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motricidade e pensamento

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Motricidade e Pensamento
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos as influências recíprocas entre o pensamento e o 
movimento, mais especificamente entre o psiquismo e a motricidade. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir psicomotricidade.•
Identificar os objetos de investigação da psicomotricidade.•
Relacionar as influências entre psiquismo e motricidade.•
DESAFIO
Considere que você é um profissional da área de educação e atua em uma escola de educação inf
antil. O seu papel é atender os pais e 
orientá-los quanto ao cuidado com as crianças e a relação família/escola. Muitas famílias se sent
em culpadas por terem que deixar os filhos na escolinha antes de 1 ano de vida para o retorno da 
mãe ao mercado de trabalho. 
Um dia, uma mãe o(a) procurou muito preocupada com o estado emocional do bebê. Segundo el
a, a criança parecia estressada, chorava muito e se irritava sempre que ela (a mãe) estava por per
to. Como você faria o atendimento a essa mãe? Descreva a sua abordagem para ajudar a mãe a s
olucionar a situação. E, com base na relação entre psiquismo e motricidade, levante uma hipótes
e para o comportamento da criança. 
INFOGRÁFICO
Com os deslocamentos incentivados pelo adulto, a criança desenvolve autoconfiança e passa a r
ealizar deslocamentos autônomos. A motricidade contribui para a construção do psiquismo. 
CONTEÚDO DO LIVRO
O que é a psicomotricidade?
A psicomotricidade é um campo de estudo transdisciplinar, ou seja, é produto de estudo de vária
s áreas distintas, que gera um novo conhecimento, uma nova área de estudo. As relações e as inf
luências recíprocas entre o psiquismo e a motricidade são os objetos de investigação da psicomo
tricidade.
Para conhecer mais sobre o tema, confira os trechos selecionados do livro Desenvolvimento Psic
omotor e Aprendizagem, de Vitor da Fonseca, que apresenta a evolução psicomotora da criança 
a partir das contribuições de diversos autores.
Boa leitura.
Vitor da Fonseca
Desenvolvimento 
Psicomotor 
e Aprendizagem
F676d Fonseca, Vitor da.
 Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem [recurso
eletrônico] / Vitor da Fonseca. – Dados eletrônicos. – Porto
Alegre : Artmed, 2008.
 Editado também como livro impresso em 2008.
 ISBN 978-85-363-1402-0
 1. Psicomotricidade. I. Título.
 CDU 159.943
Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023.
9Sumário
Neste livro abordarei as relações entre o
desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem,
mais a psicomotricidade do que efetivamente
a aprendizagem, e mais a aprendizagem não-
simbólica e não-verbal do que a aprendizagem
simbólica e verbal, que já foi tema de outro li-
vro que escrevi (Fonseca, 1984, 1999).
A psicomotricidade pode ser definida como o
campo transdisciplinar que estuda e investiga as
relações e as influências recíprocas e sistêmicas
entre o psiquismo e a motricidade. O psiquismo,
nessa perspectiva, é entendido como sendo cons-
tituído pelo conjunto do funcionamento men-
tal, ou seja, integra as sensações, as percepções,
as imagens, as emoções, os afetos, os fantasmas,
os medos, as projeções, as aspirações, as represen-
tações, as simbolizações, as conceitualizações, as
idéias, as construções mentais, etc., assim como
a antecede as aquisições evolutivas ulteriores.
A psicomotricidade como campo de estudo
sofre obrigatoriamente de várias tensões dos que
a compreendem corretamente, mas também dos
que a ameaçam, além dos que desejam dar no-
vas direções e nelas prosseguir com novas bus-
cas de conhecimento, como é o meu caso.
O estado da arte da psicomotricidade não foge,
portanto, à controvérsia. Este livro também não.
Minha intenção é fazer um levantamento das
principais linhas de elaboração conceitual do de-
senvolvimento psicomotor, criando um paradig-
ma consensual de pressupostos para o seu futuro
estudo, algo que não é fácil, na medida em que
unificar concepções de várias disciplinas distin-
tas e de vários autores oriundos de diferentes
culturas, para compreender melhor o modo como
funciona a psicomotricidade como sistema com-
plexo, é um tremendo desafio.
