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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Thaís Leme Dias R.A 2014831 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Valinhos - SP 2022 UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Educação Infantil (Docência) Relatório desenvolvido como requisito para aprovação no componente curricular Estágio Curricular Obrigatório no curso de Licenciatura em Pedagogia. Módulo 5: Estágio Supervisionado em Educação Infantil – Docência, na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Valinhos - SP 2022 FOLHA DE APRESENTAÇÃO - Thaís Leme Dias; R.A 2014831. - Licenciatura em Pedagogia - Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). - Associação Pão dos Pobres de Santo Antônio- APPSA (Rua Regente Feijó, 487 - Centro, Campinas - SP, 13013-051; telefone: (19) 3231-1073) - Diretora Ana Maria Campopiano Flauzino; - associacaodesantoantonio@gmail.com; - ana.flauzino@educa.campinas.sp.gov.br - Professora Marta Maria Ferri Rufo- AG III C. - Módulo 5: Estágio Supervisionado em Educação Infantil – Docência. - Período em que o estágio foi realizado: 25/04/2022 a 03/06/2022. - Carga horária de estágio realizado: 100h. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1 2. APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR .............................................................. 2 3. REFLEXÃO SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................... 4 3.1. Cartografia socio-pedagógica.................................................................................................4 3.2. Observação.............................................................................................................................6 3.3. Leitura do PPP........................................................................................................................9 3.4. Atividades com o professor supervisor de estágio...............................................................11 3.5. Regência...............................................................................................................................13 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................................... 16 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 17 ANEXOS ................................................................................................................................... 18 Anexo A: Ficha de Presença.......................................................................................................18 Anexo B: Controle de Carga Horária..........................................................................................26 Anexo C: Fotos das Atividades Propostas..................................................................................28 1 1. INTRODUÇÃO Compreendo o Estágio em Docência na Educação Infantil como atuação essencial para que o graduando consiga aproximar a teoria aprendida na universidade à prática profissional, concordando com Freire (1996, p.42) quando diz: “É fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o formador.” Logo, o objetivo deste relatório é propor um olhar analitico e reflexivo sobre a realidade em sala de aula, auxiliando o professor e demais colaboradores da unidade escolar. Procurarei descrever de maneira cuidadosa todas as dificuldades, desempenhos e sucessos alcançados durante a minha estada nesta escola, a relação com os professores, a regência das aulas e atividades propostas, o relacionamento com a coordenadoria pedagógica, resumindo de forma relevante a experiências vividas, contemplando assim as exigências deste estágio. A Associação do Pão dos Pobres de Santo Antônio foi a escola escolhida para a realização deste estágio com um tempo de duração de 100 horas, pois tem um plano curricular multietário onde educadores junto aos alunos planejam, organizam e avaliam as vivências individuais e coletivas de cada um. Dessa maneira asseguram uma educação inclusiva voltada para a diversidade e também para a indissociação do educar-cuidar. 