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Diabetes Mellitus

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TUTORIA 03 – SERÁ TÃO FREQUENTE QUANTO EM MINHA FAMÍLIA? 
Objetivo 01 – Discorrer sobre DM (tt tipo 2 / correlacionar sinais e sintomas com os distúrbios metabólicos) 
 
Em 2017, a Federação Internacional de Diabetes 
estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 
79 anos de idade vivia com diabetes. Se as 
tendências atuais persistirem, o número de 
pessoas com diabetes foi projetado para ser 
superior a 628,6 milhões em 2045. 
 
O aumento da prevalência do diabetes está 
associado a diversos fatores, como rápida 
urbanização, transição epidemiológica, transição 
nutricional, maior frequência de estilo de vida 
secundário, maior frequência de excesso de peso, 
crescimento e envelhecimento populacional e, 
também, à maior sobrevida dos indivíduos com 
diabetes. 
 
A OMS estima que glicemia elevada é o terceiro 
fator, em importância, da causa de mortalidade 
prematura, superada apenas por pressão arterial 
aumentada e uso de tabaco. 
Como resultado de uma combinação de fatores, o 
que inclui baixo desempenho dos sistemas de 
saúde, pouca conscientização sobre diabetes 
entre a população geral e os profissionais de saúde 
e início insidioso dos sintomas ou progressão do 
DM tipo 2, essa condição pode permanecer não 
detectada por vários anos, dando oportunidade ao 
desenvolvimento de suas complicações. 
 
O diabetes mellitus (DM) consiste em um 
distúrbio metabólico caracterizado por 
hiperglicemia persistente, decorrente de 
deficiência na produção de insulina ou na sua 
ação, ou em ambos os mecanismos. 
 
A classificação do DM baseia-se em sua etiologia. 
• Diabetes mellitus tipo 1 – é uma doença 
autoimune, poligênica, decorrente de 
destruição das células B pancreáticas, 
ocasionando deficiência completa na 
produção de insulina. Estima-se que mais 
de 88 mil brasileiros tenham DM1 e que o 
Brasil ocupa o terceiro lugar em 
prevalência de DM1 no mundo. É 
frequentemente mais diagnosticado em 
crianças, adolescentes e, em alguns casos, 
adultos jovens, afetando igualmente 
homens e mulheres. Subdivide-se em DM 
tipo 1A e DM tipo 1B, a depender da 
presença ou da ausência laboratorial de 
autoanticorpos circulantes, 
respectivamente. 
 
o Diabetes Mellitus tipo 1A 
Forma mais frequente de DM1, confirmada pela 
positividade de um ou mais autoanticorpos. Em 
diferentes populações, descreve-se forte 
associação com antígeno leucocitário humano 
DR3 e DR4. Embora sua fisiopatologia não seja 
totalmente conhecida, envolve, além da 
predisposição genética, fatores ambientais que 
desencadeiam a resposta autoimune. Entre as 
principais exposições ambientais associadas ao 
DM1 estão infecções virais, componentes 
dietéticos e certas composições da microbiota 
intestinal. 
 
Os marcadores conhecidos da autoimunidade 
são: 
-Anticorpo anti-ilhota (ICA) 
-Autoanticorpo anti-insulina (IAA) 
-Anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico 
(anti-GAD65) 
-Anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-2B 
-Anticorpo antitransportador de zinco (Znt8) 
 
Geralmente, esses autoanticorpos precedem a 
hiperglicemia por meses a anos, durante um 
estágio pré-diabético. Quanto maior o número de 
autoanticorpos presentes e mais elevados seus 
títulos, maior a chance de o indivíduo desenvolver 
a doença. Na fase clinicamente manifesta do DM1, 
o início é, em geral, abrupto, podendo ser a 
cetoacidose diabética a primeira manifestação da 
doença em um terço dos casos. Embora a maioria 
dos pacientes com DM1 tenha peso normal, a 
presença de sobrepeso e obesidade não exclui o 
diagnóstico da doença. 
O DM1 é bem mais frequente na infância e na 
adolescência, mas pode ser diagnosticado em 
adultos, que podem desenvolver uma forma 
lentamente progressiva da doença, denominada 
latente autoimune diabetes in adult (LADA). 
Na prática clínica, não se recomenda 
rotineiramente a investigação de autoimunidade 
com dosagem de autoanticorpos. 
 
• Diabetes mellitus tipo 1B 
A denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos 
casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são 
detectáveis na circulação. O diagnóstico apresenta 
limitações e pode ser confundido com outras 
formas de DM diante da negatividade dos 
autoanticorpos circulantes, de modo 
concomitante com a necessidade precoce de 
insulinoterapia plena. As recomendações 
terapêuticas são as mesmas do DM tipo 1A e não 
há evidências de riscos distintos para as 
complicações crônicas entre os subtipos. 
 
• Diabetes mellitus tipo 2 
Corresponde a 90-95% de todos os casos de DM. 
Possui etiologia complexa e multifatorial, 
envolvendo componentes genéticos e ambiental. 
Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da 
quarta década de vida, embora se descreva, em 
alguns países, aumento na sua incidência em 
crianças e jovens. Trata-se de doença poligênica, 
com forte herança familiar, ainda não 
completamente esclarecida, cuja ocorrência tem 
contribuição significativa de fatores ambientais. 
Dentre eles, hábitos dietéticos e inatividade física, 
que contribuem para a obesidade, destacam-se 
como os principais fatores de risco. 
O desenvolvimento e a perpetuação da 
hiperglicemia ocorrem concomitantemente cm 
hiperglucagonemia, resistência dos tecidos 
periféricos à ação da insulina, aumento da 
produção hepática de glicose, disfunção 
incretínica, aumento de lipólise e consequente 
aumento de ácidos graxos livres circulantes, 
aumento da reabsorção renal de glicose e graus 
variados de deficiência na síntese e na secreção de 
insulina pelas células B pancreáticas. Sua 
fisiopatologia, diferentemente dos marcadores 
presentes no DM1, não apresenta indicadores 
específicos da doença. Em pelo menos 80 a 90% 
dos casos, associa-se ao excesso de peso e a outros 
componentes da síndrome metabólica. 
 
 
Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou 
oligossintomática por longo período, sendo o 
diagnóstico realizado por dosagens laboratoriais 
de rotina ou manifestações das complicações 
crônicas. Com menor frequência, indivíduos com 
DM2 apresentam sintomas clássicos de 
hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e 
emagrecimento inexplicado). Raramente a 
cetoacidose diabética consiste na manifestação 
inicial do DM2. 
 
Os consagrados fatores de risco para DM2 são: 
história familiar da doença, avançar da idade, 
obesidade, sedentarismo, diagnóstico prévio de 
pré-diabetes ou diabetes mellitus gestacional 
(DMG) e presença de componentes da síndrome 
metabólica, tais como hipertensão arterial e 
dislipidemia. É mandatório para indivíduos com 
sinais e sintomas coleta de exames para 
confirmação diagnóstica de DM2. Ainda que 
assintomáticos, a presença de fatores de risco já 
impõe rastreamento para diagnóstico precoce. Se 
a investigação laboratorial for normal, sugere-se 
repetição do rastreamento em intervalos de 3 
anos ou mais frequentemente, se indicado. Na 
presença de pré-diabetes, recomenda-se 
reavaliação anual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desde 2017, a ADA vem propondo questionário de 
risco para DM2 na sua diretriz, que leva em 
consideração idade, sexo, história prévia de DMG 
ou hipertensão arterial, história familiar de DM2 e 
nível de atividade física. 
 
