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PRINCIPIO_DA_IDENTIDADE_FISICA_DO_JUIZ

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PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ 
 
 É sabido que o parágrafo 2º, do art. 399, do Código 
de Processo Penal, introduzido pela lei 11.719/2008, 
estabelece: 
 “O Juiz que presidiu a instrução deverá proferir a 
sentença”. 
 Não resta dúvida, que com o advento desse 
dispositivo no nosso ordenamento jurídico, o magistrado que 
colhe a prova se vincula ao julgamento desta. 
 Veja-se, “verbi gratia”, o aresto a seguir 
colacionado, oriundo do Superior Tribunal de Justiça: 
 “Com a introdução da lei 11.719/2008 no nosso 
ordenamento jurídico, que alterou o art. 399, parágrafo 2º, do 
CPP, o princípio da identidade física do juiz – segundo o qual o 
magistrado que colhe a prova se vincula ao julgamento da 
causa – passou a ser aplicado ao Direito Processual Penal” 
(STJ, HC 135496/DF, j. em 17/09/2009). 
 Antes da reforma produzida pela lei 11.719/2008, 
era possível um juiz acompanhar toda a instrução e, por algum 
motivo, ao final, não proferir sentença sobre o caso, 
transferindo essa responsabilidade a outro magistrado. 
Evidente que o novo magistrado, agora sentenciante, poderia 
determinar a repetição das provas, objetivando uma segurança 
mais efetiva no julgamento do processo. Mas, tratava-se uma 
mera faculdade. 
 Hodiernamente, todavia, isso não mais é possível, 
devendo, aquele que presidiu a instrução processual, 
sentenciar. 
 A grande questão a ser respondida é: Essa regra 
introduzida pela referida lei, comporta exceções? 
 O Superior Tribunal de Justiça já sinalizou que o 
princípio não é absoluto, comportanto, portanto, algumas 
exceções. 
 O supremo interprete das normas 
infraconstitucionais já estabeleceu, por exemplo, que o 
princípio da identidade física do juiz não afasta a possibilidade 
da realização do interrogatório por precatória. Vejamos: 
 “O princípio da identidade física do juiz deve ser 
interpretado de acordo com as circunstâncias do caso concreto, 
porque o legislador, por certo, não proibiu a realização de 
interrogatório por precatória, nos processos em que tal medida 
é a única forma de dar andamento à ação penal” (STJ, HC 
135456/SC, j. em 18/03/2010). 
 Mas, é preciso estar atento para o fato de que não é 
apenas essa a única exceção ao princípio da identidade física 
do juiz. 
 É ainda o Superior Tribunal de Justiça que, em 
recente decisão, reconheceu que a regra do art. 132 do CPC, 
por analogia, deve ser aplicada ao CPP. 
 Significa dizer, que o magistrado que conclua a 
instrução e seja “convocado, licenciado, afastado por 
qualquer motivo, promovido ou aposentado” deverá passar 
“os autos ao seu sucessor”. Grifo nosso. 
 Nessas hipóteses, por óbvio, o magistrado que 
tenha presidido a instrução, não será o mesmo que proferirá a 
sentença, excepcionando-se, mais uma vez, o princípio da 
identidade física do juiz. 
 Vejamos o aresto a seguir colacionado: 
 “Segundo o princípio da Identidade física do juiz, 
previsto no art. 399, parágrafo 2º, do CPP (modificação trazida 
pela lei 11.719/2008), o magistrado que concluir a instrução em 
audiência deverá sentenciar o feito. No entanto, em razão da 
ausência de regras específicas, deve-se aplicar por analogia o 
disposto no art. 132 do CPC, segundo o qual no caso de 
ausência por convocação, licença, afastamento, promoção ou 
aposentadoria, deverão os autos passar ao sucessor do 
magistrado” (STJ, HC 163425/RO, j. em 27/05/2010). 
 No mesmo diapasão, leciona Eugênio Pacelli de 
Oliveira: 
 “Pensamos que o citado art. 132 do CPC não só 
pode, como deve, ser aplicado subsidiariamente. Primeiro, 
porque o CPP não proíbe a aplicação de legislação de outra 
espécie processual; antes, a permite (art. 3º, do CPP). Em 
segundo lugar, porque haverá hipótese em que será preciso 
recorrer-se a uma regra de substituição qualquer, para o fim de 
dar implemento à celeridade processual trazida para os novos 
ritos precessuais penais. Exemplo: quando em férias o 
