SPEIRS
t FIGURA 1-9
Troncos.Trêsmodelosdiferentessãomostrados,demonstrandováriosniveisde confinamentoe contenção.Observequeos trêsmodelosde equipa-
mentopodemserabertosemqualquerdasextremidadese tambémem pelomenosumdoslados,a fim de permitiracessoadiferentesprocedimentos
e tambémpor razõesde segurança.
1"f o ExameClínico
INTRODUÇÃO
o exame clínico pode incluir todos ou alguns dos
seguintes componentes:
. Identificaçãodo paciente.Obtenção do histórico.Avaliação visual preliminar.Examefísicogeral.Exame especial de regiões ou órgãos específicos. Uso de meios auxiliares de diagnóstico (patologia
clínica, eletrocardiografia, etc.). Examedo ambiente
Embora um exame clínico completo não seia sem-
pre necessário, um exame geral deve ser sempre reali-
zado.
IDENTIFICAÇÃO
o paciente é identificado por suas características
ou aparência externa, utilizando-se aspectos como
raça, idade, sexo, cor, sinais no corpo, marcas e tatua-
gens. Os requisitos para a identificação variam entre
países e raças, mas à medida que a freqüência de mo-
vimentação de cavalos através das fronteiras aumen-
ta, uma uniformidade está emergindo.
Sinais Naturais
As marcas naturais consistem na cor da pelagem
básica e quaisquer outras marcas extras superimpos-
tas à pelagem. Todo o corpo, incluindo crina, cola e
cascos, é levado em consideração.
Cor da Pelagem
Os cavalos apresentam-se em um espectro de pela-
gem com várias cores e uma nomenclatura muito con-
fusa que é ainda mais complicada em certas raças do
que em outras. Felizmente, em razão dessa dificulda-
de e devido ao incremento na mobilização dos cavalos
através dos países, os termos usados para descrever as
cores e os sinais naturais têm-se tornado mais simples
e, até certo ponto, mais uniformes entre as raças e os
países. No entanto, a familiarização com a terminolo-
gia associada às colorações e aos padrões de pelagem
necessita experiência e interesse especiais. Há nume-
rosos genes e alelos envolvidos na produção da cor e
do padrão da cobertura de pêlos, alguns dos quais têm
um papel importante, enquanto outros apresentam um
efeito modificador. Para uma descrição mais detalha-
da da cor da pelagem e seus modos de transmissão
genética, recomenda-se ao leitor a literatura pertinen-
te.l' Os diferentes registros de raças devem ser consul-
tados para detalhes específicos.
A avaliação da cor leva em consideração a cor ge-
ral da pelagem corpórea, a presença de pontos nessa
pelagem e os padrões de manchas brancas. Ospontos
referem-se às partes distais dos membros, à crina, à
cola, e, às vezes, às orelhas. Segue-se uma lista de co-
res e padrões comuns. O leitor é avisado que as defini-
ções e aceitação de vários termos variam bastante entre
países, raças e registros:
. Preto.Um cavalopreto apresentapigmento preto
por toda suapelagem,crina e cola. Marcasbrancas
são permitidas.. Castanho(zaino).A pelagemé uma misturade
pêlosmarronse pretos.Os membros,acrinae a
cola são pretos.
*Relativoàs referências bibliográficas.
20 VICTOR C. SPEIRS
.Tordilho.Cavalostordilhos possuemuma misturade
pêlosbrancosdistribuídossobretoda a pelagem
pigmentadado corpo, crinas,cola e membros.Os
pêloscoloridospodem ter qualquercor.O potro
nascecom pelagemcolorida,e a proporçãode
pêlosbrancosaumenta progressivamentecom cada
novamuda de pêlos..Alazão-tostado(chestnut),Usa-seo termo alazão
tostado para identificarum tipo específicode cavalo
vermelho-escuro(alazãocor-de-fígado)ou como um
termo geral paratodos os cavalosvermelhos,
incluindo,assim,aquelesdenominadosalazões-
claros(sorrels).Na suaforma específica,o termo
descreveum cavalovermelho-escurocom membros
e corpo com coloraçãosemelhante.A crinae a cola
são,de modo usual,levementemaisescurasque o
corpo, masnão sãopretas..Alazão-cIaro(sorrel).Essetem coloraçãoacobreada
e é maisclaroque o alazão-tostado.Os membros
sãogeralmenteda mesmacor que o restantedo
corpo, masa crinae a cola podemter a mesma
coloraçãoou, freqüentemente,ser maisclarasou
cor de palha.Podeserdifícil separar-seum alazão-
tostado-clarode um alazão-claro(sorren-escuro,por
issoa tendênciaem agrupá-Ioscomo foi menciona-
do.. C%rado (Bay).Cavaloscoloradostêm crinas,cola,
ponta dasorelhase membrospretos.A coloração
do restantedo corpo variado amareloao vermelho.
Todosos coloradostêm o vermelhoem suas
pelagens.De acordocom a coloraçãodo restante
do corpo, sãodescritosde modo variávelcomo
coloradossangüíneos,coloradosamarelosou
coloradosescuros..Gateado(dun). Gateadoé um termo freqüentemen-
te usadoparadescrevercavalosde coloraçãoclara,
com ou sem pontos pretos.A terminologiados
componentesdessegrupo é bastanteconfusa.Uma
maneiraconvenientede considerá-Iosé dividi-Iosde
acordocom a presençaou não de pontospretos.
Assim,grullo (lobuno)e baio cabosnegros(bu-
ckskin)pertencemao primeirogrupo, e gateado-
vermelhoe gateado-amarelo,ao segundo.Gatea-
dos-vermelhostêm corpos* vermelhos-clarosou
amareloscom pontosvermelhos,marronsou palha,
geralmentecom marcasprimitivas(vejaadiante).
Gateados-amarelosapresentamcoloraçãoamarela
do corpo com pontos marrons.Há numerosos
termos subsidiáriosusadosparadescrevergateados
vermelhosou amarelos..Lobuno(grullo). Lobunoé um azul ou cinza-ardósia
com pontos negros,geralmentecom marcas
primitivas.
'N. deT. O termo corpo refere-se a toda extensãoexterna com exceçãodos
membros, orelhas, crinas e cola.
. Baiocabosnegros(buckskin).Baiocabosnegrosé
um cavaloamarelocom pontos negros.Paratornar
as coisasainda maiscomplicadas,a presençade
marcasprimitivastorna um baio cabosnegrosem
um gateadozebrado (zebradun)..Palomino.Palominosapresentamuma pelagemque
vai do cremeao acobreado,com crinae cola de
coloraçãoclara. Existemtambém numerosostermos
subsidiários..Rosilhoou mouro (roan).O termo rosilhoé usado
quando os pêlosdo corpo sãouma misturade
pêlosbrancose pêloscom cores.Os pêlosbrancos
podem variarem número, desdealgunspoucosaté
uma extensacoberturada maior parte do corpo, e
a cor basepode serqualquer uma.Ao contráriode
cavalostordilhosque também se ajustama esse
padrão,os pêlosbrancosestão, em geral, presentes
ao nascimento,embora sejammaisaparentesapós
a primeiramudade pêlo. Os pêlosbrancostendem
a ser restritosao corpo.. Padrõescom manchasbrancasassimétricas.Nos
EstadosUnidos,os padrõesassimétricosde man-
chasbrancassãochamadospaint (pintado) ou
pinto (com pinta, pintado, malhado).Os pêlos
brancossãoagrupadospara produzir manchas
solidamentebrancassobrequalquerbasede cor,ao
invésda distribuiçãomisturadado tordilho e do
rosilho(mouro).Os padrõesincluemo tobiano e o
oveiro.Ostermospiebald e skewbald** também
caem nessacategoria.Essestermos descrevem,
respectivamente,cavalospretos ou não, ignorando
o tipo específicode padrão presente.O padrão
tobiano ocorre com qualquercor de pelageme
produz áreasde pêlosbrancosmarcadamente
delineadascom pele subjacenterósea,não-
pigmentada.A linha média do dorsoé geralmente
interrompidaem algum ponto por uma mancha
branca.Há numerosasvariações,mas,em geral, o
brancoestende-seventralmentea partir do dorso
(na regiãoda linha médiacervicalou da cemelha).
