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LUCILENE BARBOSA PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL COM ENFASE EM TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO -TGD A IMPORTÂNCIA DO INSTRUMENTO E DO SÍMBOLO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES DA CRIANÇA 1 INTRODUÇÃO Segundo Vigotski (1998) inicialmente a criança utiliza-se dos signos externos e durante o seu desenvolvimento, com o auxílio de atividades mediadas, torna internas as operações anteriormente externas. O processo que ocorre mediante as relações sociais, interpessoal é transformado em intrapessoal, provocando uma mudança qualitativa no desenvolvimento psicológico humano. Ao internalizar os signos externos a criança torna-se capaz de comunicar-se, e organizar o seu pensamento e assim controlar a sua conduta. Isto torna claro que as funções psicológicas não são apriorísticas, mas têm origem sócio-histórica, sendo constituídas mediante as relações sociais estabelecidas entre os homens. Quando o professor faz uso da linguagem, e se coloca como mediador entre o aluno e o conhecimento amplia as possibilidades de desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Ao tratar-se da importância do instrumento e do símbolo para o desenvolvimento infantil destacamos na obra de Vigotski (1998) a diferença entre o pensamento da criança e dos animais, para compreender os avanços atingidos pela humanidade quando se apropria da linguagem como comunicação e como organizadora da conduta e do pensamento, aborda-se ainda a aprendizagem escolar como promotora do desenvolvimento psíquico e o professor como figura fundamental nesse processo. 2 DESENVOLVIMENTO Vigostski (1998) destaca que as características presentes no desenvolvimento infantil segundo Gesell (1930)1 e Stumpf (1900)2 consistiam em explicar o desenvolvimento da criança tomando como base a botânica; partindo do pressuposto que aprendizagem se inicia no jardim de infância. Após avaliações críticas dos psicólogos ao método botânico, uma nova psicologia, baseada no reino animal e mais moderna e atualizada abandona esse método e adota o modelo zoológico, aproximando-se mais das características humanas, mais precisamente do desenvolvimento infantil (VIGOTSKI, 1998). Um dos pioneiros em pesquisas com macacos antropoides e crianças foi Wolfgang Kohler (1925)3, que constatou em seus experimentos as similaridades entre os comportamentos dos macacos e das crianças pequenas. Outro seguidor dessa linha de pesquisa foi K. Buhler (1924)4, que se diferencia de Wolfgang Kohler (1925) em um aspecto: suas análises foram desenvolvidas com o auxílio de objetos nos quais constatou que a inteligência prática de uma criança de dez meses se assemelha a inteligência dos chimpanzés, isto porque a inteligência prática ou raciocínio técnico independe da fala (VIGOTSKI, 1998). Charlotte K. Buhler (1924) embora concordasse com K. Buhler (1924) verificou em sua pesquisa que uma criança de seis meses demonstrou suas primeiras manifestações de inteligência prática. Constatou também que além da inteligência prática a criança desenvolve outras funções como: a percepção, o cérebro, as mãos, os movimentos sistemáticos, enfim, desenvolve todo seu organismo. Mas, K. Buhler (1924) descobriu algo essencial; o início do desenvolvimento da fala inteligente acontece antes da inteligência prática, estabelecendo, assim, o início do desenvolvimento cognitivo (VIGOTSKI, 1998). Vigotski (1998) cita pesquisadores como Shapiro e Gerke também seguidores dos estudos de K. Buhler (1924) defenderam a semelhança entre o raciocínio prático da criança e o pensamento adulto; no desenvolvimento de uma ação por meio da imitação, a criança representa com o uso de instrumentos e objetos o que vê os adultos fazendo e quando estiver falando trocará essa representação pela fala. 1 A. Gesell, The Mental Growth of the Preschool Child, Nova York, Macmillan, (1925), ediçãorussa: Moscou- Leningrado, Gosizda.,1930 2 K. Stump, “ZurMethodik der Kinderpsychologie”, Zeitsch. F. padag. Psychol., 2 (1900). 3 W. Kohler, The Mentality of Apes, Nova York, Harcourt, Brace, 1925. 