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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 9 – Lambe os ossos e encaroça o coração 1) DESCREVER AS PRINCIPAIS BACTÉRIAS (GRUPOS) E SUAS ESTRUTURAS → Os agentes de doenças infecciosas humanas pertencem a cinco principais grupos de organismos: bactérias, fungos, protozoários, helmintos e vírus. → As bactérias são membros do reino monera! → São seres unicelulares (uma única célula = a própria célula é a bactéria) e tipo de célula procariontes (não tem núcleo nem organelas). → Podem ser patogênicas e não patogênicas, a maioria são não patogênicas, cerca de 30% vão causar doenças. → Podem ser: ✓ Autotróficas: produzem o seu próprio alimento, como as cianobactérias, fazem fotossíntese ✓ Heterotróficas: vão consumir matéria orgânica do ambiente, vão em busca do seu alimento. Muitas delas atuam como decompositoras juntamente com os fungos. → Possuem reprodução assexuada (bipartição), ou seja, duplica o material genético e se divide em 2, formando duas bactérias geneticamente idênticas. → Podem viver isoladas ou em colônias e em diferentes ambientes. → Podem ser anaeróbias (viver sem O2), aeróbias (vivem com O2) ou facultativas. → Elas são capazes de sofrer resistência à antibióticos, ficando mais potentes (super bactérias). → As bactérias são classificadas em três grupos básicos, de acordo com a sua forma, que é determinada por sua parede celular rígida: a) COCOS: são esféricos; b) BACILOS: exigem forma de bastonete; c) ESPIROQUETAS: são espiralados; ✓ PLEOMÓRFICAS: algumas bactérias variam quanto à forma, e são chamadas assim por possuírem muitas formas. → Além de suas formas características, o arranjo das bactérias é importante, e são determinados pela orientação e pelo grau de ligação das bactérias quando da divisão celular. Alguns cocos organizam-se da seguinte maneira: ✓ PARES: diplococos; ✓ CADEIAS: estreptococos; ✓ AGRUPAMENTO SEMELHANTE A CACHOS DE UVA: estafilococos. ➢ ESTRUTURAS → As estruturas que estão presente em todas as bactérias são: ✓ Membrana plasmática: reveste a bactéria; ✓ Citoplasma: espaço interno da célula; ✓ DNA bacteriano: é diferente do humano, pois é circular, o local onde fica chama nucleoide; ✓ Ribossomos: produz as proteínas bacterianas; ✓ Plasmídeos: fragmentos do DNA que estão relacionados com a resistência bacteriana. ✓ Parede celular: presente em todas as bactérias (exceto a espécies de Mycoplasma, envoltas por uma membrana celular e não por uma parede celular). A parede celular é uma estrutura situada externamente à membrana plasmática, sendo composta por PEPTIDEOGLICANO que provém suporte estrutural e confere a manutenção da forma da célula bacteriana. → Estruturas que não estão presentes em todas: ✓ Flagelo: está relacionado com a motiliadde. Esse flagelo é formado por uma proteína chamada FLAGELINA. ✓ Cápsula: proteção contra a fagocitose. ✓ Pili ou fímbrias: vai auxiliar a adesão da bactéria em superfícies ou em outras bactérias. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 2) COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA (MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO) E HISTOPATOLOGIA DA FEBRE REUMÁTICA → A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória aguda, imunomediada e multissistêmica, que classicamente ocorre após algumas semanas de um episódio de faringoamigdalite pelo streptococos pyogenes = ESTREPTOCOCO DO GRUPO A. *complicação inflamatória não supurativa (sem secreção/pus) → Eventualmente, a febre reumática pode suceder infecções por estreptococos em outros locais, como na pele. → A cardite reumática aguda é uma manifestação comum da fase ativa da FR, que, com o tempo pode progredir para cardiopatia reumática crônica (CR), manifestando principalmente como anormalidade valvares. → É necessário ter propensão genética para desenvolver a febre reumática. ❖ EPIDEMIOLOGIA → As taxas de incidência e mortalidade da FR e CR declinaram acentuadamente em muitas partes do mundo no século passado, como resultado da melhora no saneamento, e do rápido