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Aquisição e Desenvolvimento de Linguagem - Unifatecie

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Aquisição e Desenvolvimento 
de Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per-
mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas 
sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
A917d Aued, Karissa Cristina 
 Aquisição e desenvolvimento de linguagem / Karissa 
 Cristina Aued. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 76 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Psicolinguística. 2. Psicologia infantil. 3. I. Centro 
 Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. 
 III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 401.93 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professora Karissa Cristina Aued
Graduação: 
● Fonoaudiologia
● Pós Graduação: 
● Pós-Graduação Completa em Educação Especial com Ênfase em Educação 
Inclusiva, Universidade Salgado de Oliveira - RJ);
● Pós-Graduação Completa em Neuro psicopedagogia (Faculdade UNIMA);
● Pós-Graduação em Fonoaudiologia Escolar, (Faculdade UNIMA);
● Ampla experiência nas áreas de fonoterapia, audiometrias ocupacionais, 
indicação e adaptação de aparelhos auditivos. 
Penso que ser fonoaudióloga é oferecer ciência com muito amor.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2847594489258917
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), falar de fonoaudiologia de maneira clara é o que nos traz a 
este momento, os assuntos abordados nessa disciplina são de suma importância no labor 
fonoaudiológico. 
Minha proposta é iniciar nossa aprendizagem e trazer o conhecimento básico para 
um futuro fonoaudiólogo de sucesso.
Na unidade I, nos será apresentado conceitos básicos á fonoaudiologia, assim como 
algumas teorias essenciais para o desenvolver do pensar fonoaudiológico. E na unidade 
II, nos será apresentado conhecimento para facilitar a compreensão de como acontece a 
aquisição de fala e linguagem, entendendo a comunicação efetiva; A estimulação de fala 
e linguagem e algumas alterações que acontecem ou podem acontecer nesse processo 
de desenvolvimento.
Chegando à unidade III, nos será apresentado algumas patologias fonoaudiológicas 
específicas, como identifica-las e encaminhar para o tratamento adequado.
Por fim, na unidade IV, nos será apresentado como elaborar anamnese, avaliação 
e tratamento das patologias específicas anteriormente relatadas.
Iniciando assim o projeto de saber das funções fonoaudiológicas, no qual o aluno é 
convidado a compreender não apenas a função do fonoaudiólogo, mas também a base que 
fará parte do seu conhecimento, assim como a organização terapêutica para o desempenho 
desta função.
Meu convite se faz a você, futuro fonoaudiólogo, para iniciar e continuar esta jornada 
de conhecimento, pois conhecimento necessita ser multiplicado, compartilhado e renovado.
 
Meus sinceros agradecimentos!
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Conceitos Básicos
UNIDADE II ................................................................................................... 21
Aquisição de Fala e Linguagem
UNIDADE III .................................................................................................. 37
Alterações Comuns na Fala e Linguagem
UNIDADE IV .................................................................................................. 56
Avaliação
3
Plano de Estudo:
● Conceitos básicos;
● Jean Piaget;
● Vygotsky;
● Chomsky;
● Skinner.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar os pensadores da aquisição de fala e linguagem;
● Desenvolver pensamento crítico pertinente a fonoaudiologia;
● Entender as diferentes teorias e como elas podem 
ajudar nossa construção do conhecimento;
● Engrandecer nossos estudos e nossa prática.
.
UNIDADE I
Conceitos Básicos
Profª. Karissa Cristina Aued
4UNIDADE I Conceitos Básicos
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Considerando que a emissão dos primeiros sons e das primeiras palavras são 
momentos esperados com grande expectativa pela família sabemos que o desenvolvimento 
de fala e linguagem e suas Teorias vem sendo estudado a anos por profissionais de diversas 
áreas tais como: medicina, psicologia, fonoaudiologia entre outros.
A linguagem é um processo em que através de métodos inerentes a cada indivíduo 
transmitimos algo a outra pessoa, nesse contexto esperamos que a linguagem esteja 
sempre evoluindo ou se adaptando ao meio onde a pessoa vive.
Nossa disciplina abordará os conceitos, principais teorias de aquisição de linguagem, 
desenvolvimento de fala e linguagem normais, avaliação, diagnóstico e tratamento 
fonoaudiológico (estimulação e intervenção).
Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!
5UNIDADE I Conceitos Básicos
1. CONCEITOS BÁSICOS
 
1.1 O que é linguagem?
O conceito de linguagem refere-se ao processo de interação entre as pessoas, 
onde usamos mecanismos para transmitir nossas ideias, assim como recebe – lá quando 
ofertadas pelo próximo.
É um conjunto de signos estruturados por um meio, normalmente desde o nascimento 
da criança que facilitando sua interação com o outro.
1.2 O que é voz?
O conceito de voz refere – se ao som ou conjunto de sons produzidos pelas vibrações 
das pregas vocais sob pressão do ar que percorre a laringe. Sendo assim a respiração se 
faz de suma importância para a produção vocal, sendo que a voz acontece quando durante 
a expiração as pregas vogais vibram produzindo a voz propriamente dita.
1.3 O que é a fala? 
A fala se refere à como as pessoas de comunicam oralmente, sendo a forma 
pessoal de expressão do indivíduo que possui organização própria de pensamentos, ideias 
e opiniões (linguagem). A fala é o resultado da voz articulada.
A fala, de forma genérica, pode ser entendida como a maneira de se comunicar 
oralmente, assim como é o processo observável da linguagem oral. Ela está diretamente 
relacionada com a voz e aos órgãos fonoarticulatórios, é considerada individual e 
normalmente recebe influência cultural ganhando assim o que chamamos de “sotaques”.
6UNIDADE I Conceitos Básicos
1.4 O que é língua?
O conceitode língua, está ligado intimamente a uma estruturação verbal que 
organiza os significados em um local pré-determinado. Podemos dizer que a língua se 
estrutura através da linguagem.
Lembramos que em nosso país utilizamos a Língua portuguesa e a Língua 
Brasileira de Sinais, porém a Língua Brasileira de Sinais se restringe a um grupo pequeno 
considerando a Língua Brasileira.
1.5 Gramática e Linguística
É um conjunto de regras e normais que existem para estruturar nossa língua, para 
que assim ela se organize da melhor maneira possível. Isso significa que pessoas de um 
mesmo meio (no caso país) consigam uma comunicação efetiva através da mesma língua. 
A linguística é a ciência que estuda a linguagem.
1.6 Tipos de Linguagem
A comunicação entre as pessoas é chamada de linguagem e a dividimos em 3 
vertentes:
● Linguagem verbal (oral ou gráfica);
● Linguagem Não-Verbal;
● Linguagem Mista.
 
1.6.1 Linguagem verbal
A fala é um tipo de linguagem verbal. Na fonoaudiologia, normalmente chamamos 
de fala. Na fonoaudiologia dividimos estas definições e chegamos a comunicação oral 
(palavras emitidas) e comunicação gráfica (palavras escritas). 
A linguagem verbal, ou seja, a fala é composta essencialmente por palavras 
faladas. Porém a linguagem gráfica composta por leitura e escrita também é considerada 
linguagem verbal, pois em ambas utilizamos a mesma organização de regras, ou seja, a 
mesma gramática para direcionar sua organização.
Na linguagem verbal utilizamos as codificações neurais elaboradas desde o 
nascimento e que nos fazem subsistir em sociedade, pois este compõe o sistema de troca 
de informações através dos sons da fala e nos transforma em seres capazes de subsistir e 
evoluir com a troca de informações e sentimentos.
Cada indivíduo possui uma linguagem própria sendo autônomo para construí – lá 
de acordo com suas bases familiares e cognitivas, entendamos que a interação entre os 
indivíduos sempre acontece porque ali está presente e estruturada uma forma de linguagem.
7UNIDADE I Conceitos Básicos
Diante de todas essas informações nos deparamos com o termo Fala Funcional 
esta é o meio pelo qual um indivíduo se comunica, falando de forma clara e espontânea 
comunicando seus desejos e necessidades, ou seja, é uma fala com significado.
1.6.2 Linguagem não-verbal
Placas informáticas como placas de trânsito, assim como semáforos são exemplos 
de linguagem não-verbal.
Nem toda forma de linguagem utiliza-se necessariamente de palavras. Podemos 
citar placas de trânsito, placas informativas, gestos, expressões faciais, símbolos, entre 
outros para exemplificar a linguagem não-verbal.
1.6.3 Linguagem mista
A linguagem mista é composta por palavras e imagens como nas tirinhas, quadri-
nhos ou placas informativas.
A Linguagem mista é aquela que une a linguagem verbal e não-verbal, como o 
cinema, o teatro ou as revistas.
1.6.4 Linguagem formal e informal
Em situações diversas utilizamos a linguagem de maneira diferenciada, a estas 
linguagens podemos chamar de linguagem formal e informal.
Uma pessoa normalmente faz uso das duas linguagens o que difere é a situação, 
esta será determinante na escolha das palavras determinando assim uma linguagem formal 
ou informal. Na linguagem formal escolhemos uma linguagem mais rica em detalhes e 
organização gramatical, já a linguagem informal é definida por uma linguagem mais simples 
e pouco estruturada.
Por exemplo, o uso da linguagem informal é mais comum entre uma conversa de 
amigos. Por outro lado, uma reunião de trabalho costuma requerer uma linguagem formal.
1.7 Aquisição da linguagem
Quando o bebê nasce ele não apresenta linguagem, esta vai se estruturando a partir 
do nascimento com as necessidades básicas do bebê, ou seja o mesmo precisa comer, sente 
– se desconfortável quando não está trocado e a partir desses sentimentos que ainda não 
tem nome para esta criança os pais ou responsáveis vão falando, o bebê vai processando 
e iniciando seu processo comunicativo, quando o bebê mama no seio e olha para a mãe 
acontece uma mágica, a primeira comunicação entre mãe e filho, logo após isso ele chora 
e percebe que a mãe o troco quando o faz sentindo – se bem com a troca, ou o bebê chora 
e a mãe o alimenta, iniciando uma comunicação sem palavras e organização de linguagem.
8UNIDADE I Conceitos Básicos
 Para a fonoaudiologia a amamentação é muito importante pois além de nutrir e 
hidratar, aumenta os laços afetivos e fortalece musculatura facial.
Informações a respeito das alterações da linguagem infantil devem estar ao 
alcance de todos os profissionais que trabalham com crianças afim de que 
estes possam orientar e encaminhar as famílias cujos filhos por algum motivo, 
não estejam conseguindo evoluir satisfatoriamente (ZORZI, 2000, p. 12).
A linguagem oral acontece devido a ação conjunta dos órgãos fonoarticulatórios, 
tendo como coadjuvante o Sistema Nervoso Central que coordena a produção da fala. 
Entendendo que as palavras faladas chegam aos receptores da orelha sob forma de ondas 
sonoras, estas são transmitidas por vias auditivas ao córtex cerebral sendo ali interpretadas. 
Os centros da linguagem são acionados para produzir a resposta coerente e rápida, resposta 
que chega as áreas motoras que coordenam os músculos do mecanismo da fala. Sendo 
assim a linguagem oral ou fala pressupões duas ou mais pessoas participantes.
O cérebro humano é dividido em dois hemisférios direito e esquerdo, a produção da 
linguagem acontece graças a ação dos dois hemisférios simultaneamente, porém a ação 
do hemisfério esquerdo é dominante na produção da fala e linguagem.
FIGURA 1 - LATERALIDADE CEREBRAL E PRINCIPAIS ATIVIDADE
 
