Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ÓRGÃOS INTERNOS Útero, os ovários, as tubas uterinas e a vagina. OVÁRIOS: são órgãos pares, sendo responsáveis pela origem dos ovócitos (células germinativas femininas ou gametas) e pela função endócrina de produção dos hormônios sexuais. ÚTERO: é um órgão oco, sendo o local onde o embrião é levado para ocorrer o desenvolvimento. É composto de 3 camadas concêntricas sendo o endométrio a camada interna, o miométrio a camada muscular média e o perimétrio a camada mais externa. O endométrio é o responsável por sofrer alterações durante o ciclo menstrual que permite o sangramento. O útero também é dividido em 3 segmentos: colo uterino (mais abaixo, ligada ao canal vaginal), corpo uterino e fundo uterino (ligado as tubas uterinas). TUBAS UTERINAS: antigamente chamadas de trompas de falope, também são órgãos pares, sendo responsáveis por fazer a ligação entre os ovários e o útero, permitindo a condução dos ovócitos liberados pelo ovário para o interior da cavidade uterina. É na tuba uterina que ocorre a fertilização, geralmente na parte da ampola. VAGINA: é definida como um canal muscular que liga o colo do útero até a área externa do corpo, através do óstio da vagina. ÓRGÃOS EXTERNOS monte do púbis, grandes lábios, pequenos lábios e clítoris e abertura da uretra e abertura da vagina. MONTE DO PÚBIS: ele é definido como uma região rica em tecido adiposo e pelos pubianos, sendo localizado em frente a sínfise púbica. GRANDES LÁBIOS: são pregas cutâneas responsáveis pela proteção das estruturas externas, como o óstio da uretra, o clitóris e a entrada da vagina, sendo auxiliados pelos pequenos lábios que circundam o vestíbulo da vagina, atuando como fator de proteção auxiliar. CLITORIS: é responsável principalmente pela estimulação sexual, sendo um órgão erétil com grande quantidade de terminações nervosas sensitivas responsáveis pelo prazer. A fisiologia menstrual é determinada pela sincronia extremamente refinada entre hormônios secretados por diversos órgãos, com ação autócrina e parácrina, e, também, pela atividade de neurotransmissores que atuam como inibidores ou estimuladores dessa secreção de hormônios. Todos os mecanismos ocorrem em torno do eixo principal composto por hipotálamo, hipófise e ovários – o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO) –, que recebe a interferência de áreas como córtex cerebral, adrenais e tireoide, e é modulado por hormônios secretados pelo hipotálamo, pela hipófise e pelo ovário, além dos hormônios que compõem o próprio eixo. Sendo assim, alterações na secreção, no metabolismo ou na excreção desses hormônios ou de seus reguladores determinam o comportamento do ciclo ovulatório e interferem em sua regularidade, bem como no volume e na duração dos fluxos menstruais. Dentro do hipotálamo, núcleos específicos liberam GnRH em pulsos. Esse decapeptídeo liga-se a receptores superficiais de gonadotrofos na adeno- hipófise. Em resposta, os gonadotrofos secretam gonadotrofinas glicoproteicas, isto é, Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo-Estimulante (FSH), na circulação periférica. Dentro do ovário, LH e FSH ligam-se às células tecais e da granulosa para estimular a foliculogênese e a produção ovariana de uma variedade de hormônios esteroides (androgênios, estrogênios e progesterona), de peptídeos gonadais (activina, inibina e folistatina) e de fatores de crescimento. Entre outras funções, estes fatores de origem ovariana retroalimentam o hipotálamo e a hipófise para inibir ou, no pico intermediário do ciclo, aumentar a secreção de GnRH e de gonadotrofinas. ANTES DO PERIODO OVULATÓRIO: O LH se liga aos seus receptores na célula da teca, aumentando a quantidade de AMP cíclico, que ativa a enzima adenilato ciclase (AC). Então, é induzida a biossíntese de hormônios esteroides a partir do colesterol. Os andrógenos saem por difusão das células da teca e vão para a célula da granulosa (folicular). A célula da granulosa possui receptores de FSH, que também estimula a enzima adenilato ciclase, que, quando ativada, aumenta a AMP cíclico, que, por sua vez, é capaz de ativar a enzima aromatase, que transforma os andrógenos sintetizados das células da teca em estrogênio. CURIOSIDADE: tecido adiposo expressa grande quantidade de aromatases, então, acaba-se convertendo grande quantidade de andrógenos em estrogênio no tecido adiposo. Em mulheres pós menopausa é um fator determinante de câncer de útero, pois