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1 ANA PAULA – XXII ORTOPEDIA – ATD2 Trauma raqui-medular Definição Qualquer trauma anatômico ou funcional que irá acometer medula e nervos periféricos, muitas vezes, de caráter definitivo. Epidemiologia 80% no sexo masculino < 40 anos • LOCALIZAÇÃO: Mais a nível toracolombar, principalmente da transição de cifose para a lordose. C4-C6, T12-L2. • A FREQUÊNCIA DE LOCALIZAÇÃO: Cervical → torácico → toracolombar → lom- bosacral. Mecanismos • Ferimento por arma de fogo • Automobilístico • Moto • Mergulho em água rasa • Queda altura Fisiopatologia da fase aguda • Mecanismo da lesão primária • Fase aguda vai até 8h após o trauma • Transferência de energia cinética • Rompimento dos axônios • Lesão de células nervosas • Ruptura dos vasos sanguíneos • Hemorragia e necrose de substância cinzenta • Edema Ruptura de vasos sanguíneos levando a uma hemorragia, que causará edema e necrose da substância cinzenta. Portanto, nessa fase, o tratamento é visando prevenir o edema e a necrose da substância cinzenta. Mas alguns casos são irreversíveis. • LESÃO PRIMÁRIA: ✓ Causada pelo trauma ✓ Imediata • LESÃO SECUNDÁRIA (lesão endógena secundária): ✓ Isquemia ✓ Edema ✓ Processo inflamatório • EVOLUÇÃO DA FISIOPATOLOGIA: 1ª hora: formação e aglutinação de peté- quias hemorrágicas na substância cinzenta; início de necrose central hemorrágica. 4ª- 8ª hora: Continuação do processo de ne- crose central hemorrágica que pode esten- der-se para a substância branca, devido a re- dução geral do fluxo sanguíneo. Após 8h: Migração de cel. Inflamatórias para o local da lesão; proliferação de cel. da glia. NECESSÁRIO AGIR NESSE PERÍODO. En- tre 4 e 8 horas. Porque após 8 horas já 2 ANA PAULA – XXII ORTOPEDIA – ATD2 tem liberação de células inflamatórias, ficando quase irreversível. 1 a 4 semanas: formação de tecido cicatricial e de cistos no interior da medula espinal. Alterações Redução do fluxo sanguíneo que pode ocor- rer por alteração no canal vertebral. O paciente terá hemorragia, edema e dimi- nuição da pressão sistêmica, o que poderá agravar o quadro de lesão. Tal redução do fluxo sanguíneo pode provo- car a morte das células e dos axônios que não foram inicialmente lesados (lesão secundá- ria). Avaliação clínica • ATENDIMENTO INICIAL: Reconhecimento das lesões Prevenção lesões adicionais Imobilização Resgate e transporte adequado • ATLS: ABCDE • ASIA: Utilizar a tabela utilizada para trauma. • AVALIAÇÃO COMPREENDE: ✓ História do trauma e estado geral ✓ Exame físico ✓ Análise neurológica ✓ Estudo radiográfico (para observar se há fratura associada a essa lesão) • SINAIS E SINTOMAS DA LESÃO RAQUI- MEDULAR: ✓ Respiração diafragmática ✓ Perda da resposta ao estímulo doloroso ✓ Incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros ✓ Alteração do controle dos esfíncteres (o paciente estará urinando e defecando sem sentir) ✓ Priapismo (ereção do pênis) ✓ Presença de reflexos patológicos (Ba- binsky e Oppenheim) ✓ Queda da PA com bradicardia = cho- que neurogênico Exame neurológico Oppenheim e Babinsky • Dermátomos (avalia sensibilidade) • Função motora • Reflexos Avaliação da sensibilidade • Mediado pelo trato espinotalâmico late- ral/funículo grácil e cuneiforme. • Exame no sentido craniocaudal • Avaliando a sensibilidade à variação de temperatura, dor e tato • Avaliação da vibração – usa diapasão ou posição espacial dos membros 3 ANA PAULA – XXII ORTOPEDIA – ATD2 Mamilos – T4 Processo xifóide – T7 Umbigo – T10 Região inguinal – T12-L1 Região perineal S2 – S3 – S4 Face interna da perna – L4 Face externa da perna – L5 Posterior da coxa – S1 Avaliação motora Mediado pelo trato corticospinal Quantificar o movimento em relação ao grau de força muscular: • 0= paralisia total • 1= presença de contração muscular palpável ou visível • 2= presença de movimento ativo mas que não vence a força da gravidade • 3= movimento ativo que vence a força da gravidade • 4= movimento