Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 1 � T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) PROBLEMA 2 – DOR NAS JUNTAS Enquanto Paulo Ricardo rodava na ortopedia, sua namorada, Jeana Carla, estava rodando na reumatologia. Hoje, no ambulatório, Jeana Carla atendeu a uma paciente de 45 anos com artrite reumatoide, de evolução há dez anos, que se queixava de muita dor, inchaço, e limitação dos movimentos das mãos, punhos, pés, e joelhos. A paciente era do interior do Maranhão e nunca havia conseguido uma consulta com especialista. Ao exame físico, Jeana Carla observou intensa sinovite dos punhos, das metacarpofalangeanas e dos joelhos. A paciente deambulava com dificuldade e apresentava deformidades das mãos e dos punhos, característicos da doença. OBJETIVOS: (Reumatologia Brasileira; Reumatologia – Carvalho 2019) 1. Caracterizar a articulação (conceito; função; tipos: fibrosa, cartilaginosa, sinovial). 2. Descrever as estruturas que compõem uma articulação sinovial (cápsula articular; membrana sinovial; cartilagem articular). PS: visualizar com os alunos a figura de uma articulação sinovial, para reconhecimento das estruturas. 3. Caracterizar o líquido sinovial normal e reconhecer os diferentes tipos, de acordo com a etiologia. (Artigos LS 2003; LS 2010) 4. Identificar os diferentes tipos de cartilagem articular (hialina; elástica; fibrosa). 5. Caracterizar a cartilagem hialina – componentes e funções (condrócitos; matriz extracelular: água, colágenos, proteoglicanos; proteases). 6. Compreender a biomecânica da cartilagem articular. 7. Descrever a fisiopatologia das alterações cartilaginosas na artrite reumatoide (AR), e diferenciá-las das alterações na osteoartrite (OA) 1 - Caracterizar a articulação 📚 CARVALHO, M.A et al. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 2 CONCEITO: As articulações são estruturas constituídas de tecido conjuntivo denso, que promovem a união entre ossos, formando o esqueleto. FUNÇÃO: As articulações têm a função de possibilitar os movimentos e estabilizar os ossos (como ocorre na sínfise púbica p. ex.). Essas estruturas podem sofrer influências de mecanismos homeostáticos, como os imunes e hormonais. TIPOS: As articulações podem ser classificadas em fibrosa, cartilaginosa e sinovial, conforme os seus componentes principais. ARTICULAÇÃO FIBROSA (SINARTROSES): O principal componente da articulação fibrosa, como o próprio nome diz, é o tecido fibroso. Ela tem pouca ou nenhuma movimentação. Os exemplos desse tipo de articulação são: suturas (crânio), sindesmoses (como a tibiofibular e timpanoestapedial) e gonfose (que fica entre o dente e o alvéolo). Uma sinartrose pode se fundir e virar sinostose, de modo que os ossos ficam 100% colados. ARTICULAÇÃO CARTILAGINOSA: As articulações cartilaginosas têm como componente principal a fibrocartilagem ou a cartilagem hialina. Elas são subdivididas em primárias (sincondroses) e secundárias (sínfise). a) Articulações cartilaginosas primárias (sincondroses): tem como componente principal a cartilagem hialina. Geralmente, a união entre os ossos por cartilagem hialina é temporária. Ocorre durante o desenvolvimento de um osso longo. No final deste, a cartilagem é convertida em osso e a epífise se funde à diáfise. Algumas podem ser permanentes, como a cartilagem costal do primeiro arco ligado ao esterno. b) Articulações cartilaginosas secundárias (sínfises): composta por combinação de hialina e fibrocartilagem. Tem pouca movimentação. Exemplos: sínfise púbica e articulação entre os corpos vertebrais. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 3 ARTICULAÇÃO SINOVIAL (DIARTROSE): Componentes diferenciais: cápsula e cavidade articular. Toda diartrose é uma articulação sinovial. Características: geralmente, são encontradas em ossos longos, possuindo uma cápsula que liga suas extremidades e delimita a cavidade articular. Classificação de acordo com sua forma e tipo de movimento: planas, dobradiças ou gínglimo, condilar, esferoide ou enartrose, elipsoide biaxial, pivô ou trocóidea, selar biaxial. a) Planas: Movimento: deslizamento. As superfícies são ligeiramente abauladas. Exemplo: acromioclavicular. b) Dobradiça/gínglimo: Eixo: uniaxial. Movimento: flexão e extensão. Exemplos: interfalângicas. c) Condilar: Eixo: biaxial. Movimento: flexão e extensão (principalmente), adução e abdução e circundação. É semelhante à dobradiça, mas com mais possibilidades de movimentos. Exemplos: joelhos. d) Esferoide/enartrose: Eixo: multiaxial. Movimento: flexão e extensão, abdução e adução, rotação e circundação (movimentos combinados). Exemplos: ombros. e) Elipsoide biaxial: Movimento: flexão e extensão, abdução e adução e circundação. Porém, há limitação nos movimentos devido à presença de uma extremidade côncava em contato com outra convexa. Exemplos: radiocárpica. f) Pivô ou trocoidea: T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 4 Eixo: uniaxial. Movimento: rotação. Exemplos: radioulnar proximal. g) Selar biaxial: Movimento: relacionamento de extremidades de igual curvatura, permitindo a circundação. Exemplos: carpometacárpica do polegar. 