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Síndrome Metabólica

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Rhyan Coelho 
TUTORIA 05 – A PREOCUPAÇÃO DO SR ANTÔNIO 
Objetivo 01 – Revisar metabolismo das lipoproteínas 
Objetivo 02 – Estudar síndrome metabólica (obesidade, dislipidemia) 
Objetivo 03 – Estudar síndrome urêmica 
 
OBJETIVO 01 
 
Colesterol e os ésteres de colesterila, assim como 
os triacilgliceróis e os fosfolipídeos, são 
essencialmente insolúveis em água, e ainda assim 
devem ser transportados do tecido de origem para 
os tecidos nos quais eles serão armazenados ou 
consumidos. Para facilitar seu transporte, eles são 
transportados no plasma sanguíneo como 
lipoproteínas plasmáticas, que são complexos 
macromoleculares de proteínas transportadoras 
específicas, chamadas apolipoproteínas. 
 
As apolipoproteínas combina-se com os lipídeos, 
formando diversas classes de partículas 
lipoproteicas, as quais são complexos esféricos 
com os lipídeos hidrofóbicos no centro e as 
cadeias laterais hidrofílicas de aminoácidos na 
superfície. As diferentes combinações de lipídeos 
e proteínas produzem partículas de diferentes 
densidades, variando de quilomícrons a 
lipoproteínas de alta densidade. 
 
Cada classe de lipoproteína tem uma função 
específica, determinada por seu local de síntese, 
por sua composição lipídica e por seu conteúdo 
apolipoproteico. 
Esses componentes proteicos atuam como 
sinalizadores, direcionando as lipoproteínas para 
tecidos específicos ou ativando enzimas que agem 
nas lipoproteínas. 
 
Os quilomícrons são as maiores lipoproteínas e as 
menos densas, contendo alta proporção de 
triacilgliceróis. Os quilomícrons são sintetizados a 
partir de gorduras da dieta no RE dos enterócitos, 
células epiteliais que recobrem o intestino 
delgado. Os quilomícrons então se movem pelo 
sistema linfático e entram na corrente sanguínea 
pela via subclávia esquerda. As apolipoproteínas 
dos quilomícrons incluem a apoB-48 (exclusiva 
dessa classe de lipoproteínas), a apoE e apoC-II. A 
apoC-II ativa a lipase lipoproteica nos capilares do 
tecido adiposo, do coração, do músculo 
esquelético e da glândula mamária em lactação, 
permitindo a liberação de ácidos graxos livres 
(AGL) para esses tecidos. Os quilomícrons, 
portanto, transportam ácidos graxos da dieta para 
os tecidos onde eles serão consumidos ou 
armazenados como combustível. O que resta dos 
quilomícrons (após perderem a maior parte de 
seus triacilgliceróis, mas contendo ainda 
colesterol, apoE e apoB-48) move-se pela corrente 
sanguínea para o fígado. Receptores existentes no 
fígado ligam a apoE nos remanescentes dos 
quilomícrons e controlam sua captação por 
endocitose. No fígado, os remanescentes liberam 
seu colesterol e são degradados nos lisossomos. 
Essa via do colesterol da dieta até o fígado é a via 
exógena 
 
Quando a dieta contém mais ácidos graxos e 
colesterol do que a quantidade necessária par uso 
imediato como combustível ou como precursores 
de outras moléculas, eles são convertidos em 
triacilgliceróis ou ésteres de colesterila no fígado e 
empacotados com apolipoproteínas específicas, 
formando as lipoproteínas de densidade muito 
baixa (VLDL). O excesso de carboidratos na dieta 
também pode ser convertido em triacilgliceróis no 
fígado e exportado como VLDL. Além dos 
triacilgliceróis e ésteres de colesterila, as VLDL 
contêm apoB-100, apoC-I, apoC-II, apoC-III e apoE. 
As VLDL são transportadas pelo sangue do fígado 
para o músculo e o tecido adiposo. Nos capilares 
desses tecidos, apoC-II ativa a lipase lipoproteica, 
que catalisa a liberação dos ácidos graxos a partir 
dos triacilgliceróis da VLDL. Os adipócitos captam 
esses ácidos graxos, reconvertem-nos em 
triacilgliceróis e armazenam os produtos em 
gotículas intracelulares de lipídeos; já os miócitos, 
ao contrário, primariamente oxidam esses ácidos 
graxos para obterem energia. Quando o nível de 
insulina está alto (após uma refeição), as VLDL 
atuam principalmente para transportar lipídeos da 
dieta para o tecido adiposo para armazenamento. 
No estado de jejum ou entre refeições, os ácidos 
graxos usados para produzir as VLDL no fígado são 
originários principalmente do tecido adiposo, e o 
Rhyan Coelho 
principal alvo do VLDL são os miócitos do coração 
e do músculo esquelético. 
 
A perda de triacilgliceróis converte parte da VLDL 
em remanescentes de VLDL (também chamadas 
de lipoproteínas de densidade intermediária, IDL) 
produz lipoproteínas de baixa densidade. Rica em 
colesterol e ésteres de colesterila e contendo 
apoB-100 como sua principal apoliproteína, a LDL 
transporta colesterol para os tecidos extra-
hepáticos, como músculo, glândulas suprarrenais 
e tecido adiposo. Esses tecidos têm receptores na 
membrana plasmática que reconhecem a apoB-
100 e controlam a captação de colesterol e ésteres 
de colesterila. A LDL também entrega colesterol 
para os macrófagos, algumas vezes os 
convertendo em células espumosas. A LDL não 
captada pelos tecidos periféricos retornam ao 
fígado onde são captados via receptor de LDL na 
membrana plasmática dos hepatócitos. O 
colesterol que entra no hepatócito por essa via 
pode ser incorporado nas membranas, convertido 
em ácidos biliares ou reesterificados pela ACAT 
para armazenamento nas gotículas lipídicas 
citosólicas. Essa via, da formação de VLDL no 
fígado ao retorno de LDL para o fígado é a via 
endógena do metabolismo e transporte do 
colesterol. O acúmulo do excesso de colesterol 
intracelular é prevenido pela diminuição da 
velocidade de síntese quando o colesterol 
suficiente está disponível a partir de LDL no 
sangue. 
 
Cada partícula de LDL na corrente sanguínea 
contém apoB-100, a qual é reconhecida por 
receptores de LDL presentes na membrana 
plasmática de células que precisam captar 
colesterol. 
A ligação da LDL ao receptor de LDL inicia a 
endocitose que transfere a LDL e o seu receptor 
para o interior da célula dentro de um endossomo. 
O endossomo funde-se com o lisossomo, o qual 
contém enzimas que hidrolisam os ésteres de 
colesterila, liberando colesterol e ácidos graxos no 
citosol. A proteína apoB-100 também é degradada 
em aminoácidos, liberados para o citosol. 
 