• Diabetes Mellitus gestacional 
 
A gestação consiste em condição diabetogênica, 
uma vez que a placenta produz hormônios 
hiperglicemiantes e enzimas placentárias que 
degradam a insulina, com consequente aumento 
compensatório na produção de insulina e na 
resistência à insulina, podendo evoluir com 
disfunção das células β. O DMG trata-se de uma 
intolerância a carboidratos de gravidade variável, 
que se inicia durante a gestação atual, sem ter 
previamente preenchido os critérios diagnósticos 
de DM. O DMG traz riscos tanto para a mãe quanto 
para o feto e o neonato, sendo geralmente 
diagnosticado no segundo ou terceiro trimestres 
da gestação. Pode ser transitório ou persistir após 
o parto, caracterizando-se como importante fator 
de risco independente para desenvolvimento 
futuro de DM2 
 
• Outras formas de diabetes mellitus 
As formas de DM associadas a defeitos genéticos 
na funçãodas células β incluem maturity-onset 
diabetes of the young (MODY), diabetes neonatal, 
diabetes mitocondrial e outras. 
MODY é uma forma monogênica de DM e 
caracteriza-se por herança autossômica 
dominante, idade precoce de aparecimento (em 
geral, antes dos 25 anos) e graus variáveis de 
disfunção da célula β. Estima-se que represente 1 
a 2% de todos os casos de DM; na maioria das 
vezes, é diagnosticado inicialmente como DM1 ou 
DM2. É clínica e geneticamente heterogêneo, e 
pelo menos 13 subtipos de MODY já foram 
identificados, decorrentes de mutações em 
diferentes genes. Os subtipos têm diferenças em 
idade de apresentação da doença, padrão de 
hiperglicemia, resposta ao tratamento e 
manifestações extrapancreáticas associadas. As 
causas mais comuns de MODY são derivadas de 
mutações nos genes HNF1A (MODY 3) e GCK 
(MODY 2). MODY 2 apresenta- -se com 
hiperglicemia leve, encontrada desde o 
nascimento, e não progressiva, geralmente não 
requerendo tratamento com agentes orais ou 
insulina, sendo tratado exclusivamente com 
mudança de estilo de vida. Em vista do 
comportamento da hiperglicemia, leve e não 
progressiva, as complicações crônicas do DM são 
raras. Já indivíduos com MODY 3 apresentam 
falência progressiva da função das células β, o que 
resulta em hiperglicemia no decorrer da vida. Tal 
DM costuma ser diagnosticado na adolescência ou 
no adulto jovem, e a frequência de suas 
complicações crônicas, de forma semelhante à dos 
indivíduos com DM1 e DM2, é relacionada com o 
controle glicêmico. Indivíduos com MODY 3 têm 
sensibilidade à ação hipoglicemiante das 
sulfonilureias, sendo essa classe a medicação de 
escolha para esses indivíduos. 
 
O diabetes neonatal é uma forma monogênica da 
doença, diagnosticado, normalmente, nos 
primeiros 6 meses de vida. Cerca de 50% dos casos 
são transitórios, ocorrendo a remissão em 
semanas ou meses, podendo o diabetes recidivar 
por volta da puberdade, e os demais são 
permanentes. 
O diabetes neonatal transitório é, na maioria dos 
casos, associado a anormalidades no cromossomo 
6q24. Os pacientes afetados apresentam baixo 
peso ao nascimento, e a hiperglicemia desenvolve-
se nas primeiras semanas de vida. Indivíduos com 
diabetes neonatal permanente também têm peso 
reduzido ao nascimento, e a idade de 
aparecimento da hiperglicemia é variável, em 
geral nos primeiros 3 meses de vida. 
Habitualmente, o diabetes ocorre de maneira 
isolada, mas, em uma minoria dos casos, pode 
estar acompanhado de outras alterações em 
síndromes específicas. Em comparação com as 
pessoas com diabetes neonatal permanente, os 
pacientes com a forma transitória apresentam 
hiperglicemia em idade mais precoce, menor peso 
por ocasião do diagnóstico e necessitam de doses 
menores de insulina para o controle metabólico; 
existe, porém, considerável sobreposição do 
quadro clínico, não sendo possível, ao diagnóstico, 
definir se a forma é transitória ou permanente. 
 
Na história natural do DM, alterações 
fisiopatológicas precedem em muitos anos o 
diagnóstico da doença. A condição na qual os 
valores glicêmicos estão acima dos valores de 
referência, mas ainda abaixo dos valores 
diagnósticos de DM, denomina-se pré-diabetes. A 
resistência à insulina já está presente e, na 
ausência de medidas de combate aos fatores de 
risco modificáveis, ela evolui frequentemente para 
a doença clinicamente manifesta e associa-se a 
risco aumentado de doença cardiovascular e 
complicações. Na maioria dos casos de pré-
diabetes ou diabetes, a condição é assintomática 
e o diagnóstico é feito com base em exames 
laboratoriais. 
 
 
 
As categorias de tolerância à glicose são definidas 
com base nos seguintes exames: 
• Glicemia em jejum: coletada em sangue 
periférico após jejum calórico de no 
mínimo 8 horas; 
• TOTG: previamente à ingestão de 75g de 
glicose dissolvida em água, coleta-se uma 
amostra de sangue em jejum para 
determinação da glicemia; coleta-se outra, 
então, após 2horas da sobrecarga oral. 
Importante reforçar que a dieta deve ser a 
habitual e sem restrição de carboidratos 
pelo menos nos 3 dias anteriores à 
realização do teste. Permite avaliação da 
glicemia após sobrecarga, que pode ser a 
única alteração detectável no início do DM, 
refletindo a perda de primeira fase da 
secreção de insulina. 
• Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece 
vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos 
últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor 
variabilidade dia a dia e independer do 
estado de jejum para sua determinação. 
Vale reforçar que se trata de medida 
indireta da glicemia, que sofre 
interferência de algumas situações, como 
anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas 
quais é preferível diagnosticar o estado de 
tolerância à glicose com base na dosagem 
glicêmica direta. 
 
 
 
 
 
A confirmação do diagnóstico de DM requer 
repetição dos exames alterados, idealmente o 
mesmo exame alterado em segunda amostra de 
sangue, na ausência de sintomas inequívocos de 
hiperglicemia. 
Pacientes com sintomas clássicos de 
hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, 
polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos 
à dosagem de glicemia ao acaso e independente 
do jejum, não havendo necessidade de 
confirmação por meio de segunda dosagem caso 
se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. 
 
