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T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 1 📋 T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) PROBLEMA 2: "COME BEM" Piriguelma, 45 anos, tem um sonho: o de participar de um famoso “Realit show”. Resolveu emagrecer e se consultou com um endocrinologista. Relatou a ele ser hipertensa há 3 anos, em uso de Enalapril, 10 mg/dia e que come bem, pois consome apenas 2 refeições por dia baseadas em massas, arroz, feijão e carne vermelha. Passa a maior parte do tempo em casa assistindo TV e não faz atividade física. Fez exames laboratoriais que demonstraram: colesterol total: 220 mg/dl; triglicerídeos: 300 mg/dl; HDL: 35 mg/dl. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 1. Conceituar dislipidemia. 2. Caracterizar a epidemiologia desse distúrbio. 3. Classificar as dislipidemias (Etiologia – primárias e secundárias: a doenças subjacentes, a fármacos, a estilo de vida inadequado; Laboratorial – hipercolesterolemia isolada; hipertrigliceridemia isolada; hiperlipidemia mista). 4. Reconhecer os critérios para identificação de pacientes com alto risco para dislipidemias. 5. Descrever as medidas não medicamentosas. 6. Descrever o tratamento farmacológico. 1- CONCEITUAR DISLIPIDEMIA ⁉ O que é DISLIPIDEMIA? As dislipidemias caracterizam-se clinicamente por níveis plasmáticos elevados de colesterol, triglicerídeos (TGs) ou ambos, acompanhados de modo variável por T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 2 níveis reduzidos de colesterol-HDL (📋 Livro Harrison). A maioria dos pacientes com dislipidemia apresenta alguma combinação de predisposição genética (com frequência poligênica) e contribuição ambiental (estilo de vida, condição clínica ou fármacos). Hipercolesterolemia ⇒ Dooeça vascular aterosclerótica Hipertrigliceridemia grave ⇒ Pancreatite aguda O mecanismo exato pelo qual a hiperTG provoca pancreatite ainda permanece incerto. A teoria mais aceita diz que os TGs são hidrolisados a ácidos graxos por enzimas pancreáticas e o acúmulo destes torna-se extremamente tóxico tanto para as células acinares quanto para os capilares. Diferença entre hiperlipidemia!!!! (📋 Livro Harrison): Existe um nº limitado de “pontos centrais” distintos que regulam o metabolismo das lipoproteínas. Eles incluem: (1) a montagem e a secreção de VLDLs ricas em TGs pelo fígado; (2) a lipólise de lipoproteínas ricas em TGs pela LPL; (3) a captação de lipoproteínas contendo ApoB mediada por receptor pelo fígado; (4) o metabolismo do colesterol celular no hepatócito e no enterócito e (5) a transferência de lipídeos neutros e a hidrólise de fosfolipídeos no plasma. 2- CARACTERIZAR EPIDEMIOLOGIA DA DISLIPIDEMIA No Brasil, são gastos bilhões de reais todos os anos com o tto ambulatorial e hospitalar das dispidemias. Mais comum no sexo masculino, saber faixa etária e etnia asiática é mais comum (inclusive, na SM, os valores para circunferência abdominal são diferentes conforme a etnia) As dislipidemias, além de outros fatores, estão assiciadas a FR não transmissíveis: HAS e DM, que representam um grave problema de saúde pública. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 3 Além disso, sabe-se que as dislipidemias são FR estabelecido para DVC na população geral, mas esta relação não é linear na população com DRC (📋 Diretriz Brasileira de Dislipidemia, 2017). Estudos mostraram que, dentre os pacientes em tto dialítico, os que apresentavam IMC mais elevado, obesidade e hipercolesterolemia evoluíam com maior sobrevida. Esse fenômeno foi denominado “reverso epidemiológico”. 