ela consegue manter níveis alto de estrogênio, que é capaz de proliferar o endométrio. PÓS PERIODO OVULATÓRIO: A célula da granulosa também começa a expressar receptores de LH, assumindo assim o processo de formação de esteroide. ORIGEM DOS ESTROGÊNIOS E ANDROGÊNIOS Os estrogênios circulantes nas mulheres em idade reprodutiva são constituídos de uma combinação de estradiol com a estrona (menos potente). O estradiol é o principal estrogênio produzido pelos ovários durante a menacme. Sua produção deriva diretamente da síntese pelos folículos em desenvolvimento e da conversão da estrona. A estrona é secretada diretamente pelos ovários e, também, pode ser oriunda da conversão da androstenediona nos tecidos periféricos. Quanto aos androgênios, os ovários produzem principalmente a androstenediona e testosterona, além de pequena quantidade de Desidroepiandrosterona (DHEA). Cerca de 25% da testosterona circulante é secretada pelos ovários, 25% pelas suprarrenais e os 50% restantes são produzidos a partir da conversão periférica de androstenediona. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIOS HIPOTÁLAMO O hipotálamo encontra-se na base do cérebro, imediatamente acima da junção dos nervos ópticos. Seus neurônios são especialmente importantes na produção dos hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH), hormônio liberador de corticotrofinas (CRF), hormônio liberador de tireotrofinas (TRH). Em relação à produção do GnRH, o hipotálamo é influenciado tanto por sinais extrínsecos e intrínsecos ao SNC, quanto pelo controle do ovário. A influência exercida pela secreção ovariana sobre o hipotálamo é denominada de feedback, sendo este positivo quando os esteroides ovarianos estimulam a produção do GnRH, e negativo quando a secreção ovariana inibe a produção do GnRH. Além disso, o próprio GnRH controla sua produção, agindo diretamente no hipotálamo, então quando está disponível em grande quantidade ele atua reduzindo sua produção, já quando está presente em níveis baixos, age estimulando sua liberação. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido no hipotálamo, exerce papel obrigatório no controle da secreção de gonadotrofinas, como o próprio nome indica. Sendo responsável pela indução da liberação destas substâncias pela hipófise anterior. O hipotálamo apresenta ciclos característicos de liberação de seus produtos (GnRH, TRH, ACTH etc.) devido a centros tipo marcapasso. Algumas dessas substâncias são liberadas periodicamente. Outras, em ciclos circadianos, que podem estar relacionados a situações fisiológicas, como o ciclo do sono ou ingestão de alimentos, entre outros estímulos. Quanto à função reprodutiva, o GnRH é o principal hormônio. Na mulher, ele é liberado de uma forma pulsátil, sendo sua periodicidade e amplitude críticas para determinar a liberação correta e fisiológica do FSH e LH (produzidos na adenohipófise). Na menina, o centro hipotalâmico encontra-se bloqueado até o período da puberdade, quando ocorre sua liberação por razões ainda não bem estabelecidas, supondo-se haver a participação de fatores ambientais, dos opioides endógenos, do peso corporal e da quantidade de gordura corporal, entre outros. HIPÓFISE É uma glândula neuroendócrina situada na sela túrcica, e édividida em adeno-hipófise e neuro-hipófise. A adeno-hipófise é responsável pela secreção dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio de crescimento (GH) e prolactina (PRL). Já a neuro-hipófise secreta ocitocina e vasopressina. O GnRH age nas células gonadotróficas da hipófise anterior (adeno-hipófise), estimulando-as a sintetizar e secretar na corrente sanguínea tanto o FSH quanto o LH. No entanto, a secreção de LH é, essencialmente, caracterizada por um pico no meio do ciclo menstrual. Já a secreção de FSH caracteriza- se por um aumento na fase folicular inicial, um platô na fase lútea e acentuada elevação na fase lútea tardia. Ou seja, as gonadotrofinas são secretadas de forma pulsátil, com frequência e amplitude que variam de acordo com a fase do ciclo. Os hormônios esteroides, como o estradiol e a progesterona, ou fatores ovarianos não-esteroides, como a inibida, são os moduladores da secreção de LH e FSH. FSH: Eleva-se já no final do ciclo anterior (período pré- menstrual) e é responsável pelo crescimento folicular. O FSH atua aumentando o número de receptores de FSH e de LH (quanto maior o número de receptores de LH melhor será o funcionamento do corpo lúteo) nas células