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Direito Politico e Ambiental

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Prévia do material em texto

MODULO 0-4 
Prezado Aluno 
Seja bem vindo. 
Nesta nossa disciplina trataremos de uma gama de assuntos a partir da relação do cidadão 
com o ambiente, com o objetivo principal de desenvolver conteúdos relacionados à 
Participação Política e Meio Ambiente e, principalmente, através de conhecimentos 
teóricos, gerar capacidade no aluno para expor um juízo de valor em relação a 
complexidade que envolve o tal disciplina e conceito. 
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é 
que você dedique ao menos “3” horas por semana para esta disciplina, estudando os textos 
sugeridos e realizando os exercícios de autoavaliação. Uma boa forma de fazer isso é já 
ir planejando o que estudar, semana a semana. 
Para facilitar seu trabalho, apresentaremos os assuntos que deverão ser estudados e, para 
cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo 
você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa 
compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura complementar. Você 
mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. 
a – Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas 
Assuntos/módulos 
Fundamental 
1- texto 1 Política Ambiental - I 
2- texto 1.1 Política Ambiental - II 
 
 livro texto 1 
 livro texto 1.1 
2- texto 2 Espécies de Instrumentos de 
Política Ambiental – Lei nº 6.938/1981 - I 
livro 
Espécies de Instrumentos de Política 
Ambiental – da Lei nº 6.938/1981 - II 
 livro texto 2 
 livro texto 2.1 
 
 
3- texto 3 Zoneamento Ecológico Econômico 
(ZEE) – Decreto nº 4.297, de 10 de Julho de 
2002 - I 
livro texto 3.1 Zoneamento Ecológico 
Econômico (ZEE) – Decreto nº 4.297, de 10 de 
Julho de 2002 – II 
livro texto 3 
 
4- texto 4 Áreas de Proteção Ambiental - I 
 texto 4.1 Áreas de Proteção Ambiental - II 
 
 livro texto 4 
 livro texto 4.1 
 texto 5 Instrumentos da Política de Proteção 
Ambiental - I 
 texto 5.1 Instrumentos da Política de Proteção 
Ambiental – II 
 
 livro texto 5 
 livro texto 5.1 
6- texto 6 O Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA) - I 
texto 6.1 O Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA) - II 
 
 
livro texto 6 
 livro texto 6.1 
 texto 7 O Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA) - I 
 texto 7.1 O Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA) - II 
 livro texto 7 
 livro texto 7.1 
8- texto 8 O Plano Diretor Municipal e a 
Proteção ao Meio Ambiente - I 
 texto 8.1 O Plano Diretor Municipal e a 
Proteção ao Meio Ambiente - II 
 . 
livro texto 8 
 livro texto 8.1 
Nota: ver as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de consulta 
indicadas 
b – Avaliações 
Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, 
cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das 
datas das suas provas, dentro dos períodos especificados. 
Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as 
avaliações é realizando os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste 
sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios 
que são requeridos em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da auto-
avaliação. 
Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em 
cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: 
Conteúdos a serem exigidos nas avaliações 
Avaliações Assuntos Exercícios de auto-avaliação 
relacionados 
NP1 Do assunto 1 até o assunto 4 Todos os exercícios 
NP2 Do assunto 5 até o assunto 8 Todos os exercícios 
Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios 
Exame Toda a matéria Todos os exercícios 
 C – Referências bibliográficas 
· Livros textos: série 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. 
 
 Na década de trinta, o Brasil inicia um período de consolidação de investimentos 
públicos e privados em grandes obras de infraestrutura. Nessa época não se falava em 
desenvolvimento sustentável, porém, já havia uma vertente de política ambiental 
orientada apenas para preservação. Existia um movimento de políticos, jornalistas e 
cientistas que se organizavam para discutir políticas de proteção ao patrimônio natural 
Esses grupos contribuíram para elaboração do primeiro Código Florestal Brasileiro em 
1934 – instituído pelo Decreto 23793/1934 – onde eram definidas bases para proteção 
dos ecossistemas florestais e para regulação da exploração dos recursos madeireiros. 
 
 O Código Florestal contribuiu para a criação do primeiro Parque Nacional brasileiro 
em 1937, o Parque Nacional de Itatiaia, e dois anos depois foram criados os Parques 
Nacionais de Iguaçu e da Serra dos Órgãos. Porém, nos vinte anos seguintes nenhum 
outro parque foi criado. A política ambiental preservacionista dos anos 30 foi colocada 
em segundo plano nas décadas de 40 e 50, quando foram concentrados esforços na 
industrialização e no desenvolvimento acelerado. 
 
 Nessa década de 60, a preocupação com a conservação do meio ambiente foi 
institucionalizada com a aprovação da Lei Nº 4.771 de 15/09/1965, que instituía o novo 
Código Florestal Brasileiro, que visava, sobretudo à conservação dos recursos florestais, 
criando novas tipologias de áreas protegidas com as Áreas de Preservação Permanente, 
que permaneceriam intocáveis para garantir a integridade dos serviços ambientais; e a 
Reserva Legal, que transferia compulsoriamente para os proprietários rurais a 
responsabilidade e o ônus da proteção. 
 
 Quase dois anos após a criação do novo código florestal brasileiro foi criado o Instituo 
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que tinha a missão de formular a 
política florestal no país e adotar as medidas necessárias à utilização racional, à proteção 
e à conservação dos recursos naturais renováveis. A década de 70 se inicia com a 
realização da Conferência de Estocolmo de 1972, onde o Brasil defendia a idéia de que o 
melhor instrumento para combater a poluição é o desenvolvimento econômico e social. 
 
 Diante das pressões externas e da sociedade que acusavam o governo brasileiro de 
defender o desenvolvimento a qualquer custo, era emergente a necessidade de se criar um 
projeto ambiental nacional que contribuísse para reduzir os impactos ambientais 
decorrentes do crescimento causado pela política desenvolvimentista. 
 
 Como resposta, foi criada em 1973, a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), 
vinculada ao Ministério do Interior, “orientada para conservação do meio ambiente e uso 
racional dos recursos naturais”, passando a dividir funções com o IBDF. 
 
 Nessa década ganhava força a visão de ecodesenvolvimento que já defendia a 
conciliação dos aspectos econômicos, sociais e ambientais no desenvolvimento. Essa 
visão começa a ser internalizada na política ambiental brasileira com a promulgação da 
lei Nº 6938/81, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. A mesma passa a 
utilizar como instrumento de planejamento do desenvolvimento dos territórios o 
Zoneamento Econômico Ecológico e como um dos instrumentos de política ambiental a 
“avaliação de impactos ambientais”. Além disso, cria o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que 
passam a ser os principais instrumentos de uma política ambiental orientada para ações 
descentralizadas. 
 
 Logo, as atividades causadoras de degradação ambiental passaram a depender do 
prévio licenciamento do órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, e do 
Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A 
Lei cria a obrigação do licenciamento e a resolução Nº 1/1986 do Conselho Nacional do 
Meio ambiente (CONAMA) cita as atividades que precisam elaborar o Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). 
 
