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GESTÃO DE RISCOS E A SUSTENTABILIDADE EM ORGÃOS PÚBLICOS Paula Fernanda Mello Lage de Souza (LATEC/UFF) Resumo Atualmente fala-se muito em meio ambiente, preservação ambiental, responsabilidade do setor público frente às questões ambientais. No entanto, não se comenta sobre os riscos em relação à sustentabilidade, ou seja, sobre os riscos que sofre o meio em que vivemos, mesmo diante dessa responsabilidade Pública. Para tanto, este estudo tende a tratar do fator “risco” evidenciando a responsabilidade ambiental do Estado frente ao desenvolvimento sustentável e aos riscos ambientais nos dias atuais. Palavras-chaves: Setor Público; Meio Ambiente; Sustentabilidade 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 2 1 INTRODUÇÃO Dificilmente nos dias atuais, conseguimos passar de 30 dias sem notícias trágicas relacionados à fúria do meio ambiente. Em consequência, ouvimos críticas em relação à responsabilidade do Estado frente aos danos ambientais que atualmente, tiram bens e vidas de muitas pessoas no Brasil. Ao se tratar de desenvolvimento sustentável, em estudos acadêmicos, é comum vermos leis e normativas destacadas sobre o comprometimento do Estado com o Meio Ambiente; no entanto, na prática, esta sendo quase impossível para o setor público, exercer certo comprometimento, especialmente no que tange à gestão de riscos ambientais no País. O risco para sustentabilidade, portanto, está crescente a cada dia, transformando a necessidade de o Estado realizar ações preventivas ao meio e, consequentemente, atribuindo-lhe mais responsabilidades em relação à prevenção. Nesse aspecto, identificar os riscos é fundamental. Por esse motivo, este estudo vem tratar dos riscos, da sustentabilidade e do meio ambiente, como fatores imprescindíveis para as ações atuais do setor público. 2 RISCO E SUSTENTABILIDADE 2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A legislação ambiental brasileira apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável na Lei 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, a qual em seu art. 2º, dispõe: “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 3 assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. E, no art. 4º: “A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.” Na Constituição Federal de 1988, artigos 170 e 225, descreve-se o conceito de desenvolvimento sustentável, referido pela Lei 6.938/81. Na Carta Magna, o artigo 170 está inserido no capítulo que se refere à Ordem Econômica e Financeira e o artigo 225, no capítulo referente ao Meio Ambiente; porém, ambos estão direcionados ao desenvolvimento econômico e social desde que observada à preservação e defesa do meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Através desses conceitos, pode-se perceber que o desenvolvimento sustentável é formado pelo tripé, conforme figura abaixo: Figura 1 – Tripé do desenvolvimento sustentável Fonte: Paula Fernanda Mello Lage de Souza (2011) Isto que significa que se busca o desenvolvimento econômico, social e, conjuntamente, o desenvolvimento ambiental, com foco na defesa e proteção ambiental. Desenvolvimento Sustentável Setor Econômico Setor Social Setor Ambiental VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 4 Esses três fatores genéricos são especificamente formados pela dignidade da pessoa humana, livre iniciativa, direito de propriedade, direito ao trabalho, à saúde, ao lazer, à educação, enfim aos Direitos Individuais, Coletivos e Sociais elencados nos artigos 5º e 6º da Carta Magna. Fiorillo e Diaféria (1999 p. 31) salientam que o princípio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes, com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição. 2.2 GESTÃO AMBIENTAL E GESTÃO DE RISCOS A gestão ambiental (GA) é considerada uma prática de mobilização das empresas para se adequar a promoção do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Através da gestão ambiental as empresas públicas ou privadas, utilizam técnicas de prevenção do meio ambiente, bem como, buscam a melhoria constante de seus produtos, serviços e ambiente de trabalho, considerando a ecologia e as práticas ambientais corretas. Essa prática, apesar de parecer “estratégica”, vai além dos estímulos à qualidade ambiental, possibilitando redução de custos diretos, relacionados aos desperdícios de água, energia e matéria-prima e também à redução dos custos indiretos e indenizações por danos ambientais ou outros dispêndios envolvendo o meio ambiente. No entanto, a gestão ambiental nas empresas deve-se considerar juntamente com a gestão de riscos que, para Zeno (2007, p. 18), uma vez que as empresas estão expostas a diversos riscos, e que estes podem ser medidos ou avaliados, cabe a cada empresa definir quantos riscos está disposta a aceitar em VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 5 