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Mediação e Conciliação como Formas de Solução de Conflitos

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INTRODUÇÃO 
 
 
Mormente, o Conselho Nacional de Justiça instituiu, no Brasil, a política pública 
de tratamento adequado dos conflitos jurídicos, com um estímulo evidente à solução por 
autocomposição (Resolução n° 125/2010 do CNJ). Nesse sentido, trata-se de uma forma 
importante de desenvolvimento da cidadania, na qual os interessados passam a ser 
protagonistas no processo de construção da decisão jurídica que regula as suas relações. 
Ademais, o Poder Legislativo também tem, de forma reiterada, incentivado a 
autocomposição, com a edição de diversas leis neste sentido. Um bom exemplo disso é 
encontrado no Código de Processo Civil, que dedica um capítulo inteiro para regular a 
mediação e a conciliação (arts. 165-175), estrutura o procedimento de modo a pôr a 
tentativa de autocomposição como ato anterior ao oferecimento da defesa pelo réu (arts. 
334 e 695), permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza 
(art. 515, III e art. 725, VIII). 
Além disso, no rol das normas fundamentais do processo civil estão os §§ 2° e 3° 
do art. 3° do CPC que versa o seguinte: “§ 2° O Estado promoverá, sempre que possível, 
a solução consensual dos conflitos. § 3° A conciliação, e mediação e outros métodos de 
solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, 
defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo 
judicial. Mesmo no âmbito do Poder Executivo a solução negocial é estimulada, haja vista 
a instalação de câmaras administrativas de conciliação. 
 
1. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A MEDIAÇÃO E 
CONCILIAÇÃO 
 
Ambas são formas de solução de conflitos pelas quais um terceiro intervém em 
um processo negocial, com a função de auxiliar as partes a chegar à autocomposição. 
Importante destacar que, a esse terceiro, não cabe resolver o problema, tal como ocorre 
na arbitragem, mas tão somente exercer um papel de catalisador da solução negocial do 
conflito. 
No que se refere às diferenças entre essas duas técnicas, a doutrina considera que 
são técnicas distintas para a obtenção da autocomposição. Nessa vertente, o conciliador 
tem uma participação mais ativa no processo de negociação, podendo até mesmo sugerir 
soluções para o litígio. Tal técnica é mais indicada para os casos em que não havia um 
vínculo anterior entre os envolvidos (art. 165, § 2°, CPC). 
Já o mediador serve como um veículo de comunicação entre os interessados, um 
facilitador do diálogo entre eles, auxiliando-os a compreender as questões e os interesses 
em conflito, de modo que as partes possam identificar soluções consensuais que gerem 
benefícios mútuos. Nessa técnica o mediador não propõe soluções aos interessados, sendo 
indicada nos casos em que havia vínculo anterior entre os interessados, como nos casos 
envolvendo conflitos societários e familiares (art. 165, § 3°, CPC). 
Cabe destacar que a mediação e a conciliação podem ocorrer extrajudicialmente 
ou judicialmente, quando já existente o processo jurisdicional. Neste último caso, o 
mediador e o conciliador são auxiliares da justiça. Isso é importante, pois a eles devem 
ser aplicadas as regras relativas a esse tipo de sujeito processual, inclusive em relação ao 
impedimento e à suspeição (arts. 148, II, 170 e 173, II, CPC). 
Elas podem ocorrer perante câmaras públicas institucionais, vinculadas a 
determinado tribunal, ou em ambiente privado, em câmaras privadas ou com um viés mais 
informal, em escritórios de advocacia, por exemplo. Há, ainda, a possibilidade de se 
ocorrer em câmaras administrativas, institucionalmente vinculadas à Administração 
Pública (arts. 167, 174 e 175, CPC). 
Mediador e conciliador podem ser funcionários públicos ou profissionais liberais 
(art. 167, CPC). Contudo, a mediação e a conciliação podem ser feitas pro bono, como 
trabalho voluntário (art. 169 § 1°, CPC). Nesse contexto, os interessados podem escolher, 
consensualmente, o mediador e o conciliador e a câmara privada para a realização do ato 
(art. 168, CPC). Tal escolha pode recair em um profissional que não esteja cadastrado 
perante o tribunal (art. 168, § 1°), sendo necessário providenciar este cadastro (art. 167, 
caput). 
 
