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DSM-5 e medicalização na clínica com crianças e adolescentes O jogo é interpretável porque se articula com a palavra. Quando as crianças ainda não falam, ou não falam porque não falam mesmo. Não falar verbalmente não significa que a criança não está fazendo o esforço em fazer, o modo que ela não fala diz algo. Nos dão informações sobre a posição subjetiva e sobre a estrutura dessa criança. O modo que a criança mexe nos objetos, abre a porta ou não abre, escolhe os brinquedos. Neurótico sente culpa porque deixa sair o que não era para sair, estava recalcado porque não era para sair, se sente responsável pelo que deixa escapar. O psicótico não apresenta essa culpa porque o inconsciente está a céu aberto, sente vergonha. Inibição não é autismo. Medicamento não muda subjetividade. O excesso de medicação não leva em conta por vezes, a mudança do contexto social, a mudança que a sociedade ocasiona na subjetividade. A borda autística se constitui de elementos que podem ser usados nos tratamentos e intervenções. Fura-se a borda com aquilo que forma a borda. A borda separa do mundo e une também, os elementos da boda estão no mundo. Para se proteger do mundo caótico, o autista se utiliza da borda. O gozo autístico não é ordenado pelo simbólico, o que ameaça essa borda o afeta e há o choro, gritos, crises, tampar ouvido. Borda é a interpenetração de 3 elementos: duplo – objetos autísticos – ilhas de competência/interesses específicos A borda é a fronteira frente ao mundo exterior, um canal para o mundo exterior, e captador e dinamizador de gozo. Sabe – se algo da criança pela borda que ela usa para ninguém saber nada dela. 1. Duplo: uma imagem que não se impõe ao sujeito e que permite se manter em uma solidão tranquilizadora = cachorro, desenho animado. Contém a angústia, mas não pode ser a única relação que a criança tem com o mundo, porque mantém o autista longe da interação e aí mais larga fica essa borda. 2. Objetos autísticos: impedir o desenvolvimento do grau de consciência da separação corporal, proteção contra um buraco negro angustiante. É como se o objeto fosse parte do corpo do autista. Utilizado para evitar interação. 2.1 Objetos autísticos complexos: fazem com que o gozo do sujeito seja afastado do sujeito para inseri-lo na sociedade. É utilizado para interação. 3. Ilhas de competência: construção de uma escolha singular, que possibilita um crescimento afetivo, cognitivo, social. As intervenções com autistas são feitas considerando esses 3 elementos. Utilizar os componentes da borda para pacificar essa relação com o exterior, ouvir o que o autista tem a dizer, que nem sempre é dito em palavras, mas sim através das escolhas desses 3 elementos. Vai contra o treinamento e o ABBA, porque considera a singularidade do autista. Rigidez com regras. Exemplo: manga da camisa e manga para comer, não faz sentido, manga deveria ter um significado só. O autista tenta conter um gozo sustentado pela borda. Em tratamentos muito longos, como autistas e psicóticos que é uma vida toda, é importante considerar dar pausas, para renovar o motivo do tratamento, para sustentar a transferência e não fortalecer a resistência. O autista não metaforiza sua angústia = medos do escuro, etc. A língua está fora do corpo. Não há vontade de mutabilidade. Busca as regras e se agarra a isso. Autismo não se desencadeia, está presente desde o nascimento. Se manifesta geralmente desde os primeiros anos de vida. Psicose: Os desenhos da criança apontam para um ‘eu’, diferente dos autistas que não se colocam na narrativa. Colocam o que vivem, o que veem, o que faz parte de si. Pode não responder o que era pedido, não fazer contato visual. Psicose metaforiza a angústia = perseguição. A língua está dentro do corpo. Vontade de mutabilidade. A psicose se desencadeia, ao longo do desenvolvimento. A análise serve para não se fazer da sua origem o seu destino.
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