troca de uma determinada recompensa ou retorno. Desta forma, percebe-se que administrar riscos é uma necessidade para qualquer empresa. Da mesma forma que os riscos podem ser vistos pelo lado positivo, são vários os momentos em que eles são avaliados negativos. Não são poucas as notícias de empresas, que foram à falência, devido à sua má gestão. Com isso, pode-se perceber que os riscos podem ser bons ou ruins, dependendo do modo como eles são gerenciados. Duarte Júnior (2003, p.4), por exemplo, argumenta que, apesar de não ser um conceito novo, o risco só assumiu posição de destaque recentemente, por causa de acontecimentos como colapsos, socorros emergenciais e disputas judiciais relacionados a grandes corporações como Barings Bank, Procter&Gamble, Bankers Trust, Orange County, Metallgesellschaft, Long Term Capital Management, dentre outros. Vedpurishwar (2001, p.47) comenta que o gerenciamento de risco tem sido o tópico favorito nas discussões atuais. Falências e grandes perdas recentes têm servido para destacar a importância da identificação e o tratamento efetivo dos riscos corporativos. E Cardozo (2005) destaca que fenômenos atuais como a globalização, a velocidade das inovações e das mudanças econômicas e regulatórias elevaram a cobrança por parte dos investidores e acionistas de uma maior pró-atividade das empresas na proteção contra falhas, fraudes ou situações que gerem algum efeito negativo para a organização. Dessta forma, percebe-se que as organizações convivem constantemente com os riscos e cabe a cada uma gerenciar, administrar, controlar, diagnosticar, enfim, decidir o que fará em cada situação que ocorrer. Quando algo dá errado, ou quando a empresa está pedindo socorro, é porque algo está inadequado no gerenciamento dos riscos e, não exatamente, porque os riscos são negativosou são os responsáveis por levar a organização a uma situação de insegurança e fracasso. VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 6 2.3 RISCOS AMBIENTAIS A legislação considera Riscos Ambientais, os agentes químicos, físicos e biológicos existentes no meio, especialmente nas empresas, que podem causar danos ao meio ambiente e as pessoas. Especialmente, no que tange ao ambiente de trabalho, os riscos ambientais são os principais causadores de danos à saúde do trabalhador ou cidadão, incluindo à sua integridade física. Esses riscos ambientais podem ser divididos em: Riscos Físicos – causados por máquinas, equipamentos e pelas condições físicas do local de trabalho, que podem causar danos à saúde humana; Riscos Químicos – são substâncias químicas, podendo ser líquidas, gasosas ou sólidas, que podem causar reações tóxicas no organismo humano se absorvidas por ele; Riscos Biológicos – são causados por microorganismos invisíveis ao olhos humanos, vírus, fungos e bactérias, por exemplo, capazes de desencadear doenças em virtude da contaminação. Riscos Ergonômicos – geralmente acontecem quando o ambiente de trabalho não está preparado para que o funcionário exerça suas atividades com segurança e conforto. Riscos de Acidentes – acontecem em decorrência do uso de tecnologias impróprias que podem causar danos à integridade física do trabalhador. 2.4 PRINCÍPIOS DO MEIO AMBIENTE Segundo Antunes (2002), princípio é aquele utilizado como alicerce ou fundamento do direito. É uma fonte secundáaria de aplicação do direito. Alguns princípios ambientais, considerados juridicamente, são: VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 7 1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável Pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável está relacionado ao papel ativo do Estado, o qual está ligado diretamente aos valores ambientais, a proteção do meio ambiente e às situações de desenvolvimento que fazem parte de um interesse comum e necessário. Para Machado (2002), a busca insistente pelo ponto que dará equilíbrio entre o desenvolvimento e o crescimento está baseada na utilização dos recursos naturais, ao planejamento e à sustentabilidade. O que, segundo o autor, deve ter validade em todo território nacional e ser respeitado por todos os povos e sociedades, sem exceção. 2. Princípio do Poluidor-Pagador Esse princípio foi tratado pela Constituição Federal em seu artigo 225 parágrafo 3º que determina a sujeição dos poluidores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados, alcançando, assim, formas preventivas e repressivas. 