1.1 Normas que regem a conciliação e a mediação 
 
Conciliação e mediação são fundamentadas nos princípios da independência, 
imparcialidade, do autorregramento da vontade, da normalização do conflito, da 
confidencialidade, da oralidade, informalidade e da decisão informada (art. 166, CPC). 
Em primeiro lugar, o princípio da independência rege a atuação do mediador e do 
conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna 
ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as 
condições necessárias para o seu desenvolvimento adequado (art. 1°, § 5°, Código de 
Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais – Anexo da Resolução n° 125/2010, CNJ). 
Partindo para o princípio da imparcialidade, é importante destacar que o mediador 
e conciliador não podem ter qualquer espécie de interesse no conflito. Trata-se de um 
reflexo do princípio da impessoalidade. Nesse aspecto, a aplicação de técnicas negociais, 
com o objetivo de proporcionar um ambiente favorável à autocomposição, não ofende o 
dever de imparcialidade (art. 166, § 3°). 
Já o princípio do autorregramento da vontade é um pressuposto e, ao mesmo 
tempo, a própria razão de ser da mediação e da conciliação, pois tudo é pensado para que 
as partes definam a melhor solução para o seu problema jurídico. Assim, dada a 
importância do respeito à vontade das partes, mediador e conciliador são proibidos de 
constranger os interessados à autocomposição. 
Outrossim, o princípio da confidencialidade é de extrema importância para essas 
técnicas, pois estende-se a todas as informações produzidas ao longo do procedimento, 
cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa 
deliberação das partes (art. 166, § 1°, CPC). Ou seja, mediador e conciliador têm o dever 
de sigilo profissional, não podendo divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos 
oriundos da conciliação ou mediação (art. 166, § 2°). 
Oralidade e informalidade servem de orientação para essas duas técnicas. Ambas 
dão mais leveza ao processo, sem o ritual e a simbologia próprias da atuação jurisdicional. 
Nesse diapasão, mediador e conciliador devem comunicar-se em linguagem simples e 
acessível, e não devem usar nenhum tipo de roupa solene. Por fim, o princípio da decisão 
informada serve para que as partes sejam bem informadas, e garante uma participação 
dos interessados substancialmente qualificada. 
 
1.2 O centro de solução de conflitos 
 
Tanta a Resolução n° 125/2010 do CNJ como o art. 165, caput, do CPC, 
estabelecem que os tribunais deverão, obrigatoriamente, criar centros de solução de 
conflitos. Tais centros serão preferencialmente responsáveis pela realização das sessões 
e audiências de conciliação e mediação, que ficarão a cargo de mediadores ou 
conciliadores, lembrando que a realização dessas técnicas no próprio juízo onde tramita 
o processo deve ser encarada como algo excepcional (art. 165, caput, CPC). Para além 
disso, estes centros têm o dever de atender e orientar o cidadão na busca da solução do 
conflito. 
 
1.3 As câmaras privadas de conciliação e mediação 
 
A mediação e a conciliação podem realizar-se perante câmaras privadas. Tais 
câmaras possuem suas regras procedimentais, além de um quadro de mediadores e 
conciliadores cadastrados. Tanto podem caracterizar-se como exercício de uma atividade 
lucrativa, como podem ser câmaras de conciliação de caráter comunitário, geridas por 
associações de bairro ou outras entidades não-governamentais sem finalidade lucrativa. 
 
1.4 Câmaras administrativas de conciliação e mediação 
 
A administração pública pode criar câmaras administrativas para solução 
consensual de conflitos.Elas podem, por exemplo, ter competência para (art. 174, CPC) 
dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública, avaliar a 
admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito 
da administração pública, promover, quando couber, a celebração de termo de 
ajustamento de conduta, instrumento negocial importante para a solução de conflitos 
coletivos (art. 5°, § 6°, da Lei n° 7.347/1985). 
 
2. AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO 
 
Não sendo o caso de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar 
do pedido, o juiz determinará a citação do réu e designará audiência de conciliação ou 
mediação (art. 334, caput, CPC). Assim sendo, o réu deverá ser citado com no mínimo 
20 dias de antecedência em relação à data da audiência. Na carta (art. 248, § 3°, CPC) ou 
no mandado de citação (art. 250, IV, CPC), o réu será intimado para comparecer, 
acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de 
mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento. 
Destaca-se o registro do art. 154, VI, do CPC, segundo o qual cabe ao oficial de 
justiça “certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer 
das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber”. Certificada 
a proposta de autocomposição, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para 
manifestar-se, no prazo de 5 dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, 
entendendo-se o silêncio como recusa (art. 154, par. único, CPC). 
Além disso, a intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu 
advogado (art. 334, § 3°, CPC). Esta audiência deve realizar-se no centro judiciário de 
solução consensual de conflitos (art. 165, CPC), e somente em casos excepcionais a 
audiência deve realizar-se na sede do juízo. Cita-se, ainda- que a audiência pode realizar-
se por meio eletrônico, como sistema de videoconferência (art. 334, § 7°, CPC). Poderá 
haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não excedentes a dois 
meses da primeira, desde que necessárias à composição das partes (art. 334, § 2°, CPC). 
Nesse ínterim, a pauta das audiências será organizada de modo a respeitar o intervalo 
mínimo de vinte minutos entre o início de uma e o início da seguinte (art. 334, § 12, CPC). 
Caso não haja conciliador ou mediador, em caráter excepcional, poderá a 
audiência ser conduzida pelo juiz. No entanto, há duas hipóteses em que a audiência de 
conciliação ou mediação não deverá ser designada (art. 334, § 4°, CPC): 
 
I - Se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição 
consensual. Isto é, o autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na 
autocomposição (art. 319, VII, CPC), e o réu, por petição, apresentada com 10 dias de 
antecedência, contados da data da audiência (art. 334, § 5°, CPC); 
 
II - Não será marcada a audiência de conciliação ou mediação no processo em que 
não se admita a autocomposição. 
 
Comparecer à audiência de conciliação ou mediação é um dever processual das 
partes. O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação 
é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 
2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União 
ou do Estado, conforme o processo esteja tramitando na Justiça Federal ou na Justiça 
Estadual (art. 334, § 8°, CPC). 
Importante salientar que a parte poderá constituir representante, por meio de 
procuração específica, com poderes para negociar e transigir (art. 334, § 10, CPC). No 
entanto, é necessário que este representante voluntário tenha poderes para negociar e 
transigir, e sua atuação restringe-se à negociação e á assinatura do acordo, se for o caso. 
Sendo constituído o representante com poder para negociar e transigir, a parte não precisa 
comparecer pessoalmente à audiência preliminar. 
Por fim, a autocomposição será homologada pelo juiz (não havendo vício) e, tendo 
ela abrangido todo o objeto litigioso, o processo será extinto com resolução do mérito 
(art. 487, III, CPC). Se não for alcançada a autocomposição, o prazo para a resposta do 
réu começa a correr da data da audiência (art. 335, I, CPC). 
 
3. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
 
A audiência de instrução e julgamento é a sessão pública, que transcorre de portas 
abertas, presidida por órgão jurisdicional, com a presença e participação de inúmeros 
outros sujeitos, e que tem por escopos tentar conciliar as partes, produzir prova oral, 
debater e decidir a causa. Não se trata de ato essencial dentro do processo, podendo ser 
perfeitamente dispensada quando cabível julgamento antecipado do mérito (art. 355, 
CPC). 
Nesse ínterim, são essenciais para o perfeito desenvolvimento da audiência o juiz, 
as partes, os advogados e os auxiliares da justiça. Nesse caso, o juiz exerce os papéis de 
diretor, investigador e conciliador/mediador na audiência. O juiz conciliador/mediador 
tenta fazer com que as partes cheguem à autocomposição (art. 359, CPC). Para tanto, 
pode valer-se das técnicas da mediação ou da conciliação e até mesmo suspender a 
audiência, se achar necessário, para que mediadores ou conciliadores exerçam tal tarefa. 
Nesse sentido, o juiz-investigador é o que colhe as provas diretamente, tomando 
depoimento das partes, formulando perguntas para as testemunhas e deduzindo quesitos 
de esclarecimentos para o perito e os assistentes técnicos. Já o juiz-diretor preside e 
conduz as atividades empreendidas na audiência, mantendo a ordem e o decoro (art. 360, 
CPC), no exercício do seu poder de polícia, determinando os atos a serem praticados, 
transmitindo aos peritos, assistentes técnicos e testemunhas perguntas formuladas pelos 
advogados, ouvindo e consignando as respostas no termo de audiência, solucionando 
questões incidentais etc. 
As partes comparecem à audiência, sobretudo, para a tentativa de conciliação e, 
se for o caso, para prestar depoimento pessoal. Nesse viés, são atos pessoas das partes, 
visto que a conciliação não exige a participação do advogado, por não se tratar de ato 
postulatório. Nesse diapasão, os advogados participam da audiência apresentando 
requerimentos e alegações, e formulando perguntas para as partes, testemunhas, perito e 
assistentes técnicos. 
 
