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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO AULA 04 – SUJEITOS PROCESSUAIS Futuros Aprovados, Hoje trataremos dos sujeitos processuais, tema este essencial para o correto entendimento do Direito Processual Penal. Esse assunto vem cada vez mais sendo exigido em concursos públicos e, no decorrer da aula, veremos os pontos que normalmente são apresentados pelo CESPE. Vamos ao que interessa! Bons estudos!!! ********************************************************************** 4.1 – SUJEITOS PROCESSUAIS 4.1.1 CONCEITO A relação jurídica processual abrange várias pessoas. Estas recebem a denominação de sujeitos processuais e podem ser classificados como: a) Principais (ou essenciais): são aqueles cuja existência é fundamental para que se tenha uma relação jurídica processual regularmente instaurada. Consiste na figura do juiz, do acusador (Ministério Público ou querelante) e do réu; b) Secundários (ou acessórios): são aqueles que, apesar de não serem imprescindíveis, poderão intervir no processo a título eventual. É o caso do assistente de acusação e do terceiro interessado. Além dos supracitados sujeitos do processo, há, também, um grupo de indivíduos que apesar de não integrarem propriamente a relação processual, nela intervêm através de atos que concorrem para o regular tramitar do processo penal. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Como exemplos, podemos citar os auxiliares da justiça, peritos, terceiros não interessados etc. 4.1.2 JUIZ O magistrado tem como finalidade principal substituir a vontade das partes e aplicar o direito material ao caso concreto. Por expressa disposição legal, ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. Observe: Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. O juiz (já sabemos que o magistrado é o próprio Estado no ambiente processual), como disposto no art. 251, tem por fim garantir a regularidade da administração processual, isto é, dos vários atos que se seguem, ordenadamente e que também se coordenam durante o processo penal, dando ensejo ao resultado aproximativo do justo. Caso os atos se produzam de maneira difusa, aleatória, tumultuária, poderá se produzir qualquer coisa, menos a justiça que deve resultar do processo. Por isso, o acerto do julgamento depende da exata adequação desses vários atos que vão se internando no ambiente processual para dar ensejo aos seus resultados, cabendo ao juiz, como sujeito processual de tipo essencial (que não pode faltar em um processo), presidir a elaboração e a prática desses atos. Para poder exercer a jurisdição, deve o magistrado possuir as seguintes características: a) Capacidade funcional: deve estar no regular exercício do cargo; b) Capacidade processual: deve ser competente para a causa; c) Imparcialidade: deve realizar o julgamento de forma isenta, não sendo influenciado por emoções ou sentimentos pessoais. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.2.1 PRERROGATIVAS DO JUIZ São garantias conferidas aos juízes a fim de garantir o desempenho da atividade jurisdicional da maneira mais isenta possível. São elas: a) Vitaliciedade: após dois anos, o magistrado se torna vitalício no cargo, só o perdendo em caso de sentença judicial transitada em julgado (CF/1988, art. 95, I); Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; b) Inamovibilidade: garante ao juiz a permanência no local em que se encontra classificado, salvo por razões de interesse público, por meio de decisão por voto da maioria absoluta do Tribunal a que estiver vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa (CF/1988, art. 95, II); Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; c) Irredutibilidade de subsídio: resguarda o magistrado de perseguições de ordem financeira por parte dos governantes (CF/1988, art. 95, III). Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Além destas prerrogativas, podemos citar, também, que constituem garantias atinentes à magistratura: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO d) Ingresso na carreira mediante concurso público de provas e títulos: Exige-se bacharelato em Direito e no mínimo 03 anos de comprovada prática jurídica. Além disso, o candidato deve ser aprovado em concurso e as nomeações deverão acontecer na ordem da classificação final do concurso. (art. 93, I, da CF/1988 e Resolução 11/2006 do Conselho Nacional de Justiça). Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; e) A promoção para entrância superior, com abertura de vagas em cada localidade ou juízo, a serem providas, alternadamente, por antiguidade e merecimento: Para o correto entendimento deste ponto, vamos exemplificar: Imaginemos que foi publicado no diário da justiça vagas referentes a promoções. O texto apresentava a seguinte distribuição: • Rio de Janeiro (03 vagas – por merecimento); • São Paulo (02 vagas – por antiguidade); No próximo edital de abertura de vagas que vier a ser publicado, obrigatoriamente o Rio de Janeiro será por antiguidade e São Paulo por merecimento, ou seja, o edital posterior sempre deve apresentar o termo oposto do anterior: Se foi antiguidade será merecimento e vice- versa. Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...] II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento [...]. Do exposto, podemos resumir: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO PROCESSUAL PENAL– TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.2.2 VEDAÇÕES AOS MAGISTRADOS Com foco na manutenção da imparcialidade, os juízes não poderão (CF/1988, art. 95, parágrafo único): a) EXERCER, AINDA QUE EM DISPONIBILIDADE, OUTRO CARGO OU FUNÇÃO, SALVO UMA DE MAGISTÉRIO; b) RECEBER, A QUALQUER TÍTULO OU PRETEXTO, CUSTAS OU PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO; c) DEDICAR-SE À ATIVIDADE POLÍTICO-PARTIDÁRIA; d) RECEBER, A QUALQUER TÍTULO OU PRETEXTO, AUXÍLIOS OU CONTRIBUIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS, ENTIDADES PÚBLICAS OU PRIVADAS, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES PREVISTAS EM LEI; e) EXERCER A ADVOCACIA NO JUÍZO OU TRIBUNAL DO QUAL SE AFASTOU, ANTES DE DECORRIDOS TRÊS ANOS DO AFASTAMENTO DO CARGO POR APOSENTADORIA OU EXONERAÇÃO. 