De modo geral, a cabeçaapresentacorescom
manchasbrancas,e os membrossãotambém
geralmentebrancos.Numa ponta do espectro
existemcavalosquasecompletamentebrancoscom
algumasmanchascoloridas,e na outra, cavalosque
apresentampelagemquasecompletamente
coloridacom um pouco de branco limitado ao
dorso e aos membros.O padrão oveiro,semelhante
ao tobiano, é caracterizadopor um padrãono qual
os pêlosbrancostendem a localizar-seventralmente
e estendem-seem direçãoà linha média dorsal,mas
não a recobrem.Os membrossãogeralmente
brancos,e os olhos freqüentementeazuis.Combi-
"N. de T. Os termos Piebald e skewbald significam malhado.
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 21
naçõesde oveiroe tobiano podem existire essas
podem sercomplicadaspelasmanchastipo
appaloosa..Manchasbrancassimétricas.O principalexemplo
dessepadrãoé o appaloosa.Os padrõespodem
variarcom a idade, não sendo,portanto, confiáveis
como marcadorespara identificaçãopermanente.A
expressãofenotípicamínimade um appaloosaé um
aspectovariegadoda pele,esclerabrancae cascos
listrados.O aspectovariegado,que consisteem
áreasdespigmentadasda pele, tende a concentrar-
se ao redor da genitáliae do focinho.Váriostipos
de Appaloosasãoreconhecidos,dependendoda
extensãoe localizaçãodo padrãodasmanchase da
coloraçãobásica.Essespadrõesincluem leopardo,
geada, rosilho lustroso,manta branca,manta
manchadae flocosde neve.O appaloosaé freqüen-
temente caracterizadopela coloraçãobásicada
pelagem,por exemplo,"appaloosapreto"..Branco.Háváriasformas de coloraçãobranca.O
albinismoverdadeiro,pêlosbrancose ausência
completade pigmento na pelee olhos,é um traço
recessivoletal - o feto morre no útero. Outra forma
letal da coloraçãobrancaé observadano potro
oveiroque nascecom aplasiasegmentarde uma
parte do intestinogrosso.A ocorrênciade cavalos
brancosé também associadaa genesque produ-
zem diluiçãoda cor, como também formasde
apresentaçãocom quantidadesextremasde
manchas.Cavalosbrancosou de cor creme,com
olhosazuispigmentadose ausênciade pigmento
na pele, são chamados de melados. * Essasoutras
formas de brancosão, às vezes,incorretamente,
chamadasde albino..Salpicado(Dappling).Salpicamentoé a presençade
áreasescurassobreáreasclarasem cavalosde
qualquercor. Sãovistasprincipalmenteem tordi-
lhos..Marcasprimitivas.Essasincluemuma listraao longo
da linha médiadorsal(listrade enguia),uma listra
transversalsobre a cernelhae listrashorizontais
sobreos carpose os tarsos(listrasde zebra).
Emboraocorram maiscomumenteem cavalos
gateados,as marcasprimitivaspodemocorrersob
qualquercombinaçãoem qualquer tipo de colora-
ção de pelagem.Suapresençaé obscurecidaem
cavaloscom pelagensde coresbásicasescuras..Coresde pelagensde potros. Identificarcolorações
de potros é freqüentementedifícildevidoàs
alteraçõesque ocorremcom a idadee, especial-
mente,às associadascom a muda da cobertura de
pêlosdos potros.
'N. deT. No original, em inglês, creamellos, junção das palavras cream
(creme) e mello (caramelo, melado).
. Cor dosolhos.A maioriados cavalosapresenta
olhos com pigmentaçãoescura.Existemoutras
coloraçõescomo amarelo-âmbar(especialmenteem
gateados)e azul (especialmenteassociadaà
ausênciade pigmento periorbital).Olhosazuissão
também conhecidoscomo olhosarregaladosou
gázeos.
Marcas na Cabeça
Marcas brancas na cabeça são comuns e possuem
nomenclatura específica. Se contêm uma mistura de
pêlos brancos e coloridos, são classificadas como mis-
tas; se são circunscritas por pêlos de uma outra cor,
são classificadas como debruadas. Embora as mar-
cas sejam geralmente desenhadas num diagrama, o
clínico deve também saber como descrevê-Ias para
ocasiões em que é necessário um relatório escrito. As
marcas brancas são descritas a seguir e são mostradas
na Figura 2-1:
. Estrela.Qualquermarcasólidana testa.Alguns
poucospêlosbrancosou uma manchade pêlos
misturadosdevemserdescritosassime não como
uma estrela.A estrelapode ser descritaadicional-
mente em relaçãoà sualocalizaçãoespecíficae
também de acordocom suaforma, em oval, forma
de diamante (romboédrica),triangular e assimpor
diante.. Listra. Uma marcabrancaque seestendeface
abaixoe que não se estendelateralmentealémda
superfícieplanados ossosnasais.Quandonão
associadaa uma estrelaou a um ladre,os locaisde
origem e término devemserdescritos.. Ladre. Uma marca branca localizada entre as
narinasou nasnarinas.. Combinaçãodasanteriores.Quandoqualqueruma
das marcasbrancasantesmencionadassão
contínuas,elassão denominadasconfluentes(i. e.,
estrelae listraconfluentesou estrela,listrae ladre
confluentes).. Mancha (blaze).Uma marcabrancasólida,seme-
lhante a uma listra,mas estendendo-selateralmente
além dosossosnasais.. Frenteaberta (bald face).Maior que uma mancha
(blaze),estendendo-seaté os olhose narinas,ou ao
redor deles.. Pampa.** Como uma frente aberta (bald face),mas
envolvendoa regiãoda mandíbula.. Touca (Malacara). *** Uma cabeça branca, freqüen-
temente com pêloscom coresao redordosolhose
orelhas.
"N. de T. No original, apron face = cara de avental.
"'N. de T. No original, bonnet = cobertura para a cabeça (touca) que se
usa comumente atada abaixo do queixo.
22 VICTORC. SPEIRS
Estrela
Mancha
A
t FIGURA 2-1
Nomenclaturaparadescrevermarcasbrancasnacabeça.A. Cara.B. Cabeça.
. Marcadecarne(fleshrnark).Quandonãohápigmen-
to napelequeé róseaoutemcoloraçãocámea.