4 K. Buhler, The Mental Development of the Child, Nova York, Harcourt, Brace, 1930; ediçãorussa, 1924. Quanto ao uso de signos Wolfgang Kohler (1925) demonstra que o macaco antropoide, utiliza o instrumento sem estabelecer nenhuma relação simbólica. Seus experimentos demonstraram, “[...] uma vez mais, que o comportamento propositado dos animais independe da fala ou de qualquer atividade utilizadora de signos” (VIGOTSKI, 1998, p. 31). Mesmo a inteligência prática e o uso do signo operando paralelamente na criança em tenra idade a unidade dialética desse processo poderá ser percebida em crianças maiores e em adultos, constituindo a essência dos processos mentais, como por exemplo; uma criança que ainda não fala corretamente está brincando em meio há vários brinquedos, um adulto pede para ela pegar o pato mesmo não sabendo falar o nome corretamente ela vai até o pato de brinquedo e entrega ao adulto. Neste sentido Vigotski, (1998, p. 32-33) destaca que a atividade simbólica é “[...] uma função organizadora específica que invade o processo do uso de instrumentos e produz formas fundamentalmente novas de comportamento”. O autor afirma ainda que quando a criança começa a ter domínio do seu próprio comportamento, com o auxílio da fala, passa a ter domínio sobre o ambiente. Essa nova relação ambiente, comportamento e fala irá organizar toda atividade prática da criança. A fala precisamente, terá como função específica a execução das atividades práticas; desse modo “[...] as crianças resolvem suas tarefas práticas com a ajuda da fala, assim como dos olhos e das mãos” (VIGOTSKI, 1998, p. 35). Segundo Vigotski (1998) o que diferencia a resolução de problemas práticos entre uma criança que fala e um macaco antropoide pode ser exemplificada por dois aspectos: 1°) Por meio da fala as crianças diferenciam-se dos animais, o que amplia sua capacidade em solucionar problemas. Utilizam também na ação, instrumentos e estímulos que possibilitam a criança enxergar o que está contido além do seu campo visual. Já os macacos resolvem o problema fazendo uso somente da ação. 2°) Como os macacos solucionam problemas utilizando somente a ação e não a fala, acabam por alcançar resultados diferentes das crianças, que ao solucionarem seus problemas utilizam duas etapas: primeiramente planejam a solução por meio da fala e somente depois realizam a ação, alcançando o proposto pela atividade. Portanto, para (VIGOTSKI, 1998, p. 36) [...] é importante observar que a fala, além de facilitar a efetiva manipulação de objetos pela criança, controla também o comportamento da própria criança. Assim, com a ajuda da fala, as crianças, diferentemente dos macacos, adquirem a capacidade de ser tanto sujeito como objeto de seu próprio comportamento. A fala egocêntrica vai servir de suporte para a fala interior, reconhecida externamente como fala comunicativa; uma forma de incitar a criança à fala egocêntrica seria dificultar as atividades e o uso de instrumentos para resolver o problema. Quando a criança passa a utilizar a linguagem como um instrumento para resolver problemas significa que está abandonando a fala socializada (pedido de auxílio ao adulto), aderindo a fala internalizada (não conta mais com a ajuda do adulto). Em resumo, a capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas.As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo-as dos animais. (VIGOTSKI, 1998, p. 38). Na verdade Vigotski nos demonstra por meio de experimentos e hipóteses levantadas pelos pesquisadores como Gesell (1930), Stumpf (1900), Buhler(1924), Kohler (1925), Shapiro e Gerke (1928)5comoo indivíduo se desenvolve e o que o diferencia dos animais. O autor destaca a importância dos aspectos culturais e sociais para o desenvolvimento da conduta humana, ressaltando ainda o papel da linguagem como instrumento simbólico indispensável ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores. São vários os fatores que influenciam e auxiliam no desenvolvimento das funções psicológicas da criança a fala e os instrumentos mediadores condicionam e desenvolvem a atenção, a percepção e as operações sensório-motoras, e compõem as partes que englobam o sistema dinâmico do comportamento. 