4.1.2.3 IMPEDIMENTO Caro (a) aluno (a), imagine que você foi aprovado(a) para o concurso de Juiz Federal. Após alguns anos de trabalho você é designado para realizar o julgamento de sua sogra, ou mesmo de sua mãe. Pergunto: Neste caso sua atuação será completamente imparcial e impessoal? CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO É claro que para 99,9% das pessoas a resposta só pode ser negativa e, exatamente por isso, existem as hipóteses de impedimento. Vamos, a partir de agora, entender melhor este instituto processual. Apesar da necessidade de ser imparcial, o juiz não deixa de ser uma pessoa, suscetível de sentimentos. Assim, a lei antecipa a proibição de o juiz exercer a jurisdição em determinados casos, presumindo a possibilidade de parcialidade. No caso dos impedimentos, tal presunção é absoluta (jure et jure). “Mas, professor... O que é essa tal de presunção absoluta?” Para responder, vamos abrir o nosso dicionário do concurseiro: As causas de impedimento, também consideradas como ensejadoras da incapacidade objetiva do juiz, definem que o magistrado não poderá exercer jurisdição no processo em que (art. 252 do CPP): a) TIVER FUNCIONADO SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, COMO DEFENSOR OU ADVOGADO, ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, AUTORIDADE POLICIAL, AUXILIAR DA JUSTIÇA OU PERITO; DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO PPRREESSUUNNÇÇÃÃOO AABBSSOOLLUUTTAA XX RREELLAATTIIVVAA Existem duas espécies de presunção: presunção absoluta e presunção relativa. A presunção absoluta, também conhecida como presunção juris et de jure, caracteriza-se pela impossibilidade de prova em contrário. Como exemplo disso, em direito penal, tem-se a imputabilidade dos menores de 18 anos, pois presume-se de forma absoluta que os mesmos não possuem condições de entender o caráter ilícito dos fatos e de se determinarem de acordo com tal entendimento. A presunção relativa, por sua vez, tem como conseqüência a inversão do ônus da prova, ou seja, quem está sofrendo a imputação do fato é que vai ter que demonstrar que quem acusa está errado. OBSERVAÇÃO São parentes de 1º grau: PAI, MÃE E FILHOS. São parentes de 2º grau: AVÓS E NETOS. São parentes de 3º grau: TIOS, SOBRINHOS, BISNETOS, BISAVÓS. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO b) ELE PRÓPRIO HOUVER DESEMPENHADO QUALQUER DESSAS FUNÇÕES OU SERVIDO COMO TESTEMUNHA; c) TIVER FUNCIONADO COMO JUIZ DE OUTRA INSTÂNCIA, PRONUNCIANDO-SE, DE FATO OU DE DIREITO, SOBRE A QUESTÃO; d) ELE PRÓPRIO OU SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, FOR PARTE OU DIRETAMENTE INTERESSADO NO FEITO. Cabe ressaltar que, segundo entendimento do STF, as hipóteses de impedimento previstas no CPP constituem rol taxativo e, portanto, não podem ser ampliadas. (STF, HC 97.293/SP, DJ 26.06.2009, Informativo 551). Observações: • Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive (art. 253). Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. • O impedimento deverá ser reconhecido ex officio pelo juiz. Não o fazendo, poderá ser arguido o impedimento por qualquer das partes. 4.1.2.4 SUSPEIÇÃO As causas de suspeição, conhecidas como motivos de incapacidade subjetiva do juiz, abrangem situações em que é duvidosa a imparcialidade do magistrado. Há, nestes casos, presunção relativa de incapacidade (juris tantum). Mas quando o juiz será considerado suspeito? O juiz dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 254): CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO a) SE FOR AMIGO ÍNTIMO OU INIMIGO CAPITAL DE QUALQUER DELES; b) SE ELE, SEU CÔNJUGE, ASCENDENTE OU DESCENDENTE ESTIVEREM RESPONDENDO A PROCESSO POR FATO ANÁLOGO, SOBRE CUJO CARÁTER CRIMINOSO HAJA CONTROVÉRSIA; c) SE ELE, SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, SUSTENTAREM DEMANDA OU RESPONDEREM A PROCESSO QUE TENHA DE SER JULGADO POR QUALQUER DAS PARTES; d) SE TIVER ACONSELHADO QUALQUER DAS PARTES; e) SE FOR CREDOR OU DEVEDOR, TUTOR OU CURADOR DE QUALQUER DAS PARTES; f) SE FOR SÓCIO, ACIONISTA OU ADMINISTRADOR DE SOCIEDADE INTERESSADA NO PROCESSO. Diferentemente do impedimento, as hipóteses de suspeição constituem rol exemplificativo, ou seja, podem haver outras situações ensejadoras da suspeição que não encontram previsão expressa no Código de Processo Penal . Observação: Imagine que Tício está sendo processado por estupro e, no dia do julgamento, percebe que será julgado por uma juíza (Mévia). Indignado com a situação e acreditando que um juiz (sexo masculino) poderia atribuir-lhe uma pena mais branda, resolve injuriar Mévia a fim de gerar “confusão” e, posteriormente, alegar suspeição. Será que isso é possível? A resposta é negativa e encontra base no art. 256 do Código de Processo Penal. Observe: Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. 4.1.2.5 CESSAÇÃO DO IMPEDIMENTO E DA SUSPEIÇÃO Nos termos do art. 255 do CPP, o impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes. Exceção: Ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissoluçãodo casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. Podemos resumir o tema da seguinte forma: • CASAMENTO DISSOLVIDO + FILHOS ��� PERMANECE O IMPEDIMENTO E A SUSPEIÇÃO. • CASAMENTO DISSOLVIDO SEM DESCENDENTES ��� NÃO PERMANECE O IMPEDIMENTO E A SUSPEIÇÃO. EXCEÇÃO ��� Ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. 8.1.3 MINISTÉRIO PÚBLICO É instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais (CF/1988, art. 127). Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. É o órgão responsável por promover a ação penal pública e fiscalizar a execução da lei (art. 257, I e II). Art. 257. Ao Ministério Público cabe: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e II - fiscalizar a execução da lei. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Vejo muitos alunos imaginarem, erroneamente, o Ministério Público como aquele órgão acusador que busca condenar o acusado a qualquer preço. Todavia tal entendimento está completamente ultrapassado. Conforme leciona Norberto Avena, mesmo quando exerce a posição de autor da demanda criminal tem sido o Ministério Público rotulado como “parte imparcial”, já que não fica adstrito ao pleito condenatório. Destarte, ajuizando a ação penal, caso venha a convencer-se da inocência do réu, ou, simplesmente, não se convença de sua responsabilidade criminal pelo fato imputado, poderá requerer ao magistrado a sua absolvição, conforme, aliás, facultado expressamente no art. 385 do Código de Processo Penal: Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 4.1.3.1 PRERROGATIVAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO As prerrogativas do Ministério Público estão expressas no art. 38 da Lei nº 8.625/93 e, podemos afirmar, que são as mesmas atribuídas ao magistrado, ou seja: • Vitaliciedade: Os membros do MP, depois de passados dois anos de exercício, só perderão o cargo através de sentença judicial transitada em julgado, proferida em ação de demissão ajuizada pelo Procurador-Geral perante o Tribunal competente. • Inamovibilidade: Regra geral, o membro do MP não poderá ser removido de sua localidade, salvo nas hipóteses de remoção compulsória, motivada pelo interesse público, a qual pode ser determinada pelo Conselho Nacional do Ministério Público ou de órgão colegiado competente do MP, por meio de voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa. • Irredutibilidade de subsídio. 