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processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem escrita a partir das teorias de Vygotsky, Luria e Emília Ferreiro

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1. Introdução 
Este estudo tem como objetivo descrever o processo de desenvolvimento e 
aquisição da linguagem escrita a partir das teorias de Vygotsky, Luria e Emília 
Ferreiro. As teorias reconhecem que as crianças têm contanto com a escrita antes 
mesmo de ingressarem na escola e possuem algum tipo de conhecimento da 
mesma. Com isso, produzem traços que por vezes se assemelham à escrita adulta 
já desenvolvida. 
Como metodologia, foi usada a pesquisa bibliográfica e esta foi usada como 
embasamento teórico para o estudo de caso, este que foi feito a partir de um 
experimento com uma criança de 4 anos de idade para analisar os níveis de escrita 
dela, utilizando as teorias de Luria e Ferreiro. 
 
2. Base teórica 
VYGOTSKY 
Lev Semyonovitch Vygotsky nasceu em 5 de novembro de 1896 na cidade 
de Orsha, no nordeste de Misk, na Bielo-Rússica. Completou o primeiro grau de 
1913, em Gomel, com medalha de ouro. Em 1917 a 1923, Vygotsky lecionou 
literatura e psicologia numa escola em Gomel, onde dirigia também a seção de 
teatro do centro de educação de adultos, além de dar muitas palestras sobre os 
problemas da literatura e da ciência. Durante esse período, Vygostky fundou a 
revista literária Verask. Foi aí que publicou sua primeira pesquisa em literatura, mais 
tarde reeditada com o título de A Psicologia da Arte. Também criou um laboratório 
de psicologia, cujo conteúdo foi publicado mais tarde, na revista Psicologia 
Pedagógica. Em 1924, Vygotsky mudou-se para Moscou, trabalhando primeiro no 
Instituto de Psicologia, e depois no Instituto de Estudos das Deficiências, por ele 
criado. Ao mesmo tempo, dirigiu um departamento de educação de crianças 
deficientes físicas e retardadas mentais, em Narcompros (Comitês Populares de 
Educação), além de dar cursos na Academia Krupskaya de Educação Comunista, 
na Segunda Universidade Estadual de Moscou (posteriormente chamada de Instituto 
Pedagógico Estadual de Moscou) e no Instituto Pedagógico Hertzen, em 
Leningrado. Entre 1925 e 1934, Vygotsky reuniu em torno de si um grande grupo de 
jovens cientistas, que trabalhavam nas áreas da psicologia e no estudo das 
anormalidades físicas e mentais. Simultaneamente, o interesse pela medicina levou 
Vygotsky a fazer o curso de medicina, primeiro no Instituto Médico, em Moscou, e 
posteriormente em Kharkov, onde também deu um curso de psicologia na Academia 
de Psiconeurologia da Ucrânia. Um pouco antes de sua morte, Vygotsky foi 
convidado para dirigir o departamento de psicologia no Instituto Soviético de 
Medicina Experimental. Morreu de tuberculose em 11 de junho de 1934. 
Entre 1936 a 1956 as obras de Vygotsky foram proibidas na União Soviética 
durante o regime stalinista, por isso, permaneceu desconhecida no mundo ocidental. 
Somente após a primeira publicação em1962 do livro Pensamento e Linguagem, nos 
EUA, é que a sua extensa obra começou a circular entre os países do Ocidente. 
Mas, atualmente o patrimônio teórico deixado por Vygotsky começou a ser revelado. 
● Desenvolvimento da escrita segundo Vygotsky 
Na pré-história da linguagem escrita o autor faz um percurso do simbolismo 
que se inicia com o gesto, depois passa pela brincadeira, pelo desenho, até chegar 
ao ponto em que a criança consegue perceber que poderá representar a sua fala por 
meio do desenho, apreendendo a escrita com função interacional e pessoal. 
Para Vygotsky, o gesto é o signo visual no qual está contida a futura escrita 
e esses gestos estão ligados à origem dos signos escritos por meio de outros dois 
domínios. O primeiro domínio se trata dos rabiscos das crianças, estes são vistos 
mais como gestos do que desenhos propriamente ditos. O segundo domínio se trata 
dos jogos das crianças, no qual se usa objetos para denotar outros, tornando-os 
signos. 
LURIA 
Alexander Romanovich Luria nasceu em 16 de julho de 1902, na pequena 
cidade de Kazan, na antiga Rússia. Aos 15 anos no curso secundário, deparou-se 
com a revolução soviética. Então as universidades ficaram à disposição do aluno 
que quisesse cursá-la e Luria matriculou-se no Departamento de Ciências Sociais. 