diagnóstico e tratamento da faringite por estreptococos. → No entanto, nos países em desenvolvimento, e em muitas áreas urbanas populosas e economicamente carentes, a CR continua a ser um importante problema de saúde pública, afetando cerca de 15 milhões de pessoas. → Crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos, fase em que há maior número de faringoamigdalite. ❖ FISIOPATOLOGIA → A febre reumática aguda é uma reação de hipersensibilidade classicamente atribuída a anticorpos contra moléculas dos estreptococos do grupo A que também reagem de modo cruzado com antígenos do hospedeiro. → O Streptococcus pyogenes tem uma estrutura molecular que tem várias proteínas de membrana que vão ajudar ele a fixar e penetrar nas células epiteliais da garganta e causar a doença faringoamigdalite. → Uma dessas proteínas é de grande importância para a doença, a proteína M, que está na membrana e ajuda na fixação da bactéria nas células epiteliais. → Essa proteína M possui alguns trechos chamados de EPÍTOPOS REUMATOGÊNICOS, que são sequências de bases nitrogenadas que são reumatogênicos, ou seja, podem causar uma reação do sistema imunológico. → A sequência nitrogenada dos epítopos são bem parecidas com as sequências de várias estruturas do corpo, possuem uma semelhança química, como: pele, articulações, coração e cérebro (nos núcleos da base = putâmen). → Dessa forma, irá acontecer a febre reumática por meio da seguinte sequência de eventos: 1) Invasão e adesão: a bactéria invade e adere a célula epitelial. 2) Processamento de antígeno e apresentação (células B e T): a partir do momento que a bactéria aderiu, o sistema imunológico começa a agir, dessa forma, terá o processamento do antígeno e apresentação por células B que vão produzir anticorpos e as células T tem uma resposta celular, elas vão ser ativadas a partir células apresentadoras de antígeno (APC = são parte do sistema imune adaptativo capazes de realizar fagocitose de microorganismos patógenos presentes no hospedeiro) e macrófagos e vão atacar e ter efeito citotóxico (capacidade que uma substância possui de inibir a proliferação celular ou causar danos e lesões às células, que as levam a morte celular) em relação as bactérias. 3) Autoimunidade: por conta da proximidade da estrutura química do epítopo da proteína M com os epítopos do nosso organismo, tem-se células autoimunes, ou seja, os anticorpos que vão atacar a bactéria também vão atacar os órgãos, assim como as células T. ▪ Dessa forma, os anticorpos e as células T direcionadas contra as proteínas M dos estreptococos também podem, em alguns casos, reconhecer os autoantígenos cardíacos. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 4) Manifestações: por fim, terá as manifestações da doença: cardíacas (valvulite), cérebro (coreia), articulações (artrite) e pele. → Esse processo da resposta imune demora em média 2-3 semanas para aparecer os sinais e sintomas. Por isso, é importante perguntar ao paciente se houve infecção de garganta há 2 semanas, ou se tem infecções recorrentes. ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → A FR pode se manifestar como um distúrbio: ✓ AGUDO: inclui histórico de uma infecção estreptocócica inicial e subsequente envolvimento de elementos do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e pele. Uma lesão comum a todos, chamada de corpo de Aschoff, consiste em uma área localizada de necrose tecidual circundada por células imunes. ✓ RECIDIVANTE: normalmente envolve a extensão dos efeitos cardíacos da doença. ✓ CRÔNICO:é caracterizada pela deformidade permanente das valvas cardíacas e é causa frequente de estenose mitral. Geralmente demora no mínimo 10 anos, após a crise inicial. → A maior parte dos pacientes com febre reumática apresentam histórico de dor de garganta, cefaleia, febre (38,3 a 40ºC), dor abdominal, náuseas, vômitos, edema de linfonodos (ângulo da mandíbula), além de outros sinais e sintomas, que serão definidos de acordo com os 2 tipos de resposta principais, e estão associadas ao processo inflamatório agudo e às