2 2. APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR A Associação do Pão dos Pobres de Santo Antônio é uma das mais antigas entidades sociais de Campinas, sua fundação data de 07 de outubro de 1907, e localiza-se no centro de Campinas. Tudo se iniciou quando senhoras devotas de Santo Antônio distribuíam pães nas escadarias da Catedral Metropolitana de Campinas na época, e em 1949 adquiriram o imóvel passando a atender as famílias cadastradas no Programa Assistencial. Em 1980, foi implantado o Programa de Educação Infantil (Creche), e em 1996 o Programa Vivência Escolar para crianças de sete anos a 11 anos de idade no contraturno escolar. A região central do município de Campinas apresenta um forte comércio formal e informal, inúmeras linhas de ônibus urbanos de fácil acesso que são utilizadas pelas famílias para deslocamento dos bairros carentes ao local de trabalho. A organização das turmas de crianças na Associação do Pão do Pobre de Santo Antônio segue ao critério de agrupamento por faixa etária, atende portanto às seguintes etapas educacionais multietárias divididas em: agrupamentos II/III Misto e agrupamentos III (crianças de 2 anos e meio a 05 (cinco) anos e 11 (onze) meses de idade), totalizando cento e noventa crianças (190) matriculadas no período integral (das 7hs00m às 16hs30m). O corpo docente é formado por um total de oito professoras que trabalham de segunda a sexta-feira das 07:00h às 11:00h (período da manhã) e com horário de formação continuada às terças-feira das 18:30h às 20:30h. Contam também com o auxílio de treze monitoras, que trabalham de segunda a sexta-feira 07:00h às 16:00h, com seu horário de formação às terças-feira junto às professoras. 3 A equipe gestora é composta por uma diretora que tem auxílio da orientadora pedagógica e duas assistentes administrativas na secretaria, quatro cozinheiras e três servicos gerais. As práticas que compõe a proposta da Associação Pão dos Pobres de Santo Antônio (APPSA) têm como eixos norteadores as interações e brincadeiras, articulando experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral priorizando uma educação de qualidade. 4 3. REFLEXÃO SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O Estágio em Docência na Educação Infantil foi cumprido por meio de observação, todas as atividades foram desenvolvidas com amparo da diretora Ana Maria Campopiano Flauzino e da professora Marta Maria Ferri Rufo do Agrupamento III C, as quais pude contar com seus grandes conhecimentos e competências na execução de um trabalho maravilhoso na APPSA. 3.1. Cartografia socio-pedagógica A APPSA se localiza na região leste do município de Campinas, e se suporta efetivamente através de colaboração com a Secretaria Municipal de Educação (SME) para continuar desenvolvendo o seuPrograma de Educação Infantil juntamente com doações dos devotos de Santo Antônio (recursos próprios). Os alunos que frequentam a instituição habitam bairros periféricos como por exemplo o Satélite Íris em sua maioria, e também o centro da cidade. A situação socioeconômica dessas famílias em Campinas são de vulnerabilidade social, a região ocupa o 75º lugar no índice de exclusão e apresentam as seguintes condições: alcoolismo; pessoas em situação de rua e de pensões; idosos em situação de abandono, negligência, violência física e psicológica; ocupações em prédios inacabados abandonados e negligência e violência contra crianças e adolescentes. Das 190 (cento e noventa) crianças matriculadas, 21 (vinte e uma) fazem parte do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família, e a gestão familiar se constitui em sua maioria por: mulheres únicas mantenedoras do lar, avós que detêm a guarda da criança, casais com união civil estável e homoafetiva. Muitos perderam seus empregos por conta da crise sanitária, resultando em um aumento de despesa familiar, falta de alimentação e outras dificuldades. O fato desta unidade educacional estar localizada em região central facilita a vida dos pais e responsáveis na busca e efetivação de emprego, muitos destes familiares já haviam frequentado a instituição, denotando a credibilidade desta. 5 A escola conta com 02 (duas) estruturas prediais contendo 07 (sete) salas de aulas arejadas e com boa iluminação, há também vários espaços externos, favorecendo a interação e brincadeiras. São um almoxarifado, área de serviço, biblioteca, brinquedoteca, cantina para eventos, despensa, consultório odontológico, horta, lavanderia, parque, quatro pátios cobertos, dois pátios descobertos, portaria, quadra coberta, tanque de areia, recepção, dois refeitórios, sete salas de aulas, uma sala da equipe técnica, uma sala de descanso de funcionários, uma sala de professores, uma sala de espera, uma sala de secretaria, seis sanitários adequados a educação infantil, dois sanitários funcionários feminino, dois sanitários funcionários masculino, um sanitário para as crianças, solário,varanda, vestiário feminino e vestiário masculino. Quanto aos materiais e equipamentos da equipe posso dizer que são inúmeros: materiais de papelaria; fantasias diversas; materiais pedagógicos; livros infantis; jogos pedagógicos; brinquedos; casinha de boneca; televisão; aparelho de som; CDs; DVDs; câmera digital; computadores; data show; impressora; telefones/fax; mesinhas; cadeiras; armários; prateleiras; lousas; móveis odontológicos; bancos; sofás. 