A quartas da principais lipoproteínas em 
mamíferos, a lipoproteína de alta densidade 
(HDL), origina-se no fígado e no intestino delgado 
como pequenas partículas ricas em proteína que 
contém relativamente pouco colesterol e não 
contêm ésteres de colesterila. As HDL contêm 
principalmente apoA-I e outras apolipoproteínas. 
Elas contêm também a enzima lecitina-colesterol-
aciltransferase (LCAT), que catalisa a formação de 
ésteres de colesterila a partir da lecitina 
(fosfatidilcolina) e de colesterol. A LCAT na 
superfície das partículas de HDL nascentes (recém-
formadas) converte o colesterol e as 
fosfatidilcolina dos remanescentes do quilomícron 
e da VLDL encontradas na corrente sanguínea em 
ésteres de colesterila, dando início à formação do 
núcleo da HDL, transformando a HDL nascente em 
forma de disco em uma partícula de HDL madura 
de forma esférica. A HDL madura então retorna ao 
fígado, onde o colesterol é descarregado por meio 
do receptor SR-BI. 
 
O circuito da HDL é o transporte reverso do 
colesterol. A maior parte desse colesterol é 
convertido em sais biliares no fígado e 
armazenado na vesícula biliar. Quando uma 
refeição é ingerida, os sais biliares são excretados 
no intestino, onde ele dispersa pedaços 
macroscópicos de gordura em micelas 
microscópicas que podem ser atacadas pelas 
lipases. Os sais biliares são reabsorvidos pelo 
fígado e recirculam pela vesícula biliar na 
circulação êntero-hepática 
 
O mecanismo pelo qual o esterol é descarregado 
no fígado e em outros tecidos via receptor SR-BI 
não envolve endocitose, o mecanismo usado para 
captação de LDL. Em vez disso, quando HDL se liga 
aos receptores SR-BI na membrana plasmática dos 
hepatócitos ou de tecidos esteroidogênicos, como 
a glândula suprarrenal, esses receptores 
controlam a transferência parcial e seletiva do 
colesterol e de outros lipídeos do HDL para a 
célula. A HDL descarregada entãose dissocia e 
recircula na corrente sanguínea para extrair mais 
lipídeos dos remanescentes de quilomícrons e 
VLDL e de células sobrecarregadas com colesterol. 
 
O HDL tem um papel crucial na via do transporte 
reverso do colesterol, reduzindo o potencial dano 
na formação das células espumosas. O HDL 
esgotado (com baixo nível de colesterol) captura o 
colesterol armazenado nos tecidos extra-
hepáticos (incluindo de células espumosas de 
placas nascentes) e o transporta para o fígado. 
Rhyan Coelho 
Dois transportadores que ligam ATP (ABC) estão 
envolvidos na saída de colesterol das células 
espumosas. Nesse processo, apoA-I interage com 
o transportador ABC (ABCA1) em uma célula rica 
em colesterol. ABCA-1 transporta uma fração do 
colesterol de dentro da célula para a superfície 
externa da membrana plasmática, onde apoA-I 
livre de lipídeos ou pobre em lipídeos o captura e 
o transporta para o fígado. Outro transportador 
ABC (ABCG1) interage com HDL madura, 
facilitando o movimento de colesterol para fora 
da célula e para HDL. Esse processo de efluxo é 
particularmente crítico quando envolve o 
transporte reverso do colesterol para fora das 
células espumosas no local das placas que se 
formam nos vasos sanguíneos de indivíduos com 
doença cardiovascular. 
 
 
 
 
 
Rhyan Coelho 
OBJETIVO 02 
A síndrome metabólica consiste em grupo de 
anormalidades metabólica que conferem 
aumento de risco de doença cardiovascular e DM. 
As principais características da síndrome 
metabólica incluem obesidade central, 
hipertrigliceridemia, níveis de baixo de colesterol 
da lipoproteína de alta densidade (HDL), 
hiperglicemia e hipertensão. 
• Fatores de risco 
o Sobrepeso/obesidade: A 
adiposidade central é uma característica essencial 
da síndrome, e a prevalência da síndrome reflete 
a forte relação entre a circunferência abdominal e 
o aumento de adiposidade. Entretanto, apesar da 
importância da obesidade, os pacientes que têm 
peso normal também podem ser 
insulinorresistentes e podem ter a síndrome 
metabólica. 
o Estilo de vida sedentária: A falta de 
atividade física e o menor condicionamento 
cardiorrespiratório são preditores de eventos de 
DCV e do risco relacionado de morte. Muitos 
componentes da síndrome metabólica estão 
associados a um estilo de vida sedentário, 
incluindo aumento do tecido adiposo 
(predominantemente central), colesterol HDL 
reduzido e aumento dos triglicerídeos, da pressão 
arterial e da glicose nas pessoas geneticamente 
suscetíveis. Comparados com os indivíduos que 
assistem televisão ou vídeos ou usam o 
computador por menos de 1 hora/dia, aqueles que 
realizam essas atividades por mais de 4 horas/dia 
apresentaram um risco duas vezes maior de 
síndrome metabólica 
o Genética: Nenhum gene isolado 
explica o complexo fenótipo designado como 
síndrome metabólica. Entretanto, com o uso das 
abordagens de associação genômica ampla e 
genes candidatos, diversas variantes genéticas 
estão associadas à síndrome metabólica. 
o Envelhecimento: A síndrome 
metabólica afeta quase 50% da população dos 
Estados Unidos com > 60 anos, e as mulheres de > 
60 anos de idade são mais frequentemente 
acometidas. Observa-se que a prevalência da 
síndrome depende da idade na maioria das 
populações mundiais. 
o Diabetes mellitus: O diabetes 
melito pode ser incluído tanto nas definições de 
síndrome metabólica pelo NCEP quanto nas 
definições de harmonização, porém o maior valor 
da síndrome metabólica, em particular a glicose 
em jejum, é prever o diabetes tipo 2. A grande 
maioria (cerca de 75%) dos pacientes com 
diabetes tipo 2 ou com tolerância diminuída à 
glicose tem síndrome metabólica. A presença da 
síndrome metabólica nessas populações está 
relacionada com uma prevalência maior de DCV 
do que em pacientes com diabetes tipo 2 ou 
comprometimento da tolerância à glicose, mas 
que não têm essa síndrome. 
o Doença cardiovascular: Indivíduos 
com síndrome metabólica são duas vezes mais 
propensos a morrer de doença cardiovascular em 
comparação com aqueles que não a têm, e seu 
risco de um infarto agudo do miocárdio ou 
acidente vascular cerebral (AVC) é três vezes 
maior. A prevalência aproximada da síndrome 
metabólica em pacientes com doença cardíaca 
coronariana (DCC) é de 60%, com uma prevalência 
de cerca de 35% em pacientes com doença arterial 
coronariana prematura (com 45 anos de idade ou 
menos), e uma prevalência particularmente alta 
nas mulheres. 
Rhyan Coelho 
A hipótese mais aceita e unificadora para 
descrever a fisiopatologia da síndrome metabólica 
é a insulinorresistência. O início da resistência à 
insulina é anunciado por hiperinsulinemia pós-
prandial, seguida da hiperinsulinemia de jejum e, 
finalmente, hiperglicemia. 
 