Listra
Combinação entre
estrela, listra e ladre
ladre
mostradas na Figura 2-2. As descrições são complica-
das pelo fato de que uma marca pode envolver toda a
circunferência do membro, ou apenas parte dela,
numa determinada região dessemembro.Marcas nos Membros
Marcas nos membros são também muito comuns
e constituemparte integralda identificação.Domes-
mo modo que com relação às marcas da cabeça, elas
tanto podem ser descritas sob forma escrita, usando-se
nomenclatura padrão, ou desenhadas num diagrama.
Asmarcas dos membrossão descritasa seguir e são
. Coroa(coronet).Umamarcabrancasólidaimediata-
mente acima do casco. A cor do casco geralmente
corresponde à cor do pêlo na coroa (rodete
coronário).. Traço de calçado nos talões e na coroa (heel and
white spot). O termo traçode calçadono talãoé
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 23
Frente
B
. FIGURA 2-1 Continuação
usadopara designarum talão branco,enquanto
que traço de calçadona coroadesignauma
manchabrancaem qualqueroutro lugar na coroa.. Quartela.Uma marcabrancaestendendo-se
proximalmenteao inícioda intumescênciada
articulaçãodo boleto. É adicionalmenteclassificada
como meia-quartela,trêsquartosde quartelaou
quartela inteira.. Boleto.Uma marcabrancaque se estendeaté a
intumescênciaproximalda articulaçãodo boleto. É
adicionalmenteclassificadaem boleto inteiro ou
meio-boleto.. Canela.Uma marcabrancana regiãoproximaldo
metacarpoou do metatarso.Éadicionalmente
classificadaem meia-canela,trêsquartosde canela
ou canelacompleta. Umameia correspondea uma
meia-canela.. Joelhoe jarrete. O brancoenvolveas articulaçõesdo
carpo e do tarso. O brancoenvolvendoo carpoou
tarso é também denominadomeias(stocking).. Marcaspretas. Manchasconsistindoem pêlos
pretossão freqüentementeencontradasem regiões
formadaspor outra cor.Quandoo fundo é branco,
essasmarcassãoclassificadascomo marcasde
rampa
Touca
arminho. Sãogeralmenteassociadasa uma listra
escuraorientada verticalmenteno casco.
Redemoinhos nos Pêlos
Padrõesdefluxo depêlossãoúnicosparaum indi-
víduo e importantespara sua identificação.Um exa-
me cuidadosoe deperto revelaráque,emborao pêlo
seacomodede forma plana sobreo corpo,nem todo
ele seorienta na mesmadireção.Alémdisso,há nu-
merososlocais,denominadosredemoinhos,ondeocor-
re o encontro entre regiõesde pêlos orientadosem
diferentes direções e onde os pêlos têm a tendência em
permanecer eretos. Nesseslocais, e dependendo da ex-
tensão da interface entre os padrões de pêlos, os pêlos
eretos em oposição estão confinados a uma pequena
região(simples)ou estendem-seao longoda linha de
demarcação(emplumado) (Figura2-3).Aodesenhar
esses redemoinhos num diagrama, como parte do pro-
cesso de identificação, um redemoinho simples é iden-
tificado por um "x", e o emplumado, por uma linha
ligada ao "x". O número e a localização desses rede-
moinhos variam bastante. Redemoinhos simples são
descritos como sendo no sentido horário ou anti-ho-
24 VICTOR C. SPEIRS
Coroa
Boleto com
marca ermlne
t FIGURA 2-2
Nomenclaturaparadescrevermarcasbrancasnosmembros.
Meia-quartela
Meia-canela
(sock)
Quartela
Canela alta
(stocking)
Meio-boleto Boleto
Pequena
coroa branca
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 25
t FIGURA 2-3
Redemoinhosde pêlos.A. Redemoinhosimples.B. Redemoinhoemplumado.
rário, e os redemoinhos emplumados são especifica-
dos de acordo com a sua direção. Para propósitos de
identificação, é usual selecionar-se os principais rede-
moinhos, como os da cabeça, do pescoço e dos flan-
coso
Castanhas
Asestruturas comificadas localizadas na face me-
dial de cada membro, ao nível do tarso e imediata-
mente proximal ao carpo, são conhecidas como
castanhas. Como cada uma delas é peculiar a cada
cavalo, são úteis no propósito de identificação. No en-
tanto, por várias razões, principalmente porque podem
ser alteradas cirurgicamente e porque podem variar
no tamanho e na forma até os 18 meses de idade, têm
pouca utilidade prática.
Sinais Adquiridos
Cicatrizes
Ascicatrizes são achados comuns quando se iden-
tificam cavalos. Sua localização e forma devem ser re-
gistradas, embora sirvam apenas como identificado-
res suplementares.
Marcação por Congelamento
Marcação por congelamento é o método mais fre-
qüentemente usado para produzir uma marca de iden-
tificação. Produz uma marca formada por pêlos
brancos. Os pêlos brancos crescem após os melanóci-
tos no folículo piloso terem sido destruídos pelo frio;
às vezes, todo o folículo é destruído, resultando numa
marca glabra. Em cavalos brancos ou de cor clara, a
marca deve ser feita de tal maneira que se tome sem
pêlos (glabra), pois, de outro modo, os pêlos brancos
não se destacarão. A marca é feita aplicando-se um
ferro frio na pele. É um procedimento relativamente
indolor e produz uma marca bem definida. Asmarcas
variam desde os vários sistemas específicospara países
e raças até o sistema angular que apresenta crescente
popularidade (Figura 2-4). Os números de 2 a 9 são
representados por um ângulo reto, o número 1por duas
linhas verticais e o zero por duas linhas horizontais.2
Uma linha reta é sempre colocada abaixo dos núme-
ros angulares, para indicar caso tenha havido qual-
26 VICTOR C. SPEIRS
A
B
. FIGURA 2-4
Marcas por congelamento. A. Marca produzida pela técnica de congelamento mostrando a perda de pigmento dos pêlos. B.
Demonstraçãodo alfabeto da marcação por congelamento e de como um número é compilado.
quer distorção em conseqüência do crescimento. O lo-
cal da marca varia com a raça e país onde ela é utili-
zada, localizações comuns são a paleta e sob as crinas.
Marcação a Fogo
A marcação a fogo, geralmente feita nas paletas,
tem sido um método comum de identificação. Ideal-
mente, o processo elimina o crescimento de pêlos,
embora a aplicação de calor excessivo produza uma
cicatriz feia, enquanto que o calor insuficiente produz
uma marca pouco definida, caracterizada pelo rebro-
tamento de uma mistura de pêlos normais e brancos.
Devido a aspectos estéticos e humanitários, a marca-
ção a fogo raramente é realizada.
Tatuagens
A tatuagem na parte interna do beiço superior tem
sido um método popular de identificação nos Estados
Unidos. No entanto, a marca tende a desbotar, torna-
se menos definida, e pode ser borrada através de mas-
3
2 A 4
II = 1r ,
9< >5 - = o-
BLy...J6
7
Exemplo: r=AL 11 >
2 O 3 8 1 5
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 27
sagem. Não pode ser usada em potros, pois tende a ser
absorvida.
Tipagem Sangüínea
Atipagem sangüínea é muito importante para pro-
pósitos de identificação. Embora não constitua parte
da rotina do exame clínico, é freqüentemente um re-
quisito para fins de registro e para verificar a filiação.