estruturas envolvidas no processo patológico: ✓ RESPOSTA CELULAR (baseada em linfócito T): está mais relacionada com cardite grave e nódulos subcutâneos; ✓ RESPOSTA HUMORAL (baseada em linfócito B): está mais relacionada com cardite leve, coreia de Syndenham, polirtrite e eritema marginado = os anticorpos que vão atacar. → POLIARTRITE MIGRATÓRIA ▪ É a manifestação clínica mais comum, e a primeira manifestação da FR em 75% dos casos; ▪ A artrite, que pode variar da artralgia até a artrite debilitante, envolve com mais frequência as grandes articulações (joelhos, cotovelo, ombros e tornozelos), e é menos comum nos dedos, mãos e pés. ▪ Quase sempre é migratória, afetando primeiro uma articulação e depois outra. (poliarticular = afeta + de 1 art.) ▪ Se não tratar, a artrite dura aproximadamente 4 semanas. ▪ Uma característica marcante da artrite reumática é a resposta drástica (normalmente dentro de 48 h) aos salicilatos (classe de fármacos anti- inflamatórios não esteroides com propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias). = responde super bem com anti-inflamatório. ▪ A artrite geralmente apresenta cura total e não deixa sequelas funcionais. → CARDITE (2ª mais comum) ▪ É uma manifestação por linfócitos T, que vão atacar, principalmente, a região valvar e causar uma valvulite, que vai ser por fusão das comissuras valvares e calcificação. ▪ A cardite reumática aguda, que complica a fase aguda da FR, pode afetar o endocárdio (mais comum), miocárdio ou pericárdio. ▪ O envolvimento do endocárdio e das estruturas valvares produz os efeitos permanentes e incapacitantes da FR. ▪ A cardite manifesta-se principalmente como uma regurgitação mitral, e com menos frequência como regurgitação aórtica, mesmo que todas as 4 valvas possam estar envolvidas. ▪ A lesão aguda mais comum é a insuficiência mitral e a lesão crônica é a estenose mitral. ▪ Pode causar a cardite aguda, é mais rara, que é uma manifestação de IC, e o paciente pode apresentar edema, choque, arritmia e sopros ▪ As alterações inflamatórias agudas progridem gradualmente, até o desenvolvimento de um tecido cicatricial fibroso que tende a contrair e causar deformidade dos folhetos valvares e encurtamento das cordas tendíneas. Única que deixa sequelas! A valva fica enrijecida, os folhetos vão fundir, e ficam tanto insuficiente quanto estenótica. Na imagem, mostra a pancardite = valvulite, acometimento do pericárdio, miocárdio ou endocárdio (mais comum e nas valvas)00 APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 → NÓDULOS SUBCUTÂNEOS ▪ As células T vão invadir o subcutâneo e vão fazer proliferar a camada subcutâneo. *é raro, indolor, múltiplos e moveis. ▪ Os nódulos subcutâneos são rígidos, indolores e livremente moveis, normalmente ocorrendo sobre os músculos extensores das articulações do punha, cotovelo, tornozelo e joelho. ▪ O tamanho varia de 0,5 a 2 cm. ▪ Se manifestam com mais frequência associados à cardite moderada a grave. → ERITEMA MARGINADO ▪ As células B (autoanticorpo) vão agir na derme e na epiderme, ocasionando eritema. *é raro, não coça e não dói ▪ São áreas maculares semelhantes a um mapa, mais comumente observados no tronco ou nos aspectos internos dos braços e coxas, mas nunca na face. ▪ Ocorre no inicio da evolução de uma crise reumática. ▪ Tendem a apresentar nódulos subcutâneos, bem como cardite. ▪ Desaparecem durante a progressão da doença, são transitórios. → COREIA DE SYDENHAM ▪ É a principal manifestação da FR no SNC. Células B (autoanticorpos) vão agir nos receptores D1 e D2 ocasionando maior liberação de dopamina = movimentos involuntários. ▪ É observada com mais frequência em meninas e raramente ocorre após os 20 anos de idade. ▪ A criança apresenta inquietação, chora facilmente, começa a caminhar desajeitadamente e deixa os objetos caírem. ▪ Os movimentos são espasmos espontâneos, rápidos e despropositados, que interferem nas atividades voluntárias. ▪ É comum ter caretas faciais e a fala pode ser afetada. ➢ DIAGNÓSTICO → Não existem exames laboratoriais específicos quem permitem