Iniciou aos 16 e aos 19 terminou sua graduação. Mesmo com sua pouca idade 
fundou a Associação Psicanalista de Kazan e continuou seus estudos acadêmicos 
no campo da Psicologia de Moscou. 
Em 1924, devido ao seu grau elevado no trabalho em psicologia e 
pedagogia, Luria foi convidado a se unir com outros novos cientistas do Instituto 
onde estava trabalhando, quem eram: Lev Semenovich Vygotsky e Alexis N. 
Leontiev. A partir desse momento, Vygotsky começou a ser o líder intelectual desse 
grupo. Luria foi fortemente influenciado por Vygotsky, que disse em muitos de seus 
artigos. Que nada mais fez na vida que seguir as grandes linhas e hipóteses 
levantadas pelo referido cientista. 
Luria fez muitos estudos sobre a relação que existe entre pensamento e 
linguagem, específicos sobre as crianças com necessidades especiais. Luria e 
Vygotsky, por volta de 1930 estudam Medicina para compreender melhor sore os 
processos psicológicos superiores humanos. Mesmo depois da morte de Vygotsky, 
em 1934, Luria deu continuidade ao trabalho que faziam anteriormente tornando-se 
um famoso neuropsicológico mundial, com mais de 30 livros científicos publicados. 
Luria morreu em 1977, aos 75 anos, em Moscou. 
● Desenvolvimento da escrita segundo Luria 
Luria (2006) afirma que a origem dos processos psíquicos da linguagem 
escrita inicia-se na pré-história do desenvolvimento das formas superiores do 
comportamento infantil. Portanto, segundo autor, antes mesmo de atingir idade 
escolar, durante a pré-história individual, a criança já desenvolve por si mesma, uma 
quantia de técnicas primitivas, igual àquilo que chamamos escrita e capazes de, até 
desempenhar funções semelhantes. O autor, conclui que para estudar a pré-história 
da escrita e as várias tendências e fatores que a envolvem, a melhor maneira seria 
descrever esses estágios. 
De acordo com Luria (2006) a origem dos processos da linguagem escrita 
inicia-se na pré-história do desenvolvimento das formas superiores do 
comportamento infantil. Assim, antes mesmo de atingir a idade escolar, a criança já 
é capaz de desenvolver uma série de técnicas primitivas semelhantes à escrita. 
O primeiro estágio chamou de estágio dos rabiscos. Nessa fase a criança 
ainda não compreende a função da escrita, e por isso, apenas reproduz de forma 
externa a escrita do adulto. Não faz relação do que está escrito no papel com o que 
foi falado. Assim, não utiliza a escrita como um artifício para se lembrar do que 
escutou, tornando a escrita um brinquedo. 
O segundo estágio é denominado de estágio da escrita não diferenciada. 
Nesse estágio a criança ainda não lê, mas já consegue utilizar os rabiscos como 
auxílio técnico da memória (função mnemônica) de maneira instável, isso porque o 
que a criança registra no papel pode ser esquecido por ela. Luria explica que a 
criança lembra-se agora do material, associando-o a uma marca específica, em vez 
de fazê-lo de forma puramente mecânica, e esta marca lhe permite lembrar uma 
sentença particular que servirá de auxílio para relembrá-la. 
O terceiro estágio é caracterizado pela mistura de tudo que a criança 
conhece, no papel é possível encontrar símbolos, desenhos ou letras, ela utiliza 
marcas para recordar o que lhe foi ditado. Nesse momento a criança passa do 
estágio de uso dos signos-estímulos para o de signos-símbolos. 
O quarto estágio denominado estágio da escrita por imagens (pictográfica), a 
criança usa o desenho como meio para recordar, e o fator quantidade e forma 
distinta levam a criança à pictografia. Essa fase baseia-se na rica experiência dos 
desenhos infantis, os quais em si mesmos, não precisam desempenhar a função de 
signos mediadores em qualquer processo intelectual. 
O quinto estágio trata-se da escrita simbólica no qual a relação da criança 
coma escrita é puramente externa. A criança escolhe um meio indireto e, em vez 
de um todo que ela acha difícil retratar, desenha uma parte qualquer do todo, o que 
é mais fácil. Pouco a pouco desenvolve técnicas diferenciadas para este nível mais 
alto de desenvolvimento. 
O momento da passagem da escrita pictográfica à escrita simbólica é um 
marco muito importante no desenvolvimento infantil. A escrita por imagens constitui 
uma etapa natural na pré-história da escrita da criança, a qual é, posteriormente, 
suplantada pela escrita alfabética simbólica. 
 