3.1 Conteúdo e estrutura 
 
As principais atividades desenvolvidas na audiência de instrução e julgamento são 
a tentativa de conciliação, a arguição do perito, a produção de prova oral, a apresentação 
de alegações finais e a prolação de sentença. Se tratando da coleta de provas, abre-se a 
oportunidade para os advogados deduzirem alegações finais. No desfecho, o juiz prolata 
a sentença, examinando ou não o mérito da causa. 
 
3.2 Abertura da audiência. Pregão inicial 
 
De acordo com o artigo 358, CPC, no dia e na hora designados, o juiz declarará 
aberta a audiência, determinando que se apregoem as partes e seus procuradores. Isso 
deverá ocorrer nos dias úteis, dentro do horário de funcionamento do expediente forense 
e, se até a hora de encerramento do expediente os trabalhos não tiverem se concluído, o 
magistrado deve determinar sua continuação em dia próximo (art. 365, par. único, CPC). 
Além disso, a audiência deverá ser realizada na sede do juízo ou, excepcionalmente, no 
local em que o juiz estabelecer (art. 217, CPC). 
Em relação ao pregão inicial, é a comunicação às partes e aos seus defensores, 
feita pelo auxiliar de justiça (deve ser feita em voz alta e clara e tem a finalidade de evitar 
eventuais desatenções), sendo ato essencial para a abertura da audiência, cuja falta pode 
conduzir à sua invalidade, desde que haja prejuízos. 
 
3.3 Tentativa de autocomposição 
 
Iniciada a audiência, o juiz tentará fazer com que as partes cheguem à 
autocomposição ou se valham de outros meios de soluçãode conflitos, como a 
arbitragem. Caso a parte esteja representada por advogado, o seu comparecimento na 
audiência é desnecessário. Havendo conciliação, deverá ser reduzida a termo e 
homologada por sentença judicial, e não havendo, o juiz deverá dar início à produção da 
prova. 
 
3.4 Produção das provas orais 
 
O artigo 361, CPC, estabelece a ordem a ser seguida na instrução oral, contudo, o 
inciso VI, do artigo 139 do mesmo código, estabelece que o juiz poderá inverter a ordem 
de produção das provas, tendo em vista as peculiaridades do caso concreto. Nesse 
contexto, o primeiro passo é tomar os esclarecimentos dos peritos e assistentes técnicos 
acerca das omissões e inexatidões constatadas em seus opinativos técnicos. Se necessário, 
nesse momento será realizada a perícia simplificada, com a inquirição do perito e dos 
assistentes técnicos acerca daquilo que tenham examinado informalmente (art. 464, §§ 2° 
e 3°, CPC). 
O segundo passo é tomar o depoimento pessoal do autor e, ato contínuo, 
depoimento pessoal do réu. Já o terceiro e último passo, é a inquirição das testemunhas 
arroladas pelo autor e, em seguida, aquelas arroladas pelo réu. Finda a instrução, iniciam-
se os debates orais, com as alegações finais de ambas as partes. 
 
3.5 Alegações finais 
 
Coletadas as provas orais, o juiz deve dar oportunidade para a dedução de 
alegações finais, isto é, dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bem como ao 
órgão do Ministério Público, sucessivamente pelo prazo de vinte minutos para cada um, 
prorrogável por dez, a critério do juiz (art. 364, caput, CPC). Havendo, no caso, 
litisconsortes ou terceiro interveniente, somam-se os minutos do prazo legal (vinte 
minutos) com os minutos facultados a título de prorrogação (dez minutos) e o resultado 
dessa adição deverá ser dividido em partes iguais, entre os procuradores dos 
litisconsortes, caso eles estejam com procuradores distintos. 
Nesse viés, quando a causa envolver questões de fato ou de direito complexas, as 
alegações finais das partes podem ser deduzidas por escrito, por meio dos memoriais, em 
prazos sucessivos de 15 dias, a começar pelas do autor. Cabe ao juiz definir, no caso 
concreto, se o nível de complexidade das questões justifica o deferimento do pedido de 
apresentação de memoriais. 
 
3.6 Sentença 
 
Tendo sigo feitas as alegações finais, oralmente, em mesa de audiência, completa-
se a instrução e deve o juiz, desde logo, proferir a sentença, oralmente. Contudo, o juiz 
pode optar por proferir a decisão por escrito, posteriormente, em seu gabinete, quando 
deverá apresentá-la no prazo de 30 dias (art. 366, CPC). 
 