magistrado, deve-se aguardar o seu retorno para 
julgamento da ação penal? E se houver réu preso?” (Curso 
de Processo Penal, 11ª edição, Lumen Juris, pág. 345). Grifo 
nosso. 
 O Tribunal Regional Federal da 2ª Região, 
enfrentando a questão, embasado no art. 132 do CPC, 
aplicável ao CPP por interpretação analógica autorizada pelo 
art. 3º, asseverou, interpretando a lei 11.719/08, que: 
 “A necessidade de relativização fica até mais 
evidente no Processo Penal, diante de processos com réus 
presos, que não poderiam, obviamente, aguardar o retorno de 
licença ou férias, para que fossem sentenciados” (Proc. 
2009.02.01.000069-0). Grifo nosso. 
 Mas, foi o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, 
que fechou a questão, de forma meridianamente clara e 
conclusiva. Vejamos: 
 “A lei 11.719/2008 que modificou o art. 399, 
parágrafo 2º do CPP ao prever que o magistrado que presidir a 
instrução vincula-se ao feito, devendo proferir a sentança, 
consagrou no âmbito do direito processual penal o princípio da 
identidade física do juiz. Todavia, o magistrado que tenha 
concluído a audiência não terá o dever de julgar a lide se 
afastado por qualquer motivo. Aplicação do art. 132 do CPC, 
por analogia. No caso dos autos a juíza titular havia sido 
afastada em razão das férias, tendo sido convocado outro 
magistrado para atuar em primeiro grau, o que afasta a 
alegação de nulidade. Prevê o art. 132 também que a 
magistrada que proferir a sentença poderá, se entender 
necessário, determinar a repetição das provas já produzidas. 
Prejuízo não comprovado. Sentença mantida. Ordem 
denegada” (HC 37642-2009.03.00.029597-9/SP, 1ª Turma, Rel. 
Vesna Kolmar, j. em 17/11/2009). Grifo nosso. 
 Mais recentemente, em julgamento realizado em 
17/05/2011, nos autos do HC 161.881/RS, a 5ª Turma do STJ 
reiterou esse entendimento, excepcionando o princípio da 
identidade física do juiz na hipótese de férias da juíza titular 
da vara do tribunal do júri, pelo que foi designado juiz substituto 
que realizou o interrogatório do réu e proferiu a decisão de 
pronúncia, considerando não haver qualquer vício a ensejar a 
nulidade do feito. No mesmo sentido, o julgamento proferido no 
HC 184.838/MG, também da 5ª Turma, e o julgamento do HC 
185.859/SP, pela 6ª Turma. 
 Essa, induvidosamente, é uma questão a ser 
enfrentada com extremo equilíbrio, até porque em gozo de 
férias, o magistrado está efetivamente, por um determinado 
lapso temporal, afastado de suas funções. 
 Mas isso não é tudo. O Superior Tribunal de Justiça 
em decisão recente estabeleceu que o princípio da identidade 
física do juiz não tem aplicação, também, no caso de 
interposição de embargos de declaração. 
 Vale dizer, o juiz que presidiu a instrução e proferiu 
sentença poderá não ser o mesmo que julgará os embargos de 
declaração eventualmente opostos contra a decisão. Não 
estará mais o magistrado sentenciante vinculado ao processo, 
podendo a decisão sobre os embargos ser proferida por 
eventual juiz sucessor. 
 Veja-se, “verbi gratia”, o aresto a seguir 
colacionado: 
 “Processo Penal. Habeas Corpus. Apropriação 
Indébita Previdenciária. Sentença Condenatória. Embargos de 
Declaração Opostos. Decisão Proferida por Magistrado 
Substituto. Princípio da Identidade Física do Juiz. 
Inaplicabilidade. Constrangimento Ilegal Não Configurado. 
Ordem Denegada” (STJ, HC 46408/SP, j. em 01/10/2009). 
 Observa-se, ainda, que o princípio sob análise só 
tem aplicação às instruções probatórias concluídas após a 
entrada em vigor da lei 11.719/2008, que ocorreu 60 (sessenta) 
dias após a data de sua publicação, ocorrida em 23/06/2008. 
Aplicável, portanto, o princípio “tempus regit actum”, 
consagrado no art. 2º, do código de proceso penal. 
 Essa, em síntese, é uma rápida análise sobre o 
princípio da identidade física do juiz, buscando demonstrar que 
ela não assume caráterabsoluto, consoante admitem a 
doutrina e a jurisprudência. 
 Salvador, 26 de maio de 2013 
 
 Airton Juarez Chastinet Mascarenhas Júnior 
 Promotor de Justiça

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