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Ana Paula Albarelli GASTROSQUISE E ONFALOCELE Os defeitos de parede abdominal são divididos em Gastrosquise e Onfalocele. ONFALOCELE: É um defeito na linha média da parede abdominal de tamanho variável na base do cordão umbilical. O defeito é coberto por um saco membranoso de três camadas consistindo em âmnio, geleia de wharton e peritônio Os vasos do cordão umbilical se inserem no ápice do saco, que normalmente contém conteúdo abdominal herniado As onfaloceles são categorizadas como não contendo fígado (contendo alças intestinais) ou contendo fígado. – o fígado nunca esta presente na herniação fisiológica. Os defeitos da parede abdominal fetal resultam de distúrbios na organogênese durante o período embrionário. Desenvolvimento normal da parede abdominal: Durante a 4 a 5 semana de desenvolvimento, o disco embrionário se dobra em 4 direções e planos: cefálicos, caudal, lateral direito e esquerdo. Durante essa evolução a quantidade de órgãos intracavitários é maior que a cavidade, então normalmente ocorre protusão do intestino médio na base do cordão umbilical. – 8° semana – hernia intestinal fisiológica. Após a 12 semana essa hérnia fisiológica desaparece, acomodando o intestino todo dentro da cavidade. Hérnia fisiológica (apontada pelas setas) Onfalocele É ASSOCIADA A OUTRAS ANOMALIAS ESTRUTURAIS, COMO: • Gastrointestinais (má rotação, atresia intestinal ou anal) • Gênito urinárias • Fendas orofaciais • Defeitos diafragmáticos • Defeitos do tubo neural • Defeitos cardíacos – não são os mais comuns DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL FETAL: O diagnóstico pré-natal de uma onfalocele não hepática pode ser feito de forma confiável após 12 semanas, antes desse período, a menos que seja grande. A onfaloceles pode ser difícil de diferenciar da hérnia intestinal fisiológica. O diagnóstico pré-natal da onfaloceles contendo fígado pode ser feito por ultrassonografia transvaginal ate 9 a 10 semanas pós menstruais, se uma massa homogênea medindo mais de 5 a 10mm de diâmetro sugestiva de fígado for fotografada dentro da área de herniação fisiológica do intestino médio. Ana Paula Albarelli O diagnóstico ultrassonográfico de uma onfaloceles contendo fígado pode ser feita antes da 12 semana pós menstrual porque a herniação do fígado não é um achado normal de desenvolvimento. FATORES DE RISCO: • Idade materna avançada – acima dos 40 anos • Obesidade • Predisposição genética • Síndromes – trissomia do 13, 18 e 21 DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da onfalocele pode ser feito através da ultrassonografia (USG) com cerca de 18 semanas. A detecção precoce no primeiro trimestre é possível se for realizado USG tridimensional, também sendo importante na detecção de outras anomalias, caso estejam presentes. A elevação da alfafetoproteína sérica materna também esta presente em muitas gestações com onfalocele. – Mas principalmente em casos de gastrosquise. MANEJO/TRATAMENTO: Assim que o bebê nasce, o intestino exposto é coberto com um curativo estéril e o bebê recebe hidratação, antibiótico e é encaminhado para a UTI. Avaliação por um cirurgião pediátrico para definir se é possível fazer a reinserção dos órgãos expostos no abdômen e fechamento primário da falha na parede abdominal. É necessária a inserção de uma sonda orogástrica para descompressão do estômago. Estabilização das vias aéreas para garantir ventilação adequada. Posicionamento do lado esquerdo para baixo e lado direito para cima, se houver queda de PA, taquicardia ou aparência de intestino escuro → há comprometimento vascular. HÁ TRÊS OPÇÕES DE TRATAMENTO: • Fechamento primário • Fechamento em etapas com colocação de silo (bolsinha plástica) • Fechamento após epitelização Outra forma de manejo: ESCARIFICAÇÃO: “esclerosar” o tecido – tornando ele mais resistente e abrindo mais a abertura abdominal, fazendo com que a onfalocele diminua e os órgãos se assentem. Após isso o abdômen do bebe