Uma vez que o indivíduo como entidade on-
tológica apresenta um conjunto de característi-
cas que co-ocorrem com outras, tentei neste li-
vro abordar um estudo da psicomotricidade que
não possa ser isolado de outras áreas do conhe-
cimento.
Como disciplina emergente, a psicomotrici-
dade subentende o estudo de várias áreas cientí-
ficas, o estudo de vários graus de adaptabilidade
e o estudo de vários contextos ecológicos e circuns-
tâncias socioculturais. A psicomotricidade pode,
igualmente, definir-se como uma educação e uma
reabilitação especialmente concebidas, desenha-
das e implementadas para satisfazer as necessida-
des desenvolvimentais únicas de indivíduos nor-
mais e excepcionais, tendo em vista a realização
máxima possível do seu potencial humano total.
Apesar de a psicomotricidade ter se originado
na França e dela se ter expandido preferencial-
mente para os países mediterrâneos e latino-
americanos, na minha linha de pensamento os
autores norte-americanos e russos apresentam
contribuições muito relevantes para o seu desen-
volvimento conceitual. Pretendo, assim, colabo-
rar para uma perspectiva intercultural mais
alargada da psicomotricidade, mesmo tendo cons-
ciência do muito que há a explorar em outras
culturas para que ela se liberte de amarras con-
ceituais que a limitam na sua universalidade.
A estrutura do livro está dividida em três
grandes seções:
INTRODUÇÃO
10 Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem
A publicação da primeira edição, em 1977,
com o título Escola, escola, quem és tu?, em co-au-
toria com Nelson Mendes, demonstrou ser esta,
já com quatro edições, uma obra de referência
para muitos educadores, professores, terapeutas,
psicólogos e médicos ligados à educação e à ree-
ducação, sendo a sua aceitação, quer em Portu-
gal quer no Brasil, muito positiva.
Não podendo contar com a colaboração do
referido colega, a presente obra foi totalmente
reescrita, tendo sido atualizada conceitualmente
e acrescentada com novos capítulos, com a apre-
WALLON
Prelúdios psicomotores
do pensamento
PIAGET
Da embriologia motora à
embriologia mental
Autores
Europeus
AJURIAGUERRA
A criança é o seu corpo
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
E APRENDIZAGEM
Autores
Russos
Autores
Norte-americanos
KEPHART
Da aquisição à
generalização motora
CRATTY
A pirâmide do comportamento
perceptivo-motor
GETMAN
O complexo visuomotor
FROSTIG
Habilidades visuoperceptivas
e educação pelo movimento
BARSCH
A teoria movigenética
CRUICKSHANK
Disfunção perceptivo-motora
e disfunção cerebral mínima
J. AYRES
Integração sensorial
e aprendizagem
Escala de Desenvolvimento Psicomotor
VYGOTSKY
Perspectiva sócio-histórica
da motricidade
BERNSTEIN
A coordenação e a regulação
cibernética da psicomotricidade
LURIA
A organização neurofuncional
da psicomotricidade
ZAPOROZHETS e ELKONIN
A evolução dos
hábitos motores
sentação de dois novos autores norte-america-
nos, Cruickshank e J. Ayres, e com um novo au-
tor russo, Vygotsky, pela importância da sua obra
genial sobre o desenvolvimento da criança.
O livro destina-se a estudantes de psicomotri-
cidade, de educação (geral, especial e inclusiva),
a estudiosos do desenvolvimento da criança e
do jovem (pais, educadores, assistentes sociais,
psicólogos, psicopedagogos, médicos, terapeutas,
fisioterapeutas, etc.) e, particularmente, a psi-
comotricistas, que poderão encontrar muitos tó-
picos de interesse e de reflexão.