Fonte: COMO funciona o nosso cérebro. Home Seniors Day Care. 2022. Disponível em: https://home-
seniors.blogspot.com/2018/11/como-funciona-o-nosso-cerebro.html Acesso em: 15 dez. 2021.
9UNIDADE I Conceitos Básicos
O hemisfério esquerdo é responsável pelo ritmo de fala, significado verbal, 
entonação timbre, sequenciação, relação entre os elementos e formação de conceitos. 
Neste hemisfério encontra – se a área de Broca (Codifica a linguagem) e Werneck 
(processa a compreensão verbal)
O hemisfério direito domina a sintaxe de imagens visuais e auxilia a formação da 
entonação, timbre e formação de conceitos.
FIGURA 2 - CONEXÃO ENTRE A ÁREA DE BROCA E WERNICKE ATRAVÉS DO 
FASCÍCULO ARQUEADO
 
Fonte: PARDO, D. T. Guia Visual Rápido para Neurofisiologia da Fala e da Audição. PsicoSabedoria, 
2016. Disponível em: https://psicowisdom.wordpress.com/2015/02/13/guia-visual-rapida-sobre-neurofisio-
logia-del-habla-y-escucha/. Acesso em: 15 dez. 2021.
Saber a função e localização destas áreas são de suma importância para a 
fonoaudiologia, pois a partir daí pode-se avaliar, diagnosticar e tratar patologias da fala e 
linguagem decorrentes de disfunções e ou traumatismos neurológicos.
Segundo Lyons (1987), a linguagem é um sistema de comunicação utilizado para 
a interação social. De modo que a linguagem é todo tipo de comunicação em que se pode 
ser compreendido. 
Borges e Salomão (2003, p. 327) afirma que “A linguagem corresponde ainda a 
uma das habilidades especiais e significativas dos seres humanos, compreendida como um 
sistema de sinais de duas faces – significante e significado”.
Ao analisarmos o desenvolvimento de fala e linguagem da criança notamos que 
existe uma sequência no desenvolvimento neural, a esta sequência chamamos Marcos 
do Desenvolvimento e em cada marco podemos notar uma evolução linguística, ou seja 
o desenvolvimento de fala e linguagem acontece concomitantemente ao amadurecimento 
das funções neurais e cognitivas da criança.
10UNIDADE I Conceitos Básicos
Considerando as afirmativas acima vemos que a criança inicia seu processo de fala 
por uma necessidade de comunicar o que quer ou o que não quer (instintivamente), assim a 
mãe oferece modelos linguísticos aos quais a criança modela da melhor maneira possível,iniciando balbucios seguidos de fala.
As palavras estão ligadas a conceitos, ideias, sentimentos, experiências que 
enfatizam o “ser”, afinal somos o que pensamos. A aquisição da linguagem insere – se no 
quadro de evolução do processo global de comunicação, que engloba símbolos verbais e 
não verbais (ZORZI, 2000, p. 12).
O responsável direto pelo bebê é que oferece os significados quando o mesmo 
nos oferta uma expressão facial “um choro, uma risada, etc.”, falando com o bebê fazen-
do-o entender involuntariamente que a comunicação se faz como aquela pessoa que lhe 
oferece conforto faz.
O contexto do desenvolvimento de fala e linguagem parece simples, porém é um 
processo complexo e estruturado a partir de um sistema neural organizado, também pelas 
funções pragmática, sintática, fonética e fonológica, isso tudo nos lembra da necessidade 
da intenção comunicativa pois sem ela não existe comunicação. 
Considerando a linguagem necessitamos compreender alguns pensadores que 
nos auxiliaram com seus estudos e teorias, sendo assim serão apresentados 4 estudiosos 
que fizeram diferença, porém muitos outros também não são menos importantes.
A Teoria Construtivista de Jean Piaget diz que o homem possui potencial e que de 
forma receptiva o conhecimento é desenvolvido.
A Teoria Interacionista é a definida por Vygotsky diz que existe uma interação 
entre o homem e o seu meio em que o conhecimento é construído continuamente através 
desta relação.
A Teoria Inativista é a defendida por Chomsky diz que o homem possui conhecimento 
inato, ou seja, que o homem é pré-disposto a desenvolver a fala e linguagem.
A Teoria Behaviorista de Skinner é elaborada a partir do princípio de ação e 
reação. Várias teorias buscam explicar aquisição da linguagem e apresentaremos as 
principais abordagens:
11UNIDADE I Conceitos Básicos
2. JEAN PIAGET
 
Piaget nos diz que a existência da criança em um contexto, ou seja, no meio onde 
vive desenvolve estruturas cognitivas fundamentais para o desenvolvimento. Considera 
“esquema” um padrão de comportamento ou pensamento que acontece com a integração 
das unidades mais simples em um todo, levando em conta que este todo é mais complexo 
e organizado. 
Piaget usa o termo esquema para um padrão de comportamento ou pensamento, 
no bebê este “esquema” é o conjunto de reflexos que este apresenta e quanto mais 
estes se organizam e se desenvolvem vão amadurecendo e se tornando generalizados, 
diferenciados e numerosos formando estrutura intelectual que percebe, compreende e 
classifica os acontecimentos de acordo com suas características comuns.
Tendo em vista aquisição da linguagem propriamente dita, Piaget enfatiza que a 
mesma inicia seu processo de desenvolvimento após uma elaboração cognitiva individual, 
não sendo dessa forma inata, pois vê o indivíduo como construtor e dependente do meio 
para esta organização e manifestação de seus processos de assimilação. 
Piaget entende o desenvolvimento individual como uma função de atividades múltiplas 
em seus aspectos de exercício, de experiência e de ação sistemáticos onde estes aspectos se 
coordenam, se autorregulam e se equilibram e dependem das circunstancias, potencialidades 
e condições de cada indivíduo, gerando uma assimilação e acomodação e quando estes dois 
fatores sem desvios dissemos que o indivíduo está adaptado (em equilíbrio).
12UNIDADE I Conceitos Básicos
Entende assimilação um processo cognitivo em que o indivíduo integra, ou seja, 
aprende algo novo (na área da percepção, motora ou se tratando de conceitos).
Pensemos numa criança na praia, ela absorve está experiencia ouvindo, vendo e 
sentindo coisas diferentes do seu cotidiano e tenta adaptar-se a situação criando novos 
estímulos e adaptando-os as estruturas cognitivas pré-existentes.
Piaget entende “acomodação” toda mudança de esquemas de assimilação sob 
a influência de fatores (situações) externos, ou seja, a acomodação acontece quando 
indivíduo (normalmente a criança) não consegue assimilar (entender) um novo estímulo, 
pois ainda não apresenta estruturas cognitivas para tal.
Piaget considera “Acomodação” toda modificação dos esquemas de assimilação sob 
a influência de situações exteriores ao quais se aplicam, por não ter condições cognitivas 
no momento para tal; novas informações não são processadas ou assimiladas da maneira 
esperada, porém nesse momento a criança consegue criar e modificar um “esquema pré-
existente” alterando sua estrutura mental para que compreenda a situação a sua maneira. 
Quando ocorre acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma 
vez modificado a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado. 
Sendo a linguagem para Piaget uma função do pensamento, seu trabalho 
trata das formas que ela assume e do papel que ela desempenha em cada 
um dos estágios do desenvolvimento do pensamento lógico. A fala da criança 
é, assim, enfocada a partir do processamento do pensamento (FONTANA e 
CRUZ, 1997, p. 89).
Piaget divide o desenvolvimento em quatro estágios ou períodos: 
● Sensório-motor (0 – 2 anos); 
● Pré-operatório (2 – 7 a 8 anos); 
● Operatório-concreto (8 – 11 anos) e
● Operatório-formal (12 – 14 anos).
●	Período	sensório-motor (0 - 2 anos): Este nome é dado a um período bastante 
complexo na vida da criança, pois nessa fase ou período acontece a organização 
e desenvolvimento dos aspectos perceptivo, motor, intelectual, afetivo e social, ou 
seja, é a fase em que a criança está iniciando a capitação e decodificação das 
informações do mundo ao seu redor. Esse período inicia-se com reflexos que aos 
poucos são estruturados. 
13UNIDADE I Conceitos Básicos
●	Período	 pré-operacional (2 - 7 anos): Período em que a atividade sensório 
motora é refinada, nesta fase surge inicia a abstração no qual a criança inicia a 
substituição de algo concreto por algo abstrato – função simbólica (diferenciação 
de significante e significado), em que ocorre uma possibilidade de elaboração mais 
requintada, possibilitando maior exploração do mundo, a criança já faz uso de mais 
movimentos e apresenta percepções intuitivas.
• A criança nesse estágio apresenta algumas características:
é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, 
abstratamente, no lugar do outro;
• Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos 
“por quês”);
• Já pode agir por simulação, “como se”;
• Possui percepção global sem discriminar detalhes;
• Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. Exemplo: mostram-se 
para a criança duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de 
salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as 
formas são diferentes. Não relaciona as situações.
●	Período	das	operações	 concretas (7 - 12 anos): Período no qual a criança 
desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, relacionando 
fatos e melhorando a organização dos fatos abstrato, mesmo assim ainda necessita 
do apoio do mundo concreto agindo como facilitador para a abstração. Um fato 
importante é que nesse período a criança adquire o conceito de reversibilidade. 
●	Período	das	operações	 formais (dos 12 anos em diante): Período em que 
a estrutura cognitiva da criança encontra-se mais elaboradas, em um nível de 
desenvolvimento mais elaborado. Nesta fase a criança consegue fazer uma 
abstração total.
Já existe um pensamento logico, a capacidade de formular hipóteses buscando 
soluções. Cognitivamente a criança está em um nível elevado, conseguindo elaborar 
raciocínios lógicos, pensamento crítico para todos os tipos de assunto.
14UNIDADE I Conceitos Básicos
3. VYGOTSKY
 