 
 
 
Critérios laboratoriais para diagnóstico de DM2 e 
pré-diabetes 
Critérios Normal Pré-DM DM2 
Glicemia de 
jejum (mg/dL) 
< 100 100 a 125 > 125 
Glicemia 2h 
após TOTG 
(mg/dL) 
< 140 140 a 199 >199 
HbA1c (%) <5,7 5,7 a 6,4 >6,4 
 
É recomendado que pacientes que irão iniciar 
medicações com potencial efeito 
hiperglicemiante, como glicocorticoides ou 
antipsicóticos, sejam rastreados para diabetes 
antes e após o início do tratamento. 
Os fatores de risco descritos para hiperglicemia 
induzida pelo uso de glicocorticoide são: uso de 
doses mais altas (prednisolona > 20 mg, 
hidrocortisona > 50 mg, dexametasona > 4 mg), 
longa duração de tratamento, idade avançada, 
IMC elevado, intolerância à glicose prévia, história 
de diabetes gestacional, história anterior de 
hiperglicemia induzida por glicocorticoide, história 
familiar de DM, HbA1c ≥ 6%. 
O uso de antipsicóticos tem sido associado ao risco 
de DM possivelmente por mecanismos ≥ diretos 
(sensibilidade e secreção de insulina) ou indiretos 
(ganho de peso). As drogas mais associadas a esse 
risco são: clorpromazina (primeira geração), 
clozapina, olanzapina, quetiapina e risperidona 
(segunda geração). 
 
O risco de DM tipo 1 é aumentado em parentes de 
primeiro grau de pessoas acometidos por essa 
condição. Entretanto, a maioria das pessoas com 
DM tipo 1 não apresenta história familiar positiva 
para a doença. 
A presença de autoanticorpos associados a DM 
autoimune identifica indivíduos com risco 
aumentado de desenvolvimento de DM1, tanto 
em parentes de primeiro grau de pessoas com 
DM1, quanto na população. 
 
FASES DO DM1: 
• FASE 1. Múltiplos anticorpos positivos, 
glicemia normal, pré-sintomático 
• FASE 2. Múltiplos anticorpos positivos, 
hiperglicemia, pré-sintomático 
• FASE 3. Múltiplos anticorpos positivos, 
hiperglicemia, sintomático 
• FASE 4. DM1 de longa duração. 
 
É o objetivo do paciente com DM o bom controle 
metabólico, diminuindo, assim, os riscos de 
complicações micro e macrovasculares. 
 
No arsenal disponível à avaliação do controle 
glicêmico, encontram-se a hemoglobina glicada 
(HbA1c), as glicemias capilares diárias (que 
permitem o cálculo da glicemia média estimada), 
o desvio-padrão da média da glicemia (que ilustra 
a variabilidade glicêmica) e o tempo no alvo, isto 
é, aquele em que o paciente esteve dentro da faixa 
recomendada de glicemia. 
 
➔ Metas glicêmicas 
• HbA1c 
A HbA1c é considerada o exame padrão-ouro para 
avaliar o controle metabólico do indivíduo com 
DM1, já que ficou consistentemente demonstrada 
a relação entre níveis aumentados e risco de 
complicação microvascular. A determinação da 
HbA1c possibilita estimar quão elevadas as 
glicemias estiveramnos últimos 3 a 4 meses. Tal 
estimativa torna-se possível pelo fato de a glicose 
sanguínea ligar-se de maneira irreversível à 
hemoglobina durante o período de vida da 
hemácia, que tem essa duração. A porcentagem 
da hemoglobina que sofreu glicação será tanto 
maior quanto maior a concentração de glicose 
sanguínea. Esse resultado expresso em 
porcentagem refere-se à média das glicemias 
diárias, sendo 50% correspondente ao mês que 
precedeu o exame, 25% ao mês anterior à coleta e 
25% ao terceiro e quarto meses anteriores. Assim, 
o valor de HbA1c obtido corresponderá, 
sobretudo, ao controle glicêmico do último mês e, 
secundariamente, dos 2 a 3 meses precedentes. 
 
Para adultos, as recomendações de HbA1c variam 
de 6,5 a 7,0%, dependendo da sociedade 
científica, mas sempre é importante individualizar 
o tratamento. 
Em casos selecionados, entretanto, a meta pode 
ser mais rígida (< 6,5%), desde que isso seja seguro 
ao paciente e com baixa frequência de 
hipoglicemias. O uso de metas mais rígidas nesses 
casos, sem doença cardiovascular e, 
preferencialmente, desde o início do tratamento, 
embasa-se na redução do risco microvascular. 
Em outras situações clínicas, como insuficiência 
renal ou hepática, que predispõem ao 
aparecimento de hipoglicemia, o alvo glicêmico 
pode ser um pouco mais elevado do que o 
habitual. O mesmo pode ser preconizado para 
indivíduos com hipoglicemias assintomáticas ou 
graves, idosos e pacientes com baixa expectativa 
de vida ou complicações micro ou 
macrovasculares significativas. 
 
Recomenda-se que a HbA1c seja realizada a cada 
3 a 4 meses em crianças e adolescentes, com no 
mínimo duas medidas anuais. Para adultos, com 
controles estáveis, sugerem-se duas medidas de 
HbA1c ao ano, embora estudo recente com mais 
de 15 mil adultos com DM1 tenha mostrado 
benefícios da medida trimestral da HbA1c e da 
automonitorização da glicemia capilar no controle 
metabólico 
 
• Automonitorização diária da glicemia 
capilar 
 
A monitorização da glicemia capilar diariamente 
por indivíduos com DM1 de qualquer faixa etária 
traz grandes benefícios, por diminuir o risco de 
complicações agudas, tais como cetoacidose e 
hipoglicemia, e por permitir que o paciente 
entenda os determinantes de sua glicemia ao 
correlacionar os resultados glicêmicos em tempo 
real com a ingestão de alimentos ou com a prática 
de atividade física, por exemplo. 
 
Glicemia Sem 
diabetes 
(mg/dL) 
Crianças e 
adolescentes 
com DM1 
(mg/dL) 
Adultos 
com DM1 
(mg/dL) 
Jejum ou 
pré-
prandial 
65 a 100 70 a 145 70 a 130 
Pós-
prandial 
80 a 126 90 a 180 < 180 
Ao deita 80 a 100 120 a 180 
Na 
madrugada 
65 a 100 80 a 162 
 
A análise das glicemias deve ser discutida com o 
paciente durante a consulta, sendo cada vez 
menos necessária a instituição dos livrinhos de 
anotação de glicemias (logbook), tão sujeitos a 
valores fictícios, especialmente na faixa etária 
puberal. A maioria dos glicosímetros disponíveis 
no mercado permite o upload (envio) dos dados e 
a impressão ou a visualização de gráficos que 
ficam armazenados na nuvem (computacional), 
estando as glicemias expostas de acordo com o 
horário do dia, com o dia da semana ou com a 
tendência no decorrer do mês. Além disso, são 
fornecidos dados como: média e desvio-padrão da 
glicemia no período de dias ou meses, média de 
glicemias capilares realizadas no período, a menor 
ou a maior glicemia apresentada no período, além 
de índices que mostram risco de hipo ou 
hiperglicemia. 
Estudos demonstram que o mínimo seriam quatro 
medidas ao dia, sempre antes das refeições 
principais, ao deitar e, idealmente, antes e 2 horas 
depois das refeições para ajuste da insulina bolus 
(portanto, um total de seis vezes ao dia), havendo 
pelo menos uma vez por mês uma medida de 
madrugada (entre 3 e 4 horas). 
 