4.1.3.2 VEDAÇÕES AOS MEMBROS DO MINISTÉRO PÚBLICO Assim como os magistrados, os membros do Ministério Público estão sujeitos a determinadas vedações constitucionalmente previstas (art. 128 § 5º, II e § 6º da CF/1988). São elas: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO a) RECEBER, A QUALQUER TÍTULO E SOB QUALQUER PRETEXTO, HONORÁRIOS, PERCENTAGENS OU CUSTAS PROCESSUAIS; b) EXERCER A ADVOCACIA; c) PARTICIPAR DE SOCIEDADE COMERCIAL, NA FORMA DA LEI; d) EXERCER, AINDA QUE EM DISPONIBILIDADE, QUALQUER OUTRA FUNÇÃO PÚBLICA, SALVO UMA DE MAGISTÉRIO; e) EXERCER ATIVIDADE POLÍTICO-PARTIDÁRIA; f) RECEBER, A QUALQUER TÍTULO OU PRETEXTO, AUXÍLIOS OU CONTRIBUIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS, ENTIDADES PÚBLICAS OU PRIVADAS, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES PREVISTAS EM LEI; g) EXERCER A ADVOCACIA NO JUÍZO OU TRIBUNAL DO QUAL SE AFASTOU, ANTES DE DECORRIDOS TRÊS ANOS DO AFASTAMENTO DO CARGO POR APOSENTADORIA OU EXONERAÇÃO. 4.1.3.3 PRINCÍPIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO Sobre o tema dispõe a Constituição Federal que: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. Dos supracitados dispositivos podemos definir que os seguintes princípios informam o Ministério Público: a) Unidade: o membro do Ministério Público é parte de um todo, ou seja, não age em seu nome, mas em prol da instituição. Cabe ressaltar que esta unidade é considerada válida dentro de cada Ministério Público, não havendo que se vislumbrar aplicabilidade de tal princípio entre o Ministério Público Federal e o Estadual, por exemplo. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO b) Indivisibilidade: não existe vinculação pessoal entre o promotor e determinado processo, mas sim entre o Ministério Público e a causa. Daí a possibilidade dos promotores poderem ser substituídos uns pelos outros no decorrer de um processo. c) Independência funcional: os membros do Ministério Público não devem subordinação intelectual ou ideológica a quem quer que seja, podendo atuar segundo os ditames da lei, do seu entendimento pessoal e da sua consciência. 4.1.3.4 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO REPRESENTANTE DO MP Dispõe o art. 258 do CPP: Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. Aqui, novamente, a lei estabelece aos membros do Ministério Público um tratamento igual ao dado aos Juízes. Sendo assim, em resumo, as hipóteses de impedimento e suspeição que analisamos quando tratamos dos magistrados, também é aplicável aos promotores. Podemos relacionar: IMPEDIMENTO: a) TIVER FUNCIONADO SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, COMO DEFENSOR OU ADVOGADO, ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, AUTORIDADE POLICIAL, AUXILIAR DA JUSTIÇA OU PERITO; b) ELE PRÓPRIO HOUVER DESEMPENHADO QUALQUER DESSAS FUNÇÕES OU SERVIDO COMO TESTEMUNHA; c) TIVER FUNCIONADO COMO PROMOTOR DE OUTRA INSTÂNCIA, PRONUNCIANDO-SE, DE FATO OU DE DIREITO, SOBRE A QUESTÃO; d) ELEPRÓPRIO OU SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, FOR PARTE OU DIRETAMENTE INTERESSADO NO FEITO. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO SUSPEIÇÃO: a) SE FOR AMIGO ÍNTIMO OU INIMIGO CAPITAL DE QUALQUER DELES; b) SE ELE, SEU CÔNJUGE, ASCENDENTE OU DESCENDENTE ESTIVEREM RESPONDENDO A PROCESSO POR FATO ANÁLOGO, SOBRE CUJO CARÁTER CRIMINOSO HAJA CONTROVÉRSIA; c) SE ELE, SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, SUSTENTAREM DEMANDA OU RESPONDEREM A PROCESSO QUE TENHA DE SER JULGADO POR QUALQUER DAS PARTES; d) SE TIVER ACONSELHADO QUALQUER DAS PARTES; e) SE FOR CREDOR OU DEVEDOR, TUTOR OU CURADOR DE QUALQUER DAS PARTES; f) SE FOR SÓCIO, ACIONISTA OU ADMINISTRADOR DE SOCIEDADE INTERESSADA NO PROCESSO. Além dessas hipóteses, a doutrina majoritária entende que será impedido de atuar no processo o órgão do Ministério Público que houver pedido o arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação, em relação à ação penal proposta em virtude da rejeição de seu pedido de arquivamento. Por fim, vamos analisar o posicionamento da jurisprudência sobre alguns pontos relevantes para a sua PROVA: STJ, HC 83.020/RS, DJ 02.03.2009 A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. STJ, HC 38.365/GO, DJ 01.10.2007 A designação de promotores de outras Comarcas para auxiliar em determinado processo, sem a interferência na condução da persecução penal, não revela violação ao princípio do promotor natural. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.3.5 PROMOTOR NATURAL E PROMOTOR AD HOC Um tema bastante controvertido na doutrina e na jurisprudência nacional, que se dividem ao determinar se o princípio do promotor natural encontra ou não previsão expressa na Constituição Federal vigente. Parcela da doutrina entende que aludido comando não decorre de disposição expressa, mas do sistema constitucional, que pode ser extraído dos seguintes dispositivos constitucionais: art. 5º, LIII; art. 127, § 1º e art. 128, I e II. Por outro lado, há quem defenda a sua previsão no artigo 128, § 5º, I, "b" da CF, que dispõe: "Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa" O artigo 5º, LIII da CF determina que "ninguém será processado nem sentenciado senão por autoridade competente". Entende-se que o princípio do Promotor Natural é uma extensão do Princípio do Juiz Natural. O termo "processar" localizado no artigo citado, segundo Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Nery significa que "devem todos os promotores de justiça ocupar cargos determinados por lei, vedado ao chefe do MP fazer designações especiais, discricionárias, de promotor ad hoc para determinado caso ou avocar autos administrativos ou judiciais afetos ao promotor natural". DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO PROMOTOR AS HOC Trata-se de um bacharel em direito, não concursado, nomeado como promotor pelo juiz. Na atualidade, é absolutamente vedada a atuação de acusador ad hoc (CF/1988, art. 129, § 2º). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Dessa forma já decidiu o STJ: Trata-se de entendimento solidificado pelo STF (Informativo nº. 511 DE 2008). Assim sendo, o réu tem o direito público subjetivo, além do de conhecer quem o acusa, o de somente ser acusado por um órgão estatal escolhido de acordo com critérios legais previamente fixados. O Plenário do STF, por maioria de votos, já por inúmeras vezes afirmou a existência do princípio do Promotor Natural, condenando a figura do promotor de exceção, por ser incompatível com a Lei Maior de 1988. O Pretório Excelso afirmou que somente o promotor natural é que deve atuar no processo, atuando ele em zelo ao interesse público, garantindo a imparcialidade do órgão ministerial, e sua atuação técnica e jurídica, de acordo com suas atribuições e prerrogativas legais, preservando, assim, sua inamovibilidade. 4.1.4 ACUSADO O processo penal dá, conforme a fase da persecutio criminis, várias denominações aos sujeitos da imputação penal: Na fase de inquérito ele é chamado de indiciado. Quando oferecida a denúncia é chamado de denunciado. Na fase de processamento judicial que antecede a execução, é normalmente chamado de acusado ou réu e, por fim, a partir da sentença condenatória é chamado de condenado ou apenado. Registra-se, contudo, que muito embora a doutrina tradicional rejeite o termo acusado na fase pré-judicial, o código não é uniforme no "CONSTITUCIONAL - PROCESSUAL PENAL - MINISTÉRIO PÚBLICO - PROMOTOR NATURAL - O promotor ou o procurador não pode ser designado sem obediência ao critério legal, a fim de garantir julgamento imparcial, isento. Veda-se, assim, designação de promotor ou procurador ad hoc, no sentido de fixar prévia orientação, como seria odioso indicação singular de magistrado para processar e julgar alguém. Importante, fundamental e prefixar o critério de designação. O réu tem direito público, subjetivo de conhecer o órgão do ministério público, como ocorre com o juízo natural" (RESP 11722/SP, Relator Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, 6ª Turma, 08/09/1992). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO tratamento da matéria, por vezes, chamando de acusado ao suspeito da autoria na fase de investigação preliminar. Podemos, de forma bem objetiva, definir que o acusado é o sujeito que ocupa o pólo passivo da relação jurídica. Excluem-se desta condição: a) OS QUE NÃO SÃO SUJEITOS DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES. EXEMPLO: PESSOAS FALECIDAS; b) OS MENORES DE 18 ANOS; c) PESSOAS QUE GOZEM DE IMUNIDADE DIPLOMÁTICA, O QUE ABRANGE OS CHEFES DE ESTADO E OS REPRESENTANTES DE GOVERNOS ESTRANGEIROS, QUE ESTÃO EXCLUÍDOS DA JURISDIÇÃO CRIMINAL DOS PAÍSES EM QUE EXERCEREM SUAS FUNÇÕES; d) PESSOAS QUE ESTIVEREM AO ABRIGO DE IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL. 4.1.4.1 IDENTIFICAÇÃO DO ACUSADO O acusado deve ser identificado com o nome e outros qualificativos (prenome, estado civil, profissão, filiação, apelido, residência e idade). Assim, imagine a seguinte situação: Tício, ao ser preso, está sem nenhum documento e, após ser perguntado sobre seu nome ele responde: “Eu sou o famosoNapoleão Bonaparte!!!”. Poderá, desta forma, ter início a ação penal? A resposta é positiva, pois a impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. Veja: OBSERVAÇÃO A Constituição Federal previu a possibilidade de a pessoa jurídica ser o sujeito passivo da infração penal nos casos de crime contra a economia popular, contra a ordem econômica e financeira e nas condutas lesivas ao meio ambiente. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. 4.1.4.2 OBRIGAÇÃO DE COMPARECIMENTO O Código de Processo Penal, ao dispor sobre a obrigatoriedade de comparecimento do acusado nos atos processuais dispõe que se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Tal regra encontra-se presente nos seguintes termos: Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Diante do exposto, caro (a) aluno (a), podemos afirmar que o acusado pode ser conduzido coercitivamente para atender a QUALQUER ato processual? A resposta para esta pergunta não é pacífica, mas a doutrina majoritária tem diferenciado duas espécies de atos: • Atos de presença obrigatória: São aqueles que não se realizam sem a presença do acusado. Um exemplo é o caso da audiência destinada ao reconhecimento do acusado por testemunhas. Neste tipo de ato há a possibilidade de condução coercitiva. • Atos em que a presença não é obrigatória: São atos em que o não comparecimento do acusado não gera impossibilidade do acontecimento do procedimento previsto. Neste caso, não deve ser designada a condução coercitiva. Neste sentido já se pronunciou o STJ. Observe o julgado: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.4.3 DIREITOS DO ACUSADO O acusado possui diversos direitos previstos no Código de Processo Penal, na Constituição Federal e em outros instrumentos normativos. De todos eles o que mais vem aparecendo em provas é o direito do acusado ao silêncio e à não auto- incriminação (também chamado da garantia do nemo tenetur se detegere). Tal direito, conforme determina o CPP, deve ser informado ao acusado antes de ser iniciado o interrogatório judicial. Observe: Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. É importante ressaltar que o silêncio do acusado NÃO poderá ser interpretado negativamente pelo magistrado, ou seja, aquele ditado do “QUEM CALA CONSENTE”, no processo penal, NÃO ENCONTRA APLICABILIDADE. Com base no referido princípio o STF se pronunciou sobre o art. 174, IV do CPP que trata do fornecimento de padrão de grafia para a identificação pericial. Veja o dispositivo legal: Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: [...] IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. (grifei). STJ, REsp 346.677/RJ, DJ 30.09.2002 O comparecimento do réu aos atos processuais, em princípio, é um direito e não um dever, sem embargo da possibilidade de sua condução coercitiva, caso necessário, por exemplo, para audiência de reconhecimento. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Segundo o STF, sobre pena de inconstitucionalidade, o supracitado dispositivo deve ser interpretado no sentido de que a autoridade SOLICITARÁ e não MANDARÁ, pois o acusado, com base na garantia do nemo tenetur se deteger, não pode ser obrigado a fornecer padrões de grafia e, assim, produzir provas contra ele mesmo. Veja o elucidativo julgado: Para finalizar este tema, além dos direitos que acabamos de estudar, podemos citar: DIREITOS DO ACUSADO BASE LEGAL à integridade física e moral. CF/1988, art. 5º, XLIX de ser processado e sentenciado pela autoridade competente. CF/1988, art. 5º, LIII ao devido processo legal. CF/1988, art. 5º, LIV ao contraditório e à ampla defesa. CF/1988, art. 5º, LV à presunção de inocência. CF/1988, art. 5º, LVII de não ser submetido à identificação criminal. CF/1988, art. 5º, LVIII de não ser preso salvo em flagrante ou por meio de mandado judicial. Art. 282 do CPP e CF/1988, art. 5º, LXI STF, HC 77.135/SP, DJ 06.11.1998 Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de punir, é fora de dúvida que o dispositivo do inciso IV do art. 174 do Código de Processo Penal há de ser interpretado no sentido de não poder ser o indiciado compelido a fornecer padrões gráficos do próprio punho, para os exames periciais, cabendo apenas ser intimado para fazê-lo a seu alvedrio. É que a comparação gráfica configura ato de caráter essencialmente probatório, não se podendo, em face do privilégio de que desfruta o indiciado contra a auto-incriminação, obrigar o suposto autor do delito a fornecer prova capaz de levar à caracterização de sua culpa. Assim, pode a autoridade não só fazer requisição a arquivos ou estabelecimentos públicos, onde se encontrem documentos da pessoa a qual é atribuída a letra, ou proceder a exame no próprio lugar onde se encontrar o documento em questão, ou ainda, é certo, proceder à colheita de material, para o que intimará a pessoa, a quem se atribui ou pode ser atribuído o escrito, a escrever o que lhe for ditado, não lhe cabendo, entretanto, ordenar que o faça, sob pena de desobediência, como deixa transparecer, a um apressado exame, o CPP, no inciso IV do art. 174. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.5 DEFENSORO Defensor é o responsável pela defesa técnica em um processo penal. Trata-se de profissional habilitado capaz de tornar efetivo o exercício do direito de defesa. “Mas professor... E se o acusado quiser se defender sem advogado/defensor público, não pode?” A resposta, regra geral, é negativa, pois, nos termos da Constituição Federal, o advogado é indispensável à administração da justiça (CF/1988, art. 133). Tal obrigatoriedade também encontra base no art. 261 do CPP que dispõe: de ser informado de seus direitos quando preso. Art. 306 § 2º do CPP e CF/1988, art. 5º, LXIII de não ser preso e nem mantido na prisão, quando a lei admite fiança ou liberdade provisória. CF/1988, art. 5º, LXVI de saber quem foi o responsável por sua prisão. Arts. 288 e 291 do CPP e CF/1988, art. 5º, LXIV à assistência jurídica integral e gratuita, quando não possuir recursos suficientes para constituir advogado. CF/1988, art. 5º, LXXIV à indenização por erro judiciário ou pelo templo que permanecer preso além da sentença. CF/1988, art. 5º, LXXV à duração razoável do processo. CF/1988, art. 5º, LXXVIII à entrevista prévia e reservada com seu advogado, antes de ser interrogado. Art. 185 § 2º CPP ao silêncio sem que este seja interpretado em seu desfavor. Art. 186, parágrafo único do CPP a tradutor ou intérprete quando desconhecer o idioma nacional ou não puder se comunicar em virtude de deficiência. Arts. 192 e 193 do CPP à defesa técnica fundamentada, quando assistido por defensor dativo ou público. Art. 261 do CPP CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. “Mas e se, em uma situação absurda, o processo penal for conduzido sem a defesa técnica?” Neste caso, a súmula 523 do STF leciona que no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Assim, explicando a súmula 523, podemos afirmar que uma defesa deficiente, como, por exemplo, a utilização de um advogado com o registro da OAB cassado, não necessariamente ocasiona a nulidade do processo. A nulidade só terá cabimento se ficar comprovado o prejuízo para o réu. Diferentemente, no caso da inexistência de defesa, a nulidade será ABSOLUTA, ou seja, obrigatoriamente o processo penal será anulado. 4.1.5.1 ESPÉCIES DE DEFENSOR O defensor, no processo, pode ser: • Defensor constituído: é o defensor indicado pelo réu por meio de procuração. Cabe ressaltar que a constituição de defensor independerá de instrumento de mandato (procuração), se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. OBSERVAÇÃO Se o acusado possuir habilitação técnica, ele mesmo poderá promover sua defesa no processo penal, isto é, não se exige que ele tenha um defensor técnico, uma vez que ele é um técnico habilitado, podendo, portanto, atuar em causa própria. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO • Defensor dativo: é aquele nomeado ao réu quando ele não possuir defensor constituído. O réu poderá substituí-lo a qualquer tempo. Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. A nomeação para defender o réu não pode ser recusada pelo defensor dativo, salvo em casos excepcionais, tais como os definidos no art. 15 da Lei nº 1.050/1950: a) ESTAR IMPEDIDO DE EXERCER A ADVOCACIA; b) SER PROCURADOR CONSTITUÍDO PELA PARTE CONTRÁRIA OU TER COM ELA RELAÇÕES PROFISSIONAIS DE INTERESSE ATUAL; c) TER NECESSIDADE DE SE AUSENTAR DA SEDE DO JUÍZO PARA ATENDER A OUTRO MANDATO ANTERIORMENTE OUTORGADO OU PARA DEFENDER INTERESSES PRÓPRIOS INADIÁVEIS; d) JÁ HAVER MANIFESTADO, POR ESCRITO, OPINIÃO CONTRÁRIA AO DIREITO QUE O NECESSITADO PRETENDE PLEITEAR; e) HAVER DADO À PARTE CONTRÁRIA PARECER ESCRITO SOBRE A CONTENDA. Erroneamente, muitos pensam que a nomeação de um defensor pelo juiz está relacionada com a falta de condições financeiras do acusado. Isto está correto no processo civil, mas não no penal. No processo penal, a nomeação de um defensor dativo não está atrelada a demonstração da falta de condições financeiras para constituir um advogado. Basta que o réu permaneça inerte, ou seja, não constitua um defensor, para que o juiz nomeie um dativo. Ocorre, todavia que se o acusado que não for pobre será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. Veja o texto legal: Art. 263. [...] Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Por fim, cabe ressaltar que o defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. 