Para Vygotsky, o desenvolvimento da linguagem implica o desenvolvimento do 
pensamento, pois pelas palavras o pensamento ganha existência. Vygotsky afirma que a 
linguagem possui duas funções básicas intercâmbio social e pensamento generalizante. 
Para o autor, o desenvolvimentoda linguagem da criança inicia quando esta usa 
de formas de comportamento que outras pessoas usaram com ela, (o que chamamos de 
imitação lógica), ou seja, a criança repete o que lhe foi ofertado iniciando assim a comunicação 
e estruturando sua linguagem, onde seu ambiente auxilia na criação de situação em que 
a criança consiga atingir seu objetivo. Em um momento de futura organização cognitiva, 
estes fatores envolverão a fala. Acreditando no desenvolvimento da fala e linguagem de 
forma natural em que o conhecimento é aprendido e desenvolvido por conta própria, ou 
seja, independente de situações ofertadas pelo meio. 
Vygotsky nos apresenta três conceitos fundamentais a nossa profissão: O conceito 
de desenvolvimento real: Entendendo pelo que a criança é capaz de nos ofertar ou de 
produzir sem a interferência de outra pessoa; O conceito de desenvolvimento potencial: 
Entendendo a capacidade da criança em adquirir novos conhecimentos com cooperação 
de outras pessoas; O conceito de zona proximal de desenvolvimento: Entendendo a 
capacidade da criança baseada nos dois ambientes anteriormente expostos.
[...] à distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma 
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de 
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas 
sob a orientação de um adulto, ou em colaboração com os companheiros 
capazes (VYGOTSKY, 1932/1996, p. 97). 
15UNIDADE I Conceitos Básicos
4. CHOMSKY
A Teoria Inativista é a defendida por Chomsky está se estabeleceu a partir do 
estudo de que o ser humano desenvolve a fala e a linguagem por ter um conhecimento 
inato, pré-determinado; afirmando que a linguagem não poderia se desenvolver apenas 
por fontes externas. 
Chomsky se apoiou na ideia de que o ser humano é auto suficiente para o 
desenvolvimento da linguagem, como se houvesse um receptor independente para este 
desenvolvimento criativo e exclusivo do ser humano.
[...] os seres humanos são, então, dotados de uma capacidade inata para 
a linguagem, e possuem um conhecimento sobre o sistema linguístico, 
chamado de “competência”. Isso explica como uma criança, exposta a tão 
poucos dados no seu ambiente, consegue desenvolver um sistema tão 
complexo em tão pouco tempo. Assim, a existência da GU, acionada por 
meio de um Dispositivo de Aquisição da Linguagem – DAL – nas primeiras 
versões da teoria, é o que desencadeia a competência linguística da criança 
(QUADROS e FINGER, 2007, p. 28).
Mesmo acreditando nas potencialidades inatas da criança para o desenvolvimento 
de fala e linguagem, Chomsky não descartou que estímulos facilitadores facilitam e 
favorecem e melhoram o desempenho desta competência.
O que um professor ensina para uma criança fazendo com que as crianças des-
cubram por elas mesmas por meio da curiosidade e da exploração, faz com que 
elas aprendam por elas mesmas de forma muito mais significativa e produtiva, 
do que o que a elas é passado de forma passiva (CHOMSKY, 1988, p. 135).
16UNIDADE I Conceitos Básicos
5. SKINNER
 
Skinner pressupões que o desenvolvimento de fala e linguagem acontece devido 
a processos de imitação e repetição, processo em que a criança repete o que ouve e é 
recompensada por isso. 
B.F Skinner acredita em desenvolvimento de fala e linguagem através de reforços 
positivos e negativos, que farão a criança manter, construir ou eliminar comportamentos 
linguísticos e assim construir uma fala elaborada, mas não considerou os processos 
imaginativos e criativos inerentes as crianças.
Os teóricos behavioristas rejeitam veementemente a existência de qualquer 
tipo de conhecimento inato, pois, segundo eles, o conhecimento – resultado 
do processo de aprendizagem – é produto da interação do organismo com o 
seu meio através de condicionamento estímulo-resposta-reforço (QUADROS 
e FINGER, 2007, p. 13).
Para a teoria behaviorista, o ser humano é um ser moldável pelo seu meio. Dessa 
forma, nessa abordagem teórica, o comportamento linguístico de uma criança é uma 
resposta à estimulação realizada por um fator externo: família, professor ou outros estímulos 
(QUADROS e FINGER, 2007).
17UNIDADE I Conceitos Básicos
SAIBA MAIS
A linguagem é o resultado de uma atividade nervosa complexa que permite a comunicação 
interindividual de estados psíquicos através da materialização de signos multimodais que 
simbolizam estes estados de acordo com uma convenção inerente a uma comunidade 
linguística. Lecours e Cols (1979).
Fonte: Lecours e Cols (1979, p. 35).
REFLITA
Procurar entender o que os pensadores acima estudaram e como suas teorias foram 
estruturadas faz parte do saber fonoaudiológico, portanto não nos permitamos estagnar 
nos estudos!
Fonte: A autora (2021).
18UNIDADE I Conceitos Básicos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas teorias nos foram apresentadas, mas com o pensamento crítico sempre 
devemos nos questionar sobre os fatores que desenvolvem a linguagem: Seriam apenas 
fatores biológicos ou apenas fatores externos.
Hoje sabemos que vários são os fatores responsáveis pela aquisição da fala e da 
linguagem. Para a fonoaudiologia conhecer as diferentes teorias é de suma importância 
pois diante destes desenvolveremos análise para avaliação e planejamento terapêutico.
19UNIDADE I Conceitos Básicos
LEITURA COMPLEMENTAR
As teorias de aquisição de fala e linguagem são variadas, para conhecer mais sobre 
o tema, aprender sobre outras teorias que não foram citadas nesse material e conhecer 
sobre pesquisas no Brasil a respeito de aquisição de linguagem.
Fonte: QUADROS, R. M.; FINGER, I. Teorias de aquisição da linguagem. 
Editora UFSC: Santa Catarina, 2007.Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/268366651. Acesso em: 10 nov. 2021.
https://www.researchgate.net/publication/268366651
https://www.researchgate.net/publication/268366651
20UNIDADE I Conceitos Básicos
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Manual de Fonoaudiologia
Autor: J. Peña-Casanova.
Editora: Artmed.
Sinopse: A segunda edição desta obra chega num momento 
de grandes mudanças e avanços no âmbito da patologia e da 
reabilitação da linguagem. O acumulo progressivo de conhecimentos 
e o desenvolvimento de novas tecnologias irão representar uma 
revolução na atividade clínica. Dentre as contribuições dos últimos 
tempos, destacam-se: a eclosão das abordagens cognitivas, 
o desenvolvimento da psicolinguística e da neurolinguística, o 
espetacular avanço das técnicas de neuroimagem, a expressiva 
introdução dos computadores no diagnóstico e na reabilitação, 
os avanços na neurobiologia, a decisiva introdução do controle 
metodológico e de estudos sobre a eficácia das diferentes 
formas de terapia e a aplicação de abordagens antropológicas, 
sociológicas e socio terapêuticas. Muitas dessas contribuições 
marcam os conhecimentos atuais em fonoaudiologia e fazem 
com que o futuro da patologia da linguagem e a sua recuperação 
sejam muito mais promissores. Nesse contexto de inovações, o foi 
reescrito e acrescido de capítulos, propiciando ao leitor - estudante 
ou profissional - um texto-fonte completo e contemporâneo.
FILME/VÍDEO
Título: Especial Síndrome de Down
Ano: 2017.
Sinopse: Dia 21 de março é o Dia Internacional da Síndrome de 
Down. Conheça histórias de famílias que contém membros com 
essa deficiência e como eles lidam e aprendem com eles.
21
Plano de Estudo:
● Aquisição de fala e linguagem;
● Estimulação de fala e linguagem.
Objetivos da Aprendizagem:
● Iniciar o estudo da comunicação humana efetiva;
● Conhecer o estudo das Alterações de fala e linguagem.
UNIDADE II
Aquisição de 
Fala e Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued
22UNIDADE I Conceitos Básicos 22UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Estudar e compreender os processos de aquisição de fala e linguagem se fazem 
imprescindíveis para a classe fonoaudiológica, tendo em vista que tais conhecimentos 
são a base do nosso estudo enquanto ciência,compreender o desenvolvimento normal 
faz com que tenhamos um raciocínio clinico amplo e preciso em nossas avaliações, 
diagnósticos e intervenções. 
Tenhamos um olhar delicado e voraz frente as informações como ferramentas 
ofertadas entendendo que cada uma delas faz parte de um todo para a construção do saber 
que necessita ser diário para que possamos crescer pessoal e profissionalmente. 
Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!
23UNIDADE I Conceitos Básicos 23UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
1. AQUISIÇÃO DE FALA E LINGUAGEM
 