estabelecer o diagnóstico de FR. → Os Critérios de Jones, proposto pela primeira vez em 1944, devido a diversidade de sinais e sintomas, têm o objetivo de auxiliar na padronização do diagnóstico da afecção. Os critérios dividem as manifestações clinicas em maiores e menores, com base na prevalência e especificidade. → A presença de 2 critérios maiores ou 1 maior + 2 menores + evidências de infecção por estreptococos, indica uma alta probabilidade de FR! → A evidencia de infecção estreptocócica é por meio de: ✓ Cultura de orofaringe; ✓ Teste rápido; ✓ Teste sorológico (ASLO é o mais comum). → Diagnóstico da recidiva (reaparecimento da doença): mesmo critério ou 3 menores. → A Coreia de Sydenham é uma manifestação tardia, por isso pode ser isoladamente um dignóstico. E as provas inflamatórias pelos estreptococos podem estar normais. → A cardite indolente também pode ser isoladamente um dignóstico, quando há poucas manifestações da FR. (sopros e achados no ECO) → Na cardite, geralmente, tem acometimento mitral com ou sem aórtica. A lesão típica é a estenose mitral. → O ecocardiograma é útil para a avaliação da gravidade da estenose e da regurgitação valvares, o tamanho das câmaras e a função ventricular, e a presença das efusões pleurais (acúmulo de liquido no espaço pleural). → A ultrassonografia com Doppler pode ser útil para identificar lesões cardíacas em pessoas que não apresentem sinais típicos de envolvimento cardíaco durante uma crise de febre reumática, mas não é um critério maior ou menor de Jones ➢ TRATAMENTO → O tratamento da FR aguda é direcionado ao controle da resposta inflamatória aguda, bem como à prevenção das C oreia de Sydennham A rtrite N ódulos subcutâneos E ritema marginado CA rdite F ebre E levação de PCR/VHS ou contagem de leucócitos I ntervalo PR aumentado (ECG) A rtralgia MAIORES MENORES APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 5 complicações cardíacas e das recidivas da doença. Durante a fase aguda, são prescritos antibióticos, medicamentos anti- inflamatórios e restrição seletiva das atividades. → Dessa forma, o tratamento visa quatro objetivos específicos: ✓ a erradicação do estreptococo: é a profilaxia primária. O tratamento da faringoamigdalite e a erradicação do estreptococo devem ser feitos na suspeita clínica da FR, independentemente do resultado da cultura de orofaringe. Nos casos de 1º surto, o tratamento instituído corresponde ao início da profilaxia secundária. ▪ A profilaxia primária é baseada no reconhecimento e tratamento das infecções estreptocócicas, com a finalidade de PREVENIR O PRIMEIRO SURTO de FR por meio da redução do contato com o estreptococo e tratamento das faringoamigdalites. Nenhum isolado clínico de estreptococos é resistente à penicilina, portanto ela (ou eritromicina em pacientes alérgicos à penicilina) é o tratamento de escolha para a infecção por estreptococos. ▪ A profilaxia secundária consiste na administração contínuade antibiótico ao paciente portador de FR prévia ou cardiopatia reumática comprovada, com o objetivo de PREVENIR COLONIZAÇÃO OU INFECÇÃO DE VIA AÉREA SUPERIOR PELO ESTREPTOCOCO. ▪ A profilaxia secundária regular previne RECORRÊNCIAS DA DOENÇA E REDUZ A SEVERIDADE DA CARDIOPATIA RESIDUAL, de modo a prevenir, consequentemente, mortes decorrentes de valvopatias severas. A penicilina ainda é o tratamento de escolha para profilaxia secundária, com o uso de eritromicina em indivíduos alérgicos à penicilina. ▪ A duração da profilaxia depende da presença ou ausência de valvopatia residual. ✓ o controle dos fenômenos inflamatórios e cicatriciais; ✓ o controle sintomático; ✓ o tratamento das demais complicações da febre reumática aguda (cardite, poliartrite e coreia). → O tratamento será somente para as manifestações principais, uma vez que as manifestações cutâneas passam sozinhas. → A artrite também é autolimitada, mas pode incomodar muito, ela responde bem aos AINES. Altas doses de aspirina ou ibuprofeno. O AAS se mantém como a 1ª opção. → A cardite aguda é tratada com corticoide = prednisona. → A coreia é