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Legalização do aborto

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A Legalização do Aborto 
 
Renne Leite de Souza 
José Elvis Inácio Livino 
 
A Constituição Federal de 1988, aquela em que deve ser respeitada e seguida 
por todos, desde os cidadãos comuns integrantes da sociedade até pela Administração 
Pública direta, indireta e autárquica, conforme os princípios constitucionais presentes na 
mesma, pois tais princípios nada mais são do que um conjunto de proposições que servem 
como base a um sistema e lhe garantem a validade, portanto o presente trabalho procura 
abordar de forma clara e com base no âmbito constitucional os conceitos, as classificações, 
as leis e mostrar alguns pontos relacionados ao tema “A Legalização do Aborto”. O tema 
abrange uma análise sob os aspectos éticos e morais, aspectos científicos, religiosos e 
históricos e, principalmente sob os aspectos jurídicos. 
 
O problema da legalização do aborto se insere num contexto bem mais amplo 
que a simples discussão desses aspectos, para que se entenda sobre a problemática da 
legalização do aborto, parti de inicio sobre uma analise acerca do inicio da vida, quando 
começamos a existir, de quem é o poder de decidir sobre o futuro de alguém que nem 
mesmo veio ao mundo, se é a mulher como dona do seu corpo e leva um ser vivo dentro 
de si e assim possuiria o direito de abortar e interromper a gestação em qualquer 
momento em que lhe seja conveniente ou o Estado ao qual ela seja submissa? E os 
direitos do feto, como o direito a vida assegurado pela constituição? 
 
O objetivo desse trabalho é o de trazer levantamentos e de fazer uma 
analise sobre quando e em que casos a autorização do aborto poderá ser 
concedido, e de quem é o poder de decidir sobre o assunto. 
 
O Aborto está conceituado da seguinte maneira: “Aborto é a interrupção da vida 
intra-uterina, com a destruição do produto da concepção”. (MIRABETE . 2006, p. 62). 
 
Logo, abortar é eliminar prematuramente do útero o feto ou embrião da 
concepção, abortar é interromper uma gravidez pela morte do feto ou embrião, 
independente do organismo o expelir, ou ainda que venha a ocorrer a morte da 
gestante antes da sua expulsão, ou seja, é a interrupção da gestação com ou não 
expulsão do feto ou embrião, antes da época de sua maturidade. 
Os médicos definem o aborto como sendo fruto da concepção eliminado 
com peso inferior a 0,5Kg ou gestação inferior a 20 semanas, já para os religiosos 
definem o aborto como sendo a morte de uma criança no ventre de sua mãe em 
qualquer estágio de vida, desde a fecundação até o nascimento. 
No Brasil o aborto é considerado como crime contra a vida humana, tipificado 
no Código Penal Brasileiro; no Art. 124 – “Provocar aborto em si mesma ou consentir 
que outrem lho provoque”, Art. 125 – “Provocar aborto, sem o consentimento da 
gestante”, e Art. 126 – “Provocar aborto com o consentimento da gestante”, (SANCHES. 
2013, págs.255,257,258), que prevê a pena de detenção e com o respaldo da CF/88 
conferida no caput do artigo 5º da CF/88: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,...”,(NOVELINO. 2012, pág.25) e que 
é inclusive cláusula pétrea em nosso ordenamento, não é única, já que mais adiante a 
Constituição Federal volta a garantir o direito a vida, no seu Art. 227: “É dever da família, 
da sociedade e do Estado assegura à criança, ao adolescente e o jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, ...” (NOVELINO. 2012, pág.981). 
 
O Código Penal brasileiro no seu Art.128 traz as hipóteses em que o 
aborto é permitido e não é considerado crime: “Não se pune o aborto praticado por 
médico: Aborto necessário - I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro - II - se a gravidez resulta de 
estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 
de seu representante legal” (SANCHES. 2013, págs.260). 
 
Essas são as duas hipóteses em que o aborto seria permitido no Brasil. A 
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde do Brasil ingressou com uma ação de 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental no Supremo Tribunal Federal (ADPF 
nº 54) solicitando que a Corte Constitucional conferisse ao Código Penal uma interpretação 
conforme a Constituição e declarasse que o aborto de fetos anencéfalos: “por malformação 
congênita, não possui uma parte do sistema nervoso central, ou melhor, faltam-lhe os 
hemisférios cerebrais e tem uma parcela do tronco encefálico (bulbo raquidiano, ponte e 
pedúnculos cerebrais)” (DINIZ, Maria Helena. 2001, p. 281) não fosse crime. 
 