A aquisição da fala e da linguagem de uma criança sempre foi motivo muitos 
estudos, sendo ela uma manifestação perfeita ou imperfeita, fato é que na atualidade a 
vemos como algo que depende de múltiplos fatores para se desenvolver com veemência. 
A fonoaudiologia vem aprimorando seu conhecimento no sentido de ter um olhar 
mais humano considerando a singularidade do indivíduo e o percebendo como um todo e 
nessa proposta temos uma visão do indivíduo, onde não podemos esquecer de analisar 
seus sentimentos pois estes repercutem diretamente na produção da fala.
A comunicação, objeto de estudo desta profissão, é vista como forma de integra-
ção social do indivíduo por meio das diversas modalidades da linguagem, que possibilita 
ao indivíduo se colocar como agente transformador da sociedade e de sua realidade 
(SOUZA; CUNHA e SILVA, 2005).
Cada pessoa tem uma maneira diferente de se expressar, nesse momento vamos 
dar início aos estudos do desenvolvimento da linguagem oral no que chamamos de “padrões 
de normalidade”, lembrando que os estudos continuam e marcos e conceitos podem ser 
reelaborados com o passar do tempo.
24UNIDADE I Conceitos Básicos 24UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
Nas funções da linguagem podemos definir que:
● Emissor é que envia a mensagem;
● Receptor é que recebe a mensagem;
● Mensagem é o conteúdo a ser passado;
● Canal de Comunicação é o meio pela qual a mensagem é enviada, no nosso 
caso a fala (linguagem oral).
● Código é a língua usada no momento da comunicação;
● Contexto é o objetivo ou a situação a que a mensagem se refere. 
Sobre a importância da fala e da linguagem, Luria (1986, p. 57) afirma:
A palavra não somente designa objetos do mundo externo, ações, traços 
e relações, mas também analisa e generaliza esses objetos. A palavra é o 
instrumento de análise da informação que o sujeito recebe do mundo externo. 
Se no início da vida da criança o significado da palavra possui um caráter 
afetivo, ao finalizar a idade pré-escolar e no começo da escolar, no significado 
da palavra já se encerram as impressões concretas sobre a experiência direta 
real e prática. Nas etapas posteriores começam a haver por trás das palavras 
sistemas complexos de enlaces e relações abstratas, e a palavra começa a 
introduzir o objeto em uma determinada categoria de sistemas conceituais 
hierarquicamente organizados (LURIA, 1986, p. 57).
Veremos a seguir os estudos de Vygotsky em que nos é apresentada as etapas do 
desenvolvimento da seguinte forma:
● Fala social de 0 a 03 anos primeira fase de desenvolvimento de fala e linguagem 
onde a fala está associada a ações e fazem parte de uma comunicação comum 
(pouca organização linguística);
● Fala egocêntrica de 3 aos 6 anos, este estágio apresenta – se transitório onde 
a fala expressa pensamentos mais organizados linguisticamente;
● Função planejada a partir dos 6 anos este é um período de autorregulação 
em que a criança apresenta controle de fala, linguagem interna e comportamento. 
Nesse momento a fala vai se tornando elaborada, a criança domina a ação e faz 
uso da linguagem interna (expressa pensamentos).
Vygotsky também nos direciona com as etapas do desenvolvimento das operações 
mentais:
● Estágio natural ou primitivo considera um período de fala pré-intelectual e os 
pensamentos pré-verbais, no qual as características marcantes são choro, balbucios 
e sorrisos essas características são aspectos comunicativos que antecedem a fala;
● Estágio das experiencias psicológicas ingênuas considera um período no qual a 
criança passa por experiencias psicológicas mesmo antes de entendê-las;
25UNIDADE I Conceitos Básicos 25UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
● Estágio dos signos exteriores, período de evolução das experiências psicológicas 
ingênuas, em que a criança traz o pensamento a seu favor para planejar e ou 
executar as ações que deseja;
● Estágio do crescimento Interior, no qual a criança interioriza pensamentos e fala.
Vygotsky enfatiza em seus escritos:
O estudo do pensamento e da linguagem é uma das áreas da psicologia 
em que é particularmente importante ter-se uma compreensão clara das 
relações interfuncionais existentes. Enquanto não compreendermos a 
inter-relação entre o pensamento e a palavra, não poderemos responder a 
nenhuma das questões mais específicas deste domínio, nem sequer levantá-
las (VYGOTSKY, 2009, p. 06).
Piaget em seus estudos entende as etapas do desenvolvimento de linguagem da 
seguinte forma:
● Período Sensório-motor de 0 a 02 anos em que a criança associa a função 
simbólica a ação motora, iniciando o processo de reconhecimento do próprio corpo 
e fala, algumas vezes apresenta ecolalia;
● Período Simbólico de 02 a 04 anos etapa de forte simbolismo, monólogos e 
acontece a socialização das ações (período de fantasias);
● Período Intuitivo de 05 a 07 anos, etapa de buscas constante por explicações 
(fase do por que), separando a fantasia da realidade e conseguindo manter diálogos.
● Período Operatório concreto de 01 a 11 anos existe a elaboração do pensa-
mento lógico, a criança apresenta boa interação social e comunicativa;
● Período Operatório Abstrato a partir dos 11 anos existe o desenvolvimento do 
pensamento hipotético – dedutivo, assim como abstrações, a linguagem já é usada 
em discussões gerando pensamento crítico e ideias.
Tendo em vista a Teoria de Piaget chegamos à conclusão de que a evolução da fala 
e linguagem está ligado ao desenvolvimento de suas funções psicológicas superiores, não 
sendo possível separar o desenvolvimento de fala e desenvolvimento de pensamento, pois 
estes estão intimamente relacionados.
1.1 Sinais de Alerta para fonoaudiólogos:
● 0 a 06 meses a criança não reage a estímulos sonoros, não sorri ou não mantém 
contato visual;
● 06 a 12 meses a criança não produz sons (balbucios), não reage quando chamada 
pelo nome, não reage a sons familiares (campainha, batidas de palmas, telefone...);
26UNIDADE I Conceitos Básicos 26UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
● Não mantém contato visual;
● 12 a 18 meses a criança não produz palavras isoladas, não reage sorrindo em 
situações de conforto, não mantém contato visual;
● 18 a 24 meses a criança não compreender ordens simples e ter um 24 a 36 
meses a criança não combinar duas palavras para formar frases;
● Vocabulário reduzido a 4 ou 6 palavras;
Atenção:
Após aos 48 meses toda troca, omissão ou distorção fonêmica deve-se observada 
atentamente. A família da criança deve procurar avaliação fonoaudiológica sempre que 
tiver dúvidas quanto ao desenvolvimento de fala da criança e o fonoaudiólogo necessita ter 
conhecimento específico dos marcos do desenvolvimento infantil para uma estimulação, 
intervenção ou para orientação a família.
O desenvolvimento da linguagem depende não somente das condições biológicas 
inatas de cada indivíduo, como também sofre influência de fatores ambientais presentes 
nos meios em que as crianças estão inseridas, como por exemplo, a família e a escola 
(SCOPEL et al., 2011, p. 734).
QUADRO 1 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DA CRIANÇA
 