3. Princípio da Prevenção Esse princípio é tratado pelo artigo 225 da Constituição Federal, caput, o qual declara que é de responsabilidade do Poder Público da coletividade, o dever de proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. De acordo com Machado (2002 p. 18): Regem cinco itens a aplicação do princípio da prevenção: 1) identificação e inventário das espécies animais e vegetais de um território, quanto à conservação da natureza e identificação e inventário das fontes contaminantes das águas e do mar, quanto ao controle da poluição; 2) identificação e inventário dos ecossistemas, com a elaboração de um mapa ecológico; 3) planejamento ambiental e econômico integrados; 4) ordenamento territorial ambiental para a valorização das áreas de acordo com sua aptidão e 5) estudo de impacto ambiental. VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 8 Esse princípio, portanto, visa a imobilizar a atividade humana, a durabilidade da melhor qualidade de vida para gerações presente e futuras, exercendo um papel contínuo de cuidado com o meio ambiente, dando perpetuidade à natureza existente nos dias atuais. Assim, cabe ressaltar que é papel do Estado punir, através da aplicação da legislação, àqueles que não contribuírem com a prevenção do meio ambiente, causando-lhe qualquer dano. 4. Princípio da Participação O artigo 225 da Constituição Federal, caput, destaca que é dever de toda a coletividade e do Poder Público atuar na defesa e proteção do meio ambiente. Apesar de não ter declarado, a participação é interpretativa a situação de que o “coletivo” se refere a participação da comunidade na responsabilidade de prevenção e proteção. Segundo Milaré (2005), esse princípio se baseia em duas condições complementares: a educação e a informação ambiental. A informação ambiental está prevista nos arts. 6º, § 3º e 10 da Lei 6.938/81 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que também complementa o Direito Ambiental, considerado novo instrumento de tutela ambiental sendo previsto na CF, no seu arts. 225, § 1º, VI; 220 e 221, os quais englobam não só um direito à informação mas, também, direito a ser informado. A educação ambiental está prevista na CF, no art. 225, § 1º, VI, em que se destaca a necessidade da educação ambiental como forma de trazer a consciência ecológica ao povo, titular do direito ao meio ambiente, permitindo, então, a efetivação do princípio da participação em relação a esse direito. 5. Princípio da Ubiquidade VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 9 Evidencia-se nesse princípio a proteção do meio ambiente como sendo vida, considerando-se algo que depende de política, atuação, legislação e outros fatores que devem ser criados e desenvolvidos em prol da preservação e do zelo ambiental. De acordo com Antunes (2002) não existe possibilidade de pensar em vida ou qualidade de vida sem pensar em meio ambiente. O autor declara que não há possibilidade de o legislador ver o meio ambiente de modo restrito e dissociado da sociedade. Por esse motivo, o princípio de ubiquidade do meio ambiente vem do direito de viver, do desenvolvimento e crescimento dos seres vivos e humanos. 2.5 RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS E SUSTENTÁVEIS O direito ambiental, como ramo do direito público, se ocupa de princípios e normas que são destinados a impedir que destruições ou degradações sejam efetuadas na Natureza, especialmente, no que tange ao setor público, mas não se eximindo o setor e o direito privados. Na realidade, trata-se de um desmembramento do Direito Administrativo, que cobra um desempenho maior e um desenvolvimento crescente frente aos evidentes abusos predatórios ocasionados pelo aumento da população brasileira e, também, pelos avanços científicos e tecnológicos pelo qual passamos nos dias atuais. Dentro do contexto do Direito Ambiental, como ramo do direito público, evidenciam-se, principalmente, os seguintes pontos: I – preservação dos recursos naturais; II – controle da poluição; III – restauração dos elementos naturais destruídos; Lembrando aqui que, dentro do direito público, deve-se ainda observar a Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, que destaca a ação civil pública de responsabilidade em relação aos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 10 Não se deve esquecer, ainda, da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional doMeio Ambiente, destacando a competência do Ministério Público em propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente e da Lei 9.605/98, que se refere aos crimes contra o Meio Ambiente. De acordo com o artigo 225, § 1º, VII da Constituição Federal brasileira, “incumbe ao Poder Público proteger a flora e a fauna, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade”. Deste modo, pode-se observar que é dever público a prevenção e cuidado com a fauna brasileira, além de outros crimes que destacam a vida dos animais. Já, dentro do contexto de crimes contra a flora, é importante destacar o artigo 38 da Lei 9.605/98, que regula os “crimes contra o meio ambiente”. No entanto, o que mais preocupa o direito ambiental no ramo público, é a vida humana, ou seja os riscos ambientais, como por exemplo, a poluição. O conceito de poluição já foi bastante criticado por entidades e até mesmo por órgãos públicos no passado, visto