O teste envolve identificaçãosorológica dos antígenos
das hemácias e identificação eletroforética de vários
marcadores protéicos.3 Os testes necessitam de amos-
tras de sangue coagulado e não-coagulado. Embora o
número de fatores identificáveis e úteis esteja se ex-
pandindo, recentemente tem sido dado estímulo ao de-
senvolvimento da testagem de DNA.
Identificação Eletrônica
O estímulo para um método de identificação sim-
ples e inalterável que tenha uma interface com um
sistema de recuperação de dados computadorizados
gerou a identificação eletrônica.4 O sistema envolve a
implantação de um transponder (microchip) codifi-
cado especialmente para um determinado indivíduo
que poderá ser identificado aplicando-se um sensor
eletrônico.Cada microchip é codificadocom uma com-
binação de caracteres alfanumérica. Embora em uso
em certas partes do mundo, o sistema ainda não é de
uso comum, mas é consideravelmente promissor.
Determinação da Idade
pelo Exame Dentário
Astécnicas de exame dos dentes e abertura da boca
são descritas na seção "Exame dos Dentes e da Cavi-
dade Oral". Adeterminação da idade pelo exame den-
tário não é uma ciência exata; no entanto, uma boa
aproximação é possível se o exame é feito cuidadosa-
mente por alguém que possa identificar os fatores en-
volvidosna idade. Como será descrito, a determinação
da idade é, numa grande proporção, baseada no reco-
nhecimento de aspectos específicos associados com a
erupção e crescimento normais dos dentes. Alguns dos
fatores que podem alterar a seqüência normal desses
eventos,e, portanto, interferir com a determinação acu-
rada da idade, incluem trauma ou infecção, que po-
dem resultar em perda, distorção ou malformação dos
dentes e desgaste excessivo que acelera o aparecimen-
to de várias marcas características de idade, aumen-
tando, portanto, artificialmente, a idade dentária. Os
aspectos pertinentes da idade dentária são brevemente
descritos aqui e podem ser encontrados em maior de-
talhe em outras publicações.5
Fórmula Dentária
A fórmula dentária para eqüinos é mostrada no
quadro a seguir.
Osdentes caninos (Figura 2-5) estão quase sempre
presentes nos machos e são pequenos ou não apresen-
tam erupção nas fêmeas. O primeiro molar (PMl),
conhecido como dente do lobo, geralmente está pre-
sente e localizado nas arcadas superiores, variando na
forma, desde pequenino até relativamente grande (Fi-
gura 2-6).
Seqüência da Erupção dos Dentes
Ostempos de erupção dos dentes, especialmente dos
incisivos, são indicadores bastante úteis da idade.
. FIGURA2-5
Dente canino.
. FIGURA 2-6
Primeiro dente pré-molar ("dente do lobo").
28 VICTOR C. SPEIRS
FÓRMULADENTÁRIA
I
.Dentes deciduais
2 (incisivos3/3, CaninosO/O,Pré-molares3/
3) = 24.Dentes permanentes
2 (incisivos3/3, Caninos1/1, Pré-molares3
ou 4/3, Molares3/3) = 40 ou 42
Início do Desgaste e Anatomia das Secções
Transversais dos Incisivos
Apósa erupção dosdentesincisivos, elescontinuam
a crescere alongar-se até que cada incisivo da mandí-
bula encontre o seu correspondente oposto na maxila,
aproximadamente 6 meses após a erupção, um fenô-
meno denominado início do desgaste.Apartir daí, os
incisivos tornam-se desgastadosaos 3, 4 e 5 anos de
idade. Subseqüentemente,continuam a crescer,come-
çando a erosãode sua superfície oclusal, expondo par-
tes cada vez mais profundas de cada dente incisivo. A
anatomia de um dente incisivo e seu aspecto em corte
transversal são mostrados na Figura 2-7. Como é de-
monstrado, a forma e o aspecto da secção transversal
se alteram gradualmente. As superfícies oclusais do
primeiro, segundo e terceiro incisivos são arredonda-
das aproximadamente ao redor de 10, 11 e 12 anos. O
ínfundzôulo ou taça é a cavidade na superfície oclu-
sal produzida pela invaginação do cemento. Mais tar-
de, à medida que o desgaste expõe as secções mais
profundas do dente, o infundíbulo gradualmente ces-
sa de existir como uma cavidade e é representado por
um círculo de esmalte preenchido por cemento, co-
nhecido como mancha ou marca de esmalte que gra-
dualmente se aproxima da superfície lingual dos
dentes.Assuperfíciesoclusaisdos incisivosinferiores
1,2 e 3 perdem suas cavidades e tornam-se lisas aos 6,
7 e 8 anos de idade, respectivamente. Mais tarde, a
marca é perdida em todos os incisivos inferiores, apro-
ximadamentedos 12aos 13anos.Àmedidaqueo in-
fundíbulo desaparece,a cavidadepulpar é exposta
como uma marca transversal amarelo-marrom na
dentina, conhecida como estrela dentária, localizada
emdireçãoao aspectolabial decada incisivo.Aestrela
aparece no primeiro, segundo e terceiro incisivos ao
redor de 8, 9 e 10 anos, respectivamente.
Arcada dos Incisivos
Em cavalos jovens, as fileiras superiores e inferio-
res dos incisivoscrescem diretamente em direção umas
às outras e realizam a oclusão com seus eixos maio-
res, formando um ângulo de cerca de 140°. Com a
idade, os dentes tendem a protruir mais no sentido do
exterior da boca e fazem a oclusão formando ângulos
progressivamente menores entre eles, chegando a 90°
aos 20 anos. Esse ângulo é útil apenas para a diferen-
ciação rápida entre um cavalo velho e um jovem.
Sulco de Galvayne
O sulco de Galvayne é uma depressão longitudinal
que corre para baixo na superfície labial dos terceiros
incisivos superiores (Figura 2-8). Freqüentemente
SEQÜÊNCIA DA ERUPÇÃO DOS DENTES
Oeciduais. Incisivos
Primeiro
Segundo
Terceiro. Caninos
. Pré-molares
Primeiro(lobo)
Segundo
Terceiro
Quarto. Molares
Primeiro
Segundo
Terceiro
Permanentes
Nascimento-primeirasemana
4-6 semanas
6-9 meses
Ausentes
Ausente
Nascimento-2semanas
Nascimento-2semanas
Nascimento-2semanas
Ausente
Ausente
Ausente
2% anos
3% anos
41/2anos
4-5 anos
5-6 meses
2% anos
3 anos
4 anos
9-12 meses
2 anos
3V2-4anos
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 29
VISTA LATERAL CORTESTRANSVERSAIS
Esmalte
Coroa
Cavalo
Jovem
--------------------
......
...
... ...
...
... ... ...
...
... ...
...
... ...
...
... ...
...
... .....
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
... ...
... ... ...
... ... ...
... ... ... ... ...
... ...
... ...
Dentina
Cavidade
Pulpar .
Cemento
Estrela
Dentária
Cavalo
Velho
t FIGURA 2-7
Cortetransversaldeumdenteincisivodemonstrandoasuperfíciedeoclusão,à medidaqueo denteédesgastadopelouso.
apresenta uma cor escura, devido ao seu conteúdo em
cemento. Essesulco aparece imediatamente abaixo da
margem da gengiva, ao redor de 10 anos de idade, es-
tende-separa baixo, em direção à superfície do dente,
atingindo metade do caminho por volta dos 15 anos e
completando essa distância aos 20 anos.
