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RELAÇÕES JURÍDICAS e FONTES 05-2015 p.doc

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RELAÇÃO JURÍDICA
CONCEITO DE RELAÇÃO JURÍDICA
Aponta-se com insistência que onde houver sociedade há direito. A vida em sociedade produz uma série de relações, que, quando banhadas pela juridicidade ou protegidas pela ordem jurídica, transformam-se em relações jurídicas. A relação jurídica é de extrema importância para a Ciência do Direito, pois, como dispõe a máxima jurídica ubi societas, ibi jus, o Direito está a onde estão os homens, onde existe sociedade, isto porque, onde existir homens existirá interesses, onde existir interesse, existiram lides, e onde existirem lides, haverá o fenômeno jurídico. Portanto a sua compreensão é fundamental para o Direito. Jhering chegou a dizer que a relação jurídica está para a Ciência do Direito como o alfabeto para a palavra.
Pode se afirmar que a doutrina das relações jurídicas teve início a partir dos estudos formulados por Savigny no século XIX, que, de uma forma clara e precisa, definiu relação jurídica como "um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode pretender algo a que a outra está obrigada". Para Savigny, a relação jurídica é sempre um vínculo entre pessoas.
Segundo Del Vecchio, a relação jurídica consiste em um vínculo entre pessoas, em razão da qual uma pode pretender um bem a que a outra é obrigada.
Acerca da concepção da relação jurídica do ponto de vista de Pontes de Miranda, "relação jurídica é a relação inter-humana, a que a regra jurídica, incidindo sobre os fatos, torna jurídica".
De acordo com Miguel Reale, "os fatos e, mais especificamente, os atos humanos podem se apresentar como relações jurídicas, que não são quaisquer relações socais, mas, tão somente aquelas que reúnem diversos requisitos". Estes requisitos seriam em primeiro lugar: uma relação intersubjetiva, isto é, um vínculo entre duas ou mais pessoas. Em segundo lugar: que esse vínculo, ou, que essa relação tenha um respaldo jurídico.
Devemos entender pela expressão relação jurídica que trata-se de uma espécie de relação social. No entanto, é preciso distinguir, pois, há uma infinidade de relações prendendo os homens entre si, mas, nem todas são de natureza jurídica. Existem relações ligadas à moral, às normas religiosas, econômicos, relações de costumes sociais, que determinam a conduta humana. Por isso, devemos reconhecer que nem todas as relações são de natureza jurídica, muito embora, algumas normas jurídicas, muitas vezes, repetem normas morais, usuais ou até religiosas. 
Logo, quais das relações sociais devem ser tidas como jurídicas? Podemos dizer que há dois enfoques principais a considerar:
De acordo com a Teoria Tradicional, baseada em uma Concepção Individualista do Direito, as relações jurídicas seriam relações sociais postas por si mesmas, apenas reconhecidas pelo Estado, com a finalidade de protegê-las.
Outra teoria, baseada na Concepção Operacional de Direito, que, prevalece hoje em dia, não se atribuindo mais ao Estado a mera função de reconhecer e amparar algo já estabelecido pelo jogo dos interesses individuais, mas sim, instaurando modelos jurídicos que condicionam e orientam o constituir-se das relações jurídicas.
O importante em se entender, quer as relações jurídicas sejam reconhecidas pelo Estado, ou que surjam também em função de o direito constitutivo do Estado, é certo em dizer, que não há relação jurídica se não houver um fato correspondente às normas de Direito, de conformidade com o seguinte princípio básico: "Os fatos e as relações sociais só tem significado jurídico inseridos em uma estrutura normativa".
Quando uma relação de homem para homem está condicionada a um modelo normativo instaurado pelo legislador, ou seja, a um dispositivo legal, essa realidade concreta é reconhecida como sendo relação jurídica.
São as relações jurídicas que dão movimento ao Direito. Em cada uma ocorre a incidência de normas jurídicas, que definem os direitos e os deveres dos sujeitos. Há relação jurídica que se extingue tão logo é produzido o seu efeito: a relação que se estabelece entre o passageiro e o motorista de praça desaparece quando, no local de destino, o preço da corrida é pago. Outros há cujos efeitos são duradouros, como se passa nas relações matrimoniais. Na maior parte dos vínculos, os dois sujeitos possuem direitos e deveres, como nas relações de emprego. Há relações jurídicas em que os poderes e as obrigações são recíprocas e de igual conteúdo para as duas partes: dever de coabitação entre os cônjuges
É certo também que relações de outras naturezas podem ocorrer, sem um cunho jurídico.
 “As relações jurídicas são relações sociais a que o ordenamento jurídico dá importância tal que as qualifica de modo a protegê-las e prever-lhes as consequências” (Poletti, 1996:227)
O homem é um ser social e necessita viver em sociedade, não conseguindo viver fora do contexto social, conforme salientou Toennies, na qual a "sociedade é um grupo derivado de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante o vínculo associativo, um interesse comum impossível de obter-se pelos esforços isolados dos indivíduos".
A necessidade que o homem possui de suprir as suas carências é que induz a convivência em sociedade, sendo através da vida associativa a maneira de alcançar, ou pelo menos tentar, suprir essas carências.
São as relações intersubjetivas que formam o suporte das relações de direito. Quando as relações sociais repercutem no equilíbrio social, tomando por base uma visão pessimista de Thomas Hobbes, acerca da natureza humana, na qual o homem é o lobo do próprio homem – homo homini lupus, haja vista, o fato dos homens serem ambiciosos, vingativos e rapaces, portanto, o homem não pode permanecer sob o comando aleatório dos interesses individuais. Para que isso ocorra há a necessidade de uma regulamentação jurídica, ou seja, a normatização de alguns atos humanos.
A partir desse momento então, ocorre uma transformação da relação social em relação jurídica, pois, estão ligadas as normas jurídicas. 
A relação jurídica consiste num vínculo entre pessoas. Só haverá relação jurídica se seu vínculo estiver normatizado, isto é, regulado pela norma jurídica. Sem norma incidente numa relação social, essa relação não se revela ao nível jurídico. Nessa transformação levam-se em conta quatro elementos: Sujeito Ativo, Sujeito Passivo, Vínculo de Atributividade e Objeto.
ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
Em todas as relações jurídicas destacam-se quatro elementos fundamentais:
Sujeito Ativo: É o titular ou o beneficiário principal da relação. O sujeito ativo possui o que se denomina situação jurídica ativa, isto é, corresponde à posição do agente portador de direito subjetivo. É a pessoa a quem pertence (ou cabe) o direito. É aquela que tem a prerrogativa de exercê-lo e exigir a prestação assegurada pela ordem jurídica. É o proprietário no direito de propriedade, o credor nas obrigações, o Estado na cobrança de tributos, o requerente nas ações judiciais. 
Sujeito Passivo: Consiste naquele que tem a obrigação ou prestação de algo para o sujeito ativo. É o devedor da ação principal. O sujeito passivo possui o que se denomina situação jurídica passiva, que corresponde a posição do possuidor de dever jurídico.
Os sujeitos ativos e passivos de uma relação jurídica são de suma importância, pois, na relação jurídica existe a chamada alteridade, isto é, significa a relação de homem para homem, o vínculo intersubjetivo. Segundo assertiva feita por Paulo Nader, "um não pode existir sem o outro, do mesmo modo que não existe direito onde não há dever".
Concomitantemente a "Teoria dos dois sujeitos", que melhor se denominaria "Teoria Intersubjetiva da relação jurídica", Miguel Reale, afirma, que "só pessoas podem ser sujeitos de uma relação jurídica, e sem pelo menos duas ou mais ela não se constitui".
Além disso, toda pessoa que se insere em uma relação jurídica tem sempre direitos e deveres, e não só direitos, ou deveres.
 Uma situação clara e objetiva seria em uma relação na qual Pedro deve X em função de umempréstimo feito por Paulo. Pedro é obrigado a pagar o débito no dia estipulado pelo acerto. Sucedendo que Paulo queira antecipar o pagamento do débito, assistirá ao devedor o direito de pagar apenas na data do vencimento, e não antes da mesma.
Vínculo de Atributividade: Nos dizeres de Miguel Reale, "é o vínculo que confere a cada um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo determinado ou determinável." É o liame que une ambos os sujeitos ou partes da relação jurídica. Pode ter origem no acordo de vontades ou na lei. Há um sujeito ativo que em princípio é titular ou beneficiário de um bem; um sujeito passivo, que deve dar, fazer ou não fazer alguma coisa; e um vínculo que une um ao outro e caracteriza, verdadeiramente, essa modalidade de relação. O vínculo de atributividade pode ser, por exemplo, o contrato estabelecido entre duas pessoas. O vínculo de atributividade pode ter por origem o contrato ou a lei.