2 - Descrever as estruturas que compõem uma articulação sinovial 📚 1) CARVALHO, M.A et al. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019; 2) CECIN, H.A.; XIMENES, A.C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Atheneu, 2015. CÁPSULA ARTICULAR: Constituída por duas camadas: Camada externa fibrosa de tecido conjuntivo denso, contínua com a camada fibrosa do periósteo dos ossos da articulação. Essa camada é inelástica e contribui para estabilizar a articulação. Camada interna, que é a membrana sinovial. MEMBRANA SINOVIAL (SINÓVIA): Reveste toda a cavidade articular, com exceção das cartilagens articulares. Possui muitos vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Funções principais: produzir e reabsorver o líquido sinovial, que é importante para facilitar o deslizamento entre as superfícies articulares. Além disso, fornece nutrientes necessários para a superfície articular. Possui duas camadas: Camada íntima: é uma fina camada celular (composta pelos sinoviócitos, principalmente), localizada na superfície. Os sinoviócitos são divididos em dois tipos celulares: macrófagos sinoviais (células do tipo A) e fibroblastos sinoviais (células do tipo B). Macrófagos sinoviais correspondem a cerca de 20% das células dessa camada, enquanto os fibroblastos representam 80%. Os sinoviócitos, principalmente os macrófagos sinoviais, possuem função fagocítica. Fisiologicamente, os macrófagos sinoviais podem absorver e degradar constituintes extracelulares, debris (restos de T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 5 células mortas), microrganismos e antígenos localizados no líquido sinovial e na íntima. Assim, essas células ficam com uma quantidade significativa de proteínas em seu interior e tornam-se capazes de alterar a composição das proteínas do líquido sinovial. Além disso, as células do tipo A podem transportar os materiais fagocitados para os canais linfáticos da camada subíntima, retirando-os da circulação. Sobre os fibroblastos sinoviais, são células que possuem a importante função de sintetizar os componentes da substância fundamental do tecido conjuntivo (colágeno, proteoglicanos e ácido hialurônico) e lubricina. Possivelmente, a expressão de moléculas de adesão nesses fibroblastos sinoviais direciona a passagem de outras células, como os neutrófilos, para o líquido sinovial e a retenção de outras na membrana sinovial, como os leucócitos mononucleares. O dano tecidual estimula os fibroblastos e induz sua mitose. Camada subíntima: contém vasos sanguíneos (para nutrir a membrana sinovial e a cartilagem articular avascular) e possui a função de suporte. É constituída por tecido conectivo, podendo ser fibroso, adiposo ou areolar, dependendoda articulação. É uma camada rica em colágenos do tipo I, III, V e VI, glicosaminoglicanos, matriz extracelular, incluindo tenascina e lamininas. Em condições fisiológicas, não há células inflamatórias na camada subíntima, podendo encontrar apenas alguns macrófagos e mastócitos. Além disso, essa camada possui uma rica rede de nervos simpáticos, que regulam o tônus vascular, e sensoriais, que respondem pela propriocepção e dor. Alguns neuropeptídios estão presentes, como a substância P, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina e o peptídeo intestinal vasoativo. As membranas sinoviais podem ser de diferentes tipos: Areolar: tecido conjuntivo frouxo com muitas céls nas duas camadas e rico em vasos sanguíneos. Adiposo: camada única de céls achatadas e camada subíntima com céls adiposas. Fibroso: revestimento celular fino e em contato direto com o tecido colagenoso denso. Mista: combinação dos tipos anteriores. Estão presentes, principalmente, na região juncional entre os diferentes tipos de membranas sinoviais. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 6 A superfície da membrana sinovial é variável, podendo ser plana ou com projeções (vilos). As projeções permitem adaptação ao movimento. Movimento articular: necessita de deformação, não aderência e lubrificação da cartilagem. É dependente da membrana sinovial. Deformação: a membrana sinovial acomoda-se de forma posicional à articulação, aos tendões adjacente, aos ligamentos e à cápsula articular. Ocorre uma expansão e contração da membrana sinovial durante o movimento. É importante para manter a própria integridade da sinóvia. Não aderência: a sinóvia não se adere às superfícies opostas. É importante para gerar movimentos regulares. Lubrificação: facilita a movimentação de cartilagem sob cartilagem. Há redução do atrito e do desgaste, garantindo um revestimento liso e escorregadio. Artrite reumatoide (AR): a membrana sinovial transforma-se em um tecido invasivo, destruindo cartilagens e ossos adjacentes. A sinóvia passa a ser chamada de pannus reumatoide, possuindo hiperplasia e hipertrofia de sinoviócitos, infiltrado inflamatório (composto por linfócitos, plasmócito e macrófagos) e angiogênese (aumentando a sua vascularização). CARTILAGEM ARTICULAR: É um tecido conectivo que recobre as superfícies articulares dos ossos. Função: permitir o deslizamento suave das extremidades ósseas, reduzindo os atritos e absorvendo o choque durante o movimento. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 7 Composição: condrócitos e condroblastos, matriz extracelular e revestimento pelo pericôndrio. Não existem vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A nutrição da cartilagem é feita pela membrana sinovial, principalmente. Entretanto, algumas partes da cartilagem obtêm nutrientes de forma indireta, fazendo difusão através da cartilagem ou possivelmente por mobilização do líquido sinovial durante o movimento articular. Essa cartilagem será mais detalhada no objetivo 4. 3 - Caracterizar líquido sinovial normal e reconhecer os diferentes tipos, conforme etiologia 📚 1) CARVALHO, M.A et al. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019; 2) CECIN, H.A.; XIMENES, A.C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Atheneu, 2015; 3) MELO, R.G. O líquido sinovial. Acta Reum Port, p. 249-266, 2003. CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO SINOVIAL NORMAL: viscoso, amarelado- transparente, contendo poucas células (<100 cél/mL), predominantemente T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 8 mononucleares. Está presente nas cavidades articulares e nas bainhas dos tendões. FUNÇÕES DO LÍQUIDO SINOVIAL: atua como um “amortecedor” do tecido sinovial, lubrifica e protege as superfícies, pela ↓ atrito gerado no movimento, permitindo o movimento suave e indolor. Além disso, garante a nutrição das cartilagens articulares. COMPOSIÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL: filtrado do plasma acrescido de outros produtos, como a lubricina (glicoproteína) e o ácido hialurônico, que são secretados pelo sinoviócito B. Além disso, contém uma pequena quantidade de proteínas de alto peso molecular (tais como fibrinogênio e globulinas). Lubricina: é uma gp, solúvel em água, presente no líquido sinovial e na superfície da cartilagem. É a principal responsável pela lubrificação das articulações sinoviais. Ácido hialurônico: é um polissacarídeo de alto peso molecular, principal componente do líquido sinovial e da cartilagem. Possui um importante papel na manutenção da viscosidade do líquido sinovial. CIRCULAÇÃO: as trocas entre o sangue e o líquido sinovial são facilitadas pelos capilares fenestrados da membrana sinovial. Ademais, o movimento articular influencia na circulação de água entre a cartilagem e o líquido sinovial, além de acelerar o fluxo sanguíneo e ativar o sistema linfático, o qual retira macromoléculas, catabólitos e o excesso de líquido intra-articular. PERMEABILIDADE SINOVIAL: para a maioria das pequenas moléculas, é determinada por difusão livre. A passagem de solutos é facilitada por sistemas de transporte específicos, que são capazes de mover a água para fora do espaço articular. Todas as proteínas plasmáticas são capazes de atravessar o endotélio, atravessar o interstício sinovial e entrar no líquido sinovial. A eficiência desse processo é determinada pelo tamanho molecular da proteína e o diâmetro dos poros endoteliais. Quanto menores, maior facilidade (permeabilidade inversamente proporcional às dimensões das moléculas). Em contraste, o processo de remoção das proteínas e outros componentes por meio da drenagem linfática é um processo irrestrito e bem mais eficiente. A [ ] proteínas no líquido sinovial reflete o equilíbrio dinâmico entre a entrada e a saída em um dado momento. Como a saída é mais eficiente que a entrada, a pressão do espaço articular é subatmosférica (pressão T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 9 negativa), normalmente. Essa pressão intra-articular negativa é importante para manter a estabilidade