4.1.5.2 NÃO COMPARECIMENTO DO DEFENSOR Imagine a seguinte situação: Tício é nomeado para ser defensor dativo em um processo e, no dia da audiência, bate de carro e, devido ao acidente, percebe que não chegará para a audiência. Neste caso, estará o defensor sujeito a penalização pelo não comparecimento? E o réu, poderá ser prejudicado? É claro que a resposta só pode ser negativa e, neste caso, como se trata de motivo JUSTIFICADO, a audiência poderá ser adiada. Observação: Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. 4.1.5.3 CURADOR AO RÉU MENOR DE 21 ANOS Prevê o art. 262 do Código de Processo Penal que: Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. Essa regra presente no supracitado artigo encontra-se prejudicada por duas razões: em primeiro lugar, o advento do Código Civil de 2002, que equiparou a maioridade penal à civil em 18 anos e, em segundo lugar, devido à revogação expressa do art. 194 que continha regra idêntica. Observe interessante julgado que elucida a questão: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.6 ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO O chamado Assistente de Acusação nada mais é do que oofendido, parte acessória do processo, figurando ao lado do Ministério Público e em seu auxílio. Trata-se de figura absolutamente simétrica ao querelante (ofendido na ação penal privada). A diferença reside no fato de que o primeiro apenas existe na ação penal pública, atuando como interveniente e não autor. Diferentemente, o querelante, é parte da relação processual da ação penal privada. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos. Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público, afinal não tem cabimento o corréu pretender a condenação de quem agiu juntamente com ele para a prática da infração penal. O mesmo vale para a situação em que os corréus ocupam as posições de autores e vítimas da infração penal, como ocorre nas lesões recíprocas. Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. TJ/MG, Acórdão Nº 2.0000.00.492478-1/000, DJ 19.08.05 A exigência de curador ao réu menor de 21 e maior de 18 anos objetivava evitar cerceamento de seus direitos, proporcionando efetiva fiscalização dos atos investigatórios e garantia da ampla defesa, já que a função do curador era proteger e orientar o menor de 21 anos, suprindo, com sua presença, a falta de capacidade do curatelado. Com a modificação introduzida pelo novo Código Civil, a menoridade limitou-se aos 18 anos, a partir de quando a pessoa pode exercer todos os atos da vida civil, desaparecendo, assim, a necessidade dessa nomeação. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.6.1 ADMISSÃO DO ASSISTENTE O assistente poderá ser admitido a qualquer tempo, desde que após o recebimento da denúncia e antes da sentença judicial transitada em julgado. Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar. Para que seja admitido deverão ser cumpridos os seguintes requisitos: a) O REQUERENTE, REPRESENTADO POR ADVOGADO, DEVERÁ SOLICITAR AO JUIZ QUE O DECLARE HABILITADO PARA A FUNÇÃO DE ASSISTENTE; b) O MAGISTRADO DEVERÁ OUVIR O MINISTÉRIO PÚBLICO E VERIFICAR SE O REQUERENTE SE ENQUADRA DENTRE OS LEGITIMADOS DO ART. 268; c) CASO HAJA O ENQUADRAMENTO E A DENÚNCIA JÁ TENHA SIDO OFERECIDA, NÃO PODERÁ O JUIZ INDEFERIR A HABILITAÇÃO, SOB PENA DE ESTAR FERINDO DIREITO LÍQUIDO E CERTO; d) DO INDEFERIMENTO NÃO CABE RECURSO, SENDO POSSÍVEL A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. 4.1.6.2 FACULDADES DO ASSISTENTE O art. 271 do Código de Processo Penal enumera diversos atos que podem ser exercidos pelo assistente. São eles: a) PROPOR MEIOS DE PROVA; b) REPERGUNTAR ÀS TESTEMUNHAS; c) ADITAR AS ALEGAÇÕES FINAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO; d) PARTICIPAR DOS DEBATES ORAIS; e) ARRAZOAR OS RECURSOS INTERPOSTOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, OU DELE PRÓPRIO, CONTRA DECISÃO DE IMPRONÚNCIA, DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE OU SENTENÇA ABSOLUTÓRIA (ARTS. 584, § 1O, E 598). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.6.3 INÉRCIA DO ASSISTENTE No caso de inércia, o processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado. Observe: Art. 271. [...] § 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado. 4.1.6.4 LEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE O art. 577 do Código de Processo Penal, ao tratar dos legitimados recursais dispõe que: Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. Observe que não há a figura do assistente de acusação. Pergunto: Como compatibilizar este dispositivo legal com o art. 271 que menciona que é lícito ao assistente arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público ou por ele próprio? Bom, na realidade o assistente não aparece no art. 577 como legitimado recursal devido ao fato de esse artigo incorporar a relação dos sujeitos processuais genéricos, ou seja, aqueles que podem ingressar com qualquer recurso dentre os previstos em lei. OBSERVAÇÃO STJ, REsp 604.379/SP, DJ 06.03.2006 O rol do art. 271 é taxativo, de forma que o assistente da acusação exerce os poderes estritamente dentro dos limites conferidos por este dispositivo legal. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Não é, entretanto, o que acontece com o assistente, pois este só pode ingressar com determinados recursos e, ainda assim, condicionando-se a que não tenha o Ministério Público recorrido. Cabe ressaltar que, para recorrer, nas situações autorizadas por lei, o assistente não necessita de prévia habilitação, sendo o único ato que pode ele praticar habilitado previamente pelo juízo ou não. Observe interessante e recente julgado (10 de junho de 2010) que consolida e elucida a legitimidade recursal do assistente de acusação: Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer INFORMATIVO Nº 590 DO STF HC 102085/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.6.2010. O Tribunal, por maioria, indeferiu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, impetrado contra decisão do STJ que provera, em parte, o recurso especial interposto pelo assistente de acusação, determinando o prosseguimento do exame de sua apelação, superado o óbice quanto a sua ilegitimidade recursal. Na espécie, o assistente de acusação interpusera apelação contra a sentença que absolvera a paciente do delito de estelionato, cujo acórdão, que não conhecera do apelo em razão de o Ministério Público ter deixado transcorrer