Ao realizar o upload dos glicosímetros para análise 
dos gráficos ou diários de glicemias, é possível 
obter duas outras ferramentas para o controle 
glicêmico: o desvio-padrão da média das 
glicemias e o tempo no alvo. O desvio-padrão 
avalia a variabilidade glicêmica, que, idealmente, 
deve ser inferior a 50 mg/dL ou de, no máximo, 1/3 
da média das glicemias. Quanto maior o desvio-
padrão, mais instável é a glicemia, muitas vezes 
produzindo HbA1c próxima dos valores ideais, às 
custas de muita hipoglicemia. 
Uma outra métrica adotada especialmente nos 
pacientes que realizam monitorização contínua de 
glicose, mas também nos que realizam glicemias 
capilares frequentes (mais de 5x ao dia), é o 
coeficiente de variação. Ele é o resultado da 
divisão do desvio padrão pela média das glicemias, 
multiplicado por 100. Valores maiores que 36% 
estão associados a maior risco de hipoglicemia e 
maior variabilidade glicêmica 
 
E finalmente o tempo no alvo ou time in range 
(TIR), é uma nova modalidade, cada vez mais 
valorizada, que resulta da incorporação do uso de 
sensor contínuo de glicose. Ela indica por quanto 
tempo – no último mês, semana ou período 
selecionado – o paciente permaneceu com as 
glicemias entre 70 e 180 mg/dL. O consenso de 
monitorização contínua de glicose também 
atualizou a classificação de hipoglicemia e 
hiperglicemia padronizando em níveis de alerta de 
1 a 3. 
 
 
• Monitorização contínua de glicose 
 
Nos últimos anos, tem sido cada vez mais 
frequente a monitorização contínua de glicose, 
realizada por um sensor posicionado no interstício 
que faz a leitura da glicose a cada 5 minutos. 
Isso é muito útil, em especial, no paciente que 
apresenta hipoglicemia assintomática, pois é 
possível programar os alarmes para que sejam 
ativados quando determinado limite (escolhido 
previamente) de glicemia for atingido ou, nas 
bombas mais modernas, quando houver queda 
esperada da glicemia, antes que o paciente atinja 
o limiar de hipoglicemia. 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Resistência à insulina: espectro clínico de 
variação 
A insulina exerce um papel importante no 
metabolismo dos lipídios e aminoácidos em 
diferentes órgãos, tecidos e células. Contudo, o 
conceito de resistência à insulina na prática clínica 
é mais utilizado para se referir aos efeitos 
estimulantes da insulina sobre a captação de 
glicose periférica, principalmente pelos músculos 
esqueléticos e tecido adiposo, e aos efeitos 
inibidores da insulina sobre a produção hepática 
de glicose. A regulação desses processos 
metabólicos faz que a insulina seja responsável 
pela manutenção da homeostase da glicose 
dentro de uma estreita faixa de variação ao longo 
dos estados alimentados e jejum. 
 
Durante o curso normal do desenvolvimento 
humano, a puberdade é um período de resistência 
à insulina transitória fisiológica, explicado 
parcialmente pelo aumento dos hormônios 
esteroides sexuais e do hormônio de crescimento, 
que levam ao desenvolvimento das características 
sexuais secundárias, ao aumento acentuado da 
estatura e à mudança na composição corporal. No 
período pós-púbere, os adolescentes retornam 
aos níveis de resistência à insulina observados nas 
fases pré-puberal e adulta. A gestação é outro 
momento de mudança fisiológica nos níveis de 
resistência à insulina. 
 
Com o envelhecimento, o acúmulo aumentado de 
gordura visceral associado à diminuição da 
atividade física, à presença de sarcopenia e à 
redução da função mitocondrial favorecem o 
aumento da resistência à insulina. 
Em situações patológicas, a resistência à insulina é 
reconhecida como componente de diversas 
doenças e alterações metabólicas, como as 
síndromes de resistência à insulina severas de 
etiologia autoimune, síndrome dos ovários 
policísticos, quadros de estresse fisiológico e 
infecção, uso de glicocorticoides e inibidores de 
protease, além dos quadros de obesidade, 
principalmente com acúmulo de gordura visceral, 
hipertensão arterial, hiperlipidemias e o próprio 
diabetes tipo 2. 
 
 
 
 
• Avaliação da Resistência à insulina 
Didaticamente esses métodos podem ser 
separados em três categorias 
 
O teste de tolerância oral à glicose (TTOG)é um 
teste simples, amplamente utilizado na prática 
clínica para o diagnóstico de intolerância à glicose 
e diabetes tipo 2. Para a avaliação da resistência à 
insulina, utiliza-se um protocolo com um número 
maior de coletas de sangue. Após 8 a 12 horas de 
jejum são coletadas amostras de sangue antes e 
depois da ingestão oral, em 5 minutos, de uma 
solução contendo 75 g de glicose diluída em 300 
mL de água. O protocolo mais tradicional inclui 
coletas de sangue nos tempos 0, 30, 60, 90 e 120 
minutos, para a determinação das concentrações 
de glicose e insulina. Por ser um teste oral, as 
variabilidades nas taxas de esvaziamento gástrico, 
de absorção e utilização de glicose do trato 
gastrintestinal, e no grau de captação e produção 
hepáticas de glicose resultam em alta 
variabilidade nos resultados do teste; tornando-se 
impossível estimar com precisão o consumo de 
glicose induzido pela insulina. 
O índice HOMA-IR se baseia na relação de 
retroalimentação que existe entre produção 
hepática de glicose e produção de insulina pelas 
células beta para a manutenção da homeostase 
glicêmica no estado de jejum. O fígado é 
responsável por produzir cerca de 90% da glicose 
no estado de jejum, cujos 2/3 são utilizados por 
tecidos não dependentes da insulina, 
principalmente o sistema nervoso central. Os 
tecidos dependentes da insulina, musculatura 
esquelética e fígado utilizam o terço restante. A 
insulina, por sua vez, regula a produção hepática 
de glicose e a captação de glicose para prevenir 
hiper ou hipoglicemia. Níveis elevados de glicose 
ou insulina sugerem resistência à insulina. Nesse 
contexto, o índice HOMA-IR expressa a resistência 
à insulina hepática e pressupõe que a resistência à 
insulina hepática e a periférica são equivalentes. O 
seu cálculo requer a mensuração da glicemia e da 
insulinemia obtidas em uma mesma amostra de 
sangue, após jejum de 8 a 12 horas, a partir das 
fórmulas: 
O fenótipo cintura hipertrigliceridêmica se baseia 
na presença concomitante de circunferência da 
cintura (CC) e triglicérides (TG) aumentados. Nos 
anos 2000, pesquisadores canadenses 
demonstraram que a combinação desses dois 
componentes da síndrome metabólica era capaz 
de predizer risco cardiovascular em homens, já 
que a circunferência da cintura se correlacionava 
positivamente com os níveis de apolipoproteína B 
e insulina; e que os níveis de triglicerídeos 
plasmáticos se correlacionavam positivamente 
com a concentração de partículas pequenas e 
densas de colesterol LDL. Cerca de 80% dos 
indivíduos que apresentavam o fenótipo (CC ≥ 90 
cm e TG ≥ 177 mg/dL) apresentavam 
simultaneamente essa tríade aterogênica. 
Posteriormente, o mesmo achado foi confirmado 
em mulheres, considerando a CC ≥ 85 cm e TG ≥ 
133 mg/dL 
 
A quantidade de tecido adiposo visceral 
acumulada na região abdominal apresenta relação 
direta com o grau de resistência à insulina. Na 
prática clínica, uma alternativa bastante acessível 
e pouco invasiva é a predição de resistência à 
insulina a partir da utilização de algumas medidas 
antropométricas. A circunferência da cintura e o 
diâmetro abdominal sagital ou “altura abdominal” 
estão entre os melhores indicadores 
antropométricos de gordura visceral e resistência 
à insulina. 
 