Objeto: É a razão de ser um vínculo constituído, isto é, quando na relação jurídica há um vínculo entre sujeitos, este vínculo está sempre visando a um fim de um objeto, pois, este é o elemento e a razão da qual a relação jurídica se constitui. A relação jurídica criada pelo contrato de compra e venda, por exemplo, tem por objeto a entrega da coisa, enquanto no contrato de trabalho o objeto é a realização do trabalho. É sobre o objeto que recai a exigência do sujeito ativo e o dever do sujeito passivo.
Alguns juristas distinguem objeto em imediato e mediato.
O objeto imediato consiste no direito que o sujeito ativo tem de exigir do agente passivo algo. Este direito que o sujeito ativo possui, são os Direitos Obrigacionais, também conhecidos de Direitos Pessoais, ou Direitos de Crédito. É importante ressaltar que não se devem confundir direitos pessoais com os direitos de personalidade. O direito que o sujeito passivo deve prestar ao titular do direito são de obrigações de fazer, dar, e não fazer.
Esta prestação do sujeito passivo ao sujeito ativo é dividida em positivas e negativas:
A positiva consiste em um ato imputado ao sujeito passivo. Este ato pode ser de fazer alguma coisa, denominada obrigação de fazer, como modelo tem-se quando um indivíduo (sujeito ativo), contrata um pintor (sujeito passivo) para a pintura de uma casa, este tem a obrigação de fazê-lo. Ou pode ser de dar ou entregar algo, denominado obrigação de dar. 
A prestação negativa, por sua vez, consiste em uma abstenção por parte do agente passivo, que, pode ser exigida pelo agente ativo, obrigação de não fazer. O caso mais comum seria de um contrato de exclusividade na qual o sujeito passivo se abstêm de trabalhar em outro local.
O objeto mediato consiste sobre o qual recai o direito, isto é, os Direitos Reais que o sujeito tem sobre as coisas móveis (objeto, mercadorias, utensílios, automóvel etc.) imóveis (uma casa, ou terreno, etc.), ou, sobre as pessoas, a personalidade da pessoa, isto é, os chamados Direitos da Personalidade. Em suma, objeto mediato é o "bem jurídico", podendo este ser móvel, imóvel, ou pessoa, sobre o qual recai o direito.
O termo bem jurídico tem o sentido de valor, utilidade ou interesse de naturezas materiais, econômicas, ou morais, ou, em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou não conteúdo ou valorização econômica.
No que diz respeito a pessoa, os bens jurídicos são a vida, a integridade física, a liberdade, a dignidade, a honra, a imagem, o nome. Como modelo, temos a violação praticada contra os direitos da pessoa, como a agressão física ou ofensa à honra. A solução para essa lide é a indenização, ou ressarcimento em moeda, que se apresenta apenas como uma compensação para a vítima, que tenha em virtude disso acarretado possível prejuízo, direta ou indiretamente, em seus interesses econômicos.
ESPÉCIES DE RELAÇÃO JURÍDICA
A relação jurídica pode se dividir em Simples ou Plurilateral, ou seja, a Relação Jurídica Simples consiste na relação jurídica em que envolve apenas duas pessoas, um como sujeito ativo e outro como sujeito passivo, já a relação Plurilateral consiste na relação jurídica em que mais de uma pessoa se apresenta como sujeito ativo ou passivo. 
Ainda sobre os sujeitos, as relações podem ser relativas ou absolutas. Relativas, consistem naquela em que uma pessoa ou um grupo de pessoas figura como sujeito passivo. As absolutas quando a coletividade se apresenta como sujeito passivo. Podemos citar como a situação do direito a propriedade, em que todas as pessoas têm o direito de respeitá-los. 
A relação jurídica pode ser de Direito Público ou Privado. A relação de Direito Público é denominada relação de subordinação ou sujeição, e ocorre quando o Estado participa na relação como sujeito ativo, impondo seu império. Um exemplo típico dessa relação é o poder que o Estado tem de estabelecer normas tributárias que são exigíveis a todos os cidadãos. É de Direito Privado, também denominado de relação de coordenação, quando é integrada por particulares em plano de igualdade, podendo o Estado nela participar, mas, desde que não investido de sua autoridade.
CONCLUSÃO
Concluímos que a relação jurídica são as relações sociais, ou, relações entre os indivíduos, mas, não qualquer tipo de relação, e sim, aquelas reconhecidas e disciplinadas pelo Direito.
Outrossim, ressaltamos que não basta apenas as normas ou dispositivos disciplinados pelo Direito, é necessário que haja alguns elementos que são pressupostos da existência da relação jurídica. Estes elementos são sujeito ativo (beneficiário principal da relação), sujeito passivo (devedor da ação principal), vínculo de atributividade e objeto (sobre o que recai o direito). Em uma relação jurídica é indispensável a presença de pelo menos duas ou mais pessoas figurando-se entre sujeito ativo e passivo. Sem a existência dos sujeitos, não haveria um vínculo.
Acerca do objeto, o que se deve entender é que seja imediato ou mediato como distinguem alguns jurídicos, o importante é entender o objeto como a razão pela qual o vínculo se estabelece, e que esse fim garantido ao sujeito ativo denomina-se conteúdo. Do ponto de vista da lógica jurídica, uma pessoa não pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo, sujeito passivo e objeto da relação. Há autores como Legaz y Lacambra e Resacéns Siches, que contestam que uma pessoa pode ser objeto de direito. Voltamos a dizer que deve-se levar em consideração o sentido lógico da palavra objeto, como a razão em virtude da qual o vínculo se estabelece. Assim, a lei civil atribui ao pai uma soma de poderes e deveres quanto à pessoa do filho menor, que é a razão do instituto do pátrio poder.
Além disso, a caracterização de uma relação dependerá tanto de norma aplicável à espécie, como da natureza do fato em si e do fim que se tem em vista com a prática do ato, e que existem tantos tipos de relações jurídicas quanto os fatos sociais.
Em suma, concluímos que são as relações jurídicas que dão movimento ao Direito.
Fato Jurídico
Fato Jurídico É Todo acontecimento, natural ou humano e suscetível de produzir efeitos jurídicos. Os fatos Jurídicos constituem gênero que inclui eventos puramente naturais (fatos jurídicos em sentido restrito), e atos humanos de que derivam efeitos jurídicos, quais sejam, atos jurídicos e atos ilícitos. Tal a classificação adotada pelo Código Civil ao considerar que, no ato Jurídico ou lícito, o efeito jurídico deriva da vontade do agente (contratos, testamentos), ao passo que no ato ilícito o feito independe da vontade do agente, que, ao agir com dolo ou culpa e ocasionar dano a outrem, ocasionará efeitos jurídicos que, em absoluto, desejou, porque sempre sujeito às sanções legais.
Caso fortuito ou força maior são fatos capazes de modificar os efeitos de relações jurídicas já existentes, como também de criar novas relações de direito. São eventualidades que, quando ocorrem, pode escusar o sujeito passivo de uma relação jurídica pelo não cumprimento da obrigação estipulada. É o caso, porex., de uma tempestade que provoque o desabamento de uma ponte por onde deveria passar um carregamento confiado a uma transportadora. Diante de tal situação e da impossibilidade da continuação do itinerário, a transportadora livra-se da responsabilidade pela entrega atrasada do material. Porém, para que determinado caso fortuito ou força maior possa excluir a obrigação estipulada em um contrato, é necessária a observação de certas circunstâncias, tais como a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de culpa das partes envolvidas na relação afetada. Caso não haja a presença de qualquer destes requisitos, não pode haver caso fortuito ou força maior que justifiquem o descumprimento contratual.
“Factum principis” é aquele fato também capaz de alterar relações jurídicas já constituídas, porém, através da presença da intervenção do Estado e não da ação da natureza ou de qualquer eventualidade. Tal situação se configura quando o Estado, por motivos diversos e de interesse público, interfere numa relação jurídica privada, alterando seus efeitos e, por vezes, até assumindo obrigações que antes competiam a um ou mais particulares. Por ex. o Estado pretende construir uma estrada que cortará o espaço físico de determinada indústria, provocando sua desapropriação e a conseqüente extinção do estabelecimento industrial, mediante, obviamente, indenização. Porém, não só a indústria será extinta como também os demais contratos de trabalho dos empregados do local. Diante de tal situação, a autoridade pública obriga-se a assumir as devidas indenizações trabalhistas, conforme disposto no art. 486 da CLT.
 
