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CADERNO - DIREITO PROC CIVIL III (Thais Lamarca)

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Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Profa. Priscilla Silva
AULA 16/02
1ª Avaliação: 06/04
- Escrita em sala de aula, valendo 10,0
- Entre 3 a 4 questões, provavelmente sobre casos práticos
- Duração da prova entre 2 hrs e 2hr30min
2ª Avaliação: 08/06
- Escrita em sala de aula, valendo 8,0
- 3 atividades ao longo do semestre, valendo 2,0 no total
- Provavelmente as atividades serão em grupos pequenos de 4 pessoas
- Atividades serão aplicadas antes da exposição de algum tema ou então ao final da exposição
- Professora ainda não decidiu as atividades, mas poderá ser a discussão de questões ou peças
técnicas... (aplicação da metodologia ativa, para estimular a participação, o raciocínio e a
discussão)
ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
1. INTRODUÇÃO
- No antigo CPC não haviam dispositivos disciplinando essa temática de forma
regrada e sistematizada como é feito no CPC de 2015
- Esse tema é disciplinado pelos arts. 929 a 946 do CPC de 2015
- Esses dispositivos disciplinam o procedimento que deve ser observado pelos
processos no tribunal
- Os processos em questão são: recursos, incidentes de competência originária
do tribunal e ações de competência originária do tribunal
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- Os processos de competência do tribunal se desenvolvem em duas fases: a
primeira fase é conduzida pelo relator (o qual pratica todos os atos até a
sessão de julgamento) e a segunda fase é conduzida pelo órgão colegiado do
qual o relator faz parte (debate e julgamento do caso)
- O tema também é disciplinado nos regimentos internos dos tribunais, segundo
o art. 96, I, a, da CF/88, todo e qualquer tribunal pode ter o seu próprio
regimento interno
- O regimento interno do tribunal trata da organização e das competências
internas dos seus órgãos jurisdicionais e administrativos, além do próprio rito,
do procedimento que deve ser observado pelos processos que tramitam no
tribunal
- Quando se for acompanhar um processo, deve-se observar duas bases
normativas: o CPC e o regimento interno do tribunal em questão
- Esses regimentos internos acabam tratando do que o CPC trata e trazem
previsões mais específicas, detalhando o rito/procedimento
2. PROTOCOLO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO
- Quando o processo chega ao tribunal, primeiro ele será submetido ao
protocolo, depois ao registro e posteriormente a distribuição
★ Art. 929. Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no dia de sua
entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição.
- O protocolo é o livro oficial do tribunal, que pode ser físico ou eletrônico,
tendo como finalidade viabilizar que se identifique o momento em que o
processo chegou ao tribunal (data, hora..)
- O protocolo pode ser feito eletronicamente, pelo próprio sistema de
processamento eletrônico das demandas do tribunal
- Como também pode ser feito fisicamente na sede do próprio tribunal ou em
câmaras/órgãos descentralizados, nos quais poderá ser feito o protocolo e
posteriormente serão remetidos ao próprio tribunal em que o processo irá
tramitar
★ Art. 929, Parágrafo único. A critério do tribunal, os serviços de protocolo
poderão ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de
primeiro grau.
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- Após o protocolo, haverá imediatamente o registro, o qual tem como
finalidade a publicidade acerca da existência do processo
- Quando o registro é feito, quem protocola o processo poderá até solicitar
certidão que aponta a existência do processo
- Após o registro, será feita a distribuição, a qual deve ser feita de forma
alternada, através de sorteio eletrônico, observando-se a publicidade
★ Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do
tribunal, observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.
- Deve ser de forma alternada para que seja feita uma distribuição equânime de
trabalho, o objetivo é que os processos não sejam acumulados em um órgão
jurisdicional só, ou seja, a fim de não sobrecarregar um órgão jurisdicional a
despeito de outro
- Deverá ser feita por sorteio eletrônico (modo de se distribuir) para preservação
do juiz natural, sendo assim, nem as partes, nem o próprio tribunal, poderão
direcionar a causa para um juízo específico
- Ou seja, o objetivo é evitar escolhas do juízo, observando-se as regras gerais e
abstratas de competência
- Deve ser garantida a publicidade, pois é preciso que as partes e a sociedade
tenham ciência de que houve a distribuição do processo, a fim de que as partes
possam fazer o controle e correção de eventual erro
AULA 23/02
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS: JULGAMENTO, VOTO, ACÓRDÃO E
EMENTA
- Os julgamentos no tribunal são em regra colegiados, ou seja, os julgamentos
das demandas são feitos por mais de um julgador, são feitos de uma forma
colegiada, não apenas o relator
- No julgamento colegiado, o relator e os demais julgadores irão proferir os seus
votos e esses votos compõem o julgamento
- O voto é uma manifestação unilateral do julgador que compõe um órgão
colegiado do tribunal e que, em conjunto com as manifestações individuais
dos outros julgadores, integram/compõe o julgamento
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- É na sessão de julgamento que os votos são apresentados
- O julgamento antecede o acórdão
- O acórdão é a redução a termo, por escrito, do julgamento
- O termo acórdão vem de acordar, chegar a um consenso
- Teoricamente, acórdão deveria ser a reunião dos votos concordantes que
conduzirão efetivamente ao resultado do julgamento
- Mas, no direito brasileiro, criou-se a ficção jurídica do voto vencido que é
aquele que se contrapõe ao voto vencedor
- De um lado, o voto vencedor é aquele que conduz ao resultado do julgamento,
e o voto vencido é o voto divergente que não acompanha os fundamentos que
conduziram ao resultado do julgamento
- Assim, o acórdão deve ser a reunião de todos os votos dos julgadores, tanto
dos vencedores, quanto dos votos vencidos (dissonantes) que não
acompanharam os fundamentos que conduziram o resultado do julgamento
- O acórdão que não contempla o voto vencido, se existente, é um acórdão
incompleto, ou seja, é passível de anulação/invalidação
- Para a teoria dos precedentes o voto vencido é muito importante, tendo em
vista que este demonstra que a questão não está pacificada, bem como o voto
vencido pode até orientar uma futura alteração do precedente, além de poder
ser utilizado pela própria parte como base para a interposição de recurso
- Na prática, a elaboração do acórdão acaba contemplando apenas o voto do
relator, já que geralmente os outros julgadores apenas acompanham o relator
sem construir votos e fundamentos próprios
- O acórdão é uma espécie de decisão jurisdicional e deve ser composto por
relatório, fundamentação e dispositivo
- No relatório serão descritos os fatos, os da vida e os processuais, de forma que
o relatório é um elemento fundamental de qualquer decisão, pois é a partir do
relatório que se pode falar em aplicação de precedentes, sendo fundamental
para que se saiba se cabe o precedente no caso concreto
- A fundamentação é onde se expõe as razões de decidir, as razões do resultado
do julgamento
- O dispositivo é de onde se extrai a conclusão do julgamento, a norma jurídica
individual criada para a solução do caso concreto