➔ Tratamento do Diabetes Mellitus 
O cuidado nutricional em diabetes mellitus (DM) 
é uma das partes mais desafiadoras do tratamento 
e das estratégias de mudança do estilo de vida. 
O controle metabólico é apontado como a pedra 
angular do manejo do diabetes, pois alcançar um 
bom controle reduz o risco de complicações 
microvasculares e pode, também, minimizar as 
chances de doenças cardiovasculares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indivíduos com DM, tipos 1 e 2, e seus familiares 
devem ser inseridos em programas de educação 
nutricional desde o diagnóstico, com abordagem 
sobre a importância do autocuidado e da 
independência quanto a decisões e atitudes 
ligadas à alimentação e ao controle metabólico. 
 
A distribuição ideal de macronutrientes, incluindo 
os carboidratos, pode variar de acordo com os 
objetivos e metas individualizados. 
Embora existam inúmeros estudos com diferentes 
proporções de carboidratos, ainda não é possível 
afirmar uma proporção específica desse nutriente 
para pessoas com diabetes e se essa proporção é 
diferente da população em geral. 
Vale destacar que a OMS não recomenda 
concentrações inferiores a 130 g/dia para adultos, 
por ser uma importante fonte de substrato 
energético cerebral e para outros processos 
metabólicos. 
Muitos estudos têm sido conduzidos a fim de fixar 
uma quantidade ótima de carboidratos para 
pessoas com diabetes. Revisões sistemáticas e 
metanálises com estudos que avaliaram dietas 
entre 4 e 45 g por dia não demostraram efeitos 
consistentes na redução da HbA1c. Entretanto, o 
consumo reduzido de carboidratos, quando 
associado a gorduras monoinsaturadas, fibras e 
atividade física, trouxe resultados em relação ao 
perfil lipídico, à pressão arterial e perda de peso 
em pessoas com DM2. 
 
Os açúcares livres referem-se aos 
monossacarídeos (glicose, galactose e frutose) e 
aos dissacarídeos (sacarose ou açúcar de mesa) 
adicionados a alimentos e bebidas, estando 
naturalmente presentes no mel, nos xaropes e nas 
frutas. Pesquisas demonstram que a substituição 
de sacarose por amido (até 35% do valor 
energético) pode não afetar o controle glicêmico e 
os níveis lipídicos. Como, entretanto, as 
preparações com sacarose são geralmente 
hipercalóricas, a substituição, quando realizada, 
deve ser cuidadosa. 
Sacarose e alimentos contendo sacarose não são 
proibidos para indivíduos com diabetes, uma vez 
que não aumentam a glicemia mais do que outros 
carboidratos, quando ingeridos em quantidades 
equivalentes. Dessa forma, a sacarose pode ser 
inserida no contexto de uma alimentação 
saudável. No entanto, se adicionada à refeição, 
deve ser substituição de outras fontes de 
carboidratos e compensada com doses adicionais 
de insulina. 
 
Algumas fibras dietéticas podem atenuar a 
resposta à insulina e, assim, auxiliar na prevenção 
do DM2. Diversas evidências epidemiológicas 
apontam para esse efeito protetor da fibra e 
revelam que os efeitos benéficos são decorrentes, 
principalmente, da ingestão de fibras solúveis. 
trole do diabetes. As solúveis apresentam efeitos 
benéficos na glicemia e no metabolismo dos 
lipídios, enquanto as insolúveis agem contribuindo 
para a saciedade e para o controle de peso. Além 
disso, ambas atuam na preservação da saúde 
intestinal. As fibras são encontradas nos vegetais, 
principalmente em folhas, talos, sementes e 
bagaços. As principais fontes alimentares são 
frutas, verduras, legumes, farelo de aveia e de 
cevada, semente de linhaça, além de leguminosas 
como feijão, ervilha, grão de bico e lentilha. 
 
As principais diretrizes internacionais não se 
fundamentam exclusivamente na recomendação 
alimentar baseada no percentual de gorduras da 
dieta, mas sugerem o seguimento de padrões 
alimentares saudáveis. Estes contemplam a 
retirada de ácidos graxos trans, a inclusão de 
alimentos fontes de ácidos graxos 
monoinsaturados (MONO) e poli-insaturados 
(POLI) e o controle no consumo de ácidos graxos 
saturados, priorizando o consumo de carnes 
magras, leite desnatado e consumo mínimo de 
carnes processadas. A dieta do Mediterrâneo e a 
dieta DASH (Dietary Approaches to Stop 
Hypertension), as quais têm, respectivamente, 
aumento da razão entre ácidos graxos 
monoinsaturados e saturados e menor percentual 
de lipídios totais, são aquelas que melhor 
representam as características do tipo de 
alimentação recomendada atualmente. 
 
No momento do diagnóstico de diabetes mellitus 
tipo 2 (DM2), além de orientar mudanças no estilo 
de vida (educação em saúde, alimentação e 
atividade física), o médico costuma prescrever um 
agente antidiabético oral. A escolha desse 
medicamento baseia-se nos seguintes aspectos: 
mecanismos de resistênciaà insulina (RI), falência 
progressiva da célula beta, múltiplos transtornos 
metabólicos (disglicemia, dislipidemia e 
inflamação vascular) e repercussões micro e 
macrovasculares que acompanham a história 
natural do DM2. 
Idealmente, no tratamento do DM2 é preciso 
tentar alcançar níveis glicêmicos tão próximos da 
normalidade quanto viável, minimizando sempre 
que possível o risco de hipoglicemia. 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em 
alinhamento com as principais sociedades 
médicas da especialidade, recomenda que a meta 
para a hemoglobina glicada (HbA1c) seja < 7%. 
 
Ressalte-se, ainda, que a SBD mantém a 
recomendação de que os níveis de HbA1c sejam 
mantidos nos valores mais baixos possíveis, sem 
aumentar desnecessariamente o risco de 
hipoglicemias, sobretudo em paciente com DCV e 
em uso de insulina, considerando valores 
individualizados de HbA1c. Nesse sentido, indica-
se o início de uso dos agentes antidiabéticos 
quando os valores glicêmicos encontrados em 
jejum e/ ou pós-prandiais estão acima dos 
requeridos para o diagnóstico de diabetes. 
 
→Agentes antidiabéticos 
Os agentes antidiabéticos orais são medicamentos 
que reduzem a glicemia, a fim de mantê-la em 
níveis normais (em jejum < 100 mg/dL e pós-
prandial < 140 mg/dL) 
 
Os antidiabéticos podem ser agrupados do 
seguinte modo: 
1. Aqueles que incrementam a secreção 
pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas); 
2. Os que reduzem a velocidade de absorção 
de glicídios (inibidores das alfaglicosidases); 
3. Os que diminuem a produção hepática de 
glicose (biguanidas); e/ou os que aumentam a 
utilização periférica de glicose (glitazonas); 
4. Aqueles que exercem efeito incretínico 
mediado pelos hormônios GLP-1 (peptídio 
semelhante a glucagon 1, glucagon-like peptide-1) 
e GIP (peptídio inibidor gástrico, gastric inhibitory 
polypeptide), considerados peptídios 
insulinotrópicos dependentes de glicose. 
 