Um grande contribuinte preliminar para o 
desenvolvimento da resistência à insulina é uma 
abundância dos ácidos graxos circulantes. 
Os ácidos graxos livres ligados à albumina 
plasmática são derivados predominantemente 
dos estoques de triglicerídeos do tecido adiposo 
liberados pelas enzimas lipolíticas intracelulares. A 
lipólise das lipoproteínas ricas em triglicerídeos 
nos tecidos pela lipoproteína-lipase também 
produz ácidos graxos. A insulina medeia tanto a 
antilipólise quanto a estimulação da lipoproteína-
lipase no tecido adiposo. É importante salientar 
que a inibição da lipólise no tecido adiposo é a via 
mais sensível de ação da insulina. Por conseguinte, 
quando ocorre resistência à insulina, o aumento 
da lipólise produz mais ácidos graxos, os quais 
reduzem ainda mais o efeito antilipolítico da 
insulina. O excesso de ácidos graxos aumenta a 
disponibilidade do substrato e cria resistência à 
insulina, modificando a sinalização a jusante. 
 
Os ácidos graxos comprometem a captação da 
glicose mediada pela insulina e acumulam-se 
como triglicerídeos tanto no músculo esquelético 
quanto no cardíaco, enquanto o fluxo aumentado 
de ácidos graxos aumenta a produção de glicose e 
a produção e acúmulo de triglicerídeos no fígado. 
 
Os ácidos graxos livres (AGLs) são liberados em 
abundância da massa de tecido adiposo 
expandida. No fígado, determinam um aumento 
da produção de glicose e triglicerídeos e secreção 
das lipoproteínas de densidade muito baixa 
(VLDLs). As anormalidades lipídicas/lipoproteicas 
associadas consistem em reduções do colesterol 
da lipoproteína de alta densidade (HDL) e um 
aumento do número de partículas do colesterol da 
lipoproteína de baixa densidade (LDL). Os AGLs 
também reduzem a sensibilidade à insulina no 
músculo, inibindo a captação de glicose mediada 
pela insulina. Os defeitos associados consistem em 
redução da glicose a partir do glicogênio e 
aumento do acúmulo de lipídeos nos triglicerídeos 
(TGs). O aumento da glicose circulante e, até certo 
ponto, dos AGLs aumenta a secreção de insulina 
pancreática, resultando em hiperinsulinemia. A 
hiperinsulinemia pode resultar em aumento da 
reabsorção de sódio e aumento da atividade do 
sistema nervoso simpático (SNS) e contribui para 
hipertensão, assim como os níveis mais altos de 
AGL circulante. O estado pró-inflamatório 
sobrepõe-se e contribui para a resistência à 
insulina produzida pelo excesso de AGLs. O 
aumento da secreção de interleucina 6 (IL-6) e 
fator de necrose tumoral α (TNF-α) produzido por 
adipócitos e macrófagos derivados dos monócitos 
resulta em mais resistência à insulina e lipólise dos 
estoques de tecido adiposo em AGL circulante. A 
IL-6 e outras citocinas também aumentam a 
produção hepática de glicose, produção de VLDL 
pelo fígado, hipertensão e resistência à insulina no 
músculo. A resistência à insulina também 
contribui para o acúmulo aumentado de 
triglicerídeos no fígado. As citocinas e os AGLs 
aumentam ainda a produção hepática de 
fibrinogênio e a dos adipócitos do inibidor do 
ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1), 
resultando em um estado protrombótico. Níveis 
mais altos de citocinas circulantes estimulam a 
produção hepática de proteína C-reativa (PCR). A 
produção reduzidada citocina anti-inflamatória e 
citocina adiponectina sensível à insulina também 
está associada à síndrome metabólica. 
 
 
 
 
 
Rhyan Coelho 
 
A resistência à leptina também pode ser um 
mecanismo fisiopatológico para explicar a 
síndrome metabólica. Fisiologicamente, a leptina 
reduz o apetite, promove gasto de energia e 
aumenta a sensibilidade à insulina. Além disso, a 
leptina pode regular a função cardíaca e vascular 
por um mecanismo dependente de óxido nítrico. 
No entanto, quando há desenvolvimento de 
obesidade, ocorre hiperleptinemia, com evidência 
de resistência à leptina no cérebro e em outros 
tecidos que resulta em inflamação, resistência à 
insulina, hiperlipidemia e uma gama de distúrbios 
cardiovasculares, como hipertensão, 
aterosclerose, DCC e insuficiência cardíaca. 
 
A circunferência abdominal é um importante 
componente dos critérios diagnósticos mais 
recentes e mais frequentemente aplicados para a 
síndrome metabólica. Entretanto, medir a 
circunferência abdominal não distingue de 
maneira confiável os aumentos do tecido adiposo 
subcutâneo daqueles decorrentes da gordura 
visceral; essa distinção requer tomografia 
computadorizada (TC) ou ressonância magnética 
(RM). Com aumentos no tecido adiposo visceral, 
os ácidos graxos livres derivados do tecido adiposo 
alcançam o fígado. Por outro lado, aumentos da 
gordura SC abdominal liberam produtos da lipólise 
na circulação sistêmica e, portanto, exercem 
menos efeitos sobre o metabolismo hepático. 
Também é possível que a gordura visceral seja um 
marcador para o excesso de AGLs pós-prandiais na 
obesidade, mas não sua origem. 
 