fica com uma hérnia, que pode ser corrigida sem tanta pressa, com uma idade mais avançada. GASTROSQUISE: A gastrosquise é um defeito na parede abdominal de espessura total,não coberto por membranas associado à evisceração do intestino delgado (100% dos casos),colón (90% casos) e as vezes de outros órgãos abdominais. O defeito é da parede total da parede abdominal, lateral ao anel umbilical (paraumbilical) – geralmente a direita do cordão umbilical. Ana Paula Albarelli Pode ser associada a outras anormalidades intestinais, como: estenoses, atresia e perfurações – já que o suprimento sanguíneo mesentérico pode ficar comprometido e a parede abdominal inflamada devido a exposição prolongada do intestino ao líquido amniótico. Outras sequelas associadas são: restrição de crescimento (30-60%), parto prematuro (30-50%) e morte fetal (3-6%). Apesar da gastrosquise parecer mais grave, por não ter membrana protegendo a alça intestinal, a onfalocele tem maior risco de vida e de não resolução, por conta das outras anomalias associadas, pois na gastrosquise todas as anomalias associadas são gastrointestinais. FATORES DE RISCO: • Tabagismo • Idade materna < 20 anos • Primipariedade • Drogas • Etilismo OBSERVAÇÕES: Não há evidências de alta qualidade de que qualquer medicamento cause gastrosquise, mas uma possível associação foi feita com o uso dos medicamentos: aspirina, ibuprofeno e vasoconstritores (pseudofederina). Foi relatado que o uso do paracetamol no primeiro trimestre pode diminuir os riscos de gastrosquise, mas pode aumentar anomalias de face, auditivas e cervicais. A prevalência da gastrosquise parece ser maior em atreas onde os níveis de produtos químicos agrícolas nas aguas superficiais são altos e quando a concepção ocorre na primavera, época em que os produtos químicos são mais aplicados (Ex: atrazina). DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito através da ultrassonografia (USG) – a gastrosquise aparece como um defeito da parede abdominal paraumbilical relativamente pequeno (3-5cm), geralmente a direita da linha média, com herniação visceral. – o USG é feito com cerca de 20 semanas para diagnosticar. Normalmente o intestino é o único órgão com hernia,mas o fígado e o estomago também podem herniar. Outros órgãos intra-abdominais raramente passam pelo defeito. – o estomago geralmente esta mal posicionado, mesmo quando intra-abdominal. A detecção da proteína alfafetoproteína sugere defeitos de parede abdominal, mais certeiro em casos de gastrosquise do que onfalocele. MANEJO/TRATAMENTO: O objetivo principal é retornar as vísceras para a cavidade abdominal, minimizando os riscos de danos devido a trauma ou aumento de pressão intra-abdominal. Avaliação por um cirurgião pediátrico para definir se é possível fazer a reinserção dos órgãos expostos no abdômen e fechamento primário da falha na parede abdominal. É necessária a inserção de uma sonda orogástrica para descompressão do estômago. Estabilização das vias aéreas para garantir ventilação adequada. As duas opções de tratamento mais usadas são: Ana Paula Albarelli • Colocação de um silo (bolsa plástica que recobre o intestino) – seguida de reduções em serie do volume da bolsa e fechamento tardio Colocação do Silo • Fechamento primário – quando a redução das vísceras parece possível. – Realização de uma rafia de pele, deixando a fáscia separada e utilizando um enxerto/telas para o fechamento do defeito. Gastrosquise Resultados a longo prazo: os resultados a longo prazo são geralmente excelentes. A maioria dos pacientes com gastrosquise apresentam algum grau de má rotação intestinal, porém ele não é reparadono momento do fechamento e não apresenta a mesma incidência de volvo do intestino médio que outras causas de má rotação. De qualquer forma é importante que os pais fiquem avisados desse risco, orientado-os a se atentar para vômitos biliosos e instruindo-os a procurar atendimento medico nessa condição.
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