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UNIDADE 1 | Seção 3 Teoria Geral do Processo Palavras-chave: LINDB; territorialidade; vigência. COMPETÊNCIA GERAL: Conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo. CONTEÚDO: Conhecer a LINDB; o Princípio da Territorialidade; as regras sobre vigência da lei no tempo; e o conceito e as modalidades de revogação. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: Conhecer a LINDB e definir as principais regras que determinam a eficácia da lei no espaço e no tempo, para ser capaz de solucionar eventuais conflitos sobre qual lei deve ser aplicada ao caso concreto. RESULTADO DE APRENDIZAGEM: Para que os alunos possam fixar os conteúdos estudados nas atividades de pré e pós-aula, bem como no livro didático, e conferir a compreensão adquirida sobre como eles se aplicam à realidade profissional, serão apresentados: a) Um caso de aprofundamento da aplicação da lei processual nova aos processos em andamento. Seção 3 21 APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PELO ESPAÇO E PELO TEMPO b) Estudos de casos, com base em acórdãos judiciais. CONHECIMENTOS PRÉVIOS: Conhecimentos Conceituais prévios necessários: Regras de aplicação da lei no espaço e no tempo. Conhecimentos Procedimentais prévios necessários: Estudo do conteúdo e compreensão dos casos concretos de realidade apresentados no livro didático. Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 22 PENSANDO A AULA - O professor deverá apresentar à Turma, por meio de projeção, um gráfico para cada uma das questões, onde serão indicados os índices de acertos e erros. - Em seguida, deverá perguntar aos alunos por que cada alternativa está certa ou errada. - Deve reforçar os pontos em que forem identificados níveis significativos de defasagem, utilizando-se de uma linguagem mais simplificada, e não técnica. PROBLEMATIZANDO A AULA O professor deverá resgatar a situação da realidade profissional relatada em Diálogo Aberto do livro didático, apresentando-a à Turma por meio de projeção: O proprietário “A”, dono de um terreno na cidade de Brotas, interior de São Paulo, o vendeu ao comprador “B”, residente em Curitiba, Estado do Paraná. Como o preço era viável, “B” se precipitou e concluiu o negócio com “A”, sem ao menos visitar o referido terreno. Logo depois disso, “B” viajou até Brotas e descobriu que seu terreno estava sendo utilizado pelo possuidor “C”, que o havia invadido. Após o início do processo judicial, o comprador “B” sofreu um grave acidente de trânsito, ficando inconsciente por 1 (um) ano. Além disso, houve alteração da legislação processual aplicável ao caso. O fato narrado gera, do ponto de vista jurídico, um conjunto de possibilidades. Vamos refletir sobre isso? Como advogado, você entende que o fato descrito enquadra-se em um caso no qual se admite a possibilidade de uma ação reivindicatória. SITUAÇÃO DA REALIDADE PROFISSIONAL Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 23 O professor apresentará a pergunta referente à seção 3, por meio de projeção: Qual lei processual deverá ser aplicada: a vigente quando do início do processo ou a nova? O professor revisará com a Turma as regras sobre vigência da lei, formulando perguntas cujas respostas conduzam os alunos à resposta correta do questionamento. Serão divididas em dois momentos: 1. Expor à Turma brevemente as características do Ato jurídico processual perfeito e resolver o Exemplo 1. Orientar a Turma de forma dialógica, para que possa resolver o Exemplo 2. Conforme o Princípio do tempus regit actum, a lei processual nova será aplicada de imediato, desde o início da sua vigência, aos processos em andamento. Mas devem ser respeitados os atos processuais já realizados ou as situações já consolidadas de acordo com a lei anterior, já que a lei nova somente poderá reger as situações futuras, e somente os atos posteriores à sua vigência é que serão por ela regulados. Podemos falar que este ato realizado de acordo com a lei vigente quando de sua concretização é um ato jurídico processual perfeito. Os problemas mais sérios de direito intertemporal são relacionados ao direito processual adquirido. Um deles é o caso de a lei processual entrar em vigor quando o ato processual ainda não foi praticado, mas já estava em curso o prazo para sua realização. Qual é a solução? Será aplicada a lei anterior ou a vigente? Exemplo 1 – a ser explicado e resolvido junto com o professor: está correndo o prazo para as partes interporem o recurso de Agravo de Instrumento em face de uma decisão. Durante este prazo, surge uma lei processual nova extinguindo o referido recurso. SITUAÇÃO-PROBLEMA PROCEDIMENTOS PARA A SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA ATIVIDADES MEDIADAS Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 24 Mas, desde