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DPC3_T17_Procedimentos cautelares

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Tema 17 .	Procedimentos cautelares nominados (específicos). Arresto e Seqüestro. Conceitos e pressupostos. Objetos e efeitos. Legitimação e competência.
PROCEDIMENTOS CAUTELARES 
NOMINADOS (ESPECÍFICOS) 
Os procedimentos cautelares específicos, ou nominados, tanto quanto os inominados foram, até aqui, examinados nos seus aspectos gerais, na conformidade dos assuntos amplamente abordados em pontos anteriores, inclusive quando oportunamente foram relacionados todos os nominados e mencionados alguns exemplos dos inominados, aqueles que são mais exercitados nos foros judiciários.
De modo que, dispensada a repetitividade de matéria já exposta, daqui por diante examinaremos, de cada vez, os procedimentos cautelares nominados.
Neste ponto, iniciaremos com o exame do arresto e do seqüestro.
ARRESTO E SEQÜESTRO
CONCEITOS E PRESSUPOSTOS
Quanto ao Arresto
O conceito de arresto tem sede no fato de ser esta u’a medida cautelar que se propõe a garantir uma futura execução por quantia certa, pela apreensão de bem, ou bens indeterminados, que compõem o patrimônio do devedor. O arresto “assegura a viabilidade da futura penhora (ou arrecadação, se se tratar de insolvência), na qual virá a converter-se ao tempo da efetiva execução”. (Humberto Theodoro Júnior - obr. cit., pág. 441).
Assim preleciona o mencionado autor (idem) ao complementar o conceito de arresto:
“Garante, enquanto não chega a oportunidade da penhora, a existência de bens do devedor sobre os quais haverá de incidir a provável execução por quantia certa.
	Realiza-se, destarte, através de apreensão e depósito de bens do devedor, com o mencionado fito”.
Os pressupostos do arresto são exatamente aqueles pressupostos genéricos para qualquer medida cautelar, que se assentam no “fumus boni iuris” e no “periculum in mora”. No caso em espécie, esses pressupostos estão consubstanciados nos requisitos do art. 814 e seu Parágrafo Único, que se combinam com o 813, ambos do CPC. Com efeito para toda e qualquer concessão de medida cautelar, há de ser mediante e estrita observância dos requisitos genéricos das cautelares, de um modo geral, como dos requisitos particulares a cada tipo de medida cautelar, especificamente, que se integram. 
No caso em estudo, como dito, os pressupostos essenciais (específicos) para o deferimento do arresto, estão contidos no CPC:
“Art. 814. Para a concessão do arresto é essencial:
I.	prova literal da dívida líquida e certa;
II. 	prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.”
Assim, para que possa viabilizar o deferimento do arresto, é importante e indispensável que esses dois requisitos sejam satisfeitos cumulativamente e não um ou outro.
Quanto a prova literal de dívida líquida e certa, que se resume no primeiro pressuposto específico, o Parágrafo único do art. 814 esclarece:
“Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de concessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando o devedor no pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se”.
Quanto a prova documental ou justificação do perigo de dano, que é o segundo pressuposto, os casos possíveis estão arrolados no art. 813, que assim se resumem:
“O arresto tem lugar:
I. 	quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;
II. 	quando o devedor, que tem domicílio:
a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;
b)	caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustar a execução ou lesar credores;
III. quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às dívidas;
IV. nos demais casos expressos em lei”.
Todos estes casos, ou hipóteses, arrolados no 813, correspondem cada um em particular, a perigo do dano jurídico que possa inviabilizar futura execução por quantia certa.
Complementando, transcrevemos os arts. 815/821, para exame em sala de aula:
“Art. 815. A justificação prévia, quando ao juiz parecer indispensável, far-se-á em segredo e de plano, reduzindo-se a termo o depoimento das testemunhas.
	Art. 816. O juiz concederá o arresto independentemente de justificação prévia:
quando for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos previstos em lei;
se o credor prestar caução (art. 804).
Art. 817 - Ressalvado o disposto no art. 810, a sentença proferida no arresto não faz coisa julgada na ação principal.
Art. 818 - Julgada procedente a ação principal, o arresto se resolve em penhora.