Esses fármacos incretinomiméticos são capazes de 
aumentar a secreção de insulina apenas quando a 
glicemia se eleva. Em contrapartida, controlam o 
incremento inadequado do glucagon pós-prandial 
observado nos pacientes com diabetes. O efeito 
incretínico é o responsável pela maior redução de 
glicemia verificada após a ingestão oral de glicose, 
em comparação com a mesma quantidade 
injetada por via venosa em indivíduos que não têm 
diabetes. Pertencem a essa família medicamentos 
de ação parecida com a do GLP-1 (miméticos 
[exenatida] e análogos [liraglutida, lixisenatida, 
dulaglutida e semaglutida]) e, ainda, os inibidores 
da enzima dipeptidil peptidase 4 (DPP-4) 
(gliptinas). O bloqueio da enzima DPP-4 reduz a 
degradação do GLP-1, aumentando, assim, a sua 
vida média, com promoção das principais ações, 
como liberação de insulina, redução da velocidade 
de esvaziamento gástrico e inibição da secreção de 
glucagon. 
 
Por fim, existem aqueles que inibem o 
contratransporte sódio/glicose 2 nos túbulos 
proximais dos rins. Essa nova classe de fármacos – 
inibidor do cotransportador de sódio/ glicose tipo 
2 (sodium/glucose cotransporter 2, SGLT2) – reduz 
a glicemia pela inibição da reabsorção de glicose 
nos rins, promovendo glicosúria. Dessa maneira, 
pode controlar a glicemia independentemente da 
secreção e da ação da insulina, com consequente 
menor risco de hipoglicemia, podendo favorecer a 
perda de peso. 
 
Com finalidade prática, os antidiabéticos são 
classificados em quatro categorias: 
• Os que aumentam a secreção de 
insulina (hipoglicemiantes); 
• Os que não aumentam a secreção de 
insulina (anti-hiperglicemiantes); 
• Os que aumentam a secreção de 
insulina de maneira dependente da glicose, além de 
promover a supressão do glucagon; 
• Os que promovem glicosúria (sem 
relação com a secreção de insulina). 
 
• Agentes que aumentam a secreção de 
insulina 
 
As sulfonilureias e as glinidas (ou metiglinidas) 
são secretagogos de insulina. As primeiras 
desenvolvem uma ação hipoglicemiante mais 
prolongada durante todo o dia (clorpropamida, 
glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida) e 
promovem queda de 1,5 a 2% na HbA1c. Já as 
últimas apresentam menor tempo de ação, 
cobrindo principalmente o período pós-prandial, 
com redução de 1% da HbA1c com a nateglinida e 
de 1,5 a 2% com a repaglinida. Os eventos 
adversos mais comuns são ganhos de peso e maior 
frequência de hipoglicemia. 
 
• Agentes que não aumentam a secreção de 
insulina 
Esses medicamentos associam-se a um menor 
risco de hipoglicemia (se usados em monoterapia), 
portanto podem ser utilizados desde o início da 
doença. Fazem parte desse grupo acarbose 
(inibidor da alfaglicosidase), metformina 
(biguanida) e pioglitazona (tiazolidinediona ou 
glitazona). 
 
A acarbose atua predominantemente na redução 
da velocidade de absorção intestinal de glicose, 
agindo, portanto, em uma fase mais precoce, 
ainda no tubo digestivo, com maior efeito na 
glicemia pós-prandial (e, posteriormente, também 
na glicemia de jejum), com redução de 0,5 a 1% da 
HbA1c. Os comprimidos devem ser tomados antes 
de cada refeição. Pode causar efeitos adversos 
gastrintestinais. 
 
A metformina tem efeito anti-hiperglicemiante, 
reduzindo a produção hepática de glicose, além de 
ação sensibilizadora periférica mais discreta. É a 
primeira opção de tratamento, quando o paciente 
não apresenta contraindicação. 
Em média, a metformina reduz a HbA1c em 1,5 a 
2%, mas pode promover intolerância 
gastrintestinal e é contraindicada na insuficiência 
renal grave (TFG < 30 mL/min). Na insuficiência 
renal moderada, deve ter a sua dose reduzida em 
50% (TFG entre 30 e 45 mL/min). A apresentação 
de liberação prolongada (extended release, XR) 
causa menor incidência de efeitos gastrintestinais. 
O uso de metformina em longo prazo pode 
associar-se à deficiência de vitamina B12. Dessa 
forma, recomenda-se a dosagem periódica dos 
níveis de vitamina B12 nos pacientes tratados com 
essa medicação, principalmente aqueles com 
anemia ou neuropatia periférica. 
 
As glitazonas são sensibilizadores de insulina e 
atuam predominantemente na resistência 
insulínica periférica em músculo, adipócito e 
hepatócito. Em teoria, como melhoram o 
desempenho da insulina endógena, sem 
necessariamente aumentar sua secreção, as 
glitazonas teriam o potencial de preservar a célula 
beta e de postergar a deterioração pancreática 
(embora tais evidências ainda careçam de 
comprovação em humanos). As glitazonas 
reduzem a HbA1c em 1 a 1,4%, em média. Os 
possíveis eventos adversos são retenção hídrica e 
ganho de peso, com aumento do risco de 
insuficiência cardíaca e de fraturas. 
 
• Agentes que aumentam a secreção de 
insulina dependente de glicose e que 
diminuem a secreção de glucagon 
 
Os inibidores da DPP-4, conhecidos como 
gliptinas (sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina, 
linagliptina e alogliptina), constituem uma nova 
classe de antidiabéticos orais, cujo principal 
mecanismo de ação é, essencialmente, a 
estabilização do GLP-1 endógeno pela inibição da 
enzima que o degrada, a DPP-4. O glucagon, 
hormônio produzido pela célula alfa pancreática, 
tem como função manter a glicemia no período de 
jejum, devendo ter seus níveis reduzidos no pós-
prandial. Pacientes com DM2 apresentam 
diminuição dos níveis de GLP-1 no estado pós-
prandial, contribuindo para a redução do estímulo 
fisiológico da secreção de insulina e impedindo a 
supressão do glucagon. Como o GLP-1 é inativado 
pela enzima DPP-4, sua meia-vida média é 
extremamente curta, e, com o uso de inibidores 
dessa enzima, os níveis de GLP-1 ativo aumentam 
em duas a três vezes. Podem ser utilizados em 
pacientes com insuficiência renal grave com o 
ajuste da dose, exceto a linagliptina, a única que 
não o requer. 
 
A utilização das gliptinas em monoterapia pode 
promover redução da HbA1c em 0,6 a 0,8%; no 
entanto, conforme a população estudada e os 
valores iniciais de HbA1c (> 9%), as reduções 
observadas podem ser maiores. São neutras em 
relação a efeitos no peso.Esses medicamentos 
podem ser usados em associação a metformina, 
glitazonas, sulfonilureias, inibidores do SGLT2 e 
insulina, conforme alguns novos estudos. 
 