Fonte: BOONE, D; PLANTE, E. Comunicação Humana e seus distúrbios. Ed. Artes médicas, 1994.; BEE, H. 
A criança em desenvolvimento. Ed. Artes Médicas, 1996; FRANKENBURG, W.K e cols. Manual de aplicação 
do teste de desenvolvimento, Denver II, 1992.
27UNIDADE I Conceitos Básicos 27UNIDADE II Aquisição de Fala eLinguagem
Tendo base a afirmação acima e a experiência clínica chegamos à conclusão que 
muitos fatores podem influenciar o desenvolvimento de fala e linguagem, dentre eles: fato-
res biológicos, fatores emocionais e fatores sociais. 
Considerando os fatores biológicos pensamos na integridade de Sistema Nervoso, 
de Sistema Auditivo, de OFAs e de Cognição em que cada um se faz essencial para uma 
organização e produção de fala e linguagem; 
Como fatores emocionais podemos pensar nas desestruturas familiares onde pais 
não ofertam o afeto necessário e a criança não adquire ou maturidade emocional esperada.
Toda família pode estimular o desenvolvimento de fala e linguagem de suas crian-
ças, porém na maioria das vezes estas necessitam de orientação ao chegar ao consultório 
fonoaudiológico.
Orientações básicas as famílias de crianças com dificuldades ou atrasos no desen-
volvimento de fala e linguagem:
● Ofertar a criança um ambiente aconchegante e tranquilo em que ela se sinta 
segura;
● Enriquecer a rotina da criança com situações que favoreçam o diálogo;
● Interagir sempre com a criança ofertando possibilidades de emissões e ou 
possibilidades de diálogo;
● Dar reforço positivo as intenções comunicativas da criança;
● Estimular aspectos cognitivos da linguagem;
● Observar a criança procurando identificar as atividades que ela mais gosta e se 
valer dessas para criar um ambiente que favoreça a comunicação oral (fala).
Concluímos que para muitas crianças produzir sons de acordo com a língua é 
um desafio, em alguns casos esta dificuldade está relacionada a alterações neurológicas, 
auditivas, orgânicas em OFAs (órgãos fonoarticulatórios), autismo ou síndromes. Porém 
há casos em que as crianças apresentam alterações na fala e não apresentam nenhuma 
das condições citadas são casos de possíveis Desvios Fonológicos. Considerando as 
alterações na fala, é imprescindível que o fonoaudiólogo tenha conhecimento da fonética, 
da fonologia e do desenvolvimento normal da fala para que a partir daí exista uma avaliação 
da história pregressa dos distúrbios atuais, avaliando e concluindo e em qual patologia 
fonoaudiológica o mesmo se enquadra e a partir daí estruturar o melhor tratamento.
28UNIDADE I Conceitos Básicos 28UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
Yavas (2001) indica em um de seus estudos que muitas crianças apresentam 
desordens na comunicação ou tem dificuldades no âmbito fonológico. Isto é, dificuldade 
quanto a organização dos sons, escolha dos sons em sua sequência correta, na constituição 
de palavras ou até mesmo na utilização desse conhecimento.
Segundo Spíndola (2007), a Fonologia, em um sentido mais restrito é o estudo dos 
padrões de sons de uma língua, ou seja, é o estudo sistemático dos sons, entendendo a 
função desses sons em determinada língua, organização e classificação desses sons. Em 
um sentido mais amplo, a Fonologia refere-se ao estudo em todos os aspectos da fala, 
entendendo a percepção, produção, aspectos cognitivos e motores da fala.
A aquisição dos sons da nossa Língua Portuguesa especificamente quanto as 
idades esperadas para aquisição de cada fonema estão apresentadas no quadro abaixo:
QUADRO 2 - IDADE DE AQUISIÇÃO FONÊMICA
Fonte: Adaptado de FERNANDES, B. Aquisição dos sons do Português Brasileiro. Smarty Ears, Estados 
Unidos, 2017. Disponível em: http://www.ipadfono.com/aquisicao-dos-sons-do-portugues-brasileiro/. 
Acesso em: 10 jan. 2021.
29UNIDADE I Conceitos Básicos 29UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
2. ESTIMULAÇÃO DE FALA E LINGUAGEM
Desde o momento em que uma criança nasce ela passa por várias fases até adquirir 
competências no desenvolvimento geral, em se tratando de fala e linguagem observando 
o quadro abaixo perceberemos as nuances da evolução da fala e linguagem em um curto 
período de existência.
QUADRO 3 - ETAPAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
0-3 meses Produção de sons (choro/consolo, gritos, barulhos), “discriminação de sons 
familiares”
4-6 meses Discriminação dos sons da fala – compreensão de palavras – “balbucio”, 
produção de vogais e despois consoantes, “expressões faciais”
7-9 meses Balbucio reduplicado (“babada”) de forma interativa e produção gestual 
comunicativa – “aponta para objetos”
10-12 meses Primeiras palavras reais + jargão (balbucio com fala) “contato visual, 
expressões faciais, vocalizações e gestos (se faz entender por meio dessas 
formas de comunicação antes mesmo de falar)”
12-18 meses Produção de 10-50 palavras e algumas frases de duas palavras – chama 
atenção para receber uma resposta verbal do adulto.
2 anos Produz 150 a 200 palavras e frases de 2 a 3 palavras – nomeia objetos quando 
inquirida.
3 anos Sentenças gramaticais (artigo, preposição, plurais), formula questões
4 anos Clara sintaxe – completa inteligibilidade é esperada aos 4 anos e 6 meses 
(meninas em média um pouco antes) para fonologia do português e do inglês.
Fonte: Adaptado de: ATTACHMENT: Etapas do desenvolvimento da linguagem oral. Psicosol, Blumenau, 
2021. Disponível em: https://psicosol.com/tabela-com-desenvolvimento-da-linguagem/etapas-do-
desenvolvimento-da-linguagem-oral-4-jpg/#top_of_page. Acesso em: 10 jan. 2021.
30UNIDADE I Conceitos Básicos 30UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
A estimulação da fala e linguagem tem início logo após o nascimento do bebê, 
durante a amamentação, onde a mãe troca palavras de carinho, mantém contato visual 
com seu bebê e inicia o trabalho de estimulação de OFAs, todo esse processo faz com que 
a criança obtenha uma maturidade mastigatória e evolução linguística.
FIGURA 1 - O DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM
 