Perda dos Pré-Molares Deciduais
o segundo, terceiro e quarto pré-molares deciduais
são empurrados para cima pelos pré-molares perma-
nentes que estão emergindo (lembre-se que o dente do
lobo é o primeiro pré-molar). Os dentes deciduais lo-
calizam-sesobreosdentespermanentese,por isso,são
conhecidoscomocapas (Figura2-9).
Asa de Andorinha
Quando os terceiros incisivos, superior e inferior,
entram em desgaste, aos 5 anos, é aparente que as
mesas dentárias dos dentes superiores são mais longas
que as dos dentes inferiores. Como resultado disso, as
partes caudais dos dentes superiores não ocluem com
os dentes inferiores e, portanto, não desgastam como
30 VICTORC. SPEIRS
. FIGURA2-8
SulcodeGalvayne(seta).
. FIGURA2-9
Pré-molartemporárioou "capa"(seta).
as porçõesrostrais.Àmedidaqueo desgasteirregular
continua,a partecaudalformauma projeção,ou gan-
cho, sobre a parte caudal do dente inferior (Figura 2-
10). Essa projeção é mais conspícua aos 7 anos, daí o
nomegancho dos seteanos (seven-year-hook)dado
em inglês a essa estrutura, conhecida em português
comoasa de andorinha. Àmedidaqueo desgastese
altera, a asa de andorinha gradualmente desaparece,
para reaparecer apenas mais tarde, num segundo ci-
clo, quando é mais óbvia ao redor dos 13 anos.
. FIGURA 2-10
Asadeandorinha(seta)noaspectocaudaldo cantoou incisivosuperior.
HISTÓRICO
o volume de dados realmente registrados varia
grandemente. No entanto, a fim de ter um registro
acurado,são necessários, no mínimo, a) a identifica-
ção exata does) paciente(s); b) a identificação corre-
ta, o endereço, o telefone do proprietário; c) o diag-
nóstico e os detalhes sobre tratamento e medicações.
A primeira fase do exame envolve coleta e avalia-
ção de todos os dados relevantes do histórico. Essa é a
partemaisimportantedacoletadedadose requeruma
seleção cuidadosa das perguntas a serem feitas, como
também muita atenção ao considerar os resultados.
Infelizmente, os proprietários nem sempre sabem do
significado de determinadas peças de informação e
podem, sem intenção, ou, às vezes, mesmo intencio-
nalmente, fornecer informação falsa ou enganosa.
Embora a técnica exata para colher informações seja
uma questão de preferência pessoal do clínico, a velo-
cidade com que o processo é efetuado e a habilidade
em extrair a quantidade máxima de informação, ge-
ralmente melhora à medida que se adquire experiên-
cia. Afase das perguntas deve, ao final, produzir uma
base de dados que inclui informação acerca dos se-
guintes aspectos do caso:
. A descrição do problema pelo proprietário. Númerode animaisafetados. Quando iniciouo problema
. Detalhes de tratamento(s) anterior(es). Resposta ao(s) tratamento(s) anterior(es)
o histórico é muito importante e deve ser tomado
de maneira diligente. Uma tomada de histórico mal-
feita freqüentemente resultará em que, na pior das
hipóteses, um problema não seja detectado, ou, na
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 31
melhor das hipóteses, que não seja detectado antes de
ter-sedispendidouma quantidade considerável de tem-
po examinando órgãos ou sistemas sadios.
O trabalho de um clínico é grandemente simplifi-
cado quando o problema é descrito por uma pessoa
inteligente, com experiência com cavalos. Esse nem
sempreé o caso e, às vezes, somente com considerável
dificuldade é que as exatas circunstâncias são desco-
bertas.
AVALIAÇÃO VISUAL PRELIMINAR
A avaliação visual preliminar é uma avaliação re-
lativamente superficial do cavalo, mas bastante abran-
gente e deve ser terminada antes que a parte manual
do exame seja realizada, principalmente para assegu-
rar-se que o exame seja completo e que o cavalo seja
examinado num estado mais tranqüilo quanto possí-
vel. Devido ao fato de ser realizado principalmente à
distância, a avaliação visual geral pode quase ser com-
pletada enquanto o clínico conversa com o proprietá-
rio e obtém o histórico do caso. O exame visual deve
ser sistematicamente realizado, de modo que se adap-
te ao clínico e assegure inteireza. Uma progressão ló-
gica desde a cabeça, passando pelo pescoço, tronco e
membros deve ser suficiente. Osseguintes aspectos de-
vem ser observados:
. Condição geral do corpo e estado nutricional. Comportamento e expressão racial. Postura (incluindo durante a alimentação, a micção
e a defecação, se ocorrer). Cobertura de pêlos e pele. Voz (se demonstrada). Tipo de respiração. Presença de feridas e tumefações. Corrimentos da boca, narinas, olhos, ouvidos, vulva,
ãnus, pênis ou prepúcio. Desenvolvimento muscular (atrofia, hipertrofia).Andar(manqueiraou ataxia). Fraqueza. Temperamento
EXAME FíSICO GERAL
O exame geral é feito para identificar problemas
rapidamente e para localizá-los num determinado ór-
gão ou sistema. É um componente extremamente im-
portante da avaliação clínica, porque, quando reali-
zado de forma correta, pode rapidamente dirigir as
atenções para uma região ou sistema do organismo
específicose, simultaneamente, assegurar que não se
negligenciem problemas menos aparentes ou total-
mente inesperados. Esse é um ponto importante, pois
muitos proprietários têm pouca ou nenhuma idéia do
problema específico que está afetando seu cavalo e,
mais ainda, a pessoa que traz o animal até o veteriná-
rio freqüentemente não tem conhecimento algum so-
bre o caso. O exame físico começa com registro da
temperatura, pulso e respiração e a seguir concentra-
se em determinadas regiões do organismo.
Temperatura
A tomada da temperatura é simples, geralmente
feita por via retal e, ocasionalmente, pela vagina. O
termômetro deve ser lubrificado com um pouco de lu-
brificante, embora seia uma prática comum, mas pou-
co estética, cuspir um pouco de saliva sobre ele. Para
inserir o termômetro, o clínico deve permanecer ao
lado do cavalo e então correr a mão esquerda ao lon-
go do dorso do animal e sobre sua garupa até a base
da cauda. Abase da cauda é então segura e levantada
levemente, de forma a movê-Ia para o lado, o sufi-
ciente para expor o ânus. O termômetro lubrificado é
então inserido gentilmente (Figura 2-11). Para evitar
ser coiceado, o clínico devepermanecer em pé, ao lado
do membro posterior e nunca atrás do cavalo. Se o
cavalo tem uma tendência de coicear, ele pode ser co-
locado contra o vão de uma porta, e o clínico pode
trabalhar pelo outro lado. O bulbo do termômetro deve
ficar em contato com a mucosa. Assim, se ocorrem
t FIGURA 2-11
Inserçãodo termômetroreta!.
