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Os pré-socráticos

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Pré-socráticos
TALES DE MILETO 
Tales foi precisamente um astrônomo e 
um matemático (reconhecido entre os 
gregos e com contribuições importantes - 
como a previsão de um eclipse e a 
previsão de intensas chuvas em uma 
região da Jônia). Por causa das suas 
predições ele teria se tornado um dos 
ricos comerciantes da Jônia - azeite - e 
assim abandona a vida da ‘praxis’, a vida 
pragmática, do trabalho, para se dedicar 
a vida contemplativa, do ‘ocium’ - não na 
interpretação negativa do hoje como 
preguiçoso, inútil, mas como ser que se 
dedica à contemplação. 
A ‘arché’ de Tales era a água - o 
princípio fundador de todas as coisas. De 
início, pode parecer um pouco estranho, 
mas ao analisarmos as atuais teorias 
científicas, veremos que muito pouco se 
faz sem água. Nosso próprio corpo é, em 
sua majoritariedade, composto por água. 
Existem, para Tales, 3 razões que 
expliquem sua teoria: 
1. Onde há vida há água - A água é 
vida (hidratação, reprodução, etc). 
2. Muitos dos espaços da natureza 
apresentam o elemento água em 
alguns dos seus âmbitos - ela não 
está só presente em formas de 
oceanos, açudes, rios e outros. Toda 
a configuração da natureza mostra 
a presença da água. 
3. Elemento mais mutável de todos - a 
água apresenta um grande 
potencial de mudança. Se líquida, 
ela não possui um formato próprio - 
ele se conforma ao seu ambiente. 
Observamos então que Tales não 
apenas afirma algo, mas elabora provas 
para tal - o aparecimento do ‘logos’. Um 
conhecimento não se dá de forma 
autônoma, mas por um esforço racional. 
Para Tales, todos os elementos são uma 
transformação da água. 
ANAXÍMENES DE MILETO 
Esse outro filósofo é um discípulo de 
Tales, que fará uma contraposição a ele. 
Sua ‘arché’ é o ar, elemento para ele 
também profundamente transformável. 
Para Anaxímenes o ar carrega uma 
espécie de nobreza, pois em 1° instância 
não é palpável, ele é extremamente 
essencial, mas que não notamos 
imediatamente. Ele evoca alguns 
princípios para fundamentar a sua ideia - 
são ainda utilizados hoje pela física. 
1. Resfriamento/Adensamento - ele 
notou que em baixas temperaturas 
a tendência da matéria é se 
“contrair”, se condensar. 
2. Aquecimento/Expansão - já as altas 
temperaturas a tendência é se 
rarefazer, dilatação. 
E é por meio dessas ideias que ele 
defende que pelo condensamento do ar é 
que os outros elementos se formam. 
Anaxímenes também conceitual sobre a 
alma, a ‘psyqué’ humana. Muitas vezes 
entendida como um sopro de vida/um 
elemento vivificante, essa alma seria algo 
como o ar - assim, ela é puxada para a 
natureza. Por isso, a alma seria algo 
responsável por manter a integridade do 
nosso corpo - ele nos preserva e nos 
mantém unidos. Ele faz uma comparação 
também para explicar o ‘cosmos’ - assim, 
todo o mundo, todo o universo, em seu 
sentido de algo bem 
organizado/estruturado depende também 
do mesmo elemento, o ar: ele mantém, 
sustenta, integra a alma e o universo. 
XENÓFANES DE COLÓFON 
Xenófanes é considerado um dos 
fundadores da Escola Eleática (é 
considerado um dos influenciadores de 
Parmênides - apesar de não se ter total 
certeza disso). Ele nos fornece uma 
filosofia muito plural e a sua ‘arkhé’ é a 
terra. Ele era extremamente conhecedor 
da cultura e vai ser severamente criticado 
pela sua posição contra um caráter de 
humanização dos deuses. 
Xenófanes pode ser considerado um 
filósofo pluralista - pois, ao contrário de 
muito dos pré-socráticos, ele acredita em 
mais de 1 elemento fundante da natureza. 
Em um primeiro momento vemos que a sua 
causa prima era a terra, mas em outros 
fragmentos de seu texto também 
encontramos menção à água. É 
importante ressaltar que para Xenófanes, 
a terra não seria um elemento que se 
modificaria para fundar todas as coisas, 
ela é sim a base necessária para que 
todas as outras coisas venham a existir - 
ela é um ponto de início e também o ponto 
de fim. 