6 3.2. Observação A professora Marta da unidade escolar APPSA, conta em rápida entrevista que concluiu sua graduação em Pedagogia pela Unip Campinas no ano de 2007 (dois mil e sete). Diz que uma de suas preocupações seria a dificuldade que encontra na conciliação das atividades pedagógicas do agrupamento multietário, pois seus alunos têm idade entre 3 (três) anos e meio e 6 (seis) anos, e nem todos estão acompanhando o ritmo da classe, exatamente por sua heterogeneidade. Mas não discorda de Fernandes (2008), quando diz: “As crianças em suas relações constroem ordens sociais que organizam seus modos de vida. Através de um dos eixos estruturadores das culturas infantis, o brincar, as crianças constituem suas regras para comporem seus grupos de brincadeira. Dentre essas podem ocorrer diferenciações, principalmente com relação à capacidade social dos seus pares. Em relação à questão etária, realizam certa diferenciação entre os grupos de idade, principalmente pelas normas da escola, além de construírem significados e viverem rituais relacionados ao pertencimento etário. Através das culturas de pares (CORSARO, 1997) as crianças criam inovações, formas de resistência, ou seja, protagonismos com relação à cultura escolar e às práticas adultocêntricas, garantindo espaço e tempo para as culturas infantis.” (FERNANDES, 2008, p. 108). Um dos desafios que presenciei neste período de estágio foi a demora que as crianças estão tendo para com a retomada da rotina escolar, com essa lacuna em seu aprendizado os alunos apresentam dificuldade de socialização, agressividade, ansiedade e estresse e precisarão de mais tempo para despressurização. Observei que a professora Marta e monitoras têm esse olhar atento para as crianças, exercitam a mudança de ressignificação de sua ação em seu contexto educativo e trazem uma proposta de compreensão das necessidades e especificidades de seus alunos, atuam na perspectiva da ausculta das crianças e suas demandas, refletindo sobre a aprendizagem com o auxílio dos próprios alunos e com a participação da família. Dizendo isso, outra dificuldade que notei nesta sala de aula está sendo a comunicação com as famílias. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia disponível, os familiares perderam um pouco o senso de privacidade das pessoas, as comunicações 7 professora versus responsáveis são feitas através do caderninho de comunicações que vai para a casa todos os dias com as crianças, e também por grupo de WhatsApp da sala de aula. Esta comunicação tão importante para a Educação Infantil não pode ser feita em horários impróprios (no particular ou no horário descanso dos profissionais da educação), o que tem acontecido com frequencia. Dito isso, a APPSA almeja aproximar o relacionamento entre escola e pais de alunos, através de orientar os professores sobre como transmitir e solicitar informações; como formalizar essa comunicação para favorecer o fortalecimento de laços entre pais e escola. Participei das reuniões de HFC (Horário de Formação Continuada), que foram realizadas pelo canal do Youtube: XII ENCONTRO DE FORMAÇÃO EDUCADORES INST COLABORADORAS SME - CAMPINAS. Neste espaço foi apresentado o trabalho da Professora Roseane Daminelli Gomes - “Registrando…por que a vida não está lá fora”- onde compartilhou vivências sobre o “Livro da Vida” de Célestin Freinet durante sua jornada profissional como educadora. Ao final do mês de Maio foi apresentado: "Necessidade e urgência de uma pedagogia com pão e rosas..." com a Professora Dorine Albuquerque, explicando as técnicas de Freinet e mostrando o trabalho inspirado pelo pedagogo francês sobre a troca de correspondências entre as CEI’s de Campinas. A reunião de Trabalho Docente Coletivo (TDC), (chamada: reunião pedagógica nesta unidade escolar), trouxe em sua pauta grande reflexão sobre sensibilização, junto ao tema de Mario Sergio Cortella: “E você, está fazendo o seu melhor?”. E além disso, outras preocupações como sobre o uso das redes sociais e do envolvimento das famílias e alunos nelas, a reunião de famílias e educadores no final do mês de Junho juntamente com a elaboração dos relatórios individuais dos alunos e postagem dos mesmo no Sistema Integre do município. Foi também discutida a avaliação individual como processo mediador que auxilia a todos no processo de aquisição da aprendizagem, e o pedido para se evitar a utilização de avaliações classificatórias que limitam o aluno. 