A ação foi assinada pelo grande constitucionalista Luis Roberto Barroso e tinha, entre 
outros, os seguintes argumentos a favor: como o feto anencéfalo não desenvolveu o cérebro, ele 
não teria qualquer condição de sobrevivência extrauterina; perdurar a gestação por meses seria 
apenas prolongar o sofrimento da mãe considerando que a morte da criança ao nascer, ou 
mesmo antes do parto, seria cientificamente inevitável; rigorosamente, não haveria nem mesmo 
aborto porque o feto anencéfalos é desprovido de cérebro, e segundo a 
 
Lei n.º 9.434/1997, o marco legislativo para se aferir a morte de uma pessoa ocorre 
no momento em que se dá sua morte cerebral. 
Em outros setores da sociedade, principalmente a Igreja Católica mostraram-se 
completamente contrários à possibilidade de aborto de fetos anencéfalos. Para tanto, 
usaram as seguintes razões: o feto já pode ser considerado um ser humano e deve ter seu 
direito à vida respeitado; haveria chances de sobrevivência extrauterina, como no caso raro 
de uma criança chamada Marcela de Jesus Galante Ferreira, que foi diagnosticada como 
feto anencéfalo, mas teria sobrevivido alguns meses após o parto (conhecido como “Caso 
Marcela”), obs: os médicos rechaçam essa afirmação, sustentando que não se trataria 
de feto anencéfalo, tendo havido erro no diagnóstico); a legalização do aborto de fetos 
anencéfalos representaria o primeiro passo para a legalização ampla e irrestrita dos abortos 
no Brasil; o aborto de fetos anencéfalos seria um tipo de aborto eugênico, isto é, uma 
espécie de aborto preconizada por regimes arianos, como o nazista, no qual se eliminariam 
indivíduos com deficiências físicas ou mentais, em uma forma de purificação da raça. 
 
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) chegou, inclusive, a pedir 
para intervir na ADPF nº54 como amicus curiae (intervenção processual atípica de 
terceiros), o que, no entanto, foi negado pelo Ministro Relator da ação. No dia 01 de julho de 
2007 o Ministro do STF, Marco Aurélio, concedeu, em decisão monocrática (decisão final 
em um processo, tomada por um juiz ou, no caso do Supremo Tribunal Federal, por um 
ministro), medida cautelar na referida ação, declarando que não haveria crime nesses casos 
e determinando a suspensão dos processos que versassem sobre o tema. Após reunião, o 
Pleno do STF cassou a liminar concedida pelo Relator, mas mantendo que os processos em 
que tratassem sobre o assunto em outros juízos continuassem suspensos. 
 
Após anos de tramitação, o STF julgou o mérito da ADPF nº54, e por 8 votos a 
favor e 2 votos contras, os Ministros entenderam que não é crime interromper a gravidez 
de fetos anencéfalos. Assim, nos casos em que o procedimento abortivo mediante prática 
médica legal, poderá ser realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
Porém, é notório quem ainda existe a discussão por parte da sociedade civil e política, sobre 
a legalização do aborto no Brasil, mesmo a lei concedendo de forma legal o aborto dentro 
dos casos anteriormente mencionados, em algunscasos mulheres acabam procurando 
meios alternativos para fazê-lo, ou seja, parte da população considera que fazer ou não o 
aborto deve ser uma escolha da gestante, isso por que acreditam que mesmo mantendo a 
prática ilegal não evitará que o aborto clandestino seja realizado. 
 
Ainda é grande o numero de mulheres, principalmente as com idade entre 20 e 
29 anos, que procuram meios clandestinos para realizarem o aborto em “Clinicas 
Clandestinas” e também por meio de remédios proibidos. Também, são freqüentes os 
casos em que adolescentes envolvidas em casos de aborto ilegal, onde nesses casos de 
aborto ilegal as gestantes se submetem a verdadeiros açougues humanos, sem a mínimas 
condições para a pratica do aborto, colocando assim em risco a sua própria vida. 
 
Toda a polêmica existente em todos os sentidos sobre a legalização do aborto, 
reflete na divergência que já ocorre na sociedade, credita-se ainda, que a penalização a 
prática abortiva, além de ferir os direitos humanos, discrimina também aquelas que por 
dificuldades econômicas, se vêem obrigadas a recorrer e porem em risco a própria vida em 
abortos ilegais e inseguros, violando-se assim, o princípio da justiça e equidade, refletindo 
uma situação de desigualdade na garantia do direito de acesso aos serviços de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
BARROSO, Luis Roberto. ADPF-54 - Ação de Descumprimento de Preceito 
Fundamental nº 54: petição inicial. Brasília, 2004 
 
DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biodireito. São Paulo: Saraiva, 2001 
 
(MARCELLO, Maria Carolina. STF aprova legalização de aborto de anencefálico. 
Disponível em <http://reuters-brasil.jusbrasil.com.br> 
 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal: Parte Especial. São Paulo: 
Atlas, 24ª ed., 2006 
 
NOVELINO, Marcelo. Constituição Federal: Comentada. Salvador-Ba: JusPODIVM, 
3ª ed., 2012 
 
SANCHES, Rogério. Código Penal: Comentado. Salvador-Ba: JusPODIVM, 6ª ed., 2013

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