 Assim, a década de oitenta é marcada com um grande avanço na política ambiental 
no Brasil e a concepção de compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento foi 
fortalecida nas esferas nacional e internacional quando a Comissão Brundtland, criada 
pela Organização das Nações Unidas em 1983, divulgou o conceito “desenvolvimento 
sustentável”. A emergência de um novo paradigma fez com que essa expressão passasse 
a ser utilizada por representantes do Estado, da sociedade civil e dos empresários. 
 
 
 O período pré-Eco-92 foi farto de medidas emergenciais com vistas ao atendimento 
da opinião pública internacional. Entre elas, podemos citar: bombardeio dos campos de 
pouso dos garimpos, fechamento do poço de testes nucleares construído na Serra do 
Cachimbo, demarcação do território Ianomâmi, entre outros. A preparação para a 
participação na Unced-92 através da elaboração do relatório nacional para a definição das 
posições brasileiras pela Comissão Interministerial de Meio Ambiente (Cima), 
coordenada pelo Itamarati (Ministério das Relações Exteriores), foi um sinal significativo 
de que o tema meio ambiente se tornava matéria importante da política externa do país. 
A Cima coordenou representantes de 23 órgãos públicos para a elaboração do relatório 
nacional com as posições do Brasil para a Unced-92. Foi criada a Secretaria do Meio 
Ambiente da Presidência da República, transformada mais tarde em Ministério do Meio 
Ambiente (MMA). 
 Como resultado das discussões do evento, o controle da poluição industrial e da gestão 
do ambiente urbano foi priorizado como uma questão de cidadania local, dos governos 
locais e do mercado de crédito e tecnologias. A água que bebemos, o ar que respiramos, 
a contaminação dos alimentos que consumimos, o lixo e os resíduos que produzimos, as 
áreas verdes e de recreação e lazer ou o silêncio de que desfrutamos agora seriam 
problemas do mercado e da cidadania – a ser provida pelos governos locais. 
 
 A Agenda XXI, principal documento resultante da Conferência, apresentou um rol 
de programas que podem ser considerados instrumento fundamental para a elaboração de 
políticas públicas em todos os níveis e que privilegiavam a iniciativa local. Nela, questões 
como Desenvolvimento Sustentável, Biodiversidade, Mudanças Climáticas, Águas 
(doces e oceanos) e Resíduos (tóxicos e nucleares) tornavam-se problemas do planeta e 
da Humanidade e assumiam o novo centro da temática ambiental, abordados em seus 
capítulos. A Agenda, no entanto, não teve a força de lei das convenções e necessitava de 
cerca de 600 bilhões de dólares anuais para ser implantada no mundo. Além disso, sofreu 
com o denominador mínimo provocado pelo consenso exigido nos encontros 
internacionais, o que tornou o texto muitas vezes vago, sem prazos, nem compromissos. 
 
 Ao longo dos anos 1990, o modelo de política ambiental executado no Brasil entrou 
em crise. Por um lado, por não atender à nova pauta da política internacional definida na 
Eco-92; por outro, por não atender às demandas de cidadania e de consciência ambiental 
que se generalizava. Isso fez com que se evidenciasse, finalmente, a necessidade de 
redefinição das opções de política ambiental e do próprio papel do Estado brasileiro. A 
criação do Ibama não consolidou um modelo institucional adaptado aos novos desafios. 
O próprio Ministério do Meio Ambiente, segundo Celso Bredariol, “sempre viveu uma 
grande defasagem entre prática e proposta de política ambiental”. Segundo o MMA, a sua 
proposta consiste em conceder “especial ênfase à inserção da dimensão ambiental nas 
decisões de políticas públicas” e à “introdução da variável ambiental como critério 
relevante nas decisões de política econômica e de financiamentos de projetos pelas 
agências oficiais de desenvolvimento (...)”. 
 
 Buscando a adoção de uma política de corresponsabilidade e parceria através do 
diálogo, do convencimento e da conscientização da sociedade para a prática de uma 
gestão otimizada de seus recursos naturais, o MMA procurou também transferir, total ou 
parcialmente, a Estados, Municípios, ONGs e outras entidades públicas e privadas, o 
planejamento e a execução de políticas ambientais 
 
 No entanto, segundo Hageman, o MMA quase não dispõe de outros recursos, a não 
ser os das agências multilaterais e, mesmo esses, de acordo com Freitas, são de difícil 
utilização, tendo em vista fatores como a rigidez dos financiadores, a pouca participação 
da sociedade, a morosidade dos projetos e a necessidade de contrapartidas, entre outros. 
 A Gestão Ambiental no Brasil tem como um de seus principais referenciais a Política 
Nacional do Meio Ambiente estabelecida pela Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, 
com seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Dentre os objetivos da Política 
Nacional do Meio Ambiente está o de divulgação de dados e informações ambientais 
ligando-a a formação de uma consciência pública sobre a qualidade ambiental (Art. 4º, 
Brasil, 2009). Dentre seus mecanismos de formulação e aplicação, a Política Nacional do 
Meio Ambiente, nos termos do artigo 9º, tem como um de seus instrumentos “a garantia 
da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público 
a produzi-las, quando inexistentes”, como consta do inciso XI - incluído pela Lei nº 7.804, 
de 18 de julho de 1989 (Brasil, 2009). Em 2003, a Lei federal brasileira nº 10.650 dispôs 
sobre o acesso público aos dados e informações ambientais existentes nos órgãos e 
entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Apesar de esta lei causar 
implicações para os organismos dos poderes públicos, isto por si só não significa que a 
mesma dá cabo de regular todo o instrumento em foco. Supõe-se que, ao menos em parte 
o instrumento em questão foi regulado. 
Investigou o que é abrangível nas informações ambientais relacionadas ao instrumento da 
Política Nacional do Meio Ambiente consistente na garantia da prestação de informações 
relativas ao Meio Ambiente. Para tanto, verificando o alcance do instrumento em estudo 
da Política Nacional do Meio Ambiente e o que foi efetivamente regulado pela Lei nº 
10.650/2003. Esta avaliação foi ainda da não equivalente abrangência do instrumento da 
Política Nacional do Meio Ambiente, consistente na garantia da prestação de informações 
relativas ao Meio Ambiente, o qual obriga ainda o Poder Público a produzi-las, quando 
inexistentes, em relação à sua regulação pela Lei nº 10.650/2003 e ao princípio da 
informação. Para tanto, verificada a possibilidade de que o instrumento em foco não 
carece de mais regramento para sua aplicação em relação aos demais instrumentos. 
 Como referenciais teóricos este trabalho teve alguns princípios do Direito Constitucional 
e do Direito Ambiental, particularmente os princípios da informação e da publicidade 
(Machado, 2005). Os princípios são os elementos que predominam no estabelecimento 
dos sistemas políticos e jurídicos, servem como parâmetros para a interpretação de seu 
teor conceitual e normativo por identificar desígnios e valores tutelados pelo Estado de 
Direito. 
 Utilizando-se como referência a escala inicialmente proposta por ARNSTEIN (1969), 
considerando os trabalhos a partir desta empreendidos por outros autores. Estabeleceu 
Arnstein (1969) uma escala para verificação qualitativa do fluxo de informações entre a 
estrutura governamentalou prestadores de serviços transferidos em relação à participação 
social. Muito freqüentemente na esfera pública a ênfase é colocada em uma só orientação 
de fluxo de informação - de funcionários para cidadãos - sem ser provido de canais de 
retro alimentação e nenhuma possibilidade para negociação. Sob estas condições, as 
pessoas têm pouca oportunidade para influenciar o programa supostamente projetado para 
o benefício delas. As ferramentas mais freqüentes usadas para tal comunicação de uma 
só orientação de fluxo são as mídias de notícias, folhetos, cartazes, e as respostas a 
investigações. Também reuniões podem ser se transformadas em veículos para 
comunicação de uma só orientação de fluxo pelo simples dispositivo de prover 
informação superficial, desencorajar perguntas, intimidar rotulando como futilidade, com 
jargão ou prestígio pessoal ou ainda dar respostas irrelevantes (Arnstein, 1969. Baseado 
na citada obra de Arnstein (1969), Weidemann & Femers (1993 apud Tang; Waters, 
2005), consideram que a participação pública aumenta com o nível de acesso a 
informação, como também com o grau para o qual os cidadãos têm direitos no produzir a 
decisão. Assim a importância do tema em um enfoque geral, embora já evidenciada, deve 
se enfatizar vincula-se a relevantes efeitos das normas correlatas em relação aos entes 
privados e públicos e suas práticas e organização em relação ao conjunto de dados 
ambientais. E partindo disto há um potencial reflexo em ações relacionadas à proteção do 
ambiente e ao desenvolvimento sustentável no Brasil. O que pode ocorrer por meio da 
criação, sistematização e aplicação de conhecimento suscetível de dar subsídio a 
iniciativas que favoreçam a conservação ambiental e a participação social. 
 