32 VICTOR C. SPEIRS
TEMPERATURANORMAL
.Cavalosadultos:100,5 :t 1,5°F (38,0 :t 1,0°C).Potros,Primeiros4 dias de idade:99-102"F
(37,2-38,9°C)6
bolasfecais,ou seo retoestáflácido,podesernecessá-
rio segurar-se o termômetro contra a mucosa. Alguns
termômetros podem ser grampeados aos pêlos da cola
enquanto o instrumento atinge o equilíbrio, mas há
uma tendência em esquecê-los aí. É preferível esperar
e ler o instrumento quando ele está pronto, utilizando
o tempo para continuar perguntando e discutindo o
caso com o proprietário.
Ostermômetros são demercúrio ou eletrônicos (Fi-
gura 2-12). Os termômetros de mercúrio devem ser
sacudidos antes do uso para abaixar a coluna de mer-
cúrio. Ambosos tipos devem ser deixados no reto pelo
tempo recomendado. A temperatura normal apresen-
ta uma variação no dia de 1,0 a 2,0°F, com o ponto
mais baixo ocorrendo pela manhã. Adicionalmente, a
temperatura pode elevar-sepor até 4,5°F (2,5°C), em
conseqüência de atividade física acentuada, e por até
3,0°F (l,5°C), quando está quente e úmido. Potros
apresentam temperaturas levemente mais baixas nos
primeiros dias de vida.6
Freqüência do Pulso
A freqüência do pulso é mais facilmente tomada
na artéria facial no ponto onde ela se curva ao redor
da mandíbula (Figura 2-13). O pulso é também defi-
nido pelo ritmo e amplitude e pode ser regular ou irre-
gular. Aidentificação de outros locais onde o pulso pode
ser tomado, bem como uma discussão sobre a sua ca-
racterização por freqüência, ritmo e amplitude podem
ser encontradas no Capítulo 6. A freqüência normal
do pulso é mostrada no quadro.
FREQÜÊNCIANORMAL DO PULSO
. Cavalosadultos:30-40 batimentospor minuto
(bpm).Potros6
Ao nascimento:40-80bpm
Primeirahora (duranteas tentativaspara
levantar): 130-150bpm
Primeirosdias:70-100bpm
A
B
. FIGURA 2-12
Doistipos determômetrosretais.A. Mercúrio.B.Eletrônico.
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 33
t FIGURA 2-13
Tomandoo pulsonaartériafacialao longodobordoventralda mandíbu-
la.
FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA
.Cavalosadultos: 18-20respiraçõespor minuto
(rpm).Potros:60-80rpmaté cercade 1 hora apóso
parto e, então, 20-40rpm pela primeirasemana6
Respiração
A respiraçãodeveser registradaquando o cavalo
está em descanso, com os barulhos ambientais manti-
dos no mínimo. O movimento do tórax durante a res-
piração normal é mínimo, e uma freqüência normal
pode ser difícil de registrar quando o animal está em
repouso. A freqüência dos movimentos respiratórios é
geralmente registrada observando-se os movimentos
do tórax, abdômen ou narinas, ou pela auscultação
dos movimentos do ar pelas vias aéreas e, ocasional-
mente, colocando-se a mão perto da narina, para sen-
tir o movimento de ar, ou observando o embaçamento
de um espelho colocado na frente da narina. Para aus-
cultação, o fonendoscópio é colocado no tórax, ime-
diatamente caudal à ponta do cotovelo, para monito-
rar os sons nos brônquios ou sobre a base da traquéia.
Uma descrição mais detalhada da respiração pode ser
encontrada no Capítulo 3.
EXAME FíSICO GERAL DE REGiÕES
DO CORPO
Cabeça, pescoço, tórax, abdômen, genitália exter-
na,glândulas mamárias e membros são examinados
usando-se uma combinação de avaliação visual, pal-
pação, percussão, manipulação e auscultação. Seum
problema específico é identificado, segue-se um exa-
me detalhado da região ou sistema específicos (ver os
capítulos individuais referentes ao sistema específico).
Região da Cabeça. Simetria,posicionamento(altura do chão, orienta-
ção), mobilidade. Olhos e pálpebras:inflamação,reflexosoculares,
posiçãodos globos oculares,corrimentos,função
da membrananictitante, coloraçãodasconjuntivas,
lesõese opacidadesda córnea,dor.Narinas:odor, corrimentos,desobstrução,simetria. Boca:salivaçãoexcessiva,capacidadede apreender
o alimentoe mastigar,odor, posiçãoe função da
língua,cor e lesõesda conjuntiva
Região do Pescoço.Aumentosde volume na regiãoda garganta
(timpanismodas bolsasguturais,abscedaçãode
linfonodos),lesõesnasveiasjugulares (flebite,
obstrução, ingurgitamento),mobilidadedo pescoço
(fratura ou artrosedasvértebras),deformidadeda
traquéia,distensãodo esôfago
Região Torácica
. Coração:palpaçãodo choque de ponta e detecção
de palpitaçôes,auscultação,percussão. Pulmão:palpaçãodos espaçosintercostais(pleuri-
te), auscultaçãoe percussão(pneumonia,pleurite,
abscedação,presençade sonsintestinais[hérnia
diafragmática])
Região Abdominal. Palpação,percussãoe balotamentoda cavidade
abdominal (timpanismo,dor por peritonite,movi-
mento fetal, ascite),auscultação(movimentos
intestinais,timpanismo).Examereta!.Essegeralmentenão faz parte do
examegeral, mas pode ser usadopara localizar
problemasno trato intestinal(obstrução),urogenital
(criptorquidia,neoplasia,cálculo,nefrite) ou no
abdômen (neoplasia)
EXAME ESPECIAL DE REGiÕES OU
SISTEMA ORGÂNICO ESPECíFICOS
Um exame mais detalhado de sistema(s) específi-
co(s) é indicado se o exame preliminar revelou infor-
mações indicando doença ou mau funcionamento de
34 VICTORC. SPEIRS
um sistema específico. O exame de sistemas específi-
cos é descrito nos capítulos subseqüentes.
USO DE MEIOS AUXILIARES DE
DIAGNÓSTICO
Embora um diagnóstico possa, muitas vezes, ser
feito sem recurso de meios auxiliares de diagnóstico,
um auxílio extra freqüentemente é necessário. Há vá-
rios modos pelos quais o normal e o anormal podem
ser categorizados. Meiosauxiliares de diagnóstico usa-
dos de modo relativamente comum incluem patolo-
gia clínica, radiologia, ultra-sonografia, eletrocardio-
grafia e histologia. Detalhes sobre esses métodos são
apresentados em cada sistema orgânico específico.
EXAME DO AMBIENTE
O exame do ambiente não é, no caso de eqüinos,
tão freqüentemente necessário como é para as outras
espécies domésticas. Para completar um exame clíni-
co competente do ambiente interno e externo, o clíni-
co necessita um bom conhecimento sobre criação de
eqüinos (acomodações, manejo geral, ventilação do
estábulo, higiene) e um conhecimento básico sobre a
interação entre o cavalo e o ambiente (botânica, toxi-
cologia ambiental e de plantas, tipo de solo, topogra-
fia).