O desenvolvimento de fala e linguagem acontece continuamente na maioria das 
crianças, quando bebê a criança se comunica através do choro, das risadas, evoluindo para 
sons, palavras e frases, porém nesse percurso podem ocorrer alguns percalços que pre-
judicam intimamente o desempenho da criança nessas atividades ressaltando novamente 
questões orgânicas, sensoriais, sociais, afetivas e cognitivas. Na atualidade não podemos 
deixar de considerar que o isolamento social decorrente da Pandemia de Covid-19 afetou 
diretamente o desempenho das crianças em suas habilidades sociais e de fala.
Os distúrbios da comunicação constituem algumas das doenças infantis 
mais prevalentes, manifestando-se como atraso ou desenvolvimento atípico 
envolvendo componentes funcionais da audição, fala e/ou linguagem em 
níveis variados de gravidade. Na maioria das vezes esses distúrbios são 
percebidos pelos pais, que referem que a criança tem dificuldade para falar 
ou que não fala, é dificilmente compreendida, incapaz de dizer alguns sons 
corretamente ou que gagueja (PRATES e MARTINS, 2011, p. 54).
Em caso de comorbidades, no qual já existe uma patologia ou existe a suspeita 
desta é orientado aos pais procurar ajuda fonoaudiológica o mais rápido possível para 
análise de uma possível estimulação ou intervenção precoce.
Souza (2005, p. 427) indica:
As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde devem ser 
garantidas nos variados aspectos associados à comunicação humana 
em todo ciclo vital, uma vez que a comunicação humana abrange o falar, 
o ouvir, o ler, o escrever e os informes não verbais (expressões faciais, 
gestos, hesitações e o próprio silêncio. Sua qualidade é determinante para 
autoconfiança, felicidade e segurança, propiciando uma comunicação mais 
efetiva e fundamental para saúde do sujeito (SOUZA, 2005, p. 427). 
31UNIDADE I Conceitos Básicos 31UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
A fonoaudiologia se faz importante para prevenir e tratar alterações de linguagem, 
pois como ciência da comunicação lhe cabe reverter aspectos alterados evitando que as 
demais etapas do desenvolvimento sejam prejudicadas, um exemplo é a criança que troca 
fonemas na fase de alfabetização fazer a mesma troca na escrita (troca de grafemas).
O número de crianças com atraso do desenvolvimento de fala e linguagem cresceuconsideravelmente juntamente com os diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista e no 
cenário atual de um mundo pós-pandemia.
Pesquisadores afirmam que crianças com atraso no desenvolvimento de linguagem 
podem vir a apresentar dificuldades fonológicas, morfológicas, de semântica e em vários 
outros aspectos. Por isso a importância do atendimento fonoaudiológico precoce.
As alterações no desenvolvimento da fala e da linguagem podem causar sérios 
problemas no desenvolvimento cognitivo e socioemocional na idade escolar 
ou adolescência. Estudos demonstram que a detecção de tais alterações aos 
dois a três anos reduz 30% a necessidade de acompanhamento terapêutico 
(fonoaudiologia, psicologia, educação especial, entre outros) aos oito anos 
de idade (PRATES e MARTINS, 2011, p. 58).
Esta visão, a estimulação de fala e linguagem se faz indispensável no sentido de 
prevenção de possíveis alterações, pois a criança está em evolução contínua, apta a receber, 
relacionar e decodificar as informações do meio, sendo que devemos lembrar e considerar 
que nesta fase a plasticidade cerebral está mais sensível, assim como a linguagem verbal 
caminha lado a lado com outras habilidades desenvolvidas pela criança. Portanto, todo 
processo evolutivo da criança necessita ser observado durante a avaliação.
Em casos de atraso no desenvolvimento da fala e linguagem, o papel do 
fonoaudiólogo tem pertinência desde a avaliação até a intervenção, sendo que muitas vezes 
uma orientação direcionada a família faz diferença no cotidiano da criança e na construção 
linguística da mesma. 
O termo “Estimulação Precoce” normalmente é utilizado quando o objetivo é estimu-
lar a criança mesmo que ela não tenha alterações no desenvolvimento. Já quando utilizamos 
o termo “Intervenção Precoce” a criança está fora dos padrões considerados normais para 
sua idade cronológica, ou seja, apresenta um atraso nos “marcos do desenvolvimento” e 
a terapia fonoaudiológica visa adequação de fala ou de linguagem, nesse caso usamos o 
termo reabilitação. Esta intervenção visa readequar o que está alterado possibilitando um 
prognóstico favorável para a criança em questão. O diagnóstico precoce, ou melhor, o mais 
cedo possível direciona a intervenção no que consideramos período crítico de maturação 
e plasticidade de Sistema Nervoso Central (SNC). A intervenção precoce acontece desde 
os primeiros dias de vida da criança pois muitas vezes o fonoaudiólogo é solicitado para 
auxiliar as mamadas, onde acontece as primeiras intenções comunicativas do bebê.
32UNIDADE I Conceitos Básicos 32UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
Estimular fala e linguagem significa proporcionar condições favoráveis para que a 
criança consiga adquirir um desenvolvimento tranquilo, dentro do que consideramos normal. 
Já fazer uma Intervenção de fala e linguagem significa proporcionar condições favoráveis 
dentro de um contexto terapêutico para que a criança consiga desenvolver as funções 
linguísticas, (de fala e linguagem) que estão aquém dos marcos esperados em sua idade 
cronológica, lembrando que esta intervenção necessita ser lúdica, prazerosa e que nunca a 
criança deverá sentir-se cobrada. A intervenção de linguagem necessita trabalhar ludicamen-
te a vontade da criança comunicar-se através da fala correta. Para crianças com “transtornos” 
a intervenção e estimulação ganha importância ainda maior devendo acontecer de forma 
sistematizada e especializada, sendo o acompanhamento profissional imprescindível.
As diretrizes educacionais brasileiras definem:
Um conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais 
incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus 
primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno 
desenvolvimento no seu processo evolutivo (BRASIL, 1995, p. 11).
Com nosso estudo concluímos que muitos fatores interferem no desenvolvimento 
de fala e linguagem das crianças. No atual cenário de pandemia em que o isolamento 
social tornou-se uma realidade podemos perceber o quanto a socialização faz diferença, 
pois tivemos um aumento considerável de crianças com dificuldades na fala, linguagem e 
socialização; cabendo ao fonoaudiólogo avaliar e reestruturar a desorganização causada 
neste intervalo de tempo, para que as crianças readquiram suas habilidades comunicativas. 
Estas crianças normalmente apresentam dificuldade nas dimensões fonológica, morfológica, 
semântica e pragmática da fala. 
Nessas condições necessitamos refletir sobre a consciência fonológica que 
entendemos como o conjunto de habilidades que vão desde a percepção global do tamanho 
da palavra e de semelhanças fonológicas entre elas, até a segmentação e manipulação de 
fonemas ou sílabas, esta consciência fonológica faz parte de um processo de operações 
mentais no qual existe um processamento de informações baseado na estrutura fonológica 
da nossa fala. Assim a consciência fonológica refere-se à habilidade de manipular segmentos 
de fala, na medida em que a criança vai percebendo o sistema sonoro da língua, ou seja, 
palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis vai estruturando sua comunicação 
com maior riqueza de detalhes.
33UNIDADE I Conceitos Básicos 33UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
 Vamos pensar, nós vimos todos os marcos de aquisição da linguagem, sendo 
assim quando uma criança não se encontra com a evolução esperada precisamos avaliar 
quais fatores podem estar gerando as alterações por isso uma anamnese minuciosa se 
faz necessária para uma avaliação da história pregressa dos distúrbios atuais, a partir da 
anamnese teremos alicerce para direcionar nossa avaliação onde ficará claro se a criança 
necessita ou não de terapia fonoaudiológica. A decisão de iniciar ou não intervenção 
fonoaudiológica dependerá do grau de atraso na criança em questão, mas normalmente 
indicamos o início da terapia o mais breve possível, todos os casos terão evolução com a 
terapia, porém alguns podem evoluir para uma Dislalia. Não podemos esquecer que a criança 
em questão estará mais suscetível a apresentar dificuldades no processo de alfabetização.
SAIBA MAIS
Quando a criança adquire (produz) palavras e lhes atribui significados as áreas de Broca, 
Werneck e Córtex de Associação Adjacente, estão atuantes.
Fonte: A autora (2021).
REFLITA
A postura familiar pode influenciar no desenvolvimento de fala e linguagem da criança? 
Sendo assim a família pode ser uma facilitadora para nosso tratamento?
Fonte: A autora (2021).
34UNIDADE I Conceitos Básicos 34UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) Aluno (a)
Acabamos de aprender sobre o desenvolvimento típico, ou seja, o desenvolvimento 
normal de fala e linguagem, e neste percebemos que a aquisição fonológica está intimamente 
relacionada a este processo. Contar histórias, ler livros, cantar músicas, explorar o ambiente 
ao redor, todas as cores, formas, objetos, cheiros e sons faz com que a criança desenvolva 
sua habilidade perceptiva ao mundo, desenvolvendo assim a fala e linguagem, a criança 
faz uso dos neurônios espelho onde a mesma repete o que ouve ou vê e esta organização 
é feita desde o seu nascimento. Toda pessoa que convive com a criança é um estimulador, 
sendo assim pais, babás e professores são de suma importância pois fazem parte da vida 
da criança em maior tempo e necessitam cuidar para que o ambiente seja favorável ao 
desenvolvimento das habilidades da criança. 
E mesmo que a criança necessite de um apoio fonoaudiológico existe a 
necessidade de os pais atenderem as solicitações realizadas pelo profissional para que 
a criança tenha estímulos corretos em seu ambiente natural sentindo – o encorajador 
e acolhedor à fala. O fonoaudiólogo além de estimulador, readequador também é um 
facilitador as habilidades comunicativas.
35UNIDADE I Conceitos Básicos 35UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
LEITURA COMPLEMENTAR
Para maiorconhecimento sobre as Diretrizes Educacionais Brasileira sobre 
Estimulação Precoce uma indicação de leitura interessante é: Diretrizes educacionais sobre 
estimulação precoce. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1995.
Fonte: BRASIL. Diretrizes educacionais sobre estimulação precoce. Secretaria de 
Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1995. Disponível em: http://www.dominiopubli-
co.gov.br/download/texto/me002557.pdf. Acesso em: 10 nov. 2021.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002557.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002557.pdf
36UNIDADE I Conceitos Básicos 36UNIDADE II Aquisição de Fala e Linguagem
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Linguagem e linguística: uma introdução
Autor: John Lyons.
Editora: LTC; 1ª edição.
Sinopse: Escrito por um dos mais conhecidos linguistas britânicos, 
Lingua(gem) e linguística – uma introdução começa com uma 
exposição geral sobre os objetivos, métodos e princípios básicos da 
teoria linguística, seguindo-se uma introdução a cada um de seus 
principais subcampos: os sons da língua, a gramática, a semântica, 
as modificações linguísticas, a psicolinguística, a sociolinguística, 
a linguagem e a cultura. Em cada uma dessas seções, John Lyons 
refere-se às tendências atuais mais significativas e examina obras 
afins, dando ênfase aos aspectos da disciplina que parecem 
mais fundamentais e duradouros. Ressalta também, ao longo de 
todo o livro, o contexto biológico da linguagem humana e mostra 
como as preocupações e os interesses dos linguistas se conectam 
produtivamente aos interesses das ciências humanas e sociais. Esta 
obra consiste em uma introdução geral à linguística e ao estudo da 
linguagem, destinada particularmente aos estudantes que se iniciam 
na matéria e aos leitores sem conhecimentos prévios do assunto. 
A cada capítulo seguem-se um amplo questionário e exercícios de 
revisão, com o objetivo de testar o aproveitamento da leitura.
FILME/VÍDEO
Título: Vídeo dia do Fonoaudiólogo
Ano: 2017.
Sinopse: O vídeo aborda as áreas de atuação da Fonoaudiologia. 
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=pvcD9GWivmM
37
Plano de Estudo:
● Desvio fonológico;
● Autismo;
● Gagueira;
● Alterações neurológicas e Síndromes.
Objetivos da Aprendizagem:
● Iniciar o estudo de como acontecem as 
patologias fonoaudiológicas acima citadas;
● Identificar e direcionar para o tratamento 
específico quando este for necessário.
UNIDADE III
Alterações Comuns 
na Fala e Linguagem
Profª. Karissa Cristina Aued
38UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
INTRODUÇÃO
Nesta unidade iniciaremos o estudo específico de patologias comuns a 
fonoaudiologia, assim como conceitos básicos que norteiam o desenvolver de nossas 
atividades diárias, considerando estes conteúdos inerentes ao trabalho diário do 
fonoaudiólogo, necessitamos de um olhar carinhoso e atento a todas as informações 
aqui relacionadas entendendo que cada criança tem sua própria característica 
independentemente de apresentar ou não uma patologia fonoaudiológica. 
Entender as patologias e como elas acontecem em cada indivíduo faz diferença no 
desenvolver dos processos terapêuticos e demanda o sucesso do nosso trabalho.
A visão do profissional ao avaliar uma criança, ou um indivíduo necessita ser precisa 
e humanizada para a elaboração de uma hipótese diagnóstica, esta Unidade é altamente 
relevante para o aprendizado fonoaudiológico, pois é o início de uma longa jornada.
39UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
1. DESVIO FONOLÓGICO
 