11Vitor da Fonseca
EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DA CRIANÇA
Autores Europeus
INTRODUÇÃO
Falar em conjunto de Wallon, Piaget e Ajuria-
guerra não é tarefa fácil, muito menos quando se
deseja conseguir uma linguagem inter e trans-
disciplinar. Arrrisco, no entanto, fazê-lo por uma
questão de curiosidade científicae pelo gosto que
sempre tive pela integração e síntese conteudís-
tica. Seja como for, porém, os três autores são, sem
dúvida, pioneiros de primeira ordem no desenvol-
vimento psicomotor. Wallon, considerado um au-
tor difícil, é, na atualidade, um dos autores euro-
peus mais estudados e analisados, enquanto Pia-
get é um autor de referência incontornável, sem,
todavia, ter sido quer psicólogo, quer pedagogo.
Wallon licenciou-se primeiro em filosofia, e
só mais tarde em medicina, com uma tese
intitulada A criança turbulenta (1925), que viria
a ser uma obra fundamental para a formulação
teórica e prática da psicomotricidade, talvez
mesmo um dos primeiros trabalhos científicos
do mundo a debruçar-se sobre a criança hipe-
rativa, hoje considerada a principal causa das
consultas em neuropsiquiatria infantil e em
psicopedagogia. Só mais tarde tornou-se profes-
sor de psicologia na Sorbonne e no Colégio de
França, onde desenvolveu efetivamente as pri-
meiras pesquisas sobre o papel da motricidade
na ontogênese do psiquismo. Responsável mé-
dico pelas crianças vítimas da I e da II Guerras
Mundiais, humanista, antifascista assumido e
ativista político, foi perseguido pela horrorosa
polícia nazista e ocupou um lugar de destaque
na resistência francesa durante a ocupação ale-
mã. Dada a sua intensa participação social, após
a ocupação estrangeira do seu país, residente
além de ter produzido intensa, extensa e exce-
lente obra intelectual em vários domínios –
médico, psicológico, educacional, social, etc. –,
elaborou, ainda, com outra figura moral e ética
de relevo na época, o projeto educacional
Langevin-Wallon, que influenciou a formação de
muitas gerações de franceses, e no qual integrou
de forma original os conceitos de psicomotrici-
dade de que tratarei em seguida. A sua biogra-
fia apresenta-nos o perfil de um homem que
lutou por integrar a sua atividade científica com
a ação social, em uma experiência de vida plena
de coerência e de engajamento ético invulgar.
Piaget, por outro lado, é um autor com inú-
meros trabalhos publicados e que aliou a este
fato ser, além de zoólogo notável, um dos mais
significativos expoentes da lógica e do estrutu-
ralismo europeus. Ao contrário de Wallon, vi-
veu alheio às turbulências sociais das guerras
mundiais e beneficiou-se da cultura suíça, com
características socioculturais muito próprias e
que influenciaram o seu pensamento. Tendo
como preocupação central o estudo do sujeito
epistêmico, o sujeito do conhecimento, e não o
de ação, Piaget preocupou-se com a busca dos
mecanismos comuns a todos os sujeitos, mes-
mo que inseridos em contingências culturais
distintas. Apesar de não ter por objeto princi-
pal de estudo o desenvolvimento psicomotor
da criança, este autor, inspirado na biologia,
mas não na neurologia, como seria de esperar,
12 Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem
notabilizou-se por explicar os principais meca-
nismos da epistemologia genética, principal-
mente o equilíbrio (diferente do termo equilí-
brio como função postural por excelência), a
adaptação, a inteligência, a abstração reflexiva,
a generalização construtiva, etc., tendo como
referência a teoria geral dos sistemas. E, nesse
sentido, a sua contribuição para compreender
o papel da ação no desenvolvimento do pensa-
mento é uma contribuição importantíssima.
Por sua vez, Ajuriaguerra, refugiado basco,
surge como um investigador de síntese entre a
psiquiatria infantil e o desenvolvimento neuro-
lógico. A profundidade dos seus trabalhos e a
sua longa prática clínica, apesar de vários dissa-
bores profissionais, bem como a sua intensa e
vasta colaboração em equipes de reeducação,
dão-lhe um lugar único no domínio da psicomo-
tricidade. O seu prestígio mundial no âmbito da
neuropsiquiatria infantil confere-lhe uma posi-
ção especial para fundamentar cientificamente
a psicomotricidade, sendo de assinalar a sua
extraordinária capacidade para cruzar saberes
tão distintos como a psicanálise, a psicossomá-
tica, a psicopatologia, a neuropediatria, a neuro-
psiquiatria e a neuropsicologia.