o momento em que a decisão foi proferida, nasceu para as partes o direito de interposição de um dos recursos previstos na legislação vigente naquele momento, entre eles, o Agravo de Instrumento. Portanto, há um direito processual adquirido de interpor este recurso, mesmo que isso ocorra já no período de vigência da lei nova. Exemplo 2 – a ser resolvido pela Turma, com o auxílio do professor: enquanto flui um prazo recursal, há o advento de uma nova lei processual que o reduz. Como a decisão sujeita à revisão foi proferida durante a vigência da lei anterior, que previa um prazo recursal maior, as partes adquiriram o direito processual de recorrer neste prazo. Mas, e se a lei nova ampliar o prazo para recurso? Como ela beneficiará as partes, será aplicada de imediato a todos os processos em andamento conforme determinado no art. 5º, XXXVI, CF/1988, que estabelece que a lei não retroagirá para prejudicar o direito adquirido. É importante observar que, para que isso ocorra, é preciso que o prazo ainda esteja em curso. Caso já tenha se esgotado de acordo com a lei anterior, o direito das partes recorrerem precluiu, não podendo a lei nova retroagir para atingir situações já consolidadas (GONÇALVES, 2004, v.1, p. 18-19). 2. Apresentação de ementas de acórdãos, cujos casos concretos deverão ser explicados à Turma, pelo professor, no que diz respeito ao tema tratado nesta seção. O professor deverá utilizar o inteiro teor do voto para detalhamento do caso e enriquecimento de sua explanação. a) Conflito de leis processuais no espaço: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. DEMANDADO ESTRANGEIRO DOMICILIADO FORA DO BRASIL. SENTENÇA QUE EXTINGUE O FEITO SOB O FUNDAMENTO DA INCOMPETÊNCIA DA JURISDIÇÃO BRASILEIRA PARA A AÇÃO. COMPETÊNCIA RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. 1. Não se admite que questões relativas à competência territorial sejam pronunciadas de ofício, porquanto é tema que depende de iniciativa do demandado que o deduzirá por meio de exceção de incompetência, com previsão expressa no art. 112 do CPC. E mais, na ausência de impugnação pelo demandado fica prorrogada a competência, "e o juiz que era originariamente relativamente incompetente se torna competente". 2. O artigo 7º da LICC, abordando especificamente o conflito da lei no espaço em questões de direito de família dispõe que "a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. Interpretada a regra em associação Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 25 aos arts. 88, 94 e 100 do CPC não há dúvida de que impera a competência da jurisdição brasileira. 3. O art. 94 do CPC, ao dispor acerca da regra geral da competência territorial para ações fundadas em direito pessoal, paralelamente a excepciona em seus parágrafos, merecendo destaqueo § 3º (Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro). DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível n.º 70050263417, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Desembargador Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 29 nov. 2012). b) Conflito de leis processuais no tempo: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - MUNICÍPIO DE MURIAÉ/MG - POSTO DE COMBUSTÍVEL - EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE LICENCIA DE FUNCIONAMENTO - APLICAÇÃO DA LEI SUPERVENIENTE AOS FATOS PRETÉRITOS QUE ATRAVESSAM O PRESENTE - TEORIA DO DIREITO ADQUIRIDO - MUTABILIDADE VERSUS CONFIANÇA - ANÁLISE DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO VALOR SEGURANÇA - CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Tendo em vista que as leis novas entram em vigor para imediata aplicação, elas passam a incidir sobre todas as relações jurídicas surgidas na sua vigência, e, por outro lado, aplicam-se igualmente às relações em curso, ou seja, ainda não exauridas. Dessa forma, as relações jurídicas surgidas no passado, que se encontram em curso no presente e se projetam para o futuro, em princípio, poderiam, daí por diante, ser alcançadas pela lei nova, sem que, por conta disso, se configure ofensa ao princípio da estabilidade das relações sociais. 2. Todavia, mesmo sem haver retroação, a imediata aplicação da lei nova às relações já em curso pode constituir fonte de perturbação indesejada à certeza dos objetivos consagrados pela lei revogada. Para atender a tais situações, surgiu a noção de direito adquirido, cuja função precípua é a de assegurar a incidência da lei antiga sobre certas situações despontadas no passado e em curso no presente em que o valor segurança deva ser posto em relevo. 