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- O acórdão somente é lavrado depois da sessão de julgamento
- Depois da sessão de julgamento se publica o resultado (resenha/resumo) e,
posteriormente, é que se é elaborado o acórdão, em regra, pelo relator
- Se houver divergência e o voto divergente se tornar vencedor, elaborará o
acórdão aquele julgador que primeiro divergiu
- Após a elaboração o acórdão, deve ser elaborada a sua ementa, a qual
corresponde ao resumo/síntese do acórdão
- Na ementa devem ser expostos os fundamentos fáticos e jurídicos, bemcomo
o resultado do julgamento
- Em caso de divergência entre acórdão e ementa, valerá o disposto no acordão
- A falta de ementa, ou a sua elaboração de forma equivocada, não gera
invalidação do acórdão, nem do próprio julgamento, mas a parte poderá pedir
a correção da ementa e até opor embargos de declaração para tanto
- Mas, se a falta de ementa ou equívoco na sua elaboração gerar algum prejuízo
para a compreensão do resultado do julgamento, é possível se falar em
invalidade do ato de intimação do acórdão, através da sua ementa, para fins de
interposição de recurso
- Depois da lavratura do acórdão e da elaboração de sua ementa, deverá ser
publicado em diário oficial o acórdão através da ementa → publicação no
prazo de 10 dias, a contar da sessão de julgamento
- Se a publicação não ocorrer no prazo máximo de 30 dias da data da sessão de
julgamento, as notas taquigráficas substituirão o acórdão ou o Presidente do
órgão julgador poderá mandar lavrar de imediato as conclusões do julgamento
e a ementa do acórdão para mandar publicar → art. 943 e 944 do CPC
4. CONEXÃO E PREVENÇÃO
- Institutos já conhecidos, a conexão e a prevenção são fenômenos que também
acontecem no âmbito dos processos que tramitam no tribunal
- A conexão é um vínculo de semelhança entre causas com aptidão para gerar
alguns efeitos no processo → o principal efeito é a reunião de causas para
julgamento conjunto
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- A prevenção é o instituto por meio do qual se viabiliza que, no caso concreto,
se delimite qual é o juízo concretamente competente para julgar uma causa
dentre vários juízos abstratamente competentes
- Quando se está diante de ações de competência originária do tribunal, a
conexão e a prevenção ocorrem exatamente daquela forma estudada em
Processo I
- Assim, se duas causas de competência originária do tribunal possuem o
mesmo pedido, ou a mesma causa de pedir, ou se discutirem a mesma relação
jurídica, ou mantenham entre si algum vínculo de prejudicialidade ou
preliminaridade, haverá conexão entre as causas, por serem conexas e,
consequentemente, elas deverão ser reunidas para julgamento conjunto perante
um mesmo órgão jurisdicional, chamado de órgão prevento
- O parágrafo único do art. 930 do CPC trata de conexão e prevenção no âmbito
de recursos e nesse dispositivo o CPC traz um regramento diferente do que foi
estudado em Processo I
★ Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do
tribunal, observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.
Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento
o relator para eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou
em processo conexo.
- O primeiro recurso ou incidente de competência originária do tribunal que
chega no tribunal faz com que o relator que o recebe se torne competente
(competência funcional e, portanto, absoluta) para julgar recursos ou
incidentes subsequentes que sejam apresentados no âmbito do mesmo
processo originário ou no âmbito de processo conexo
- O dispositivo fala só de recurso, mas pode ser interpretado de forma ampla
para abarcar não apenas recurso, como incidente, bem como vem se
entendendo que também se aplica aos casos de impetração de mandado de
segurança contra ato judicial
- Os regimentos internos dos tribunais já têm feito um alargamento, um alcance
maior, dessa previsão do CPC
- A prevenção gera para o relator/julgador competência funcional e, portanto,
absoluta, entretanto essa prevenção só pode ser suscitada pela parte até antes
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
do início do julgamento da demanda, também podendo ser reconhecida de
ofício pelo próprio órgão julgador
- Sendo assim, iniciado o julgamento e realizado o julgamento não haverá
nulidade, embora se trate de regra de competência absoluta, não se poderá
requerer a invalidação da decisão por vício de competência
- Assim, esse regramento da conexão e prevenção no âmbito do tribunal difere
do regramento conhecido no âmbito dos processos que tramitam no primeiro
grau, tendo em vista que neste a incompetência absoluta pode ser suscitada a
qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição e ensejará, se reconhecida a
incompetência, a remessa dos autos para o juízo competente, o qual poderá
invalidar ou modificar as decisões proferidas pelo juízo incopetente
AULA 02/03
5. TUTELA PROVISÓRIA NOS TRIBUNAIS
- É admissível o pedido de tutela provisória nos tribunais, ou seja, é possível
formular o pedido de tutela provisória nos tribunais, desde que demonstrados
os requisitos para a sua concessão
- Os requisitos para a concessão da tutela provisória, em qualquer âmbito, seja
nos tribunais, seja em processos que tramitam em primeiro grau, são: fumus
bonis iuris (plausibilidade jurídica do direito) e o periculum in mora → perigo
da demora (risco ao resultado útil do processo)
- Demonstrados os requisitos, pode se formular um pedido de tutela provisória
no tribunal, o que se chama de tutela provisória de urgência
- Além do pedido de tutela provisória de urgência, também é possível formular
nos tribunais o que se chama de pedido de tutela provisória de evidência, para
tanto, basta demonstrar a relevância da fundamentação da demanda que
tramita no tribunal
- Assim como acontece em primeiro grau, no tribunal o pedido de tutela
provisória pode ser requerido em caráter antecedente, ou seja, antes de que
seja formulado o pedido de tutela definitiva/final
- O pedido de tutela provisória em caráter antecedente acaba sendo muito
importante, por conta da demora no processamento da demanda
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- Também é possível formular o pedido de tutela provisória em caráter
incidental, ou seja, é possível se formular o pedido de tutela provisória quando
o pedido de tutela final já foi formulado e, em seguida, incidentalmente, se
formula o pedido de tutela provisória
- Existem vários tipos de recursos, vários tipos de incidentes, vários tipos de
ações de competência originária do tribunal, e a tutela provisória em cada um
desses pode ser formulada de maneira diferente
- Essas especificidades na parte de operacionalização do pedido de tutela
provisória serão estudadas quando formos estudar recursos, incidentes e ações
de competência originária do tribunal
- O pedido de tutela provisória nos tribunais é, em regra, apreciado
isoladamente pelo relator, assim, ao apreciar esse pedido, o mesmo profere
uma decisão monocrática, também chamada de decisão unipessoal, a qual é
recorrível através do Agravo Interno (recurso cabível) julgado pelo colegiado
6. PRODUÇÃO DE PROVA NO TRIBUNAL
- É admissível também a produção de prova em tribunal (qualquer prova),
apesar de não ser muito comum na prática, em ações cíveis, no máximo o que
se vê é produção de prova documental
- Existe uma base normativa que sustenta essa possibilidade:
★ Art. 370. Caberá ao juiz (todo e qualquer magistrado, em qualquer instância),
de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao
julgamento do mérito.
