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ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 188 8- PRÉ-DIMENSIONAMENTO E DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL 8.1 INTRODUÇÃO As estruturas em concreto protendido mais que as em concreto armado apresentam uma gama de soluções em maior número para um mesmo projeto. Só o fato de se poder mesclar as armaduras passivas e ativas já conduz a pelo duas famílias de soluções. O controle da fissuração do concreto através da introdução de esforços de compressão irá criar as diversas matizes de soluções possíveis na família protendida com ou sem armadura passiva. A pré-fabricação e o uso de seções compostas, ou seja, a execução de uma seção transversal que depois irá ser acrescida de uma capa ou elemento moldado no local cria um novo viés de soluções que combinados com os arranjos de armadura ativa e passiva maximizam a eficiência das seções protendidas. Assim, desenvolvidos os princípios constantes nos capítulo 4, 5, 6 e 7 é possível explorar metodologias de pré-dimensionamento e dimensionamento de armadura longitudinal de estruturas pré-moldadas e moldadas no local protendidas para que todas as condições normativas sejam atendidas. Usa-se aqui a terminologia de pré- dimensionamento pois nem sempre são conhecidas com exatidão algumas variáveis importantes no dimensionamento tal como intensidade da força (por causa das perdas de protensão), sendo necessário depois do cálculo inicial (pré-dimensionamento) da armadura detalhá-la e calcular com toda a precisão os esforços atuantes e realizar as verificações necessárias e se for o caso alterara a quantidade de armadura. Para pré-dimensionar ou calcular a armadura longitudinal de flexão podem ser usadas as condições de verificação no estado limite de fissuração ou a condição de estado limite último. Até a década de 80 os projetistas preferiam as condições do estado limite de fissuração em que era possível determinar a força de protensão em uma seção com problemas do tipo daqueles feito no capitulo 1 (ver exemplo 1.1) em que se impondo tensões limites e conhecida os esforços solicitantes e excentricidade da armadura de protensão fica determinada a força necessária de protensão. Prova disto é obra de LYN [1985] que embora tenha um capítulo bem detalhado abordando com minúcias o dimensionamento baseado nas tensões, usa duas páginas e meia para comentar o dimensionamento na ruptura. Com a modernização das normas de concreto protendido houve uma liberalização nas verificações de fissuração como pode ser visto no capítulo anterior (7) e em diversas situações a condição determinante para o cálculo da armadura passa a ser a relativa ao estado limite último ficando a condição de fissuração apenas para verificação. O projetista pode escolher qualquer uma das condições (a do estado limite de serviço ELS ou a do estado limite último ELU) para a definição da quantidade de armadura com a outra condição passando a ser de verificação. De qualquer forma para se determinar a quantidade de armadura ativa em uma seção, uma vez definida a geometria da estrutura propriamente dita, é necessário conhecer a relação entre a força de protensão na seção com a aplicada na extremidade da mesma (armadura de protensão). Em outras palavras é preciso conhecer as perdas de protensão. Como já escrito nos capítulos 4 e 5 alguns projetistas acham suficiente simplesmente estimar estas perdas deixando para uma fase de detalhamento final o seu cálculo minucioso. Claro que desta forma o processo se torna ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 189 mais simples porem a possibilidade de recálculo é grande a menos que a experiência do projetista no tipo da estrutura seja muito grande. . Qualquer que seja a condição determinante é preciso desenvolver o cálculo com uma certa metodologia de forma a garantir uma solução adequada. Há dois casos bem distintos a considerar: o da protensão com aderência posterior com (armadura com bainhas metálicas e injeção de nata de cimento) e sem aderência (cordoalhas engraxadas com bainhas de plástico) e o da pré-tração. No primeiro caso a característica principal é o uso de cabos com trajetórias curvas e via de regra com trajetória acompanhando o diagrama de momentos do elemento fletido. No caso de pré-tração, bastante usada na pré- fabricação, a trajetória dos cabos é reta, procurando-se usar seções compostas para melhorar a eficiência dos elementos fletidos. A seguir são esquematizados dois roteiro de pré-dimensionamento ou mesmo de dimensionamento final, dependo do nível de precisão nos valores das variáveis empregadas. O primeiro explora as característica da pós tração e o segundo a da pré- tração. 8.2 – ROTEIRO PARA DETERMINAÇÃO DE ARMADURA LONGITUDINAL EM PEÇAS COM PÓS-TRAÇÃO Em viga com pós-tração, em geral, todos os cabos podem ser representados por um único fictício obtido através da união do centro de gravidade de todos os demais. A este cabo dá-se o nome de cabo representante. Assim, o procedimento de determinar o número de cabos necessário em uma viga, baseia-se em considerar os valores das forças protensão correspondente ao cabo representante para a determinação do número dos mesmos. É preciso considerar conhecida a trajetória do cabo representante e, através desta avaliar as perdas de protensão imediata e ao longo do tempo para, finalmente, determinar, na seção mais solicitada, o número de cabos necessários, imaginando que todos os demais cabos tenham como força de protensão média o valor encontrado para o representante. Pressupõe-se, ainda, que o cabo represente está sendo tensionado (puxado) no máximo valor possível, para que se obtenha a maior economia possível. .Resumindo um memorial para a determinação do número de cabos deve contemplar os itens descritos. Esquema estrutural Sistema e unidades de protensão; informações gerais. Cálculo das perdas imediatas do cabo representante Cálculo das perdas ao longo do tempo do cabo representante Cálculo do número de cabos necessários levando em conta o estado limite último Verificação dos estados de fissuração, feixe limite A seguir descreve-se um roteiro que permite o cálculo do número de cabos necessários na seção mais solicitada de uma viga isostática. Em seguida é resolvido um exemplo para uma viga de ponte rodoviária em que são detalhados os itens anteriormente apresentados. Lembrar que no caso de um elemento hiperestáticos os efeitos do hiperestático de protensão devem ser considerados, inicialmente de forma aproximada e calculados posteriormente com as informações do capítulo 11. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 190 8.2.1-Esquema estrutural e indicação do cabo representante. O primeiro passo de cálculo para determinar o número de cabos existentes em uma viga consiste em indicar o seu sistema estrutural fornecendo as informações necessárias para o desenvolvimento do cálculo constando portanto desta etapa a indicação da trajetória dos cabos. É interessante indicar pelo menos: a) a posição dos apoios na viga; b) os tipos de ancoragem (V- viva, M- morta); c)valor do vão ou vãos; d) altura da peça; e)marcação das seções mais importantes com sua designação (S0, S5, S10etc); f) inclinações prováveis do cabo representante. Ancoragem Viva ou ativa é toda extremidade do cabo onde é possível efetuar a protensão e ao contrário a ancoragem morta ou passiva é a extremidade do cabo em que seu esforço é transmitido para o concreto, mas não é possível efetuar, nesse ponto, a protensão. AV S0 S1 2 S3 S4 cabo representante 5S S 500 1500 300 300 300 300 300 extS 1 2 2 d' d' figura 8.1– Trajetória esquemática do cabo representante (cotas em cm). As deflexões que um cabo de protensão deve ter uma viga fletida, principalmente as empregadas em pontes, variam de acordo com a relação entre altura (h) e vão ( l ), com o número da camadas de cabos longitudinais, a forma do diagrama de momento (envoltória em geral) e outros fatores menos influentes. A definição das deflexões é importante pois estas influenciam a perda de protensão por atrito e também a perda por deformação de ancoragem. Assim, imaginando a estrutura da figura 8.1 é preciso definir antes mesmo de calcular e detalhar a armadura os prováveis valores de α1 e α2 alem de avaliar onde é interessante usar trechos curvos. Desenvolve- se aqui um raciocínio com fazer estas escolhas que são feitas para o esquema da viga da figura 8.1 mas com as devidas adaptações pode ser usado em outros tipos de sistemas ou situações. A envoltória de momentos fletores da viga da figura 8.1 tem a forma aproximada a representada na figura 8.2. Desta maneira verifica-se que é necessário que os cabos de protensão fiquem mais próximos da fibra superior na região em torno de S0 e ao contrário, mais próximos da fibra inferior, na região em torno das seções S4 e S5. Entre as seções S0 e S3 já que os cabos devem ser contínuos e com traçado sem pontos angulosos devem existir dois trechos curvos (com concavidades diferentes) e um ponto de inflexão. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 191 figura 8.2– Forma da envoltória da viga da figura 8.1, Como mostrado já no capítulo 4 pode-se usar arco de circunferência para o traçado e mais informações a este respeito podem ser encontradas em CARVALHO (1987) e ASSAN (1974). Na figura 8.3 são mostrados os elementos básicos para o traçado da circunferência. AV S0 S1 2 S3 S4 cabo representante 5S SextS 1 O A R R B Cy x L Figura 8.3– Geometria do arco de circunferência. A partir da geometria da figura 8.3 chega-se as seguintes fórmulas básicas: y = R sen α (8.1) x = R – R cos α (8.2) 2y yxR 22 += (8.3) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 192 yR xtanα −= (8.4) Os pontos A e C que delimitam o trecho curvo do cabo são chamados pontos de tangencia. Lembrando agora que há uma série de cabos e portanto cabos situados em diversos níveis, mostra-se que a medida vertical a ser considerada é igual a k/2 (ver figura 8.4). O valor de k é dado por: ( )a2a12hk +−= Com a1 distância do centro do cabo mais próxima a borda da peça até a superfície da mesma (borda) (pode ser usado o valor de be1,5φ com beφ o diâmetro externo da bainha) a2 – distância entre o centro de dois cabos (pode ser usado be2φ ) A expressão anterior é aplicada a qualquer que seja o cabo e na verdade se houver n níveis deve ser expressa por: ( )( )211 aanhk +−−= a1 a2 a2 L/10 L/10 L/10 L/20 L/20 a1 a2a 2 hk Figura 8.4– Geometria dos traçados dos cabos com arco de circunferência. Como exemplo considerando-se h=1,70m e a unidade de protensão de 12φ1/2” cujo diâmetro externo da bainha é de 7 cm e três níveis obtém-se para k o valor k=1,70 – 2(0,105+0,14)=1,21m Considerando agora uma viga com 34 m de vão e relação entre a altura e vão de 1/20 usando um cabo como o desenhado em 8.1, a unidade de protensão 12φ1/2” ( cm7be =φ ) e uso de três níveis obtém-se para o Raio R e o ângulo de deflexão α: h= L/20=34/20=1,70 m k=1,70 – 2(0,105+0,14)=1,21 y=k/2 =1,21/2=0,605 x=0,15L = 0,15 .34=5,10 m 2y yxR 22 += =⋅ += 605,02 0,6055,10 22 21,798 m ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 193 605,021,798 5,10 αtan −= → α=13,530 Para o cabo de 12φ1/2” o raio mínimo empregado (ver capítulo posterior) a fim de evitar problemas com a bainha e concreto é de 12 m. Assim, usando os pontos de tangencia do arco de circunferência os extremos da região prevista como curva, ou seja, da seção S0 até o ponto de inflexão (pontos A e C da figura 8.3) deve-se obter uma raio superior ao mínimo, caso contrário seria preciso aumentar esta distância e conseqüentemente o trechos curvo do cabo. Ao invés de usar o arco de circunferência da seção S0 até a seção intermediária entre S1 e S2 pode-se usar ainda três outras formas de trechos como as mostradas na figura 8.5. A esquerda usando um ângulo α2 < α o ponto de tangencia A acaba ficando anteriormente a So . Na situação do centro da figura 8,5 usando um ângulo α1 >α tem-se o cabo C2 e o raio diminui, alem do ponto A aproximar-se mais do ponto C. Finalmente na situação a direita da figura 8.5 a direita usando um mesmo ângulo de deflexão (e portanto central do arco de circulo) porem com raio menor tem-se os pontos de tangencia D e E mais próximos de B. S0 S1 2S A B C O RR O BA S 21 S 0S D E R1 O1 S0 S1 2 S A B O C C RR R R1 C3 2C C1 2 Figura 8.5– Variantes da geometria dos traçados dos cabos com arco de circunferência. Como se vê a maneira mais segura de se obedecer ao raio mínimo e ter um detalhamento de cabos simples entre as seções S0 e S3 é usar os pontos de tangencia A e C nas extremidades do intervalo. Neste caso o valor do ângulo α decorre das outras variáveis. Verifica-se agora a variação do ângulo α com a relação entre altura da viga (h) e vão (L), com três níveis de cabos, primeiro para um vão de L=34 m e depois para um vão L=20 m cujos resultados são apresentados nas tabelas 8.1 e 8.2 respectivamente. Tabela 8.1 -Valores de h, α e R para L=34m h / L 1/10 1/13 1/15 1/17 1/20 h (m) 3,4 2,615 2,266 2,0 1,70 α (0) 31,88 23,53 19,76 17,17 13,53 R (m) 9,67 12,77 15,09 17,73 21,80 Os resultados das tabelas em questão mostram que é sempre interessante usar menores relações para h/L pois fica mais fácil de atender o raio mínimo e também se obter um valor pequeno de α que leva a uma menor perda de protensão por atrito. Assim, vãos ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 194 pequenos e grandes relações de h / L são piores par o projeto dos cabos curvos que vão de uma fibra a outra.. Tabela 8.2 -Valores de h, α e R para L=20m L / h 1/10 1/13 1/15 1/17 1/20 h (m) 2,0 1,54 1,33 1,18 1,00 α (0) 28,24 19,81 15,97 13,00 9,72 R (m) 6,34 8,85 10,90 13,30 17,77 Na figura 8.6 mostra-se o traçado dos cabos (não se levou em conta o raio mínimo) para trêsrelações h / L. 340 340340 20 0 10 ,5 14 14 38 ,7 6 14 ,3 4 14 ,3 5 86 84 ,8 14 ,6 14 ,6 Vão 34 m altura de 2 mVão 34 m altura de 1,70 m 14 141 0, 5 17 0 340 340340 170 170 170170 340 340340 30 0 10 ,5 14 14 Vão 34 m altura de 3,00 m Figura 8.6– Traçado de cabos com três níveis de cabos de 12ø1/2”, com o vão L= 34 m e variando as relações h/L. A última situação (a da direita) mostrada na figura 8.5 é muito usada na prática. Trata-se da resolução de dois problemas o primeiro: dados x e y (distâncias horizontal e vertical entre dois pontos de tangencia – A e C - em um trecho curvo de cabo) construir o arco de circulo com raio R que passa por A e C e tem ângulo central α. Isto é feito facilmente com as fórmulas de 8.1 a 8.4. O segundo problema passa a ser: a partir do arco achado nas condições anteriores deseja-se traçar um novo trecho de arco de circunferência A’C’ (pontos de tangencia) que tem o mesmo ângulo central, os mesmos segmentos de tangentes (nos pontos A’ e C’) que o anterior e para um segmento de reta AA’=C’C dado. Assim, o problema em questão consiste em dados x, y e a distância C’C determinar α e R’. Neste caso é preciso usar as seguintes relações (ver figura 8.7): igualdade de comprimento dos seguintes segmentos : BCAB = ; '' BCBA = ; '' CCAA = . Assim como visto anteriormente dados x e y determina-se por 8.3 4 8.4 os valores de R e ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 195 α. Em seguida CC'2 αtanRBC' −⋅= . Os valores de x’ e y’ são agora facilmente calculados por: senαBC'y' ⋅= e ( )cosα1BC'x' +⋅= e finalmente '2 ''' 22 y yxR ⋅ += . O x x' y y' A B CC' A' R R ' Figura 8.7– Traçado de um segmento de arco de circunferência a partir de outro com o mesmo anglo central. Para o trecho curvo do cabo entre as seções Sextr e S0 considerando que o vão do balanço é tomado geralmente igual a L/5, ou seja 0,2 L, imagina-se que o ângulo de deflexão neste trecho é menor que o encontrado para o trecho entre S0 e S3 14 141 0, 5 340340 A B C9 0 100 100 Sext S0 cabo1 70 Figura 8.8– Traçado de cabos para trecho em balanço. Neste caso do balanço pode-se usar a sistemática mostrada anteriormente e que aparece na figura 8.5 (a direita) em que os pontos de tangencia não estão no começo do cabo, seção Sext e no final S0 mas a cerca de 1m destes pontos, pois é preciso junto a ancoragem (seção Sext) manter um trecho reto de cabo. Assim, na figura 8.8 vê-se o desenho do cabo pertencente ao nível mais inferior para uma situação de L=34m; h=1,70 e com três níveis de cabos. Desta forma o primeiro cabo irá ancorar em Sextr ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 196 (considerando cabo de 12φ1/2”) a uma distância da borda superior de 3x30 cm (usa-se aqui a distância de 30 cm entre