Atos Jurídicos no Sentido Amplo
 
O Ato jurídico “lato sensu”, necessariamente, é decorrente da vontade do homem devidamente manifestada, ou seja, não há ato jurídico sem a devida participação volitiva humana.
 Para que se constitua um ato jurídico, o direito brasileiro adotou a necessidade da declaração da vontade, que pode ser expressa ou tácita.
 Convém ressaltar que os efeitos jurídicos decorrentes da volição humana são instituídos pela norma jurídica, assim como os provenientes da ação da natureza também o são. Porém, no âmbito dos atos jurídicos, o caminho para a realização dos objetivos visados pelo declarante da vontade depende da natureza ou do tipo do ato realizado. Tal caminho terá que ser seguido na conformidade da lei ou poderá ser traçado autonomamente pela parte interessada.
 
Atos Jurídicos “Stricto Sensu”
 Conforme a doutrina pandeccista alemã, os atos jurídicos no sentido estrito são aqueles decorrentes de uma vontade moldada perfeitamente pelos parâmetros legais, ou seja, uma manifestação volitiva submissa à lei.
 São atos que se caracterizam pela ausência de autonomia do interessado para auto regular sua vontade, determinando o caminho a ser percorrido para a realização dos objetivos perseguidos.
 Defeitos dos atos Jurídicos
Vícios do Consentimento:
 Erro: Podemos considerar o erro como um falso conhecimento ou noção equivocada sobre um fato ou características referentes ao objeto, pessoa, cláusula ou sobre o próprio ato negocial como um todo.  Erro, entretanto, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio se for essencial, escusável e prejudicar real e efetivamente o declarante da vontade.
Erro de Fato, aquele que recai sobre uma situação fática referente ao negócio realizado, subdivide-se em erro essencial e erro acidental.
Erro essencial ou substancial: É aquele que, de acordo com o    direito positivo (CC, art. 86), é capaz de viciar o consentimento do agente, tornando o negócio por ele praticado anulável. São quatro as modalidades de erro substancial, a saber:
Error in negotio: Este tipo de erro diz respeito à natureza própria do ato, ou seja, incide sobre a própria essência ou substância do negócio. Por ex., alguém que pensa estar vendendo um objeto quando na verdade esta realizando uma doação.
Error in corpore: É aquele que recai sobre a identidade do objeto principal da relação jurídica negocial. Por ex., um indivíduo que acredita estar comprando uma motocicleta, mas na realidade adquire uma bicicleta.
Error in substantia: Incide sobre as características essenciais do objeto da declaração da vontade. Por ex., alguém que, sem saber, adquire uma casa de dois pavimentos, mas acreditava estar comprando uma de três.
Error in persona: Induz a uma falsa idéia sobre a própria pessoa que figura como a outra parte da relação negocial. É o caso, por ex., do marido que, sem ter o conhecimento do fato, contrai matrimônio com mulher já deflorada.(Código Civil, art. 219, IV).
Erro acidental: Em tese, não é capaz de viciar o consentimento do sujeito, pois recai apenas sobre qualidades acessórias do objeto da relação (error in qualitate), bem como sobre sua medida, peso ou quantidade (error in quantitate), desde que não importe em prejuízo real ao individuo. Por ex., uma pessoa que compra um automóvel e posteriormente descobre que o porta-malas é 5 cm2 menor do que pensava.
Já o erro de direito ou error juris é aquele que diz respeito à norma jurídica disciplinadora do negócio. Não se confunde, contudo, com a ignorantia legis, uma vez que esta é o desconhecimento completo da existência da lei, sendo o erro de direito seu conhecimento equivocado, apesar do Código Civil equiparar essas duas noções.
Dolo: a noção que teremos de dolo é diversa daquela empregada pelo direito penal, pois este o restringe apenas à vontade livre e consciente de praticar um crime. Dolo civil é todo ato malicioso ou fraudulento empregado por uma das partes ou por terceiro com o objetivo de ludibriar o outro contratante para que este manifeste seu consentimento de maneira prejudicial a sua vontade livre ou ao seu patrimônio, pois este consentimento seria declarado de forma diferente ou sequer teria existido caso não fosse utilizado tal artifício astucioso.
 Existem diversos tipos de dolo, sendo o dolus bonus e o dolus malus os que mais nos interessam.
 Dolus bonus: É aquele freqüentemente empregado no comércio informal e até mesmo no formal. Consiste em exageros nas vantagens e boas qualidades da mercadoria oferecida pelo comerciante.
 Dolus malus: É o dolo que prejudica efetivamente a vítima, capaz de viciar sua vontade, tornando o negócio anulável. É um artifício fraudulento que consegue enganar até mesmo as pessoas mais cautelosas e instruídas.
 