 
HERÁCLITO DE ÉFESO 
Heráclito era um dos filósofos mais 
‘reclusos’ o qual não se evolvia muito na 
vida política da cidade. Sua escrita traz 
um ar de revelação e quase que de 
profecia, como se ele fosse “abrir os olhos” 
de seus leitores para a verdade 
fundamental. 
Fragmento 30: 
“Este mundo, ‘kósmos’, o mesmo de todos 
os seres, nenhum deus, nenhum homem o 
fez, mas era é e sempre será um fogo 
sempre vivo acendendo-se em medidas e 
apagando-se em medidas”. 
Heráclito acredita no cosmos, um 
mundo organizado, uma unidade real 
harmônica. Ele também rejeita teses 
acerca da possível origem desse mundo: 
rejeição de deus, ‘theos’ e do ser humano 
‘antrophos’. Quando ele fala do mundo ser 
marcado em fogo ele afirma uma noção 
de atemporalidade >> passado, presente 
e futuro. Apontando que ele sempre será 
a mesma coisa. Esse fogo, sendo sempre o 
mesmo, que se preserva como tal é o que 
possibilita o surgimento de todas as 
outras, por meio de certas transformações 
que tem suas medidas organizadas. 
Heráclito quer falar do fogo por que 
ele assume a ideia de uma energia 
fundamental, a qual é potente e 
transformadora, mas que também guarda 
em si uma ideia de agressividade, 
contenda e destruição. 
 
 
EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO 
Se dizemos que Xenófanes pode ter 
aberto caminhos para o pluralismo de 
arkhés, em Empédocles temos certeza. Ele 
sustenta que existem 4 raízes fundadoras 
do universo: terra, ar, fogo e água. Essa 
ideia é até hoje extremamente importante 
para história ciência e, por meio de seus 
“herdeiros” Aristóteles e Ptolomeu, temos 
acesso a diversas teorias. 
Aqui, continuamos na mesma 
distinção feita por Anaxímenes, entre a 
matéria prima ou princípio fundador e o 
princípio físico de transformação (ao 
incidir sobre a matéria prima) de todas as 
coisas. 
Empédocles fala sobre sobre 2 
princípios que organizariam esses 
elementos, é importante ressaltar que 
apesar de remeterem a sentimentos, esses 
não devem ser tomados como tal: 
’philia‘ - traduzido por amor. Também com 
a tradução de ‘tendência/atração por’, 
portanto philia é princípio de 
convergência, de agregamento. Força 
cuja tarefa principal é agregar, 
aproximar os elementos da natureza (ar, 
terra, fogo e água) de modo que, ao se 
unirem, eles estruturem as coisas naturais. 
’neikos‘ - traduzido por ódio. Tem a função 
de desagregar as coisas naturais. É o 
poder que dissolve, destrói totalmente ou 
reduz aos elementos básicos que as 
compuseram. Passagem das coisas 
naturais para os 4 elementos. 
 
OBSERVAÇÃO 
Do mesmo modo que, em Empédocles, nós 
temos philia como princípio agregador 
dos elementos e constitutivo das coisas 
naturais, neikos como desagregador das 
coisas naturais e liberador dos elementos, 
em Freud, nós temos eros como princípio 
que estabelece cadeias de sentido e 
articulação entre representações 
psíquicas e tânatos, como o princípio que 
desfaz essas cadeias, desarticula e 
desagrega as tramas de sentido e libera 
a energia antes ligada. 
DEMÓCRITO DE ABDERA 
Juntamente a Leucipo de Mileto, 
aqui funda-se a escola atomista, cujo a 
arkhé é justamente o átomo. 
‘a’ > negação de; ‘tomos’ > divisão, corte 
segmentação. 
O princípio era de que, após 
sucessivos cortes, deve-se chegar a menor 
partícula possível, ao qual seria indivisível 
(ou então se desfaria). Demócrito 
acreditava que os átomos tinham 
propriedades geométricas e, seria por 
meio delas, que os átomos se agregariam 
formando as coisas tais quais conhecemos 
(cor, tamanho, forma, temperatura, 
textura, brilho, sabor, odor..) 
Entendiam a matemática como uma 
importante chavepara compreender a 
natureza. 