da granulosa; aumenta a síntese e liberação de inibina e ativina (ação inibitória e estimulatória seletiva da liberação do próprio FSH). Cada folículo tem sensibilidade própria ao FSH, sendo que o mais sensível (o que possuir maior concentração de receptores) crescerá mais e será o folículo dominante, sintetizando inibina e estradiol em maiores concentrações. Os demais folículos sofrem atresia e o dominante é conduzido à ovulação. A meia-vida do FSH é de quatro horas. LH: É sintetizado pela hipófise com ação sobre as células da teca, sintetizando principalmente androgênios, além dos outros esteroides sexuais. Na fase folicular as concentrações de LH são baixas e com a elevação do estradiol no meio ciclo há incremento da liberação do hormônio luteotrófico, responsável direto pela ovulação (pico no meio ciclo). A meia-vida do LH é de aproximadamente 20 minutos. OVÁRIOS O ovário em funcionamento normal sintetiza e secreta hormônios esteroides sexuais – estrogênios, androgênios e progesterona – com padrão de controle preciso que, em parte, é determinado pelas gonadotrofinas hipofisárias, FSH e LH. Os produtos secretórios mais importantes da biossíntese de esteroides pelos ovários são a progesterona e o estradiol. Entretanto, o ovário também secreta estrona, androstenediona e 17a−hi- droxiprogesterona. Os hormônios esteroides sexuais desempenham papel importante no ciclo menstrual preparando o útero para implantação do óvulo fertilizado. Se a implantação não ocorrer, a esteroidogênese ovariana declina, o endométrio degenera e ocorre a menstruação. Os ovários normais têm a capacidade de sintetizar os três hormônios sexuais: estrogênios, progesterona e androgênios. A progesterona tem ação conhecida na segunda fase do ciclo menstrual, enquanto os androgênios são utilizados como precursores dos estrogênios. Os ovários possuem sistema de dupla célula que é responsável pela esteroidogênese: células da teca e granulosa. As primeiras sintetizam androgênios que são convertidos a estrogênios na camada granulosa. Assim, de acordo com a Teoria da Dupla Célula Ovariana, as células da teca, sob estímulo de LH, sintetizam principalmente testosterona e androstenediona, a partir do colesterol, que serão convertidos ao estradiol e estrona, respectivamente, nas células da granulosa, sob ação da enzima aromatase. A inibina é outra substância, de natureza proteica, produzida nos ovários e que age sinergicamente ao estrogênio inibindo principalmente a secreção de FSH. FFEDBACK ou RETROALIMENTAÇÃO Corresponde à influência dos hormônios ovarianos sobre as gonadotrofinas hipofisárias e hipotalâmicas. Na maior parte do ciclo menstrual, o retrocontrole é inibitório, ou seja, os hormônios ovarianos inibem a síntese e liberação das gonadotrofinas hipofisárias (FSH e LH), evitando o desenvolvimento de múltiplos folículos gonadais. A retroação pode ser de alça longa (ovário-hipotálamo), curta (ovário-hipófise; hipófise-hipotálamo) ou ultracurta (hipotálamo, hipófise e ovário sobre as próprias secreções). RECONTROLE NEGATIVO É o bloqueio da secreção hipofisária e/ou hipotalâmica pelos hormônios esteroides (estradiol e progesterona) e não esteroides (inibida). Neste contexto, é possível concluir que retroação negativa consiste na inibição do eixo HHO. RECONTROLE POSITIVO Caracteriza-se pelo aumento da liberação de gonadotrofinas mediada pelos hormônios ovarianos. Este tipo de retroação é observado no período puberal: o estradiol produzido pelos ovários é capaz de estimular a síntese de LH. No meio do ciclo menstrual (14o dia), há pico de estradiol (rápida elevação plasmática), que culmina por elevar os níveis sanguíneos de LH, resultando na ovulação propriamente dita. REGULAÇÃO DO SISTEMA HHO INIBINAS Inibina A e Inibina B. As duas formas inibem a liberação hipofisária de FSH. A inibina B é secretada principalmente pelas células da granulosa de folículos maduros, mediante o estímulo de FSH. Portanto, é a forma predominante no líquido folicular. A inibina A aumenta na fase folicular tardia e atinge sua concentração máxima no dia do início do pico do LH. Ela é secretada pelas células do corpo lúteo (células granulosas luteinizadas) sob controle de LH. ATIVINAS São substâncias proteicas produzidas nas células granulosas e, ao contrário da inibina, têm ação positiva sobre a liberação de FSH. Ela estimula a liberação do FSH pela hipófise e potencializa sua ação no ovário. A ovocitogênese é o processo de formação do óvulo e