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Atividade de Colagem

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atividade de colagem
 A utilização de testes psicométricos que visavam
identificar, classificar e medir características, foi, e
continua sendo, uma prática bastante criticada, uma
vez que grande parte das discussões entre os
profissionais das ciências humanas está voltada para
a preocupação com processos de exclusão social, ideia
subjacente aos métodos classificatórios.
 Há uma inquietação que se origina da constatação de
que nossos recursos instrumentais, são limitados
diante das diferentes demandas psicológicas dos
clientes, dadas as múltiplas possibilidades de
expressão da subjetividade.
 O que buscamos nesse atendimento de
psicodiagnóstico é chegar a uma compreensão da
demanda e à possibilidade de propiciar ao cliente uma
compreensão e mudança, que por sua vez permitam
melhor qualidade de vida aos envolvidos. Os recursos
utilizados, tais como entrevistas com pais (entrevista
inicial, anamnese, devolutivas), observações lúdicas,
testes, visita à escola e visita domiciliar, têm como
objetivo ajudar no processo de investigação e na
compreensão da problemática apresentada . 
 A atividade de colagem, proposta por Violet
Oaklander (1980) como um recurso a ser utilizado no
processo psicoterápico de crianças e adolescentes,
despertou nossa curiosidade e interesse. Oaklander,
que trabalha com referencial teórico da Gestalt,
considera; tal descrição remete a uma atividade
simples e ao mesmo tempo significativa, dado que
“pode ser utilizado como experiência sensorial, e
também como manifestação emocional”.
 Parece claro que ela trabalha com a ideia de que a
colagem é representativa do mundo interno da
criança, de seus sentimentos e pensamentos.
 Ainda segundo a autora, pode-se trabalhar com a
colagem individual ou em grupo com diferentes temas
e de inúmeras maneiras. Evita-se usar imagens de
artistas e personagens, pois estas podem carregar
um significado cultural, limitando a análise e as
associações do cliente.
 Referência: Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Silvia Ancona Lopez. Cap VI 
 “Muita coisa é revelada através da seleção de
figuras. O estado de espírito revelado pelo
conjunto escolhido pode contar algo sobre o
que a criança está sentindo naquele momento,
ou na sua vida em geral” 
 Foi com essas ideias que começamos a propor aos
nossos clientes a realização de uma colagem. Nossa
pretensão inicial era apenas observar como eles (os
clientes) se comportavam diante dessa tarefa, se
ficavam motivados ou não, se rejeitavam algumas
figuras, quais comentários faziam e qual era sua
atitude com relação ao trabalho realizado, isto é, se
queriam ou não levar para casa a colagem feita em
uma cartolina
 A atividade de colagem pode ser proposta em
qualquer momento do processo psicodiagnóstico;
quando ocorre após atendimentos e procedimentos,
deve-se tomar cuidado para que as figuras
selecionadas não sejam apenas de imagens
associadas a aspectos já revelados.
 Em grupo ou individualmente, é proposto um tema
para o trabalho das crianças considerando aspectos
a serem avaliados, tais como: auto imagem, percepção
de situações internas, pensamentos e sentimentos.
Assim, pedimos que façam uma colagem
representando aquilo de que gostam ou não gostam
de si mesmos, ou escolham figuras que indiquem do
que têm medo e quais são as suas preocupações.
Outro tema proposto com frequência é o “Álbum de
família”, que convida a criança a utilizar o material
disponível para representar as pessoas de sua
família. 
 Para a colagem, as figuras recortadas são dispostas
de modo aleatório, são escolhidas pelo cliente e
coladas em uma cartolina. Durante a escolha,
observa-se a forma de exploração, falas, figuras que
parecem chamar a atenção, mas não são escolhidas
etc. 
 É possível que a criança utilize o material oferecido,
por exemplo, canetinhas e tesouras, para
complementar ou modificar as figuras. 
 Depois de concluída a colagem, pede-se para que
atribua um significado a ela, ou que apresente o seu
cartaz ao grupo de estagiários. 
 Com a prática, notamos que as crianças queriam
mostrar para os pais suas produções. Passamos
então a perguntar para as crianças se gostariam que
o resultado desta atividade fosse apresentado para
eles na presença delas e, em caso afirmativo, ao final
do atendimento convidamos os responsáveis a entrar
na sala para ver os trabalhos.
 Nessas situações, os pais se veem diante de uma
mensagem simbólica que precisam decifrar, e mostrar
ali, diante de todos, o conhecimento que têm do filho.
 Nota-se que essa atividade compartilhada com os
pais permite maior aproximação afetiva e
reconhecimento por parte dos pais a respeito dos
sentimentos e da problemática de seus filhos, além de
facilitar a elaboração da avaliação e sua
compreensão por parte dos avaliados. A colagem
também pode ser proposta para os pais ou
responsáveis na presença dos filhos. Neste caso, a
instrução dada costuma ser a de representar o
“Álbum de família” sem explicitar se devem fazê-lo
em conjunto ou individualmente, o que é observado e
discutido ao término da atividade. 
Análise da colagem
Tempo de reação. 
Postura e modo de reação — observação a
distância, ou impulsividade, descuido etc. 
Figuras escolhidas, figuras coladas, figuras
abandonadas. 
Tema preferido.
Tamanhos das figuras. 
Uso do espaço da cartolina. 
Uso do verso da cartolina. 
Localização das figuras na cartolina, coladas de
forma aleatória ou ligadas, apresentando uma
organização ou aglutinação. 
Sentimentos expressos, impressões que a
colagem causa ao ser observada.
 De modo geral consideram-se: 
Figura central e/ou localização 
Recortar a figura já cortada — para caber na
cartolina, ou para separar, excluir elementos. 
Associações, explicações, falas durante a
atividade. 
Uso o lápis de cor, canetinhas — para molduras,
ligações, complementos, abandono da colagem
para fazer desenhos. 
Modo de utilização da cola — em excesso,
colocada cuidadosamente, pouca quantidade. 
 Quando a colagem é realizada por pais e filhos, no
momento da análise levamos em conta todos os
aspectos descritos, sendo o mais importante aquele
que se refere à interação entre pais e crianças e as
significações dadas por eles às figuras escolhidas.
 Como referimos, o uso do espaço também é um
indicador importante. Algumas vezes, a criança utiliza
todo o espaço, ou cola as figuras umas sobre as
outras, resultando em uma produção caótica que pode
refletir tanto aspectos emocionais como
comprometimentos de outra ordem. Outras vezes, a
imagem escolhida tem maior significado, dependendo
da posição que ocupa na cartolina.
 Outra conduta da criança que merece destaque é a
de recortar uma figura recortada com o objetivo de
separar ou excluir alguns de seus elementos ou,
simplesmente, para fazê-la caber na cartolina O ato
de recortar, excluindo ou dividindo as partes, parece
obedecer à necessidade da criança de explicitar seu
desejo.
 Raramente ocorre de a criança abandonar a colagem
para fazer desenhos utilizando o material gráfico . Tal
comportamento pode ser entendido como uma
oposição ao psicólogo ou como uma resistência em
realizar a tarefa.
 O aspecto lúdico dessa atividade parece atuar como
motivação para sua realização e para compreensão
de aspectos subjetivos, expressos de forma simbólica.
O uso da colagem contribui para a compreensão
diagnóstica que ultrapassa a individualidade da
criança e oferece efetivamente material de
intervenção que está além dos limites de uma
comunicação verbal.

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