➔ Dislipidemia e SM 
Em geral, o fluxo de ácidos graxos livres para o 
fígado resulta em aumento na produção de 
lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDLs) 
ricas em triglicerídeos e contendo ApoB. O efeito 
da insulina nesse processo é complexo, mas a 
hipertrigliceridemia é um excelente marcador do 
distúrbio de resistência à insulina. A 
hipertrigliceridemia não apenas é uma 
característica da síndrome metabólica, como 
também os pacientes com síndrome metabólica 
apresentam níveis elevados de ApoC-III 
carregadas nas VLDLs e outras lipoproteínas. Esse 
aumento da ApoC-III é inibitório para a 
lipoproteína-lipase, contribuindo ainda mais para 
a hipertrigliceridemia, e confere maior risco de 
doença cardiovascular aterosclerótica (DCVAS) 
 
Outro distúrbio principal das lipoproteínas na 
síndrome metabólica é uma redução do HDL-
colesterol. Essa redução é uma consequência das 
modificações na composição e no metabolismo da 
HDL. Em presença de hipertrigliceridemia, a 
redução no conteúdo de HDL-colesterol é uma 
consequência da redução do conteúdo de éster de 
colesteril do núcleo da lipoproteína em 
combinação com alterações mediadas pela 
proteína de transferência do éster de colesteril 
nos triglicerídeos, tornando essa partícula menor 
e mais densa. Essa alteração na composição da 
lipoproteína também resulta em um aumento da 
depuração de HDL da circulação. Essas alterações 
na HDL têm uma relação com a resistência à 
insulina que provavelmente é indireta, ocorrendo 
em consonância com mudanças no metabolismo 
das lipoproteínas ricas em triglicerídeos. 
 
Além das HDLs, as lipoproteínas de baixa 
densidade (LDLs) apresentam alterações na sua 
composição na síndrome metabólica. Com 
triglicerídeos séricos de jejum > 2,0 mM (cerca de 
180 mg/dL), quase sempre há uma predominância 
de LDL pequena, densa, que é considerada mais 
aterogênica, embora sua associação com 
hipertrigliceridemia e HDLs baixas dificulte a 
avaliação de sua contribuição independente para 
os eventos de DCVAS. Os indivíduos com 
hipertrigliceridemia frequentemente têm 
aumentos no teor de colesterol das subfrações de 
VLDL1 e VLDL2 e no número de partículas de LDL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rhyan Coelho 
A relação entre resistência à insulina e hipertensão 
está bem estabelecida. Paradoxalmente, sob 
condições fisiológicas normais, a insulina é um 
vasodilatador com efeitos secundários na 
reabsorção de sódio nos rins. Entretanto, em caso 
de resistência à insulina, o efeito vasodilatador da 
insulina é perdido, porém o efeito renal na 
reabsorção de sódio fica preservado. A reabsorção 
de sódio mostra-se aumentada nos indivíduos 
brancos com síndrome metabólica, mas não nos 
africanos ou asiáticos. A insulina também aumenta 
a atividade do sistema nervoso simpático, um 
efeito que é preservado no caso de resistência à 
insulina. 
Além disso, aumentos na expressão do gene do 
angiotensinogênio no tecido adiposo de 
indivíduos obesos resultam em aumentos da 
angiotensina II circulante e em vasoconstrição. 
 
Os aumentos nas citocinas pró-inflamatórias – 
incluindo as interleucinas 1, 6 e 18, a resistina, o 
TNF-α e o biomarcador sistêmico proteína C-
reativa – refletem uma produção excessiva pela 
massa expandida de tecido adiposo. Os 
macrófagos derivados de tecido adiposo podem 
ser a fonte primária das citocinas pró-
inflamatórias localmente e na circulação 
sistêmica. No entanto, ainda não se sabe quanto 
da resistência à insulina é causada pelos efeitos 
parácrinos dessas citocinas e quanto é causada 
pelos efeitos endócrinos. 
 
➔ Manifestações clínicas 
A síndrome metabólica normalmente não está 
associada a sintomas. Ao exame físico, a 
circunferência abdominal e a pressão arterial 
estão frequentemente aumentadas. A presença 
de um ou de ambos os sinais deve alertar o médico 
sobre a necessidade de buscar anormalidades 
bioquímicas que possam estar associadas à 
síndrome metabólica. Com menos frequência, 
verifica-se a presença de lipoatrofia ou acantose 
nigricans ao exame. Como esses achados físicos 
estão associados de modo característico a uma 
resistência à insulina grave, outros componentes 
da síndrome metabólica são muito mais comuns. 
 
• Doenças associadas 
o Doença cardiovascular: O risco 
relativo para DCV de início recente em pacientes 
com a síndrome metabólica que não têm diabetes 
fica em média entre 1,5 e 3 vezes. Embora a 
insuficiência cardíaca congestiva e a síndrome 
metabólica possam ocorrer ao mesmo tempo, 
essa consequência normalmente é secundária à 
DCVAS ou hipertensão relacionada com a 
síndrome metabólica. A síndrome metabólica 
também está associada a aumentos no risco de 
acidente vascular cerebral, doença vascular 
periférica e doença de Alzheimer. 
o Diabetes tipo 2: De modo geral, o 
risco para diabetes tipo 2 em pacientes com 
síndrome metabólica é aumentado 3 a 5 vezes. 
o Doença hepática gordurosa não 
alcoólica: A DHGNA tornou-se a doença hepática 
mais comum, em parte como consequência da 
resistência à insulina da síndrome metabólica. O 
mecanismo está relacionado com aumento no 
fluxo de ácidos graxos livres, redução da oxidação 
intrahepática dos ácidos graxos, com consequente 
aumento na biossíntese de triglicerídeos e 
acúmulo hepatocelular, com inflamação variável e 
estresse oxidativo. A EHNA mais grave, uma 
consequência da DHGNA em alguns pacientes e 
precursor da cirrose e da doença hepática em 
estágio terminal, inclui uma contribuição pró-
inflamatória mais substancial. À medida que a 
prevalência do sobrepeso/obesidade e da 
síndrome metabólica aumenta, a EHNA pode se 
tornar uma das principais causas de doença 
hepática em estágio terminal e carcinoma 
hepatocelular. 
o Hiperuricemia: A hiperuricemia 
reflete defeitos na ação da insulina na reabsorção 
tubular renal de ácido úrico e pode contribuir para 
hipertensão por seu efeito no endotélio. Um 
aumento da dimetilarginina assimétrica, um 
inibidor endógeno da óxido nítrico-sintase, 
também está correlacionado com disfunção 
endotelial. Além disso, aumentos na razão 
albumina/creatinina da urina podem estar 
relacionados a alterações da fisiopatologia 
endotelial no estado de insulinorresistência. 
o Síndrome dos ovários policísticos: 
A síndrome dos ovários policísticos é altamente 
associada à resistência à insulina (50-80%) e à 
síndrome metabólica, com uma prevalênciada 
síndrome entre 40 e 50%. As mulheres com 
síndrome dos ovários policísticos têm 2 a 4 vezes 
mais tendência a ter síndrome metabólica do que 
as mulheres sem essa síndrome. 
 