Coação: entende-se como coação capaz de viciar o consentimento todo fator externo capaz de influenciar, mediante força física ou grave ameaça, a vítima a realizar negócio jurídico que sua vontade interna não deseja efetuar.
 
Vícios Sociais
Simulação: negócio simulado é aquele forjado pelas partes e que na verdade não existe, com o objetivo de prejudicar terceiros. São atos praticados sempre com a cumplicidade de outrem, ou seja, são bilaterais. Podem apresentar uma declaração de vontade intencionalmente discrepante da vontade real ou um consentimento externo em harmonia com a vontade interna, mas que de qualquer modo está em detrimento com a ordem jurídica.
Fraude contra credores:
A fraude contra credores é um ato praticado pelo devedor, com ou sem a cumplicidade de outrem, com o objetivo de desfazer o seu patrimônio para impossibilitar o pagamento de suas dívidas, prejudicando, portanto, os credores. Pode decorrer de uma simulação ou da realização de um negócio de fato existente, porém anulável, segundo o art. 147, II, CCB.
 
Atos Ilícitos: são atos que vão de encontro com o ordenamento jurídico, lesando o direito subjetivo de alguém.
Para que se configure o ato ilícito é mister que haja um dano moral ou material à vítima, uma conduta culposa (dolo ou culpa “stricto sensu”) por parte do autor e um nexo causal entre o dano configurado e a conduta ilícita.
Ilícito civil gera uma obrigação indenizatória pelos danos efetivos e, em alguns casos, pelo que a vítima deixou de lucrar com o dano provocado.
Tal obrigação decorre da responsabilidade civil, queé a possibilidade jurídica que determinada pessoa tem de responder pelos seus atos, sejam eles lícitos ou não. A responsabilidade pode ser direta (responder pelos próprios atos) ou indireta (responder por atos de terceiros).
 O Ato Jurídico Inexistente não constitui um ato propriamente dito, de vez que a própria expressão ato inexistente constitui uma contradictio in adiectio.
Ato Jurídico Nulo, Ato desprovido de requisitos substanciais ou que fere a norma jurídica, sendo inquinado de ineficácia absoluta. O Código Civil exige, no art. 82, para a validade do ato jurídico, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei.
Ato Jurídico Anulável ato praticável em desatendimento a formalidades legais, e que, embora ratificável, pode ser anulado por quem tenha interesse na sua ineficácia. Determina o Código Civil “Art. 147. anulável o ato Jurídico, por incapacidade relativa do agente (art. 6º); por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude (arts. 86 a 113). Art. 148. O ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro. A ratificação retroage à data do ato”. O art. 152 estabelece: “As nulidades do art. 147 não tem efeito antes de julgadas por sentença, nem se pronunciam de ofício. Só os interessados as podem alegar, e aproveitam exclusivamente aos que as alegarem, salvo o caso de solidariedade, ou indivisibilidade”.
 
Ato-Condição é necessário para que a lei possa ser aplicada. Pressupõem um imperativo hipotético, cuja concretização depende da realização de certos atos voluntários ou, mesmo, fatos. Ato-condições não se confunde com o ato jurídico em sentido restrito porque no ato-condição o efeito jurídico, produzido pela aplicação de uma situação jurídica criada, ao passo que no ato Jurídico em sentido estrito, à vontade daquele que pratica o ato que produz o efeito jurídico.
 Negócios Jurídicos
O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto regulada, onde uma ou mais pessoas se obrigam a efetuar determinada prestação jurídica colimando a consecução de determinado objetivo. Como em todo ato jurídico, os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas de direito, porém, os meios para a realização destes efeitos estão sujeitos à livre negociação das partes interessadas, que estabelecem as cláusulas negociais de acordo com suas conveniências, claro que sem ultrajar Os limites legais.
O negócio jurídico mais comum é o contrato, apesar de existirem outros tipos de atos negociais, como o testamento, por exemplo.
A classificação mais comum dos negócios jurídicos é a seguinte:
Negócios receptícios e não receptícios: o negócio jurídico receptício é aquele em que a manifestação da vontade de uma parte deve estar em consonância com a outra parte para que o negócio se constitua e produza efeitos. Há a necessidade de duas vontades dirigidas em sentidos opostos, ou seja, à vontade de uma parte deve ser direcionada à outra parte, que, por sua vez, deve recebe-la e manifestar suas intenções ao outro interessado, produzindo então o acordo de vontades.
Já os negócios não receptícios são aqueles que se realizam com uma simples manifestação unilateral de vontade, não havendo a necessidade de seu direcionamento a uma pessoa especifica para que se plenifique e produza efeitos.
Negócios “inter vivos” e “mortis causa”: Os negócios “inter vivos” são aqueles que se realizam e se aperfeiçoam enquanto as partes estão vivas.
 
“Mortis causa” são aqueles cujos efeitos só são produzidos com o advento da morte de uma das partes. E o caso dos testamentos ou dos contratos de seguro de vida.
 
Negócios onerosos e gratuitos: Negócio jurídico oneroso é aquele em que as partes acordam uma prestação e uma contra prestação pecuniária, produzindo, para ambas, vantagens e encargos.
 
O negócio gratuito ou gracioso caracteriza-se pela presença de vantagens para somente uma das partes, enquanto que para a outra há somente encargos.
 
Negócios solenes e não solenes: Solenes são aqueles que, por sua própria natureza ou por disposição legal, exigem o cumprimento de determinadas formalidades para que se configurem perfeitos.
 
Não solenes são aqueles que não exigem tais formalidades para se constituírem, apesar de, geralmente, apresentarem forma apenas a título de prova de sua existência.
 
Estrutura dos Negócios Jurídicos
 
Consentimento
Sabemos que a presença da vontade é característica básica na formação de qualquer ato jurídico. Porém, mister se faz a manifestação livre e consciente desta vontade, para que esta possa funcionar de maneira a expressar a verdadeira intenção do agente a respeito do negócio que está realizando. Caso isto não ocorra, caracterizam-se os chamados vícios do consentimento, situações que apreciaremos adiante.
 
Capacidade das partes
Se a vontade é pressuposto essencial para a existência dos atos jurídicos, conseqüentemente, a possibilidade jurídica ou capacidade para manifestá-la também o será.
 
Dessa maneira, à vontade declarada por incapaz torna o negócio jurídico, a depender do grau da incapacidade (absoluta ou relativa), nulo ou anulável. Sendo assim, o Código Civil assim determina em seu art. 145: É nulo o ato jurídico: I. quando praticado por pessoa absolutamente incapaz;...”. E na mesma linha de raciocínio, o art. 147 assim reza: “É anulável o ato jurídico: I. por incapacidade relativa do agente;...”.
 
Isso não significa que os incapazes não podem figurar como sujeitos de uma relação jurídica negocial. Participam indiretamente de tais relações através de seus representantes legais, no caso dos absolutamente incapazes, ou de um assistente, quando se trata dos relativamente incapazes. Dessa forma, a representação é a forma de suprimento da incapacidade absoluta, sendo a assistência a maneira adotada pelo direito para a proteção dos relativamente incapazes.
 