uma ancoragem e outra) e está a 10,5+2x14=38,5 cm da borda superior em S0. Fazendo os cálculos imaginando inicialmente os pontos de tangencia A e C nas seções extremas tem-se: y = 90 -38,5 =51,5 cm x = 0,2 L = 0,2x34 = 6,8 m 2y yxR 22 += =⋅ += 515,02 0,5156,80 22 45,15 m 515,045,15 6,80 αtan −= → α=8,660 Considerando agora os pontos de tangencia se distanciando 1m na horizontal CC' 2 αtanRBC' −⋅= = 1 2 8,6tan45,14 −⋅ =2,41 m senαBC'y' ⋅= = 2,41 sen8,66=0,362m e ( )cosα1BC'x' +⋅= =2,41(1+0,988)=4,792m e finalmente '2 ''' 22 y yxR ⋅ += = 12mR31,76 0,3622 0,3624,782 minimo 22 =>=⋅ + Verifica-se que para o cabo no nível mais próximo a fibra superior os valores de R e α são: y = 30 -10,5 =20,5 cm x = 0,2 L = 0,2x34 = 6,8 m 2y yxR 22 += =⋅ += 205,02 0,2056,80 22 112,88 m 205,0112,88 6,80 αtan −= → α=3,450 Assim o cabo representante para esta situação usando a média dos ângulos 8,66 e 3,450 anteriores é de é de 60. Notar ainda que neste caso os ângulos não dependem do valor da altura da viga. No caso de viga simplesmente apoiada sem balanço com ancoragem na extremidade, como mostra a figura 8.9 a situação é similar as estudadas. Inicialmente definem-se dois pontos de passagens do cabo como sendo o início (no caso da figura a ancoragem a esquerda) e o final da curva, por exemplo na Seção S3. Com esses dois pontos definidos e portanto as variáveis x e y e usando as equações 8.1 e 8.2 define-se o arco de circunferência e a deflexão α, seguindo a sistema anterior determina-se o novo raio R’. Para efeito de exemplo calculam-se as características, e principalmente o ângulo de deflexão, do cabo C2, cabo médio, apresentado no desenho 8.9. Considera-se vão de 34m ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 197 relação h/L=1/20, cabo 12φ1/2”, raio mínimo de 12 m e a necessidade de um trecho de 1 m reto junto a ancoragem, distância mínima entre as ancoragens de 30 cm. Inicialmente despreza-se a necessidade da distância de um metro de cabo reto junto a ancoragem. Assim o valor de y a ser empregado é dado por: y=h-0,6-0105-0,14 =1,7-0,6-0105-0,14=0,855 m x= 0,3L =0,3x34=10,2 m 2y yxR 22 += =⋅ += 855,02 0,85510,20 22 61,27 m 17 0 340 340340 90 6 0 30 S S SSS1 S0 2 3 4 5 Vão 34 m altura de 1,70 m 3C C1 C2 340 340 Figura 8.9– Traçado de cabos para trecho sem balanço (cotas em cm). yR xtanα −= 855,061,27 10,20 −= → α=9,580 Considerando agora a correção para que se tenha 1m de cabo reto CC' 2 αtanRBC' −⋅= = 1 2 9,58tan27,16 −⋅ =4,13 m senαBC'y' ⋅= = 4,13 sem 9,58=0,687m e ( )cosα1BC'x' +⋅= =4,13(1+986)=8,208m e finalmente '2 ''' 22 y yxR ⋅ += = 12mRm 49,37 0,6872 8,2080,687 minimo 22 =>=⋅ + Como mostrado nas outras situações apresenta-se através da tabela 8.3 os ângulos de deflexão e raios dos cabos para o caso de tramo inicial sem balanço com ancoragem extremidade. Tabela 8.3 -Valores de h, α e R para L=34m – Cabo para viga de tramo inicial sem balanço com ancoragem extremidade. h / L 1/10 1/13 1/15 1/17 1/20 h (m) 3,4 2,615 2,266 2,0 1,70 α (0) 28,12 19,62 15,86 12,92 9,58 R (m) 21,64 30,37 37,31 45,61 61,27 * Valores de R não foram corrigidos para a consideração de 1m de cabo reto após a ancoragem. 8.2.2- Sistema e unidades de protensão; informações gerais. Neste passo o projetista deve escolher primeiramente o sistema de protensão levando em conta sempre o aspecto econômico, facilidade de emprego, disponibilidade, qualidade e etc. É preciso lembrar que a estrutura detalhada com um sistema de protensão deve poder ser adaptada para outro sistema, de forma que não se caracterize a imposição ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 198 de uma marca. Na maioria das vezes basta mudar o detalhamento da região da ancoragem parase passar de um sistema de protensão para o outro. Em seguida o projetista deve escolher a unidade de protensão levando em conta a dimensão do cabo, a força desenvolvida pelo mesmo e analisar se é interessante usar para o tipo de peça em questão. Assim em pontes com seção celular com vãos acima de 15 m em geral usam-se cabos de 12φ1/2” ( diâmetro da bainha externo de beφ = 7cm) enquanto para vigas pré-fabricadas para vão em torno de 15m usam-se os cabos 6φ1/2” (diâmetro da bainha externo de beφ = 5cm). É sempre interessante nesta fase do projeto ter-se em mãos os manuais de protensão da empresas que fornecem os equipamentos para efetivação da protensão pois a escolha poderá ser feita de forma criteriosa e posteriormente o detalhamento será mais completo. Após a escolha do sistema de protensão e a unidade deve ser escolhido o aço a ser empregado o tipo de protensão a ser adotado (completa, limitada ou parcial) baseada nas condições do meio ambiente e tipo de peça (ver capítulo 1). 8.2.5- Cálculo das perdas imediatas do cabo representante Como foi detalhado no início deste capítulo o cálculo da armadura longitudinal de uma viga em concreto protendido com aderência posterior, pode ser feito considerando-se a trajetória de um único cabo que representa os demais. Define-se desta forma, uma trajetória ao longo da viga para o cabo representante que possibilita desta forma o cálculo da força de protensão nas diversas seções transversais, considerando-se as perdas imediatas e as perdas ao longo do tempo. Os ângulos a serem usados no projeto estão indicados nas tabelas de 8.1 a 8.3 e ao longo do texto do item anterior. Os demais valores que permitem o cálculo da força de protensão são, por exemplo: Unidade de protensão – 12 φ 1/2”. Área do cabo - 12,02 cm2 Peso do cabo – 94, 2 kN/m Aço CP 190 RB Atrito cabo-bainha μ =0,20 (entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica- NBR6118:2003); Diâmetro da bainha (interno) – 66 mm e externa de 70 mm Perda durante a cravação – 6 mm (manual Rudloff- NB1-99 recomenda consultar fabricante) Sistema de protensão Rudloff ou MAC. Nível de agressividade III - Nível de Protensão – Protensão Parcial (ver capítulo anterior) Força de protensão inicial: O menor dos valores 0,74 fptk e 0,82 fpyk de acordo com o capítulo 3. Para a montagem da tabela de tensões após as perdas imediatas deve-se considerar no trecho entre a seção S0 e S1 que a deflexão do cabo é de um terço da deflexão entre So e S3. No trecho entre a seção S3 e S5 considera-se que o cabo tem trajetória paralela à ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 199 borda inferior. Um exemplo da montagem da tabela é dado na tabela 4.1 em que os ângulos de deflexão sonsiderando foram de 6 e 130. Tabela 8.5: Exemplo de cálculo de valores de tensões em um cabo as após as perdas por atrito. σpi =1400 MPa, μ=0,2 e β=0,01 rd/m. Seção x(m) D x(m) � ( O ) �� ( O ) �� (rad) e- �.(��+�x) σs=e-�.(��+�x) MPa Sext 0 0 0 0 0,00 1,00 1400 S0 2 2 6 6 0,10 0,98 1366 S1 3 5 8,67 14,67 0,26 0,94 1317 S2 3 8 8,67 23,33 0,41 0,91 1270 S3 3 11 8,67 32 0,56 0,87 1225 S4 3 14 0 32 0,56 0,87 1217 S5 3 17 0 32 0,56 0,86 1210 Como não é conhecido o número de cabos a perda por deformação imediata do concreto será desprezada (o seu valor é mesmo pequeno neste caso). Assim, será necessário calcular em cada seção qual a tensão no cabo depois da perda por atrito e da deformação da ancoragem. 8.2.4- cálculo das perdas ao longo do tempo do cabo representante O cálculo das perdas ao longo do tempo poderá ser feito considerando o capítulo 5 e os seguintes dados : Umidade relativa do ar 70% Cimento Portland de endurecimento normal Protensão efetuada ao 30 dias Temperatura média de 200 Abatimento do concreto de 12 cm Tensão no concreto no cg dos cabos 5 MPa Por uma questão de simplificação calcula-se a perda na seção S5 no tempo infinito e considera-se o mesmo valor para as demais seções já que está se fazendo apenas um pré-dimensionamento. Também ainda por simplificação pode-se considerar cada uma das perdas como sendo independente das demais e considerar a soma de cada uma como sendo a perda total. 