in albis o prazo recursal, ensejara a interposição do recurso especial — v. Informativo 585. Não se vislumbrou, no caso, ilegalidade ou abuso de poder no julgado do STJ, mas sim se reputou acatada a jurisprudência consolidada inclusive no Supremo no sentido de que o assistente da acusação tem legitimidade recursal supletiva, mesmo após o advento da CF/88. Mencionou-se, também, o Enunciado da Súmula 210 (“O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 589, do Código de Processo Penal”), o qual não teria sofrido qualquer restrição ou deixado de ser recepcionado pela nova ordem constitucional.Afirmou-se que, apesar de a Constituição Federal, em seu art. 129, I, atribuir ao Ministério Público a competência para promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei, ela teria abrandado essa regra, ao admitir, no seu art. 5º, LIX, a ação penal privada subsidiária da pública nos casos de inércia do parquet. Assim, o art. 5º, LIX, da CF daria o fundamento para legitimar a atuação supletiva do assistente de acusação nas hipóteses em que o Ministério Público deixasse de recorrer. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.7 AUXILIARES DA JUSTIÇA São os responsáveis pela realização de tarefas técnicas e científicas que auxiliam no desempenho da atividade jurisdicional. Exemplos: analistas, escreventes, peritos, oficiais de justiça, intérpretes etc. Vamos analisar os auxiliares que importam para sua PROVA: 4.1.7.1 PERITO Em sentido amplo, são pessoas físicas entendidas e experimentadas em determinados assuntos e que, designadas pela justiça, recebem a incumbência de ver e referir fatos de natureza permanente, cujo esclarecimento é de interesse no processo. Perito criminal: é o policial a serviço da justiça, especializado em encontrar ou proporcionar a chamada prova técnica ou prova pericial, mediante a análise científica de vestígios produzidos e deixados na prática de delitos. As atividades periciais são classificadas como de grande complexidade, em razão da responsabilidade e formação especializada revestidas no cargo. Será multado o perito que: A) NÃO ACEITAR O ENCARGO, SALVO MOTIVO JUSTIFICÁVEL; B) NÃO ATENDER À INTIMAÇÃO DA AUTORIDADE; C) NÃO COMPARECER NO DIA E LOCAL DESIGNADOS PARA O EXAME, SOB PENA DE SER CONDUZIDO COERCITIVAMENTE; D) NÃO APRESENTAR O LAUDO OU CONCORRER PARA QUE A PERÍCIA NÃO SEJA REALIZADA. Causas de suspeição: estendem-se aos peritos as causas de suspeição aplicáveis aos juízes. Pela importância, novamente reproduzo. MUITA ATENÇÃO!!! IMPEDIMENTO: a) TIVER FUNCIONADO SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, COMO DEFENSOR OU ADVOGADO, ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, AUTORIDADE POLICIAL, AUXILIAR DA JUSTIÇA OU PERITO; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO b) ELE PRÓPRIO HOUVER DESEMPENHADO QUALQUER DESSAS FUNÇÕES OU SERVIDO COMO TESTEMUNHA; c) TIVER FUNCIONADO COMO PROMOTOR DE OUTRA INSTÂNCIA, PRONUNCIANDO-SE, DE FATO OU DE DIREITO, SOBRE A QUESTÃO; d) ELE PRÓPRIO OU SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, FOR PARTE OU DIRETAMENTE INTERESSADO NO FEITO. SUSPEIÇÃO: a) SE FOR AMIGO ÍNTIMO OU INIMIGO CAPITAL DE QUALQUER DELES; b) SE ELE, SEU CÔNJUGE, ASCENDENTE OU DESCENDENTE ESTIVEREM RESPONDENDO A PROCESSO POR FATO ANÁLOGO, SOBRE CUJO CARÁTER CRIMINOSO HAJA CONTROVÉRSIA; c) SE ELE, SEU CÔNJUGE OU PARENTE, CONSANGUÍNEO OU AFIM, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, SUSTENTAREM DEMANDA OU RESPONDEREM A PROCESSO QUE TENHA DE SER JULGADO POR QUALQUER DAS PARTES; d) SE TIVER ACONSELHADO QUALQUER DAS PARTES; e) SE FOR CREDOR OU DEVEDOR, TUTOR OU CURADOR DE QUALQUER DAS PARTES; f) SE FOR SÓCIO, ACIONISTA OU ADMINISTRADOR DE SOCIEDADE INTERESSADA NO PROCESSO. Além destas causas, estão impedidos de exercer a função de perito: a) Os que estiverem cumprindo pena restritiva de direito; b) Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; c) Os analfabetos e menores de 21 anos de anos. Obs.: a proibição da escolha de perito menor de 21 anos visa evitar que eventual ausência de amadurecimento do jovem possa contaminar a busca da verdade real (STJ, REsp 259.725/SP, DJ 18.02.2008). 4.1.7.1 INTÉRPRETE É a pessoa conhecedora de determinados idiomas estrangeiros ou linguagens específicas, que serve de intermediário entre a pessoa a ser ouvida, o Magistrado e as partes. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. É isso ai pessoal. Mais um passo dado rumo a tão sonhada aprovação. Agora é hora de consolidar os conceitos com os exercícios e seguir em frente com força total. Abraços e bons estudos, Pedro Ivo "Não são os grandes planos que dão certo; são os pequenos detalhes." Stephen Kanit CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO RREESSUUMMOO DDOOSS PPRRIINNCCIIPPAAIISS PPOONNTTOOSS AAPPRREESSEENNTTAADDOOSS SUJEITOS PROCESSUAIS 1. Conceito: a relação jurídica processual abrange várias pessoas. Estas recebem a denominação de sujeitos processuais e podem ser classificados como: a) Principais (ou essenciais): são aqueles cuja existência é fundamental para que se tenha uma relação jurídica processual regularmente instaurada. b) Secundários (ou acessórios): são aqueles que, apesar de não serem imprescindíveis, poderão intervir no processo a título eventual. 2. JUIZ: tem como finalidade principal substituir a vontade das partes e aplicar o direito material ao caso concreto. 3. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública (art. 251). 4. Características: para poder exercer a jurisdição, deve possuir as seguintes características: a) Capacidade funcional; b) Capacidade processual; c) Imparcialidade. 5. Prerrogativas do juiz: são garantias conferidas aos juízes a fim de garantir o desempenho da atividade jurisdicional da maneira mais isenta possível. São elas: a) Vitaliciedade; b) Inamovibilidade; RESUMO, EM PARTE, RETIRADO DO LIVRO DE MINHA AUTORIA: DIREITO PROCESSUAL PENAL – RESUMO DOS PRINCIPAIS TÓPICOS PARA CONCURSOS PÚBLICOS – 2ª EDIÇÃO www.editorametodo.com.br CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO c) Irredutibilidade de subsídio. 