5S. A. Shapiro e E. D. Gerke, mencionado por M. Ya. Basov, Fundamentals of General Pedology, Moscou-Leningrado, Gosizdat; 1928. Como o intuito de compreender e avaliar a percepção, o movimento e o estímulo tanto da criança, quanto dos animais, pesquisadores como Kohler e Stern desenvolveram pesquisas com a participação de crianças entre dois a cinco anos de idade, e macacos. Entretanto é Vigotski (1998) quem vai destacar a fala como uma das grandes funções psicológicas superiores, sendo um diferencial importantíssimo entre a criança e o animal (macaco antropoide). Vigotski (1998), descreve as pesquisas de Kohler, nas quais observa o comportamento e as atitudes do macaco antropoide, analisando como o animal busca solucionar problemas por meio da percepção. Desse modo conclui que o macaco antropoide tem certa limitação no seu campo sensorial, não realiza nenhum esforço espontâneo, nem fez uso da percepção. Sendo oposto ao macaco, a criança demonstrou nas pesquisas realizadas por Stern o uso da percepção ao analisar figuras. Constatou-se que, primeiramente as crianças observam os objetos separadamente relacionando-os as ações próprias dos mesmos; assim as crianças utilizaram a percepção para reconhecer a figura em sua totalidade. No decorrer da pesquisa Stern utilizou outra maneira para a criança descrever o que havia nas figuras, ou seja, proibida de utilizar a fala ela teria que se comunicar por meio de mímica. A criança selecionada pela pesquisa tinha dois anos de idade, e encontrava- se na fase de percepção dos objetos, o que facilitou sua compreensão e a execução da prova com o uso de mímicas (VIGOTSKI, 1998). Nesse experimento Vigotski (1998), constatou que a criança começa a compreender e entender o mundo por meio da fala, e as expressões gesticuladas por elas sanam essa dificuldade inicial da fala, pois nesse conjunto representado pela fala, percepção e mediação resultará no desenvolvimento cognitivo da criança. Após esse primeiro estágio o seguinte se estrutura de forma mais avançada, ou seja, a percepção cognitiva vai estar mais aguçada e desenvolvida nos aspectos em que a linguagem e o campo visual estará voltada totalmente a percepção analítica. Verificando os dados compilados em suas pesquisas, Stern conclui que, desde os estágios iniciais e durante todo o desenvolvimento a linguagem (fala) e a percepção estão interligadas, mesmo na resolução dos problemas sem utilizar a fala, a linguagem tem um importante papel para chegar ao resultado. Vigotski (1998) menciona que a percepção humana é algo que surge precocemente no ser humano, por meio da percepção de objetos concretos assemelha-se a percepção animal, mas com um diferencial; o ser humano vê nos objetos sentido e significado para eles, já o animal quando vê algo que não conhece não demonstra interesse, diferente do ser humano que não conhecendo determinado objeto sempre procura saber seu significado. Estudos realizados quanto ao comportamento de escolha nas crianças tem como base e estrutura o movimento; consequentemente se a percepção estiver errada o movimento realizado também será. Assim, Vigotski (1998) compara e difere o processo nas decisões em crianças e adultos a criança escolhe uma decisão não pela percepção visual e sim pelo movimento que terá que realizar, já os adultos fazem uso da percepção primeiro para depois realizar o movimento. No animal, em especial no caso do macaco antropoide, este faz uso da percepção visual do objeto, o mesmo movimenta-se somente no sentido de conseguir o objeto que o atrai, não planejando a ação com o uso dos instrumentos. Percebe-se que ao utilizar os signos auxiliares em crianças de cinco e seis anos de idade durante o experimento, Wolfgang Kohler (1925), facilitou a escolha da criança, ou seja, anteriormente resolvia o problema impulsivamente, por meio dos signos auxiliares ela passa a relacionar e construir novas escolhas pensadas e apoiadas nas funções simbólicas; resultando em escolhas corretas num melhor domínio do movimento, percepção e raciocínio. Neste sentido, “As ferramentas e os signos são os meios auxiliares pelos quais as interações entre sujeito e objeto são mediadas” (Cole e Engeström6, 1993, apud. Daniels, 2003, p.27). Dessa perspectiva entendemos que a criança é quem desempenha o papel principal, e o objeto é a força incentivadora. Segundo (Vigotski, 1998, p. 47), [...] a diferença entre a inteligência prática das crianças e dos animais é que, aquelas, são capazes de reconstruir a sua percepção e, assim, libertar-se de uma determinada estrutura de campo perceptivo. Com o auxílio da função indicativa das palavras, a criança começa a dominar sua atenção, criando centros estruturais novos dentro da situação percebida. O macaco percebe seu campo visual, ou seja, ele precisa ver o objeto para prestar atenção nele; já á criança é diferente, ela presta atenção