Quando a criança adquire a fala com alterações fonológicas sem causas aparentes 
consideramos que esta apresenta um Desvio Fonológico, nesse transtorno existe a 
ausência de alterações anatômicas dos órgãos fonoarticulatórios ou de outra ordem, sendo 
assim consideramos Desvio Fonológico uma dificuldade de usar o sistema fonológico de 
maneira correta (fonemas e/ou estruturas silábicas), nessa patologia a criança apresenta 
substituições, omissões ou distorções na fala.
Yavas, Hernandorena e Lamprecht (2001) afirma que a maioria das crianças 
apresentam desordens na comunicação ou tem dificuldades no âmbito fonológico, isto é, 
dificuldade quanto a organização dos sons, escolha dos sons em sua sequência correta, 
na constituição de palavras ou até mesmo na utilização desse conhecimento. Nessa 
organização temos a consciência fonológica como algo de suma importância para o 
desenvolvimento de fala e linguagem, pois de forma simplória é a capacidade de segmentar 
as palavras em sua menor unidade, sendo assim muitas vezes o diagnóstico acontece em 
idade escolar. A consciência fonológica se faz pela competência em várias habilidades: 
reconhecimento e produção de rimas, diferenciação de pares mínimos, habilidades de 
segmentação, subtração de fonemas, segmentação de palavras em sílabas, entre outras 
deixando claro a sua importância na aquisição de fala e na alfabetização da criança
A consciência fonológica na aprendizagem da comunicação gráfica é amplamente 
referenciada na literatura, assim como sua importância no emprego de atividades de cons-
ciência fonológica de forma preventiva ou reabilitadora.
40UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
Considerando uma criança com Desvio Fonológico e seu sistema de fonologia 
notamos que este sistema é semelhante ao de crianças sem alterações consideráveis. 
Verificamos que cada criança desenvolve seu sistema fonológico em sua linguagem de 
maneira única com variações particulares, onde mesmo dentro destas particularidades 
nós direcionamos pelos Marcos do Desenvolvimento analisando as peculiaridades do 
desenvolvimento fonológico. 
A avaliação de um desvio fonológico é um dos momentos mais importantes para um 
terapeuta, pois ao analisar as características dos desvios de fala o terapeuta terá um melhor 
conhecimento dos padrões de fala a serem analisados na sua comunidade de fala. No entan-
to, apesar de existir modos de avaliação diferentes, os tratamentos são sempre os mesmos.
Na década 90 utilizamos muitas vezes o termo Dislalia para definir o que chamamos 
hoje de Desvio Fonológico, a Dislalia era o distúrbio da palavra falada podendo ter origem 
orgânica (fissuras, freios linguais ou labiais alterados, arcada dentaria, etc.) ou funcional 
(falha na musculatura de OFAs). Definimos o desvio fonológico de uma forma simples como 
uma dificuldade no domínio da fonologia. Sendo assim, o termo tem a possibilidade de 
imprecisões articulatórias e problemas na organização do sistema de sons.
Anteriormente utilizamos diversas nomenclaturas para intitular o, como conhecido 
hoje, desvio fonológico, entre essas nomenclaturas destacam-se: dislalia, distúrbio 
articulatório, transtorno fonológico, distúrbio fonológico, até chegar ao desvio fonológico.
Na etiologia das alterações fonológicas tem sido observado que existe relação 
entre o transtorno fonológico e questões biológicas, psicossociais e ambientais. Quanto a 
isso, Pappa e Wertzner (2006) concluíram em seu estudo que o transtorno fonológico está 
associado ao histórico familiar da criança e ao reforço que a família faz na fala da criança, 
ou seja, se a criança tem um familiar com trocas fonológicas, sua chance de apresentar 
tal transtorno é maior que uma criança sem o mesmo histórico na família, assim como 
quando a família estimula ou reforça a fala infantilizada. Quando o uso dos processos 
fonológicos continua além da idade esperada, ou, apresentam processos não observados 
no desenvolvimento fonológico típico, ocorre o que chamamos de desvios fonológicos, que 
são os desvios na fala, na ausência de problemas orgânicos como deficiência auditiva, 
anormalidades anatômicas ou neurofisiológicas e para tratar tal alteração de fala, a terapia 
fonoaudiológica é primordial (GALEA e WERTZNER, 2005)
41UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
2. AUTISMO
 
Existem muitas patologias que apresentam como sintomatologiaa ausência ou 
dificuldade de fala dentre elas encontramos o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), também conhecido como Autismo, é 
um transtorno do desenvolvimento, que se caracteriza por alterações comportamentais, 
dificuldades de interação social e de comunicação, com prevalência cinco vezes maior em 
meninos, para cada um do sexo feminino (FOMBONNE, 2009; RICE, 2007).
O transtorno do espectro autista é um novo transtorno do DSM-5 que 
engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno 
desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do 
desenvolvimento sem outra especificação do DSM-IV. Ele é caracterizado 
por déficits em dois domínios centrais: 1) déficits na comunicação social 
e interação social e 2) padrões repetitivos e restritos de comportamento, 
interesses e atividades (DSM-5, 2014, p. 853).
Atualmente muitos neuropediatras já percebem os sintomas do TEA antes dos 3 
anos de idade e o diagnóstico precoce tem sido um diferencial na intervenção e evolução 
destas crianças. O DSM-V trouxe mudanças importantes para este diagnóstico que é 
sintomatológico, ou seja, é realizado a partir das observações dos sintomas da criança.
42UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
2.1 Critérios diagnósticos de autismo segundo DSM-5
● Com base nas informações do DSM-5 vimos que o indivíduo com TEA apresenta 
uma dificuldade nas relações sociais, pois não existe reciprocidade nas relações 
comuns a sociedade. Apresentando pouca ou nenhuma comunicação verbal usual. 
Sendo TEA diagnosticado principalmente pelos sintomas vale lembrar que mesmo 
estes estando presentes desde o início do desenvolvimento infantil, as manifestações 
se fazem mais efetivas com o passar do tempo quando as intenções comunicativas 
são restritas e os pais consideram que a criança na maioria das vezes não fala.
O fonoaudiólogo necessita conhecer a respeito do TEA, qual a sintomatologia e as 
possibilidades de tratamento, pois o TEA provoca atrasos e desvios no desenvolvimento global 
da criança, em que o diagnóstico precoce juntamente com a intervenção multidisciplinar, 
fazem a diferença para um prognóstico favorável. Devemos ter em mente que cada criança 
tem suas peculiaridades, ou seja, cada criança é única assim também as crianças com TEA 
não são diferentes e cada uma pode apresentar sintomas diferentes da outra. Sendo assim 
alguns sintomas requerem atenção mesmo antes de um diagnóstico fechado:
● Comunicação: atraso ou não emissão de fala, dificuldade de compreensão 
de fala, não compreende metáforas, repetição de palavras ou frases (ecolalia) e 
ausência de contato visual durante a comunicação;
● Comportamento: brinca ou utiliza o brinquedo de forma fora do padrão, interesses 
atípicos ou excessivos, dificuldade em aceitar mudanças de rotina e realização de 
movimentos repetitivos/estereotipados;
● Interação social: dificuldade de se relacionar com crianças da mesma faixa etária, 
prefere ficar isolado, dificuldade para compreender e aceitar ordens, ausência ou 
pouco contato visual;
● Alterações no âmbito sensorial: alterações nos aspectos de visão, audição, 
tato, olfato e paladar. Como sensibilidade excessiva para toques físicos, sons ou 
estímulos visuais, grande incômodo para cortar unhas ou cabelos, limiar de dor 
reduzido e preferência por tipos de consistências alimentares;
No Brasil a pessoa diagnosticada com Autismo se enquadra na Política Nacional 
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (Lei 12.764 
de 27/12/12), considerado assim, pelas Leis vigentes, o autista uma pessoa com uma 
deficiência. Sendo que uma das áreas mais afetadas é a comunicação expressiva e 
receptiva (fala e linguagem)
43UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
Atualmente, o autismo é definido por única classificação. O que também ficou 
evidente no DSM 5, em que o autismo, transtorno do espectro autista e Síndrome de 
Asperger, passaram a ser classificados com Transtorno do Espectro Autista – TEA e usar 
um único CID.
Pais de crianças com diagnóstico de autismo relatam que de 74 a 88% destas 
crianças apresentam indícios significativos antes dos 2 anos de idade e 31 a 55% antes de 
1 ano (YOUNG; BREWER e PATTISON, 2003). 
2.2 Sintomas do Autismo nos primeiros meses de vida:
● Não olha ou retém atenção quando a mãe ou responsável falam com ele;
● Gosta de brinquedos ou objetos, mas não faz interação social;
● Não demostra sentimentos (sorri, faz carinha triste ou de bravo;
● Não apresenta foco visual nos pais ou responsáveis;
● Não emite sons com significado;
● Mostra-se ausência de olhar durante a amamentação;
● Não imita adultos com os sorrir, dar tchau ou mandar beijos;
● Não estende os braços quando quer colo.
2.3 Sintomas do Autismo no 1º ano de vida:
● Não chama os pais usando a fala;
● Não dá tchau, não manda beijo;
● Não apresenta emissões com significado;
● Não apresenta emissão verbal do que quer;
● Mostra-se indiferente ou apresenta reações irritativas a presença de pessoas ou 
mudanças no cotidiano.
2.4 Sintomas do Autismo aos 2 anos
A partir do segundo ano os sinais ficam um pouco mais evidentes.
● Não pede o que quer e muitas vezes usa a mão do responsável levando a até o 
objeto, ou perto do objeto desejado.
● Não mantém atenção quando alguém lhe mostra algo, muitas vezes nem olha.
● Quando chamado pelo nome não atende, muitas vezes parece não ouvir.
● Não demostra emoções, não apresenta expressões faciais.
● Isola-se, evitando contato humano.
● Apresenta aversão a certos sons e muitas vezes reage ao som alto.
44UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
2.5 Sintomas do Autismo entre 3 e 5 anos:
● Normalmente o atraso no desenvolvimento de fala e linguagem fica evidenciado 
claramente.
● Muitas vezes a Escola ou Creche faz reclamações quanto aos comportamentos 
inadequados da criança.
● Existe situações em que a mãe relata que a criança falava e parou de falar.
● Não apresentam ou apresentam pouco contato visual.
● Fica mais claro a falta de expressão facial.
● Quando quer algo normalmente aponta ou leva a mão da pessoa presente ao 
local desejado.
● Não compreende ordens.
● Apresenta preferência por um tipo de brinquedo.
● Normalmente gostam de objetos girantes (ventilador, rodinha do caminhão).
● Coloca os brinquedos em sequência ou prefere brinquedos em que tem que 
montar uma fila.
● Gostam da rotina e reagem a qualquer mudança.
● Hipersensibilidade a sons.
● Podem apresentar seletividade alimentar.
● Apresentam alterações sensoriais. Reagindo de forma negativa a texturas 
diferentes (na comida, roupa, etc).
A etiologia do Transtorno do Espectro do Autismo vem sendo muito estudada, 
porém não se chegou a uma conclusão definitiva, o que sabemos é que fatores genéticos 
e hereditários podem estar intimamente relacionados ao Transtorno, assim como os fatores 
ambientais podem influenciar o desenvolvimento da criança.
As diretrizes de atenção à Reabilitação da pessoa com Transtornos do Espectro do 
Autismo (TEA), sugerem que a anamnese com os responsáveis pelo paciente, componha 
questionamentos a respeito de aspectos qualitativos da comunicação, linguagem e interação 
social, atenção compartilhada, comportamentos de apego, afetividade, brincadeira, 
comportamentos repetitivos e estereotipados, sensibilidade sensorial e problemas de 
comportamento. Além disso, as diretrizes apontam que a observação do paciente se faz 
imprescindível para o diagnóstico e tratamento, de forma que deve ser observada a atenção 
compartilhada, busca de assistência, responsividade social, sorriso, outras expressões 
afetivas identificáveis pelo observador, linguagem, relação com objetos, brincadeiras 
e atividades, brincadeira funcional, brincadeira simbólica, atividade gráfica, movimentos 
estereotipados do corpo e aspectos sensoriais (BRASIL, 2013).
45UNIDADE III Alterações Comuns na Falae Linguagem
O diagnóstico é realizado através das observações e testes de comportamento, ou 
seja, o diagnóstico é realizado através da análise dos sintomas do paciente, este normalmente 
é feito por uma equipe formada por: Médico neurologista, pediatra, fonoaudiólogo, terapeuta 
ocupacional, psicólogo e outros profissionais que venham a compor a equipe multidisciplinar. 
Sabemos que quanto mais rápido for o diagnóstico melhor será o prognóstico da criança 
quando devidamente tratada.
A questão envolvendo a possibilidade de identificação da melhor abordagem 
terapêutica para essas crianças também tem sido discutida na literatura. As 
pesquisas tem identificado a efetividade de diversas abordagens terapêuticas e 
chama a atenção para o fato de que qualquer comparação deve levar em conta 
os dados a respeito do contexto familiar social (FERNANDES, 2008, p. 268).
Nessa linha de pensamento o fonoaudiólogo necessita ter conhecimento para fazer 
a intervenção precoce mesmo sem diagnóstico fechado e encaminhar ao neurologista 
sempre que necessário.
46UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
3. GAGUEIRA
 
