sistemas industriais 13 sem a supervisão humana, não havendo a necessidade da presença do trabalhador em todo o ciclo de trabalho, mas sim em um determinado número de ciclos, como uma máquina CNC com um alimentador automático de peças. Nesse caso, o ser humano pode interagir com a máquina apenas para abastecer o alimentador depois de vários ciclos de trabalho, realizando perfurações, retíficas e desbastamento, dependendo do programa, em cada uma das peças. Processos contínuos, como de indústrias químicas e de processamento de petróleo, são processos que necessitam da garantia do fluxo de produção. Esses processos podem ter um ou mais trabalhadores observando a execução, porém, sem intervir de forma frequente na operação. Os sistemas até então estudados podem ser categorizados em três: trabalho manual, trabalhador-máquina e automatizado. Trabalho manual consiste no uso do trabalhador e de ferramentas manuais junto ao processo. Trabalhador-máquina consiste em utilizar a máquina no processo mas com o apoio do trabalhador para atividades complementares como alimentação e/ou descarga. Totalmente automatizado consiste em utilizar máquinas ou células que podem trabalhar sem a necessidade da presença humana por uma quantidade de ciclos de trabalho. Você pode observar que os elementos dos sistemas apresentados são máquinas e homens com vários níveis de interação sobre o processo industrial. Esses níveis dão uma interpretação do grau de automação dos elementos: quanto mais automatizado, menor é a interação do trabalhador com o processo produtivo. Essa observação dá origem a uma estratégia comumente utilizada para a implementação da automação, considerando o tempo e a demanda do produto. Essa estratégia é definida em três fases: Fase 1: produção manual utilizando uma única célula que opera com um trabalhador de forma independente. É utilizada na introdução de um novo produto por ter um baixo custo e utilizar ferramentas que podem ser feitas rapidamente. Assimile U1 - Fundamentos sobre sistemas industriais14 Fase 2: produção utilizando uma única célula automatizada que opera de forma independente. À medida que aumenta a demanda pelo produto e fica claro que a automação se justifica, as células individuais são automatizadas de modo a reduzir a mão de obra e aumentar a produção. As peças ainda são movidas manualmente entre estações de trabalho. Fase 3: produção automatizada integrada utilizando um sistema automatizado multiestação com operações em série e transferência automatizada das unidades de trabalho entre as estações. Quando a empresa tiver certeza de que o produto será produzido em massa por vários anos, pode-se garantir que a integração das células automatizadas de trabalho individuais reduzirá a mão de obra e aumentará a taxa de produção. A Figura 1.3 mostra o gráfico comparativo das três fases e demanda do produto. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.3 | Fases de implementação de automação, segundo a demanda do produto com o passar do tempo Considere que uma empresa de embalagens começa suas atividades com embalagens artesanais, realizando entregas e suprindo uma baixa demanda. Sua produção, nesse caso, é totalmente manual, sendo classificada na primeira fase de implementação da automação. Exemplificando U1 - Fundamentos sobre sistemas industriais 15 Quando ocorre um aumento de demanda, há a necessidade de realizar a automatização de suas atividades para atender ao aumento de produção necessário. Nesse ponto, também aumenta a variedade de produtos que podem ser produzidos. Com a estruturação dessa empresa, ocorre uma necessidade de aumentar ainda mais a produção para atender a uma demanda crescente, e os setores precisam trabalhar integrados, pois, nesta altura, qualquer perda no processo aparece como um grande desperdício. Nesse ponto, realiza-se a integração dos elementos automatizados e até de todo o sistema produtivo. Outra metodologia utilizada para verificação da necessidade de automação de um processo é conhecida como metodologia USA (Understand Simplify and Automate). Suas etapas serão abordadas a seguir: Compreender o processo existente (Understand) O primeiro passo da metodologia USA é a compreensão do processo atual e de todos os seus detalhes. Quais são os insumos? Quais são os produtos? O que acontece exatamente com o produto entre sua entrada e sua saída? Qual a função do processo? Como ele acrescenta valor ao produto? Quais são as operações iniciais e finais da sequência de produção? Elas podem ser combinadas ao processo em questão? Simplificar o processo Uma vez compreendido o processo atual, inicia-se a busca por simplificação das ações do processo. Essa etapa normalmente envolve uma lista de perguntas sobre o processo atual. Qual o propósito dessa etapa ou transporte? Pode ser eliminada? Essa etapa utiliza a tecnologia mais adequada? Como essa etapa pode ser simplificada? Existem etapas desnecessárias no processo que podem ser eliminadas sem que se altere a função? Automatizar o processo Depois que o processo estiver reduzido à sua forma mais simples, a automação pode ser considerada. As formas possíveis de automação incluem as estratégias listadas a seguir. Pode-se implementar uma estratégia de migração para a automação para um novo produto que ainda não tenha sido experimentado. U1 - Fundamentos sobre sistemas industriais16 Sistemas de apoio à produção Além da caracterização dos sistemas físicos, os sistemas de apoio da produção são sistemas que garantem o planejamento e gerenciamento do processo, bem como seus dados e sua programação. Nem sempre esses sistemas têm um contato direto com o processo, mas realizam o controle e planejamento das ações a serem tomadas. Esse apoio trata, em sua maioria, de processamento da informação referente aos processos produtivos, que podem ser: funções de negócio, projeto de produto, planejamento da produção e controle da produção. As funções de negócio são as que realizam a comunicação com o cliente, como previsão de vendas, marketing, registro de pedido, contabilidade, custos e cobrança. É pela previsão de vendas que os dados podem mostrar uma necessidade de demanda e, assim, realizar o planejamento da produção para períodos equivalentes no ano corrente. Por exemplo, quando há sazonalidade de vendas de um certo produto em datas determinadas ou verificação de necessidades de mercado e de aumento de demanda. O projeto do produto consiste em seguir certas especificações solicitadas pelo cliente (ou mercado) para produtos a serem fabricados ou alterações de produtos em fabricação. A demanda do mercado pode ser um ponto de partida para verificação das necessidades e de um posicionamento da empresa para suprir essa demanda. Isso é o que impulsiona o setor de projetos a realizar estudos de novos produtos ou alteração dos existentes. Esse ponto de partida normalmente provém das necessidades apontadas pelo setor de vendas e são encaminhados para o setor de pesquisa e desenvolvimento e engenharia de projetos. O planejamento da produção é um dos sistemas que praticamente executa a fabricação do projeto e lida diretamente com os fatores de capacidade de produção e necessidade de materiais. O sequenciamento das atividades do processo individual e operações de montagem fazem parte do planejamento do processo, do plano-mestre e requisitos do projeto e capacidade produtiva. Para o funcionamento correto desse plano, a sistemática de MPS (Master Production Schedule) é baseada em uma lista de produtos a serem produzidos com suas devidas submontagens e materiais necessários para realizá-las. Essa sistemática também é implementada no planejamento de necessidade de materiais, sendo conhecida como MRP (Material Resource Planning). U1 - Fundamentos sobre sistemas industriais 17 Por fim, o controle da produção é a fase que se preocupa com o controle das operações realizadas na fabricação dos produtos, executando, portanto,