articular. Ademais, as moléculas solúveis de gordura difundem-se através e entre as membranas celulares, tendo uma passagem menos restrita. As moléculas de gordura mais importantes são os gases respiratórios (oxigênio e dióxido de carbono). NAS INFLAMAÇÕES, há ↑ permeabilidade, tendo a entrada abundante de todas as proteínas e de moléculas maiores. CONSEQUÊNCIA: ↑ líquido sinovial e ↓ estabilidade da articulação. Além disso, o líquido sinovial pode apresentar baixa pressão parcial de oxigênio, alta pressão parcial de dióxido de carbono, ↓ pH e ↑ lactato. A hipóxia e a acidose resultantes podem ter sérias implicações para o metabolismo sinovial. PERDA DE MOVIMENTO: gera ↑ coleções líquidas, surgimento de fibrose e encurtamento dos ligamentos e da cápsula articular nas articulações inflamadas ⇒ Deterioração da função articular. O indivíduo pode ficar incapacitado para a realização de tarefas da vida diária. A remobilização pode reverter as alterações. ANÁLISE DO LÍQUIDO SINOVIAL E SUAS ALTERAÇÕES: É um dos principais testes para avaliação de patologias articulares, podendo fornecer um dx específico e guiar o tratamento. Pode ser obtido por aspiração da articulação com agulha acoplada à seringa (artrocentese) ou por cirurgia aberta e/ou artroscópica. Em infecções, a artrocentese possui indicação. Um teste Gram positivo pode ser essencial para direcionar o tratamento, por exemplo. Uma cultura positiva pode dar um diagnóstico definitivo e oferece a oportunidade de testar antibióticos diferentes para o microrganismo identificado. Na artrite séptica, a cultura do líquido sinovial é o método mais sensível e específico para o diagnóstico. Em artrites induzidas por cristais (gota e pseudogota), a análise do líquido sinovial também é importante. É possível diferenciar gota úrica (depósito de cristais de monourato de sódio) e a pseudogota (depósito de cristais de pirofosfato de cálcio dihidratado). Essas doençaspodem se assemelhar a outras artrites, incluindo a séptica. Também podem coexistir com outras patologias. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 10 A única forma de comprovar gota ou pseudogota é através da presença de cristais no líquido sinovial. A pesquisa de cristais sob luz polarizada deve sempre ser realizada. Assim, a artrocentese é relevante para excluir a presença de infecções concomitantes e o próprio procedimento possui um efeito terapêutico. A análise do líquido sinovial permite caracterizar o processo patológico articular como: Inflamatório: contagem de células > 2.000 céls por mm3. Quando > 50.000 céls por mm3, sugere-se artrite de origem bacteriana. Não inflamatório: contagem de células < 2.000 céls por mm3. A tabela 1 evidencia características do líquido sinovial em condições normais e em distúrbios articulares. Podemos observar o seguinte: Líquido sinovial normal: volume aspirado <3,5 mL, viscosidade muito alta, coloração amarelo-palha, aspecto transparente, contagem de leucócitos é de aproximadamente 200, percentagem de polimorfonucleares < 25%. Líquido sinovial não inflamatório - aspectos diferentes do líquido normal: volume > 3,5 mL, viscosidade alta, contagem de leucócitos 200-2.000, percentagem de polimorfonucleares de aproximadamente 25%. Líquido sinovial inflamatório: volume > 3,5 mL, viscosidade baixa, coloração amarelo-palha ou opalescente, aspecto translúcido ou turvo, contagem de leucócitos entre 2.000 e 50.000 e percentagem de polimorfonucleares > 50%. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 11 Líquido sinovial séptico: > 3,5 mL, viscosidade variável, coloração variável com o microrganismo (pode ficar verde-oliva), aspecto turvo, contagem de leucócitos > 50.000 ou > 100.000, percentagem de polimorfonucleares > 75%. 💡 ... RESUMINDO ... O líquido não inflamatório possui ↑ de sua quantidade, mas o ↑ leucócitos é relativamente pequeno. O líquido inflamatório aparece em quantidade maior, possui um maior nº leucócitos, tendo alteração de seu aspecto, de sua coloração e de sua viscosidade. O séptico está ainda mais alterado, tendo um grande ↑ leucócitos e alteração de cor, aspecto, viscosidade e volume. A tabela 2 mostra exemplo de etiologias, de acordo com o líquido sinovial encontrado. Podemos observar o seguinte: Não inflamatório: osteoartrose, trauma, LES, AR (inicial). Inflamatório: AR, espondiloartropatias, artrite virusal, febre reumática. Infeccioso: artrite séptica bacteriana, TB articular, artropatia de Charcot (neuroartropatia). Hemorrágico: trauma, coagulopatia, tumor ou doença mieloproliferativa, uso de anticoagulantes, hemoglobinopatia falciforme e prótese articular. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 12 T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 13 T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 14 T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 15 ASPECTO MACROSCÓPICO DO LÍQUIDO SINOVIAL: Volume normal de líquido sinovial presente no joelho: < 3,5 mL. O volume aspirado deve ser anotado. Aspecto: límpido, opalescente, turvo e purulento. Pode ser classificado em 1 (claro), 2 (turvo), 3 (moderado), 4 (muito turvo). A transparência normal do líquido sinovial é ↓ pelo ↑ leucócitos, deposição de cristais, lipídios, fibrina, substância amiloides e corpos riciformes. A turvação sugere inflamação, mas não é de diagnóstico absoluto. No início da inflamação, pode haver a presença de um líquido claro. Coloração: varia de amarelo palha (quando há Bb), a cor natural, ao amarelo claro (processos inflamatórios). O líquido séptico pode ser amarelo, amarelo- esverdeado ou castanho. O colesterol pode conferir uma coloração dourada. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 16 Uratos ou cristais de apatita podem conferir uma coloração branca ou amarelo-cremosa. Hemartroses ou artrocenteses traumáticas podem dar uma cor avermelhada, pela presença de eritrócitos. Coloração cinza ou preta sugere a presença de partículas de plástico ou de metal das próteses articulares. A viscosidade é avaliada ao observar sua consistência na passagem da seringa para o tubo de vidro. Pode ser classificada em: 1 (muito viscosa), 2 (viscosidade moderada), 3 (aguada). Viscosidade ↓: sugere inflamação Viscosidade ↑: hipotireoidismo e na acromegalia. 4 - Identificar os diferentes tipos de cartilagem articular 📚 1) CECIN, H.A.; XIMENES, A.C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Atheneu, 2015; 2) JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia Básica: Texto e Atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. CARTILAGEM HIALINA: é a mais comum. Sua matriz é composta principalmente por fibrilas de colágeno tipo II. Também possui ácido hialurônico, proteoglicanos e glicoproteínas. Está presente nos discos epifisários, permitindo o crescimento dos ossos, na extremidade ventral das costelas e recobrindo a superfície dos ossos longos. CARTILAGEM ELÁSTICA: possui muitas fibras elásticas (elastina) e poucas fibrilas de colágeno tipo II. Está presente no pavilhão da orelha. CARTILAGEM FIBROSA: sua matriz é composta por fibras de colágeno tipo I, principalmente, mas também possui colágeno tipo II. É mais resistente à tração. Possui uma estrutura intermediária entre a cartilagem hialina e o tecido conjuntivo denso modelado. Está presente nos discos intervertebrais entre as vértebras da coluna, amortecendo os choques mecânicos e conferindo flexibilidade motora ao organismo. 5 - Caracterizar a cartilagem hialina – componentes e funções T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 17 📚 1) CECIN, H.A.; XIMENES, A.C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Atheneu, 2015; 2) VELOSA, A.P.P.; TEODORO, W.R.; YOSHINARI, N.H. Colágeno na cartilagem osteoartrótica. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo, v. 43, n. 3, p. 160-166, 2003. As CARTILAGENS HIALINAS são encontradas nas articulações do tipo Diartrose (que se mexem livremente). Possuem consistência firme, superfície lisa e resistentes a deformação. Não existem vasos sanguíneos, vasos linfáticos ou nervos. São compostas por água, proteoglicanos (PG), colágeno (maior quantidade de tipo 2) e outras proteínas e glicoproteínas (gps). CONDRÓCITOS: Células altamente especializadas, presentes apenas na cartilagem articular. Ocupam menos de 10% do volume total da cartilagem, sendo distribuídos dentro da matriz. O aporte nutricional ocorre por difusão, atravessando a dupla barreira da cartilagem. O contato da cartilagem articular com o osso subcondral vascularizado parece ser crucial para a nutrição dos condrócitos. Sobrevivem com baixa [ ] oxigênio, através do metabolismo anaeróbio, formando ácido lático como produto final. A forma e o tamanho dessas células variam: condrócitos mais superficiais são elipsoidais e estão alinhados à superfície. Condrócitos da zona profunda possuem aspecto colunar e são dispostos perpendicularmente à zona calcificada. FUNÇÕES: manter a matriz através da síntese de seus componentes (como colágeno do tipo II, proteoglicanos e proteínas não colagenosas) e da regulação de seu metabolismo. São células metabolicamente ativas, apesar de parecerem estáticos. Os condrócitos renovam as biomacromoléculas da matriz através da substituição dos componentes degradados da matriz. São células capazes de responder a estímulos