8 Após o TDC, tive acesso a Avaliacao do mês de Abril feito pela professora e monitoras sobre a evolução do agrupamento, onde foi avaliado com a palavra “diálogo” - pois foram feitas muitas rodas de conversas para orientações e retomadas de combinados. Foi exemplificado de forma lúdica os comportamentos que serão aceitos e os que não serão, para o melhor convívio das crianças e resoluções de seus conflitos. Os conflitos ficaram em evidência pois quatro alunos que se frustram e enraivecem rapidamente ao terem que esperar sua vez, dividir o brinquedo, ou quando algo planejado na brincadeira ou jogo não dá certo, ou quando há conflito de liderança. Reagementão, com impulsividade e agressividade. Há esperança que a rotina se restabeleça e haja melhora de comportamento, com a regra de presença da criança atrelada ao benefício Bolsa Brasil não deverão faltar desnecessariamente para que se fortaleça o aprendizado contínuo e o autocontrole. Para concluir minhas observações, ao final da semana são realizadas as reuniões de Retroalimentação da professora com monitoras e estagiárias sobre como se passou a semana, onde observei grandes progressos em alguns alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e socialização, e onde também foram feitos elogios sobre meu desempenho e afeto com as crianças. 9 3.3. Leitura do PPP Através da leitura do Projeto Político Pedagógico identifiquei o tema norteador principal desta instituição “Conta um Conto e me Encanta” onde o objetivo é incentivar o acesso às práticas de leitura, formando leitores, contribuindo para que alunos e seus familiares possam participar desse processo juntos. A APPSA constrói coletivamente também programas como Acolhimento – “Você Faz Parte”, que inclui promover um espaço seguro que facilite a transição do ambiente familiar ao escolar, e Biblioteca – “Amigos de Papel” que integra a criança como protagonista do processo educativo experienciando as múltiplas linguagens. E a Horta, - Sementes do Futuro, oportunizando o traquejo com a natureza, a formação de uma consciência crítica, ambiental e alimentar. Em conversa com a professora responsável pelo estágio sobre a organização dos tempos pedagógicos e espaços educativos, estes pretendem favorecer o desenvolvimento das atividades planejadas, os procedimentos metodológicos e recursos fundamentais. Alguns desses espaços são: Recepção (acolhimento das crianças e seus familiares diariamente por toda equipe da unidade escolar), Cantinho de brincar (recreação- resgate da brincadeira), Brinquedoteca (trabalho com o movimento e expressão corporal), Biblioteca (contato com materiais de leitura- momentos de fantasias e imaginação), Parque, Tanque de areia, Espaço sensorial, Estudos do meio, Hora do repouso (importância do sono para o desenvolvimento, regulação da emoção e crescimento), Roda de conversa, Canto da música, Teatro, Refeitório e a Quadra de esportes. Há uma preocupação em manter sempre o registro das atividades com a exposição das produções e criações artísticas das crianças permitindo a valorização das identidades escolares, habilidades e competências, elevando a autoestima e confiança dos alunos, reforçando as noções do respeito às diferenças individuais. 10 Um ponto forte a ser considerado nesta unidade educacional são as organizações da rotina e dos horários, que flui naturalmente por toda a equipe educadora. Alguns exemplos dessa rotina cotidiana veremos a seguir: -Organização da sala e agenda do dia: onde a professora costuma relacionar as atividades aos temas dos projetos, criando um desenvolvimento da aprendizagem significativo em sala de aula. -Ajudantes do dia: a professora designa um aluno da turma que tem a função de auxiliá-la nas funções cotidianas. No momento da chamada, por exemplo, os ajudantes fazem a contagem dos alunos. -Quadro de aniversários: para a melhora na autoestima das crianças, quando há aniversários este é tratado como um dia especial. A comemoração é realizada em sala de aula, e com toda a instituição, na última sexta-feira do mês. -Quadro de chamada: importante para a construção da identidade, os alunos colocam o seu nome no quadro coletivo, o conhecer-se e ser conhecido vai se fazendo de maneira natural no momento da chamada. -Calendário: contribui para as noções de espaços temporais, auxiliando as crianças nos afazeres propostos cotidianamente na instituição, com isso a professora cria a possibilidade de desenvolvimento das responsabilidades e independência, colaborando para a autonomia dos alunos. -Caderno de comunicação: através deste caderninho a família envia e recebe informativos da instituição e de casa. Todas a reflexões exercidas nesta instituição estão de acordo com os objetivos expressos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) que apontam: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos e onze meses de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Portanto levam em consideração também, as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil) quando menciona em seu artigo 3°: “As Instituições de Educação Infantil devem promover em suas propostas pedagógicas, práticas de educação e cuidados, que possibilitem a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo/linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível”. 