Art. 819 - Ficará suspensa a execução do arresto se o devedor:
tanto que intimado, pagar ou depositar em juízo a importância da dívida, mais os honorários de advogado que o juiz arbritar, e custas;
der fiador idôneo, ou prestar caução para garantir a dívida, honorários do advogado do requerente e custas.
Art. 820. Cessa o arresto:
pelo pagamento;
pela novação;
pela transação.
	Art. 821. Aplicam-se ao arresto as disposições referentes à penhora, não alteradas na presente Seção.”
Quanto ao seqüestro
O conceito de seqüestro tem sede no fato de essa medida cautelar assegurar “futura execução e que consiste na apreensão de bem determinado, objeto do litígio, para lhe assegurar entrega, em bom estado, ao que vencer a causa” (idem, pág. 454).
Aplicam-se, para o seqüestro, os mesmos pressupostos gerais e comuns a todas as medidas cautelares, além dos requisitos específicos, próprios para o seqüestro, conforme se vê do Código:
“art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:
I. 	de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
II. 	dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita o recurso, os dissipar;
III.	dos bens do casal, nas ações de desfeita e de anulação de casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando;
nos demais casos expressos em lei.
Art. 823. Aplica-se o seqüestro, no que couber, o que este Código estatui acerca do arresto.” 
(Vide arts. 824 e 825)
OBJETOS E EFEITOS
LEGITIMAÇÃO E COMPETÊNCIA
No particular a estes últimos tópicos, tomamos as lições do citado autor, abrangendo, em única preleção, aspectos que envolvem tanto o arresto como o seqüestro, de modo satisfatório, quanto ao tema posto em discussão:
“Difere o arresto por várias razões, conforme já se demonstrou. Mas a principal diferença situa-se no objeto da medida, que no arresto é qualquer bem do patrimônio do devedor que possa garantir futura execução de obrigação de dinheiro, e no seqüestro é um bem determinado, isto é, exatamente aquele disputado pelas partes, aquele que se apresenta como objeto da demanda.
	Assim, enquanto o arresto se vincula a uma execução por quantia certa, o seqüestro é tipicamente garantia de uma execução para entrega de coisa certa”.
										(idem, pág. 444)
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“Disciplina comum do arresto e do seqüestro
Deve-se destacar que, na verdade, o arresto e o seqüestro subordinam-se a uma única disciplina jurídico-processual, tanto que o art. 823 determina que se deve aplicar ao seqüestro, no que couber, tudo o que o Código estatui acerca do arresto.
Assim, remetemoso leitor para os comentários que fizemos a propósito do arresto e que devem ser aplicados também ao seqüestro em matéria, principalmente, de execução da medida (nº 1.067), legitimação (nº 1.064), competência (nº 1.065), procedimento (nº 1.066), efeitos (nº 1.070) e extinção (nº 1.071)”.
									 (idem, pags. 455/456)
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 “Requisitos de admissibilidade do seqüestro
O uso do seqüestro não é, como já se afirmou, uma simples faculdade da parte. Incumbe, sempre, ao promovente o ônus de demonstrar, inclusive initio litis, nos casos de medida liminar, a ocorrência dos requisitos legais do seqüestro, isto é:
a) o temor de dano jurídico iminente, representado pela verificação de algum dos fatos arrolados na lei (art. 822, nºs I a IV); e
b) o interesse na preservação da situação de fato, enquanto não advém a solução de mérito, o que corresponde ao fumus boni iuris, segundo a doutrina clássica.
A prova desses requisitos básicos há de ser feita, como no arresto, mediante documentos ou através de justificação prévia em segredo de justiça admitindo-se, em casos de real urgência, a substituição dela por caução idônea (ver nºs 1.058 a 1.061 e 1.075)”.
									(idem, pág. 457)
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“Legitimação para a ação de arresto
Cabe a ação de arresto a quem tem legitimação para a ação principal de execução por quantia certa ou àquele que obteve ganho de causa em sentença ilíquida pendente de recurso ou em laudo arbitral pendente de homologação, desde que, nessas duas últimas hipóteses, haja condenação do devedor a pagamento de dinheiro ou de prestação conversível em dinheiro.