O Food and Drug Administration (FDA) lançou um 
alerta sobre a família de inibidores da DPP-4, 
informando que ela pode causar, em alguns 
pacientes, dor articular, podendo ser severa e 
incapacitante. Nesses casos, o paciente deve ser 
orientado a não suspender a medicação e entrar 
em contato com seu médico, que avaliará o 
benefício da manutenção. A saxagliptina e a 
alogliptina foram associadas a um maior risco de 
insuficiência cardíaca, principalmente nos 
indivíduos com insuficiência cardíaca preexistente 
ou disfunção renal, devendo ter atenção especial 
nesse grupo. 
Outros agentes incretínicos são a exenatida, 
liraglutida, lixisenatida, dulaglutida e semaglutida: 
a primeira, um mimético do GLP-1; as quatro 
últimas, análogos do GLP-1. São indicadas como 
terapia adjunta para melhorar o controle da 
glicose em pacientes com DM2 que estejam em 
tratamento com metformina, sulfonilureia, 
pioglitazona, inibidores do SGLT2 ou em 
combinação com esses medicamentos. Devem ser 
considerados no paciente com diabetes obeso em 
monoterapia, em associação a metformina ou em 
combinação de agentes orais com HbA1c > 7%, em 
razão da possibilidade de perda de peso, associada 
a melhor controle glicêmico com menor risco de 
hipoglicemia. Além disso, estudos recentes 
mostraram uma possível redução de risco 
cardiovascular com alguns desses agentes. 
Todos eles promovem intolerância gastrintestinal; 
no início do tratamento, portanto, deve-se utilizar 
a menor dosagem, fazendo aumentos 
progressivos de acordo com a tolerância; além 
disso, todos são de aplicação subcutânea (SC). 
 
• Agentes que promovem a glicosúria 
 
Os inibidores de SGLT2 impedem a reabsorção de 
glicose pela inibição das proteínas SGLT2 nos 
túbulos proximais dos rins, representando uma 
nova opção terapêutica oral para o DM2. Têm 
baixo risco de hipoglicemia, promovem perda de 
peso de 2 a 3 kg e reduzem a pressão arterial 
sistólica de 4 a 6 mmHg. Podem ser combinados 
com todos os agentes orais e com a insulina; 
apesar disso, têm risco aumentado para infecções 
genitais e de trato urinário. Apresentam, ainda, 
ação diurética (glicosúria, natriurese) e podem 
levar a depleção de volume (no caso de paciente 
específico com risco de depleção de volume, deve-
se reduzir a dose ou não usar a medicação). São 
representantes dessa classe canagliflozina, 
empagliflozina e dapagliflozina 
 
 
 
 
 
→Recomendações gerais com base nos objetivos 
do controle glicêmico 
• Pacientes com manifestações leves: 
quando a glicemia é inferior a 200 mg/dL, 
com sintomas leves ou ausentes (sem a 
presença de outras doenças agudas 
concomitantes), estão indicados os 
medicamentos que não promovem 
aumento da secreção de insulina, 
principalmente se o paciente for obeso. No 
caso de intolerância à metformina, as 
preparações de ação prolongada podem 
ser úteis. Persistindo o problema, um dos 
demais agentes antidiabéticos orais pode 
ser escolhido; 
• Pacientes com manifestações moderadas: 
quando a glicemia de jejum é superior a 
200 mg/dL, mas inferior a 300 mg/dL na 
ausência de critérios para manifestações 
graves, devem-se iniciar modificações de 
estilo de vida e uso de metformina 
associada a outro agente hipoglicemiante. 
A indicação do segundo agente dependerá 
do predomínio de RI ou de deficiência de 
insulina/falência da célula beta. Dessa 
maneira, o inibidor da DPP4, a acarbose, os 
análogos do GLP-1, a glitazona e os 
inibidores de SGLT2 poderiam constituir a 
segunda ou a terceira medicação. No 
paciente com perda ponderal, poderia ser 
combinada uma sulfonilureia ou glinidas 
• Pacientes com manifestações graves: para 
os demais pacientes com valores 
glicêmicos superiores a 300 mg/dL e 
manifestações graves (perda significativa 
de peso, sintomas graves e/ ou cetonúria), 
deve-se iniciar insulinoterapia 
imediatamente. 
 
→Recomendações gerais com base no quadro 
clínico 
Pacientes com DM2 apresentam, em sua maioria, 
o fenótipo clínico de obesidade, 
hipertrigliceridemia, baixo colesterol da 
lipoproteína de alta densidade (HDL-c), 
hipertensão arterial, dentre outros estigmas 
típicos da RI. Nesse caso, recomenda-se o uso de 
medicamentos anti-hiperglicemiantes, que atuam 
melhorando a sensibilidade da insulina endógena, 
com melhor controle metabólico, evitando ganho 
ponderal excessivo. Outra opção são as gliptinas. 
Para um paciente obeso com controle inadequado 
em monoterapia ou combinação oral, a associação 
de exenatida, liraglutida, lixisenatida, dulaglutida 
ou semaglutida pode ajudar na melhora do 
controle e na perda de peso. Inibidores de SGLT2 
também podem ser uma opção para o paciente 
obeso. 
 
A paciente com doença cardiovascular 
estabelecida, em associação a metformina, estão 
indicados os análogos do GLP-1 e/ou os inibidores 
do SGLT2. Nos casos em que houver a prevalência 
de insuficiência cardíaca, os inibidores de SGLT2 
demonstrarão maior benefício, devendo ser 
preferidos em associação à metformina, caso não 
haja contraindicação. 
 
Pacientes com doença renal crônica diabética 
devem utilizar inibidores de SGLT2 e/ou agonistas 
do GLP-1, pois reduziram a progressão da 
proteinúria/insuficiência renal (C), caso não haja 
contraindicações. 
 
Com o tempo de evolução do DM2, ocorre falência 
progressiva das células beta pancreáticas 
secretoras de insulina, podendo a monoterapia 
falhar na manutenção do bom controle 
metabólico. Nessa fase, recomenda-se a 
associação de dois ou mais medicamentos 
(idealmente, com mecanismos de ação 
diferentes). Algumas vezes, é preciso acrescentar 
um terceiro medicamento oral ou insulina basal 
caso o paciente não esteja na meta de HbA1c. Em 
qualquer momento, se o paciente apresentar 
sintomas de insulinopenia (poliúria, polidipsia, 
perda ponderal significativa), o tratamento com 
insulina já poderá ser recomendado, devendo ser 
iniciado com insulina basal de ação intermediária 
ou prolongada, aplicada por via subcutânea antes 
do jantar ou de dormir, em associação às demais 
medicações antidiabéticas orais. 
 