📋 Cecil: Quanto às dislipidemias primárias, temos que: Hipercolesterolemia Familiar (HF): forma autossômica dominante de hipercolesterolemia causada por defeitos na atividade do receptor de LDL. É responsável por ate 5% dos IAM prematuros (H <55a e M <65a). Hiperlipidemia Familiar Combinada: hiperlipidemia autossômica dominante, presente em até 2% da população geral. É responsável por até 20% dos casos de IAM. Hipertrigliceridemia Familiar: tb é um distúrbio autossômico dominante, que ocorre em 1 a 2% da população geral. Caracterizado por superprodução primária de TGs. Esses doentes estão em risco para sd de quilomicronemia. Já os parentes não parecem ter risco para DCV prematura. Sd de Quilomicronemia: TGs >2.000 mg/dL. Ocorre mais comumente em pcte com predisposição para hiperTG que desenvolvem distúrbios associados ao ↑ TGs (como DM não controlado, obesidade e tto com glicorticóides ou estrógenos). Disbetalipoproteinemia: distúrbio raro, causado por mutação na apo E. Esses pctes apresental ↑ risco para DA. Sabe-se que hipotireoidismo precipita esse distúrbios em pctes com predisposição, além de possuirem alto risco para DAC e doença vascular periférica grave. Nesses casos, usamos a classificação fenotípica (Fredrickson). Dislipidemia Diabética: a principal característica é a hiperTG, sendo comum tanto na DM1 quanto na DM2. 3- CLASSIFICAR AS DISLIPIDEMIAS T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 4 📋 Diretriz Brasileira de Dislipidemia, 2017: As dislipidemias podem ser classificadas em: Hiperlipidemias (níveis elevados de lipoproteínas) Hipolipidemias (níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos). CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: Tanto as hiper quanto as hipolipidemias podem ter causas primárias ou secundárias: Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética. Relacionadas com TG alto ⇒ Hiperquolomicronemia familiar, HiperTG familiar, HiperTG esporádica, Disbetalipoproteinemia, Deficiência da lipase hepática. Relacionadas com LDL alto ⇒ Hipercolesterolemia familiar e poligênica, Hiperlipidemia familiar combinada, Apo B100 defeituosa familiar, Hipercolesterolemia autossômica recessiva, Xantomatose cerebrotendionosa, Sitosterolemia. Relacionadas com o HDL baixo ⇒ Deficiência proteínas transferidoras de colesterol, Doença de Tangier, Deficiência da lectina-colesterol acetiltransferase, Hipoalfalipoproteinemia familiar, Doença do olho de peixe. Causas secundárias: são as mais frequentes na nossa prática clínica. A dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos (Quadros 2 e 3). Relacionadas a estilo de vida inadequado ⇒ Tabagismo, Etilismo, Ingesta excessiva de gordura trans, Sedentarismo. Relacionadas a doenças ⇒ IRA, sd nefrótica, Hepatopatia crônica, DM2, Sd Cushing, Hipotireoidismo, Obesidade, Bulimia e Anorexia. Relacionadas a medicamentos ⇒ Diuréticos, BB, Anticoncepcionais, Corticoesteróides, Anabolizantes, Inibidores de Proteases, Isotretinoína (Roacutan), Ciclosporina, Estrógenos, Progestágenos, Tibolona. CLASSIFICAÇÃO LABORATORIAL: As dislipidemias podem ser classificadas de acordo com a fração lipídica alterada em: Hipercolesterolemia isolada: ↑ isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 5 Hipertrigliceridemia isolada: ↑ isolado triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). Indica ↑ partículas ricas em TGs, como VLDL, IDL e quilomícrons. E sabe-se que, à medida que essas partículas ricas em TGs ↑ no sangue, a estimativa do volume de LDL se torna MENOS PRECISA, e, nesse caso, usamos o valor do NÃO HDL como indicador de dx e meta terapêutica. ⁉ O que é