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Resenha do filme Um evento feliz

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Resenha do filme Um evento feliz- Rémi Bezançon
Mariele Guedes de Vargas[2: Acadêmica do curso de Psicologia da UPF.]
O filme inicia com Barbara se perguntando onde tudo começou se seria no momento em que seu teste de gravidez deu positivo ou se seria antes disso, quando ela conheceu Nicolas. Ele trabalhava em uma videolocadora enquanto ela trabalhava em sua tese de doutorado. Eles começam a namorar e vivem um período de muita felicidade juntos: “Éramos felizes e apaixonados. Estávamos sozinhos no mundo.” diz Barbara ao pensar sobre a história de amor que vivia ao lado de Nicolas.
Tudo corria perfeitamente bem, até que um dia Nicolas diz a Barbara que quer ter um filho com ela. Ela decide realizar o desejo de Nicolas e engravida. Após fazer um teste de gravidez e constatar que está realmente grávida, ela decide dar a notícia ao seu amado e ele fica extremamente feliz e realizado. Então começam os planos do casal: Barbara diz: “Serão nove meses de total felicidade”, se preparar para a chegada do terceiro integrante da família, fazer o enxoval, escolher o nome... Pois bem, ela só havia pensado nos pontos positivos da gravidez, quando, como tudo na vida, a gravidez também possui pontos positivos e negativos: enjôos, alterações do humor, medo e ansiedade pré e pós-parto renúncias que o casal teria que fazer e responsabilidades que viriam junto com a chegada do bebê.
Barbara decide não contar à sua mãe sobre sua gravidez, por saber a forma como a mãe reagiria diante da notícia. Numa visita que o casal fez à casa da mãe de Barbara, tentando esconder sua gravidez, sua mãe logo descobre e começa a jogar na cara de Barbara que ela é imatura, não tem independência financeira e já lhe avisa que não vai ajudar a cuidar do bebê, que se ela quiser que peça para a sogra ajudá-la.
No início da gravidez, Barbara diz que se sentia “possuída” por um ser que habitava dentro dela e que tinha vida própria, a acordava bem cedo, a fazia comer o que nunca havia comido antes, a fazia rir ou chorar sem nenhum motivo aparente.
Próximo aos quatro meses de gravidez, ela se sentia no auge de sua feminilidade, estava com os hormônios à flor da pele, “Eu só pensava em fazer amor”, diz Barbara. É nesse momento que Barbara começa a ficar mais deprimida e a se sentir abandonada pelo marido, pois ele não consegue ter relações com ela, se sente travado, como se o bebe o tivesse observando. Além disso, ele mantém seus costumes de quando era solteiro enquanto ela está grávida e precisa abandonar muitos hábitos diários em nome de sua gravidez. Definitivamente, ela começa a ficar muito magoada com a falta de desejo e interesse por parte do marido.
Na primeira ultrassonografia, o casal fica muito emocionado ao escutar o coração do bebe bater e quando a médica pergunta se eles já querem saber o sexo do bebe, Barbara demonstra sua vontade de não saber o sexo da criança. Inconscientemente ela teme que seja uma menina e, dessa forma, que ela tenha o mesmo futuro que sua mãe teve com ela e sua irmã, quando eram pequenas e foram abandonadas pelo pai ainda bebes.
Na segunda ultrassonografia, a médica, enquanto descreve as partes do corpo do bebe, acaba entregando o sexo da criança, uma menina, e Barbara fica muito brava, pois ela não queria saber o sexo do bebe antes dele nascer. Nicolas, ao ver a esposa evidentemente decepcionada, pergunta a ela por que queria um menino e ela responde que apenas não queria saber o sexo da criança. Inconscientemente ela queria mesmo um menino.
É muito provável que a descoberta do sexo do bebe e a ausência do marido tenham contribuído para que Barbara vivesse um período de sua gravidez onde decide que simplesmente não está mais grávida e quisesse a vida que tinha antes de engravidar. Ela passa então a faltar nas aulas de preparação para o parto, começa a jogar no fliperama, ia ao cinema, “ficava à toa” e simplesmente “esperava, esperava e esperava.” Certa noite ela tem um sonho onde acordava e seu marido não estava na cama ao seu lado, a casa estava alagada e ela saía à procura dele, mas não o encontrava então ela mergulha para tentar encontrá-lo e morre afogada. Este sonho deve ocorrido em decorrência da proximidade do parto e pelo medo de morrer no parto, que de certa forma, consciente ou inconscientemente, afeta todas as mulheres grávidas. 
