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Anna Beatriz Carvalho Araújo Farmacologia Eicosanoides • Os Eicosanoides são autacoides lipídicos derivados do Ác Araquidônico (AA). • Autacoides: *São substâncias que são produzidas e atuam localmente, se difundindo pelo espaço intersticial. *Possuem ação parácrina, atuando nas células de proximidade, não caindo na corrente sanguínea. *É um derivado do ácido araquidônico. • O AA está presente na composição dos fosfolipídeos das membranas celulares. • Após estímulo, a enzima FOSFOLIPASE A2, libera o AA dos fosfolipídeos de membrana celular. • Com isso, é possível afirmar que todas as células são capazes de produzir algum tipo de eicosanoide, já que todas as células possuem fosfolipídeos de membrana. • Existem duas vias principais para a síntese de Eicosanoides a partir do AA: a via da Cicloxigenase (COX) e a Lipoxigenase (LOX). o A COX leva a produção de prostanoides (prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxano) o A LOX leva a produção de leucotrienos principalmente. • Via da Cicloxigenase: o A COX-1 → é responsável pela produção fisiológica de prostanoides. É uma enzima constitutiva que regula processos regulares normais (citoproteção gástrica, homeostase vascular, a agregação plaquetária e as funções reprodutiva e renais). o A COX-2 → provoca o aumento da produção de prostanoides em locais de doença e inflamação crônicas. É expressa de maneira construtiva em tecidos, como cérebro, rins e ossos. • Via da Lipoxigenase: • Em uma primeira etapa, o AA será transformado em prostaglandinas transitórias/temporárias, chamadas de endoperóxidos cíclicos. A depender de quais enzimas estiverem presentes nas células, essas prostaglandinas transitórias serão transformadas em prostaglandinas definitivas. O que vai determinar o tipo de prostaglandina produzida por cada célula, são as enzimas que essa célula vai ter. o Ex: se a célula tiver prostaciclina sintetase → formará a prostaciclina (PGI2). o Tromboxano sintetase → tromboxano A2 o PGE2 sintetase → PGE2 • A célula precisa ter COX, que é a primeira via e depois as enzimas específicas. A COX leva à produção de prostaglandinas. PROSTAGLANDINAS: • São formadas a partir de dois subtipos da enzima COX1 e COX2. • Prostaglandinas Inflamatórias: produzidas, somente, em caso de resposta inflamatória, seja de origem infecciosa, traumatológica. São sintetizadas por macrófagos e células do sistema imune. • Prostaglandinas Fisiológicas: regulam processos fisiológicos, pois possuem ação parácrina. • A COX-1 (constitutiva) → é responsável pela produção fisiológica de prostanoides. • A prostaciclina é produzida pelos vasos sanguíneos para manter o vaso dilatado. • A COX-2 (induzida)→ está predominantemente envolvida na formação de prostaglandinas nos processos de inflamação, febre e dor. • Contudo, sabe-se que alguns tipos de prostaglandinas fisiológicas que são produzidas pela COX-2. Isso acontece com a preservação da função renal e da vasodilatação, que são mantidos por PGs formadas a partir da COX-2. • Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) em sua maioria, inibem, indistintamente, COX-1 e COX-2. Quando inibo COX-2, o efeito terapêutico é anti-inflamatória – ou seja, está inibindo as prostaglandinas que levam ao processo inflamatório. o Contudo, esses anti-inflamatório também inibem a COX-1, e o paciente acaba por não produzir, adequadamente, prostaglandinas fisiológicas, o que vai fazer com que apareçam efeitos adversos. Prostaglandinas na Inflamação, na Dor e na Febre. • Inflamação é a resposta a um estímulo que pode ser provocado por agentes físicos ou químicos, infecções ou traumas. (com exceção das infecções, a inflamação provocada pelos outros estímulos, não possuem o intuito de destruir um invasor, mas sim de retirar o tecido danificado e substituí-lo pelo próprio tecido ou por tecido cicatricial). • A inflamação é uma resposta protetora ao organismo, cujo maior objetivo é remover o agente causador da agressão e reparar o tecido lesado – promover um combate contra os invasores e/ou a retirada do tecido morto e a sua substituição – se não tivéssemos resposta inflamatória, os vírus, fungos, bactérias invasores do organismo se multiplicariam e disseminariam, destruindo órgãos e tecidos. • A resposta inflamatória é absolutamente necessária. • Possui uma fase vascular (vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular) e uma fase celular (chegada das células de defesa ao local da infecção ou trauma - várias substâncias do grupo das citocinas com o intuito de atrair para aquele local várias células; a depender do tipo de invasor, grupos de células diferentes serão recrutados. o Vasodilatação: é promovida pelas prostaglandinas inflamatórias. É por conta dessa vasodilatação que vão aparecer os sinais típicos da inflamação: Rubor (muito sangue no local), edema, calor → esses sinais flogísticos acontecem em qualquer órgão, só que não conseguimos visualizar/palpar. o Aumento da permeabilidade vascular: é promovida pelas prostaglandinas inflamatórias. Para que ocorra a passagem das células do combate inflamatório, de dentro do vaso, para o parênquima do tecido → processo de DIAPEDESE. • Independente do estímulo inicial, os sintomas clássicos inclui: dor, vermelhidão, calor e edema. • Usa-se os anti-inflamatórios para evitar o excesso de inflamação. Pois a inflamação pode tornar-se tão exuberante que acaba destruindo os tecidos normais. • A PGE2 e PGI2 são os principais prostanoides que medeiam a inflamação: Anna Beatriz Carvalho Araújo