Há casos, entretanto, em que a capacidade ordinária ou geral a qual se referem os arts. 5º e 6º do Código Civil não é suficiente para conferir a possibilidade jurídica para uma pessoa manifestar validamente seu consentimento. Nestas situações, estamos na seara da chamada capacidade especial, que é exigida ao indivíduo devido à sua posição em relação ao objeto do ato negocial, ou devido a determinadas circunstâncias relativas à própria situação da pessoa.
 
Liceidade do objeto
Para que o negócio jurídico possa realizar-se de forma perfeita e eficaz, o direito, além de exigir a presença do consentimento e a capacidade das partes, pressupõe que a relação jurídica gire entorno de um objeto lícito, ou seja, tolerado pelo ordenamento jurídico e pelos bons costumes. De maneira que a presença de objeto ilícito é causa incontestável de anulação do negócio, conforme dita o art. 145, II, do Código Civil.
 
Idoneidade do objeto
Ainda nas considerações sobre o objeto da relação negocial, temos que, além de lícito, deve ser ele idôneo, ou seja, passível de figurar como centro de uma relação jurídica. Assim, o objeto cuja prestação for impossível de ser realizada tanto pelo devedor quanto por qualquer outra pessoa normal gera a nulidade do ato ao qual pertence.
 
Forma
À vontade, para que possa dar eficácia ao negócio jurídico colimado pelas partes, deve ser manifestada através de um meio determinado pela norma jurídica ou pelos próprios interessados. São solenidades ou ritos que devem ser seguidos para que a vontade deixe o âmbito subjetivo e passe a existir no mundo exterior ao individuo, gerando então efeitos jurídicos.
 
O nosso direito adota o princípio da forma livre para a validade das emissões volitivas na seara negocial, conforme podemos apreender do art. 129 do Código Civil. Porém, esse mesmo artigo põe a salvo os negócios cuja forma é previamente determinada pela lei, não se admitindo para a validade destes atos qualquer outro tipo de meio para a exteriorização da vontade senão aquela imposta pela norma legal. Dessa maneira, a regra é que os negóciosjurídicos reputam-se válidos mediante qualquer instrumento de manifestação volitiva, e a exceção que determinado ato só serão considerados existentes caso observem a forma especial a eles determinada pela norma jurídica.
 
Como já pudemos observar, a forma nos negócios jurídicos pode ser determinada pela lei ou pelos próprios interessados de maneira autônoma. No primeiro caso, estamos no campo dos negócios solenes, ou seja, aqueles que exigem o cumprimento de determinadas solenidades para sua configuração jurídica.
 
Elementos Acidentais Ou Modalidades
 
Condição
Segundo a art. 114 do Código Civil “considera-se condição a cláusula, que subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto”.
 
O legislador não poderia ser mais claro ao definir a condição, que, ao incidir sobre a eficácia (capacidade de produzir consequências de direito) do negócio jurídico, deixa seus efeitos dependentes de um acontecimento futuro que pode ou não se realizar.
 
Para que haja condição, o acontecimento, além de futuro e incerto, deve ser possível física e juridicamente. A impossibilidade física da realização de determinado acontecimento gera a invalidação da condição, porém, mantém o negócio ileso, devendo ignorar a existência da cláusula condicional impossível, para que possa produzir efeitos desde sua formação.
 
Os principais tipos de condição admitidos em nosso direito são a condição suspensiva e a condição resolutiva.
 
Segundo o art. 118 do Código Civil, “subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”.
 
Dessa maneira, a condição resolutiva é o contrário da suspensiva, uma vez que esta última, ao se observar o fato condicionante, permite que o ato passe a produzir seus efeitos normais, enquanto que a primeira, quando se dá o acontecimento previsto por ela, cessa todos os efeitos que o negócio já produzia desde sua formação.
 
Termo
Termo é todo evento futuro e certo ao qual ficam subordinados os efeitos decorrentes do negócio jurídico. Aliás, a diferença básica entre termo e condição é justamente a certeza do acontecimento futuro que, no caso do termo, deve existir necessariamente.
 
Nos negócios a termo é comum o aparecimento de um termo inicial, que corresponde ao dia em que o negócio começará a produzir seus efeitos ordinários. Possui, portanto, características suspensivas, pois deixa os efeitos do ato suspensos até a chegada da data acordada pelas partes. Contudo, o termo inicial não corresponde ao dia em que os direitos das partes serão adquiridos, e sim, ao marco inicial para a possibilidade do exercício destes direitos, estes existindo desde a formação do ato. É o que encontramos disciplinado no art. 123 do Código Civil.
 
Também é comum o advento do chamado termo final, que nada mais é do que o dia marcado pelas partes para o rompimento dos efeitos jurídicos do negócio, possuindo, como efeito, características resolutivas.
 
Prazo é o lapso de tempo existente entre o termo inicial e o final. Assim, quando alguém compra um automóvel e divide o pagamento em prestações, o termo inicial corresponderá ao dia acordado para o pagamento da primeira prestação e o termo final à data para a efetuação da última parcela, sendo o prazo o tempo que decorrer entre a primeira prestação e a última.
 
Modo ou Encargo
Modo é a determinação acidental que, quando aparece no negócio, restringe o direito ou as vantagens auferidas por uma das partes, na medida que institui uma ou mais obrigações ao adquirente do direito, em favor da outra parte, de terceiros ou de uma generalidade de pessoas. Geralmente aparecem nos chamados negócios graciosos como a doação e o testamento ou legado. Apresenta-se sob a forma de um compromisso ou uma prestação imposta à parte beneficiada pelo negócio e que deve ser observada, sob pena do desfazimento do ato.
 
O modo, entretanto, é diferente da condição, na medida em que esta suspende a aquisição do direito até que se realize determinado evento (condição suspensiva), porém, ao ser adquirido, o direito torna-se pleno. Ao passo que, ao contrário da condição, o encargo permite a aquisição do direito desde a formação do ato, porém restringindo-o a uma determinada obrigação que deve ser observada pelo adquirente.
 
Negócio Jurídico. Em que pese o fato de considerável parte da doutrina civilista confundir as expressões ato jurídico e negócio jurídico, modernamente uma nova concepção, de caráter dualista, ressalta sensíveis diferenças entre estas duas figuras.
 
Relações Jurídicas (definição, espécie, nascimento e extinção).
 
Relações Jurídica, desde seu nascimento até a morte, o homem se acha envolvido em imensa teia de relações sociais, muitas das quais a lhe imporem direitos e deveres.
 
Quando, numa relação jurídica, os direitos e deveres das partes são recíprocos, tal relação chama-se complexa; quando apenas uma das partes tem direito, e a outras obrigações, a relação chama-se simples. Por outro lado, se num dos pólos da relação jurídica acha-se o Estado, dotado de seu poder de império, haverá relação jurídica de direito público.
 
Classificação das Obrigações quanto ao objeto (de dar, de fazer e de não-fazer).
 
Em se adotando a classificação das obrigações prevista no Código Civil, temos o seguinte quadro, quanto ao objeto e quanto ao sujeito.
 
Quanto ao objeto subdividem-se em: positivas, que são as de dar e as de fazer; negativas, que são as de não fazer (arts. 882 e 883); alternativas; divisíveis; indivisíveis. Quanto ao sujeito, as obrigações classificam-se em: individuais; solidárias.
 