ativo que vence al- guma resistência • 5= movimento ativo normal Avaliação dos reflexos tendíneos profundos Mediado pelas células do corno anterior da medula espinal. C5 = bicipital C6 = estilorradial C7 = tricipital L4 = patelar S1 = calcâneo Avaliação do reflexo bulbocavernoso Estimulação do pênis e do clitóris provoca contração do esfíncter anal. Se esse reflexo estiver ausente: choque medular. Presente: término do choque medular Choque medular é ausência de reflexos espi- nhais caudais (interrupção das funções neu- rais distais à lesão). Para detectarmos o choque medular, o re- flexo bulbo cavernoso é realizado. Na ausên- cia do reflexo, o paciente está em choque medular e a exatidão da lesão neurológica não pode ser confirmada. Essa situação pode demorar 48 horas para acontecer, portanto, o diagnóstico de lesão medular pode levar até 48 horas. Níveis de lesão medular e sistemas afetados Acima de C4 o paciente precisará ser intu- bado. Tetraplegia Tetraplegia: perda de função motora e/ou sensitiva nos segmentos cervicais da medula devido a lesão dos elementos neuronais no in- terior do canal vertebral. Altera função dos membros superiores, tronco, membros inferio- res, órgão pélvico. 4 ANA PAULA – XXII ORTOPEDIA – ATD2 Paraplegia: perda da função motora e/ou sensitiva nos segmentos torácicos, lombares, sacrais da medula. Exames complementares • Raio X frente/perfil/transoral • Raio X oblíquo/dinâmicas (o dinâmico só é feito caso tenha certeza de que o paciente não teve lesão) • Tomografia (para parte óssea, é me- lhor do que a RNM) • Mielografia + TC • Ressonância magnética Tratamento A abordagem terapêutica do traumatismo raquimedular deve ser multidisciplinar, desde o momento do resgate e da remoção do pa- ciente até sua fase final de reabilitação. É preciso ter médicos para tratar a parte aguda, pessoal da enfermagem, terapia ocu- pacional, nutricionista (porque a pessoa não conseguirá se alimentar e evacuar direito), fi- sioterapia (para parte respiratória), assistente social (para transporte de casa para o hospi- tal), voluntários, familiares. • Imobilização • Corticoterapia (é esta droga para evi- tar edema com paralisia súbita na re- gião – utilizar nas primeiras 8 horas) • Descompressão e estabilização pre- coces • Reabilitação imediata • Abordagem multidisciplinar Metilprednisolona A utilização de METILPREDNISOLONA tornou- se quase mandatória e tem sido empregada até oito horas após a lesão. Lembrar que 8h é o ponto-chave, para con- seguir prevenir a lesão nesse paciente. Este medicamento se mostra eficaz na me- lhora neurológica, redução de edema, redu- ção da peroxidação lipídica (reações quími- cas envolvendo a deterioração oxidativa dos ácidos graxos levando a lesão celular), preserva a integridade de estruturas neuro- nais e não apresenta os efeitos dos corticói- des. Contraindicações: FAF (pode piorar o sangramento) Ferimentos por arma branca Gestantes Indivíduos abaixo de 14 anos (relativo) Pacientes com risco de vida ➢ Metilprednisolona (Solumedrol) ➢ 30 mg/Kg in bolus na 1ª hora ➢ 5,4 mg/Kg/h nas demais 23 horas da lesão Consegue inibir o edema de medula. Depois de 8 horas não adianta mais, não terá eficácia. Tratamento cirúrgico Corrigir: • Compressão nervosa • Instabilidade • Redução insatisfatória Cuidados • No paciente vítima de TRM há necessi- dade constante de mudança de decú- bito, evitando-se, com isso, a formação de úlceras de compressão. • O paciente deve ser mobilizado paraevi- tar estase brônquica, que produz piora da insuficiência respiratória já existente. • Requer-se fisioterapia precoce para apressar a reabilitação. 5 ANA PAULA – XXII ORTOPEDIA – ATD2 Pontos suscetíveis a úlceras de pressão As úlceras de pressão surgem, geralmente, nas áreas onde os ossos são pouco protegidos por músculos. Tratamentos futuros • Células tronco • Avanços na reabilitação • Qualidade de vida • Exoesqueleto
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