No plano institucional, a área ambiental do Governo Federal sofreu uma grande 
transformação com a aprovação da Medida Provisória que dispõe sobre a criação do 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, fruto do desmembramento do 
IBAMA, que passa a ser responsável apenas pelo licenciamento ambiental, o controle da 
qualidade ambiental, a autorização do uso dos recursos naturais e a fiscalização. 
Já o Instituto Chico Mendes fica responsável pela gestão e proteção de Unidades de 
Conservação, orientando-se para políticas de uso sustentável. Essa divisão gerou 
resistência por partes dos servidores e alguns representantes da área ambiental – criou-se, 
assim, a visão equivocada de que essa mudança está prejudicando a política ambiental do 
País. 
Na verdade, o maior problema da política ambiental hoje é a dificuldade em promover a 
transversalidade, considerando os múltiplos interesses que permeiam os diversos setores 
do Governo, sejam eles econômicos, políticos, sociais. Os interesses econômicos em geral 
consideram o ambiental um entrave ao desenvolvimento de suas atividades e ao 
crescimento do Brasil. Tais interesses pressionaram fortemente o Governo em diversos 
casos, como os transgênicos, a usina nuclear de Angra 3, as hidroelétricas do Rio Madeira 
e a transposição do Rio São Francisco. 
A política ambiental hoje no Brasil traz muitos avanços no que diz respeito à participação 
dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, e da sociedade civil organizada. 
Essa dinâmica contribui para a melhoria da qualidade da governança ambiental, porém 
não garante que na definição das políticas sejam priorizados os interesses sócio-
ambientais. A perspectiva do desenvolvimento sustentável enfrenta oposição em diversos 
segmentos do mercado e até mesmo em certos setores do Governo, ao enxergarem 
equivocadamente o meio ambiente como um entrave ao desenvolvimento, quando, na 
verdade, é um elemento propulsor do desenvolvimento. No caso do Brasil, a 
biodiversidade é responsável por aproximadamente 50% do PIB. 
Assim, é fundamental que empresas, sociedade e Governo estejam em sintonia, visando 
conciliar também os interesses sociais e ambientais Os interesses econômicos que 
procuram inviabilizar a transversalidade constituem o grande obstáculo para a promoção 
de uma política ambiental integrada para o desenvolvimento sustentável. 
O ZEE foi introduzido no país no início da década de 1990, inspirado na Carta Européia 
de Ordenação Territorial da década anterior (1983), pelo governo federal como 
metodologia de organização territorial para a Amazônia Legal. No conceito adotado pelo 
órgão federal da época, a SAE-PR - Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência 
da República, o ZEE seria a “expressão espacial das políticas econômica, social, cultural 
e ecológica”. Considerado ainda como um instrumento para “racionalizar a ocupação e 
redirecionar as atividades, servindo de subsídio às estratégias e ações de planos regionais 
em busca do desenvolvimento sustentável”. Seria também “instrumento político e técnico 
de planejamento visando otimizar o uso do espaço e as políticas públicas. Instrumento 
técnico para organizar informações sobre o território necessárias ao planejamento da 
ocupação racional e do uso sustentável dos recursos naturais. Instrumento político para 
aumentar a eficácia das decisões políticas e da intervenção pública na gestão do território 
e criar canais de negociação entre as várias esferas de governo e a sociedade civil” (Ross, 
2001). 
 
Nesse conceito, o ZEE foi também considerado instrumento de apoio à Gestão Ambiental, 
definindo diretrizes e balizamentos para as atividades e intervenções no território e 
estabelecendo critérios e parâmetros para as normas e práticas de licenciamento e 
fiscalização dessas atividades e o monitoramento da qualidade ambiental. Decorreu daí 
outro propósito do ZEE que seria o de auxiliar na definição e aplicação de políticas de 
uso e ocupação da terra e de re-ordenamento de espaço físico já ocupado. 
 
O ZEE seria, portanto, um instrumento dinâmico, atualizado e atuante dentro da realidade 
local e presente na vida das comunidades residentes em sua jurisdição. Para cumprir esses 
propósitos, o ZEE necessitaria de um suporte político-administrativo provendo prestígio 
e recursos humanos, tecnológicos e financeiros necessários. Pelas suas preocupações 
regionais e locais, tal suporte não poderia ficar restrito à esfera Federal, mas descer até a 
Estadual e Municipal, guardando elas, todavia, estreita relação e cooperação entre si. 
Nesse sentido, foram incorporadas ao ZEE Físico-Territorial as dimensões sócio-
econômicas e político-institucionais (Ross, 2001). 
 O zoneamento ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, consiste 
em procedimento de divisão de determinado território em áreas onde “se autorizam 
determinadas atividades ou interdita-se, de modo absoluto ou relativo, o exercício de 
outras em razão das características ambientais e sócio-econômicas do local. Pelo 
zoneamento ambiental são instituídos diferentes tipos de zonas nas quais o Poder Público 
estabelece regimes especiais de uso, gozo e fruição da propriedade na busca da melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental e do bem-estar da população. Suas normas, que 
deverão obrigatoriamente respeitar o disposto em legislaçao ambiental, vinculam todas 
as atividades exercidas na região de sua incidência, o que implica na inadmissibilidade 
de ali serem exercidas atividades contrárias a elas. 
 A regulamentação desse instrumento se deu pelo Decreto 4297 de 10 de julho de 2002 
que estabelece os critérios para o zoneamento ecológico-econômico – ZEE do Brasil, ou 
seja, um zoneamento de abrangência nacional. É importante ressaltar que ambas 
expressões, ou seja, zoneamento ambiental e zoneamento ecológico-econômico, devem 
ser entendidas como sinônimas, mesmo que se possam existir acepções distintas em 
relação aopróprio ZEE (indicativo de condutas, instrumentos de planejamento territorial, 
ou ainda a própria política de ordenamento territorial). 
 