3.7 Conversão do julgamento em diligência 
 
Quando já finda a fase de instrução e, tendo sido oferecidas as razões finais, o juiz 
pode, em vez de sentenciar, converter o julgamento em diligência probatória, retornando 
à instrução. Nesse sentido, ele pode determinar a produção de novas provas para a 
elucidação de pontos de fato que restaram obscuros, admitindo-se a produção de qualquer 
meio de prova, desde que respeitada a garantia do contraditório e os limites do poder 
instrutório do juiz. 
 
3.8 Documentação da audiência 
 
O servidor, sob ditado do juiz, documentará os atos da audiência. Nesse caso, o 
termo deve conter o resumo do ocorrido na audiência e na íntegra dos pronunciamentos 
judiciais nela proferidos (art. 367, CPC). As ocorrências em geral, como incidentes, 
questões levantadas, decisões proferidas, deverão ser registradas no termo de audiência, 
que recebe a designação de ata. 
Cabe destacar que a audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em 
áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos 
órgãos julgadores. Tal gravação pode também ser realizada diretamente por qualquer das 
partes, independentemente de autorização judicial (art. 367, § 5°, CPC), devendo a parte 
informar a todos os participantes da audiência que procederá á gravação. Por fim, é válido 
citar que os esclarecimentos do perito e dos assistentes, bem como o depoimento das 
partes e das testemunhas, serão por ele consignados no denominado termo de assentada. 
 
3.9 Designação, antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento 
 
Na decisão de saneamento e organização do processo, deve o juiz designar a data 
e a hora da audiência de instrução e julgamento (art. 357, V, CPC). Vale ressaltar que a 
audiência também pode ter sido designada no calendário processual concertado entre as 
partes e juiz (art. 191, CPC). Ao designá-la, o juiz deve observar o tempo necessário para 
a realização de eventual perícia ou outras diligências. Caso seja constatada urgência na 
solução da causa, ou eventual disponibilidade em sua pauta de audiência, pode o juiz, de 
ofício ou a requerimento das partes, determinar a antecipação da audiência. 
Entretanto, o art. 362 do CPC prevê a possibilidade de adiamento da audiência, 
em três hipóteses: por convenção das partes, pela ausência de sujeitos do processo que 
necessariamente deveriam fazer parte da audiência e pelo atraso injustificado do início da 
audiência, por tempo superior a trinta minutos do horário marcado. Sobre isso, se a parte 
se ausenta sem justo motivo, existem duas consequências de relevo: malograda será a 
tentativa de conciliação, salvo se seu advogado estiver presente e investido do poder 
especial para transigir, e tendo sido intimada para prestar depoimento pessoal, sofrerá a 
pena de confesso, com a presunção relativa de veracidade dos fatos afirmados pela 
contraparte. 
Se o advogado, defensor público ou membro do Ministério Público se ausenta sem 
justo motivo, o juiz pode dispensar as provas requeridas pela parte, na forma do art. 362, 
§ 2°. Caso os advogados do autor e do réu se ausentam injustificadamente, isso não 
impedirá a abertura e realização da audiência, aplicando-se o citado art. 362, § 2°. 
 
3.10 Casos excepcionais de suspensão 
 
O Código de Processo Civil prevê, no seu artigo 365, que se não for possível 
concluir, num só dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará seu 
prosseguimento para dia próximo, em pauta preferencial. Desse modo, é possível casos 
excepcionais de suspensão. É o caso, por exemplo, da demora que inviabilize o 
esgotamento de todas as atividades numa só sessão. 
Diante disso, os sujeitos presentes na audiência suspensa, nesta mesma 
oportunidade, devem ser cientificados da data designada para seu prosseguimento. 
Dispensa-se, assim, a diligência de intimação. Já os ausentes, por motivo justo, devem 
ser regularmente intimados. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. Congresso Nacional. Código de Processo Civil, de 15 de março de 2015. 
Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 1 
ago. 2022. 
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n° 125, de 29 de novembro de 2010. 
BRASIL. Congresso Nacional. Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF. 
DIDIER JÚNIOR, Fredie Souza. Curso de Direito Processual Civil. 10 ed. Juspodivm, 
Salvador-BA, v. 2, 2015. 
DIDIER JÚNIOR, Fredie Souza. Curso de Direito Processual Civil. 17ª ed. Juspodivm, 
Salvador-BA, v. 1, 2015.

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