ao objeto para só depois poder vê-lo como um todo. Dessa forma a criança busca sempre auxílio na 6 Cole, M., &Engestrom, Y. (1993) fala, na percepção, no movimento, pela necessidade e pelo esforço de resolver e solucionar os problemas impostos a ela. Desta forma para Vigotski (1998), a linguagem ocupa desde cedo na vida das crianças, um papel primordial para seu desenvolvimento psíquico. De início é vista como um problema para elas, devido a complexidade das palavras e seus significados, mas, quando as compreende, a fala surge como uma ponte, possibilitando a comunicação com outras pessoas e com o meio em que vive, enfim, uma conquista para o aprendizado e o desenvolvimento. Em relação a esta questão Leontiev (1978) ressalta que o desenvolvimento infantil ocorre a partir do contato entre a criança e o mundo ao seu redor. Inicialmente esse contato é mediado pela mãe ou por pessoas responsáveis pelo bebê, estas apresentam o mundo e por meio da linguagem direcionam sua atenção significando as ações e os objetos que a cercam. Assim, a atividade objetiva da criança é implementada pela aquisição e uso da linguagem, promovendo o desenvolvimento psíquico infantil. No cotidiano escolar depara-se com queixas relacionadas a dificuldades de aprendizagem e comportamento que comprometem a apropriação dos conteúdos escolares. Neste sentido, compreender o significado de aprendizagem e desenvolvimento na perspectiva Histórico-Cultural contribuirá para que o professor organize sua prática tendo como ponto de partida a educação escolar, instrumento fundamental para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. A fim de diferenciar e esclarecer os conceitos de aprendizagem e desenvolvimento, Vigotski (1998) destaca três teorias, que tratam do tema, para em seguida elaborar suas proposições. A primeira perspectiva teórica tem como representante Piaget, que diferencia o desenvolvimento do aprendizado, ou seja, a criança não precisa necessariamenteaprender para se desenvolver; ela pode se desenvolver em outros aspectos sem ser do aprendizado escolar. Estes aspectos podem ser o pensamento, a dedução, a compreensão e a interpretação. Dessa perspectiva o “[...] desenvolvimento é um pré- requisito para o aprendizado [...]” (VIGOTSKI, 1998, p. 104) como destacada por Binet um dos seguidores de Piaget. Isto indica a importância da maturação da criança, frente ao aprendizado, sendo importante que a criança esteja pronta e na fase certa para receber pela primeira vez o aprendizado específico para sua idade. A segunda teoria mencionada por Vigotski (1998), elaborada por James, tem como fundamento que a aprendizagem é desenvolvimento totalmente oposta á primeira teoria, consiste na concepção do reflexo, ou seja, o aprendizado se torna completo quando este mistura-se e não se separa no decorrer do desenvolvimento. Desse modo o aprendizado é reduzido ao uso de hábitos, melhorando assim o aprendizado e o desenvolvimento, firmando que os dois acontecem ao mesmo tempo durante todo o processo. A última teoria tem como foco que os dois processos embora diferentes, estabelecem relação entre si, influenciando um ao outro. Koffka, precursor desta teoria, explicita que o aprendizado ajuda e prepara a maturação da criança. Em síntese há três aspectos novos nessa teoria; primeiramente é a semelhança entre dois pontos, que mesmo sendo opostos são interligados tendo algo em comum. Outro aspecto é a dependência entre o aprendizado e desenvolvimento; por fim, o último aspecto define as dimensões concedidas pelo aprendizado no desenvolvimento da criança, é ele que favorece a maturação (VIGOTSKI, 1998). Vigotski (1998) cita Koffka e outros teóricos vão diferenciar o aprendizado pré- escolar do escolar; o pré-escolar segundo ele não é um aprendizado organizado de forma crescente, já o escolar o aprendizado passa a ser organizado e sistematizado. Além do aprendizado sistematizado ter grande importância outro fator relevante é como se dá o desenvolvimento do aprendizado da criança nos processos de níveis de desenvolvimento real e proximal. Vigotski (1998, p.113), descreve estas abordagens teóricas, as incorpora, para em seguida elaborar sua teoria sobre aprendizagem e desenvolvimento, a qual defende que “[...] o estado de desenvolvimento mental de uma criança só pode ser determinada se forem revelados seus dois níveis: o nível