8.2.5 - Cálculo do número de cabos necessários levando em conta o estado limite último O número de cabos na seção mais solicitada (S5) é calculado usando os preceitos apontados no capítulo 6, ou seja no estado limite último. Para se ficar a favor da segurança considera-se que a tensão atuante no cabo é a que ocorre no tempo infinito. Para determinação da altura útil considera-se a expressão: darb = h – 20 cm onde h é altura da seção em S5 e darb será a altura usado no cálculo e os 30 cm considerado é a distância do centro de gravidade dos cabos (e portanto a posição do cabo representante) a borda inderior. Determinado o número de cabos procede-se a verificação se o valor de darb é satisfatório, detalhando-se os cabos na seção S5 (como é mostrado, por exemplo, na ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 200 figura 8.10) e determinando o valor de ycg dos cabos. As especificações completas sobre espaçamentos mínimos entre cabos são apresentadas no capítulo 9. figura 8.10 Detalhamento da seção transversal do meio do vão para determinar a posição do cg dos cabos O valo real de d (dr) é dado por dr = h - ycg dos cabos. Se o valor de dr.≥ darb o cálculo pode ser aceito caso contrário é necessário refazer o cálculo ou o detalhamento da seção. 8.2.6 - Verificação dos estados de fissuração, feixe limite Calculado o número de cabos na seção mais solicitada (S5) é necessário verificar as tensões na borda inferior e superior do concreto, conforme descrito no capítulo 7, para a seção S5. Atendidas as condições de norma (capítulo 7) pode-se calcular a região em que deve se encontrar o centro de gravidade dos cabos (a posição do cabo representante) chamado de feixe limite. Isto pode ser feito, por exemplo, para as seções S0 e S2 da ponte para verificar se o cabo representante atende as condições de tensões e permitir um melhor detalhamento da armadura longitudinal. A partir deste pré-dimensionamento é possível efetuar o desenho do traçado dos cabos ao longo da viga, praticamente como definitivo, baseado nas premissas anteriores e o cabo representante usado e verificando em cada seção todas as situações do ELU (estado limite último) e ELS (estado de limite em serviço). Na verdade estas duas últimas etapas de (feixe limite e traçado de cabos) são detalhadas no próximo capítulo. 8.3- Anteprojeto de uma ponte isostática rodoviária em concreto protendido O intuito deste item é mostrar uma aplicação prática de um anteprojeto em concreto protendido. Para tanto se escolheu realizar o anteprojeto da viga longitudinal de uma ponte rodoviária, em concreto protendido, com seção transversal celular (caixão perdido). A obra é projetada para ser executada com concretagem no local e protensão com aderência posterior. A definição das dimensões da estrutura e de algumas de suas ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 201 características não é aqui comentada,pois neste caso fazem parte do escopo de outro trabalho ou seja, “Curso de pontes em concreto”. Dentro do possível adotam-se algumas hipóteses simplificadoras de cálculo empregadas para um cálculo manual que hoje podem ser substituídas por técnicas mais refinadas que empreguem programas específicos de computador. 8.3.1 Enunciado Fazer um anteprojeto de uma ponte rodoviária em concreto protendido, com seção celular de modo a vencer um vão livre de 34 m sobre um curso d’água e uma rua e usando ainda balanços laterais de 6,8 m calculando a armadura longitudinal necessária na seção mais solicitada. Considerar uma seção transversal com duas faixas de tráfego, uma faixa de segurança e duas defensas. A obra é plana em elevação e reta em planta. Obra rodoviária de classe I (veículo tipo de 450 kN). 8.3.2 Roteiro Para facilidade de execução o anteprojeto é dividido em fases que devem ser realizadas seqüencialmente. As fases são (Notar que a partir do item 5 o roteiro é o mesmo enunciado anteriormente para o pré-dimensionamento da armadura longitudinal):: 1) Desenho das formas (Lançamento ou determinação da estrutura) 2) Cálculo das características geométricas 3) Cálculo das reações de apoio e esforços solicitantes (Momento fletor) devido ao peso próprio estrutural (g1) e sobrecarga permanente (g2). 4) Cálculo do trem tipo longitudinal, traçado das linhas de influência e cálculo dos momentos máximos e mínimos devido à carga acidental. 5) Definição do cabo representante 6) Cálculo das perdas imediatas do cabo representante 7) Cálculo das perdas ao longo do tempo do cabo representante 8) Cálculo do número de cabos necessários levando em conta o estado limite último 9) Verificação dos estados de fissuração 8.3.3 Primeira fase – confecção do desenho de formas- lançamento da estrutura Definir a estrutura e desenhar sua forma é o primeiro passo de todo o projeto estrutural. Em algumas situações, em que as estruturas são mais simples, é possível montar o esquema estrutural, por exemplo, de um pavimento sem que as dimensões de todas as vigas e espessuras de lajes estejam definidas. Em um projeto de uma ponte em que as ações de peso próprio são grandes e os esforços variam muito podendo inclusive ter momentos fletores de carga acidental de sinais contrário em uma mesma seção para duas situações de posicionamento de carga torna-se necessária, já na fase de anteprojeto, uma definição das dimensões dos diversos elementos. A definição geométrica da estrutura depende fundamentalmente da experiência do engenheiro projetista que na maioria das vezes utiliza-se de cálculos anteriores para fazer definições de dimensões. No final devem ocorrer poucas mudanças no projeto e se ocorrerem de tal forma que não requeiram o recálculo de todo a obra. Inicia-se a definição da estrutura pela sua seção transversal. Como no enunciado considera e duas faixas de tráfego e uma de segurança, chegando-se a uma largura ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 202 transversal de 2x3,5+3=10 m. Considerara-se 3,5m para a largura de uma faixa rodoviária e 3m para a faixa de segurança (acostamento). Considera-se uma defensa de 25 cm para cada lado totalizando assim uma largura transversal total de B=10,50 m. Considerando-se que a distância entre os centros dos pilares de apoio (vão do tramo em principio) é de L=34 m pode-se a partir de uma regra empírica definir uma altura total para a seção transversal. Alguns projetistas adotam para este tipo de seção transversal a relação L/20, neste caso prefere-se usar o valor L/17 que resulta para a altura da seção o valor de h=2m. As demais medidas da seção transversal decorrem das seguintes recomendações: dimensão mínima de laje 15 cm, dimensão mínima da largura da alma da viga 35 cm (necessário para alojar dois cabos de 12Φ1/2” em um mesmo nível horizontal), necessidade de mísulas na laje superior (para melhorar o trabalho à flexão da laje superior) e mísula inferior para alojar os cabos mais longe do centro de gravidade da peça. A largura da célula deve ser tal que o momento fletor transversal da laje superior no meio do vão transversal da laje conduza a uma mesma armadura que o da seção de apoio. É considerado aqui o valor de B0=5,50 m. Finalmente, junto ao apoio a largura da nervura é de 70 cm para resistir ao grande valor de cortante desta região. Este valor é mantido constante em todo o balanço para facilitar o posicionamento das ancoragens ativas dos cabos na extremidade do balanço. A largura da viga é aumentada linearmente a partir da seção de três décimos do vão para o apoio conforme pode ser visto no desenho da planta da mesma. Agora já é possível fazer o desenho das formas que compreende a planta da ponte apresentada em meia vista e meio corte, uma elevação lateral (também em meia vista e meio corte) e duas seções transversais: uma no meio do vão seção S5 e outra nos apoios (sem representar as transversinas neste caso) Apresentam-se a seguir as figuras 8.11 e 8.12 correspondentes aos desenhos das seções transversais e da planta e elevação do anteprojeto. SEÇÃO DO APOIO SEÇÃO DO MEIO DO VÃO 35 B 550 100 (B-550)/2 L/17 15 (B-550)/2 B (B-550)/2 550 (B-550)/2 L/17 15 100 1 5 15 40 4025 25 35 35 70 3 0 cm 15 c m Figura 8.11- Seções transversais S0 e S5 da Ponte do anteprojeto. Cotas em cm (B=1050 cm) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 203 50 37 25 0 12 ,5 EL EV A Ç Ã O PL A N TA B 25 20 0 Se xt . b aL L/ 5 70 1/ 2 C O R TE 1/ 2 C O R TE 50 S0 L/ 10 S0 S1 S2 S1 S2 35 S3 S3 S4 S5 S4 S5 1/ 2 V IS TA S8 S6 S6 S7 1/ 2 V IS TA S7 S8 S8 S 9 S1 0 S1 0 Se xt . b aL Se x 15 cm 30 cm5 0 25 Figura 8.12- Planta e elevação esquemática da Ponte do anteprojeto. Cotas em cm. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 204 8.3.4- Segunda fase – cálculo das características geométricas das seções transversais em S5, S2 e S0 (sem considerar as transversinas) O cálculo das características geométricas das seções é feito a partir do esquema mostrado na figura 8.14 da mesma forma que o exercício resolvido no capítulo 1. Neste caso o que se faz é procurar identificar na seção sub-elementos com formato de retângulos e triângulos. Na figura 8.14 aparecem os elementos considerados para a determinação das características das seções S0, S2 e S5. Assim, a seção passa a ser composta de diversos elementos cujos valores das áreas, posições do centro de gravidade e inércia são conhecidos. Basta aplicar os conhecimentos de mecânica e resolver o problema, usando a tabela 8.5 indicada a seguir que pode ser previamente preparada para uma planilha eletrônica e facilmente aproveitável para outras seções.. 1 SEÇÃO DO MEIO DO VÃO 2 4 5 3 6 4 26 5 Figura 8.13.- Divisão das seções transversais para determinação das características geométricas.Como mostrado no capítulo existem diversas outras maneiras de calcular as características das seções em questões inclusive através de programas gráficos. É importante perceber que os valores procurados para realizar o anteprojeto são: Área da seção transversal (A), distância do centro de gravidade da seção em relação a borda superior (ys) e em relação a borda inferior (yi), momento de inércia da seção em relação ao eixo horizontal central (It), módulo de inércia em relação ao bordo inferior (Wi) e superior (Ws). ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 205 TABELA 8.6 Seção S5 B(m) H(m) A(m2) y(m) Ay(m3) ÿ'(m) Ay'(m3) I0 (m4) Ay'2 1 10,5 0,15 1,575 0,075 0,118125-0,64705 -1,019108256 0,002953125 0,659417 2 0,7 1,7 1,19 1 1,19 0,277947 0,330757095 0,286591667 0,091933 3 5,5 0,15 0,825 1,925 1,5881251,202947 0,99243139 0,001546875 1,193843 4 2,5 0,25 0,625 0,233 0,145625-0,48905 -0,305658038 0,002170139 0,149483 5 1 0,25 0,25 0,233 0,05825 -0,48905 -0,122263215 0,000868056 0,059793 6 0,35 0,35 0,1225 1,733 0,2122931,010947 0,123841025 0,000833681 0,125197 2 4,5875 3,312418 -8,74301E-16 0,294963542 2,279665 ycg,s "= Ay/A= 0,722053m It(m4) "=I0+Ay'2= 2,574629m4 ycg,i= h-ycg,s= 1,277947m Wi 2,01466 m3 Ws 3,565707m3 Seção S0 B(m) H(m) A(m2) y(m) Ay(m3) ÿ'(m) Ay'(m3) I0 (m4) Ay'2 1 10,5 0,15 1,575 0,075 0,118125-0,79723 -1,255630838 0,002953125 1,001021 2 1,4 1,55 2,17 0,925 2,00725 0,052774 0,114519734 0,434452083 0,006044 3 5,5 0,3 1,65 1,85 3,0525 0,977774 1,613327217 0,012375 1,57747 4 2,5 0,25 0,625 0,233 0,145625-0,63923 -0,399516206 0,002170139 0,255381 5 1 0,25 0,25 0,233 0,05825 -0,63923 -0,159806482 0,000868056 0,102152 6 0,35 0,35 0,1225 1,5833 0,1939540,711074 0,087106574 0,000833681 0,061939 2 6,3925 5,575704 -1,17961E-15 0,453652083 3,004007 ycg,s "= Ay/A= 0,872226m It(m4) "=I0+Ay'2= 3,45766 m4 ycg,i= h-ycg,s= 1,127774m Wi 3,065915m3 Ws 3,964179m3 Seção S2 B(m) H(m) A(m2) y(m) Ay(m3) ÿ'(m) Ay'(m3) I0 (m4) Ay'2 1 10,5 0,15 1,575 0,075 0,118125-0,71574 -1,127290156 0,002953125 0,806846 2 0,94 1,65 1,551 0,975 1,5122250,18426 0,285787598 0,351883125 0,052659 3 5,5 0,2 1,1 1,9 2,09 1,10926 1,22018624 0,003666667 1,353504 4 2,5 0,25 0,625 0,233 0,145625-0,55774 -0,348587364 0,002170139 0,194421 5 1 0,25 0,25 0,233 0,05825 -0,55774 -0,139434945 0,000868056 0,077768 6 0,35 0,35 0,1225 1,6833 0,2062040,89256 0,109338627 0,000833681 0,097591 2 5,2235 4,130429 -5,82867E-16 0,362374792 2,582791 ycg,s "= Ay/A= 0,79074 m It(m4) "=I0+Ay'2= 2,945165m4 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 206 ycg,i= h-ycg,s= 1,20926 m Wi 2,43551 m3 Ws = 3,727 m3 Tabela 8.3- Resumo das características geométricas de S0, S2 e S5 A (m2) ys (m) yi (m) I (m4) Wi (m3) Ws (m3) S0 6,3825 0,8722 1,1278 3,4577 3,066 3,964 S2 5,2235 0,7907 1,2093 2,9451 2,435 3,724 S5 4,5875 0,7220 1,2780 2,5740 2,015 3,565 As características geométricas das seções, como não podia deixar de ser pelo desconhecimento ainda da armadura de protensão necessária, correspondente a da seção geométrica ou bruta e sem a consideração das transversinas. 8.3.5- FASE 3: DETERMINAÇÃO DAS AÇÕES DE CARGA PERMANENTE As ações permanentes correspondem a dois tpios de carga: a estrutural (g1) e a sobrecarga permanente (g2) neste caso correspondente a pavimentação e as defensas. 8.3.5.1 Peso próprio g1 Nesta fase determinam-se os momentos fletores da ação permanente estrutural nos décimos de vão da estrutura. A ação estrutural de um elemento prismático (seção transversal constante) é dada pelo produto da área de sua seção transversal pelo peso específico do concreto protendido que é igual a 25 kN/m3. Esquematicamente a ação desta carga está representada na figura 8.15 dada a seguir e as intensidades correspondentes serão explicadas a seguir. A ação g1* correspondente à carga permanente no trecho central, compreendido entre as seções S3 e S7, em que não há variação de geometria. Seu valor numérico é encontrado multiplicando-se a área de S5 (não considerando a transversina) pelo peso específico do concreto com armadura (γ=25 kN/m3) Assim g1* = AS5 x γ = 4,5875 x 25 =114,69 kN/m Analogamente: g1** = AS0 x γ = 6,3925 x25 = 159,81 kN/m g 1 * 1 g** 1 g** Pta PtaPti PcPc S 0 S 1 S 2 S 3 S 4 S 5 S 6 S 7 S 8 S 9 S 10 S bal2S bal1 Mc c 0,1L L ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 207 Figura 8.14 – Esquema estrutural de carga permanente para toda a célula. Supõe-se que no intervalo de S3 e S0 a variação do carregamento é linear pois a largura da viga e a espessura da laje inferior variam desta forma. É preciso porem considerar que no meio do vão, nas seções de apoio e da extremidade do obra existem transversinas (elementos transversais) ou cortinas (extremidade da viga). 100 100 1535 35 35 550 1050 SEÇÃO DO MEIO DO VÃO tiA 250 250 Figura 8.15 – Região (achureada) a ser considerada para peso da transversina intermediária A ação da transversinas pode ser considerada como uma carga concentrada uma vez que a espessura das mesmas é pequena comparada ao vão da estrutura. Desta maneira o peso da transversina intermediária é dado por: Pti = Ati . ei .γ = ((5,50-0,70) x (2,00-0,30)-(0,1225+0,2500)) x 0,25 x25 = 48,67 kN Com Ati a área da região achureada mostrada na figura 8.15 e ei a espessura da transversina intermediária. Para peso da transversina de apoio o raciocínio é o mesmo mudando-se apenas os valores das variáveis na expressão: Pta = Ata . ea .γ =((5,50-1,40) x (2,00-0,45)-(0,1225+0,2500)) x 0,50 x25 = 74,78 kN Com ea espessura da transversina de apoio e Ata a área interna da seção S0. SEÇÃO DA EXTREMIDADE taA A tal A tal B figura 8.16- Região a ser considerada para o peso da cortina ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 208 Para o peso da cortina é preciso considerar duas parcelas, a transversal e a das abas assim: Pc = Pct + 2. Pabas Com Pct = (Ata+ 2. Atal) . ec . γ = ((B x h – AS0) + 2. Atal) . ec . γ Ata = 10,50 x 2 – 6,3925 = 14,61 m2 Pata =4,61 x 0,25 x 25 = 29 kN Pabas = Al. . ec . γ = 2x(2,50x2,00 – 2,00x1,33x0,5)x0,25x25= 46 kN Os valores de Ata e. Atal representam a área dos elementos mostrados na figura 8.15 enquanto A1 na figura 8.17 (achureados), ec é a espessura da transversina e γ peso específico do concreto com aço. O valor do momento Mc (momento causado pela aba da cortina) pode ser obtido fazendo o produto de Paba x ycg , valores indicados na figura 8.17 que correspondem ao peso da aba e a distância do cg da mesma à seção Sext bal. ycg = (2,5x2x1,25-1,33x2,00x0,5x1,83)/(5+1,33)=0,603 m , Mc =46x0,603=24,1 kN.m PERSPECTIVA ESQUEMATIVA DA EXTREMIDADE DA PONTEABA VISTA LATERAL DA ABA PERSPECTIVA ESQUEMATIVA DA CORTINA P Al Al ycg 37° h 50 250 67 200 Figura 8.17 – Perspectiva esquemática e detalhes da cortina. Determinado as intensidades dos carregamentos calculam-se os momentos fletores e cortantes em S0, S2 e S5. O cálculo é feito a partir da figura 8.10 iniciando pelo cálculo da reação de apoio Ra. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 209 114,7 159,8 74,8 48,7 75 S 0 S 1 S 2 S 3 S 4 S 5 S 6 S 7 S 8 S 9 S 10 S bal2S bal1 24,1 74,8 75 159,8 24,1 Ra aR 34 m3,4 m 6,8 m Figura 8.18 – Esquema estrutural com valores das cargas de peso próprio estrutural. Cálculo da reação de apoio: Ra= 114,7 (17+6,8)+ (159,8-114,7)x(6,8+ 2 2,10 )+75+74,8+ 2 7,48 =3440,7 kN Volume de concreto estrutural = 25 7,34402x = 275 m3 Cortante VS0,esquerda= -75-159,8x6,8=-1161,64 kN VS0,direita= -1161,64 –74,8 +3440,7= 2204,26kN VS2= 2204,26-129,73x6,8- 2 8,60,30 x = 1219,86 kN VS5,esquerda= 1219,86-114,7x10,2- 2 4,315x -= 24,4 kN Momento Fletor MS0= -24,1-75x6,8-159,8x 2 8,6 2 = -4228,6 kN.m MS2= -24-75x13,6-159,8x6,8x10,2+(3440,7-74,8)x6,8-129,73x 2 8,6 2 -30x 3 8,6 2 = 7688 kN.m MS5= -24-75x23,8-159,8x6,8x20,4-45,1x 2 2,10 x13,6-114x 2 172 +(3440-74,8)x17= 13631 kN.m ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 210 8.3.5.2 - Ações de sobrecargas permanentes A sobrecarga permanente é originada pela ação da pavimentação e dos guardas rodas. Para os dois guardas-rodas pode ser considerada uma carga de 4,25 kN/m. Para poder escoar as águas de chuvas é necessário que o pavimento superior seja inclinado de 2%. Prefere-se executar a estrutura com inclinação de 2% (ver situação a da figura A9), do que aumentar a espessura do pavimento para se obter a inclinação necessária (situação b da figura 8.11). Assim o valor de g2 será dado por: g2= 4,25+ (B-0,58)x 0,05x18= 4,25+(10,5-0,50)x0,05x18=13,25 kN/m. O valor de B (10,50 m) é a largura total da ponte e 0,5 a largura dos dois guardas rodas, a espessura do pavimento e seu peso específico são respectivamente 0,05 m e 18 kn/m3. 2% 2% Inclinação no pavimento Inclinação na estrutura Det. 1 Det. 2 25 Det. 2 Det. 1 h variável de 17,5 a 7 cm 7 cm h constante Figura 8.19-Possibilidades do escoamento da água de chuva na seção: a) através do engrossamento da pavimentação, b) através da inclinação da estrutura. 2 2 g 2 g S 0 S 1 S 2 S 3 S 4 S 5 S 6 S 7 S 8 S 9 S 10 S bal2S bal1 g L0,1L ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 211 Figura 8.20 – Esquema estrutural do carregamento de sobrecarga permanente A ação da sobrecarga permanente é uniforme em toda a extensão da ponte e seu esquema está mostrado na figura 10. Com o valor numérico de g2 obtido pode-se calcular também os momentos fletores e cortantes em S0, S2 e S5 . Cálculo da reação de apoio: Ra= 13,2 (17+6,8) =315,35 kN Cortante VS0,esquerda= -13,2x6,8= -89,76 kN VS0,direita= - 89,76 +314,16 = 225,6 kN VS2= 224,4-13,2x6,8= 135,1 kN VS5= 134,64-13,2x10,2= 0,0 kN Momento Fletor MS0= -13,2x 2 8,6 2 = - 305,1 kN.m MS2= 314,16x6,8-13,2x 2 6,13 2 = 918,5 kN.m MS5= 314,16x17-13,2x 2 8,23 2 =1602,2 kN.m 8.3.6- fase 4: determinação do trem tipo longitudinal e das ações de carga acidental Chama-se de trem tipo a maior carga acidental que pode atuar na obra de arte. O trem tipo usado neste projeto será o 45 que é composto por um veículo, cujas dimensões estão dadas na figura 8.21, e que pesa 45 tf (450 kN) e atua simultaneamente com uma carga acidental uniforme de 5 kN/m2, representando a ação de veículos mais leves ou mesmo multidão de pessoas. PE=75 p=5 kN/m 2p=5 kN/m 2 PE=75 PE=75 PE=75 kN PE=75 Figura 8.21 - Trem Tipo para a classe 45 – Geometria e cargas (cotas em cm) ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 212 Para calcular os esforços máximos e mínimos em cada seção é preciso saber inicialmente quanto da ação acidental é absorvida por cada viga (V1 e V2 figura 8.22). Se uma carga P é colocada no meio da seção transversal, obviamente, que as parcelas de carga absorvidas por V1 e V2 são iguais P/2. Quando a carga P está excêntrica de “e” pode-se assimilar, de maneira simplificada, que as cargas absorvidas por V1 e V2 são também iguais a P/2 pois o momento torçor Mt=P.e é absorvido pelas tensões de cisalhamento τt . Como a rotação α é muito pequena pode-se considerar Δ1= Δ2 e assim as ações em V1 e V2 iguais. Este raciocínio simplista pode ser visto em Muller [ ]. figura 8.22 – Funcionamento da seção celular: a carga P, vertical, é absorvida igualmente por V1 e V2 devido a grande inércia à torção da seção. Sendo assim pode-se dizer que, independentemente da posição do veículo na seção transversal, para efeito de flexão, cada viga absorve metade da carga. Desta forma será calculado o valor da máxima carga acidental que atua em uma viga, neste caso a carga para toda a seção, chamando este conjunto de cargas de trem tipo longitudinal (designado por TTL). Os valores destas cargas são obtidos fazendo simplesmente a resultante dos esforços em cada seção como é mostrado na figura 8.23. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 213 PE=75 p=5 kN/m 2 SEÇÃO DO MEIO DO VÃO SEÇÃO DO MEIO DO VÃO p''=5x(B-0,8) p'=5x(B-3,8) P'=150 kN AB CORTE AA CORTE BB PE'=150 p' p''p'' TREM TIPO LONGITUDINAL PE=75 PE=75 PE=75PE=75 PE'=150 PE'=150 figura 8.23 Esquema para o cálculo do Trem Tipo Longitudinal (TTL) Numericamente para este caso as cargas serão: Concentrada PE = 150 kN Distribuída p’= (10,5-0,5-3,0)x5= 35 kN/m2 Distribuída p’’= (10,5-0,5)x 5= 50 kN/m2 Finalmente conhecido o TTL pode-se calcular o máximo e o mínimo momento fletor em uma seção S com a ajuda da linha de influência e como mostra a figura 8.24. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 214 p' p''p'' p'' p'' p' PE' PE' p' p'' p''PE' M =-(PE'.(n8+n9+n10)+(p'.n8.a8+(p''-p').(n11.a11)+p" .n7.a7).0,5) M =PE'.(n2+n3+n4))+p'.n3.L.0,5+(p''-p').(n5.a5+n1.a1).0,5 min máx S SLIM n3=a.b/L n4 n5 n6n2n1 n3 n11 n10 n9 n8 n7 M =-(PE'.(n3+n4+n5)+p'.n3.L.0,5+(p''-p').(n2.a2+n6.a6).0,5máx PE' PE' PE' PE' PE' PE' figura 8.24 Carregamento da linha de Influência de Ms com o trem tipo Longitudinal. Aplicando para a seção S0 tem-se o esquema da figura 8.25. 1 n1 6,8mLIMS0 5,3 3,8 n2=5,30 min n4=2,30 n3=3,80n1=6,80 n4 2,3 n2n3 3,5 150 5 150150 1 34,0 SEÇÃO S0 M = -150.(6,80+5,30+3,80)+35x6,80x6,80x0,5+ +15x2,30x2,30x0,5)=-3198 kN.m Figura 8.25 Esquema de cargas e momento fletor mínimo para a seção S0. Analogamente para a seção S2 tem-se o esquema da figura A16. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 215 S2LIM n11 5 3,5 n1n2n3n4n5n6 5,3 3,8 6,8 22,7m 24,2 25,7 27,2m 2,3 3,8 5,3 6,8m n7n8n9 n10 150150150 150 150150 5 3,5 5 5 150150 150 5 5 3,5 1 2 3 2 1 3 máx n1=3,04 n2=4,24 n3=5,44 n6=4,54 n5=4,84 n4=5,14 n8=-4,24 n11=-1,36 n10=-1,84 n9=-3,04 n7=-5,44 min máx SEÇÃO S2 M =(150.(5,44+4,24+5,14)+35x5,44x34x0,5+ +15x3,04x3,8x0,5+15x4,84x24,2x0,5)=6425 kN.m M =150.(5,44+5,14+4,84)+35x5,44x34x0,5+ +15x4,24x5,30x0,5+15x4,54x22,7x0,5)=6491,1 kN.m M =-(150.(5,44+4,24+3,04)+35x6,8x5,44x0,5+ +15x2,3x1,84x0,5+50x1,36x6,8x0,5)= -2818kN.m Figura 8.26 Esquema de cargas e momento fletor mínimo para a seção S2. Finalmente para a seção S5 tem-se o esquema da figura 8.27 . 34,0m 17,0 15,5 14,0 1 min2 n6 6,8m LIMS5 5,3 3,8 n2=7,75 máx n4=7,75 n3=8,50 n1=7,00 n6=-3,40 n8=-1,90 n7=-2,65 n1 n9 2,3 n7n8 5 n4n2n3 n5 150 3,5 150 150 3,5 150 5 150150 2 5 1 5 n9 17,0 15,5 14,0 n5=7,00 n9=-1,15 n10=-3,40 SEÇÃO S5 M =150.(8,50+2x7,75)+35x8,5x34,0x0,5+ +2x15x7,00x14,00x0,5)=10127,5 kN.m M =-(150.(3,40+2,65+1,90)+35x3,4x6,8x0,5+ +15x2,3x1,15x0,5+50x3,40x6,8x0,5)= -2135kN.m Figura 8.27 Esquema de cargas e momento fletor mínimo para a seção S5. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 216 Os esforços da ação acidental precisam ainda ser majoradas pelo coeficiente de impacto vertical que serve de forma simplista para considerar o efeito dinâmico destas ações. O coeficiente ϕ é dado pela expressão empírica: ϕ = 1,4 – 0,007 x l com l o valor de vão em m. Assim para o vão e para o balanço (usa-se 2 l ) os coeficientes serão: ϕv = 1,4 – 0,007 x 34 =1,16 ϕb = 1,4 – 0,007 x 13,6 = 1,30 8.3.7- Resumo dos momentos fletores das ações. Segundo a norma NBR8681:2003 é considerada grande ponte aquela em que o peso próprio da estrutura supera 75% da totalidade das ações permanentes. Comparando as reações de apoio do peso próprio estrutural e sobrecarga permanente tem-se: Rapopio g1= 3440,7 kN → 91,6% Rapopio g2= 515,3 kN → 8,5% Total = 3756,0 kN →100% Como o peso próprio estrutural corresponde a 96,1% da ação permanente a ponte em questão pode ser considerada uma grande ponte e os coeficientes de majoração de ação para o caso de carga permanente são de 1,2 e e para as ações acidentais 1,5. Os valores dos Momentos fletores são apresentados na tabela 8.4 para as seções S0,S2 e S5. TABELA 8.4 Momentos fletores (kN.m) Seção Mg1 Mg2 Mqmáx Mqmin ϕMqmáx ϕMqmin S0 -4228 -306 0 -3198 0 -4157 S2 7688 915 6491 -2818 7530 -3663 S5 13631 1608 10127 -2135 11747 -2776 Para a seção S5 a mais solicitada calcula-se os momentos máximos e mínimos no estado limite último: Md,S5, máx = 1,3 (Mg1 + Mg2) + 1,5 ϕMqmáx = =1,3(13631+1608)+1,5(11747)= 46.431 37.431 kNm Md,S5, min = 1,3 (Mg1 + Mg2) + 1,5 ϕMqmin =1,3(13631+1608)-1,5(2776)= 15.646 kNm 8.3.8- Definição do cabo representante O cabo represente é definido conforme a discussão feita no item 8.2.1. e o esquema estrutural da viga em questão é mostrado na figura 8.28 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 217 AV 18 6 S0 S1 2 S3 S4 cabo representante 5S S 680 340 340 340 340 340 extS 18 15 15 200 1700 figura 8.28– Trajetória esquemática do cabo representante (cotas em cm). Como pode ser visto na figura 8.1 os ângulos escolhidos para o cabo representante são 60 e 180, apresentando-se as principais informações da viga que é ^simétrica em relação a S5, tem 34 m de vão, 6,8 de balanço, 2,0 m de altura, os cabos são todos ancorados na Sext, considera-se que o cabop representante passe a 15 cm da borda inferior nas seções S0 e no trecho S3 S5 e seus trechos curvos possam ser representados por arco de círculo. A geometria da estrutura (e da viga) foi definida em função do uso do cabo 12φ1/2” (cabo que tem 12 cordoalhas de diâmetro nominal de ½” dentro de sua bainha). Dados do cabo 12φ1/2” Área = 12,02 cm2 φbainha interna = 7 cm Resultam desta escolha os coeficientes relativos ao: atrito do cabo-bainha (tabela 4.1) μ=0,20 desvio angular β=0,01 rd/m ( embora a norma permita até valores de 0,002) Para o aço adota-se o CP190RB e portanto fica definido o valor de Ep=1,95x105MPa e a tensão inicial a ser aplicada na extremidade do cabo o menor dos valores 0,74 fptk e 0,82 fpyk (capítulo 3) e como fpyk≅ 0,9 fptk, o menor valor é este último e dado por: σpi=0,738 fptk=0,738x1900=1404 MPa adotado 1400 MPa. Adotando o sistema de protensão Rudloff ou MAC.decorre Perda durante a cravação – 6 mm Considerando o nível de agressividade III - Nível de Protensão – tem-se que atender a Protensão Parcial (ver capítulo anterior tabela 7.3), usar um concreto de fck=35 MPa e A/C≤ 0,5 (tabela 7.4) e cobrimento mínimo de 4,5 cm (tabela 9.1). 8.3.9 -Cálculo das perdas imediatas do cabo representante As perdas imediatas possíveis de serem calculadas são a por atrito e por deformação da ancoragem a por deformação imediata do concreto é desprezado pela falta do conhecimento do número de cabos. 8.3.9.1-Cálculo das perdas por atrito cabo bainha do cabo representante Considerando portanto (ver item anterior) os valores de μ=0,20, β=0,01 rd/m, σpi=1400 e a geometria da figura 8.20 pode-se montar a tabela 8.5 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 218 TABELA 8.5 Tensão ao longo do cabo representante após as perdas por atrito Seção x(m) D x(m) � ( O ) �� ( O ) �� (rad) e- �.(��+�x) Fs’ e-�.(��+�x) MPa Sext 0 0 0 0 0,00 1,000 1400,0 S0 6,8 6,8 6 6 0,10 0,966 1352,5 S1 3,4 10,2 12 18 0,31 0,920 1288,2 S2 3,4 13,6 12 30 0,52 0,876 1227,0 S3 3,4 17 12 42 0,73 0,835 1168,7 S4 3,4 20,4 0 42 0,73 0,829 1160,7 S5 3,4 23,8 0 42 0,73 0,823 1152,9 8.3.9.2-Cálculo das perdas por deformação da ancoragem do cabo representante Para calcular a perda por deformação a ancogarem usa-se os valores já definidos de Δ l =0,6 cm Ep=1,95x105MPa O cálculo da perda por deformação por ancoragem é feito por tentativa como já mostrado no capítulo 4. A área Ω da figura formado pela curva atrito-distância e seuespelho (consideração de atrito igual qualquer que seja o sentido do movimento do cabo) deve ser igual a Δ ⋅l Ep. Este valor é igual a Ω =Δ ⋅l Ep = 0,6 ⋅1,95 ⋅105=117.000.Considerando que a deformação da ancoragem influencia até a seção S0 obtem-se Ω S0 = 2 ( ) ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⋅⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ − 680 2 5,13521400 = 32.300 Como Ω S0<Ω então é preciso considerar um ponto mais distante do início do cabo. Considerando agora o ponto correspondente a seção S1 Ω S1 = 2 ( ) ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⋅⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+⋅⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+− 340 2 2,12885,1352680 2 2,12885,1352 2 2,12881400 = 141.278 Como Ω S1<Ω então o ponto indeslocável a deformação a ancoragem está entre S0 e S1 podendo ser escrita a equação Ω S0 + 680⋅Δσ + ll Δ⋅Ω=⋅ Δ 02 σ → 32.300+ 680⋅Δσ + =⋅ Δ 02 lσ 117.000 Mas considerando o trecho do gráfico da tensão entre S0 e S1 retilíneo pode-se escrever 0 01 2340 l⋅ Δ=− σσσ SS com σΔ a perda de tensão no ponto da seção S0 e 0l a distancia do ponto da seção S0 até o ponto onde a deformação da ancoragem influencia. 340 2,12885,1352 2 0 −=⋅ Δ l σ → σΔ⋅= 643,20l E portanto 680⋅Δσ + =Δ⋅⋅ Δ σσ 643,2 2 84.700 → 0700.84680321,1 2 =−Δ⋅+Δ⋅ σσ ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 219 =Δσ 103 MPa 0l =272,4 cm Tensão no cabo 1400 1352 1288 1227 115311611169 1301 1250 1202 1100,0 1150,0 1200,0 1250,0 1300,0 1350,0 1400,0 1450,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 x(m) s (M Pa ) Atrito atrito e anc. S1 atrito e anc. S0 Aatrito e anc final figura 8.29– Gráfico das tensões ao longo do cabo após as perdas iniciais. Na figura 8.29 mostra-se os gráficos de cada situação calculada e finalmente na tabela 8.6 apresentam-se os valores das tensões nas diversas seções após as perdas imediatas. TABELA 8.6 Tensão ao longo do cabo representante após as perdas iniciais Seção Sext S0 S1 S2 S3 S4 S5 σs (MPa) 1202 1250 1288 1277 1169 1161 1153 8.3.10- Cálculo das perdas ao longo do tempo do cabo representante São analisadas neste item as perdas por perdas ao longo do tempo do cabo representante considerando-as isoladas e tomando como referencia a seção S5. Além dos valores considerados anteriormente são impostas as seguintes condições : Umidade ambiental 75% protensão efetuada aos 5 dias de idade do concreto Temperatura média do ambiente 200C. Para a determinação de outros dados é preciso agora definir a espessura equivalente da peça (capítulo 5) dada por e= 2A/μ sendo neste caso μ o perímetro da seção em contato com o ar, Usando a seção S5 tem-se: para o perímetro μ = 10,50+2x2=14,50 m. Na fórmula do perímetro o valor de 10,50 m corresponde a projeção em planta das faces inferiores da seção uma vez que na face superior há o asfalto. O valor de 2 m corresponde a projeção na vertical dos elementos da seção e portanto desprezou-se nos dois casos as possíveis inclinações dos elementos. Assim e= (2x4,5875)/14,5=0,632 m. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 220 Com os valores anteriores é possível entrar na tabela 5.1 e obter os valores superiores do coeficiente de fluência e da deformação de retração que resultam em ( ) 6,25, =∞φ e ( ) 4101,25, −⋅−=∞sε 8.3.10.1 - Cálculo das perdas devido à retração A perda por retração é dada por ( )5,, ∞⋅=Δ spsp E εσ =1,9x105x2,1x10-4=40,95 MPa 8.3.10.2 - Cálculo das perdas devido à fluência do concreto A perda por fluência do concreto é dada por ( )5,,, ∞⋅⋅=Δ φσσ gcg c p cp E E o valor de Ec é dado por Ec =0,85 ckf⋅⋅5600 Ec =0,85 355600 ⋅⋅ =28.160 MPa e considerando para o valor de gcg ,σ = 5 MPa 6,25 160.28 109,1 5 , ⋅⋅⋅=Δ spσ =87,7 MPa 8.3.10.3 - Cálculo das perdas devido à relaxação do aço Para avaliar a perda por relaxação da armadura é preciso incialamente considerar o nível de tensão na mesma 1900 1153== ptk p f r σ =0,606 Consultando a tabela 5.4 tem-se a situação indicada e o valor desejado é k 0,6 fptk 1,3 0,606 fptk k 0,7 fptk 2,5 k=1,372 que o valor em percentagem para a perda de 1000 horas para o tempo infinito tem-se : ∞Ψ = 2,5 1000Ψ⋅ = 2,5.1,72 ⋅=4,3 % E finalmente a perda de : 043,01153, ⋅=Δ rpσ =49,58 MPa Assim as perdas totais são ++=Δ ++ cpsprcsp ,,,, σσσ =Δ rp,σ 40,95+87,70+49,58=178,23 MPa Considerando a mesma perdas para as outras seções é possível construir a tabela 8.7 TABELA 8.7 Tensão ao longo do cabo representante após as perdas iniciais e ao longo do tempo ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 221 Seção Sext S0 S1 S2 S3 S4 S5 σs (MPa) t=to 1202 1250 1288 1277 1169 1161 1153 σs (MPa) t=∞ 1024 1072 1110 1099 991 983 975 8.3.11- Cálculo do número de Cabos no ELU . O cálculo da armadura longitudinal é feito no tempo infinito usando para