que muitas industrias cometem esse crime e mutias vezes deixam passar desapercebido pelo poder público, porque trazem beneficios financeiros para o Estado. Nessas condições a legislação através da Lei n. 6.938/81, em seu art. 3º inc. III define a poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. A Lei ambiental brasileira 6.938/81, em seu art. 54 estabelece como crime de poluição “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 11 possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. (....) II – causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III – causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV – dificultar ou impedir o uso público das praias; V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena – reclusão, de um a cinco anos. §3º - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Conforme Kirkby (2000), inicialmente o poder público e privado precisam conscientizar as empresas e estas automaticamente, em relação aos métodos e conceitos ambientais corretos, para que somente após, venha a fornecer seus produtos. O autor salienta que o marketing deve garantir a coerência da política ambiental organizacional, juntamente com toda equipe de trabalho, os fornecedores e os distribuidores, o que pode ser realizado através de programas especiais que demandem a conscientização, compreensão e execução por parte de todos os envolvidos. Desta forma, nota-se que a Lei trata da responsabilidade do setor público, procurando garantir a preservação e proteção do meio ambiente, especialmente no que se refere ao crime ambiental, tão problemático as questões ambientais atualmente. 2.6 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Não somente o setor público, mas as empresas e toda a sociedade podem se envolver em projetos que defendam a prevenção ambiental e que concretizem uma real conscientização humana sobre os problemas naturais e o envolvimento do seres humanos nesses acontecimentos. VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 12 Algumas dessas providências podem ser obtidas através de idéias, dispostas no 1º Seminário Brasileiro sobre Catástrofes Naturais e Antropogênicas realizado em dezembro de 2009, conforme se pode observar abaixo: (1) Reforçar a necessidade da educação ambiental e da conscientização com vistas à aplicação continuada de seus ensinamentos e conceitos pela sociedade. (2) Providenciar campanhas de orientação à população quanto aos riscos e inconvenientes da ocupação de áreas impróprias. (3) Mobilizar instituições de ensino, órgãos públicos e organizações privadas no sentido de que promovam estudos permanentes sobre catástrofes, inclusive no tocante a possíveis causas e mudanças climáticas. Mas mais do que isso, os seres humanos podem colaborar com atitudes próprias, dando ênfase à frase de que “se cada um fizer a sua parte, chegará um momento em que todos estarão unidos na conquista do objetivo”. As empresas precisam adaptar-se a gestão ambiental, prevista na legislação brasileira, não apenas por interesses lucrativos ou por “obrigação”, mas por interesses próprios com a própria organização, a sociedade e o meio ambiente. “Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações.” Atualmente, as empresas dos grandes centros podem contar com o apoio da PGA – Programa de Gestão Ambiental, que está implementando ações de sucesso e de auxilio ao meio ambiente. “Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. 1 ” 1 BRASIL. Comissão Especial Destinada a Apreciar e Proferir Parecer ao PL 203/91 e seus Apensos: Política Nacional de Resíduos. Submenda substitutiva global preliminar. 2004. Disponível em: VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 13 O meio ambiente está diretamente ligado às pessoas e ao seu bem estar. De nada adianta cuidar das pessoas e esquecer o meio em que elas vivem. É do meio ambiente que as pessoas e as empresas tiram seu sustento, sua sobrevivência. Sem a ajuda da natureza não existiria alimento e as empresas ficariam sem matéria prima. Cuidar do meio ambiente é responsabilidade de todos e promover isso, garantindo maior qualidade de vida dentro e fora da organização, é uma questão de inteligência pessoal e profissional. Cuidando do meio ambiente, o setor público, junto as empresas e a própria sociedade estarão cuidando da própria sobrevivência e saúde dos cidadãos e trabalhadores, participando automaticamente do processo de melhoria ambiental e desenvolvimento sustentável no Brasil. 