11 3.4. Atividades com o professor supervisor de estágio Foi disponibilizado pela professora Marta seu planejamento individual para o ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), chamado nesta instituição de Carta de Intenção. Neste documento mais flexível que o Projeto Político Pedagógico, a professora se compromete com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a Educação Infantil do Município de Campinas, e se propõe a mediar a aprendizagem das crianças de acordo com a observação feita no período de acolhimento e nas rodas de conversas. Foi onde surgiu o tema que norteou o projeto de sala, “Profissões”, onde as crianças questionaram o trabalho dos pais e o porquê, enquanto elas estão na creche. Como esta carta retrata vivências reais dos alunos, poderá ser revisitada e replanejada ao longo do ano letivo firmando assim um comprometimento com a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Todos os dias, antes de começar a jornada de trabalho, professora e monitoras fazem a recepção de pais e alunos, pois a segurança dessas crianças é primordial para esta equipe. A seguir, é feita a chamada diária de assiduidade escolar, onde os próprios alunos colocam seus nomes no quadro imantado, trabalhando assim suas identidades e facilitando para a contagem nutricional - informações importantes para se evitar a evasão escolar. Neste agrupamento não há alunos público-alvo da educação especial, mas há um aluno intolerante a lactose e outro que é alérgico a areia do parque e clara de ovo. Todas as atividades pedagógicas desenvolvidas são direcionadas para a promoção de um espaço divertido, com brincadeiras, músicas, e são explorados em todos os espaços: salas, pátio, área livre, parque, horta, quadra, e refeitório tudo para que as crianças sintam que estar na creche é prazeroso e que os educadores gostam de estar e brincar junto delas, e também que elas possam se sentir seguras. A rotina que envolve as ações de cuidado com a criança (higiene bucal, das mãos, troca de roupa etc.), se integrará a atividade pedagógica criando um sentido educativo, por isso são flexíveis e passíveis a mudanças para uma melhor adequação da prática pedagógica. 12 Descrevo brevemente algumas participações de atividades de práticas pedagógicas em que pude participar junto a professora no projeto Profissões, e outros: -Ludicidade- Canos de pvc (tubos e conexões- conhecendo o encanador- desenho com colagem imitando os canos de água). -Ludicidade- conhecendo o cozinheiro- colagem de algodão em chapéu. -Ludicidade- com objetos de informática (imaginação e expressão- conhecendo o home office). -Ludicidade com brinquedos da sala (expressão individual e coletiva). -Equilíbrio (concentração e agilidade)- corrida com rolinhos e bolinhas. -Coordenação motora fina e viso motora- atividade na lousa -desenho pássaro. -Ludicidadeno parque de areia e de brinquedos- (ampliar conhecimento de mundo, interação social e sensorial). -Construção de autonomia e responsabilidade- confeccionando o Mercadinho- brincar de atendente de mercadinho, e construir o baú do entregador de iFood, com caixinha de papelão ou isopor, pintar e escrever as letras da marca. -Identificar e valorizar as diferentes profissões -brincar de seu mestre mandou, com objetivo de imitar os sons de bombeiro, ambulância e outros gestos como de dentista, médico, professor etc. - Proporcionar a ludicidade com jogos de regras como dominó, memória e quebra cabeça, massinha, e etc. -Promover brincadeiras que incluem o controle do equilíbrio com copo. Circuito com motocas infantil, dobraduras de profissões, adivinhas de profissões e cantar e dançar músicas infantis. - Plantio da batata doce na água e acompanhar seu crescimento- projeto horta. -Roda da leitura dos livros: “Quando eu crescer...” por Ana Maria Machado e “Quando crescer, quero ser...” por Alina Perlman, seguido de desenho sobre o que foi lido. Os objetivos das atividades de práticas pedagógicas são de poder desenvolver nas crianças: o fortalecimento de vínculos de confiança e segurança; a construção de autonomia e responsabilidade; o desenvolvimento da atenção e concentração; poder identificar letras do nome; o estabelecimento relação quantitativa; o conhecimento das profissões existentes em seu ambiente escolar e familiar; a identificação e valorização as diferentes profissões. 