 A definição legal do zoneamento ambiental encontra-se no art. 2º do referido decreto 
que o descreve como sendo “instrumento de organização do território a ser 
obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e 
privadas” estabelecendo “medidas e padrões de proteção ambiental” com vistas à 
“assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da 
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de 
vida da população”. Isso implica que o zoneamento ambiental é fruto de um planejamento 
que deve sempre ser pensado a partir de estudo prévio e minucioso, feito por equipe 
técnica e habilitada, das características ambientais e sócio-econômicas da região a ser 
zoneada. Desta forma, ao distribuir espacialmente as atividades econômicas, o 
zoneamento ambiental levará em conta a importância ecológica, as potencialidades, 
limitações e fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e 
alternativas de exploração do território podendo, até mesmo, determinar, sendo o caso, 
que atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais sejam relocalizada . O 
zoneamento ambiental ao impor tais restrições configura o direito de propriedade e o 
direito de seu uso, conformando-os com a função social da propriedade prevista na 
Constituição Federal em seu art. 5º XXIII. 
 
 Unidade de conservação destinada a proteger e conservar a qualidade ambiental e os 
sistemas naturais ali existentes, para a melhoria da qualidade de vida da população local 
e para a proteção dos ecossistemas regionais. 
O objetivo primordial de uma APA é a conservação de processos naturais e da 
biodiversidade, orientando o desenvolvimento, adequando as várias atividades humanas 
às características ambientais da área. 
 
 Podem ser estabelecidas em áreas de domínio público e/ou privado, pela União, estados 
ou municípios, não sendo necessária a desapropriação das terras. No entanto, as atividades 
e usos desenvolvidos estão sujeitos a um disciplinamento específico. 
 
 Podem abranger em seu interior outras unidades de conservação, bem como 
ecossistemas urbanos, e propiciar experimentação de novas técnicas e atitudes que 
permitam conciliar o uso da terra e o desenvolvimento regional com a manutenção dos 
processos ecológicos essenciais. Toda APA deve ter zona de conservação de vida silvestre 
(ZVS), onde será regulado ou proibido o uso dos sistemas naturais. 
 
 É uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de 
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a 
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. As condições para a realização 
de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão 
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. ¹ 
 
 As APAs constituem uma importante categoria de unidade de conservação, apesar da 
complexidade das relações políticas, econômicas e sociais presentes nas áreas, que podem 
abranger mais de um município. O Projeto² identificou que as APAs podem se tornar 
importantes instrumentos de planejamento regional, integrando as populações e as 
técnicas adequadas de manejo, independentemente de limites geográficos dos municípios, 
promovendo um novo estilo de desenvolvimento. 
 
 Esta é uma categoria de unidade de conservação recente que, no Brasil, surgiu no 
início dos anos 80 (Artigo 8o da Lei Federal no 6.902, de 27/04/1981), juntamente com 
diversos outros instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente destinados à 
conservação ambiental. 
 Por suas características, as APAs do Brasil se assemelham aos Parques Naturais de 
Portugal, aos Parques Nacionais da Inglaterra, França e Espanha e às 
"Landschaftsschutzgebiet" ou Áreas de Proteção à Paisagem da Alemanha. 
 Seu objetivo principal é conservar a diversidade de ambientes, de espécies e de 
processos naturais pela adequação das atividades humanas às características ambientais 
da área, seus potenciais e limitações. 
 Ao contrário de outras unidades de conservação, as APAs podem incluir terras de 
propriedade privada, não exigindo, portanto, a desapropriação de terras. Assim, uma APA 
não impede o desenvolvimento de uma região, permite a manutenção das atividades 
humanas existentes, e apenas orienta as atividades produtivas de forma a coibir a predação 
e a degradação dos recursos naturais. 
 O processo de implantação de uma APA envolve diversas etapas e procedimentos 
legais e técnicos. Sua simples criação, através de instrumento legal (lei, decreto, resolução 
ou portaria), constitui apenas o primeiro passo, que deve ser seguido pela regulamentação 
destas leis e decretos e pela a implantação de um complexo sistema de gestão ambiental. 
Devem ser definidos criteriosamente os instrumentos gerenciais, como o zoneamento 
ambiental, o plano de gestão e os instrumentos fiscais e financeiros para garantir o 
cumprimento dos objetivos básicos da APA. 
 São áreas protegidas por lei, com os objetivos de conservar e proteger ecossistemas 
naturais e processos ecológicos necessários à manutenção da vida, contribuir para a 
preservação da biodiversidade e de formas de vida ameaçadas de extinção, assegurar a 
sustentabilidade do uso dos recursos naturais renováveis, estimular o desenvolvimento 
econômico local, permitir a realização de pesquisas científicas, atividades turísticas, 
recreacionais e, até mesmo, solidificar a identidade cultural de populações humanas. 
 Desde o estabelecimento da primeira unidade de conservação dos tempos modernos, 
o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos da América, em 1872, estas áreas 
multiplicaram-se por todos os continentes, constituindo uma rede mundial. Em setembro 
de 1989, havia cerca de 4 mil unidades de conservação maiores que 10 km2 em todo o 
mundo, englobando 4 milhões de km2 distribuídos por 140 países. 
 No Brasil, as unidades de conservação são definidas pelo Plano de Sistema de Unidades 
de Conservação como "áreas criadas pelo Poder Público, por lei, visando a proteção e a 
preservação de ecossistemas no seu estado natural e primitivo, onde os recursos naturais 
são passíveis de um uso indireto sem consumo". 
 Existem diversas categorias de unidades de conservação, com objetivos específicos e 
graus de restrição para a intervenção humana diferenciados, desde a total preservação até 
o uso múltiplo e recreacional. 
 