- Essa previsão por si só já garante/autoriza a produção de prova no âmbito dos
tribunais, pois, embora o dispositivo fale em juiz, o qual se costuma chamar
aquele de primeiro grau, o fato é que desembargadores (TJ ou TRF) e
ministros (tribunais superiores) também são juízes
★ Art. 932. Incumbe ao relator:
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção
de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das
partes;
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
- Tal dispositivo é ainda mais específico, de forma que esse juntamente com o
art. 370 do CPC dão a certeza de que é possível a produção de prova no
tribunal, mas existem outros artigos que confirmam isso
- Em segundo lugar, o art. 342, I, bem como o art. 493 e o art. 1.014, do CPC,
permitem a alegação de fato novo e fato supervenienteno âmbito dos
processos em qualquer instância
- Ou seja, se existem dispositivos no CPC que permitem a alegação de fato novo
e superveniente a qualquer tempo no processo, inclusive nos tribunais, é
preciso que se admita a produção de provas em relação a esses fatos novos e
supervenientes, pois no processo não há fatos, não se pode considerar um fato
ocorrido, sem que haja a devida comprovação mediante produção de prova
- Por fim, o art. 435 do CPC admite a apresentação de documentos novos a
qualquer tempo no processo, ou seja, admite-se a produção de prova a
qualquer tempo, inclusive nos tribunais
- É bem verdade que esse dispositivo fala em documentos novos, fazendo
referência à prova documental, mas nada impede que se interprete de forma
mais ampla para entender que qualquer prova pode ser produzida, desde que
para demonstrar um fato novo ou superveniente, ou mesmo para comprovar o
próprio fato alegado em uma ação de competência originária do tribunal
- Existem três formas de se produzir prova no âmbito dos tribunais
- A primeira forma é a produção de prova pelo próprio relator isoladamente (o
art. 432, I, do CPC, autoriza isso), ou seja, é o relator que escuta a testemunha,
que coleta depoimento pessoal, que vai designar perícia…
- A segunda forma é a produção de prova perante o colegiado, assim o relator
pode optar por produzir a prova diretamente ou pode optar por submeter a
produção da prova ao colegiado, pois cabe ao relator fazer essa organização
- Por fim, a terceira forma é a produção de prova mediante o envio de uma carta
de ordem ao juízo de primeiro grau, para que o juízo de primeiro grau produza
prova a ser valorada pelo tribunal
- Nesse caso, o juiz fará apenas a operacionalização da produção da prova, mas
é o tribunal que vai valorar a prova para decidir/julgar o processo
- Às vezes, do ponto de vista da eficiência, é melhor que o juízo de primeiro
grau faça a produção da prova, porque muitas vezes o juiz de primeiro grau
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Thais Lamarca
2022.1
está mais próximo do fato, então para ele pode ser muito mais fácil
acompanhar a produção da prova
- Exemplo: o processo tramita no TJBA que fica aqui na capital, mas o fato que
vai ser objeto de uma perícia ocorreu no interior da Bahia
7. RELATOR
- O relator é uma figura muito importante no âmbito dos processos que
tramitam no tribunal
- Cada processo que tramita no tribunal terá para ele designado um relator
- O relator nada mais é do que um dos julgadores que compõem o órgão
colegiado competente para julgar a demanda que tramita no tribunal
- Não há como todos os membros do órgão colegiado conhecerem com detalhes
todos os processos que tramitam no tribunal, por isso que para cada processo
há um relator, que é aquele membro do órgão colegiado que mais bem
conhecerá a demanda de sua relatoria
- Inclusive, é o relator que faz o relatório do processo, o qual contém o resumo
dos fatos da vida e dos fatos processuais envolvidos, e é o relator também que
adota todas as providências necessárias e anteriores ao julgamento do processo
- Em relação às funções assumidas pelo relator, há inúmeras
- Em primeiro lugar, o relator exerce poderes de organização do processo e, no
exercício desses poderes, ele adota várias providências
Exemplificando:
➔ O relator intima o MP para atuar como fiscal da ordem jurídica;
➔ Ele chama as partes para a conciliação a qualquer tempo no curso do
processo;
➔ Ele previne (faz a advertência) ou reprime (aplica a penalidade/multa)
o cometimento de atos atentatórios da dignidade da justiça ou atos de
litigância de má fé;
➔ Ele limita os poderes do amicus curiae (espécie de intervenção de
terceiros);
➔ Ele identifica a existência de múltiplas ações individuais para
comunicar ao ente de representação coletiva para que este faça a
respectiva ação coletiva, se for o caso;
Faculdade Baiana de Direito
Thais Lamarca
2022.1
➔ Ele identifica os vícios que podem impedir o julgamento do mérito do
processo e manda para que sejam corrigidos → art. 938 do CPC
- No exercício desses poderes de ordenação do processo, o relator pode adotar
todas essas providências e inúmeras outras
- Em segundo lugar, o relator também reúne poderes instrutórios ou probatórios,
ou seja, ele determina e acompanha a produção de provas, ele que valora as
provas produzidas…
- Em terceiro lugar, o relator também concentra poderes decisórios, existindo
uma série de decisões que poderão ser proferidas pelo relator sozinho, assim,
no exercício desses poderes decisórios o relator poderá proferir
pronunciamentos judiciais relacionados diretamente ao objeto litigioso
- Vale lembrar que as providências adotadas pelo relator no exercício de outros
poderes muitas vezes possuem conteúdo provisório, mas não se relacionam
diretamente ao objeto litigioso como no exercício de poderes decisórios
- Primeiro, cabe ao relator proferir decisão homologatória de acordo quando o
processo estiver no tribunal
- O acordo pode ser celebrado a qualquer tempo do processo, mesmo depois de
sentença proferida, de decisão judicial final, assim, celebrado o acordo e
estando o processo no tribunal, ou seja, havendo incidente/recurso/ação
pendente, caberá ao relator proferir decisão homologatória de acordo
- Não caberia ao relator proferir decisão homologatória de acordo quando o
acordo for celebrado e a competência não seja do tribunal, quando for da
competência do juízo de primeiro grau
- Segundo, cabe ao relator apreciar o pedido de tutela provisória para deferir o
pedido ou para indeferir, em regra, isoladamente
- Terceiro, cabe ao relator apreciar o pedido de benefício da justiça gratuita e
cabe a ele também revogar, se for o caso, o benefício da justiça gratuita que já
tenha sido concedido
- Se o relator conceder o benefício da justiça gratuita, a decisão dele é
irrecorrível, ou seja, caso a parte queira discutir a decisão proferida não há
recurso previsto no CPC para tanto, mas a parte pode se valer de petição
simples para impugnar a concessão
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Thais Lamarca
2022.1
- Mas, se a decisão do relator indefere ou revoga o pedido de benefício da
justiça gratuita, aí a decisão é recorrível por Agravo Interno
- Quarto, o relator também fará o juízo de admissibilidade do recurso → art.
932, III, do CPC
★ Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
- O recurso inadmissível é aquele que não pode ter seu mérito julgado, não será
conhecido, porque não atende a algum requisito de admissibilidade recursal
- Recurso prejudicado é um recurso que se tornou inadmissível por conta da
ocorrência de um fato superveniente, ou seja, quando o recurso foi interposto
ele era admissível, mas se tornou inadmissível
- Assim como não deve existir decisão genérica, o recurso também não pode ser
genérico, ou seja, se o recurso não impugnar especificamente os fundamentos
da decisão recorrida, esse recurso é inadmissível, por violar um requisito de
admissibilidade específico - requisito da dialeticidade recursal
★ Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o
relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado
vício ou complementada a documentação exigível.