Chega então o dia do parto, o casal vai até o hospital e Barbara já começa a ver como as aulas de preparação ao parto estão fazendo falta. Entretanto no final tudo acaba dando certo e Lea vem ao mundo com muita saúde. Porém Barbara acaba sofrendo uma angústia puerperal, ou seja, ela não consegue se afastar do bebe nem por um instante. Durante a noite, uma enfermeira vem buscar o bebe e diz que vai tomar conta dele até o amanhecer, pois Barbara precisava descansar. Barbara não aguenta ficar longe da filha e vai até o berçário para vê-la.
No dia de deixar o hospital e ir para casa, Barbara diz que ela e o bebe não estão prontos para ir e preferem ficar lá por mais um tempo. É nesse momento que a enfermeira a aconselha, diz que ela não precisa ter medo e que vai dar tudo certo, e isso faz muito bem a Barbara que concorda com ela e deixa o hospital. Nota-se neste momento do filme, a falta da presença da família, pois este costuma ser um momento onde a família está ao lado da mulher recém-parida, dando-lhe apoio e muito carinho para acolhê-la e fazer com que ela se sinta protegida.
Após a volta para casa, Barbara tem dificuldade para conciliar a elaboração de sua tese e os cuidados com o bebe e a casa, e é nesse momento que o casamento começa a ficar em segundo plano. Se no início do filme Barbara estava sempre bem arrumada e alegre, a partir desse momento ela não procura mais se arrumar para o marido e nem pra ela mesma se sentir bem. Alega que não tem mais tempo para isso. Nicolas quase não a auxilia nos cuidados com o bebe, um pouco por falta de vontade mesmo, mas por outro lado, Barbara não desgruda da criança e sempre que ele quer fazer algo para ajudá-la ela diz que não precisa e ela mesma faz, e eles já não conseguem mais ter relações, pois o bebe chora quase o tempo todo. Isso vai desgastando a relação dos dois e encaminhando-os para o final do casamento. Barbara era extremamente apegada à filha, era a coisa mais importante para ela, e ficou muito depressiva após o parto, se esqueceu de cuidar de si mesma, o marido até tentava se aproximar, mas a única coisa que importava para ela era o seu bebe.
Seguindo as sugestões do seu médico, Barbara decidiu sair com as suas amigas para se divertir um pouco e deixar a filha longe de seus cuidados. Acabou se embriagando com as amigas para esquecer dos problemas e chegou em casa de manhã. É nesse momento que, segundo Nicolas, Barbara chegou ao “fundo do poço”. Eles decidem viajar para tentar salvar o casamento, mas a tentativa não dá certo, pois ao voltar para casa tudo continua de mal a pior. É nesse momento que o casal decide dar um tempo, Barbara vai embora de casa e Nicolas assume os cuidados com a filha.
O filme termina numa cena em que Barbara e Nicolas se encontram para conversar sobre o futuro da filha, dando a entender que a vida a três já não é mais a primeira opção.
Para mim, esse filme retrata de forma brilhante essa fase tão maravilhosa e tão complicada ao mesmo tempo na vida de um casal, a gravidez e a maternidade, suas implicações físicas e psíquicas. Demonstra as vivências de cada período da gravidez, medos, temores e angústias, enjôos e desejos, ansiedades pré e pós-parto, medo de não ser uma boa mãe ou não conseguir amamentar o bebe. Talvez o grande erro do casal foi não ter planejado melhor a gravidez, além do fato de não estarem preparados financeira e psicologicamente para tal função. E o que mais pesou foi a imaturidade psicológica do casal, Barbara tinha uma relação um tanto mal resolvida com a sua mãe e acabou comparando muito o marido com seu próprio pai, de forma a reviver os erros cometidos no passado pelos próprios pais. Barbara acabou se apegando demais à filha, como se esperasse serabandonada pelo marido, da mesma forma que foi abandonada pelo pai quando criança.

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