Embora apenas com a preocupação de uma
abordagem didática, é interessante verificar
como Wallon e Piaget, a par de áreas comuns
na concepção das suas “ideologias”, têm tam-
bém pontos polêmicos e contraditórios.
Ambos equacionam a inteligência em termos
evolutivos, e não como uma simples coleção ou
somatório de condutas. Ambos respeitam os
estádios do desenvolvimento, embora do ato ao
pensamento, para Wallon, e da inteligência sen-
sório-motora à inteligência reflexiva, para Piaget.
Note-se que, em qualquer das suas perspectivas
evolutivas, emergem as noções de reorganiza-
ção, de reconstrução e de transformação.
Piaget, por exemplo, por um lado, parece
aproximar-se da perspectiva dialética de Wallon,
quando equaciona a evolução da inteligência em
termos de homogeneidade e heterogeneidade,
mas, por outro, parece querer rodear as contra-
dições e as diversidades do desenvolvimento da
criança que este encara, equaciona e analisa
muito claramente.
Piaget situa o seu interesse na lógica da in-
teligência, nas formas de equilíbrio do pensa-
mento. Para o autor suíço, não esquecendo o seu
contexto sócio-histórico, a inteligência é uma
estrutura biológica no meio de outras, que obe-
dece à lógica universal de todos os sistemas de
equilíbrio: assimilação, acomodação, adaptação.
Para ele, a gênese do pensamento, a que chamou
também embriologia mental, é a interiorização
dos esquemas sensório-motores da primeira in-
fância que, pela respectiva associação, vão origi-
nar a hierarquia triunfante que vai das ações às
operações, passando pelas coordenações.
Piaget defende, assim, a identidade e a con-
tinuidade dos vários períodos do desenvolvi-
mento, enquanto Wallon, por sua vez, encara e
pesquisa as diferenças e as descontinuidades
dos mesmos.
Piaget aponta como objetivo a atingir, ao
contrário de Wallon e também de Vygotsky, a
lei geral do pensamento, considerando a inte-
ligência como uma forma superior de adapta-
ção biológica, não especificando como ela de-
corre igualmente do surgimento de processos
de adaptação de inequívoca origem social.
Wallon, médico francês, mergulhado em
outro contexto sócio-histórico, baseia a origina-
lidade da sua concepção na interinfluência dos
fatores biológicos com os fatores sociais, princi-
palmente quando analisa as relações entre a
emoção e a motricidade, a motricidade e a repre-
sentação mental, a representação mental e o
caráter, entre o caráter e o social, etc. Quer dizer:
um parece apontar uma dialética; o outro, pelo
contrário, avança com uma lógica e uma lei.
Ao esquema cibernético e triunfal de Piaget,
Wallon contrapõe uma maneira de pensar a crian-
ça e o seu desenvolvimento em uma perspectiva
dialética de globalidade-unidade. Como nos diz
o seu discípulo Zazzo, a obra de Wallon é um dos
melhores meios de estudo e de análise para com-
preender o desenvolvimento biopsicossocial da
criança. Para Wallon, o estudo da criança não é
um mero instrumento para a compreensão do
psiquismo humano, mas é, também, um modo
particularmente privilegiado para contribuir para
a sua educação. Para este autor, a infância é uma
idade única e fecunda para compreender a natu-
13Vitor da Fonseca
reza humana, cujo atendimento é a tarefa fun-
damental da educação. A preocupação pedagógi-
ca do pensamento psicológico walloniano é ex-
tremamente forte e sólida, razão pela qual a sua
obra é tão importante para a psicomotricidade.
Em Wallon é impossível dissociar a ação da
representação, a tonicidade da emoção, o gesto
da palavra, o motor do psiquismo, na medida
em que esta é a conseqüência da inteligência
das situações. É este autor que faz saltar as con-
tradições e a versatilidade mental como as ex-
pressões da dialética da personalidade da crian-
ça. Contradições entre a finalidade da linguagem
e a fluidez dos sentidos, entre o reale a sua re-
presentação, entre a intuição e a abstração, en-
tre a lógica da linguagem e a lógica das coisas.