 
 
PITÁGORAS DE SAMOS 
Era amplamente instruído em 
diversos aspectos. Pode ser considerado o 
primeiro o fundador da palavra ‘filosofia’. 
Pitágoras não passou para a 
posterioridade suas obras. 
É importante frisar que dentre os 
seguidores de Pitágoras, o ‘pitagorismo’ 
era uma sociedade que se organizava 
como uma seita e tinha, sobretudo, 
interesses religiosos. Os conteúdos 
poderiam ser considerados esotéricos, 
pois havia uma lógica interna de 
funcionamento que só os propagava 
dentro do grupo, para os iniciados, não 
havia essa lógica de compartilhar para os 
de fora. Portanto, havia uma série de 
teses e conhecimentos que não eram 
divulgados, ficavam restritos ao grupo. 
Então, para o pitagorismo, o 
princípio organizador do mundo era o 
número, ou as relações numéricas. Então, 
há todo uma ideia de uma natureza 
matematizada. Existem alguns fenômenos 
que comprovariam isso: 
A música - como um elemento 
fundamental da cultura grega, Pitágoras 
estudou e desenvolveu uma das primeiras 
escalas musicais (organização de notas). 
Ele foi capaz de estudar o intervalo entre 
as notas usando as medidas matemáticas 
de extensão da corda e assim poder 
prever quais sons combinavam etc. 
Para o pitagorismo, a relação entre 
número e natureza não me mostra apenas 
que todo fenômeno natural é 
inteiramente racional e calculável, isto é, 
que ele tem um fundamento matemático 
formal, mas mostra também que este 
fenômeno tem propriedades estéticas e 
morais. 
Assim, tudo o que correspondia a 
essa expectativa de matematização era 
também, por extensão, belo. É uma 
harmonia a qual também traz beleza, 
valor estético para o que é analisado. 
Logo, é por extensão também aquilo que 
tem valor moral elevado, algo que é bom, 
digno, de valor. 
Portanto, o mundo, por depender 
dessa matematização, dessa 
racionalidade, dessa relação entre os 
números ele é por extensão um mundo 
harmônico, significativo, um mundo bem 
arranjado, com uma boa estrutura, ele é 
belo. 
Outra concepção do pitagorismo é 
o de que o corpo é uma espécie de prisão 
para o corpo, um caixão que limita e 
impede a alma - que é o que existe de 
mais puro e refinado de ser livre. Portanto, 
a morte era enxergada como uma 
experiência a ser vivida. Esse seria o 
propósito da morte: permitir esse 
desenlace entre alma e corpo após uma 
vida de purificações. 
OBSERVAÇÃO 
Todos os pré-socráticos, de alguma 
maneira, sejam eles monistas ou 
pluralistas, se apropriaram de um 
elemento material - que está na physis - 
para compor a sua cosmologia seja água, 
ar, fogo, terra, átomos etc. É basicamente 
olhar o “conjunto da physis” e dele retirar 
um elemento que seria aquele capaz de 
originar o mundo. Pitágoras, entretanto, é 
alguém que faz o caminho contrário, ele 
não explica o conjunto por algo que já faz 
parte dele, ele faz vir “algo de fora” para 
explicar a natureza. Seu raciocínio 
carrega algo metafísico. 
O que é movimento? 
Tradicionalmente é descrito como o 
deslocamento de um corpo no espaço. A 
noção grega compreende essa descrição, 
mas acrescenta algo mais: a ideia de 
transformação, mudança ou alteração de 
algo. Logo o envelhecimento é uma 
transformação você está se tornando 
mais velho, a morte também é uma 
transformação pois o corpo antes 
carregado de vida perde propriedades, 
para de agir, se desfaz. É a passagem de 
uma condição inicial para uma condição 
final. 
Portanto, entre os gregos, nós 
temos algumas posições definidas quanto 
a transformação da natureza. 
Mobilista - aqueles que defendem que o 
movimento é essencial a transformação 
da physis. Tudo se transforma. Ex: 
Heráclito (Fragmento 49A - Não se pode 
entrar duas vezes em um mesmo rio. As 
águas que te banham já não são a 
mesmas, você já não é o mesmo, as águas 
te afetarão de uma maneira diferente. Por 
sutis que sejam as diferenças, elas estão 
lá). 