 A primeira criada no país foi o Parque Nacional de Itatiaia, em 1937. Desde então, as 
unidades de conservação multiplicaram-se, chegando a mais de 33 milhões de hectares 
há 10 anos. 
 No Município de Campinas, já existem várias unidades de conservação e áreas 
correlatas: uma Área de Relevante Interesse Ecológico sob administração federal (Santa 
Genebra), três Áreas Naturais Tombadas sob administração estadual (Bosque dos 
Jequitibás, Reserva Florestal da Fundação José Pedro de Oliveira e Fazenda Mato 
Dentro), dois Parques (um Ecológico - Monsenhor Emílio José Salim e outro Estadual) e 
parte de uma Área de Proteção Ambiental Estadual (Piracicaba e Juqueri-Mirim) (dados 
de 1992), além da APA Municipal de Sousas e Joaquim Egídio. 
MODULO 5-8 
Nos últimos anos, o debate sobre a escolha de instrumentos de política ambiental no Brasil 
vem se intensificando e abrindo espaço para a contribuição de economistas. 
"A ecologia deve conversar com a economia". 
Vantagens versus desvantagens do atraso em relação ao debate internacional é o dilema 
semprepresente em países como o nosso. O Brasil pode se beneficiar do atraso, 
oferecendo soluções criativas e apropriadas às nossas condições específicas. 
A outra alternativa é ceder à tentação de reproduzir aqui propostas de políticas ambientais, 
defendidas com veemência por economistas entusiasmados com modelos econômicos 
padrões e recomendadas por organizações multilaterais (OECD, Banco Mundial e BID), 
mas ainda pouco difundidas naqueles países, que dispõem de uma capacidade 
institucional mais adequada a esta orientação política do que a que se apresenta no Brasil. 
Não há dúvida de que a teoria econômica que oferece um suporte imediato para 
a discussão de instrumentos de política ambiental é a microeconomia 
neoclássica, especificamente seu conceito de externalidades. Aplicar instrumentos 
econômicos - em especial, as environmental taxes - que "internalizem" as externalidades 
no processo de decisão do agente agressor do meio ambiente, fazendo valer o princípio do 
"poluidor-pagador", é a orientação vencedora no debate internacional sobre política 
ambiental. 
A despeito do crescente interesse pelos instrumentos econômicos, sua repercussão na 
experiência internacional de política ambiental ainda é modesta se comparada com a 
extensão em que são empregados outros instrumentos - na linha de "comando e controle" 
- ou com o total dos impostos praticados nos países industrializados. 
As vantagens atribuídas aos instrumentos econômicos pelos economistas neoclássicos são 
normalmente apresentadas a partir de contraposições aos mecanismos de regulação direta, 
também conhecidos como políticas de "comando e controle", uma vez que estas impõem 
modificações no comportamento dos agentes poluidores através de: 
Brasília, de 24 a 26 de março de 1997. 
 
(1) Padrões de poluição para fontes específicas (limites para emissão de determinados 
poluentes, por exemplo, de dióxido de enxofre); 
 
(2) Controle de equipamentos: exigência de instalação de equipamentos antipoluição (por 
exemplo, filtros); obrigatoriedade de uso de tecnologias "limpas" já disponíveis; 
 
(3) Controle de processos (exemplo: exigência de substituição do insumo empregado - de 
óleo combustível com alto teor de enxofre para outro com baixo teor); 
(4) Controle de produtos: visa à geração de produtos "(mais) limpos", 
estabelecendo normas para produtos cujo processo de produção ou consumo final acarrete 
alguma forma de poluição. Exemplos: especificação da quantidade de agrotóxicos 
em produtos agrícolas e proibição de fabricação de carros com baixo 
desempenho energético; 
 
(5) Proibição total ou restrição de atividades a certos períodos do dia, áreas etc., por meio 
de: concessão de licenças (não-comercializáveis) para instalação e funcionamento; 
fixação de padrões de qualidade ambiental em áreas de grande concentração de poluentes; 
e zoneamento. Tais medidas têm por finalidade um controle espacial das atividades dos 
agentes econômicos (um outro exemplo é o rodízio de automóveis na cidade de São 
Paulo), procurando resguardar a 
capacidade de absorção de poluição do meio ambiente em questão; 
 
(6) Controle do uso de recursos naturais por intermédio da fixação de cotas 
(nãocomercializáveis) de extração (exemplos: para extração de madeira e pesca; no 
caso da madeira, o governo pode exigir uma cota-árvore de reflorestamento para 
cada unidade de extração). 
 
A principal característica da política de "comando e controle" é que a mesma, em 
base legal, trata o poluidor como "ecodelinqüente" e, como tal, não lhe dá chance 
de escolha: ele tem que obedecer a regra imposta, caso contrário se sujeita a 
penalidades em processos judiciais ou administrativos. A aplicação de multas em 
casos de não cumprimento da obrigação é bastante usual. 
 
Essa característica é considerada uma grande desvantagem para uns e uma 
importante vantagem para outros. Desvantagem: os poluidores não têm liberdade 
para selecionar e promover os ajustes no tempo que lhes convier; não é uma regra 
justa, uma vez que não leva em consideração as distintas situações dos agentes 
individuais para cumprir a obrigação. Vantagem: estes instrumentos têm uma 
elevada eficácia ecológica - uma vez fixada a norma (de modo apropriado), será 
cumprida (se os poluidores não violarem a lei). 
A convenção sobre Avaliação de Impacto Ambiental Trasnsfronteiriço foi assinada em 
Espoo (Finlândia), em 25 de fevereiro de 1991. 
O acordo foi adotado no âmbito da Comissão das Nações Unidas para a Europa, tendo 
entrado em vigor em 10 de setembro de 1997. 
O preâmbulo salienta a importância de serem considerados os fatores ambientais no 
começo do procedimento decisório e em todos os escalões administrativos. Dessa forma, 
melhora-se a qualidade das informações fornecidas aos responsáveis, permitindo-lhes 
tomar decisões racionais do ponto de vista ambiental, limitando-se o quanto possível o 
impacto prejudicial das atividades pretendidas. 
A avaliação de impacto sobre o meio ambiente designa um procedimento nacional, tendo 
por objetivo avaliar o impacto provável de uma atividade proposta sobre o meio ambiente 
(art. 1, VI). É um ato de soberania de cada país, e não se criou órgão internacional algum 
para efetuar esse estudo. 
Os efeitos transfronteiriços constatados e analisados no procedimento de EPIA serão 
objeto de negociações bilaterais ou multilaterais. 
O termo impacto designa qualquer efeito de uma atividade proposta sobre o meio 
ambiente, notadamente sobre a saúde e a segurança, a flora, a fauna, o solo, o ar, a água, 
o clima, a paisagem e os monumentos históricos ou outras construções ou a interação 
entre estes fatores” (art.1, VIII). 
A Convenção de Espoo trata, no art. 2, em 10 parágrafos, das disposições gerais. 
Resumindo essas normas, apontamos: os países engajam-se a tomar, isolada ou 
conjuntamente, todas as medidas apropriadas e eficazes para prevenir, reduzir e combater 
o impacto ambiental transfronteiriço; a avaliação de impacto ambiental deverá ser 
efetuada tendo em vista as atividades indicadas no Apêndiece II, a essa de impacto 
ambiental deverá ser efetuada tendo em vista, atividades indicadas do Apêndicet II, a 
essa avaliação deverá ser feita antes da autorização administrativa e do começo 
da atividade proposta: os países obrigam-se a notificar aos países que poderão sofrer as 
consequências das atividades propostas; procedimento de avaliação ambiental aberto à 
participação do público tanto do país que o elabora como do público das áreas dos países 
que poderão sofrer o impacto ambiental; além de avaliar a atividade proposta 
concretamente, os países farão esforços no sentido de aplicar os princípios da avaliação 
da avaliação de impacto ambiental nas politicas, planos e programas. 
 
 Com a Constituição de 1988 as políticas ambientais evoluem e estados e municípios 
passam a ter competência para formularem suas próprias políticas, ao mesmo tempo em 
que determina ser direito de todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado e que 
é dever do poder público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo. 
 
 No plano institucional, a área ambiental do Estado, influenciada pela Constituição de 
88, transformava-se com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em 1989, que passa a ter a missão de formular, 
coordenar e executar a Política Nacional de Meio Ambiente. Logo após, em 1992, foi 
criado o Ministério do Meio Ambiente, órgão de hierarquia superior que passa a ter a 
missão de formular a Política de Meio Ambiente no Brasil e o IBAMA passa a ter uma 
atuação mais voltada para fiscalização. A década de 90 se inicia com avanço na estrutura 
dos órgãosambientais de Estado e também nas discussões sobre a necessidade de 
implementação de um modelo de desenvolvimento ambiental e socialmente sustentável 
em escala planetária. 
 