- Previsão muito importante do CPC, não existindo no antigo CPC, pois
demonstra um direito subjetivo ao saneamento do recurso
- Cumpre mencionar que existem vários vícios sanáveis, mas também existem
alguns vícios insanáveis (ex.: falta de interesse recursal)
- Nesse momento fala-se da regra geral, mas no estudo de teoria dos recursos
será visto que existem outras regras de saneamento de processos no tribunal
- O relator precisa indicar qual o vício que deve ser sanado
- Cabe ao relator também julgar isoladamente o próprio mérito do recurso, mas
apenas em algumas situações específicas, tendo em vista que, se fosse possívelao relator julgar isoladamente em toda e qualquer situação, deixaria de existir
a regra da colegialidade
- O relator poderá acolher/dar provimento ao recurso sozinho ou poderá também
rejeitar/negar provimento ao recurso isoladamente
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Thais Lamarca
2022.1
- Vale salientar que, para negar provimento ao recurso, o relator não precisa
sequer intimar a parte contrária para apresentar contrarrazões, não precisa do
estabelecimento do contraditório, tendo em vista que a parte contrária será
beneficiada com essa decisão, trata-se de decisão favorável ao recorrido
- Entretanto, para acolher/dar provimento ao recurso o contraditório precisa ser
estabelecido, ou seja, é obrigatória a intimação do recorrido para que ele possa
apresentar contrarrazões, pois a decisão é favorável ao recorrente e
desfavorável ao recorrido
- O relator só poderá negar provimento ao recurso isoladamente:
➔ Se esse recurso for contrário à súmula do STF, ou do STJ, ou do
próprio tribunal local;
➔ Se esse recurso for contrário à acórdão do STF, ou do STJ, proferido
no julgamento de recursos especiais, extraordinários e repetitivos
➔ Se esse recurso for contrário à entendimento firmado em julgamento de
incidente de resolução de demanda repetitiva (IRDR) ou em incidente
de assunção de competência
- O IRDR é um incidente instaurado no tribunal cujo o objetivo é fixar uma tese
jurídica padrão para julgar/aplicar em vários processos que discutam a mesma
questão de direito
- O incidente de assunção de competência é instaurado quando existe uma
questão relevante do ponto de vista jurídico ou social com potencialidade de se
tornar repetitiva, assim o tribunal destaca essa questão para ser julgada por um
órgão de maior composição do tribunal, o qual fixará uma tese jurídica a
respeito dessa temática que servirá para julgar outros processos futuramente
- Em resumo, todas essas decisões são precedentes obrigatórios
- Sendo assim, é possível concluir que o relator poderá negar provimento ao
recurso monocraticamente se esse recurso contrariar precedentes obrigatórios
- O relator só poderá dar provimento ao recurso isoladamente quando a decisão
recorrida contrariar esses mesmos precedentes obrigatórios, pois o recurso
estará alinhado a esses entendimentos obrigatórios
- Em regra, contra todas as decisões monocráticas do relator caberá sempre o
Agravo Interno
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2022.1
- Também cabe ao relator proferir decisões interlocutórias, de conteúdo
interlocutório, existindo inúmeras possíveis, sendo decisões que não encerram
o processo, mas que objetivam garantir que o processo caminhe em suas fases
- Exemplificando: deferir ou indeferir a produção de uma prova; admitir ou
inadmitir a intervenção de um terceiro no processo; delimitar os poderes do
amicus curiae; deferir ou indeferir o pedido de tramitação sigilosa…
- Obs.: já foi abordada na parte de ordenação do processo, mas o que
instrumentaliza isso é uma decisão de conteúdo interlocutório
- Por fim, cabe também ao relator, nas ações de competência originária do
tribunal, proferir isoladamente decisões finais
- Sobre essas decisões finais, poderá ser decisão que indefere a petição inicial
ou que julga liminarmente improcedente o pedido do autor em decisões finais
- As decisões que julgam liminarmente improcedente o pedido do autor podem
ocorrer quando esse pedido contraria precedentes obrigatórios, ou quando há
configuração de prescrição ou decadência, ou quando o pedido é impossível
8. PROIBIÇÃO DE DECISÃO SURPRESA NO TRIBUNAL
- O art. 10 do CPC trata da dimensão substancial do contraditório, proibindo a
prolação de decisão surpresa
- Essa dimensão substancial do contraditório é o direito de não ter contra si
proferida uma decisão que surpreenda
- Assim, o juiz, em grau algum de jurisdição, caberá proferir decisão com base
em fundamento fático ou jurídico sobre o qual as partes não falaram
★ Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
- Esse dispositivo é aplicável a todo e qualquer processo que tramita em
qualquer instância, inclusive no tribunal
- No âmbito do regramento dos processos no tribunal, existe um dispositivo
mais específico que trata sobre a vedação da decisão surpresa, qual seja o art.
933 do CPC
★ Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão
recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada
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que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para
que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.