o colesterol não HDL? É todo colesterol NÃO associado ao HDL, ou seja, inclui VLDL, IDL e LDL. Serve p/ quantificar TODAS as partículas aterogênicas (e não apenas LDL!!!!) da circulação. Importante sobretudo nos casos de hiperTG, quando o LDL não pode ser avaliado adequadamente pela fórmula de Friedewald. Nesses casos, o uso do não HDL estima melhor o volume de lipoproteinas aterogênicas que o LDL. O LDL colesterol pode ser medido diretamente ou, como na maioria dos casos, calculado pela Equação de Friedewald: LDL=colesterol total - HDL - (TGs/5). ATENÇÃO: essa fórmula só serve se TGs<400mg/dL. Hiperlipidemia mista: ↑ LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewaldé inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. Ou seja, TG ≥400 + não HDL-c ≥ 190 = hiperlipidemia mista. HDL-c baixo: ↓ HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao ↑ LDL-c ou de TG. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 6 Saber fórmulas e implicações do ↑ HDL no cálculos das frações lipídicas (GEORGE). Usar a de 2017 p/ classificação. Saber valores de classificação, estratificação e metas terapêuticas (FLÁVIO). 4- CRITÉRIOS IDENTIFICAÇÃO PACIENTES ALTO RISCO PARA DISLIPIDEMIAS ⁉ Quando solicitar perfil lipídico? Quando pcte apresenta DAC ou outras manifestações de doença aterosclerótica, independentemente da idade ou sexo. Recomenda-se: determinar perfil lipídico em adultos >20a. Se valores normais e sem FRs, repetir exames laboratoriais a cada 5a (desde que hábitos de vida e condições clínicas se mantenham estáveis). ⁉ Quando solicitar perfil lipídico na infância e na adolescência? Não é recomendado de rotina, exceto quando: Possuem parentes 1º grau com dislipidemia (CT>300mg/dL ou TG>400) ou Possuem parentes 1º grau com doença aterosclerótica (DAC, AVC e/ou doença arterial periférica) antes dos 55a (H�) e antes dos 65a (M�) ou Diretriz Brasileira de Dislipidemia, 2017. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 7 Quando há obesidade, pancreatite, xantomatose e fatores de risco para DAC. ⁉ Quando rastrear hiperTG? Em paciente com pancreatite recorrente (TG>1000 = alto risco para pancreatite) ou Mulheres que vão fazer terapia de reposição hormonal (TRH) da menopausa ou Pctes que vão fazer tto oral com isotretinoína. Conhecendo os níveis lipídicos e de TGs dos pacientes, deve-se inferir o RCV. Os principais FRs para DCV são: Dislipidemia, HAS, tabagismo, DM, HDL-c baixo, história familiar de DAC precoce. Outros critérios, como idade, condições socioeconômicas, étnicas, culturais, dietéticas e comportamentais também interferem no RCV. Para identificar o risco global de DCV, a SBC adota o Escore de Risco Global (ERG) de Framingham (inclui a estimativa em 10 anos de eventos coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca), que engloba múltiplos FRs CVs, aterosclerose subclínica e manifestações de DCV. A estratificação de risco CV é dividida em 4 níveis: 🫀 1) RISCO MUITO ALTO Indivíduos que apresentam doença aterosclerótica significativa (coronária, cerebrovascular ou vascular periférica com obstrução ≥50%) com ou sem eventos clínicos. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 8 🫀 2) RISCO ALTO São os pacientes em prevenção primária que apresentam ERG > 20% (homens) ou > 10% (mulheres) OU que apresentam condições agravantes de risco com base em dados clínicos ou de aterosclerose subclínica. DIRETRIZ 2017. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 9 Estratificadores de Risco (ER)*: Idade ≥ 48 anos no homem e ≥ 54 anos na mulher; tempo de diagnóstico do diabetes > 10 anos; histórico familiar de parente de primeiro grau com DCV prematura (< 55 anos para homem e < 65 anos para mulher); tabagismo (pelo menos um cigarro no último mês); HAS; síndrome metabólica (SM), de acordo com a International Diabetes Federation; presença de albuminúria > 30 mg/g de creatinina e/ ou retinopatia; CAC: cálcio arterial coronariano; DASC: doença aterosclerótica subclínica; DCR: doença renal crônica; ER: estratificadores de risco; ITB: índice tornozelo-braquial; LDL-c: lipoproteína de baixa densidade colesterol. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 10 TFG < 60 mL/min. DASC (doença aterosclerótica subclínica)**: Ultrassonografia de carótidas com presença de placa > 1,5 mm; ITB < 0,9; escore de cálcio coronário > 10 unidades Agatston; presença de placas ateroscleróticas na angiotomografia de coronárias; LDL-c entre 70 e 189 mg/dL, com escore de risco global do sexo masculino > 20% e > 10% para o sexo feminino. 🫀 3) RISCO INTERMEDIÁRIO Indivíduos com ERG entre 5 e 20% no sexo masculino e entre 5 e 10% no sexo feminino OU Indivíduos com DM sem os critérios de doença DASC ou a presença dos estratificadores de risco (ER) ⇒ Muitos dos indivíduos de meia idade pertencem a essa categoria de risco!!! 🫀 4) RISCO BAIXO Adultos entre 30 e 74 anos, de ambos os sexos, cujo risco de eventos CV em 10 anos calculado pelo ERG é inferior a 5%. Embora o uso de escore de cálcio para pacientes considerados de baixo risco não seja recomendado, pacientes em risco intermediário não diabéticos, ER* e DASC** vide acima (em alto risco). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 11 sem histórico familiar de doença coronariana prematura que tenham escore de cálcio zero poderão ser considerados de baixo risco e postergar o início da terapia redutora de colesterol com estatinas. 💡 Varíaveis do escore de risco de Framingham: idade, sexo, DAC, DM, hipertrofia VE baseada em ECG, doença valvar, FC e PAS. Estratificação do risco cardiovascular. DASC: doença aterosclerótica subclínica; DRC (TFG < 60 ml/mn/m2, não dialítica); ER: estratificadores de risco; ERG: escore de risco global. DIRETRIZ 2019. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 12 💡 Sendo a idade um dos mais importantes determinantes de risco para eventos CV, um homem de 62 anos, sem DASC, normotenso, não tabagista, não diabético e com níveis ótimos de lipídeos séricos já seria classificado pelo ERG como de risco intermediário, mesmo sem qualquer fator agravante (Diretriz 2017). 💡 Estratificação de risco em pacientes em uso de estatinas: propõe o uso de um fator de correção para o Colesterol Total (CT) para o cálculo do ERG em pacientes sob a terapia hipolipemiante. Assim, em pacientes em uso de estatina, deve-se multiplicar o CT por 1,43, como usado em alguns ensaios clínicos que tornam por base uma redução média de 30% do CT com estatinas. 💡 Principais FRs para DAC: (POSITIVOS) Idade (�≥45a; �≥55a), Tabagismo; HAS; Hipercolesterolemia; Hipertrofia VE; DM; HDL-c baixo; Obesidade; SM; Doença cerebrovascuçar ou arterial periférica; História familiar de DAC precoce (�<55a; �<65a); (NEGATIVOS) HDL-c ≥60mg/dL. Saber FR para dislipidemias (GEORGE). 5- MEDIDAS NÃO MEDICAMENTOSAS PARA DISLIPIDEMIAS A terapia nutricional, a perda de peso e a prática de atividade física devem ser recomendadas a todos os pacientes. 1) As recomendações dietéticas são (Diretriz 2019): As diretrizes nutricionais preconizam dieta isenta de ácidos graxos trans, consumo < 10% do valor calórico total de ácidos graxos saturados para indivíduos saudáveis e < 7% para aqueles que possuem RCV aumentado. Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli-insaturados ⇒ ↓ CT e LDL e, consequentemente, ↓ DCV. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 13 Consumir fitosteróis (encontrados em óleos vegetais, cereais, grãos e vegetais) ⇒ ↓ absorção e colesterol, sobretudo quando associado às estatinas. A ação dos fitosteróis no intestino delgado ocorre em três etapas: (1) incorporaçao às micelas que permitem o transporte destes até a borda em escova do enterócito; (2) transporte dos esteróis das micelas para o interior do enterócito via transportador NPC1-L1; (3) transporte de volta à luz intestinal pelos cotransportadores ABC G5/G8. Proteína soja ⇒ ↓ LDL, ↑ HDL e ↓ TGs. Fibras solúveis ⇒ Ex.: aveia ⇒ ↓ LDL (↓ sua absorção intestinal), mas sem efeitos significativos sobre HDL e TG. Probióticos ⇒ pouco efeito na ↓ LDL. Não tem efeito comprovado na dislipidemia. 3 indicações para uso de probióticos, segundo prof Flavio: diarreia aguda, sendo uma delas. 💡 O tempo de reavaliação após a implantação das medidas de MEV deve ser de 3 a 6 meses. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 14 Além disso, recomenda-se exercícios físicos regularmente (↓ TGs), ↓ peso corporal, cessação do tabagismo, ↓ bebida alcóolica (principalmente para hiperTG) e controle de outros FRs (PA, glicemia e TGs). Dieta mediterrânea seria a mais importante no ponto de vista CV (FLÁVIO). 6- MEDIDAS MEDICAMENTOSAS PARADISLIPIDEMIAS O tto farmacológico depende de dois fatores (nessa ordem): 1º) RCV: Se alto ou muito alto risco ⇒ Medicação (estatina é a 1ª escolha) + MEV; Se moderado ou baixo risco ⇒ iniciar com MEV e, se necessário, usar medicamentos numa segunda etapa. 👀 Reavaliar o pcte a cada 3-6 meses!!! 2º) Tipo de dislipidemia: DHA: ácido docosahexaenóico; EPA: ácido eicosapentaenoico; LDL-c: colesterol da lipoproteína de baixa densidade; VCT: valor calórico total. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 15 Hipercolesterolemia (↑ LDL-c/CT) ⇒ MEV + Medicação (Estatina é a 1ª escolha). Outras: Colestiramina (e/ou), Ezetmiba (e), Niacina (e/ou), Fibrato (e/ou). Muito alto e alto risco: Estatina alta potência (ator ou rosuvastatina) ou Estatina + Ezetimiba. HiperTG isolada ⇒ MEV + Medicação (Fibrato é 1ª escolha). Outra opção: Niacina. MAAAAS.... se TG>500mg/dL ou se há alto risco CV ⇒ Estatina (pois o risco vem antes do tipo). Nesse exemplo, o correto seria fibrato + estatina (fibrato pq TG>500 e estatina pq alto risco) Dislipidemia mista ⇒ MEV + Medicação (Estatina + Fibrato (ou outras combinações)). Se TG<500 ⇒ Estatina é a droga de 1ª escolha Se TG>500 ⇒ Fibrato é a droga de 1ª escolha (pois há maior risco de pancreatite!!) MEDICAMENTOS COM AÇÃO PREDOMINANTE NA COLESTEROLEMIA 💊 1) ESTATINAS Redução percentual e metas terapêuticas absolutas do LDL-c e do colesterol não-HDL para pacientes sem ou com uso de hipolipemiantes. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 16 Representantes: sinvastatina (risco intermediário), pravastatina, fluvastatina, pitavastatina, atorvastatina (alto risco) e rosuvastatina (alto risco). Mecanismo ação: Inibição competitiva REVERSÍVEL da enzima hidroxil-metil- gluratil-coenzima A (HMG-CoaA redutase= sintetiza colesterol) ⇒ O que inibe a síntese de colesterol endógeno, pois ↓ conteúdo intracelular de colesterol. Consequência: ↑ LDLR nos hepatócitos, os quais removem o LDL da circulação para REPOR o colesterol intracelular ⇒ ↓ níveis séricos de LDL. Características importantes: 1ª escolha p/ hipercolesterolemia. Efeitos principais: ↓ LDL-c de 15-55% em adultos; ↓ TGs de 7-28% e ↑ HDL-c de 2-10%. Efeitos pleiotrópicos: são