 Essas discussões culminaram com a realização da II Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO’92), repercutindo profundamente na 
política ambiental brasileira. A Conferência reuniu 179 Chefes de Estado e de Governo, 
empresários e contou com uma inédita participação da sociedade civil por meio do Fórum 
das ONGs. Diversos documentos foram assinados como a Convenção-Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudanças do Clima, a Convenção da Diversidade Biológica, a Carta da 
Terra, o Protocolo de Florestas, a Agenda 21 Global, entre outros. A RIO’92 foi um 
divisor de águas na política ambiental, pois além de contribuir para maior participação 
das ONGs, trouxe também o universo empresarial para as questões ambientais, e os 
investimentos das empresas em meio ambiente passaram a ser crescentes nos anos 
subseqüentes. Além disso, a Conferência lançou novas políticas fomentadas por doações 
de cooperação internacional como o Programa Piloto para a Proteção das Florestas 
Tropicais do Brasil- PPG7. 
 
 A RIO’92, de uma forma geral, não produziu mecanismos efetivos de alcance global 
para assegurar a aplicação de suas resoluções - a responsabilidade pelo cumprimento das 
decisões foi transferida aos Estados, que prioriza seus interesses nacionais. Após a 
RIO’92, a política ambiental no Brasil dá um salto qualitativo com a aprovação da Lei de 
Crimes Ambientais ou Lei da Natureza, Nº 9.605/98. A sociedade brasileira, os órgãos 
ambientais e o Ministério Público passaram a contar com um instrumento que lhes garante 
agilidade e eficácia na punição aos infratores do meio ambiente. Com o surgimento da 
Lei, as pessoas jurídicas passaram a ser responsabilizadas criminalmente, permitindo a 
responsabilização da pessoa física autora ou co-autora da infração. 
 
 O ano de 2000 se inicia com a aprovação da Lei Nº 9985/2000, que institui o Sistema 
Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (SNUC), dividindo as unidades de 
conservação em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso sustentável. O SNUC 
reflete um avanço na política ambiental brasileira considerando que veio fortalecer a 
perspectiva de uso sustentável dos recursos naturais, das medidas compensatórias e de 
uma descentralização mais controlada da política ambiental no Brasil. 
 Dois anos após a criação do SNUC, foi lançada a Agenda 21 Brasileira em 2002, com 
vasta consulta à população brasileira, universidades, organizações não-governamentais, 
órgãos públicos dos diversos entes federativos. A criação da Agenda 21 Brasileira foi um 
avanço na medida em que sensibiliza os governos locais e estaduais a encararem suas 
responsabilidades para um desenvolvimento sustentável, e a tomarem iniciativas para 
elaboração de suas Agendas 21 locais, por meio de planejamento estratégico e 
participativo. 
 
 O Século 21 se inicia assim com a política ambiental mais participativa tendo em vista 
o crescente aumento dos conselhos deliberativos e consultivos. Em Agosto de 2001 foi 
criado o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), que hoje possibilita a 
participação dos povos indígenas, das comunidades locais, das empresas e de 
organizações ambientalistas como convidados permanentes com direito a voz. Em 2003, 
foram estabelecidas a Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO) e a Comissão 
Nacional de Florestas (CONAFLOR), com representantes do governo e da sociedade 
civil. Além disso, houve o aumento de representatividade do Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos (CNRH) de 29 para 57 membros. Os anos seguintes contaram com o 
aumento da Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 
(CPDS) de 10 para 34 membros e com a ampliação do conselho do Fundo Nacional do 
Meio Ambiente (FNMA) – esses são indicadores que refletem a maior participação da 
sociedade na Política Ambiental. 
 
 Com a mudança de gestão no Ministério do Meio ambiente, surgem novas diretrizes 
para a política ambiental no Brasil, dentre as quais se destacam o fortalecimento do 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) com objetivo de promover a gestão 
ambiental compartilhada entre os governos federal, estadual e municipal; a efetivação do 
chamado princípio da transversalidade, no qual a política ambiental deixa de ser setorial 
para entrar na agenda dos diversos ministérios e órgãos públicos, e o maior controle e 
participação social nas políticas ambientais. 
 A participação social passa a ser ampliada com a realização da Conferência Nacional 
do Meio Ambiente, uma iniciativa que conta com a crescente participação de milhares de 
pessoas a cada evento, representantes dos mais diversos segmentos do governo e 
sociedade, onde grandes propostas foram transformadas em ações, tais como o Plano de 
Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia, o Plano BR-163 
Sustentável, as operações de combate à corrupção do IBAMA e órgãos estaduais e a 
sanção da Lei de Gestão de Florestas Públicas. 
 A política florestal passa a ser reorientada com a criação do Serviço Florestal Brasileiro 
e a Comissão de Gestão de Florestas Públicas (CGFLOP), com representantes de diversas 
áreas do poder público, de empresários, de trabalhadores, da comunidade científica, dos 
movimentos sociais e das ONGs, procurando atender às reivindicações da sociedade 
referentes ao assessoramento, à avaliação e à proposição de diretrizes para a gestão 
sustentável das florestas públicas da União. 
 
 A política ambiental brasileira hoje deve ser pautada como prioridade na agenda 
internacional uma vez que os maiores problemas globais, como o das mudanças 
climáticas, têm forte relação de dependência com a política ambiental brasileira. O Brasil 
é um dos maiores emissores de Gás de Efeito Estufa do mundo e a maior parte dessas 
emissões é proveniente do desmatamento da Amazônia, o que reflete a importância da 
política florestal brasileira. O meio ambiente precisa, assim, ser prioridade na agenda do 
Governo. 
 
 O RIMA - Relatório de Impacto Ambiental - é o relatório que reflete todas as 
conclusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e possível de se 
compreender, ilustrado por mapas, quadros, gráficos, enfim, por todos os recursos de 
comunicação visual. 
 Deve também respeitar o sigilo industrial (se este for solicitado) e pode ser acessível ao 
público. Para isso, deve constar no relatório: 
· Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas setoriais e planos 
governamentais. 
· Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria prima, fontes de energia, 
resíduos etc.). 
· Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do projeto. 
· Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação da atividade e dos 
métodos, técnicas e critérios usados para sua identificação. 
· Caracterizar a futura qualidade ambiental da área, comparando as diferentes situações 
da implementação do projeto, bem como a possibilidade da não realização do mesmo. 
· Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação aos impactos 
negativos e o grau de alteração esperado. 
· Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos. 
 O RIMA/EIA, se englobam dentro do AIA (avaliação de impacto ambiental), que é um 
instrumento preventivo usado nas políticas de ambiente e gestão ambiental com o intuito 
de assegurar que um determinado projeto possível de causa de danos ambientais seja 
analisado de acordo com os prováveisimpactos no meio ambiente e que esses mesmos 
impactos sejam analisados e tomados em consideração no seu processo de aprovação. A 
elaboração de um AIA é apoiada em estudos ambientais elaborados por equipes 
multidisciplinares, os quais apresentam diagnósticos, descrições, analises e avaliações 
sobre os impactos ambientais efetivos e potenciais do projecto. 
 