- Se o julgamento já estiver em curso e um fato novo ou uma questão apreciável
de ofício surgir, o mesmo deve ser interrompido/suspenso para que as partes
sejam intimadas e em cinco dias se manifestarem
- Sendo que qualquer um poderá identificar, não necessariamente o relator,
poderá ser também um outro julgador do órgão colegiado que deverá
comunicar ao relator para que ele intime as partes
9. JULGAMENTO
➢ A COLEGIALIDADE COMO REGRA
- Em regra a demanda é julgada em colegiado, mas existem casos que o
relator pode julgar o mérito sozinho
- Os julgamentos são realizados em uma sessão pública, por conta da
regra da colegialidade, sessão essa que ocorre na sede do tribunal
(presencialmente) ou em órgãos descentralizados, que são criados para
facilitar o acesso à justiça
- Além dos julgamentos presenciais, que são realizados nas sessões
públicas, existem os julgamentos presenciais com a intermediação de
tecnologia (online e ao vivo), e os julgamentos estritamente virtuais,
que acontecem internamente, no âmbito do tribunal, sem a presença
das partes (só podendo ter acesso ao resultado final posteriormente),
com a votação feita eletronicamente
- Os regimentos internos dos tribunais ou atos normativos apartados
disciplinam tanto a modalidade julgamento presencial com
intermediação de tecnologia quanto a modalidade de julgamento
estritamente virtuais
- Também há previsão para que se intimem as partes para insurgirem,
caso queiram, quanto a modalidade de julgamento escolhida para
julgamento do seu processo
➢ CONVOCAÇÃO DE OUTROS JUÍZES PARA A COMPOSIÇÃO DO QUORUM
DO JULGAMENTO
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- Em razão do volume de trabalho no tribunal, se torna cada vez mais comum a
convocação de juízes de primeiro grau, ou de hierarquia inferior, para a
composição temporária de órgãos julgadores do tribunal, ainda que em regra a
composição do quorum seja de desembargadores ou ministros
- Tanto o STJ, quanto o STF, se posicionam no sentido de que o julgamento
resultante da composição do quorum com juízes de hierarquias inferiores não
é passível de anulação por conta do argumento da violação do juiz natural,
desde que sejam respeitados os requisitos
- Para tanto, os requisitos para que a convocação desses juízes não viole o
princípio do juiz natural é:
➔ Convocação deve ser anterior ao julgamento;
➔ Deve ser dada publicidade oficialmente a essa convocação;
➔ Deve a convocação ser pautada em normas gerais e abstratas (edital,
portaria ou decreto)
AULA 16/03
➢ ORDEM DE JULGAMENTO, INCLUSÃO E PUBLICAÇÃO DA PAUTA
- Depois de elaborado o relatório pelo relator, o processo será encaminhado para
a secretaria do órgão colegiado julgador e a secretaria encaminhará o processo
para o presidente do órgão, o qual designará dia e hora para o julgamento
colegiado do processo
- A secretaria é o órgão do tribunal que adota as providências administrativas
(manda publicar; faz as intimações; recebe o processo e manda para o relator;
recebe o processo e manda para o presidente…)
- Após a designação do dia e da hora do julgamento, haverá publicação da pauta
de julgamento no órgão oficial, sendo que a pautaé a lista dos processos que
serão julgados em determinada sessão de julgamento
- Entre a data da publicação da pauta de julgamento e o dia que o julgamento
ocorrerá, deve decorrer pelo menos cinco dias úteis → art. 935 do CPC
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- Cabe salientar que esse dispositivo não utiliza o termo “útil”, mas, como esse
prazo de cinco dias de antecedência é um prazo processual, a contagem desse
prazo deve observar apenas os dias úteis
- Esse prazo de cinco dias úteis é fundamental para que as partes e seus
advogados possam se organizar para acompanhar o julgamento do processo,
pois, quando o processo é pautado para julgamento, existem várias
providências que poderam ser adotadas
- Exemplificando as providências possíveis, as partes podem elaborar
memoriais (resumos do processo) para despacho com os membros da turma
julgadora, também as partes podem se preparar para a sustentação oral nesse
período ou até avaliar se vão ou não fazer sustentação oral…
- Dada a sua importância, a inobservância desse prazo gera a possibilidade de se
suscitar a invalidação do julgamento, caso seja comprovado o prejuízo
- Deve ser assim, porque as providências que podem ser tomadas nesse prazo de
cinco dias úteis são manifestações de ampla defesa e contraditório, de forma
que a limitação/ restrição desses direitos da parte gera prejuízo
- A regra é a publicação da pauta de julgamento, assim, toda vez que o processo
vai ser julgado pelo órgão colegiado, é preciso que esse processo seja incluído
em pauta de julgamento e que essa pauta seja publicada, observando-se a
antecedência de cinco dias
- Entretanto, existem duas exceções a essa regra da publicação da pauta de
julgamento que estão previstas no arts. 1.024, §1º, e 935, parte final, do CPC
- A primeira exceção é que, se em determinado julgamento couber adiamento de
um processo para a primeira sessão seguinte, ou seja, se em uma sessão de
julgamento o julgamento de um processo for adiado expressamente para a
primeira sessão seguinte, será dispensada, nesse caso, a inclusão desse
processo em pauta e, consequentemente, a publicação desta pauta → apenas se
for na primeira sessão seguinte
- A segunda exceção é que, em caso de embargos de declaração julgados na
primeira sessão seguinte ao momento de sua oposição, será dispensada a
inclusão desse processo em pauta de julgamento e a sua publicação
- Designado o dia e a hora do julgamento, incluído em pauta, as partes poderão
ter acesso ao processo → previsão expressa do CPC no art. 935, §1º
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- No próprio dia do julgamento será fixada na porta da sala em que haverá a
sessão de julgamento a pauta com todos os processos que serão julgados
naquele dia, naquela sessão
- No dia do julgamento, em primeiro lugar, o relator fará a leitura do relatório e,
em seguida, será oportunizada a sustentação oral, se for o caso, assim,
realizada ou não a sustentação oral, o relator fará a leitura do seu voto e,
posteriormente, serão colhidos os votos dos outros membros que compõem a
turma julgadora
- Geralmente o relatório já é disponibilizado antes do julgamento do processo,
podendo ser consultado, e, vale salientar, que é muito importante ler o
relatório, pois ele muitas vezes indica um possível resultado do julgamento,
além de poder verificar os fatos que foram citados, se algum fato importante
foi desconsiderado
- Na sessão de julgamento, em primeiro lugar, serão julgados os processos em
que houver pedido de sustentação oral (observada as ordens dos
requerimentos), em seguida serão julgados os processos em que houve pedido
de preferência (pedido que pode ser formulado até antes do julgamento)
- O pedido de preferência pode ser feito por qualquer parte, através do seu
advogado, independentemente de se realizar ou de ser possível a realização de
sustentação oral, no caso
➢ SUSTENTAÇÃO ORAL
- Sustentação oral é a exposição oral de razões/fundamentos de um recurso,
contrarrazões (resposta a recurso), incidentes, ou de alguma ação de
competência originária do tribunal
★ Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator,
o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos
casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo
improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem
suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art.