O exame do ambiente pode incluir todos ou alguns
dos seguintes tópicos:
e Acomodação.Cavalosmantidossobsistema
estabuladonecessitamespaçoadequadopara
movimentar-se.Cavalosem campo aberto devem
ser mantidoscom tipos de cercasque minimizemas
oportunidadesde lesões.As cercasdevemser
suficientementealtas para desencorajartentativas
de fuga atravésde saltose serconstruídasde
maneiraa dificultarque os cavalosse enredem
nelas.Materiaisde cercainaceitáveisincluemarame
farpado (lesões)e materiaiscom borrachaque
possamser mastigadose ingeridos(cólica).Portões
e passagensdevemserconstruidosde maneiraque
os cavalosnão possamabri-Iose escapar.Em
condiçõesideais,não deve haverquaisquerproje-
ções,de modo especialpontiagudas,que possam
causarlacerações,especialmenteaos olhos, às
narinase à boca.Comedourose bebedourosdevem
serconstruídosde modo a evitarque os animais
prendamseusdentesou mandíbulasao comer ou
ao beber,o que pode provocaruma fratura ou
avulsãocasoo animal recuerapidamente.
e Ventilação.Estábulosdevemserbemventilados
para minimizarproblemascomo doença pulmonar
obstrutivacrõnica.Fenoe outros alimentosnão
devemserestocadosna parte superiordos estábu-
los,a menosque sejaimpossívelque, pela
gravidade,poeiraou esporosde fungo cheguem
até os cavalos.
e Materiaisparaa cama.Materiaisusadosparaa
cama incluem palha,turfa, serrageme papel.Deve
semprehaverum suprimentoadequadode cama
para prevenirlesõesaos tecidosmolessobreas
protuberânciasósseas,tais como bursitesobreo
olécrano(cappedelbow) ou calcâneo(capped
hock). A camadeveser trocada regularmente,e as
fezesdevemser removidaspara impedir que a
cama fique úmida, produzindocondiçõesque
causemdoença noscascos(pododermatite).Os
materiaisda camasãoocasionalmenteingeridos
peloscavalose podem levarà constipaçãodo cólon
ou intoxicações(p. ex., laminitecausadapor
"nogueirapreta" [Juglansnigra]).
e Água.Águafrescadeveestarsempredisponível.
Emregiõesonde é possívelocorrercongelamento,
devemser tomadasprecauçõespara asseguraro
suprimentopermanenteda água através,por
exemplo,do usode bebedourosisoladosou
calafetados.
e Nutrição.Osrequisitosnutricionaisparaeqüinossão
bem-documentados.No entanto, a despeitodisso,é
comum a alimentaçãoexcessivaou insuficiente,ou
o fornecimentode raçõesnão-balanceadas.A
freqüênciada alimentaçãoé importante. Cavalos,
por natureza,pastamfreqüentementeenquanto
estãocaminhado,um hábito que é drasticamente
quebrado pelo confinamentono estábuloe pela
dependênciaem ser alimentado manualmente.
Outro problemapotencialé que o uso freqüente de
raçõespeletizadasaltamente concentradaspode
levarum cavaloa comersua raçãodiáriaem alguns
poucosminutos. Issopode contribuir para proble-
mas digestivos(distensãogástrica),mas,mais
importante, eliminauma atividadeque pareceser
vital para a saúdepsicológicado cavalo.Vários
padrõesde comportamentoestereotipadosão
reconhecidos,como "dançarino" (movimentara
cabeça,pescoçoe tórax de um lado paraoutro
enquantotroca o pesodo corpo de uma pata para
outra), "morder o cocho" e aerofagia(mastigar
materiaisda baiae ingerirar). A causaexatadesses
distúrbiosnão é conhecida,maso tédio pareceter
importância.
e Examerelacionadoa intoxicações.Hávários
aspectos,além da síndromeclínica,que devemser
avaliadosquando se suspeitade intoxicação.Esses
incluemmovimentaçãodo animal, introduçãode
animaisnovos,verificaçãode que outros animais
estãoafetados,determinaçãoda origem e data de
entrega dos alimentos,água, cama, alimento para
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 35
. TABELA 2-1
AMOSTRASNECESSÁRIASPARAEXAMETOXICOLÓGICO
Amostra Quantidade ExemplosCondição
Amostras Antemortem
Sanguetotal 5-10ml
Urina 100ml
Soro 10ml
Líquido
cefalorraquidiano
Conteúdodo trato GI
1ml
500g
Pêlos
Amostras Post-mortem
Urina 100ml
Soro 20ml
Fígado 250g
Rim 250g
Cérebro 50%
Anticoagulante EDTA
Frascode plásticocom tampa de rosca
Separe do coágulo; use tubos especiais para
oligoelementos
Tubo de coagulação
Obter amostra representativa
Raramente úteis; contatar laboratório; lavar
antes de coletar
Frasco de plástico com tampa de rosca
Remover do coágulo sangüineo
Plástico (folha de flandres e substãncias
orgãnicas)
Plástico (folha de flandres e substãncias
orgãnicas)
Repartir sagitalmente, mandar metade
em formol para o patologista e metade
congelada em plástico para análise
química
Em folha de flandres dentro de saco plástico
Obter amostra representativa
Olho inteiro
Um osso longo
Locais de injeção, baço
Vidro de conserva limpo (líquido, plástico)
Saco de plástico, caixa; é imperativo enviar
amostras representativas
Saco de plástico, caixa; é imperativo enviar
amostras representativas
Fresca ou prensada e seca; enviar todas as
partes da planta
Vidro de conserva limpo, folha de flandres
sob a tampa para metais, plástico
para orgãnicas
Chumbo, arsênico, selênio, acetilcolinesterase
Drogas, alguns metais
Oligoelementos, drogas, nitratos
Sódio
Pesticidas, plantas, metais, toxinas associadas
ao alimento
Ocasionalmente, selenose crõnica
Drogas, alguns metais
Drogas, nitratos, eletrólitosPesticidas, metais, toxina botulínica
Metais
Organoclorados, sódio, acetilcolinesterase
Organoclorados acumulados na gordura
Pesticidas, plantas, metais, toxinas associadas
ao alimento
Nitratos, magnésio
Flúor
Algumas drogas
Substãncías químicas não-identifícadas, adítivos
de alimentos
Micotoxinas, aditivos de alimentos, plantas,
pesticidas, toxina botulinica
Plantas, pesticídas, toxina botulinica
Metais, nitratos, pesticidas, algas, sulfato
Observação: Com exceção do sangue total e de amostras muito secas (p. ex., algumas rações), todas as amostras devem ser submetidas
congeladas. Quando disponíveis, amostras de tecido apropriadas, fixadas em formalina, devem ser também submetidas para análise histol6-
gica. Não submeta material em seringas. (Fonte: Galey FD:Diagnostic Toxicology In Robinson NE (ed) Current Therapy in Equine Medicine.
Philade!phia, Saunders, 1992, Section 8, p. 339. Reproduzzda com permissão.)
outras espéciesque possamconter substâncias
como monensinaou antibióticos,proximidade
geográficaa fontes de toxinasindustriais(chumbo,
inseticidas)ou plantas,ou cercas-vivas,como a
espirradeira(Neríumo/eander).Amostrasde
alimentoe água necessitamsercoletadas.As
proximidadesdo estábuloe pastagensdevemser
cuidadosamenteexaminadaspara a presençade
plantastóxicasou lixo industrial.