13 3.5. Regência Respeitando o cotidiano dessa instituição escolar, foi elaborado por mim um plano de aula de acordo com o tema norteador da sala- "Profissões"-, que está dentro do planejamento individual da professora Marta em sua “Carta de Intenção" assim como combinado em conversa em conjunto com a coordenadora pedagógica. Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento foram apresentados de acordo com a BNCC- (EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão- nos Campos de Experiências: Escuta, fala, pensamento e imaginação e correspondendo a Faixa Etária das crianças pequenas (4 anos a 5 anos e onze meses). Abaixo relaciono as cinco atividades desenvolvidas e aplicadas por mim, com duração de uma hora e vinte minutos cada, em seguida as minhas observações sobre elas. Elaborei e proporcionei a doação de todo o material didático necessário para a realização das mesmas: 1) Quebra- cabeças das profissões: recortar e separar a cabeça e corpo do desenho dos profissionais, colar a cabeça em uma bola de isopor (75mm) e o corpo num rolinho de papelão (aquele de dentro do papel higiênico- decorar a vontade). A missão das crianças será montar corretamente todas as peças (cabeças com corpinhos corretos). 2) Jogo do “Adivinha o que é?”: um desafio para adivinhar, apresenta cartas com dezesseis profissões que vem com os dizeres, por ex., “seu super poder e limpar a casa!”, para ser trabalhado na roda de conversa desenvolvendo a atividade em grupo. 3) Dado Educativo: o cubo confeccionado manualmente em papel, apresenta em todos os lados uma profissão diferente das já trabalhadas anteriormente, sendo uma nova alternativa para a roda de conversa desenvolvendo também a atividade em grupo. 14 4) Quadro das Profissões: trabalho em duplas, onde uma criança pinta desenho pronto de algumas profissões já discutidas em roda de conversa, e a outra criança decora a moldura livremente (pode-se utilizar cola glitter, lantejoula, cola colorida, e etc. para enfeitar a moldura). Após a finalização enquadra-se o desenho na moldura para ser pendurado no varal de atividades, pedimos que escrevam seu nome e o nome da profissão. 5) Poema: leitura do poema de Pedro Bandeira-”O que é que eu vou ser?”- faz referências às profissões que nele aparecem, e lembra de que criança não trabalha. O professor poderá destacar essas profissões pedindo que as crianças escrevam e ou desenhe na lousa do pátio os instrumentos e acessórios de trabalho que lembram essas profissões. Observações: o O Quebra-cabeça trouxe novas profissões que as crianças não conheciam, como o guarda florestal e o cientista, todas quiseram participar do jogo, mas o que observei foi que talvez tivesse usado um “design” das profissões mais em concordância com o Ensino Fundamental, assim menos lúdico nos desenho gráfico apresentado para a idade deles. o O Jogo do “Adivinha o que é?'' assim como o Dado Educativo, foi uma experiência incrível onde a realidade do mundo invadiu a sala de aula. Em roda de conversa foram exploradas profissões como faxineira, e muitas crianças se identificaram, pois as mães e avós exercem esta profissão. o Quadro das Profissões feito em dupla aproximou crianças com habilidades parecidas, onde testaram hipóteses, trocaram pontos de vista e etc.. Observei o quanto a comunicação entre os pares foi melhorada, a sensibilidade e a capacidade de concentração e expressão das crianças também aumentaram. o As crianças adoraram o poema de Pedro Bandeira, mas realmente estavam interessadas em falar das profissões de seus pais e responsáveis. O momento de maior concentração foi na hora da leitura, as crianças prestaram muita atenção no que eu lia para elas. Foi organizado numa roda de conversa, todos sentados no chão em círculo junto da professora, de mim e das monitoras. A roda de conversa foi realizada no pátio aberto perto de uma videira e o dia estava ensolarado. As crianças estavam felizes e tranquilas. 