 Um detalhe importante, é que apenas o RIMA pode ter acesso pulblico, pois o EIA 
contém maior número de informações sigilosas a respeito da atividade. Assim, o texto do 
RIMA deve ser mais acessível ao público, e instruído por mapas, quadros, gráficos e 
tantas outras técnicas quantas forem necessárias ao entendimento claro das conseqüências 
ambientais do projeto. 
 
 O EIA/RIMA cumpre o princípio da publicidade, pois permite a participação pública 
na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que contenha este tipo de 
estudo, através de audiências públicas com a comunidade que será afetada pela instalação 
do projeto. 
 
 ESTRUTURA DE RELATORIO DO RIMA 
 Segue-se abaixo a estrutura de um RIMA: 
 
“Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo 
de impacto ambiental e conterá, no mínimo: 
 I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas 
setoriais, planos e programas governamentais; 
 II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando 
para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias 
primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os 
prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a 
serem gerados; 
 III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência 
do projeto; 
 IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da 
atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de 
incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua 
identificação, quantificação e interpretação; 
 V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando 
as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a 
hipótese de sua não realização; 
 VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos 
impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de 
alteração esperado; 
 VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
 VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de 
ordem geral). 
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua 
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas 
por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo 
que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as 
conseqüências ambientais de sua implementação.” 
 
 Estudo de impacto ambiental é um documento técnico onde se avaliam as 
consequências para o ambiente decorrentes de um determinado projecto. Nele encontram-
se identificados e avaliados de forma imparcial e meramente técnica os impactes que um 
determinado projecto poderá causar no ambiente 
 
O EIA propõe que quatro pontos básicos sejam primeiramente entendidos, para que 
depois se faça um estudo e uma avaliação mais específica. São eles: 
· 
Desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto, o que será feito e o tipo 
de material usado. 
· 
Compreensão total do ambiente afetado. Que ambiente (biogeofísisco e/ou sócio-
econômico) será modificado pela ação. 
· Prever possíveis impactos nos ambientes e quantificar as mudanças, projetando a 
proposta para o futuro. 
· Divulgar os resultados do estudo para que possam ser utilizados no processo de 
tomada de decisão. 
O EIA também deve atender à legislação expressa na lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente. São elas: 
 
Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando em conta 
a hipótese da não execução do projeto. 
· 
Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação 
das atividades. 
· 
Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos ( área de influência do 
projeto), considerando principalmente a "bacia hidrográfica" na qual se localiza; 
· 
 
Levar em conta planos e programas do governo, propostos ou em implantação na área de 
influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis. 
 
É imprescindível que o EIA seja feito por vários profissionais, de diferentes áreas, 
trabalhando em conjunto. Esta visão multidisciplinar é rica, para que o estudo seja feito 
de forma completa e de maneira competente, de modo a sanar todas as dúvidas e 
problemas. 
 
 Uma nova legislação nacional de política urbana surge somente em 2001 com a apro
vação da Lei Federal nº 10.257, após dez anos de 
debates e discussões no Congresso Nacional, e com a definição de 
questões centrais para a reforma urbana consolidou-
se, de 10 de julho de2001, que dispõe sobre o Estatuto das Cidades, trazendo novas con
dições para que os municípios enfrentem os problemas relacionados àsustentabilidade ur
bana. 
 
 
 Nesse processo, os movimentos sociais pela reforma urbana tiveram um papel import
ante na definição dessa legislação sobre 
políticaurbana, já anunciada pelos artigos 182 e 183 
da Constituição de 1988, mas que dependiam de uma regulamentação específica para se
remaplicados. A maior parte desses movimentos sociais surgiram em defesa do direito à
 moradia e 
pela regularização fundiária de áreasocupadas por favelas e loteamentos irregulares, em
bora essas carências estejam sempre ligadas à questões sócio-
ambientais, elas não sãonecessariamente tratadas em conjunto. 
 
 
 Se por um lado a urbanização dos territórios mais excluídos das cidades depende do r
econhecimento desses direitos, por outro osinvestimentos que o poder público realiza na
s cidades por meio dos impostos arrecadados, e que valorizam o solo urbano, 
precisam serdemocratizados e resgatados para que novos investimentos possam supr
ir as áreas mais carentes em infra- estrutura urbana e emmelhoria da 
qualidade ambiental dos municípios. 
 Questões como o resgate da mais valia urbana decorrente da maior exploração do so
lo urbano em áreas com maior infra- estrutura sãotratadas no Estatuto das Cidades com 
a instituição do instrumento da outorga onerosa do 
direito de construções adicionais. Por meio daoutorga onerosa do 
direito de construir o mercado imobiliário poderá investir em áreas passíveis de adensa
mento, e ressarcir o poderpúblico gerando recursos adicionais para que o poder púb
lico possa investir em infra- estrutura urbana, sistema viário, habitação,transportes e in
vestimentos em meio ambiente. 
 
 
 A principal mudança do Estatuto das Cidades é que essa lei transformou o plano
 diretor no principal meio de garantir a aplicaçãodesses e de outros instrumentos pelos
 municípios brasileiros, reforçando a capacidade do 
plano diretor transformar a realidade urbana. OEstatuto das Cidades passou a determina
r o conteúdo mínimo do plano diretor e estabeleceu normas para sua elaboração, entre 
as quais sedestaca-
se a necessidade da participação da população na sua elaboração e a definição dos 
objetivos a serem cumpridos pela propriedadeurbanae pela cidade, no cumprimento da 
sua função social e ambiental, como princípio básico. 
 
 
 O Estatuto das Cidades condicionou o Plano Diretor como o orientador da definição 
das diferentes áreas do município onde 
poderáincidir a utilização de instrumentos por ele criados para os municípios possam fa
zer cumprir a função sócio-ambiental da propriedadeurbana e implantar uma política de 
desenvolvimento e de expansão urbana. Institui diversos instrumentos de 
política urbana, vinculando-osao plano 
diretor, e também estabelece normas para sua elaboração participativa – tratou, em capí
tulo específico, da gestão democrática dacidade, da participação da população na defini
ção das políticas públicas e do cumprimento da função social da propriedade. 
 
 
 Entre os novos instrumentos de gestão urbana destaca-
se a outorga onerosa de potencial construtivo; a transferência do direito deconstruir; o 
parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; e três tipos de Coeficientes de Ap
roveitamento, máximo, mínimo e básico para regular a função social da propriedad
e urbana e que requerem a revisão das formas usuais de 
planejamento, decontrole do uso do solo e de zoneamento 
urbano, separando o coeficiente de aproveitamento construtivo do tipo de 
uso do solo permitido. 
 
Destaca-
se também pela primeira vez em uma lei urbanística nacional, a introdução nas diretriz
es para a ordenação e controle do uso do solo de 
questões ambientais, como a poluição e degradação ambiental, o controle do uso excessi
vo ou inadequado do solo em relação à infra-
estrutura urbana, a adoção de padrões de produção de bens e serviços e de expa
nsão urbana compatíveis com os limites desustentabilidade ambiental, social e econômi
ca do município e do território sob sua área de influência, bem como a preservação,con
servação e proteção do meio ambiente natural e construído. 
Além dessas diretrizes, são também criados em conjunto com os demaisinstrumentos de
 gestão urbana já citados a instituição de unidades de conservação, o zoneamento ambie
ntal e os estudos prévios de impactoambiental (EIA) e de impacto de vizinhança (EIV). 
 