2.7 RESPONSABILIDADE HUMANA – VISTO COMO SOCIEDADE - FRENTE AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AO MEIO AMBIENTE O comprometimento público, não deriva apenas do setor público, mas de tudo aquilo que faz parte dele. Para tanto, as pessoas, como sociedade, devem também exercer seus compromissos frente a responsabilidade coma sustentabilidade, o meio ambiente e os próprios riscos ambientais. Cada um deve ser responsável por suas atitudes. Todos nós dependemos da natureza para sobreviver, dos frutos, das árvores, da água, do solo fértil, etc. Não cuidar da natureza é o mesmo que não cuidar de si próprio, é como não valorizar a própria vida. As catástrofes sócio-ambientais ocorridas nos últimos tempos são exemplos disso, pois demonstram uma fúria natural jamais vista anteriormente. Pessoas inocentes estão perdendo suas casas, suas vidas, seus familiares, e mesmo assim, não existe uma real conscientização e providência. http://www.lixo.com.br/documentos/coleta%20seletiva%20como%20fazer.pdf, Acesso em Maio de 2011 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 14 Ficar em casa lamentando o que ocorreu, não é uma atitude inteligente. Esperar que outro faça para que haja atitude por parte de todos, nunca fará com que os problemas diminuam. Cada um deve fazer a sua parte, para que, aos poucos, todos possam se conscientizar e tomar atitudes certas, que realmente façam a diferença. Todos têm de deixar um planeta mais saudável e com menos riscos para a geração futura e, para isso, deve haver uma preocupação particular de cada um e uma atitude simples e correta por parte de todos. O que se diz, atualmente, sobre quais são essas providências, todos já conhecem, o que esta faltado é a prática daquilo tudo que já se sabe: (1) Não jogar lixo nos rios e encostas; (2) Reciclar o lixo sempre que possível; (3) Evitar jogar no solo produtos poluentes como óleo e produtos químicos e contaminantes; (4) Evitar cortar árvores em locais de riscos; (5) Para cada árvore cortada plantar duas ou mais no lugar; (6) Evitar queimadas; (7) Evitar desmatamentos; Frente aos riscos ambientais, resta-nos trabalhadores o direito e o dever de exigir ambientes melhores e mais adequados ao trabalho humano e ao próprio meio ambiente. Caso este venha a exigir, a empresa passa a ser obrigada a cumprir com seus deveres e obrigações, já expostos na legislação. Ou seja, de alguma forma o Estado já fez sua parte. Aguarda-se agora, pessoas e empresas fazendo algo mais do que criticar. Chegou o momento de ajudar o Estado como sociedade, frente as responsabilidades e comprometimento ambientais e com a própria vida humana. CONSIDERAÇÕES FINAIS VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 15 Em um primeiro momento, este estudo se caracterizava a destacar a importância do diagnóstico dos riscos ambientais para o melhoramento dos procedimentos do Estado frente às organizações nos dias atuais, auxiliando-as na diminuição dos acontecimentos que estariam propensos ao risco. No entanto, com a realização deste estudo, observou-se que os riscos são mais do que identificáveis. O setor público e as empresas nos dias atuais conhecem esses riscos, no entanto, fazem “vista grossa” para a situação, deixando, em ultimo plano, as providências relacionadas a esses interesses. Este estudo demonstrou que a preocupação e a preservação ambiental são fatores que fortalecem as atitudes e ações do Estado, bem como demandam mais competitividade das empresas, ou seja, os setores públicos e privados agem em benefício do meio ambiente e da sustentabilidade e, posteriormente, recebem em troca vantagens competitivas e apoio para com as obras e ações públicas e cidadãs. Para tanto, este trabalho observa que não são os riscos que precisam ser identificados, mas é o setor público que precisa honrar com seus compromissos sociais e ambientais, estimulando juntamente às empresas e a sociedade na realização de ações frente à realidade da responsabilidade social e ambiental no País. REFERÊNCIA ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2002. BRASIL. Comissão Especial Destinada a Apreciar e Proferir Parecer ao PL 203/91 e seus Apensos: Política Nacional de Resíduos. Subemenda substitutiva global preliminar. 2004. Disponível em: http://www.lixo.com.br/documentos/coleta%20seletiva%20como%20fazer.pdf, Acesso em Maio de 2011 CARDOZO, J. S. Gestão de riscos e proteção do negócio. Jornal Valor Econômico. São Paulo: ano 5, n. 1228, p. B2, 30/03/2005. DUARTE JÚNIOR, A. M. Gestão de riscos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco e DIAFÉRIA, Adriana. Biodiversidade e patrimônio genético no Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Max Limonad, 1999 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 2002 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 16 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo: RT, 2005 VEDPURISHWAR, A. V. A strategic approach to enterprise risk management. Global CEO. [S.l.]: ICFAI, p. 47-51, 10/2001. ZENO, José Miguel da Cunha. Risco Legal: uma introdução ao seu gerenciamento no atual cenário corporativo. Rio de Janeiro: 2007. Dissertação (Mestrado em Administração de empresas) – Faculdade de economia e finanças IBMEC, 2007.
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