Rhyan Coelho 
o Apneia obstrutiva do sono: A 
apneia obstrutiva do sono é comumente associada 
a obesidade, hipertensão, aumento das citocinas 
circulantes, comprometimento da tolerância à 
glicose e resistência à insulina. De fato, a apneia 
obstrutiva do sono pode prever a ocorrência de 
síndrome metabólica, mesmo na ausência de 
excesso de adiposidade. Além disso, quando os 
biomarcadores da resistência à insulina são 
comparados entre pacientes com apneia 
obstrutiva do sono e controles com o mesmo peso, 
a resistência à insulina é observada como mais 
grave nos pacientes com apneia. 
 
➔ Diagnóstico 
A anamnese deve incluir a avaliação dos sintomas 
para apneia obstrutiva do sono em todos os 
pacientes e síndrome dos ovários policísticos nas 
mulheres na pré-menopausa. A história familiar irá 
ajudar a determinar o risco para DCV e diabetes 
melito. As medidas da pressão arterial e da 
circunferência abdominal fornecem informações 
necessárias ao diagnóstico. 
O lipidograma e a glicemia em jejum são 
necessários para determinar se há a presença da 
síndrome metabólica. A mensuração dos 
biomarcadores adicionais associados com 
resistência à insulina pode ser individualizada. 
Esses exames podem incluir ApoB, PCR-as, 
fibrinogênio, ácido úrico, razão 
albumina/creatinina na urina e função hepática. 
Deve-se realizar um estudo do sono caso haja a 
presença de sintomas de apneia obstrutiva do 
sono. Se houver suspeita de síndrome dos ovários 
policísticos com base nas manifestações clínicas e 
anovulação, é necessário medir a testosterona, o 
hormônio luteinizante e o hormônio folículo-
estimulante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Tratamento 
A obesidade, particularmente abdominal, é a força 
motora por trás da síndrome metabólica. Assim, a 
redução do peso é a abordagem primária ao 
distúrbio. Com uma redução do peso de pelo 
menos 5% e ainda mais com uma redução de 10%, 
a melhora da sensibilidade à insulina resulta em 
modificações favoráveis em muitos componentes 
da síndrome metabólica. Em geral, as 
recomendações para a perda de peso incluem 
uma combinação de restrição calórica, aumento 
da atividade física e modificação do 
comportamento. 
 
Antes de prescrever uma dieta para a perda de 
peso, é importante enfatizar que o paciente levou 
um tempo para desenvolver uma massa gordurosa 
aumentada; assim, a correção não precisa ocorrer 
rapidamente. Como cerca de 3.500 kcal = 0,5 kg de 
gordura, uma restrição de cerca de 500 kcal diárias 
equipara-se a uma redução de peso de 0,5 kg por 
semana. As dietas com restrição de carboidratos 
normalmente promovem uma perda de peso 
inicial mais rápida. No entanto, após um ano, a 
quantidade de redução de peso é minimamente 
reduzida ou não é diferente daquela apenas com 
restrição calórica. Por conseguinte, a adesão à 
dieta é mais importante do que o tipo de dieta 
escolhido. Além disso, há uma preocupação 
quanto às dietas com baixo teor de carboidratos 
ricas em gordura saturada, em particular para os 
pacientes com risco de DCVAS. Portanto, um 
padrão de dieta de alta qualidade – isto é, uma 
dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, 
carnes magras de aves e peixes – deve ser 
estimulado para fornecer o benefício máximo de 
saúde global. 
 
Alguns pacientes de alto risco devem submeter-se 
a avaliação cardiovascular completa antes de 
iniciar um programa de exercícios. Para um 
participante inativo, aumentos graduais na 
atividade física devem ser incentivados, visando 
aumentar a adesão e evitar lesões. Embora os 
aumentos na atividade física possam levar a uma 
redução modesta de peso, 60 a 90 minutos diários 
de atividade são necessários para atingir esse 
objetivo. Mesmo que um adulto com sobrepeso 
ou obeso seja incapaz de atingir tal nível de 
atividade, haverá um benefício de saúde 
Rhyan Coelho 
significativo com pelo menos 30 minutos de 
atividade diária de intensidade moderada. 
 
Em alguns pacientes com síndrome metabólica, as 
opções de tratamento precisam estender-se além 
da intervenção no estilo de vida. Os fármacos para 
a perda de peso encontram-se em duas classes: 
supressores do apetite e inibidores da absorção. 
Os supressores do apetite aprovados pela Food 
and Drug Administration incluem fentermina 
(apenas para uso em curto prazo [3 meses]), bem 
como as adições mais recentes de 
fentermina/topiramato, lorcasserina, 
naltrexona/bupropiona e liraglutida em alta dose 
(3,0 mg) (em lugar de 1,8 mg, dose máxima para 
tratamento do diabetes tipo 2), que foram 
aprovadas sem restrições quanto à duração da 
terapia. 
 
Em ensaios clínicos, a combinação 
fentermina/topiramato de liberação prolongada 
resultou em uma perda de peso de cerca de 8% em 
relação ao placebo em 50% dos pacientes. Os 
efeitos colaterais incluem palpitações, cefaleia, 
parestesias, obstipação e insônia. A lorcasserina 
resulta em menos perda de peso – em geral, cerca 
de 5% além do placebo –, mas pode causar cefaleia 
e nasofaringite. A combinação de 
naltrexona/bupropiona de liberação prolongada 
reduz o peso corporal em ≥ 10% em cerca de 20% 
dos pacientes; todavia, essa combinação está 
contraindicada para indivíduos com distúrbios 
convulsivos ou na presença de qualquer condição 
passível de predispor a crises convulsivas. Essa 
combinação também aumenta o pulso e a pressão 
arterial e não deve ser administrada a pacientes 
com hipertensão não controlada. A liraglutida em 
alta dose resulta em uma perda de peso de cerca 
de 6% em relação ao placebo, com > 10% de perda 
de peso em cerca de 33% dos pacientes. Os efeitos 
colaterais comuns limitam-se ao trato 
gastrintestinal superior, incluindo náusea e, com 
menos frequência, vômitos. 
 
O orlistate inibe a absorção de gordura em cerca 
de 30%, sendo moderadamente eficaz se 
comparado com o placebo (cerca de 4% de perda 
de peso). Além disso, o orlistate reduziu a 
incidência de diabetes tipo 2, um efeito 
particularmente evidente em pacientes com 
comprometimento da tolerância à glicose em 
condições basais. Esse fármaco, com frequência, é 
difícil de tomar devido ao vazamento oleoso pelo 
reto. 
 
A cirurgia metabólica ou bariátrica é uma opção 
para os pacientes com a síndrome metabólica que 
têm um índice de massa corporal de mais de 40 
kg/m2 ou mais de 35 kg/m2 com comorbidades. 
Uma aplicação em desenvolvimento para cirurgia 
metabólica inclui pacientes com índice de massa 
corporal de apenas 30 kg/m2 e diabetes tipo 2. O 
bypass gástrico ou a gastrectomia vertical em 
“sleeve” resulta em drástica redução do peso e 
melhora das manifestações da síndrome 
metabólica. Já foi realizado um estudo sobre 
benefício de sobrevida. 
 