→Insulinoterapia no tratamento do diabetes 
mellitus tipo 2 
Diferentemente do que ocorre no diabetes 
mellitus tipo 1 (DM1), em que 100% dos pacientes 
precisam de insulina exógena no tratamento, a 
maioria dos pacientes com diabetes mellitus tipo 
2 (DM2) não utiliza insulina inicialmente após o 
diagnóstico. A frequência de uso da insulina no 
tratamento do DM2, seja em combinação com 
outros hipoglicemiantes, seja isoladamente, 
aumenta progressivamente à medida que se 
prolonga o tempo de doença. 
A insulina pode entrar no esquema terapêutico do 
DM2 logo ao diagnóstico, em casos que se 
apresentam com alto grau de descompensação 
metabólica; pode ser usada transitoriamente, 
nesses mesmos casos ou em situações especiais, 
como período perioperatório, infecções, doenças 
intercorrentes etc.; pode compor parte de um 
esquema combinado de tratamento em uma 
parcela significativa de pacientes com DM2 após 
alguns anos de evolução, à medida que a reserva 
pancreática se reduz; e pode ser usada em 
esquemas mais complexos e intensivos, como os 
utilizados no DM1, naquela parcela de pacientes 
com DM2 que evoluem com falência completa da 
célula β após longo tempo de doença. 
 
 
De um modo geral, recomenda-se iniciar a 
insulinização de pacientes com DM2 com uma 
insulina basal, geralmente em combinação com 
outros medicamentos hipoglicemiantes. Titulação 
progressiva da dose deve ser realizada de acordo 
com níveis de glicemia capilar apresentados. 
Quando há hiperglicemia pós-prandial 
significativa, não controlada com associação entre 
insulina basal e outros medicamentos, o uso de 
insulina prandial passa a ser necessário. 
 
• Insulina basal em tratamento combinado 
com outros agentes hipoglicemiantes 
(orais ou injetáveis) 
 
Trata-se do método mais comum, simples e eficaz 
para iniciara insulinização em pacientes com 
DM2, especialmente se houver restrições ao uso 
de drogas orais. Algumas semanas após seu início, 
geralmente ocorre marcante melhora do controle 
glicêmico. Nessa forma de tratamento, o cenário 
típico é aquele de um paciente tomando duas, três 
ou até quatro drogas orais de diferentes famílias, 
sem conseguir atingir as metas glicêmicas. 
Introduz-se uma dose de insulina basal, 
geralmente substituindo um ou mais dos 
secretagogos presentes na prescrição, mantendo-
se as demais drogas orais. A dose inicial de insulina 
usualmente é de 0,1 a 0,2 UI/kg/dia. Essa dose de 
insulina costuma ser prescrita à noite, embora 
haja trabalhos que atestem indiferença entre 
administração noturna e diurna quando se usam 
análogos de longa duração. 
As drogas orais constantes do esquema 
combinado cobrem as necessidades prandiais, 
atuando com maior eficiência à medida que se 
reduz a glicotoxicidade pela introdução da 
insulina. 
 
Esse esquema pode ser feito com NPH à noite, 
detemir à noite ou, ainda, glargina U100, glargina 
U300 ou degludeca de manhã ou à noite. A 
titulação da dose deve ser feita com base na 
monitorização glicêmica de jejum, ajustando-se 2 
a 3 UI a cada 2 a 3 dias, até atingir a meta 
estabelecida para a glicemia de jejum. No caso da 
degludeca, a titulação pode ser feita 
semanalmente, levando em conta os últimos 3 a 4 
dias da semana. 
 
Combinações fixas de insulina + agonistas GLP1 
também podem ser utilizadas, permitindo menor 
ganho de peso, menor frequência de hipoglicemia, 
melhor glicemia pós-prandial e menor dose de 
insulina em uso. A associação fixa de insulina com 
análogo do receptor de GLP1 é uma opção para 
intensificação do tratamento ou para início de 
insulinização em pacientes com DM2 
 
• Insulina basal-plus com ou sem 
hipoglicemiantes orais 
 
Esse método de tratamento envolve a adição de 
uma ou mais doses de insulina prandial ao 
anterior. Ele já representa um passo em direção à 
insulinização plena, sendo utilizado em pacientes 
com graus mais adiantados de perda de função das 
células β. Pode ser intensificado progressivamente 
com o tempo, passando a envolver mais de uma 
refeição, até que se atinja o esquema basal-bolus. 
As drogas orais presentes antes de sua introdução 
podem ser mantidas (exceto os secretagogos) ou 
reduzidas, para diminuir a complexidade do 
esquema terapêutico. 
A escolha da refeição que receberá a dose prandial 
baseia-se na respectiva amplitude da variação 
glicêmica, avaliada por automonitorização. 
 
No caso da insulina regular, recomenda-se que a 
administração ocorra cerca de 30 minutos antes 
do início da refeição, para fazer coincidir o início 
da ação com o início da absorção intestinal. Para 
evitar hipoglicemias, é importante que não se 
atrase a refeição significativamente em relação ao 
planejado e que seu volume não seja 
demasiadamente reduzido em comparação com a 
estimativa inicial. 
Os análogos de ação rápida possuem vantagens 
em relação à insulina humana regular: têm ação 
mais previsível e podem ser administrados 
imediatamente antes da refeição, reduzindo o 
risco de hipoglicemia. Além disso, também podem 
ser administrados imediatamente após a refeição, 
sem perda importante de seu efeito controlador 
da glicemia pós-prandial, e ainda com a vantagem 
de permitir flexibilidade caso a ingestão seja 
menor que a antecipada. Somado ao fato de que 
os análogos de ação longa ou ultralonga também 
têm cinéticas mais previsíveis que as preparações 
de insulina humana com NPH, o uso de análogos 
possibilita a otimização do binômio controle 
glicêmico-hipoglicemia, particularmente à medida 
que o tratamento insulínico se intensifica. 
 
Análogos ultrarrápidos, com cinética de absorção 
mais próxima à da primeira fase de secreção 
prandial fisiológica da insulina, poderão 
representar um avanço em relação aos análogos 
rápidos. O uso da insulina inalada também pode 
ser uma alternativa para o controle da glicose pós-
prandial em pacientes com DM2, com 
administração antes das refeições. 
Outra forma de implementar o esquema de 
insulinização basal-plus é com as insulinas 
bifásicas, que combinam um componente de ação 
intermediária (NPH, NPL ou NPA) com um 
componente de ação rápida (regular, lispro ou 
asparte), nas proporções 70/30 (70% 
intermediária e 30% rápida), 75/25 (75% 
intermediária e 25% rápida) ou 50/50. 
 
• Insulina basal-bolus 
Trata-se de um esquema de reposição completa 
das necessidades de insulina do paciente, 
constituindo o paradigma de tratamento no DM1. 
Associa-se com a modalidade terapêutica por 
bomba de infusão contínua, forma que se 
convenciona chamar de insulinoterapia intensiva. 
Geralmente, é feito com uma dose de insulina de 
ação longa ou ultralonga mais três ou quatro doses 
de insulina de ação curta ou rápida por dia, sendo 
esse o esquema mais flexível. O componente basal 
pode ser também implementado com duas ou três 
doses da insulina de ação intermediária em vez de 
longa ou ultralonga. Alternativamente, podem-se 
usar doses prandiais de insulina bifásica 50/50 
mais uma dose menor de longa ou ultralonga ao 
dia ou ainda três doses por dia de insulinas 
bifásicas 70/30 ou 75/25, às refeições, 
dependendo das necessidades do paciente. É 
fundamental individualizar o esquema de acordo 
com o perfil glicêmico e rotina do paciente. A dose 
total diária de insulina nos esquemas de reposição 
plena varia de 0,5 a 1,5 U/kg, dependendo do grau 
de resistência insulínica.

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