1.021
- Em primeiro lugar, é possível extrair que cabe sustentação oral em sede
recurso, em determinados casos
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- Pode ser que no mesmo processo o MP atue simultaneamente como parte e
como fiscal da ordem jurídica → uma parte da doutrina entende não ser
possível a atuação simultânea do MP por causar um desequilíbrio de forças no
processo, de forma que somente o MP fiscal da ordem jurídica poderá
sustentar oralmente; outra parte da doutrina entende ser possível por serem
órgãos distintos do MP e com funções também distintas
- Os recursos que comportam sustentação oral são: 1. apelação; 2. recurso
ordinário; 3. recurso especial; 4. recurso extraordinário; 5. embargos de
divergência; 6. agravo de instrumento interposto contra decisão interlocutória
que verse sobre tutela provisória
- Em regra, não cabe sustentação oral em agravo de instrumento, sendo apenas
possível quando for contra decisão interlocutória que verse sobre tutela
provisória. Mas, também vem sendo entendido que é possível sustentação oral
em agravo de instrumento que verse sobre o mérito do processo (previsão na
maior parte dos regimentos internos dos tribunais) → ex.: prescrição
- Uma parte da doutrina também tem entendido que caberia sustentação oral em
agravo de instrumento que fazem as vezes de apelação
- Só cabe sustentação oral em sede de agravo interno quando o agravo interno
for interposto contra decisão monocrática que extinguiu mandado de
segurança, ação rescisória ou reclamação constitucional
- Não cabe sustentação oral em:
- Também é cabível a sustentação oral no âmbito das ações de competência
originária do tribunal: na ação rescisória, no mandado de segurança, na
reclamação constitucional
- O prazo para sustentação oral é de 15 min, improrrogável, mas nada impede
que, sendo uma caso complexo, o tribunal conceda mais que 15min
- É possível que, havendo pluralidade de recorridos e/ou de recorrentes, seja
dobrado o prazo da sustentação oral, dividido igualitariamente entre todos
- Excepcionalmente, no caso de incidente de resolução de demanda repetitiva o
CPC prevê 30min para sustentação oral
- A sustentação oral pode ser requerida até o início da sessão de julgamento,
sendo que, em regra, a pauta de julgamento fornece as orientações em relação
ao pedido de sustentação oral, indicando o prazo e a forma
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- Com as sessões de julgamento presenciais com intermediação de tecnologia,
geralmente o pedido de sustentação oral é feito por petição nos autos ou por
e-mail, no prazo de no mínimo até 24hrs antes da sessão de julgamento
- O CPC prevê o tempo mínimo de 24hrs para realização do pedido sustentação
oral por videoconferência
- Diferentemente da sustentação oral, o pedido de esclarecimento de fato é um
requerimento oral que tem como objetivo aclarar dúvidas de fato que sejam
identificadas no curso do julgamento, sendo cabível em todo e qualquer
recurso, incidente ou ação, podendo ser formulado desde o início do
julgamento até o seu fim, valendo o advogado da expressão pela ordem
- A sustentação oral é um ambiente muito propício para o negócio jurídico
processual → é possível dispensar leitura do relatório, dispensar a própria
sustentação oral, negociar a ordem da sustentação oral
10. PEDIDO DE VISTA
- O relator ou qualquer outro julgador que não se sentir confortável na sessão de
julgamento para proferir seu voto poderá formular o pedidode vista do
processo, pode ser de mesa ou em gabinete
- O pedido de vista de mesa gera apenas uma paralisação rápida do julgamento,
depois da verificação dos autos o julgamento é retomado → geralmente é
apenas alguma dúvida de fato
- O pedido de vista em gabinete é um pedido que gera a suspensão do
julgamento daquele caso, pois o julgador que solicitou pode ficar com o
processo pelo prazo máximo de 10 dias
- Se nesse prazo os autos não forem devolvidos ou se não for requisitada
prorrogação do prazo de vista por mais 10 dias, o Presidente do órgão
jurisdicional solicitará que o processo seja incluído em pauta para ser julgado
na sessão seguinte
- Prazo de 10 dias tem uma razão de existir, sendo essa a ideia que o julgamento
não se prolongue muito e que o espaço de tempo não seja muito grande a
ponto de que os julgadores esqueçam os eventos que
11. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E MÉRITO
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- Em primeiro lugar, se submete ao juízo de admissibilidade, preliminar, sendo
negativo, o relator poderá até decidir sozinho, seja inadmitindo, seja declarado
prejudicado…
- No juízo de admissibilidade são analisados se os requisitos de admissibilidade
foram preenchidos, se todos estiverem presentes, o juízo é positivo, podendo
se partir pro juízo de mérito
- Caso não seja preenchido algum requisito, não sendo sanado esse vício ou não
sendo possível sanar, o juízo será negativo, impedindo o juízo de mérito
- O juízo de mérito recai sobre o objeto litigioso do recurso, do incidente, ou da
ação de competência originária do tribunal
- O mérito de um recurso pode ser uma questão processual, não necessariamente
versa sobre um direito material
- Quando a demanda é submetida ao colegiado para julgamento, o colegiado
deve enfrentar tanto o juízo de admissibilidade quanto o juízo de mérito
12. AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO EM CASO DE DIVERGÊNCIA
- É uma técnica de julgamento que tem previsão no art. 942 do CPC
- Ela é aplicada quando o julgamento da apelação for não unânime, quando o
resultado for um resultado por maioria, nesses casos o julgamento não se
encerra, pois será aplicada essa técnica que enseja a ampliação do colegiado
- A ampliação do colegiado deve se dá mediante a convocação de outros
julgadores em número suficiente para possibilitar a inversão do resultado
inicial
- A apelação, em regra, é julgada por três julgadores, se dois julgadores votarem
em um sentido e um julgador votar contra, o resultado não será unânime, de
forma que seria necessário mais dois julgadores para, em tese, possibilitar a
inversão do resultado do julgamento, podendo chegar a um mesmo resultado
ou a um diferente
- Essa técnica também será aplicada no âmbito da ação rescisória, quando o
resultado for a rescisão da sentença, ou seja, só será aplicada quando o
resultado não unânime for no sentido da rescisão da sentença
- Também cabe no agravo de instrumento, quando o resultado não unânime do
agravo for a reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito do processo
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13. VOTO MÉDIO
- É possível que cada julgador de um órgão profira voto com fundamento
próprio/específico, sem que haja alteração da conclusão, quando isso acontece,
uma divergência na fundamentação, fica mais possível identificar que
fundamento teria conduzido a conclusão
- Essa divergência de votos pode ser quantitativa ou qualitativa, quando se trata
da primeira, para que se identifique o fundamento que conduziu a conclusão,
deve se extrair o voto médio, através de duas técnicas: a técnica de voto de
extração do meio (voto que se encontra mais ao meio dentre os votos que se
encontram mais na extremidades) e a técnica do cálculo aritmético (somam-se
os valores envolvidos e depois dividem-se esses valores pela quantidade de
julgadores)
- Na prática, se discute na hora do julgamento e lá mesmo os julgadores alinham
e decidem qual será o voto médio
- Sobre a divergência qualitativa é mais difícil se identificar o voto médio, em
regra, a técnica aplicada é a técnica da ampliação do colegiado ou a ampliação
dos debates, se aprofunda as discussões, no âmbito do mesmo colegiado
14. PROCLAMAÇÃO DO RESULTADO
- Depois da coleta dos votos de todos os membros do órgão colegiado, o
Presidente proclamará o resultado do julgamento → não necessariamente o
presidente faz parte do órgão julgador, apenas proclamando o resultado
- O Presidente também designará para elaborar o relatório o relator ou o autor
do primeiro voto vencedor - aquele que primeiro divergiu, em caso de
divergência → art. 941, caput, do CPC
15. MODIFICAÇÃO DE VOTO
- Enquanto não encerrado o julgamento com a proclamação do voto, é possível
que o julgador modifique o seu voto
- Anunciado o resultado, não será possível alterar voto, salvo se houver