• LDL COLESTEROL 
 
As diretrizes para o colesterol da ACC/AHA de 
2013 não têm recomendações específicas para 
pacientes com síndrome metabólica; entretanto, 
deve-se prescrever uma estatina em todos os 
pacientes com diabetes, de 40 a 79 anos de idade, 
com LDL-colesterol entre 60 e 189 mg/dL. Para 
pacientes com diabetes e DCVAS diagnosticada, as 
evidências atuais sustentam uma dose de estatina 
de alta intensidade (p. ex., atorvastatina 40 a 80 
mg ou rosuvastatina 20 a 40 mg ao dia). Para os 
pacientes com síndrome metabólica sem diabetes, 
deve-se utilizar uma estimativa de risco de DCVAS 
de 10 anos, e um risco de ≥ 7,5% deve levar a uma 
discussão entre o profissional de saúde e o 
paciente sobre a instituição de terapia com 
estatina para prevenção primária da DCVAS. 
 
Dietas com restrição de gorduras saturadas 
(menos de 6% de calorias) e gorduras trans (o 
menos possível) devem ser aplicadas de maneira 
intensiva. Embora as evidências sejam 
controversas, o colesterol da dieta também pode 
ser restrito. Se o colesterol continuar elevado, é 
necessária intervenção farmacológica. Com base 
em evidências substanciais, o tratamento com 
estatinas, que reduz o LDLcolesterolem 15 a 60%, 
é a intervenção farmacológica de primeira 
escolha. É preciso salientar que, para cada 
duplicação da dose da estatina, o LDL-colesterol é 
reduzido ainda mais em apenas cerca de 6%. A 
hepatotoxicidade (aumento de mais de três vezes 
nas aminotransferases hepáticas) é raro, porém 
Rhyan Coelho 
ocorre miopatia em cerca de 10 a 20% dos 
pacientes. O inibidor da absorção do colesterol 
ezetimiba é bem tolerado, devendo ser uma 
segunda escolha de intervenção medicamentosa. 
A ezetimiba reduz o LDLcolesterol em 15 a 20%. Os 
inibidores da pró-proteína convertase 
subtilisina/quexina tipo 9 (PCSK9) são fármacos 
potentes para redução do LDL-colesterol (cerca de 
45 a 60%), porém não são necessários para a 
maioria dos pacientes com síndrome metabólica. 
 
• Triglicerídeos 
 
Diretrizes para o colesterol da ACA/AHA de 2013 
declararam que os triglicerídeos em jejum > 500 
mg/dL devem ser tratados, de modo a prevenir a 
ocorrência de hipertrigliceridemia mais grave e 
pancreatite. Embora um valor dos triglicerídeos 
em jejum de > 150 mg/dL seja um componente da 
síndrome metabólica, análises post hoc de 
múltiplos ensaios com fibratos sugeriram uma 
redução dos resultados primários da DCVAS em 
pacientes (com ou sem terapia concomitante com 
estatinas) com triglicerídeos em jejum > 200 
mg/dL, frequentemente na presença de níveis 
reduzidos de HDL-colesterol. 
 
Um fibrato (genfibrozila ou fenofibrato) é o 
fármaco de escolha para reduzir os triglicerídeos 
em jejum, que costumam atingir uma diminuição 
de 30 a 45%. A administração concomitante com 
fármacos metabolizados pelo sistema 3A4 do 
citocromo P450 (incluindo algumas estatinas) 
aumenta o risco de miopatia. Nesses casos, o 
fenofibrato pode ser preferível à genfibrozila. 
 
Outros fármacos que reduzem os níveis de 
triglicerídeos incluem estatinas, ácido nicotínico e 
prescrição de ácidos graxos ômega-3. Para esse 
propósito, uma dose intermediária ou alta das 
estatinas “mais potentes” (atorvastatina, 
rosuvastatina) é necessária. O efeito do ácido 
nicotínico nos triglicerídeos em jejum está 
relacionado com a dose e é de cerca de 20 a 35%, 
um efeito que é menos pronunciado do que 
aquele dos fibratos. Em pacientes com síndrome 
metabólica e diabetes, o ácido nicotínico pode 
aumentar os níveis de glicemia em jejum, e 
ensaios clínicos com ácido nicotínico + estatina 
não conseguiram reduzir os eventos de DCVAS. A 
prescrição de preparações de ácido graxo ômega-
3 que incluem altas doses de ácido 
eicosapentaenoico ± ácido docosa-hexaenoico 
(cerca de 1,5 a 4,5 g/dia) reduz os níveis de 
triglicerídeos em jejum em cerca de 25 a 40%. Não 
ocorre qualquer interação medicamentosa com 
fibratos ou estatinas, e o principal efeito colateral 
de seu uso é a eructação com gosto de peixe. 
 
• Resistência à insulina 
 
Várias classes de fármacos (biguanidas, 
tiazolidinedionas [TZDs]) aumentam a 
sensibilidade à insulina. Pelo fato de a resistência 
à insulina ser o mecanismo fisiopatológico 
primário para a síndrome metabólica, os fármacos 
representativos nessas classes reduzem sua 
prevalência. Tanto a metformina quanto as TZDs 
aumentam a ação da insulina no fígado e 
suprimem a produção endógena de glicose. As 
TZDs, mas não a metformina, também melhoram 
a captação de glicose mediada pela insulina no 
músculo e no tecido adiposo. 
 
OBJETIVO 03 
O ácido úrico é o produto da degradação final das 
purinas nos seres humanos. Os uratos, que são as 
formas ionizadas do ácido úrico, predominam no 
plasma, no líquido extracelular e no líquido 
sinovial, com cerca de 98% na forma de urato 
monossódico em pH 7,4. 
O plasma é saturado com urato monossódico em 
uma concentração de 405 μmol/L (6,8 mg/dL) a 
37°C. Por conseguinte, em concentrações mais 
altas, o plasma torna-se supersaturado, criando o 
potencial de precipitação de cristais de urato. 
Entretanto, a concentração plasmática de urato 
pode atingir 4.800 μmol/L (80 mg/dL) sem 
precipitação, talvez devido à presença de 
substâncias solubilizantes. 
Os rins depuram o urato do plasma e mantêm um 
equilíbrio fisiológico ao utilizar transportadores de 
ânions orgânicos específicos. 
 