ocorre nos folículos dos ovários. Ocorrem 3 etapas distintas: multiplicação, crescimento e maturação. Começa divisão na vida fetal e continua/completa depois na puberdade quando tem liberação de hormônios. OBS: Quando se fala sobre espermatogênese, além das 3 fases, também há uma 4ª fase: a espermiogênese. OVOGÔNIA: célula germinativa primordial feminina, diploide (2n), que realiza processo de mitose, ou seja, divisão equacional, dando origem a 2 outras células diploides. FASE DE MULTIPLICAÇÃO: ovogônias fazendo mitoses. As ovogônias passam por um aumento do volume do citoplasma celular, e se diferenciam em ovócitos primários. FASE DE CRESCIMENTO: aumento do vol. citoplasma. OVÓCITO I: diploide (2n), inicia meiose I, que não se completa e fica na prófase I na vida uterina (estágio de repouso: produzido pelo inibidor de maturação de ovócitos: peptídeo secretado pelas células foliculares) FASE DE MATURAÇÃO: meioses. No período entre o nascimento até a menarca, o ciclo fica estagnado em prófase I da meiose I. Na puberdade, finaliza-se a meiose I (reducional), resultando em 2 células haploides (n): o ovócito secundário que segue no ciclo, e o primeiro glóbulo polar, que tem por destino degeneração. OVÓCITO II: célula n, produto da meiose I (que estava na prófase I e acabou na puberdade), começa a meiose II (equacional) e fica parada na fase de metáfase II. Essa célula é liberada no ovário antes da fecundação, quando completa a metáfase II. Caso ocorra fecundação, a presença do espermatozoide é o sinal para a conclusão da meiose II, formando o óvulo e o segundo glóbulo polar (também degenerado). Óvulo (n) + espermatozoide (n) = processo de cariogamia (fusão dos pronucleos), formação do zigoto/ célula ovo (2n), que começa o processo embrionário. Meiose I é reducional, meiose II é equacional. Os ovócitos são envolvidos por folículos ovarianos, classificados também em: folículo primordial, primário, em crescimento,maduro. Durante cada ciclo menstrual, dois processos reprodutivos principais ocorrem: 1o) Maturação folicular por estímulo hormonal e liberação de um óvulo a partir de um dos ovários; 2o) Preparação do útero para receber o embrião, caso ocorra fertilização. OBS: O processo de gametogênese do homem (espermatogênese) começa na puberdade e termina na puberdade, enquanto o processo de gametogênese da mulher inicia a vida intrauterina e pode nunca ter fim, ficando estagnado em metáfase II da meiose II. Será concluído apenas com processo de fecundação. FASE FOLICULAR A fase folicular se estende do 1o dia da menstruação até o dia do pico de LH, no meio do ciclo. A duração do ciclo menstrual é determinada pela variação na duração da fase folicular, ou seja, o tempo necessário para que o folículo se desenvolva e atinja sua maturidade. Durante esta fase, ocorre uma sequência ordenada de eventos, que assegura que um número apropriado de folículos se desenvolva e esteja pronto para a ovulação. O resultado final desse desenvolvimento folicular é, comumente, um único folículo maduro viável, o qual passará pelos estágios de folículo primordial, folículo primário, folículo pré-antral, antral e pré-ovulatório. Este processo ocorre ao longo de 10 a 14 dias. O sinal para o recrutamento folicular inicia-se na fase lútea do ciclo anterior, com a diminuição da progesterona, do estradiol e da inibina A. Como consequência, o feedback negativo sobre o FSH é liberado, observa-se então seu aumento nos primeiros dias da fase folicular. Este aumento é o sinal para o recrutamento folicular. Aproximadamente 15 ou mais folículos são recrutados a cada ciclo. FOLÍCULO PRIMORDIAL É o primeiro estágio do desenvolvimento folicular. Ele consiste em um ovócito, paralisado no estágio diplóteno da prófase I meiótica, envolto por uma única camada fusiformes de células da granulosa. A fase inicial do crescimento folicular envolve respostas que não dependem da regulação hormonal. O mecanismo regulador do crescimento parece se encontrar no próprio ovário. As primeiras modificações ocorrem no ovócito com síntese de RNA e proteínas. Há também uma mudança no formato das células da granulosa que, antes eram epitélio simples pavimentoso (laminares) e, agora, adquirem aspecto cuboide – epitélio simples cúbico. Ou seja, há um aumento do volume citoplasmático celular desse epitélio. Nesse momento, surgem junções entre as células da granulosa e o ovócito que permitem trocas de nutrientes. FOLÍCULO PRIMÁRIO O folículo primordial torna-se um