provocação da parte mediante embargos de declaração
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AULA 30/03
TEORIA E PARTE GERAL DOS RECURSOS
1. CONCEITO DE RECURSO
- Recurso é um meio de impugnação de decisão jurisdicional utilizado no
mesmo processo que proferida a decisão impugnada/recorrida
- O recurso nada mais é que um instrumento que prolonga o estado de
litispendência do processo, evitando o trânsito em julgado e a formação da
coisa julgada
2. MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS
- O recurso integra o que se chama de sistema de impugnação das decisões
jurisdicionais, e esse sistema é formado por outros meios de impugnação de
decisão que não apenas o recurso
- Os outros meios que fazem parte do sistema:
➔ Ação autônoma de impugnação de decisão jurisdicional: é um meio
de impugnação de decisão jurisdicional que, uma vez utilizado, forma
um processo novo, autônomo e independente que tem por finalidade a
impugnação de uma decisão jurisdicional (ex.: ação rescisória;
mandado de segurança contra decisão jurisdicional; querela nullitatis
→ ação de invalidação de decisão; reclamação constitucional…)
➔ Sucedâneo recursal: é um meio de impugnação de decisão
jurisdicional que não é uma ação autônoma e nem um recurso, assim,
trata-se de um conceito residual (ex.: pedido de reconsideração; pedido
de suspensão dos efeitos de uma decisão jurisdicional)
3. O PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
- O direito de interpor recurso é direito que decorre do direito fundamental de
ação, que é um direito complexo, o qual decorre vários outros direitos,
inclusive o direito de interpor recurso
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- Além de decorrer do direto a ação, ele também decorre do princípio do duplo
grau de jurisdição
- A doutrina diverge da própria existência desse princípio, uma parte entende
que não existe, porque não se pode extrair seu conteúdo literalmente da CF/88
e do CPC
- Outra parte da doutrina entende que é um princípio intrínseco cujo conteúdo
pode ser extraído do simples fato de que, conforme prevê a CF/88, a estrutura
do poder judiciário é hierarquizada, ou seja, o poder judiciário é formado de
órgãos jurisdicionais de primeiro grau, sobre eles há os órgãos jurisdicionais
de segundo grau e em seguida haverá os tribunais superiores
- Dessa estrutura hierarquizada extrai-se que as decisões proferidas por órgãos
jurisdicionais inferiores podem ser objeto de revisão por órgãos jurisdicionais
superiores desde que haja interposição de recurso, a estrutura hierarquizada
advém desse direito de recurso
- Nessa perspectiva pode se falar de um duplo grau de jurisdição vertical →
aquele que garante que uma decisão jurisdicional proferida por um órgão
jurisdicional inferior seja revisado por um órgão jurisdicional
hierarquicamente superior mediante a interposição de um recurso
- Além dessa acepção, fala-se também em duplo grau de jurisdição horizontal, o
qual garante que uma decisão jurisdicional seja revisada através da
interposição de recurso pelo mesmo órgão jurisdicional → acontece com os
embargos infringentes de alçada (recurso cabível de sentençajulgado pelo
mesmo juiz que proferiu a decisão)
- O duplo grau de jurisdição não pode ser visto como um princípio absoluto,
pois, em alguns casos, ele não vai ser aplicado por opção do legislativo, certas
decisões não serão recorríveis de imediato
- Do ponto de vista social, o sistema de impugnação das decisões tem um
impacto negativo na visão de grande parte da sociedade
4. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS
- Existem duas classificações importantes, a primeira é a que divide em recursos
total e imparcial:
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➔ Recurso total é aquele que impugna toda a decisão, ou seja, todos os
capítulos/partes impugnáveis da decisão jurisdicional, se é assim, o
recurso total impede o trânsito em julgado e a formação de coisa
julgada da decisão toda
➔ Recurso parcial é aquele que impugna parte da decisão jurisdicional,
ou seja, um ou algumas partes da decisão jurisdicional
- O recurso parcial impede o trânsito em julgado e a formação de coisa julgada
de parte da decisão, que é a parte impugnada, mas a parte não impugnada da
decisão forma coisa julgada e pode produzir efeitos imediatos, podendo se
submeter a uma execução definitiva e o prazo prescricional passa a contar
- Outra classificação importante é a que divide em recursos de fundamentação
livre e recursos de fundamentação vinculada
➔ Recurso de fundamentação livre é aquele em que pode ser feita
qualquer tipo de crítica a decisão impugnada (ex.: apelação; agravo de
instrumento; agravo interno, recurso ordinário constitucional…)
➔ Recurso de fundamentação vinculada é aquele em que somente
algumas críticas previstas em lei poderão ser feitas a decisão
impugnada (ex.: embargos de declaração → não cabe em qualquer
caso, apenas se discute omissão, contradição, obscuridade e erro
material; recurso especial → se questiona apenas violação de lei
federal e divergência jurisprudencial; recurso extraordinário → só se
discute violação da CF/88)
5. ATOS SUJEITOS A RECURSO E RECURSOS EM ESPÉCIE
- Os pronunciamentos judiciais passíveis de recurso são, a princípio, os
pronunciamentos com conteúdo decisório
- Esses pronunciamentos com conteúdo decisório são: a decisão interlocutória
(por agravo de instrumento); a sentença (por apelação); o acórdão (por recurso
especial, extraordinário ou ordinário constitucional); e a decisão unipessoal ou
monocrática de membro do tribunal (por agravo interno)
- Os pronunciamentos judiciais sem conteúdo decisório, a exemplo dos
despachos, a princípio, não são passíveis de recurso, mas, se esses
pronunciamentos judiciais causarem prejuízo, poderão ser objeto de recurso
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6. DESISTÊNCIA DO RECURSO
- A desistência é ato de revogação do recurso, sendo que essa desistência do
recurso pressupõe que o recurso tenha sido interposto
- A desistência pode ser oferecida até antes do julgamento do recurso, por
escrito, através de petição, ou oralmente, por meio de sustentação oral
- A desistência é uma conduta determinante, conduta cuja a prática prejudica a
parte que a praticou
- Se a desistência é determinante, a desistência só pode atingir o sujeito que a
praticou, que desistiu, ou seja, em caso de litisconsórcio, com mais de um
recorrente, a desistência só irá atingir aquele que desistiu
- No caso de litisconsórcio unitário, a desistência só valerá, só produzirá efeitos,
para um ou para todos os sujeitos, desde que todos os litisconsortes pratiquem
a desistência em conjunto
- A desistência do recurso não depende de fundamentação, nem de motivação,
nem de concordância da parte contrária e também não depende de
homologação, sendo diferente da desistência da ação
- Uma vez oferecida a desistência, o órgão jurisdicional não homologa, mas
declara a extinção do incidente recursal sem exame de mérito
- Se houver mais de um recurso e a desistência contemplar apenas um dos
recursos, o incidente recursal continuará para julgamento de mérito apenas dos
outros recursos que não tiverem desistência
- A desistência depende de poder especial para ser praticada pelo advogado em
nome da parte, ou seja, deve ser outorgado ao advogado o poder especial
através de procuração para que a desistência produza efeitos → a desistência é
um ato especial
- Para fugir de eventual responsabilização, o advogado deve formalizar a
autorização da parte para desistência
- Uma vez oferecida a desistência, impede-se a interposição de recurso, ainda
que haja prazo para o seu manejo, ou seja, a desistência é um direito
impeditivo do direito de recorrer
7. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER E AQUIESCÊNCIA À DECISÃO
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- A renúncia ao direito de recorrer pressupõe recurso ainda não interposto
- A renúncia implica não interposição de recurso, na renúncia abre-se mão do
direito de interpor recurso
- A renúncia pode ser, inclusive, condicionada, ou seja, antes mesmo de existir
direito ao recurso, pode se considerar a renúncia a esse direito
- A aquiescência à decisão é ato por meio do qual a parte demonstra que se
conforma com a decisão