É, pois, neste sentido, que Wallon confere à
sua concepção uma dimensão dialética: entre
o orgânico e o social, entre o indivíduo e a socie-
dade, entre o corpo e o cérebro, entre o psíqui-
co e o motor, entre o emocional e o racional.
Para Wallon, portanto, o objetivo da psicologia
é acabar de vez com os “clássicos dualismos”
corpo-alma, indivíduo-sociedade, biológico-so-
cial, natura-cultura, etc.
Em 1958, Wallon chegaria a afirmar: a psi-
cologia terá de unir o orgânico ao psíquico, a
alma ao corpo. Daqui, aliás, viria a nascer o fa-
moso Laboratório Psicobiológico da Criança,
chefiado por Zazzo e seus seguidores.
Piaget, entretanto, preocupa-se mais com a
continuidade radical da inteligência e com as
suas relações biológicas e lógicas. A sua obra é
um esforço sistemático para elaborar uma teo-
ria geral da inteligência, onde a lógica da vida
e do pensamento se inter-relacionam.
Onde Piaget faz obra de lógico, Wallon faz
obra de psicólogo; onde Piaget adota a observa-
ção rigorosa, Wallon vai ao diálogo com a crian-
ça; enquanto Piaget se interessa pela razão,
Wallon entusiasma-se pelas contradições do
pensamento… Entre um e outro há, pois, pon-
tos de vista diferentes e pontos de vista comuns.
É, aliás, o próprio Piaget quem, em um artigo
de homenagem a Wallon, diz claramente que as
suas idéias não se opõem às de Wallon, mas, pelo
contrário, se completam, embora segundo pers-
pectivas diferentes. Assim, diríamos que Wallon
equaciona a sua concepção segundo uma pers-
pectiva biopsicossociológica, enquanto Piaget o
faz segundo uma perspectiva biocognitiva.
Seja como for, porque as obras de ambos são
tão enormes e transcendentes, a dificuldade re-
side efetivamente, em tão pouco espaço, em sin-
tetizar e reunir interdisciplinarmente estes dois
autores. Tal dificuldade é, em parte, superada
por Ajuriaguerra, cujo contributo neuropsiquiá-
trico e neuropsicológico vem preencher uma la-
cuna essencial para a leitura didática do desen-
volvimento psicomotor da criança que emerge
destes notáveis pioneiros da psicomotricidade.
Assim, Ajuriaguerra, que não é um biólogo
ou um lógico, nem um psicólogo, além de não
apresentar uma concepção original do desen-
volvimento psicológico da criança, é, no entan-
to, um neuropsiquiatra infantil, que, como tal,
apresenta uma perspectiva naturalmente
interdisciplinar, integrada e contextualizada da
sua ontogênese, perspectiva do maior interesse
para a compreensão da evolução psicomotora
da criança.
Com base na sua invulgar experiência clínica
e apoiando-se em um fundamento psicológico
sustentado em substratos neurológicos, Ajuria-
guerra não só integra os aspectos equacionados
por Wallon e Piaget, como também de outros au-
tores importantes, como Gesell, Spitz, Freud, etc.
A forma sugestiva e sistêmica como coloca
os problemas da função tônica e da construção
da imagem do corpo da criança e concomitantes
perturbações e a fundamentação neurocientífica
da psicomotricidade são o ponto básico de sua
constituição para este livro.
Repare-se como esta perspectiva, além de
fornecer os limites do normal e do patológico,
e de situar-nos nos paradigmas do paranormal
e do parapatológico, nos garante, só por si, uma
visão transdisciplinar do desenvolvimento bio-
psicossociológico da criança.