Farmacologia o São produzidas e liberadas quando há estímulo inflamatório. o Aumentam o fluxo sanguíneo local (vasodilatação), a permeabilidade vascular (favorecendo a diapedese) e a infiltração de leucócitos (quimiotaxia) • Aumentam a sensibilidade dos nociceptores periféricos e potencializam a percepção da dor – com o intuito de que você utilize menos aquela estrutura que está sob processo inflamatório – assim, o combate acontece mais adequadamente. • No processo inflamatório provocado, principalmente, por agentes infecciosos, as prostaglandinas estimulam o centro de regulação da temperatura corporal no hipotálamo, provocando febre. • A febre acontece, pois, algumas células inflamatórias atuam melhor quando o corpo apresenta uma temperatura mais alta, principalmente os neutrófilos (que são muito importantes no combate contra bactérias). Principais Ações Fisiológicas das Prostaglandinas: • Vasos Sanguíneos: o PGI2 (prostaciclina produzida no endotélio – células endoteliais) relaxam as fibras musculares lisas vasculares, permitindo a vasodilatação. o TXA2 (tromboxano produzido nas plaquetas) – vasoconstrição. • Plaquetas: o PGI2 – antiagregação plaquetária. o TXA2 – agregação plaquetária. • Trato Gastrointestinal: o PGI2 – atua sobre as células parietais, diminuindo a secreção ácida gástrica (HCL) e sobre as células epiteliais superficiais, estimulando/aumentando a produção do muco protetor de bicarbonato – evitar p excesso de atuação do HCL. • Rins: o PGE2 e PGI2 – vasodilatação renal, com aumento do fluxo sanguíneo renal, facilitando a filtração – vasodilatam a arteríola aferente → as prostaglandinas renais são mecanismos importantíssimos para ajudar no processo de filtração glomerular – por isso que os anti-inflamatórios, quando inibem essas prostaglandinas renais, podem induzir insuficiência renal. • Sistema reprodutor feminino: o PGF2alfa – contração da musculatura lisa uterina – não são só as citocinas que contraem o útero no momento do parto. o A PGF2 alfa também é produzidano ciclo menstrual – cólicas menstruais –> altos níveis dessa prostaglandina. • Sistema reprodutor masculino: o PGE2 – relaxamento da musculatura lisa dos vasos sanguíneos dos corpos cavernosos (vasodilatação peniana), melhorando a ereção peniana (enchimento sanguíneo dos corpos cavernosos). • Olhos: o Diminuição da pressão intraocular por facilitação da drenagem do humor aquoso (este humor é sempre produzido e drenado). • Ps: a prostaciclina é continuamente produzida pelas células endoteliais para fazer com que o vaso permaneça dilatado, não havendo agregação plaquetária inadequada e para que o fluxo sanguíneo continue livremente. • Quando há uma lesão vascular, é necessário que ocorra uma interrupção desse sangramento – então, o tromboxano é produzido pelas plaquetas. O tromboxano, além de atuar nas próprias plaquetas (provocando agregação plaquetária) ele também atua sobre o vaso, promovendo a vasoconstricção (para diminuição do fluxo sanguíneo na área afetada). Usos clínicos de fármacos análogos de prostaglandinas: • Misoprostol: facilitação do parto/indução do aborto → análogo da PGF2 alfa; esse fármaco era, inicialmente, utilizado para a proteção gástrica, aborto retido, aborto espontâneo. • Ação antiulcerosa e protetora da mucosa gástrica – Misoprostol – na prática, eles não são usados, pois também atuam em receptores de PGF2 alfa. Há fármacos que atuam em receptores PGE2, que é a principal prostaglandina gástrica, sem atuar em receptores PGF2 alfa – vai melhorar a produção de muco, a diminuição de HCl sem produzir risco de contração uterina. • Glaucoma – análogos de prostaglandinas; o indivíduo pode ter glaucoma por um defeito de drenagem do humor aquoso – nesses indivíduos você utiliza um colírio com análogos de prostaglandinas – epoprostenol, por exemplo. • Disfunção erétil – hoje, os análogos de prostaglandinas não são mais tão utilizados com esse intuito – pois a substância é injetada n próprio pênis – análogos de prostaglandinas locais – dilatação dos vasos sanguíneos dos vasos cavernosos; novos fármacos chegaram e foram os substituindo – os inibidores da fosfodiesterase. • ps: o Viagra não tem prostaglandina!! Sendo um fármaco sildenifil (inibidor da fosfodiesterase - enzima que degrada o AMP cíclico ) o AMP é um vasodilatador. Quando inibe o fosfodiesterase, se aumenta o nível de AMPc e haverá vasodilatação peniana. Se o indivíduo tiver problemas cardíacos, esse fármaco pode causar algumas complicações, devido ao aumento do fluxo sanguíneo. LEUCOTRIENOS: • São formados a partir da enzima LOX. • São agentes pró-inflamatórios com ação muito relevante na asma brônquica – os leucotrienos estão muito envolvidos no desencadeamento da asma brônquica – resposta alérgica das vias respiratórias – ocorre uma produção maciça de leucotrienos, os quais rem uma ação vasodilatadora e brococonstrictora. • Inibidores de leucotrienos: • Se os leucotrienos são mediadores químicos muito envolvidos na asma brônquica, podemos utilizar, no tratamento dessa patologia, os inibidores dos leucotrienos, também chamados de anti- leucotrienos. • Anti-leucotrienos: o Antagonista dos receptores dos leucotrienos. (os receptores dos leucotrienos estão na musculatura lisa dos vasos sanguíneos – relaxam - e na musculatura lisa dos brônquios – contraem ). o Inibidores da LOX – inibir a enzima que forma os leucotrienos Zileutona. • Efeitos adversos: são efeitos hepáticos; não decorrem do mecanismo de ação. Insuficiência hepática em doses altas.
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