6. Vedações aos magistrados: a) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; b) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; c) Dedicar-se à atividade político-partidária; d) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; e) Exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trêsanos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 7. Impedimentos: As causas de impedimento, também consideradas como ensejadoras da incapacidade objetiva do juiz, definem que o magistrado não poderá exercer jurisdição no processo em que (art. 252): a) Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; b) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; c) Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; d) Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 8. As hipóteses de impedimento previstas no CPP constituem rol taxativo (STF, HC 97.293/SP, DJ 26.06.2009, Informativo 551). 9. Suspeição: O juiz dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 254): a) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; b) Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiverem respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; c) Se ele, seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentarem demanda ou responderem a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; d) Se tiver aconselhado qualquer das partes; e) Se for credor ou devedor, tutor ou curador de qualquer das partes; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO f) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 10. MINISTÉRIO PÚBLICO: é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais (CF/1988, art. 127). 11. Prerrogativas dos membros do Ministério Público: são as mesmas atribuídas ao magistrado, ou seja, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. 12. Vedações aos membros do Ministério Público: a) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) Exercer a advocacia; c) Participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) Exercer atividade político-partidária; f) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; g) Exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 13. Princípios que informam o Ministério Público: a) Unidade; b) Indivisibilidade; c) Independência funcional; 14. Impedimento e suspeição do representante do Ministério Público: os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes (art. 258). 15. Promotor ad hoc: trata-se de um bacharel em direito, não concursado, nomeado como promotor pelo juiz. Na atualidade, é absolutamente vedada a atuação de acusador ad hoc (CF/1988, art. 129, § 2º). 16. ACUSADO: é o sujeito que ocupa o polo passivo da relação jurídica. 17. Identificação do acusado: a impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes (art. 259). 18. Obrigação de comparecimento: se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença (art. 260). 19. DEFENSOR: é o responsável pela defesa técnica. Trata-se de profissional habilitado capaz de tornar efetivo o exercício do direito de defesa. 20. No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu (STF, Súmula 523). 21. Defensor constituído: é o defensor indicado pelo réu por meio de procuração. 22. Defensor dativo: é aquele nomeado ao réu quando ele não possuir defensor constituído. O réu poderá substituí-lo a qualquer tempo. 23. No processo penal, a nomeação de um defensor dativo não está atrelada a demonstração da falta de condições financeiras para constituir um advogado. Basta que o réu permaneça inerte, ou seja, não constitua um defensor, para que o juiz nomeie um dativo. 24. O acusado que não for pobre será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz (art. 263, parágrafo único). 25. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO: é o ofendido, parte acessória do processo, figurando ao lado do Ministério Público e em seu auxílio. 26. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos (art. 268). 27. Admissão do assistente: o assistente poderá ser admitido a qualquer tempo, desde que após o recebimento da denúncia e antes da sentença judicial transitada em julgado (art. 269). 28. Faculdades (art. 271): o assistente pode: a) Propor meios de prova; b) Reperguntar às testemunhas; c) Aditar as alegações finais do Ministério Público; d) Participar dos debates orais; e) Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou dele próprio, contra decisão de impronúncia, de extinção de punibilidade ou sentença absolutória (arts. 584, § 1º, e 598). Obs.: o rol do art. 271 é taxativo, de forma que o assistente da acusação exerce os poderes estritamente dentro dos limites conferidos por este dispositivo legal (STJ, REsp 604.379/SP, DJ 06.03.2006). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 29. AUXILIARES DA JUSTIÇA: são os responsáveis pela realização de tarefas técnicas e científicas que auxiliam no desempenho da atividade jurisdicional. Exemplos: analistas, escreventes, peritos, oficiais de justiça, intérpretes etc. 30. Perito: em sentido amplo, são pessoas físicas entendidas e experimentadas em determinados assuntos e que, designadas pela justiça, recebem a incumbência de ver e referir fatos de natureza permanente, cujo esclarecimento é de interesse no processo. 31. Intérprete: é a pessoa conhecedora de determinados idiomas estrangeiros ou linguagens específicas, que serve de intermediário entre a pessoa a ser ouvida, o Magistrado e as partes. 32.Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos (art. 281). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO PPRRIINNCCIIPPAAIISS AARRTTIIGGOOSS TTRRAATTAADDOOSS NNAA AAUULLAA DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA CAPÍTULO I DO JUIZ Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. CAPÍTULO II DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 257. Ao Ministério Público cabe: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e II - fiscalizar a execução da lei. Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. CAPÍTULO III DO ACUSADO E SEU DEFENSOR Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável. Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. § 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer. § 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz. CAPÍTULO IV DOS ASSISTENTES Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar. Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. § 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente. § 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado. Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente. Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. CAPÍTULO V CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof. Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39
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