Para Heráclito também, os fenômenos da 
natureza são um constante combate 
entre opostos, então é sempre o dia 
combatendo a noite, o frio combatendo o 
calor, o cansaço combatendo o vigor. 
Assim, por esse combate, um deles também 
iria ganhar e colocar o outro em segundo 
plano - durante um lapso de tempo. E isso 
não acontece de maneira bruta, 
repentina, mas sim de pouco a pouco. Ou 
seja, a natureza é cíclica e se dá em 
constante combate entre opostos, onde, 
momentaneamente há a vitória de um, o 
qual cessa os efeitos do outro. Entretanto, 
logo depois, esse período passa e o 
combate volta a ocorrer. Isso demonstra 
o caráter móvel da natureza. 
Imobilistas - por outro lado, temos esse 
partido que diz que não. A natureza é 
intransformável, a natureza é o que é e 
sempre será. Ex: Parmênides. 
PARMÊNIDES DE ELEIA 
Parmênides é um defensor do 
imobilismo, para ele o movimento não 
pertence essencialmente a natureza, não 
faz parte dela, pelo contrário, a natureza 
é imóvel, estática, imutável. Aqui, o 
movimento seria uma espécie de ilusão, de 
engano, a natureza em essência seria 
estática. 
De Parmênides resta uma obra de 
onde conseguimos compreender muito de 
suas ideias. Ele narra a história de um 
viajante, que faz uma viagem em uma 
carroça, conduzido por sacerdotisas até o 
templo de uma deusa, considerada por 
sua justiça. O viajante vai até ela com o 
propósito de descobrir quais são os 
caminhos possíveis para se chegar ao 
pensamento, como pensar justa e 
eficientemente? 
Ela orienta dois caminhos, um que 
deve ser seguido e outro a ser evitado: 
Caminho do ser - Esse caminho é marcado 
por pontos diametralmente opostos, 
marcado pela ausência de movimento, diz 
respeito ao que é. Ele marca a ausência 
de opiniões, mas uma capacidade reta e 
racional de julgar >> me viabiliza o 
conhecimento, a ‘episteme’. 
Exemplo: matéria. Tudo o que é matéria 
se configura no espaço de uma 
determinada maneira - tridimensional. 
Essa noção de matéria é fixa, não muda. 
Ainda que os exemplos dados para 
exemplifica-la mude. 
Quando esse caminho me dá acesso 
ao fixo, a minha cognição também é fixa, 
portanto me permite o entendimento. 
Fragmento 8: 
“...ingênito sendo é também imperecível, 
pois é todo inteiro, inabalável e sem fim; 
nem jamais era nem será, pois é agora 
todo junto, uno, contínuo; pois que 
geração procurarias dele? Por onde, 
donde crescido?” 
Caminho do não-ser - O caminho do não-
ser se refere apenas ao caminho do que 
não é. Ele é marcado pela ideia de 
movimento, o qual é uma espécie de chave 
de interpretação. E consta em mim apenas 
opiniões e impressões. Ou seja, não é 
capaz de chegar a um conhecimento, 
ficamos somente no âmbito da ‘doxa’, da 
opinião comum. Aqui, Parmênides 
compreende que tudo o que é marcado 
pelo movimento tem essa característica 
de não ser. Constantemente, o que se 
move deixa de ser o que é para se tornar 
algo novo, assim, tudo o que posso aferir 
é uma determinada circunstância, uma 
característica específica daquela 
momentaneidade. Portanto, a mobilidade 
não me diz nada sobre o que é, sobre o 
ser, somente a sua fase ou face 
momentânea, sobre o que está. 
Assim, a cada nova face, a cada 
nova transformação novas impressões 
vão surgindo em mim, a minha concepção 
tem de ser tão móvel quanto a própria 
coisa. Isso é um problema ao 
conhecimento. Como posso então ter o 
senso de conhecimento se a cada vez há 
uma nova transformação e 
consequentemente uma nova impressão? 
Não há acesso a algo concreto. Por isso, 
esse é o caminho do fracasso do 
conhecimento e não pode ser seguido pela 
filosofia. 
Fragmento 6: 
“...o imediato em seus peitos dirige errante 
pensamento; e são levados como surdos e 
cegos, perplexas, indecisas massas, para 
as quais ser e nãoser é reputado o mesmo 
e não o mesmo, e de tudo é reversível o 
caminho.”

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