3. Se o comportamento da Administração, na vigência da lei anterior, desperta no administrado a confiança de que, uma vez implementadas certas e determinadas melhorias em seu estabelecimento, ele poderia ali permanecer explorando o seu objeto social, não pode a lei nova, que traz novo critério incontornável para o exercício de sua atividade comercial, incidir sobre essa situação, em atenção à análise da aplicação da lei no Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 26 tempo sob a ótica da teoria do direito adquirido. Do contrário, estar-se-ia a fulminar a legítima expectativa do administrado, de modo a comprometer, arbitrária e desarrazoadamente, a sua atividade empresarial, conduzindo-a ao perecimento (Apelação Cível n.º 1.0439.11.008038-9/001, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Desembargador Relator: Elpídio Donizetti, Julgado em 04 abr. 2013). c) Conflito de leis processuais no tempo: Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. DIREITO AUTORAL. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE COBRANÇA DO ECAD. SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO. 1. O art. 131 da Lei nº 5.988/73 revogou o art. 178, § 10, VII, do CC/16, que fixava prazo prescricional de 05 anos por ofensa a direitos do autor, pois regulou inteiramente a matéria tratada neste. 2. Revogada a Lei nº 5.988/73 pela Lei nº 9.610/98, que não dispôs sobre prazo prescricional nem determinou a repristinação do 178, § 10, VII, do CC/16, a matéria passou a ser regulada pelo art. 177 do CC/16, aplicando-se o prazo prescricional de 20 anos. 3. O Código Civil de 2002 não trouxe previsão específica quanto ao prazo prescricional incidente em caso de violação de direitos do autor, tendo de se aplicar o prazo de 03 anos (artigo 206, § 3º, V) quando tiver havido ilícito extracontratual ou então o prazo de 10 anos (artigo 205), quando a ofensa ao direito autoral se assemelhar a um descumprimento contratual, como na hipótese. 4. Recurso Especial a que se nega provimento (STJ - REsp 1159317/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11 mar. 2014, DJe 18 mar. 2014). Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 27 Figura 1 Código de Processo Civil. Tabela de correspondência entre os artigos do CPC/1973 e do CPC/2015 88 94 94, §3º 100 112 21 46 46, §3º 53 64 Fonte: O autor. Resolução da Situação-Problema – 15 min. O professor utilizará um slide com a redação da situação-problema apresentada, relembrando a Turma de seus detalhes. Irá ler com os alunos os art. 5º, XXXVII, CF, e art. 6º, LINDB. Explicará que, uma vez publicada determinada norma, ela, em regra, terá aplicação imediata, incidindo em todos os processos que estiverem em andamento. Somente terá sua vigência prorrogada quando assim expressamente determinar, caso em que ocorrerá a vacatio legis. Portanto, se durante o trâmite da Ação Reivindicatória houver o surgimento de outra lei processual, não havendo previsão expressa de vigência diferida, é esta, nova, que passará a regular tal processo, devendo ser respeitados os atos processuais realizados regularmente sob a égide da lei anterior. Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo U3 28 TRANSFERÊNCIA INTEGRANDO OS TEMPOS DIDÁTICOS - 10 MIN PROVOCANDO NOVAS SITUAÇÕES Apresentar à Turma os seguintes casos para que os solucionem: 1. “A” solicita um empréstimo para “B” e lhe oferece como garantia uma Confissão de Dívida, devidamente assinada por duas testemunhas. Algum tempo depois, surge uma nova lei processual que suprime esta garantia do rol dos títulos executivos extrajudiciais. Caso haja inadimplemento, “A” poderá utilizar-se deste título para executar “B”? Sim. A lei processual nova somente poderá ser aplicada às confissões de dívidas celebradas após o início de sua vigência. “A” possui o direito processual adquirido de executar este título, já que somente o aceitou porque era admitido pela legislação processual vigente à época de sua realização, como título executivo extrajudicial. 2. Um brasileiro celebra um contrato de compra e venda de roupas com um estrangeiro, lá em seu país. Tendo em vista que várias das roupas que adquiriu estavam com defeito, poderá se valer do Código de Defesa do Consumidor (lei brasileira) para reclamar seu direito? Não, porque, conforme dispõe o art. 9º da LINDB: “Para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. Desta forma, deverá ser aplicada a lei de onde ocorreu o negócio. O professor deverá ressaltar ao aluno a importância do autoestudo, com a necessidade de: a) Estudar com antecedência a matéria da fase pré-aula da Unidade 1, seção 4, próxima aula presencial e resolver as questões. b) Acessar a webaula correspondente à próxima aula presencial e utilizar-se dos instrumentos que ela disponibiliza. c) Aprofundar-se no conteúdo desta seção no pós-aula. d) Estudar as atividades preparatórias, técnicas e os recursos que serão utilizados na próxima aula presencial. Aplicação da Lei Processual pelo Espaço e pelo Tempo 29 U3
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