É essa dimensão multifacetada do desen-
volvimento psicomotor da criança que passa-
rei a abordar de seguida, com base nas contri-
buições extraordinárias destes grandes pionei-
ros europeus da psicomotricidade.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
DICA DO PROFESSOR
A psicomotricidade é uma disciplina emergente, que tem como base várias áreas de conhecimen
to, por isso, consideramos um campo transdisciplinar que estuda as relações entre o psiquismo e 
a motricidade. Transdisciplinar porque a reunião dessas várias áreas de conhecimento gera um n
ovo conhecimento, que não é a simples soma das áreas que lhes deram origem. Assim, precisam
os compreender o que é o psiquismo e o que é a motricidade. 
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
EXERCÍCIOS
1) A psicomotricidade é um campo transdisciplinar de estudo considerado emergente po
r não ter ainda um campo bem definido de formação e atuação. Para o seu desenvolvi
mento há dois elementos principais que são estudados. Quais são eles? 
A) 
Psiquismo e motricidade.
B) 
Indivíduo e subjetividade.
C) 
Sujeito e pensamento.
D) 
Indivíduo e movimento.
E) 
Linguagem e cultura.
2) Para compreender o conceito de psicomotricidade, é importante que se tenha clareza 
de quais elementos são considerados para a construção deste campo de estudo. Por iss
o, ao adotar termos como psiquismo, deve-se ter a clareza do que se entende por este t
ermo. Assinale a alternativa que apresenta a melhor definição. 
A) 
Único campo de estudo da psicomotricidade.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/901b02a56dd7c62b62085810c1a15faf
B) 
Elementos que compõem o cérebro.
C) 
Área de estudo da psiquiatria.
D) 
Uma das fases do desenvolvimento infantil.
E) 
Conjunto do funcionamento mental.
3) A motricidade é um dos elementos observados e estudados pela psicomotricidade. Par
a os estudos desta área, como se pode definir motricidade? 
A) 
Motricidade é o processo marcado pela sucessão de movimentos organizados que o indivíd
uo realiza.
B) 
Motricidade é todo tipo de movimento repetitivo realizado pelo indivíduo.
C) 
Motricidade é a forma concreta de relação do indivíduo com o mundo através de movimen
tos intencionais e significativos.
D) 
Motricidade é todo movimento involuntário dos músculos.
E) 
Motricidade são as formas de expressão artística.
4) Os deslocamentos ativos ou autógenos são respostas e reações do próprio corpo ao m
undo exterior. Identifique abaixo a situação que melhor exemplifica um movimento a
utógeno. 
A) 
Um recém-nascido que esboça um sorriso ao ver a mãe.
B) 
Uma criança de 2 meses de vida que agarra o dedo do pai quando este lhe oferece um carin
ho.
C) 
Uma criança aprendendo a andar com a ajuda de um adulto.
D) 
Um recém-nascido que se esperneia ao sentir cólicas.
E) 
Os movimentos incessantes descoordenados de braços e pernas de um bebê.
5) 
Com relação à motricidade, podemos identificar três tipos de deslocamentos praticad
os pelos seres humanos. O primeiro tipo de deslocamento, pode ser chamado de deslo
camento passivo ou exógeno. Assinale a alternativa que se refere a esse tipo de desloc
amento. 
A) 
Os deslocamentos exógenos são observados em crianças com idade entre 2 e 5 anos e que j
á realizam movimentos autônomos de interação. com o mundo.
B) 
Os deslocamentos exógenos são respostas do próprio corpo ao mundo exterior.
C) 
Os deslocamentos exógenos são deslocamentos diferenciados que empregam verdadeiras a
titudes gestuais e mímicas de interação.
D) 
Os deslocamentos exógenos podem ser observados em bebês que expressam toda a sua int
eração com o meio externo por meio da motricidade de outros seres humanos adultos.
E) 
Os deslocamentos exógenos são uma forma da criança demonstrar autonomia e autossufici
ência em vários aspectos da vida diária.
NA PRÁTICA
Veja um exemplo sobre a motricidade. 
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
Associação Brasileira de Psicomotricidade
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Motricidade
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O que é Psicomotricidade? Entenda o conceito
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
https://psicomotricidade.com.br/https://www.youtube.com/embed/1x_7TfYvyDk
https://www.youtube.com/embed/wIHiCBVesX8

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