tratada com haloperidol, apenas indicado para as formas graves. Na coreia leve e moderada, estão indicados repouso e permanência em ambiente calmo, evitando estímulos externos. ❖ HISTOPATOLOGIA → Durante a FR aguda, lesões inflamatórias focais são encontradas em vários tecidos. → Lesões peculiares ocorrem no coração: nódulos de Aschoff, consistindo em focos de linfócitos T, as vezes plasmócitos e macrófagos grandes ativados (células de Anitschkow = patognomônicas da FR = a doença está ali sem dúvidas). → Esses macrófagos vão apresentar citoplasma abundante e núcleos centrais com a cromatina condensada que forma uma fita ondulada central e delgada. → Os nódulos de Aschoff podem ser encontrados em qualquer uma das três camadas do coração, durante a FR aguda, resultando em pericardite, miocardite ou endocardite (inclusive nas valvas) = pancardite. → A inflamação do endocárdio e das valvas do lado esquerdo normalmente resulta em necrose fibrinoide no interior das cúspides ou cordas tendíneas. Sobrejacentes a esses focos necrosados e ao longo das linhas de fechamento, é possível observar pequenas vegetações, as verrugas que perturbam pouco o funcionamento do coração. → As lesões subendocárdicas, talvez exarcebadas por jatos de regurgitação, podem induzir espessamentos irregulares chamados de placas de MacCallum, geralmente no átrio esquerdo. As setas em A mostra as verrugas; Em B mostra o nódulo de Aschoff (FR aguda) e os macrófagos (seta); C e D mostra estenose mitral (seta mostra a fusão das comissuras valvares) espessamento e encurtamento das cordas tendíneas; Em D, na seta, mostra neovascularização inflamatória; e em E estenose aórtica reumática removida APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 6 → Já na febre reumática crônica, são observadas lesões de cicatrizações das lesões de fase aguda, ou seja, os nódulos de Aschoff se tornam cicatrizes fibrosas, tornando os folhetos valvares espessados, encurtados e calcificados, dando o aspecto de “boca de peixe” (imagem c) na valva mitral. → Também pode ocorrer na fase crônica a fusão das comissuras (imagem e), além do espessamento, fusão e encurtamento das cordas tendíneas, mais comum na valva aórtica. 3) ANALISAR AS VALVOPATIAS (ETIOGÊNESE E CONSÊQUENCIAS) → As valvopatias são definidas como doenças que acometem primariamente as valvas cardíacas. Elas podem ser na forma de: ✓ ESTENOSE: consiste na incapacidade dela se abrir completamente, o que resulta na obstrução do fluxo sanguíneo. Na maior parte dos casos, isso vai ser defeito das próprias valvas cardíacas. ✓ INSUFICIÊNCIA: significa falha de fechamento completo da valva, o que permite que parte do sangue volte para a câmara de onde saiu (regurgitação). Isso vai ser defeito das valvas ou estruturas de suporte (musculatura papilar). ✓ DUPLA LESÃO: é a associação de estenose e insuficiência. → Nas valvopatias, o coração sofre mudanças adaptativas sob forma de hipertrofia da parede e/ou dilatação das cavidades. → As valvopatias podem ser, ainda: ✓ CONGÊNITAS: a congênita mais comum é a valva aórtica bicúspide, que na maioria dos indivíduos não provoca nem estenose nem insuficiência ao longo da vida, mas essa condição confere uma maior predisposição a calcificações distróficas, que pode levar a um quadro de estenose. → O fluxo turbulento valvar gera os sopros cardíacos. → O efeito da valvopatia depende de diversos fatores: ▪ Qual valva está acometida; ▪ Grau de acometimento; ▪ Velocidade de instalação da condição (agudo ou crônico); ▪ Mecanismos compensatórios gerados ✓ ADQUIRIDAS: são associadas à idade, e podem ocorrer de duas formas: ▪ Pela presença de calcificações: As calcificações podem ser tanto cúspides, mais frequentes na valva aórtica, quanto anulares, mais frequentes na valva mitral. ▪ Alterações da matriz celular (MEC): é representada principalmente por sua degeneração mixóide, com aumento de proteoglicanos e diminuição do colágeno e elastina da valva. ❖ INSUFICIÊNCIA/REGURGITAÇÃO MITRAL → A regurgitação da valva mitral é caracterizada pelo fechamento incompleto da