A Obrigação Positiva de dar é aquela cujas prestações consiste na entrega de uma coisa móvel ou imóvel, seja para constituir um direito real, seja somente para facultar o uso, ou ainda, a simples detenção, seja, finalmente, para restituí-la ao seu dono. Tal definição compreende duas espécies de obrigações: a de dar, propriamente dita, e a de restituir. O devedor não se desobriga, nesta relação jurídica, oferecendo outra coisa, ainda que mais valiosa. Se a coisa a dar é certa, nela se compreendem os seus acessórios, ainda que se achem, no momento, dela separados, salvo se, na convenção, o devedor foi eximido desse encargo. A obrigação positiva de dar pode estar fundada em coisa certa ou em coisa incerta. Na obrigação de dar coisa certa, o credor não está obrigado a receber outra coisa, mesmo que seja mais valiosa. O devedor entregar ou restituir o bem ao credor, sem que se permita qualquer modificação no objeto da prestação.
 
No tocante a obrigação positiva de fazer (arts. 878 a 881), o devedor obriga-se a criar algo novo, que não existia no mundo real, transcendendo a simples entrega ou restituição do bem.
 
Compromete-se, então, a prestar uma atividade qualquer, lícita e vantajosa, ao seu credor, por exemplo, escrever um livro sob encomenda da editora, ministrar aulas particulares. As obrigações de fazer são, muitas vezes, resolvidas em prestações de trabalho por parte do devedor, como acontece nas locações de obras; porém, muitas outras vezes, consistirão num ato ou fato, para cujas execuções se não exige um desenvolvimento de força física ou intelectual. Quando alguém promete prestar uma fiança, a essência do ato, objeto da prestação, não consiste no significante dispêndio de esforço, que a prestação da fiança possa exigir, mas sim na necessidade de concluir a operação jurídica, a que se vem ligar, de um lado, os riscos, e do outro, as vantagens do crédito fornecido ““.
 
Referentemente à obrigação negativa ou de não fazer (arts. 882 e 883), consiste, simplesmente, na omissão ou abstenção obrigatória da prática de um ato.
 
Entretanto, se o devedor pratica livremente o ato a que se obrigara a não praticar, infringe o art. 883 do CC, podendo o credor exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Quanto àobrigação alternativa, a própria denominação o indica, é aquela que tem natureza composta ou complexa, apresentando-se com vários objetos, dos quais o devedor escolherá um, se o contrário não se estipular.
 
Podem as partes, contudo, contratar que a escolha seja feita pelo credor ou por terceiro escolhido por elas. No que tange às obrigações divisíveis, são aquelas que ensejam cumprimentos parciais. A importância desta espécie de obrigação avulta quando se trata de vários credores e devedores para uma só obrigação; em tal caso, cada credor tem direito apenas a uma parte, podendo reclamá-la independentemente dos demais credores. Em contrapartida, cada devedor responde apenas por sua cota.
 
Quanto às obrigações indivisíveis, somente pode ser cumprida em sua integralidade. Havendo vários credores na obrigação indivisível, qualquer deles pode cobrar a dívida toda; porém, recebendo prestação, fica devedor junto aos demais credores pela cota-parte de cada um. O devedor, por sua vez, desobriga-se por inteiro pagando a todos conjuntamente ou a um credor apenas, desde que dá caução de ratificação dos demais. No que se refere à obrigação solidária, pode ser conceituada como a espécie de obrigação em que há vários credores ou vários devedores, mantendo entre si uma solidariedade jurídica quanto ao crédito ou débito. A solidariedade pode ser ativa, quando pertinente aos credores, e passiva, quando referente aos devedores.
 
Determina o Código Civil no art. 896, parágrafo único, que há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado a divida toda. Não há solidariedade, pois esta não se compadece com o fracionamento do objeto.
 
Extinção das obrigações sem pagamento (novação, compensação, transação, confusão, compromisso e remissão).
 
Novação do latim novare, inovar. Constituição de uma nova obrigação, em substituição à anterior, que se extingue. E a extinção de uma dívida anterior pela criação de uma nova obrigação. Código Civil: arts. 999 a 1.008.
 
É a forma de extinção da obrigação mediante a substituição de uma divida por outra. Opera-se pela mudança do credor (art. 999, III, do Código civil), pela mudança do devedor (art. 999, II do Código Civil), como, por igual, pela troca do objeto ou da causa da obrigação (art. 999, I, do mesmo Código).
 
Sua prova demonstra-se pela constituição válida da nova obrigação que substitui a anterior. Diante de uma nova obrigação assim constituída após a penhora, a questão é passível de exame em sede de embargos.
 
Compensação do latim, compensatio. Equilibrar, contrabalançar. Modo de extinção de obrigações recíprocas. Quando duas pessoas são, simultaneamente, credoras e devedoras entre si, as obrigações respectivas se compensam. Pode ser legal ou voluntária, conforme determinada em lei ou resultante da vontade das partes. Somente se aplica a dívidas líquidas, que representem dinheiro ou coisas fungíveis. Código Civil: arts. 1.009 a 1.024.
 
Transação do latim transigere, transigir, ceder, condescender, contemporizar, chegar a acordo. In/transigente, aquele que não transige ou não cede. Ato jurídico pelo qual as partes (transigentes) extinguem obrigações litigiosas mediante concessões mútuas. O Código Civil disciplina a transação nos arts. 1.025 a 1.036, assim dispondo os arts. 1.025, 1.026, 1.027, 1.028, 1.029, 1.030, 1.033 e 1.035: “Art. 1.025. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. Art. 1.026. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta. Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados e não prevalecer em relação a um, fica, não obstante, válida relativamente aos outros. Art. 1.027. A transação interpreta-se restritivamente. Por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos. Art. 1.028. Se a transação recair sobre direitos contestados em juízo, far-se-á”:
 
É também outra forma de extinção da obrigação. Nela, as partes previnem ou extinguem litígio por meio de recíprocas concessões (art. 1.025 do Código Civil). A transação pode ser judicial e extrajudicial: a primeira resulta de pendência processual que põe fim ao litígio, extinguindo, pois, o processo com julgamento de mérito (art. 269, III, do CPC), mediante termo nos autos e homologado pelo juiz; a segunda dá-se fora dos autos e “tanto pode ter a finalidade de evitar a demanda, como a ela por termo”.
 
Por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz; II - Por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou particular, nas em que ela o admite. Art. 1.029. Não havendo ainda litígio, a transação realizar-se por aquele dos modos indicados no artigo antecedente, II, que no caso couber. Art. 1.030. A transação produz entre as partes o efeito de coisa julgada, esse rescinde por dolo, violência ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa. Art. 1.033. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não perime a ação penal da justiça pública. Art. 1.035. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
 
Confusão do latim confusione, fusão, mistura. Modo de extinção de obrigações consistente na reunião, numa única pessoa, das qualidades de credor e de devedor. Tal conceito encontra apoio no próprio Código Civil, art. 1.049: “Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor”.
 