A legitimação passiva corresponde àquele que deve ocupar posição de devedor na execução por quantia certa ou ao que foi condenado nos casos de sentença e laudo arbitral mencionados no parágrafo único do art. 814.
Fiador ou avalista também são passíveis de figurar como sujeitos passivos do arresto. Aplica-se ao arresto contra o fiador a regra do art. 595 (beneficium excessionis personalis), ex vi do art. 821”.
									(idem, pág. 447/448)
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“Competência
Conforme a regra geral do art. 800, a competência para o arresto é do juízo da causa principal, ou seja, o forum executionis.
Em casos de urgência excepcional, quando a procura do juiz da causa frustaria o objetivo do arresto, é de se admitir o deferimento da medida pelo juiz da situação dos bens, embora incompetente para a execução forçada do crédito.
Quando os bens a arrestar não estiverem situados sob a jurisdição do juiz que deferir a medida, a execução do arresto será realizada, normalmente, por meio de carta precatória ou de ordem, no local em que se encontrarem (arts. 821 e 659, § 1º). O processamento do feito, a defesa do requerido e o julgamento da ação cautelar terão lugar, no entanto, perante o juiz da causa (deprecante).
O juiz que toma conhecimento do arresto e o defere – salvo no caso excepcional tratado no nº 998 - torna-se competente por prevenção para o processamento da execução (causa principal)”.
										(idem, pag. 448)
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“Efeitos do arresto
O arresto participa da natureza e finalidade da penhora, embora naquele não exista ainda predominância do cunho de medida satisfativa que já predomina nesta.
Ambos, porém, vinculam o bem apreendido à sorte de um processo, como instrumento de sua eficaz atuação.
Destinando-se o arresto a assegurar substância para a execução, ad instar de penhora, produz a retirada da coisa ao poder de livre disponibilidade material e jurídica do devedor, para evitar a sua deterioração ou desvio.
Com o arresto surge uma nova situação jurídica para o bem apreendido, que fica materialmente sujeito à guarda judicial, e juridicamente, vinculado à atuação da prestação jurisdicional objeto do processo principal.
Decorrem, portanto, do arresto, dois efeitos importantes:
a) restrição física à posse do dono, já que o objeto arrestado passa à guarda de depositário judicial;
b) imposição de ineficácia dos atos de transferência dominial frente ao processo em que se deu a constrição ”.
										(idem pág. 451)
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“Execução e efeitos do seqüestro
As medidas cautelares são processos unitários, onde não se pode fazer dissociação entre cognição e execução, no sentido em que se usam esses conceitos nos processos de mérito.
O procedimento cautelar já nasce visando à consecução de uma situação fática útil ao processo principal. E a tutela cautelar só se completa com a plena atuação de medida preventiva de ordem prática, sem que se possa fracionar a atividade processual em fases diversas e sucessivas.
Por isso, não se procede a um processo especial de execução forçada para cumprir a ordem judicial de seqüestro. O decreto de seqüestro é auto-exequível, importando imediata expedição do mandado executivo.
Não há citação do réu para a execução, nem possibilidade de embargos, conforme restou demonstrado no capítulo referente ao arresto.
O cumprimento do mandado faz-se até com o emprego de força policial, caso haja resistência (art. 825, parágrafo único).
O bem seqüestrado é colocado sob a guarda de um depositário judicial, nomeado pelo juiz, cuja escolha pode recair (art. 824):
I. em terceiro, de confiança do juiz;
II. em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes; ou
III. em uma das próprias partes”.
								(idem, pags. 460/461)
Para maior compreensão do tema relativo ao seqüestro, vale a transcrição do art. 825:
“A entrega dos bens ao depositário, far-se-á logo depois que este assinar o compromisso.
Parágrafo único. Se houver resistência, o depositário solicitará ao juiz a requisição de força policial.”
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APOSTILA ELABORADA PELO PROFº MÁRIO MARQUES DE SOUZA E REESCRITA PELO PROFº LUIZ SOUZA CUNHA
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
José Frederico Marques - Manual de Direito Processual Civil
 4º Volume - 7ª Edição - 1987.
Humberto Theodoro Júnior - Curso de Direito Processual Civil
 Volume II - 17ª Edição - 1996.
Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
		Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
		Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores.
Atualizada em maio/2011
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