EMILIA FERREIRO 
Emília Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade 
de Genebra, orientanda de Jean Piaget, começou a pesquisar sobre a escrita na 
criança e sobre o modo como ela aprende e tendo como foco os mecanismos 
cognitivos relacionados à leitura e à escrita. A partir de 1974, Ferreiro desenvolveu 
na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu 
origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado 
em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. 
Sabe-se que Ferreiro é demasiadamente comparada a Luria, o fato levou a 
mesma a fazer uma análise acerca das semelhanças e diferenças entre os estudos 
dela e o de Luria, traduzindo os textos do mesmo. 
● Desenvolvimento da escrita segundo Ferreiro 
Em seu estudo, Ferreiro divide a construção da escrita na criança em quatro 
fases: a fase pré-silábica, a fase silábica, a fase alfabética e a fase ortográfica. 
Na fase pré-silábica ela relata que a escrita não tem relação com a emissão 
da fala. A criança deduz que o tamanho da imagem do objeto falado tem relação 
com o tamanho da palavra. Por exemplo, se a criança escuta a palavra formiga, ela 
imagina que escrever a palavra “formiga” seja o tamanho da mesma. A imagem 
pequena da formiga lhe sugere uma palavra pequena. 
Na fase silábica a criança descobre a relação fonema-grafema. A 
identificação do som não significa que a criança identifique a letra. Utiliza as letras 
de forma aleatória, ora apenas consoantes, ora somente vogais. 
Na fase alfabética é quando a criança começa a colocar as primeiras 
sílabas, formando o par. Geralmente, nessa fase, as crianças já conseguem ler e 
identificar graficamente o que pensa ou fala. Sabe distinguir letra de sílaba, palavra 
de frase. Porém ainda pode se confundir com algumas das mesmas. 
Na fase ortográfica a criança vai finalmente, em busca das regras do 
sistema, ela já consegue fazer a correspondência entre letras e grafemas da língua, 
amplia o conhecimento das regras ortográficas e com isso já consegue corrigir o 
próprio texto. 
 
3. Relato de caso 
Tendo em vista a teoria estudada, posteriormente foi realizado um estudo de 
caso com as crianças e logo após foi feita uma análise a partir das teorias. Tive 
como base para o experimento a atividade realizada por Luria durante seus estudos. 
Durante o experimento foram ditadas algumas frases e foi pedido que as crianças as 
escrevessem conforme o conhecimento que elas tinham da escrita. 
Caso 1: Vitor, 5 anos, estudante do ensino infantil 2. Primeiramente 
perguntei ao garoto se eu lhe falasse frases ele conseguiria escrever, ele logo 
respondeu que sim. Quando disse a primeira frase ele falou que não saberia 
escrever essa, e eu respondi que ele poderia escrever da forma que ele achasse 
que estivesse correto. Então, ele muito concentrado começou a ouvir o que eu lhe 
dizia e logo ia escrevendo bastante animado. 
Eu comecei a ditar as frases e logo ele foi escrevendo, da direita para a 
esquerda as seguintes frases: 1) O peixe está nadando. 2) É frio no inverno. 
3)Duas mãos. 4) Eu gosto de fruta. 5) Escreveu o nome dele. 6) A noite é escura. 
A primeira frase que ele escreveu ele indagou “não sei fazer peixe”. Vitor 
apesar de ter conhecimento das letras não compreende que elas servem como 
auxílio da memória. Quando lhe perguntei o que estava escrito, ele recordou da 
última frase ditada e das mãos que ele desenhou, porém quando lhe perguntei qual 
era a frase ele só respondeu “mão”. Enquanto ele escrevia ele parava para pensar 
nas letras que iria escrever. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo a teoria de Luria pude perceber que Vitor utilizou signos ensinados 
pelo professor para escrever (letras do alfabeto), pois ele compreende que pode 
usá-lo para escrever, porém ainda não sabe como fazer. Portanto ele encontra-se na 
quinta fase que se trata da escrita simbólica e ela é marcada pela transição da 
escrita pictográfica à escrita simbólica. Pode-se perceber isso, uma vez que além 
dele ter usado as letras do alfabeto ele fez uso de desenho para escrever. Segundo 
Luria, nessa fase a criança assimila o mecanismo da escrita simbólica ensinada na 
escola por meio do ato de recordação, com isso, pude confirmar minha hipótese 
quando ele parava para se lembrar das letras que ele deveria usar para escrever. 
 
4. Considerações finais. 
 Diante disso pode-se perceber o quanto é complexo e importante 
compreender as fases pelas quais a criança passa durante seu processo de 
aprendizagem da escrita, pois o educador precisa de embasamento teórico para um 
melhor processo de ensino-aprendizagem, a partir da observação do 
desenvolvimento da escrita da criança podemos mediar essa aprendizagem de 
forma individual atendo às necessidades de cada criança, pois cada uma tem seu 
nível de aprendizagem. 
 
 
REFERÊNCIAS 
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTSKI, L. S., LURIA 
A. R., LEONTIEV A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São 
Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. 
VYGOTSKY, LEV SEMENOVICH. A formação social da mente. 7ª ed. – São 
Paulo: Martins Fontes, 2007.

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