A hiperuricemia pode resultar de aumento na 
produção ou diminuição na excreção de ácido 
úrico, ou uma associação de ambos os processos. 
Ela predispõe algumas pessoas a desenvolverem 
manifestações clínicas que incluem artrite gotosa, 
urolitíase e disfunção renal. 
Rhyan Coelho 
A hiperuricemia em geral é definida como uma 
concentração plasmática (ou sérica) de urato > 
405 μmol/L (> 6,8 mg/dL). O risco de desenvolver 
artrite gotosa ou urolitíase aumenta com níveis 
mais elevados de urato, sendo o aumento 
proporcional ao grau de elevação. A prevalência 
de hiperuricemia está aumentando entre 
pacientes adultos em nível ambulatorial e ainda 
mais acentuadamente entre pacientes 
hospitalizados. 
 
A hiperuricemia pode ser classificada em primária 
ou secundária, dependendo de a causa ser inata 
ou por distúrbio adquirido. Todavia, é mais 
conveniente classificá-la com relação à 
fisiopatologia subjacente, ou seja, se resulta de 
aumento da produção, da diminuição da excreção 
ou da associação de ambos os processos. 
 
• Aumento da produção de urato – a dieta 
contribui para o nível sérico de urato 
proporcionalmente a seu conteúdo de purinas. A 
restrição estrita da ingestão de purinas reduz os 
níveis séricos médios de urato em cerca de 60 
μmol/L (1 mg/dL) e a excreção urinária de ácido 
úrico em cerca de 1,2 mmol/dia (200 mg/dia). Os 
alimentos com alto conteúdo de ácido nucleico 
incluem fígado, outras vísceras (timo, pâncreas), 
rins e anchova. 
A degradação acelerada dos nucleotídeos das 
purinas também pode causar hiperuricemia, isto 
é, em condições de rápida renovação, proliferação 
ou morte celular, como nas crises blásticas 
leucêmicas, terapia citotóxica das neoplasias 
malignas, hemólise ou rabdomiólise. A 
hiperuricemia pode resultar da excessiva 
degradação de trifosfato de adenosina (ATP) do 
músculo esquelético após exercício físico vigoroso 
ou estado de mal epiléptico, bem como nas 
doenças do depósito de glicogênio tipos III, V e VII. 
A hiperuricemia do infarto agudo do miocárdio, da 
inalação de fumaça e da insuficiência respiratória 
aguda também pode estar relacionada com a 
degradação acelerada do ATP. 
 
• Diminuição da excreção de ácido úrico: 
Mais de 90% dos indivíduos com hiperuricemia 
persistente apresentam um defeito no 
processamento renal do ácido úrico. Para 
qualquer concentração plasmática de urato, os 
pacientes com gota excretam cerca de 40% menos 
ácido úrico do que aqueles sem a doença. Quando 
os níveis plasmáticos de urato estão elevados por 
ingestão ou infusão de purinas, a excreção de 
ácido úrico aumenta em pacientes com e sem 
gota; porém, naqueles com gota, as concentrações 
plasmáticas de urato devem ser de 60 a 120 
μmol/L (1-2 mg/dL) maiores que o normal para 
obter taxas equivalentes de excreção de ácido 
úrico. 
Teoricamente, a redução na excreção de ácido 
úrico pode resultar de diminuição da filtração 
glomerular, diminuição da secreção tubular ou 
aumento da reabsorção tubular. A diminuição da 
filtração de urato não parece causar hiperuricemia 
primária, mas contribui efetivamente para a 
hiperuricemia da insuficiência renal. Apesar de a 
hiperuricemia estar sempre presente na doença 
renal crônica, a correlação entre as concentrações 
séricas de creatinina, ureia e urato é fraca. A 
eliminação extrarrenal de ácido úrico aumenta à 
medida que a disfunção renal se torna mais grave. 
 
O álcool promove a hiperuricemia em razão do 
aumento na produção de urato e da diminuição na 
excreção de ácido úrico. O consumo excessivo de 
álcool acelera a degradação hepática de ATP, 
aumentando a produção de urato. O consumo de 
álcool também pode induzir a hiperacidemia 
láctica, que bloqueia a secreção de ácido úrico. O 
teor mais elevado de purina de algumas bebidas 
alcoólicas também pode constituir um fator. O 
consumo de cervejaconfere maior risco de gota 
que destilados, e a ingesta moderada de vinho não 
aumenta o risco de gota. A ingesta de carne 
vermelha e frutose aumenta o risco de gota, 
enquanto a ingesta de laticínios pobres em 
gordura, vegetais ricos em purinas, grãos integrais, 
nozes e legumes, frutas menos adocicadas, café e 
vitamina C reduz o risco. 
 
➔ Avaliação 
A hiperuricemia não necessariamente representa 
uma doença nem uma indicação específica para 
tratamento. A decisão acerca do tratamento 
depende da causa e das consequências potenciais 
da hiperuricemia em cada indivíduo. A 
quantificação da excreção de ácido úrico pode ser 
utilizada para determinar se a hiperuricemia é 
causada por produção excessiva ou excreção 
diminuída. Com uma dieta isenta de purinas, os 
Rhyan Coelho 
homens com função renal normal excretam < 3,6 
mmol/dia (600 mg/dia). Por conseguinte, a 
hiperuricemia em indivíduos que excretam ácido 
úrico acima desse nível, durante uma dieta isenta 
de purinas, decorre da produção excessiva de 
purinas; para os que excretam quantidades 
menores com uma dieta isenta de purinas, 
representa a consequência de uma diminuição da 
excreção. Se a avaliação for efetuada enquanto o 
paciente estiver seguindo uma dieta regular, 
poderá ser utilizado o nível de 4,2 mmol/dia (800 
mg/dia) como valor discriminativo. 
 
➔ Complicações 
A complicação mais reconhecida da hiperuricemia 
é a artrite gotosa. Quanto mais elevado o nível 
sérico de urato, maior a probabilidade de um 
indivíduo manifestar gota. 
 
A hiperuricemia também provoca vários 
problemas renais: (1) nefrolitíase; (2) nefropatia 
por urato, uma causa rara da insuficiência renal 
atribuída ao depósito de cristais de urato 
monossódico no interstício renal; e (3) nefropatia 
por ácido úrico, uma causa reversível da 
insuficiência renal aguda resultante do depósito 
de grandes quantidades de cristais de ácido úrico 
nos ductos coletores renais, na pelve e nos 
ureteres. 
 
• Nefrolitíase: A nefrolitíase por ácido úrico 
ocorre mais comumente em indivíduos que 
apresentam gota. Na gota, a prevalência de 
nefrolitíase correlaciona-se com os níveis séricos e 
urinários de ácido úrico, atingindo cerca de 50% na 
presença de níveis séricos de urato de 770 μmol/L 
(13 mg/dL) ou excreção urinária de ácido úrico > 
6,5 mmol/dia (1.100 mg/dia). Os cálculos de ácido 
úrico podem surgir em indivíduos sem evidência 
de artrite, dos quais apenas 20% apresentam 
hiperuricemia. O ácido úrico também pode 
desempenhar um papel importante em outros 
tipos de cálculo renal. Alguns indivíduos sem gota, 
mas com cálculos de oxalato de cálcio ou fosfato 
de sódio têm hiperuricemia ou hiperuricosúria. O 
ácido úrico pode atuar como núcleo sobre o qual 
o oxalato de cálcio pode precipitar ou diminuir o 
produto de formação para a cristalização do 
oxalato de cálcio. 
 