Gagueira (Disfemia) é um transtorno na fluência da palavra, ou seja, o ritmo 
da linguagem oral (fala) é interrompido. Estas interrupções podem ou não ser bruscas. 
A interrupção do discurso normalmente vem associada a alterações no tônus e uma 
incoordenação pneumofonoarticulatória.
Van Riper (1973) propõe: “(...) uma palavra mal organizada temporariamente, mais 
a consecutiva reação do falante a esta palavra”.
Nesse transtorno no ritmo da fala (gagueira) acrescentamos uma série de fatores 
psicopatológicos, que complicam o quadro e transformam a disfemia em uma síndrome 
complexa e difícil de tratar.
Van Riper (1973), deixou claro à comunidade científica que, apesar das 
consequências emocionais que uma gagueira poderia gerar em algumas pessoas, ele já 
intuía que as dificuldades estavam no cérebro. E ele chegou a essa conclusão mesmo sem 
nenhuma tecnologia à disposição.
Atualmente, há um número expressivo de técnicas e procedimentos de avaliação 
que possibilitam um diagnóstico diferencial e tratamento da gagueira, sendo que o 
profissional fonoaudiólogo deve estar atento a estes avanços e novas possibilidades de 
sucesso no tratamento.
47UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
O início da gagueira acontece por volta dos 33 meses, porém encontramos relatos 
sobre crianças que começaram a gaguejar com 18 meses, fator que não difere entre 
meninos e meninas, porém em adultos a proporção de gênero é de quatro homens para uma 
mulher, fato não visível na infância, então fica a pergunta o que determina essa mudança 
em adultos? E nessa resposta existe grande discordância entre os autores. Entendemos a 
gagueira como uma alteração ou desordem na organização à linguagem oral em que não 
temos uma etiologia pautada, mas sim muitas possibilidades. Sendo que alguns fatores 
podem colaborar para que esta se instale de forma permanente alterando em grau de 
severidade, a análise destes fatores são fundamentais para organização de um processo 
terapêutico efetivo.
Fatores predisponentes ou fatores de risco à Gagueira:
1. Hereditariedade, quando a criança apresenta pessoas na família com tais 
dificuldades ou convive com pessoas que apresentam uma alteração nos 
processos de fala;
2. Quando a criança convive em ambiente adverso em fase de desenvolvimento;
3. Quando a criança convive com bilinguismo;
4. Quando a família exige mais do que a criança pode ofertar, neste caso esta 
cobrança não necessita estar relacionada a fala.
3.1 A semiologia da Disfemia nos leva a duas formas de Gagueira: 
● Gaguejar tônico: fala entrecortada com espasmos, isto afeta os grupos 
musculares da fonação provocando bloqueio de fala. O paciente normalmente 
procura falar sem bloqueios isso demanda grande esforço intensificando o tônus 
muscular causando fala explosiva e violenta;
● Gaguejar clônico: acontece em rápidas e breves contrações bucais tendo uma 
repetição compulsiva de vocábulos.
Devemos considerar que as duas formas de gaguejar podem ocorrer em um mesmo 
paciente e em uma única fase ou tentativa de comunicação (gagueira tônico-clônica).
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4. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS E SÍNDROMES
 
Na fonoaudiologia das alterações e síndromes a Síndrome mais conhecida é a 
Síndrome de Down, pois nela existe um atraso no desenvolvimento de fala e linguagem e 
alterações no tônus muito característica.
A Síndrome de Down como o próprio nome já diz não é uma doença, mas sim uma 
condição genética, onde o ser humano ao invés de 23 pares de cromossomos apresenta 
24 pares em seu código genético.
4.1 Características da criança com Síndrome de Down:
As características clássicas da criança com Síndrome de Down são possuir rosto 
mais arredondado, olhos amendoados, orelhas menores que o habitual, as extremidades 
também são reduzidas principalmente o tamanho das mãos e dedos, a hipotonicidade 
corporal e facial que favorece a protrusão de língua onde o tamanho da mesma também é 
aumentado, o desenvolvimento de suas funções intelectuais acontecem de maneira lenta 
(neste quesito devemos sempre levar em consideração a estimulação que é ofertada a esta 
criança), as condições cardíacas congênitas normalmente precisam de atenção.
Como em outras síndromes nem todas as características estão presente em todas 
os indivíduos com esta síndrome.
49UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
4.1.1 Etiologia
Muitos estudos foram realizados acerca da etiologia, porém nada que indique que 
os pais possam fazer algo para prevenir a síndrome, alguns estudos nos indicam a alta ida-
de materna como fator predominante na maioria dos casos de crianças com esta síndrome.
4.1.2 Diagnóstico
O diagnóstico pode ser realizado antes do bebê nascer por meio de exames es-
pecíficos solicitados pelo médico responsável (ginecologista). Após o nascimento do bebê, 
quando existe a suspeita desta síndrome o médico responsável solicita um exame chamado 
cariótipo, que avalia a posição dos cromossomos para saber se existe trissomia.
4.2 Síndrome de Pierre Robin
A Síndrome de Pierre Robin também pode ser chamada de “Sequência de Pierre 
Robin” se caracteriza por anomalias faciais, o que faz da intervenção fonoaudiológica 
imensurável a esta criança.
Características:
● Mandíbula diminuída;
● Queda da língua na garganta;
● Obstrução de vias pulmonares;
● Fenda palatina;
● Úvula bífida;
● Infecções de ouvido frequentes;
● Alterações na anatomia de nariz;
● Malformações dentárias;
● Refluxo;
● Alterações cardíacas;
● Crescimento de um dedo a mais nos pês ou nas mãos.
Tudo isso pode favorecer um atraso no desenvolvimento de fala e linguagem, 
atraso na evolução das funções intelectuais, a criança também pode apresentar epilepsia 
ou hidrocefalia.
50UNIDADE III Alterações Comuns na Fala e Linguagem
4.2.1 Diagnóstico
O diagnóstico normalmente é realizado após o nascimento do bebê, com um exa-
me físico, onde o médico responsável muitas vezes solicita o cariótipo para confirmar sua 
hipótese diagnóstica.
4.3 Síndrome de Treacher Collins
FIGURA 1 - SÍNDROME DE TREACHER COLLINS
A Síndrome de Treacher Collins, também chamada de disostose mandibulofacial, é 
uma doença genética rara, que pode acontecer com homens e mulheres.
Características
● Mal formações de cabeça e de face;
● Olhos caídos, fissuras labiais ou palatinas;
● Orelhas pequenas ou ausentes o que nos leva a outra característica: a perda 
auditiva;
● Não apresenta cílios;
● Ausência de alguns ossos da face;
● Maxilar descentralizados;
● Desenvolvimento incompleto do crânio;
● Dificuldades na mastigação e deglutição;
● Problemas respiratórios.
Nesta síndrome o paciente normalmente tem dificuldades de ouvir, respirar e 
se alimentar, mesmo assim o Treacher Collins não é evidenciada pelo risco de morte 
do paciente quando devidamente

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