Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 1 C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 📚 REFERÊNCIAS: 1) Reumatologia Diagnóstico e Tratamento (Carvalho, MA- 5ª ed); 2) Tratado de Clínica Médica (Lopes, AC, 2016); 3) Consensus Recomendations for the Management in OA (Panlar, 2016). INTRODUÇÃO A osteoporose é caracterizada por baixa massa óssea, deterioração da microarquitetura óssea, ↑ fragilidade e risco fraturas FATORES DE RISCO: Idade: prevalência maior em idosos Sexo feminino Etnia: branca ou oriental > raça negra História prévia de fratura: própria ou de familiar Tabagismo: corrobora perda massa óssea Ingesta abusiva de álcool: corrobora perda massa óssea Inatividade física Dieta pobre em Ca Baixo IMC Medicamentos: corticoide oral* (≥ 5 mg/dia prednisona, por um período > 3 meses); anticonvulsivantes; heparina; inibidor de bomba de prótons (omeprazol); ISRS; antirretrovirais. ASSOCIAÇÕES CLÍNICAS Hipogonadismo Hiperparatireoidismo DM C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 2 Pós-gastrectomias Doenças inflamatórias pélvicas: Doença de Crohn e retocolite ulcerativa Doenças reumatológicas: AR e EA DPOC � Questionar sobre esses antecedentes patológicos na anamnese. Se presente ⇒ investigar massa óssea. Lembrar que a OP é assintomática, se o pcte queixa-se de dor, é porque houve fratura. DIAGNÓSTICO 1) AVALIAÇÃO LABORATORIAL: ajuda a buscar etiologia!!! Hemograma Cálcio e fósforo séricos Cálcio urina 24h Fosfatase alcalina TSH e T4L PTH: investigar hiperparatireoidismo 25-hidroxi-vitamina D Creatinina: função renal ⇒ A DRC pode cursar com uma perda de massa óssea mais específica, de mais difícil abordagem e tto. Além disso, alguns medicamentos para OP são contraindicados em pctes com a função renal comprometida. 2) AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA Perdas de massa óssea inferiores a 30% não são detectadas radiologicamente. A principal manifestação radiológica da OP é a deformidade vertebral (imagem abaixo). C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 3 3) INDICAÇÕES PARA DENSITOMETRIA ÓSSEA (DMO) Mulheres ≥ 65 anos Mulheres pós-menopausadas, abaixo dos 65 anos, com FRs Homens com idade ≥ 70 anos Adultos com antecedente de fratura por fragilidade óssea (fratura espontânea) Adultos com doenças ou condições associadas à baixa massa óssea ou perdas ósseas (EA, AR, doença inflamatória intestinal etc) Indivíduos com indicação para terapêutica para OP Monitorização do tto ⇒ DMO a cada 2 ano Pessoas que não estejam realizando o tto, cuja identificação de perda óssea possa determinar a indicação do tto Homens e mulheres em uso ou com previsão de corticoide oral (dose ≥ 5 mg/dia) por mais de três meses O correto é que seja solicitada DMO da coluna lombar e fêmur. Existem dois desvios-padrões que são analisados pela máquina: T-score: relacionado ao adulto jovem Z-score: relacionado aos indivíduos da mesma idade. � Analisamos a DMT de acordo com o T-score. Na coluna lombar, analisamos o T- score da média L2-L4. No fêmur, analisamos o T-score do colo e da média de todas Achatamento= FRATURA GRAVE. C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 4 as suas regiões. CASO 1: F, 71a, dx de osteoporose - A máquina da DMO faz a análise de várias regiões do fêmur. Devemos olhar o T- score do colo (neck) e o total (que é a média de todas as regiões). Nesse exame acima, devemos olhar a média L2-L4 e ver o T-score dela, que é -1,3%. C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 5 Dx osteoporose, de acordo com critérios da DMO (OMS): No caso 1, a pcte possui -1,3 na coluna lombar (osteopenia) e, no fêmur, -1,2 no colo e -1,5 no total (osteopenia). Então, a conclusão é: T-score do colo do fêmur: -1,2. T-score total do fêmur: -1,5. C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 6 DMO = "Osteopenia da coluna lombar e osteopenia do fêmur". CASO 2: F, 80a L2-L4 (total): T-score -3,2 (osteoporose). C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 7 No caso 2, a pcte possui L2-L4 (total): T-score -3,2. Quanto ao fêmur, como a classificação está diferente, osteoporose de acordo com o colo e osteopenia de acordo com o total, nós devemos considerar aquele que está pior. Logo, a conclusão é: DMO = "Osteoporose da coluna lombar e do fêmur". TRATAMENTO 1) MEDIDAS GERAIS Dieta: suplementação de cálcio e vitamina D Analisando agora o fêmur, o T-score do colo é -2,6 (osteoporose) e do total é -1,8 (osteopenia). C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 8 ↓ ingestão álcool, fumo e cafeínas: café tem relação direta com perda massa óssea Atividade física: exercícios físicos resistidos e musculação (melhorando massa muscular, melhoramos massa óssea). Lembrar que exercícios dentro da água não ↑ massa óssea Exposição solar: antes 9h manhã ou após 17h Prevenção quedas: retirar tapetes, colocar barras de apoios, uso de bengalas, uso de andadores. 2) SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO Mulheres sadias > 50 anos: 1.200 mg/dia. Preferencialmente da dieta: Carbonato de cálcio e fosfato tribásico de cálcio ⇒ maior disponibilidade (40% do que se ingere é absorvido). Citrato de cálcio (21% de absorção = pequena) ⇒ deve ser prescrito para pctes com antecedentes de nefrolitíase; gastrectomias; cirurgia bariátrica. 3) SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D VR: 20 ng/mL (adulto), 30 ng/mL (idoso; grupo de risco). Deficiência: < 20 ng/mL (reposição com 50.000 UI/semana, por 8 semanas, e reavaliar). Manutenção (após sair da deficiência e chegar no VR): 1.000 – 2.000 UI/dia. A vitamina D é lipossolúvel, devendo, portanto, ser ingerida junto com alimentos. Deve ser tomada pela manhã, durante o café da manhã. 4) TTO MEDICAMENTOSO Medicamentos aprovados para mulheres pós-menopausadas com OP: TRH, SERM, bisfosfonatos, denosumabe e teriparatida 4.1. Terapia de Reposição Hormonal (TRH) Especialmente em mulheres com sintomas climatéricos, antes dos 60 anos ou com menos de 10 anos de pós-menopausa. Avaliação individual, pois a TRH é contraindicada em pacientes com antecedentes de câncer (pessoal/família), cálculos biliares, TVP e alto RCV ⇒ Pois ↑ risco dessas doenças ocorrerem. C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 9 Prescrição: benefício > risco. 4.2. Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERM) Raloxifeno – 60 mg/dia. Prevenção e tto da OP ⇒ Opção para mulher que não queira TRH!! Ação estrogênica: sistema ósseo e CV (proteção CV). Ação anti-estrogênica: mama e endométrio. Vantagem sobre TRP: ausência sangramento vaginal e mastalgia Contraindicação: história prévia de tromboembolismo venoso (TE), pois ↑ sua chance de ocorrer. 4.3. Bisfosfonatos (1ª escolha no tto OP) Para pacientes fora da faixa etária/indicação de uso de TRH ou SERM, utilizamos os bisfosfonatos. São 4 fármacos, que se diferenciam pela posologia, pela via e pela potência anti-reabsortiva. Alendronato: mais barato, VO e menos potente. Risedroanto:VO Ibandronato: VO Ácido zoledrônico: 1x/ano, EV → mais potente. Por ordem de potência anti-reabsortiva: ácido zoledrônico > ibandronato > risedronato > alendronato. Também se diferenciam pelo sítio de predileção de ganho de massa óssea. Por exemplo, alendronato e ibandronato são medicamentos que levam ao ganho de massa óssea superior na coluna do que no fêmur. O risedronato já leva a um ganho superior no fêmur. O ácido zoledrônico leva a um ganho semelhante nas duas regiões. Isso é importante na escolha do medicamento. Por exemplo: paciente com OP no fêmur e coluna lombar normal, usamos o risedronato ou ácido zoledrônico. São contra-indicados em pacientes com IR 4.4. Denosumabe (SUS 🙂) Anticorpo monoclonal humano anti-RANKL. C1 - OSTEOPOROSE (Thaís Garcia) 10 Inibe a formação, ativação e sobrevivência dos OCs ⇒ droga anti-reabsortiva. ↑ DMO. 60 mg, SC, a cada 6 meses. 1ª linha em pacientes com disfunção renal e em substituição aos bisfosfonatos. RAM: osteonecrose mandíbula e fratura atípica de fêmur (assim como bisfosfonatos). 4.5. PTH (teriparatida, fragmento recombinante 1-34) Paratormônio recombinante. Estimula OBs → ↑ DMO Uso contínuo ⇒ efeito destrutivo sobre o osso. Uso intermitente ⇒ efeito protetorsobre o osso. Agente anabólico ⇒ ↑ formação óssea (é o único que faz isso). Indicações: alto risco de fraturas; fraturas prévias; falha ou intolerância a outros ttos (por exemplo, pacientes que já estão fazendo terapia anti-reabsortiva, mas continuam fraturando). Dose: 20 mcg/dia, SC, durante 18 meses. Tto não deve exceder 2 anos, pois ↑ risco osteossarcoma � CALCITONINA: O uso é bastante reservado. Não é usada como tto. É usada apenas para analgesia no caso de fraturas vertebral por OP. Dose: 200 UI/dia, intra-nasal ⇒ Uso contínuo durante os primeiros 2 meses após a fratura e, posteriormente, de forma intermitente, por 3 a 4 meses. Inibe a ação do OC. Efeito analgésico em fratura vertebral aguda. 💡 Sobre terapia combinada e sequencial: O ideal é começar com monoterapia sequencial (finalizo com um e logo depois começo com outro). A terapia combinada só será indicada se houver falha na monoterapia (+ ↑ risco fraturas e ↓ DMO).
Compartilhar