mesma, com o volume sistólico ventricular esquerdo sendo dividido entre volume sistólico anterógrado (direção à aorta) e volume sistólico retrógrado (direção ao átrio esquerdo durante a sístole). → A cardiopatia reumática (CR) está associada a uma valva rígida e espessada, que não abre ou fecha completamente. → Além da CR, a regurgitação mitral pode resultar da ruptura das cordas tendíneas ou dos músculos papilares, da disfunção dos músculos papilares ou do estiramento das estruturas valvares em consequência da dilatação do VE ou do orifício valvar. → O prolapso valvar mitral é uma causa comum de regurgitação da valva mitral. ❖ ESTENOSE MITRAL → Representa a abertura incompleta da valva mitral durante a diástole, com distensão do átrio esquerdo e comprometimento do enchimento do VE, a incapacidade é gerada pelo espessamento da valva mitral. → A principal causa é a FR, sendo mais comum em mulheres, normalmente por volta dos 40 a 50 anos. → O defeito congênito é menos comum e se manifesta durante as fases iniciais da vida ou no adulto de idade avançada, relacionada à calcificação anular. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 7 → Quando há estenose mitral, é gerado gradiente de pressão persistente entre o ventrículo e átrio esquerdos, e isso provoca dilatação do átrio esquerdo. → Essa pressão, em longo prazo, também é transmitida pela veia pulmonar para o pulmão, causando o aumento da pressão pulmonar. Com a evolução da doença, essa sobrecarga se reflete nas câmaras direitas do coração, levando à congestão sistêmica. → O VE é poupado, o que não acontece na maioria das doenças cardíacas, só ocorrem alterações no VE em fases muito tardias da doença ou quando tem alguma associada. → A fração de ejeção é reduzida, devido a uma pré-carga reduzida, e pós-carga aumentada, devido a vasoconstrição reflexa gerada pelo debito cardíaco reduzido (SRAA). ❖ INSUFICIÊNCIA/REGURGITAÇÃO AÓRTICA → É o resultado de uma valva aórtica insuficiente (fechamento insuficiente) que permite o fluxo retrógrado do sangue para a o VE durante a diástole. → Como resultado, o VE precisa aumentar o volume sistólico para incluir tanto o sangue que entra dos pulmões como aquele que extravasa e retorna pela valva regurgitante. → Esse defeito pode resultar de condições que causam cicatrização dos folhetos da valva, ou de um alargamento do orifício valvar que afastaos folhetos a ponto de deixarem de se tocar. → Existem diversas causas: incluindo FR, dilatação idiopática da aorta, anormalidade congênitas, endocardite infecciosa e síndrome de Marfan. Outras causas incluem hipertensão, traumatismo e insuficiência de uma prótese valvar. ❖ ESTENOSE AÓRTICA → Como já visto, estenose corresponde à dificuldade de a valva abrir, dessa forma, aqui ela é caracterizada pelo aumento da resistência à ejeção do sangue para a aorta. → As principais causas são: ✓ Cicatriz pós-inflamatória (doença reumática): é um fator etiológico menos predominante. ✓ Estenose aórtica calcificada senil: envelhecimento associado a fatores de risco como hipertensão e dislipidemia, gerando perda de mobilidade na valva. Acredita-se que a calcificação esteja associada a mecanismos inflamatórios similares da doença coronariana. ✓ Calcificação de valva congenitamente deformada: defeitos congênitos, mais comum entre homens. Aqui a aórtica é bicúspide, e não tricúspide. → Com o aumento da pressão sistólica em consequência da obstrução, a parede ventricular esquerda se torna mais espessa, ou hipertrofia, porém o volume normal da câmara é mantido. Esse aumento na espessura da parede consegue manter uma fração de ejeção normal. → A redução da área da valva, de metade até ¼ do seu tamanho normal, produz uma obstrução grave do fluxo e uma sobrecarga de pressão progressiva sobre o VE. REFERÊNCIAS • LEVINSON, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014 • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • FILHO, Geraldo B. Bogliolo – Patologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
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