do ambiente e de mediadores solúveis (como fatores do crescimento e interleucinas) e são sensíveis a cargas mecânicas, alterações de pressão hidrostática, mudanças de pressão osmótica, lesões e artrite degenerativa. MATRIZ EXTRACELULAR: T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 18 A matriz extracelular é composta por água, colágeno, proteoglicanos, lipídeos, fosfolipídios, proteínas e glicoproteínas. a) ÁGUA: 65-80% peso da cartilagem, tendo função na biomecânica da cartilagem. Ao interagir com os proteoglicanos, a água garante resistência à compressão. Os poros da matriz possuem pequeno diâmetro, o que leva a alta resistência ao fluxo do fluidoextracelular. Essa resistência, somada à pressão gerada pela água dentro da matriz, é essencial para que a cartilagem articular tenha força para suportar altas cargas. O fluxo de água através da cartilagem e da superfície articular auxilia no transporte de nutrientes aos condrócitos. b) COLÁGENO: 60% peso seco da cartilagem. É distribuído em todas as zonas da cartilagem, tendo concentração uniforme, porém, com orientação variável. Sua estrutura fornece força de tensão à cartilagem. Cerca de 90-95% do colágeno da cartilagem é do tipo II, com porcentagens menores dos tipos V, VI, IX, X e XI: Colágeno tipo II: principal componente das macrofibras. Função: resistência à tensão. Colágeno tipo VI: localiza-se na matriz pericelular. Função: auxilia os condrócitos a manter a estabilidade da matriz. Colágeno tipo IX: localiza-se na superfície das macrofibras. Função: tensão e conexões interfibras. Colágeno tipo X: relaciona-se com as células hipertrofiadas na camada de cartilagem calcificada. Função: apoio estrutural e auxílio à mineralização da cartilagem. Colágeno tipo XI: entre ou sobre as macrofibras. Função: formação dos núcleos das fibras. c) PROTEOGLICANOS: 10-15% do peso úmido da cartilagem. São produzidos pelos condrócitos e secretados na matriz. São moléculas complexas de polissacarídeos que se associam com ácido hialurônico por meio de uma proteína de ligação e formam grandes agregados moleculares conhecidos como agrecanos (até 200 PGs + 1 ácido hialurônico). Os agrecanos se ligam às fibras de colágeno e formam o arcabouço da matriz da cartilagem. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 19 Fornecem resistência à compressão da cartilagem articular. Além disso, são importantes para manter o equilíbrio dos fluidos e dos eletrólitos na cartilagem articular. Por terem carga negativa, atraem moléculas positivas e repelem as moléculas com cargas negativas, aumentando a concentração de íons inorgânicos (como o sódio) na matriz e aumentando a osmolaridade da cartilagem articular. d) PROTEÍNAS NÃO COLAGENOSAS E GLICOPROTEÍNAS: são São proteínas contendo monossacarídeos e oligossacarídeos agregados. São envolvidas na manutenção da estrutura da cartilagem articular. Incluem: ancorina CII (uma proteína de superfície dos condrócitos), proteína oligomérica da cartilagem (uma proteína ácida encontrada dentro da matriz territorial), fibronectina e tenascina. PROTEASES: Os próprios condrócitos sintetizam enzimas proteolíticas que são responsáveis pela degradação da cartilagem. As principais proteases são as metaloproteases (MMP). São enzimas que podem digerir todas as macromoléculas da matriz (como colágeno, elastina, proteoglicanos, etc). Existem 3 grupos de metaloproteases: Colagenases (MMP-1, MMP-8, MMP-13) Gelatinases (MMP-2 e MMP9-) Estromelisina (MMP-3 e MMP-10). Existem outas metaloproteases, como: MMP-7, MMP-11, MMP-12 e MT-MMP. Outras proteases importantes, além das MMPs, são as catepsinas (Catepsina B e D), que possuem a capacidade de degradar o agrecano dos proteoglicanos. Os agentes inibitórios das metaloproteases são os inibidores teciduais das metaloproteases (TIMP 1, TIMP2 e TIMP3), que se ligam às metaloproteases e formam complexos bloqueando a sua ação. O equilíbrio entre proteases e seus inibidores é muito importante. Na osteoartrose, por exemplo, ocorre um ↑ metaloproteases e ↓ TIMPs, desequilibrando a proporção metaloproteases-inibidores. Resultado: degradação enzimática da cartilagem. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 20 6 - Compreender a biomecânica da cartilagem articular 📚 1) CECIN, H.A.; XIMENES, A.C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Atheneu, 2015. A cartilagem articular é importante para transmitir carga através das articulações. Possui uma estrutura capaz de armazenar, transmitir e dissipar energia mecânica durante os movimentos. As propriedades de tensão e compressão da cartilagem articular são bem definidas. O colágeno, devido às ligações cruzadas entre suas fibras, apresenta um importante papel na resistência à tensão. Já os proteoglicanos e a água retidos na malha de colágeno, garantem resistência à compressão, exercendo uma pressão causada pelo edema. A cartilagem articular é bifásica, sendo que suas propriedades biomecânicas dependem da interação entre suas duas fases, possibilitando que tenham uma capacidade de resistir a altas cargas consecutivas ao longo dos anos. Fase sólida: elementos macromoleculares de colágeno, proteoglicanos e proteínas não colagenosas Fase fluida: com água. As propriedades mecânicas de deformabilidade e relaxamento da cartilagem articular são garantidas pelo tecido poroso e permeável da matriz, que permite o fluxo de água quando pressões são aplicadas. O mecanismo de deformação se deve ao material viscoelástico que responde de forma rápida, quando há uma carga constante, acompanhado de uma deformação lenta, até atingir o estado de equilíbrio. É a malha de fibras de colágeno que restringe a expansão dos PGs com ↑ fluido do tecido. A falha mecânica da matriz e a osteoartrite resultam na ruptura da estrutura dessas fibras de colágeno e consequente expansão de PGs, que leva a um ↑ da [ ] água na cartilagem. Essa ↓ na sua rigidez e o ↑ na permeabilidade da matriz fazem com que o tecido se torne menos capaz de suportar cargas. 7 - Descrever fisiopatologia das alterações cartilaginosas na AR, e diferenciá-las das alterações na OA T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 21 📚 Referências enviadas pela professora Thayssa. FISIOPATOLOGIA DA ARTRITE REUMATOIDE (AR): Considerada uma artrite NÃO DEGENERATIVA do tipo soropositiva, pois há positividade do FAN (fator antinuclear) e do fator reumatoide (FR) � FISIOPATOLOGIA DA AR: Na membrana sinovial inflamada há MAIOR expressão de RANKL nos locais de erosões ósseas LT e LB: presentes nos infiltrados inflamatórios sinoviais e nos centros germinais. Os LB expressam a molécula CD20 Os LT CD4 estimulam LB a produzir Igs, incluindo o FR = autoanticorpo, possui a porção Fc classe IgG como seu Ag FR: ativação complemento por meio da formação de imunocomplexos com fixação de complemento, estimulando inflamação e levando a sinovite crônica. Geralmente, os testes detectam apenas a classe IgM no FR Títulos mais elevados de FR ⇒ Doença mais grave!!! O comprometimento da articulação tem início na membrana sinovial. A SINOVITE (microscopicamente) pode ser caracterizada por 3 fases: FASE DE EXSUDAÇÃO: congestão e edema são mais acentuados na superfície interna da membrana sinovial. Sua contrapartida é a formação de derrame no espaço articular. FASE DE INFILTRAÇÃO CELULAR: predomina-se o LT, sobretudo os auxiliares/indutores (T CD4) FASE DE FORMAÇÃO DE TECIDO GRANULAÇÃO: corresponde à fase crônica, a qual é carcaterizada por uma membrana sinovial hiperplasiada, formando tecido granulação que recobre a cartilagem e o osso subcondral (pannus). Pannus: tecido invasivo composto por céls que produzem grandes qtdes de enzimas destrutivas que substituem a cartilagem hialina de forma progressiva. O novo tecido apresenta uma rica angiogênese = fundamental para desenvolvimento e manutenção da fase crônica. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 22 O tec conjuntivo recém formado tem capacidade de maturação pluripotencial e pode apresentar metaplasia em tec sinovial, cartilaginoso hialino, fibroso ou óssea ⇒ Resultado: anquilose fibrosa ou óssea!!! � MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA AR: Instalação insidiosa e progressiva, levando semanas a meses até o seu completo estabelecimento. Sintomas iniciais: podem ser articulares e/ou sistêmicos Queixas iniciais podem ser: Astenia, fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculoesqueléticas vagas antes do início das queixas articulares. Noutros pctes, as queixas iniciais consistem em uma poliartrite aditiva, simétrica, associada a edema e rigidez articular Articulações frequentemente envolvidas na AR precoce: metacarpofalangianas(MCFs) e interfalangianas proximais (IFPs) das mãos, interfalangianas dos polegares, os punhos e as metatarsofalangianas (MTFs) Com a evolução da AR, outras articulações costumam ser afetadas: tornozelos, cotovelos, IFPs dos pés, coluna cervical, esternoclaviculares, temporomandibulares, coxofemorais, cricoaritenoideas e, menos frequentemente, articulações entre ossículos dos ouvidos e as interfalangianas distais (IFDs) de mãos e pés. LEMBRAR: acometimento articular se dá de maneira aditiva e de forma simétrica. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 23 15-30%: início da AR se faz de forma aguda ou subaguda, acompanhado de mialgia, fadiga, febre baixa, hiporexia, emagrecimento e depressão. Mais raramente a AR apresenta-se em uma forma sistêmica ⇒ doença de Still do adulto = dx de exclusão!! Maioria apresenta febre (>38,5ºC), com 1-2 picos/dia + eritema róseo de natureza evanescente/efêmera/ desaparece logo. Acomete frequentemente a COLUNA CERVICAL e as serosites são mais comuns nas demais formas iniciais da AR. Há ainda linfoadenopatia e leucocitose. FR, Acs anti-CCP e Acs antinucleares = NEGATIVOS!! Pactes geralmente NÃO desenvolvem nódulos subcutâneos. Padrão/reumatismo palindrômico: outra forma menos frequente da AR. Quadro semelhante à artrite gotosa aguda, podendo evoluir para AR típica. Artrite é mono ou oligoarticular e o início é súbito, forte intensidade e acompanhado por calor, edema e rubor. Perdura de 12h a alguns dias e evolui por crises, com períodos de remissão de dias a meses. Padrão da dor na AR: dor de ritmo inflamatório (piora pela manhã e à noite) NÃO costuma pegar articulação falangiana distal. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 24 Paciente queixa-se de rigidez articular ao levantar pela manhâ e após períodos de imobilização prolongada. FISIOPATOLOGIA DA OSTEOARTRITE (OA): Considerada uma artrite DEGENERATIVA � FISIOPATOLOGIA DA OA: Na OA ocorre um desequilíbrio entre agentes que atuam no anabolismo e no catabolismo da cartilagem ⇒ Predominando agentes CATABÓLICOS, o que precipita a degeneração da cartilagem. IL-1, IL-6 e TNF ⇒ Liberação proteases, o que ↑ degeneração!! Para frear essa degeneração, são produzidos fatores de crescimento, como o FGF (fator crescimento fibroblástico), TGF (fator crescimento transformador) e IGF (fator crescimento semelhante à insulina) ⇒ Resultado: síntese dos componentes da matriz ou de inibidores das enzimas degradadoras (metaloproteases), tais como o TIMP (inibidor tecidual da metaloproteinase) e PAI-1 (inibidor atividade plasminogênio). Mas há tbm inibidores naturais de IL-1 e a participação de citocinas anti-inflamatórias (IL-4, IL-10 e IL-13). Plasmina: função de ajudar na ativação de colagenase e estromelisina. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 25 Na OA há um ↑ do ativador de plasminogênio (u-PA) e ↓ PAI-1 ⇒ Resultado: ↑ plasmina. Há tbm uma contribuição do NO, o qual exerce efeito catabólicos: inibe a síntese de colágeno e PGs, ativa metaloproeases, inativa TIMP, ↓ expressão do antagonista do receptor de IL-1, inibe a proliferação de condrócitos, interefere na sinalização de integrinas e induz a apoptose de condrócitos in vitro. No esquema acima percebe-se um CICLO VICIOSO que perpetua a OA, agrando-a progressivamente através da chegada à membrana sinovial de ETIOPATOGENIA DAS OAs: MEDIADORES DA DEGRADAÇÃO DA CARTILAGEM. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 26 fragmentos de colágeno, PGs e cristais contidos no líquido sinovial depois de estabelecida a degradação cartilaginosa. Processo imune: NÃO deve desempenhar papel primário, mas está relacionado na manutenção e gravidade da SINOVITE. FR para OAs idiopáticas: idade avançada, hereditariedade, fatores endócrinos e metabólicos, trauma e inflamação. � MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA OA: OAs secundárias são geralmente mono ou oligoarticulares (poliarticulares são menos comuns) As OAs idiopáticas são habitualmente poliarticulares e comportam alguns subgrupos: OA generalizada OA nodal OA nodal erosiva INTERAÇÃO DOS FATORES DE RISCO. T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 27 Condromalácia de patela Certas localizações são preferencialmente femininas (mãos e joelhos); outras, preferencialmente masculinas (coxofemorais) Coluna cervical e lombar, joelhos, mãos, articulações coxofemorais e pés são frequentemente comprometidos. Raramente acomete punhos, cotovelos, ombros e tornozelos (quando acomete, é comumente 2ª a trauma) REGRA DA OA: NÃO apresenta manifestações sistêmicas, nem mesmo nos quadros poliarticulares. Sintomas se instalam de forma insidiosa (=AR) e progride, havendo certa tendência para a bilateralidade no acometimento articular. Queixas: dor (principal) e nódulos de Heberden (problema estético). T6M2P2 - CARTILAGENS, AR e OA (Thaís Garcia) 28 Tríade da OA no RX ⇒ ↓ espaço articular + esclerose óssea subcondral + osteófitos. Em casos mais graves: cistos e erosões ósseas. Nódulos de Heberden: articulações interfalangianas distais. Nódulo de Bouchard: articulações interfalagianas proximais. Além das articulações interfalangianas, a articulação carpo-metacarpo do 1º dedo também são acometidas, sendo chamada de Rizoartrose do polegar.
Compartilhar