Compromisso, geralmente aparece nos chamados negócios graciosos como a doação e o testamento ou legado. Apresenta-se sob a forma de um compromisso ou uma prestação imposta à parte beneficiada pelo negócio e que deve ser observada, sob pena do desfazimento do ato. Portanto, um dos efeitos do aparecimento de uma cláusula modal num negócio gracioso é justamente a sua compulsoriedade. Sendo assim, quando se trata de doações, o art. 1180 do Código Civil institui que “o donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral”.
 
 
O modo, entretanto, é diferente da condição, na medida em que esta suspende a aquisição do direito até que se realize determinado evento (condição suspensiva), porém, ao ser adquirido, o direito torna-se pleno. Ao passo que, ao contrário da condição, o encargo permite a aquisição do direito desde a formação do ato, porém restringindo-o a uma determinada obrigação que deve ser observada pelo adquirente.
 
Remissão, renúncia, liberação, perdão. Trata-se de ação de desobrigar, feita espontaneamente, sem condição de espécie alguma. Remitir, perdoar incondicionalmente. As palavras remissão e aceptilação têm o mesmo significado, qual seja, o de perdão da dívida. No direito, a causa de extinção de obrigações e não se confunde com remissão. Código Civil: arts. 1.053 a 1.055.
 
O termo remissão, que na linguagem jurídica tem o significado de extinção da obrigação pelo perdão dado pelo credor, seja por ato unilateral, verdadeira renúncia a direito, seja por ato de liberalidade a pedido do devedor. 
Direito, Moral e Ética
A vida em sociedade seria um caos se vivêssemos sem regras e normas morais e jurídicas. A normatização da conduta humana é formada sob os aspectos do Direito, Ética e Moral, assim podemos explicar o juízo de valor que cada um se aplica tanto nas relações de ordem pública, como nas relações privadas. Direito é definido como um conjunto de normas ou leis, criadas pelos homens com a finalidade de organizar a sociedade. Moral é o que diz respeito aos valores, costumes e normas de conduta em comum a uma determinada cultura e sociedade, e assimilado individualmente. Ética trata-se de uma disciplina filosófica, onde se define o que é bom ou mal, abordando a moral, para estabelecer o bem comum, tornando um princípio de valor universal para esta sociedade. 
Entretanto, os três estão entrelaçados entre si, com suas diferenças e com suas similaridades.Entre Direito e Ética, verifica-se que com relação ao Direito, a discussão jurídica é concreta, baseada em fatos reais, e analisadas baseando-se nas leis escritas. Já na Ética, a discussão é filosófica, abstrata, baseada na moral dos costumes de uma sociedade e sua cultura, quando falamos de Ética, estamos falando de Moral. E foi a composição de ética e moral, que estruturou as primeiras sociedades, para mais tarde basear a criação do Direito e seu processo histórico até os dias de hoje. Como diz Miguel Reale, “(...) o Direito não é algo de diverso da Moral, mas é uma parte desta, armada de garantias específicas” (Reale, 2001). Podemos dizer que o Direito é coercível, heterônomo, e tem bilateralidade atribuída, enquanto que a Moral é não coercível e é autônoma. A Ética tendo uma resposta mais exigente pela sociedade do que a Moral, também se mostra coercível e heterônoma. Embora o conceito de 
Direito, moral e ética sejam distintos, oferecem compreensão estreitamente relacionadas, e se influenciam mutuamente. O entendimento destas relações é necessitado de clareza para compreensão das diferenças básicas dos mesmos. A Ética e o Direito pretendem garantir a Justiça, apesar da moral, em alguns âmbitos também ostentar este princípio. O Direito devendo garantir a Justiça tem uma forte influencia pela Moral, tornando racional e tentando igualar o comportamento humano, a ética em certos casos acaba avançando no campo do Direito por pretender efetuar uma critica em relação a moral. Portanto, raramente é garantido que a justiça se concretize, já ¹Ariane Fernandes de Oliveira-Advogada e Prof. Me do corpo docente da Faresc ²Jussara Travençolo-Acadêmica do curso de Direito (DIR1SAM) da Faresc ³Karin Christyne Duwe-Acadêmica do curso de Direito (DIR1SAM) da Faresc que não tem o poder de coerção, somente a coerção relativa, o que é relevante. 
Podemos concluir que a coerção que exerce pela lei é garantida em uma tentativa de harmonizar a sociedade e a vida coletiva. A sociedade espera que a conduta dos profissionais que exercem os cargos mais relevantes do pais, ou por assim dizer, o Estado, tenham o mínimo ético, fundamental para que os indivíduos vivam com dignidade e justiça.
FONTE: Parei de ler aqui 
Expressão vem do latim (fons, fontis, nascente). Significado: tudo aquilo que origina, que produz algo. A expressão, no Direito, indica as formas pelas quais ele manifesta-se. As fontes do direito asseguram à sociedade que o juiz, ao decidir os casos concretos que lhe são postos, não decida pautado em critérios subjetivos, centrado em critérios pessoais.
Conforme JOSÉ CRETELLA JÚNIOR: “fonte é o vocábulo que designa concretamente o lugar onde brota alguma coisa, como fontes d’agua ou nascente, a expressão fontes do direto significa o lugar de onde provem a norma jurídica, donde nascem regras jurídicas ainda não existentes na sociedade humana, retornar a fonte do direito é buscar a origem de seus enunciados”.
“FONTE” NO SENTIDO DE VALIDADE DO ORDENAMENTO JURÍDICO Segundo Kelsen, a norma fundamental (Constituição no sentido lógico-jurídico) é a fonte primordial do direito, de acordo com a qual devem estar todas as demais leis do ordenamento jurídico. Desse modo, uma norma só pode se originar de outra que lhe seja hierarquicamente superior. Assim: FONTES DO DIREITO são os vários modos de onde são buscadas, nascem ou surgem as normas jurídicas e os princípios gerais da ciência do direito.
CLASSIFICAÇÕES DE FONTES:
1)FONTES DIRETAS E FONTES INDIRETAS.
SÃO FONTES DIRETAS DO DIREITO: LEIS - normas gerais e impressas, valendo para o futuro e editadas para um número ilimitado de pessoas; as leis merecem um especial destaque, já que constituem a principal fonte do Direito.
Leis (sentido strictu): leis complementares; leis ordinárias; leis delegadas, medidas provisórias; decretos legislativos e resoluções.
Costumes - norma jurídica não escrita, que o uso continuado consagra, respeitando pela sociedade onde se instala como se tivesse força de lei, o costume é oriundo de uma convicção do grupo social, que o cumpre com rigor.
SÃO FONTES INDIRETAS DO DIREITO:
DOUTRINA : trabalhos teóricos desenvolvidos por estudiosos do Direito, que visam à interpretação das leis e dos preceitos jurídicos; Ex.: Teorias trazidas em livros são doutrinas.
JURISPRUDÊNCIA: conjunto de decisões proferidas pelos tribunais de segunda instância em casos concretos, específicos.
Vale, aqui, uma diferenciação entre JURISPRUDÊNCIA e SÚMULA VINCULANTE: Ambas são fontes diferentes do Direito, embora venham do costume. A jurisprudência, como vimos, constitui-se de decisões, nos casos concretos. A Súmula vinculante é a síntese dessas jurisprudências e representa o entendimento jurisprudencial mais recorrente e reiterado em decisões.