de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal”. Especificamente, o nível de desenvolvimento real é quando a criança já está “madura” e apta para realizar alguma ação ou função sozinha; e o nível de desenvolvimento proximal indica o contrário, a criança não está preparada o suficiente, ou seja, precisa do auxílio de outra pessoa para realizar uma ação, ou atividade. Por meio de testes os psicólogos analisam somente as atitudes que a criança consegue realizar sem auxílio algum, avaliando apenas a zona de desenvolvimento real, para informar o nível de desenvolvimento mental da criança, desconsiderando o modo imitativo que ela esteja utilizando (VIGOTSKI, 1998). De acordo com o autor, o que a criança realiza com a ajuda do adulto, é indicativo de seu desenvolvimento psíquico, até porque futuramente será capaz de realizar sozinha, a mesma atividade. Neste sentido, quando as crianças são auxiliadas por adultos ou usam da imitação se tornam mais competentes e aptas em realizar posteriormente as mesmas atividades. Diferente da criança, os animais primatas não são capazes de aprender algo por meio da imitação, porque não tem sua inteligência desenvolvida e muito menos zona de desenvolvimento proximal. Estas proposições foram verificadas por Kohler, em seus experimentos, nos quais constatou que eles só podem aprender com o treinamento fazendo uso de suas aptidões motoras e mentais. Suas pesquisas destacaram que: “[...] os animais são incapazes de aprendizado no sentido humano do termo; o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daquelas que a cercam” (Vigotski, 1998, p.115). 3 CONCLUSÃO Neste sentido o outro se faz indispensável, e deve atuar como mediador entre a criança e o mundo objetivo, inicialmente por meio da linguagem e posteriormente pela apropriação dos signos auxiliares. Segundo Vigotski (1998), a linguagem ocupa desde cedo na vida das crianças, um papel primordial para seu desenvolvimento psíquico. De inicio é vista como um problema para elas, devido a complexidade das palavras e seus significados, mas quando as compreende a fala surge como uma ponte, possibilitando a comunicação com outras pessoas e com o meio em que vive, enfim, uma ponte para o aprendizado e o desenvolvimento. Portanto, o que Vigotski (1998) defende é que o aprendizado e o desenvolvimento da criança nunca vão caminhar e se desenvolver de maneira uniforme e paralela. Especificamente, aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas (VIGOTSKI,1998, p. 118). As afirmações de Vigotski (1998) tornam claro o papel da educação escolar para o desenvolvimento do psiquismo humano, sendo ele necessário ao processo de humanização. Uma vez que a educação escolar se torna essencial para a humanização e socialização da criança, o processo de ensino e aprendizagem possibilitará o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Desse modo, entende-se que o desenvolvimento mental das crianças ocorre quando se apropriam dos instrumentos e signos produzidos historicamente pela humanidade. Vigotski (1998) em seus estudos demonstrou a diferença entre os animais e as crianças, com o uso da linguagem estas últimas passam a desenvolver as funções psicológicas superiores, organizando suas ações, pensamentos e comportamentos. REFERÊNCIAS VIGOTSKI, Lev S. O desenvolvimento da percepção e da atenção. ______. A formação Social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Organizadores Michael Cole [et al.]; Tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 25-49. LEONTIEV, Alexis N. Actividade consciência e personalidade In: V - A formação da personalidade. Disponível em: <http://marxists.anu.edu.au/portugues/leontiev/1978/activ_person/cap05.htm. Acesso em: 01 julho de 2018> ALBUQUERQUE, Rosana Aparecida. Educação e Inclusão Escolar: a práticapedagógica da sala de recurso de 5ª a 8ª série. Maringá: EDUEM, 2008. p 20- 41. Disponível em :<http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2008_rosana_albuquerque.pdf>Acesso em: 20 jun.2018. BUENO, José Geraldo Silveira. Educação Especial Brasileira: integração/ segregaçãodo aluno diferente. São Paulo: Educ, 1993. CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão psicopedagogia: práticas educativas na escola e na família. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. http://marxists.anu.edu.au/portugues/leontiev/1978/activ_person/cap05.htm
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