tanto a tensão da armadura na seção mais solicitada Sr que é (tabela 8.7) ∞=tSp ,5,σ =975 MPa que permite calcular o pré-alongamento εp que neste caso é dado pela lei de Hoohe εp= ∞=tSp ,5,σ /Ep = 975/195.000=0,5% O valor de εs é função da condição de equilíbrio da seção no ELU. Como a seção trabalha como um todo e assim o valor de b a considerar na expressão é de 10,50m e o valor de d será igual a altura h menos o valor arbitrado de 15 cm portanto d=2-0,15=1,85 m =⋅⋅= cd d fdb M KMD 2 = ⋅⋅ 4,1 000.3585,150,10 431.37 2 0,04 Da tabela 6.2 obtém-se kx =0,0603 e portanto x=0,0603x1,85=0,11m < hf linha neutra na mesa Ainda da tabela em questão obtém-se kz=0,9759 e εs=1%. Assim, εt =εp +εs =0,5+1=1,5% usando a tabela 6.1 fpd=150,7 kN/cm2 Finalmente 5,137 7,15085,19759,0 431.37 =⋅⋅=⋅⋅= pdz d p fdk MA cm2 Número de cabos n=Ap/12,02= 137,5/12,02=11,44 → adotado 12 cabos, ou seja, 6 cabos por viga. Para verificar a altura arbitrada detalha-se os sete cabos na seção S5 usando as distancias de 1,5φb e 2:φb entre o centro do cabo e a aresta de concreto e entre cabos respectivamente. Onde φb é o diâmetro externo da bainha e portanto as distâncias em questão são 10,5 e 14 cm. O arranjo dos cabos é mostrado na figura 8.30. Nota-se que pelo detalhe 1 o cobrimento mínimo de 4,5 cm está atendido. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 222 10 ,5 14 10,5 14 14 Detalhe 1 Detalhe 1Seção S5 Borda inferior 5, 8 5,8 figura 8.30– Gráfico das tensões ao longo do cabo após as perdas iniciais. A partir da disposição da armadura pode-se calcular agora o cg (ycg) dos cabos na S5 e portanto a altura útil real dr = h -ycg n y y icg ∑= = =⋅+⋅ 7 245,03105,04 0,165 m Assim o valor da altura real resulta em dr = h -ycg=2-0,165=1,835 Como o dr=1,835<darbritado =1,85 m pode-se calcular nova armadura com o valor de drque conduz a =⋅⋅= cd d fdb M KMD 2 = ⋅⋅ 4,1 000.35835,150,10 431.46 2 0,06 Da tabela 6.2 kx =0,0916 e portanto x=0,0916x1,835=0,168m < hf linha neutra na mesa Ainda da tabela em questão obtém-se kx=0,9634 e εs=1%. Assim, εt =εp +εs =0,5+1=1,5% usando a tabela 6.1 fpd=150,7 kN/cm2 Finalmente 52,170 7,150835,19634,0 431.45 =⋅⋅=⋅⋅= pdz d p fdk MA cm2 Número de cabos n=Ap/12,02= 170,5/12,02=14,18 → adotado 14 cabos, ou seja 7 cabos por viga e portanto ainda uma armadura passiva de Ft = ydspdp z d fAfA dk M ⋅+⋅=⋅ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛⋅+⋅⋅=⋅ 15,1 507,15002,1214 835,19634,0 431.45 sA As = 7,79 cm2 8.3.12-- Verificação do ELS de fissuração. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 223 Em virtude da condição ambiental de agressividade do entorno onde se executará a ponte era do nível III a protensão deve ser a limitada. Assim, a verificação de fissuração é feita através do controle das tensões normais no concreto. Como a verificação de ruptura em vazio, ou seja, no tempo zero também pode ser feita desta forma faz-se ambas as verificações na seção S5 nas demais seções é feita a determinação do feixe limite que é comentada no capítulo posterior. Força de protensão em um cabo (tabela 8.7) tempo zero →Np,t=0 = 115,3x12,02 =1386 kN, tempo infinito →Np,t=∞ = 97,x12,02 =1172 kN, excentricidade dos cabos → e = yi - ycg =1,278-0,165=1,113 m geometria da seção S5 (tabela 8.3) A=4,5875 m2, Wi=2,015 m3, Ws=3,565 m3, yi=1,278m Esforços na seção → Mg1=13631 kN.m, Mg2=1608, ϕMq,máx=11747 kN.m e ϕMq,min=-2776 kN.m Verificação de ruptura e no tempo “zero” limites para as tensões (supondo fcj=20 MPa): Compressão 0,7xfcj =0,7x20.000=14.000 kN/m2 Tração 1,2xfctm =1,2 3/2207,0 ⋅⋅ =2,652 MPa =2652 kN/m2 Borda inferior: iσ = i g1 i pp W M W M A N −+ = =−⋅⋅+⋅ 2,013 13.631 2,015 113,1138614 4,5875 138614 8185 kN/m2<14000 a condição de compressão está atendida Borda superior σs= s g1 s pp W M W M A N +− = =+⋅⋅−⋅ 3,565 13.631 3,565 113,1138614 4,5875 138614 1995>-2652 kN/m2 a condição de tração está atendida e não é preciso usar armadura para controlar a fissuração na borda superior. Verificação de Fissuração É feita no tempo infinito e considerando o estado de descompressão e o deformação de fissuras para a combinação quase permanente e freqüente respectivamente. Os coeficientes 1Ψ e 2Ψ a considerar segundo a norma NBR8681:2003 são iguais a 0,3 e 0,5 respectivamente . Estado limite de descompressão (E.L.S-D).→Combinação de ações Quase Permanente Os limites neste caso são Tração → σ = 0 ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 224 Compressão → estado limite de compressão excessiva (ELS-CE) → 0,7 fck Substituindo fck=35 chega-se a condição: 245000 ≤≤ σ BORDA INFERIOR Situação momento máximo σi= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q2 W .Mψ+ = =−+−⋅⋅+⋅ 2,015 0,3x11747 2,015 160813631 2,015 113,1117214 4,5875 117214 3328 kN/m2 Situação momento mínimo σi= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q2 W .Mψ+ = =++−⋅⋅+⋅ 2,015 0,3x2776 2,015 160813631 2,015 173,1117214 4,5875 117214 5490 kN/m2 BORDA SUPERIOR Situação momento máximo σs= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q2 W .Mψ+ = =+++⋅⋅−⋅ 3,565 0,3x11747 3,565 160813631 3,565 113,1117214 4,5875 117214 3717 kN/m2 Situação momento mínimo σs= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q2 W .Mψ+ = =−++⋅⋅−⋅ 3,565 0,3x2776 3,565 160813631 3,565 113,1117214 4,5875 117214 2494 kN/m2 A maior tensão (situação 2) atende a condição limite 5400<24500 kN/m2 A menor tensão (situação 4) atende a condição limite 2494>0 kN/m2 Estado limite de formação de fissuras (E.L.S-F).→Combinação de ações Freqüente Os limites neste caso são Tração → fct,m = -0,3. 3 2 ckf Compressão → estado limite de compressão excessiva (ELS-CE) → 0,7 fck Substituindo fck=35 chega-se a condição: 22 245003850 m kN m kN ≤≤− σ ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 225 BORDA INFERIOR Situação momento máximo σi= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q1 W .Mψ+ =−+−⋅⋅+⋅ 2,015 0,5x11747 2,015 160813631 2,015 113,1117214 4,5875 117214 2162 kN/m2 Situação momento mínimo σi= i g3g2g1 i pp W M W M A N ++++ i q1 W .Mψ+ = =++−⋅⋅+⋅ 2,015 0,5x2776 2,015 160813631 2,015 173,1117214 4,5875 117214 5765 kN/m2 BORDA SUPERIOR Situação momento máximo σs= s g2g1 s pp W M W M A N +++ s q1 W .Mψ+ = =+++⋅⋅−⋅ 3,565 0,5x11747 3,565 160813631 3,565 113,1117214 4,5875 117214 2779kN/m2 Situação momento mínimo σ s= s g2g1 s pp W M W M A N +++ s q1 W .Mψ+ = =−++⋅⋅−⋅ 3,565 0,5x2776 3,565 160813631 3,565 113,1117214 4,5875 117214 2338 kN/m2 A maior tensão (situação 7) atende a condição limite 5765<28500 kN/m2 A menor tensão (situação 5) atende a condição limite 2162>-3850 kN/m2 Desta forma as condições de fissuração estão atendidas 8.4- Cálculo com pré-tração: seções compostas. O cálculo da armadura com pré-tração é feito normalmente para vigas pré-fabricadas que tem uma série de características distintas das executadas no local, inicia-se aqui um resumo de algumas particularidades embora muitos dos assuntos aqui tratados possam ser aprofundados em livros de pré-fabricados. O cálculo de uma pré-fabricada com aderência inicial deve levar em conta principalmente a maneira como é executada a estrutura em que ela faz parte. Imaginando, por exemplo, uma estrutura em constituída de lajes alveolares, vigas pré-fabricadas e pilares pode-se ter dois principais tipos de estrutura: 1) estrutura com pórticos com ligações semi-rígidas; 2) estrutura com pórticos com ligações rotuladas. 8.4.1. Estrutura com pórticos com ligações semi-rígidas e com ligações rotuladas ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP. 8- Pré-dimensionamento e dimensionamento da armadura longitudinal ROBERTO CHUST CARVALHO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 226 Quando se deseja construir uma estrutura com elementos pré-fabricados usando pilares, vigas protendidas e laje alveolar e ligação semi-rígida segue-se em geral a seqüência apresentada na figura 8.21 ligação laje alveolar pilar viga pré fabricada capa laje alveolar ligação capa pilar viga pré fabricada etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa 6etapa 5etapa 4 FIGURA 8.31- Seção transversal da viga da viga pré-fabricada com as etapas seguidas para a execução de uma estrutura com pórticos com ligações semi-rígida.: Etapa 1 –fabricação
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