15 Houveram conflitos clássicos na hora de cada um falar, um que falava por cima do outro colega. A professora chamou atenção e pediu respeito com o amiguinho que estava se expressando. A atividade proposta favoreceu a linguagem pois estavam atentos ao som das palavras, ao imaginário e a curiosidade pela leitura e escrita. Como a leitura é um dos norteadores dessa instituição, será dada com certeza continuidade a leitura de poemas e poesias pela equipe educadora. Senti muita facilidade em apresentar essa proposta, foi gratificante receber o carinho e atenção das crianças ao final da leitura quando disseram que "criança não trabalha, criança brinca e dá trabalho!"de acordo com música ensaiada da Palavra Cantada para apresentação de fim de ano. De acordo com Kishimoto (2010), Nas atividades coletivas, é preciso prever não só a diversidade, mas também a quantidade de materiais e brinquedos para que todos possam participar. Nessas atividades, a crianças têm oportunidade de ampliar contatos sociais. O clima de confiança se estabelece quando se criam momentos em que as crianças ensinam as brincadeiras que conhecem para os novos coleguinhas. Kishimoto (2010). Com o brincar planejado e direcionado pelo professor há a chance da oportunidade ao protagonismo , na construção de sujeitos agentes. Por último, junto a intencionalidade pedagógica, a importância do registro/documentação e o compartilhamento das atividades com os familiares, estabelecendo vínculos por todas as partes envolvidas no ambiente escolar e comunidade. 16 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Participando e investigando a realidade em sala de aula pude compreender que a formação docente é uma aprendizagem contínua, cotidiana, desde a formação inicial. Entendi que é possível criar novas situações que colaborem para que os alunos se aproximem mais da escola em sintonia com os interesses trazidos de sua realidade vivida em casa e também no mundo. A experiência de Regência mostrou que é possível novas formas de interagir com seus alunos, organizando atividades que vão ao encontro das necessidades e interesses do agrupamento. Pude observar os princípios de autonomia, cooperação, trabalho e expressãolivre, que são norteadores do trabalho freinetiano. Concordo que como educadores devemos “jogar” a proposta de direcionamento das ideias para as crianças, trazendo provocações que estimulem sua independência e criatividade. Encerro minhas reflexões sobre as observações das atividades de regência concluindo que o brincar na educação infantil é realmente indispensável e central, é condição essencial para a criança se desenvolver plenamente. De fato o brincar é uma prática social e cultural, e por isso a intenção da elaboração de atividades em grupo e em duplas, deve ser feita essencialmente com uma avaliação intrínseca desses educandos. 17 REFERÊNCIAS BNCC. A Etapa da Educação Infantil. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil Acesso em: 10 de maio de 2022. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil- Brasília-2010 .Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/diretrizescurriculares_2012.pdf, Acesso em: 10 de abril de 2022. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm . Acesso em 10 de abril de 2022. FERNANDES, C. V. Eu gosto de brincar com os do meu tamanho!: culturas infantis e cultura escolar - entrelaçamentos para o pertencimento etário na instituição escolar. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponivel em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15690/000688649.pdf?sequence=1&isA llowed=y. Acesso em: 27 de Abril de 2022. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996. PMC- Prefeitura Municipal de Campinas. Secretaria Municipal de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a Educação Infantil: Um Processo Contínuo de Reflexão e Ação- 2014. Departamento Pedagógico Assessoria de Currículo e Pesquisa Educacional. Disponível em: https://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/educacao/04_diretrizes_infantil.pdf. Acesso em 10 de abril de 2022. KISHIMOTO, T.M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Movimento: Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, nov. 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010- pdf/7155-2-3- brinquedos-brincadeiras-tizuko-morchida/file Acesso em: 10 de maio de 2022. KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 27, n. 2, p. 229-245, July 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022001000200003 Acesso em: 10 de maio de 2022. 18 ANEXOS Anexo A: Ficha de Presença. 19 20 21 22 23 24 25 26 Anexo B: Controle de Carga Horária. 27 28 Anexo C: Fotos das Atividades Propostas. 1)Quebra- cabeças das profissões 2)Jogo do “Adivinha o que é?” 29 3)Dado Educativo 30 4)Quadro das Profissões 5)Poema de Pedro Bandeira 1. INTRODUÇÃO 2. APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR 3. REFLEXÃO SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS ANEXOS
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