efeitos secundários benéficos: ↑ enzima NO sintetase endotelial (eNOS) nas a. coronárias ⇒ Previne IAM, pois NO faz vasodilatação Atividade anti-agregante plaquetária (sobretudo a rosu) Atividade anti-inflamatória Estabiliza placa de ateroma (↓ metabolismo da placa) ↓ receptores AT1 (para angiotensina 2) ⇒ Potencializa o efeito anti-hipertensivo de outros fármacos. Esquema de doses ⇒ Regras dos "6": incrementar 6% de ↓ LDL a cada dobro de dose. Evitar chegar próximo da dose máxima, devido o maior risco de acontecerem efeitos colaterais (mio e hepatotoxicidade). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 17 Efeitos colaterais: miopatia/miotoxicidade (sobretudo em doses elevadas; Rosu é a + segura) ⇒ Ocorre pq, com ↓ LDL, corpo começa a depletar proteína como fonte de energia (essa ↓ proteína pode ser mensurada dosando CPK). Outra reação é a hepatotoxicidade (monitorar AST/ALT antes do início e 3 m depois). Interações medicamentosas: alguns fármacos ↑ biodisponibilidade da estatina, levando ao ↑ risco de miopatia. Esses fármacos são: Fibratos, antigúngicos azólicos, macrolídeos, ciclosporina, BCC, amiodarona, fluoxetina e paroxetina. Contraindicações: Gestantes (teratogênese); e crianças <8a; IR e hepática; Lactação (5ºP considero aqui ou não??) 💊 2) EZETIMIBA Representantes: Ezetimiba ⇒ Considerado 2ª escolha para hipercolesterolemia, podendo ser usado em monoterapia (se CI às estatinas) ou em associação às estatinas. Mecanismo ação: Interfere na absorção de colesterol da dieta (e não do colesterol endógeno, como a estatina). Inibe, de modo seletivo, o transportador de colesterol NPC1L1, que fica na borda do enterócito no duodeno e jejuno. Assim, ↓ absorção de colesterol da dieta. Prof Milena - morfo VI: NÃO há necessidade de fazer escalonamento de dose para ESTATINA, ou seja, já podemos começar com dose alvo. Exemplo: se precisa ↓ 50% = Usar 40-80mg. NÃO PASSAR DA DOSE MÁXIMA. Ex.: dose máx. de sinvastatina= 80mg/dia. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 18 Características importantes: é importante saber que, na prática, dificilmente o ezetimiba é prescrito em monoterapia, pois, a longo prazo, o corpo tenta compensar essa ↓ LDL da dieta e faz com que haja ↑ expressão HMG-CoA redutase, a qual ↑ síntese colesterol endógeno. Portanto, a monoterapia só é benéfica se for feita de forma aguda (pois daí não dará tempo do corpo tentar compensar) nos casos em que não se pode associar estatina. Por isso, a melhor escolha é associá-lo com estatina. Efeitos principais: ↑ depuração LDL do plasma (15-20%). NÃO ↓ TGs sérico. Posologia: 10mg/dia Efeitos colaterais: diarreia, dor abdominal, cefaleia, rash cutaneo, lombalgia, artralgia e angioedema Contraindicações: Gestação. 💊 3) RESINAS (sequestradores de ác. biliares) Representantes: Colestiramina (única disponível no Brasil), Colesevelam e Colestipol Mecanismo ação: a resina se complexa com o ác. biliar no intestino e impede a emulsificação do lipídio. Resultado: ↓ absorção lipídio e ↓ qtde ác. biliar (que é composto por colesterol), havendo perda importante de ác. biliar e, consequentemente, de colesterol endógeno. Como forma um complexo (resina-ác.biliar), o próprio fármaco não é reabsorvido ⇒ Explica sua segurança em criança e gestantes (não é teratogênico 😍). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 19 Características importantes: uma das classes mais antigas e seguras, podendo ser usada em crianças e gestantes ��. Podem substituir ou fazer associação com estatinas. Não é indicada para dislipidemia mista, pois ↑ TGL ⇒ ↑ risco pancreatite.. Efeitos principais: ↓ 20% do LDL. Efeitos colaterais: náuses/vômitos, dor abd, esteatorreia, constipação, ↑ TGs, ↓ absorção vit lipo (ADEK) e de ác. fólico (B9). Interações medicamentosas: atrapalha absorção fármacos lipofílicos (tomar 1h ou 4h depois), tais como: digoxina, anticoagulante oral (como a varfarina), vit lipossolúveirs (ADEK), BB, diu tiazídico, tetraciclinas, AINEs, Fe, folato e tiroxina. Essas associações são CI?? Contraindicações: Hipertrigliceridemia grave (>500mg/dL). MEDICAMENTOS QUE ATUAM PREDOMINANTEMENTE NOS TRIGLICERÍDEOS Prof Milena (morfo VI): À medida que o fígado sintetiza ác. biliar (usando colesterol para isso) e você perde ác. biliar durante a digestão, você "força" o fígado a remover colesterol de outras regiões do organismo para tentar suprir e produzir maior qtde de ác. biliar. Essa ↓ níveis de absorção colesterol e ↑ secreção colesterol (por meio do ↑ da secreção ácido biliar) tornam os níveis de VLDL baixos ⇒ Resultando em ↓ LDL (originado do VLDL). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 20 💡 TG entre 150 e 499 mg/dL, baixo risco CV ⇒ fibrato/niacina. TG entre 150 e 499 mg/dL, alto risco CV ⇒ estatina. TG ≥ 500 ⇒ estatina + fibrato/niacina ou niacina + fibrato. Isso está certo??? 💊 1) FIBRATOS: não temos pelo SUS 😢 Representantes: ciprofibrato (mais potente), fenofibrato, bezafibrato, bezafibrato retard, gemfibrozila (pode ↑ LDL quando TG=150-499), gemfibrozila retard, etofibrato Mecanismo ação: Ativam o PPAR-alfa ⇒ estimulam LPL (responsável pela hidrólise intravascular de TG e ↓ LDL sérico) e ↓ ApoC-III (↓ VLDL e quilomícrons = afeta qtde de HDL e AGL disponível, que afeta indiretamente a síntese de TGs, levando à ↓ TG). Ademais, a ativação do PPARalfa leva ao ↑ síntese de ApoAI e ApoAII nos hepatócitos ⇒ ↑ HDL plasmático. Também exibem efeitos antitrombóticos. Mas, pensando em proteção cardiovascular, estatina ainda ganha. Prof Milena: Mecanismo parecido com o da PIOGLITAZONA usada no tto de DM (ativa PPAR- gama). O PPAR-alfa está mais relacionado ao controle dos níveis lipídicos. T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 21 Características importantes: importante saber que o gemfibrozila tem efeito variável sobreLDL (ora ↓, ora ↑ LDL): ↑ LDL: qdo há dislipidemia com TG= 150-499 ⇒ NÃO usar gemfibrozila, pois, apesar de ↓ TGs, ↑ LDL. ↓ LDL: qdo temos TG>500????. Oque menos interfere na ação das estatinas é o fenofibrato, sendo o recomendado no caso de associação medicamentosa. Em uso isolado, o ciprofibrato pode ser utilizado. Efeitos principais: ↓ TG entre 30-60%, sendo mais pronunciada quando maior for TGs. A Efeitos colaterais: efeitos no TGI, exantemas urticária, mialgias (interação com estatinas), cefaleia, arritmias, ↑ transminases hepáticas e litogenicidade (raro → clofibrato e gemfibrozila). Interações medicamentosas: Varfarina (potencializa efeito anticoagulante ⇒ ↓ dose varfarina); ↓ Ciclosporina (quando associados ⇒ ↑ dose da ciclosporina). Contraindicações: Gestação e lactação; IR (histórico de cálculos renais) e hepática; Crianças. 💊 2) NIACINA (ÁC. NICOTÍNICO)= vit B3 (antiga preventiva da pelagra) Representantes: Niacina ⇒ Vitamina complexo B usada em altas doses (acima da dose de suplementação). Mecanismo ação: ↓ atividade de DGAT2 (lipase sensível a hormônio) no tecido adiposo ⇒ Induzindo ↓ lipólise e níveis de ácidos graxos circulantes (estimula indiretamente a lipogênese ⇒ ↑ peso corporal e ↑ resistência insulínica)). Com isso, ↓ o que chega de ácido graxo no fígado, afetando a produção de TGL hepática. Além disso, também ↓ produção de VLDL hepático, o que ↓ LDL. Estimula produção