folículo primário com a multiplicação das células da granulosa. Neste estágio, a unidade folicular consiste em ovócito, duas ou mais camadas de células da granulosa (camadas de células cuboides) e membrana basal – epitélio estratificado. Uma importante mudança que ocorre nesta fase é a diferenciação das células do estroma em teca interna e teca externa, que independe da estimulação pelas gonadotrofinas. FOLÍCULO PRÉ-ANTRAL Também chamado de folículo secundário. A partir do momento que o crescimento folicular passa a ser acelerado pelo FSH, o folículo progride ao estágio pré-antral. Caracteristicamente, nesse estágio, células da granulosa tornam-se cuboidais e apresentam-se em várias camadas. Secretam uma matriz glicoproteica, chamada de Zona Pelúcida. Células do estroma ovariano incorporam-se ao folículo formando nova camada, Teca. Esta subdivide-se em interna e externa. As células da granulosa deste folículo são capazes de sintetizar todas as três classes de esteroides. Entretanto, são produzidos mais estrogênios, em relação a androgênios e progestagênios. Nesta etapa, a ação da enzima aromatase, que age convertendo androgênios em estrogênios nas células da granulosa (aromatização), é imprescindível e é induzida pela ação do FSH. Este age nas células da granulosa através de receptores. O aumento dos níveis de FSH e de estrógenos, que estão sendo produzidos, estimula um aumento do número desses receptores. FOLÍCULO ANTRAL Ou folículo terciário. A influência sinérgica do estrogênio e do FSH promove um aumento na produção de líquido folicular, que se acumula nos espaços intercelulares da granulosa que, posteriormente, se coalesce e forma uma cavidade líquida, o antro folicular, rico em estrogênios produzidos pelas células da granulosa. Essa sucessão de eventos origina folículo antral. Este folículo possui a maior taxa de proliferação da granulosa, contém concentrações de estrogênio mais elevadas e, consequentemente, possui ovócitos de melhor qualidade. Na presença de FSH, o estrogênio passa a ser o elemento dominante no líquido folicular. Na ausência de FSH, o androgênio predomina. E um microambiente androgênico opõe-se à proliferação da granulosa e acarreta degeneração do ovócito. FOLÍCULO PRÉ-OVULATÓRIO Neste estágio, as células da granulosa tornam-se maiores e as da teca ricamente vascularizadas. O ovócito prossegue com a meiose e quase completa a sua divisão reducional. Próximo da maturação, o folículo pré-ovulatório, que corresponde ao folículo maduro e que é também denominado de folículo de Graaf, produz quantidades cada vez maiores de estrogênio. Durante a fase folicular tardia, os níveis de estrogênio aumentam rapidamente, e atingem seu pico cerca de três dias antes da ovulação. Vale salientar que a concentração e o tempo de duração da elevação do estradiol são determinantes para a liberação do LH. A interação do LH com seus receptores promove luteinização das células da granulosa no folículo dominante, que resultam na produção de progesterona. Ocorre, então, um pequeno aumento na produção de progesterona que começa a ser detectado 12-24 horas antes da ovulação. A progesterona facilita a retroação positiva do estradiol, age diretamente na hipófise e contribui para a elevação do FSH e do LH, observada no meio do ciclo menstrual. As células da teca dos folículos em atresia, sob ação do LH, aumentam a produção de androgênios, elevando os níveis destes no plasma. FASE OVULATÓRIA A ovulação acontece como consequência da ação simultânea de diversos mecanismos que ocorrem no folículo dominante, estimulando sua maturação e induzindo a rotura folicular. Somente o folículo que atinge seu estágio final de maturação é capaz de se romper. O marcador fisiológico mais importante da aproximação da ovulação é o pico do LH no meio do ciclo, o qual é precedido por aumento acelerado do nível de estrogênio. Sabe-se que o folículo pré-ovulatório produz, com a síntese crescente de estradiol, seu próprio estímulo ovulatório. O pico de estradiol estimula o pico de LH e, consequentemente, a ovulação. O início do pico de LH ocorre 32 a 36 horas antes da ovulação. No momento da ovulação, dentro do microambiente do folículo dominante, ocorrem três fenômenos principais: RECOMEÇO DA MEIOSE O ovócito permanece no estágio diplóteno da meiose I até a onda de LH, quando ocorre a retomada da meiose e o ovócito torna-se apto para fertilização. Este processo de retomada da meiose é mais uma interrupção da inibição