A Súmula é emitida (e numerada, inclusive) pelo STF/STJ e, de certa forma, ela é a consolidação da jurisprudência, após várias decisões irem ao encontro do mesmo entendimento, de modo que ela preestabelece posicionamentos, fixando parâmetros para os tribunais inferiores.
OUTRA CLASSIFICAÇÃO DE FONTES:
1)Fontes materiais (também chamadas REAIS)
 São os fatos sociais, as próprias forças sociais criadoras do Direito. Constituem a matéria-prima da elaboração deste, pois são os valores sociais que informam o conteúdo das normas jurídicas.
As fontes materiais não são ainda o Direito pronto, perfeito, mas concorrem para a formação deste sob a forma de fatos sociais econômicos, políticos, religiosos, morais.
Fatos sociais de natureza política, encontraremos no papel inegável das ideologias políticas, ao originarem movimentos políticos de fato, como as revoluções e as quarteladas.
Na religião, há uma fonte destacada do Direito, haja vista a Antiguidade Oriental e a Clássica, nas quais encontramos Direito e Religião confundidos.
Como exemplo de fatores morais na elaboração do Direito, citem-se as virtudes morais, os valores sociais considerados por todos, como o decoro, a decência, a fidelidade, o respeito ao próximo.
Como fatores naturais, pode-se citar o clima, o solo, a raça, a geografia, a população, a constituição anatômica dos povos. Já Montesquieu, em sua obra O Espírito das Leis, informou sobre a influência das condições mesológicas* sobre os povos e suas leis, que deveriam ser aquelas apropriadas.
2) Fontes históricas:
São os documentos jurídicos e convenções coletivas do passado que, graças a sua sabedoria e aplicabilidade, continuam a influir nas legislações do presente.
Ex.: São fontes históricas do Direito brasileiro, por exemplo, o Direito Romano, o Direito Canônico, as Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas, o Código de Napoleão, a legislação da Itália fascista, entre outros.
3) Fontes formais:
É o que dá forma ao Direito, fazendo referência aos modos de manifestação das normas jurídicas, demonstrando quais os meios devem ser empregados pelo jurista para o funcionamento do direito vigente. São fontes de cognição (conhecimento).
As fontes formais podem ser estatais e não estatais.
ESTATAIS: dividem-se em: Legislativas: seriam as leis;
Jurisdicionais: jurisprudência, precedentes judiciais, súmulas, sentenças, acórdãos (decisão de tribunal superior recebe esse nome).
As fontes formais não estatais referem-se ao direito consuetudinário e ao direito científico (doutrina).
Segundo Maria Helena Diniz:
a) as fontes formais são o próprio Direito objetivo vigente;
b) as fontes materiais são o que, de fato, dão origem ao Direito. É através das fontes formais que o direito se positiva com força obrigatória. Podemos pensar que os costumes não possuem esta FORÇA OBRIGATORIA?
Fonte material e fonte formal: as fontes formais (forma) são a via por onde correm e manifestam-se as fontes materiais.
Fontes formais estatais:
LEI- é a principal fonte formal do direito nos países da Civil law .
Há essa tendência a codificar o direito, para buscar maior certezae segurança nas relações jurídicas.
Ainda: o processo baseado na lei escrita costuma ser mais rápido do que o Direito baseado em precedentes, casos concretos, como nos países da common law . Objetivo da celeridade, rapidez: alcançar meios que possam dar mais agilidade às demandas (morosidade legislativa). O Estado cria a lei e concede ao costume e à jurisprudência a força desta.
O positivismo jurídico defende a ideia de que fora do Estado não há Direito, sendo o Estado a única fonte das leis e do Direito. As forças sociais, os fatos sociais seriam tão-somente causa material do Direito, a matéria-prima de sua elaboração, ficando esta sempre a cargo do próprio Estado, como causa eficiente.
Segundo esse entendimento, a lei seria causa formal do Direito, a forma de manifestação deste.
Termo “LEI”: Diniz distingue três formas que o termo pode ser usado:
1 - amplíssima: lei = norma jurídica (escritas e/ou costumeiras);
2 - ampla: o sentido da lei que faz menção apenas às normas jurídicas escritas segundo o verbo legere (ler), por isso, que podem ser lidas;
3 - estrita ou técnica: lei = norma jurídica elaborada pelo poder legislativo, por meio do devido processo. (aqui, pode-se citar a Constituição Federal, assim como lei complementar, lei ordinária, decreto legislativo).
JURISPRUDÊNCIA
conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, resultante da aplicação da norma a casos semelhantes, é o conjunto de normas emanadas dos juízes em sua atividade jurisdicional. É as decisões de Tribunais que uniformizam as decisões judiciais.
Segundo Reale, a jurisprudência é a forma de Direito que se processa através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais.
Segundo Diniz, a jurisprudência é um costume judiciário que se forma pela prática dos tribunais.
Para a autora, não possuem força vinculante, ou seja, de obrigar os tribunais e juízes monocráticos a seguirem os seus enunciados, apenas a súmula vinculante possui tal efeito.
Contudo, isso pode ser contestado em face a inúmeros casos que se embasam em decisões recorrentes nos tribunais, que, pelo uso, acabam por vincular, de certa forma, as demais decisões.
A seguir, poderemos visualizar em parte, como se estrutura uma jurisprudência.
FONTES FORMAIS NÃO ESTATAIS:
COSTUME:
É a prática reiterada de determinado ato, com a convicção de sua necessidade jurídica. A lei, por mais completa que tente ser, jamais poderá abrigar todos os fatos sociais que necessitam de uma proteção jurídica, por isso, o costume ainda tem papel fundamental no Direito, haja vista a insuficiência legal.
Segundo o art. 4º da LINDB o costume ocupa uma posição subsidiária a lei.
O costume é formado por dois elementos:
1.objetivo: uso que o consagra no meio social;
2.subjetivo: convicção de sua juridicidade.
Segundo Diniz, para a vigência de um costume é necessário:
Continuidade- longa prática (uso e convicção da juridicidade), convicção de sua exigibilidade. Uso deve ser uniforme, constante, público e geral. Não se confunde o elemento subjetivo com a mera praxe, pois no costume há um sentimento de dever jurídico, de obrigatoriedade.
Continuidade (uso reiterado);
Uniformidade (pelo menos numa região determinada);
Diuturnidade (duração longa);
Moralidade;
Obrigatoriedade.
ESPÉCIES DE COSTUMES
Em relação as leis, o costume pode ser:
secundum legem:é previsto na lei que reconhece ou orienta o uso do costume. Art. 1297, §1º CC (muros, cercas, divisórias “até prove-se em contrário pertencem aos dois confinantes”
proeter legem: caráter supletivo, supre a lei nos campos omissos e preenche as lacunas da lei. Art 4º da LINDB – “quando a lei for omissa, o juiz decidirá com base nos costumes, analogia e Princípios Gerais do Direito”.
contra legem: forma-se em sentido contrário ao da lei, admite-se em caso de defasagem da lei. Não há uniformidade na doutrina.
Ex: Cheque pré-datado (o correto é pós –datado)
DOUTRINA
Doutrina: atividade dos juristas, cientistas do Direito. São ensinamentos dos professores, juízes, promotores ou demais estudiosos do Direito.
Por meio da doutrina, buscam-se enunciados para facilitar a compreensão dos conceitos jurídicos.
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