Asamostrasa seremcolhidaspara análisevariam
de acordo com o problema a ser enfrentado, mas de-
vem ser selecionadas após terem sido feitos exames
ambiental, clínico epost-mortem adequados. Alguns
detalhes sobre quais amostras antemortem e/oupost-
mortem podem ser necessárias para o exame toxico-
lógico, bem como métodos para acondicioná-Ias,
podem ser encontrados na Tabela 2-1.
Gordura 250g
Conteúdodo trato GI 500g
Líquido ocular 0,5ml
Osso 100g
Vários
Amostras Ambientais
Iscas,ete. 200ml ou 200g
Raçõesconcentradas 1kg ou mais
Pasto (feno, ete.) 1kgou mais
Plantas Planta
Água 1l
36 VICTOR C. SPEIRS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I. Jones WE: Coat colar inheritance. /n Jones WE (ed), Cenetics
and Horse Breeding. Philadelphia, Lea & Febiger, 1982, ch 9,
p 220.
2. Farrell RK,Norman WH: 1972 Permanent Intemational Horse
ldentification. Proceedings, Horse Identification Seminar, Was-
hington State University,Pullman, 1972, p 57-72.
3. Stormont CJ: ldentification and parentage verification of indi-
vidual horses by blood typing tests. Equine VetSei 1988; 8:176.
4. Gabei M, Knowles RC, Weisbrode SE: Horse identification: A
field trial using an electronic identification system. Equine Vet
Sei 1988; 8:172-
5. For! Dodge Laboratories: Offieial Cuide for Determining the
Age of the Horse. Fort Dodge Iowa, 1966.
6. KoterbaAM:Physical examination./n KoterbaAM, Drummond
WH, Kosch PC (eds), Equine Clinical Neonatology. Philadel-
phia, Lea & Febiger, 1990, ch 6, p 71.
".,. o Sistema
Respiratório
COMPONENTES
o sistema respiratório é formado pelas narinas, fos-
sas nasais, septo nasal, seios paranasais, nasofaringe,
laringe, bolsas guturais, palato mole, traquéia, brôn-
quios,pequenas vias aéreas, pulmões e cavidadespleu-
rais.
MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA
Asprincipais manifestações de doença no sistema
respiratório resultam de obstrução; redução das trocas
de oxigênio e dióxido de carbono, inflamação, septi-
cemia, toxemia e neoplasia. Essas manifestações in-
cluem:
. Sons respiratórios anormais (obstrução). Diminuição da tolerãncia ao exercício (liberação
diminuída do oxigênio aos tecidos). Febre(infecção). Corrimento nasal (infecção, neoplasia)
. Epistaxe (neoplasia, hematomas etmoidais, hemor-
ragia pulmonar)
EXAME CLíNICO GERAL
o exame clínico geral do sistema respiratório deve
ser conduzido quando o cavalo está em repouso.
Padrões de Respiração
Quando um cavalo está em repouso, os movimen-
tos associados à transferência de ar para dentro e para
fora dos pulmões são quase imperceptíveis. A respira-
ção normal em repouso é composta de uma seqüên-
cia regular de movimentos inspiratórios e expiratórios
com uma pausa entre eles. O quociente entre os tem-
pos de expiração e inspiração é 2 para 1. Ainspiração
é um processo ativo, e, durante o repouso normal da
respiração, a expiração é um ato passivo, baseado ape-
nas na tendência do tórax, diafragma e pulmões em
retrair-se. Àmedida que a demanda aumenta, a pausa
expiratória torna-se menor e eventualmente desapa-
rece, enquanto a inspiração e expiração tornam-se
contínuas. Em adultos normais, o movimento toráci-
co é difícil deperceber e, conseqüentemente, a freqüên-
cia respiratória é mais difícil de contar. Em resposta a
um aumento de estímulo, a freqüência de movimen-
tos torácicos e abdominais aumenta, e as narinas co-
meçam a participar, abrindo e fechando. Se o
movimento do tórax é doloroso (pleurite) , o transpor-
te de ar é feito através da redução do movimento do
tórax e aumento do componente abdominal, a cha-
mada "respiração abdominal". Quando há movimen-
tos abdominais e diafragmáticos extensos, pode-se
perceber o ânus movendo-se para a frente e para trás.
Aobstrução das vias aéreas causa um fluxo turbulento
e aumento na produção de ruído, audível durante a
inspiração, expiração, ou ambas, dependendo da fase
em que a respiração é afetada. Quando sente uma ne-
cessidade desesperada por oxigênio, o cavalo estende-
rá a cabeça e pescoço a fim de reduzir, tanto quanto
possível, a resistência das vias aéreas. Asfreqüências
respiratórias normais estão colocadas no quadro a se-
guir.
Num sentido amplo, a respiração refere-se à troca
de gases entre a atmosfera e as células do organismo, e
os movimentos respiratórios referem-se ao movimen-
to de ar para dentro e para fora do sistema respirató-
rio. Portanto, qualquer alteração na eficiência da
38 VICTORC. SPEIRS
FREQÜÊNCIASRESPIRATÓRIAS
.Cavaloadulto: 18-20respiraçõespor minuto
(rpm).Potros:60-80rpmaté cercade 1 hora apóso
parto e depois30rpm
respiraçãovaialteraropadrãodosmovimentosrespi-
ratórios. A avaliação da freqüência dos movimentos
respiratórios é facilmente realizada, mas a da respira-
ção requer a medida do consumo de oxigênio e da pro-
dução dedióxido de carbono. Para facilitar a descrição
clínica, a freqüência e o volume do fluxo (tidal volu-
me) aparente podem ser descritos como diminuídos,
normais ou aumentados, e a dificuldade da realiza-
ção dos movimentos respiratórios, como laboriosa ou
difícil. Termoscomo dispnéia, hiperpnéia, polipnéia,
hiperventilação e hipoventilação são usados para des-
crevera respiração e os movimentos respiratórios, mas
são parâmetros subjetivose, quando usados como parte
do exame clínico inicial, indicam alterações na venti-
lação que podem não existir. O termo ventilação refe-
re-se ao movimento do ar para dentro e para fora dos
alvéolose é melhor medido por gasometria do sangue
arterial, pois não pode ser categorizado simplesmente
extrapolando-se de suposta facilidade, freqüência e
profundidade dos movimentos respiratórios.
Embora a realização dos movimentos respiratórios
esteja envolvida primariamente nas trocas gasosas,
podem-se observar alterações em resposta a fatores lo-
cais (p. ex., obstrução) ou sistêmicos (p. ex., paralisia
dos músculos da respiração pela toxina botulínica), e
as alterações podem ser uma resposta primária (in-
fluenciada por problemas do sistema respiratório) ou
secundária à doença localizada em outra parte do or-
ganismo (p. ex., compensação por acidose metabóli-
ca).
Corrimento Nasal
Asfossas nasais são geralmente cobertas por uma
fina película úmida, transparente e brilhante. Aparte
externa das narinas pode ser seca ou úmida, depen-
dendo das condições preponderantes. É geralmente
úmida em climas frios, após transporte e quando o
animal é mantido em ambientes empoeirados com
conseqüente irritação da mucosa. Assecreções nasais
podem ser categorizadas dependendo de seu aspecto.
Uma secreção serosa é fina e transparente e é caracte-
rística de uma resposta a estímulo levee dos primeiros
estágios das infecções virais e, assim, é geralmente bi-
lateral. Um corrimentopurulento é viscoso,opacoe
amarelado, devido ao aumento

Outros materiais