do que propriamente um fenômeno estimulado. O ovócito reassume a maturação nuclear, acontece a transição da prófase I para a metáfase I e a extrusão do primeiro corpúsculo polar na metáfase II. Estes fatos ocorrem em sincronia com a maturação citoplasmática e da zona pelúcida no preparo para a fecundação. A meiose só se completa após a penetração do espermatozoide e a liberação do segundo corpúsculo polar. LUTEINIZAÇÃO Um pequeno aumento da progesterona ocorre 12 a 24 horas antes da ovulação. Este aumento da progesterona antes da ovulação tem importância na indução da onda de FSH e LH, pelo aumento do feedback positivo do estradiol na ação desses hormônios. O pico do FSH acompanhadodo LH não ocorre sem um aumento pré-ovulatório nos níveis da progesterona. Por outro lado, a elevação progressiva na progesterona pode atuar de modo a terminar o pico de LH, pois, sob concentrações mais elevadas, é exercido um efeito de feedback negativo. OVULAÇÃO O processo de ovulação é comparado a uma reação inflamatória, na medida em que ambos envolvem componentes como neutrófilos, histamina, bradicinina, enzimas e citocinas. Desde a fase folicular, sob ação das gonadotrofinas no folículo, há acúmulo de prostaglandinas E e F e produção de grande quantidade de fator ativador de plasminogênio, consequentemente plasmina e outras proteases, as quais ativam a colagenase que irá digerir o colágeno presente na parede do folículo, o que facilita a liberação do oócito. O FSH e LH estimulam também a produção e o depósito de ácido hialurônico em volta do ovócito e dentro da coroa radiada, dispersam e separam o complexo cúmulo-oóforo da membrana da granulosa. Sob ação sinérgica das prostaglandinas E e F e do LH, acontece contração das células musculares da parede folicular, já enfraquecida, com extrusão do ovócito, ocorrendo dessa forma a ovulação. Paralelamente às mudanças estruturais que ocorrem durante o processo ovulatório, que envolvem a ação das proteases, ocorrem modificações importantes no fluxo sanguíneo do ovário. Vários mediadores produzidos e liberados pelo ovário após o pico pré- ovulatório de LH, como as prostaglandinas, a histamina, os neuropeptídios e o óxido nítrico exercem um efeito sobre o sistema vascular do folículo. Observa-se, então, um aumento do fluxo sanguíneo intrafolicular, além de um aumento na permeabilidade capilar. A rotura folicular se acompanha de eliminação do óvulo e do líquido folicular para a cavidade peritoneal. Pode haver uma irritação local e, consequentemente, a dor abdominal (dor do meio ou Mittelschmerz) referida por algumas mulheres. Tão logo isso ocorra, o óvulo é apreendido pelas fímbrias tubárias, e fica à mercê dos movimentos das tubas e do epitélio ciliar. FASE LÚTEA Sua duração é normalmente fixa e é de 14 dias. O aumento dos níveis de progesterona de forma aguda caracteriza esta fase. O pico máximo ocorre em torno do oitavo dia após a ovulação, coincidentemente com os maiores níveis estrogênicos e com a maior vascularização do endométrio. Uma vez liberado o oócito, a estrutura dominante passa a ser chamada de corpo lúteo ou corpo amarelo. Antes da ruptura do folículo e liberação do óvulo, as células da granulosa começam a aumentar de tamanho e assumem um aspecto caracteristicamente vacuolado, associado ao acúmulo de pigmento amarelo, a luteína. O funcionamento lúteo normal requer um desenvolvimento folicular pré-ovulatório adequado, sobretudo um estímulo apropriado de FSH e um ininterrupto apoio tônico do LH, o que resulta em síntese e secreção adequada de estradiol e progesterona. Sabe-se da necessidade de estrogênio para a síntese de receptores de progesterona no endométrio. O estrogênio da fase lútea é necessário para que ocorram as alterações induzidas pela progesterona no endométrio após a ovulação. Uma quantidade inadequada de receptores de progesterona pode levar a uma preparação inadequada do endométrio, e representar, portanto, uma possível causa de abortamento precoce. A manutenção de um endométrio secretor depende da presença de progesterona. Quando o corpo lúteo degenera e a produção hormonal diminui, os vasos sanguíneos da camada superficial do endométrio contraem. Sem oxigênio e nutrientes, as células superficiais morrem. Cerca de dois dias após o corpo lúteo parar de funcionar, ou 14 dias após a ovulação, o endométrio começa a descamar a sua camada superficial, e a menstruação inicia. O endométrio pode ser dividido, do ponto de vista morfológico, na