 
• Nefropatia por urato: Algumas vezes 
denominada nefrose por urato, a nefropatia por 
urato constitui uma manifestação tardia da gota 
grave que se caracteriza, histologicamente, por 
depósitos de cristais de urato monossódico 
circundados por reação inflamatória de células 
gigantes no interstício medular e nas pirâmides. As 
lesões podem ser clinicamente silenciosas ou 
causar proteinúria, hipertensão e insuficiência 
renal. 
• Nefropatia por ácido úrico: Essa causa 
reversível da insuficiência renal aguda é 
decorrente da precipitação do ácido úrico nos 
túbulos renais e nos ductos coletores, causando a 
obstrução do fluxo de urina. A nefropatia por ácido 
úrico desenvolve-se após a súbita superprodução 
de urato e hiperuricosúria pronunciada. Os fatores 
que favorecem a formação de cristais de ácido 
úrico incluem desidratação e acidose. Acredita-se 
que os eventos patogênicos iniciais incluam 
obstrução dos ductos coletores com ácido úrico e 
obstrução da vasculatura renal distal. 
Quando reconhecida, a nefropatia por ácido úrico 
é potencialmente reversível. O tratamento 
apropriado tem reduzido a taxa de mortalidade de 
cerca de 50% para praticamente zero. Os níveis 
séricos não são confiáveis para estabelecer o 
diagnóstico, visto que esse distúrbio tem ocorrido 
na presença de concentrações de urato que 
variam de 720 a 4.800 μmol/L (12-80 mg/dL). A 
característica distintiva é a concentração urinária 
de ácido úrico. Na maioria das formas de 
insuficiência renal aguda com diminuição do 
débito urinário, o conteúdo de ácido úrico da urina 
apresenta-se normal ou reduzido, e a relação 
entre ácido úrico e creatinina é < 1. Na nefropatia 
por ácido úrico aguda, a relação entre ácido úrico 
e creatinina em uma amostra de urina aleatória ou 
amostra de 24 horas é > 1, um valor elevado a 
ponto de ser essencialmente diagnóstico. 
 
➔ Hiperuricemia e síndrome metabólica 
A síndrome metabólica caracteriza-se por 
obesidade abdominal com adiposidade visceral, 
diminuição da tolerância à glicose em virtude da 
resistência à insulina com hiperinsulinemia, 
hipertrigliceridemia, aumento do colesterol de 
lipoproteína de baixa densidade, diminuição do 
colesterol de lipoproteína de alta densidade e 
hiperuricemia. A hiperinsulinemia diminui a 
excreção renal de ácido úrico e de sódio. Não 
Rhyan Coelho 
surpreende o fato de que a hiperuricemia 
resultante de hiperinsulinemia euglicêmica possa 
preceder o início de diabetes tipo 2, hipertensão, 
doença arterial coronariana (DAC) e gota em 
indivíduos com síndrome metabólica. 
 
➔ Tratamento 
• Hiperuricemia assintomática: A maioria 
das pessoas com hiperuricemia não correm risco 
clínico. No passado, a associação da hiperuricemia 
com doença cardiovascular e insuficiência renal 
levou ao uso de agentes redutores do urato em 
pacientes com hiperuricemia assintomática. Hoje, 
essa prática não é mais recomendada, exceto para 
os indivíduos que recebem tratamento com 
agentes citolíticos para doenças neoplásicas, os 
quais são tratados com agentes hipouricemiantes 
em um esforço para prevenir a nefropatia por 
ácido úrico. Como a hiperuricemia pode ser um 
componente da síndrome metabólica, sua 
presença constitui uma indicação para o rastreio e 
o tratamento agressivo de qualquer obesidade, 
hiperlipidemia, diabetes melito ou hipertensão 
associados. 
• Hiperuricemia sintomática 
o Nefrolitíase: Recomenda-se a 
terapia anti-hiperuricêmica para o indivíduo que 
apresenta artrite gotosa e cálculos contendo ácido 
úrico ou cálcio, os quais podem ocorrer em 
associação com a hiperuricosúria. 
Independentemente da natureza dos cálculos, a 
ingestão de líquido deve ser suficiente para 
produzir um volume diário de urina > 2 L. 
O tratamento específico dos cálculos de ácido 
úrico exige a redução das concentrações urinárias 
de ácido úrico com um inibidor da xantinoxidase, 
como o alopurinol ou o febuxostate. Esses 
agentes diminuem a concentração sérica de urato 
e a excreção urinária de ácido úrico nas primeiras 
24 horas, com redução máxima em duas semanas. 
O alopurinol pode ser administrado 1 vez ao dia 
devido à meia-vida longa (18 horas) de seu 
metabólito ativo, o oxipurinol. Nos ensaios com o 
febuxostate, a dose geralmente recomendada de 
alopurinol (300 mg/dia) foi efetiva para obter uma 
concentração sérica alvo de urato abaixo de 6,0 
mg/dL (357 μmol/L) em < 50% dos pacientes; esse 
resultado sugeriu que devem ser consideradas 
doses maiores. O alopurinol é eficaz em pacientes 
com insuficiência renal, porém a dose deve ser 
reduzida. 
O febuxostate (40-80 mg/dia) também é 
administrado 1 vez ao dia, e não há necessidade 
de ajustar as doses na presença de disfunção renal 
leve a moderada. 
 
o Nefropatia por ácido úrico: A 
nefropatia por ácido úrico é frequentemente 
prevenível, e o tratamento apropriado imediato 
reduz acentuadamente a taxa de mortalidade. A 
hidratação IV vigorosa e a diurese com furosemida 
diluem o ácido úrico nos túbulos e promovem um 
fluxo urinário ≥ 100 mL/h. A administração de 
acetazolamida (240-500 mg a cada 6-8 horas) e 
bicarbonato de sódio (89 mmol/L) IV aumenta a 
alcalinidade daurina e, portanto, solubiliza mais 
ácido úrico. É importante assegurar que o pH 
urinário permaneça > 7,0 e investigar a ocorrência 
de sobrecarga circulatória. Além disso, o 
tratamento antihiperuricêmico na forma de 
alopurinol, em dose única de 8 mg/kg, deve ser 
administrado para reduzir a quantidade de urato 
que alcança os rins.

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