de HDL e ↓ clivagem e depuração pelo fígado, ajudando muito na ↓ TGL e LDL. Como o fígado está produzindo menos colesterol, há necessidade de ↑ essas partículas na periferia. A niacina, portanto, para tentar fazer ↑ T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 22 transporte reverso de colesterol, ↑ muito níveis HDL (↑ sua produção pelo fígado e ↓ sua depuração). Efeitos principais: ↓ TG, LDL e ↑ HDL. É o hipolipemiante que mais consegue ↑ HDL (Até 40%). Efeitos colaterais: Rubor e prurido cutâneo (↑ PG2 – AAS); Hiperuricemia (reativação de gota); ↓ sensibilidade à insulina; Hepatotoxicidade (↑ transaminases); Miopatia induzida por associação com estatinas (se associadas ⇒ ↓ dose estatina); Desconforto TGI (indução ou reativação de úlceras ⇒ ↓ produção prostaglandinas que protegem a mucosa, o que ↑ acidez estomacal). Interações medicamentosas: Estatinas ⇒ Miototoxicidade Contraindicações: Gestação e lactação; Pacientes diabéticos; Pacientes com gota; Insuficiência hepática. NÃO associar com estatinas (↑ miopatia). 💊 3) ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 Representantes: EPA (ác. eicosapentaenoico) e DHA (ác. docosaexaenoico) Mecanismo ação: ↓ fatores de transcrição nucleares, incluindo SREBP-1c e PPARalfa, produzindo ↓ biossíntese de TGs e ↑ oxidação de ácidos graxos no fígado ⇒ ↓ TGs e ↓ VLDL. Características importantes: Pode ser usado na gestante? Efeitos principais: ↑ COLESTEROL LDL - precaução no uso! Contraindicações: existe alguma??? NOVOS FÁRMACOS 💊 1) INIBIDORES DA PCSK-9 (anticorpos) Representantes: Alirocumabe (Praluuent ®), Evolucumabe (Repatha ®). Classe mais nova. Via adm= SC, mensal ou quinzenal. Alto custo. Mecanismo ação: Inibem atividade do PCSK-9 (responsável por induzir internalização de receptor para LDL). OU SEJA, quanto mais marcador PCSK9 na circulação, mais receptor é internalizado e mais LDL no sangue. Esse medicamento, portanto, impede a internalização do receptor ⇒ Deixando-o mais tempo na superfície ⇒ Maior chance de se ligar a um LDL para, posteriormente, leva-lo para o meio intracelular. Resultado: ↑ depuração LDL (↓ LDL sérico). T6M3P2- Dislipidemias (Thaís Garcia) 23 Características importantes: ↓ cerca 60% LDL. São medicamentos seguros e bem tolerados, mas os efeitos colaterais ainda não são bem conhecidos. São utilizados apenas em casos de falha terapêutica. OU SEJA, não estão liberados para todo pcte (somente para pcte com RCV elevado, em tto otimizado com estatina prévia em dose máx. ou associado a ezetimiba e que, ainda assim, NÃO se alcançou metas de ↓ LDL ou nãoHDL)!!! Efeitos principais: ↓ LDL (semelhante às estatinas) Efeitos colaterais: não são bem conhecidos, mas sabe-se que pode gerar nasofaringite, náuseas, fadiga e aumento da incidência de reações no local da injeção (vermelhidão, prurido, edema ou sensibilidade/dor) Interações medicamentosas: existe alguma??? Contraindicações: existe alguma??? 💡 Há outros novos fármacos que não foram aprovados no Brasil ⇒ Precisamos estudá-los para essa prova? NÃOOOO!! Considerações tutor Fávio: Se ↑ TGO e TGP ⇒ Cuidado com estatinas. Se esteatose hepática ⇒ Pode usar dislipidemia. Quando suspender estatina? Qdo houver ↑ transaminases de 3x. Colestiramina= resina usada no Brasil. Muito usada em pcte com diarreia pós- colecistectomia. Ezetimiba= ↓ colesterol hepático. Alguns estudos (poucos) sugerem que pode ser usado no tto da esteatose hepática. Niacina= pouco usada na prática ⇒ Tolerabilidade efeitos TGI Novos fármacos= dificilmente caem na prova ⇒ Focarão nos mais conhecidos
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