camada funcional, que compreende os dois terços superiores e sua finalidade é preparar-se para a implantação do embrião em fase de blastocisto. Já a camada basal, que compreende o terço inferior é responsável pela regeneração do endométrio após a menstruação. Esse ciclo é divido em fases histológicas que são determinadas pelos diferentes estímulos dos hormônios produzidos pelos ovários. ENDOMÉTRIO MENSTRUAL Caracteriza-se por uma ruptura irregular do endométrio, que ocorre pela interrupção da secreção das glândulas endometriais na ausência de implantação embrionária. Esta sequência de eventos ocorre devido ao término da vida funcional do corpo lúteo, o que ocasiona a redução da produção de estrogênio e progesterona. A diminuição dos níveis desses hormônios leva a reações vasomotoras, perda decidual e à menstruação. Os espasmos vasculares levam à isquemia e à perda de tecido. Há também ruptura de lisossomas e liberação de enzimas proteolíticas que provocam destruição local adicional de tecido. Prostaglandinas são produzidas durante todo o ciclo menstrual, mas apresentam maior concentração no período menstrual. A PGF2alfa é um potente vasoconstrictor que intensifica os espasmos arteriolares, causa isquemia adicional do endométrio e leva à ocorrência de contrações miometriais. Estas contrações podem servir para expelir fisicamente o tecido endometrial que descama do útero. A camada basal do endométrio permanece intacta, e pode assim iniciar a reparação da camada funcional. ENDOMÉTRIO PROLIFERATIVO Corresponde à fase folicular no ovário. Após três a quatro dias de menstruação, o endométrio inicia sua regeneração, e cresce rapidamente em resposta ao estímulo estrogênico. No início, as glândulas endometrias são pequenas, tubulares e curtas. No final desta fase, tornam-se alongadas e tortuosas. O estroma é denso. O endométrio no início da fase folicular possui aproximadamente 2 mm de espessura, e atinge cerca de 10 mm no período pré-ovulatório. A modificação predominante dessa fase consiste na transformação das glândulas endometriais inicialmente retas, estreitas e curtas em estruturas mais longas e tortuosas. Outra característica importante é o aumento das células ciliadas e microvilosas, importantes para a fase seguinte do endométrio, a fase secretora. ENDOMÉTRIO SECRETOR Corresponde à fase lútea no ovário. Caracteriza- se pela atuação da progesterona produzida pelo corpo lúteo em contraposição à ação estrogênica. As glândulas endometriais se encontram em processo progressivo de dilatação, tornando-se cada vez mais tortuosas. O estroma é edemaciado. Os vasos sanguíneos apresentam- se espiralados. As células das glândulas endometriais formam vacúolos característicos, contendo glicogênio com coloração positiva pelo ácido periódico de Schiff. No início, estes vacúolos aparecem sob o núcleo e depois seguem em direção à luz glandular. O estroma permanece inalterado até o sétimo dia após a ovulação, quando se inicia edema progressivo do tecido. Nesse mesmo período, a atividade secretora das glândulas costuma ser máxima e o endométrio já se encontra preparado para a implantação do blastocisto. É um termo amplo que se refere ao processo de avaliação dos riscos sociais, comportamentais, ambientais e biológicos associados ao casal em idade fertil que planeja uma futura gestação, a fim de que possa reduzir esses riscos por meio de educação, aconselhamento e intervenções apropriadas. OBS: Mais de 50% das gestações não são planejadas. O aconselhamento pré-concepcional faz parte dos cuidados pré-natais, devendo estar disponível a todas as mulheres em idade fertil que desejarem, inclusive na atenção primária. CONSULTA MÉDICA PRÉ-CONCEPCIONAL Caso seja do interesse da mulher em realizar um acompanhamento pré-concepcional, é importante que a consulta médica ocorra pelo menos três meses antes da suspensão do método anticoncepcional utilizado, sendo que nessa consultadeve ser realizado um histórico ginecológico e obstétrico além de uma anamnese detalhada voltada para avaliação do risco gestacional, sendo avaliado os seguintes critérios: • Idade materna • Antecedentes médicos • Diabetes • Doença da tireoide • Doenças tromboembólicas • Doenças psiquiátricas • Epilepsia • HAS • Histórico familiar • Doenças infecciosas • Rubéola • Varicela • Toxoplasmose • Hepatite B e C • HIV • Infecção urinária • Imunizações • Medicamentos em uso • Hábitos nutricionais • Exercícios físicos praticados • Tabagismo • Abuso de drogas • Abuso de álcool • Situação familiar • Riscos ocupacionais Além da anamnese, também deve ser realizado uma série de exames físicos e laboratoriais, sendo eles: • Exame físico geral e ginecológico completo, incluindo exame de mamas • Coleta de material para exame citopatológico do colo uterino • Aferição de peso e altura • Medida de pressão arterial • Hemograma • Glicemia de jejum • VDRL • Anti-HIV • HbsAg • Anti-Hbs quantitativo • IgG para toxoplasmose • IgG para rubéola • TSH IMUNIZAÇÃO E INFECÇÕES Deve ser investigado desde as doenças infantis, como rubéola e varicela, que tem grande potencial de causar lesão fetal e podem ser evitadas através da vacinação eficaz disponível. Caso tenha dúvidas sobre a mulher, pode realizar sorologias específicas, e caso as pacientes sejam suscetíveis, essas devem receber as vacinas pelo menos três meses antes de suspender o anticoncepcional. Além disso, deve ser rastreada a hepatite B também, uma vez que existe a possibilidade de realizar a vacinação contra a doença. IDADE MATERNA ELEVADA Entre as principais causas para gestações entre os 35 e 45 anos estão os casamentos tardios e melhores métodos de contraceptivos, além de maiores oportunidades de educação e carreira, porém, sabe-se que a idade materna elevada define tanto a diminuição da fertilidade como o aumento de risco de algumas complicações na gravidez. Após os 32 anos, inicia um declínio na probabilidade de gravidez por ciclo menstrual, sendo o declínio mais acentuado após os 37 anos. Um dos maiores problemas de gravidez tardia está na possibilidade de abortos espontâneos ocasionados por trissomias ou aneuploidias, que tem um aumento de frequência com o declínio da qualidade ovocitária ocasionado pela gravidez tardia, uma vez que o ovócito se encontra em repouso por um longo período. Além disso, a idade materna superior aos 35 anos também determina um aumento de 4 a 8 vezes na incidência de gestações ectópicas. DOENÇAS GENÉTICAS É importante que a anamnese busque enfocar o histórico de doenças genéticas na família da paciente e de seu companheiro, na tentativa de identificar uma possível doença hereditária que possa ser levada adiante com a gravidez, sendo necessário o apoio de um geneticista clínico no planejamento das decisões caso seja presente o histórico positivo de doenças genéticas nas famílias. SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO E SUPLEMENTOS ESTÉTICOS O ácido fólico é a forma sintética do folato, que é uma vitamina B solúvel existente em alimentos como fígado, vegetais de folhas verdes, laranja e legumes. O folato acaba sendo importante na gestação uma vez que a sua baixa concentração durante a gravidez pode ocasionar defeitos de tubo neural, como anencefalia e espinha bífida, sendo necessário realizar uma pesquisa da concentração de folato em todas as mulheres pré- concepção e/ou gravidaz. OBS: A suplementação deve ser mantida até a 12a semana de gestação. ESTADO NUTRICIONAL A gravidez, por ser um período de intenso crescimento e desenvolvimento fetal, necessita de uma ingesta adequada de macro e micronutrientes, uma vez que a falta de algum desses pode ocasionar repercussões fetais a curto, médio e longo prazo. Sendo assim é necessário investigar patologias clínicas ou cirúrgicas, além de medicações ou substâncias que possam gerar deficiências nutricionais. OBESIDADE É importante levar em consideração o excesso de peso da mulher, uma vez que a obesidade se torna um fator de risco obstétrico. Além disso, por conta da obesidade é possível também ocorrer complicações nas gestantes durante a gravidez, como por exemplo a diabetes gestacional. Além disso a obesidade também está relacionada ao aumento do risco de malformações congênitas e complicações do parto puerpério. A CONCEPÇÃO Após a investigação e avaliação dos diversos riscos concepcionais, é comum a paciente concluir sua consulta perguntando qual a melhor maneira para efetivamente ficar grávida. Em relação a isso, se a paciente tiver ciclos regulares, as relações sexuais deverão começar no quinto dia antes da data prevista para a ovulação, e acontecer em dias alternados até cinco dias após a ovulação. A chance de concepção em um dado mês fica em torno de 20%, sendo por isso importante lembrar que casais normais e saudáveis podem levar até um ano para terem sucesso na tentativa de conceber. Obs: Se a mulher tem mais de 35 anos e não conceber em 6 meses, tem que ser feito investigação adicional.
Compartilhar