 Assim, o Estatuto da Cidade instituiu uma nova política urbana e confirmou que o Pl
ano Diretor não é um produto 
puramente técnico ecientífico, mas um instrumento que requer a democratização 
de sua elaboração 
por meio da participação da sociedade civil organizada. Poroutro lado, reconheceu a exi
stência de conflitos e a necessidade de processos de negociação decorrentes 
dos interesses divergentes,existentes na sociedade brasileira para a solução dos problem
as socioambientais da urbanização, e para a necessidade de inserção 
dasustentabilidade ambiental em planos diretores. Somente a partir desses processos púb
licos o Plano Diretor poderá transformar-
se em leimunicipal que oriente o futuro da cidade. 
 
Aplicação dos Instrumentos do Estatuto da Cidade no Plano Diretor 
 
 
O plano diretor permite a aplicação dos instrumentos de gestão urbana institucionalizad
os no Estatuto da Cidade, e utilizando- os paraimplementar os objetivos e as diretrizes d
efinidas no plano por meio dos seguintes instrumentos; 
 
 a) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, IPTU progressivo no tem
po e desapropriação com pagamento mediantetítulos da dívida pública, aplicados a im
óveis localizados em favelas e áreas com habitações precárias 
e transformados em Zonas Especiais de Interesse Social no Plano Diretor, de for
ma a cumprir a função social da 
propriedade e enfrentar a questão dacarência por moradias adequadas para as populações
 de baixa renda; 
b) concessão urbanística – por meio de permissão de parcerias público–
privado para a realização consorciada de obras de 
 
urbanização ou de reurbanização de 
quaisquer áreas da cidade necessárias à implementação de melhorias urbanas; 
 
c) concessão de 
uso especial e usucapião especial, incluindo o coletivo, para atender às necessidades de 
moradia social; 
 
d) direito de superfície, a ser concedido (ou negociado) por proprietário de imóvel
 urbano ao município e a entidades 
públicas dedireito privado, para viabilizar a utilização do espaço superficial, aéreo e sub
terrâneo, necessário à implementação de diretrizes do 
planodiretor. Por exemplo, para melhoria da paisagem urbana com a modernização das 
redes de infra estrutura através de galeriassubterrâneas; 
e) direito de preempção, para dar preferência ao poder público na aquisição de imóve
l urbano objeto de alienação onerosa entreparticulares, a fim de facilitar a execução de 
melhorias viárias e de infra-estrutura em geral: piscinões, criação de 
parques e áreas verdese outras; 
f) outorga onerosa do direito de construir, para permitir a construção acima do coefic
iente básico mediante contrapartida a ser prestadapelo beneficiário, que será importante
 fonte de recursos extra orçamentários para ampliar a capacidade de investimentos do m
unicípiona melhoria física da cidade; 
g) transferência de 
potencial construtivo, para compensar eventuais perdas econômicas advindas de eventu
al impedimento legal deutilização do Coeficiente de Aproveitamento básico em det
erminado imóvel e também para incentivar a manutenção 
de áreasverdes e de produção agrícola ou extrativista no município. 
h) operação 
urbana consorciada, para viabilizar transformações urbanísticas localizadas por meio 
de intervenções conjuntas dos setores público e privado; 
i) consórcio imobiliário por meio de permissão para o poder público receber por tr
ansferência imóveis para um melhoraproveitamento, por meio de concessão urbanística
 ou outra forma de contratação. 
 
A política ambiental municipal também pode fazer parte explicita do Plano Diretor com 
o objetivo de implementar as diretrizes 
da políticanacional de meio ambiente, recursos hídricos e saneamento, criando os segui
ntes instrumentos de gestão urbana e ambiental: 
 
 
a) o zoneamento ambiental do município como instrumento definidor das ações e m
edidas de proteção e recuperação da 
qualidade daambiental do espaço, e com a definição dos fatores ambientais a considera
r: por exemplo ruído, vibração, poluição do ar, odores e etc.; 
b) o Licenciamento Ambiental e os Estudos de Impacto Ambiental e o RIMA para que
 empreendimentos com impacto ambientalsignificativo tenham seus problemas tratados 
pelo município previamente à sua implantação, a exemplo 
de novas vias e linhas demetro, ou empreendimentos como aterros sanitários, estaçõ
es de tratamento de esgotos entre outros; 
c) o Estudo de Impacto de Vizinhança e o respectivo Relatório de Impacto de Viz
inhança, para empreendimentos que causemalterações das características urbanas do en
torno, a exemplo de shoppings centers, estádios, centros de lazer e 
grandes conjuntoshabiitacionais e ou de serviços, etc; 
d) o Termo de Compromisso Ambiental-
TCA, para compensar autorizações para supressão de vegetação e/ou recuperar o 
 
meio ambiente em decorrência de atividades que causem degradação ambiental, como o 
parcelamento do solo para fins de urbanização,entre, outros; 
e) a Avaliação Ambiental Estratégica de Políticas, Planos e Programas Setoriais Pú
blicos visando reduzir seus impactos estratégicosao meio ambiente urbano, como plan
os de trnsporte, de saneamento, de habitação e grandes intervenções urbanas. 
 
 
O Estatuto permite ainda que o Plano Diretor promova a efetivação de transformações n
o espaço urbano em direção à implantação e oureadequação de uma estrutura urbana ad
equada para o município. Para talpermite intervenções e reestruturações de áreas urban
as paramelhoria de circulação viária, infra-
estrutura de transporte, espaços abertos, parques e novas centralidades. 
 
A definição no âmbito do 
plano Diretor de Áreas de Intervenção Urbana (AIUs) facilitam a identificação dos perí
metros de áreas onde osinstrumentos do Estatuto 
poderão ser utilizados, conforme exige a lei federal, e que serão também objeto de Proj
etos UrbanísticosEspecíficos para atingir os objetivos urbanísticos do Plano Diretor. No 
caso do Plano Diretor Estratégico 
de São Paulo, por exemplo, asAIUs definidas são as seguintes: 
 
a) áreas de operação urbana consorciada e áreas de projeto definidas para revitaliz
ar ou dinamizar áreas urbanas sub- utilizadas; 
b) áreas de intervenção urbana para a implantação de parques lineares; 
 
c) áreas de eixos e pólos de centralidade, em função das nucleações consolidadas
 e/ou potenciais de comércio (lojas 
diversas,shoppings, supermercados, equipamentos públicos (de saúde, segurança), de co
municação, locais de encontro, etc.). 
d) áreas para a implantação 
de rede viária estrutural, demarcadas ao longo das vias estruturais propostas, medidos a 
partir do eixo da via, e nas existentes no caso de melhoramentos; 
 
e) áreas para a implantação de rede de transporte público, definidas por uma faixas d
e 300 metros de largura de cada lado 
dosalinhamentos do sistema de transporte público coletivo de massa e “círculos com rai
o de até 600 metros tendo como centro as estaçõesde transporte coletivo metroviário ou 
ferroviário.

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