- Esse ato pode ser expresso pela parte, mas o ato também pode ser tácito,
quando a parte não diz expressamente, mas adota providências incompatíveis
com o recurso (ex.: cumpre total ou parcialmente a decisão, ou pede prazo
para cumprir a decisão…)
- Com a renúncia e a aquiescência perde-se o direito de se interpor recurso,
sendo que, sendo interposto, esse recurso é inadmissível, ou seja, não será
apreciado em seu mérito
- Existem decisões de caráter provisório que serão cumpridas sem que isso
implique aquiescência à decisão
8. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DO RECURSO
➢ DISTINÇÃO
- O primeiro juízo é o de admissibilidade, o qual verifica-se se todos os
requisitos de admissibilidade do recurso estão presentes
- Se faltar algum requisito sem correção do vício, haverá o juízo
negativo de admissibilidade e se diz que o recurso está inadmitido, ou
que não foi conhecido, ou que se nega seguimento ao recurso
- Caso todos os requisitos de admissibilidade estiverem preenchidos, o
juízo de admissibilidade é positivo e se diz que o recurso foi admitido,
ou foi conhecido ou que foi dado seguimento ao recurso
- Se o juízo de admissibilidade foi positivo, analisa-se o juízo de mérito
- O juízo de mérito recai sobre o objeto litigioso do recurso, delineado
pela causa de pedir recursal (ex.: omissão) e pelo pedido recursal
- No juízo de mérito, sendo o recurso acolhido, fala-se em provimento
do recurso, se o recurso for rejeitado, fala-se em improvimento ou não
provimento do recurso
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SEGUNDA AVALIAÇÃO
➢ JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: INTRODUÇÃO
- Realizado pelo mesmo órgão jurisdicional competente para realizar o
juízo de mérito, em regra, pois existe um caso em que o juízo de
admissibilidade será feito por um órgão jurisdicional diferente daquele
competente do juízo de mérito
- Exceção: o recurso especial e o recurso extraordinário → estes se
submetem a um duplo juízo de admissibilidade recursal, o primeiro é
um provisório, que é feito pelo tribunal local chamado de órgão
jurisdicional a quo, e o segundo, que é definitivo, é feito pelo tribunal
competente para julgar os recursos que é o tribunal superior, chamado
de órgão jurisdicional ad quem
AULA 13/04
➢ OBJETO DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
- Recai sobre a análise do preenchimento de alguns requisitos de
admissibilidade, sendo que esses podem ser intrínsecos ou extrínsecos
- Os intrínsecos estão relacionados à própria existência do direito de
recorrer, já os extrínsecos estão relacionados a forma como se exerce o
direito de interpor recurso
➔ Requisitos intrínsecos
1. Cabimento
- Na análise do preenchimento do cabimento, dois
questionamentos precisam ser feitos: a decisão é
recorrível? Que recurso a lei prevê para a hipótese?
- Duas circunstâncias: recorribilidade e adequação
- Necessidade de o pronunciamentojudicial ser recorrível
e o recurso ser correto para reexame da decisão
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- Na análise do cabimento também se analisa a aplicação
de alguns princípios, na verdade de duas regras e um
princípio
- A primeira regra que se aplica é a regra da
singularidade recursal ou unirrecorribilidade
recursal, de acordo com essa regra existe apenas um
recurso cabível contra uma decisão, mas esse conteúdo
da regra tem duas exceções
- A primeira é que, em relação às decisões complexas que
tem fundamento constitucional e federal, pode caber
dois recursos simultaneamente, quais sejam o recurso
extraordinário e o recurso especial
- A segunda exceção é que pode caber simultaneamente
contra a mesma decisão embargos de declaração e um
outro recurso principal (ex.: apelação, agravo de
instrumento)
- Além dessa regra, deve se aplicar o princípio da
fungibilidade recursal, o qual dispõe que um recurso
equivocadamente interposto deve ser considerado
correto, desde que preenchidos alguns requisitos, de
ofício
- O primeiro requisito é o da existência de dúvida
objetiva, para que se aplique fungibilidade é preciso ter
dúvida a respeito de qual recurso cabível na hipótese,
fala-se em dúvida objetiva quando essa dúvida é
fundada em divergência jurisprudencial/doutrinária
- Outro requisito para que se aplique a fungibilidade é a
ausência de erro grosseiro na escolha do recurso, ele
não é grosseiro quando ele se fundamenta em dúvida
objetiva
- Linha doutrinária que entende que a fungibilidade deve
ser aplicada independentemente de qualquer requisito,
desde que não tenha havido má fé na escolha do
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requisito interposto → mais em consonância com o
espírito do novo CPC
- Em regra, esses requisitos devem ser preenchidos para
que se aplique a fungibilidade, mas existem previsões
do CPC de 2015 que independem do preenchimento de
requisitos
- A primeira situação está prevista no art. 1.032, caput, do
CPC
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o
recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo
de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de
repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
- A segunda situação, é que um recurso extraordinário
pode ser recebido como se especial fosse, se o órgão
jurisdicional competente (STF) entender que a ofensa
discutida no recurso extraordinário é reflexa → art.
1.033 do CPC
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a
ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a
revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao
Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
- A terceira situação, é que um recurso de embargos de
declaração será recebido como se recurso de agravo
interno fosse, determinando de ofício e intimando o
autor para ajustar → art. 1.024, §3º, do CPC
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração
como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde
que determine previamente a intimação do recorrente para, no
prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de
modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .
- Há uma última regra que é a da taxatividade, a qual
dispõe que somente a lei em sentido estrito, sendo ela
federal, pode prever a criação de recurso ou hipótese de
cabimento de recurso → os recursos tem previsão em
rol legal taxativo, só são cabíveis aqueles recursos
taxativamente previstos em lei
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1021%C2%A71
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2. Legitimidade
- Na análise de preenchimento da legitimidade, faz-se a
seguinte pergunta: quem tem autorização legal para
interpor recurso?
- Resposta no art. 996 do CPC
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como
fiscal da ordem jurídica.
- Em primeiro lugar, tem legitimidade recursal a parte,
quando se fala em parte, fala-se em: parte autora e parte
ré; terceiros que ingressaram em processo alheio se
tornando parte; como também os sujeitos processuais
outros que assumem determinadas funções no processo
virando parte em incidentes específicos (como é o caso
do juiz que é a parte no incidente de suspensão ou
impedimento)
- Ainda dentro da análise da figura da parte, é preciso
falar da atuação do assistente simples e do amicus
curiae
- O assistente simples é terceiro que ingressa em processo
alheio virando parte, porque ele se alega titular de uma
relação jurídica conexa àquela relação jurídica discutida
em juízo
- O assistente simples quando ingressa em processo
alheio se torna parte coadjuvante/auxiliar do assistido,
ou seja, quando o assistido é de alguma forma omisso
no processo, o assistente simples passa atuar como
substituto processual desse, suprindo as omissões do
assistido, mas as omissões que pode ser supridas são as
omissões não negociais, pois as negociais não podem
ser supridas
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- Em resumo, se o assistido se omitir, o assistente simples
terá legitimidade recursal, mas o assistente simples
poderá perder essa legitimidade se o assistido
manifestar vontade contrária a interposição de recurso,
ou praticar algum ato incompatível com o recurso
- Em relação ao amicus curiae, esse também é terceiro
que intervém em processo alheio virando parte, sendo
um sujeito que confere um apoio técnico/jurídico ao
órgão jurisdicional para que esse possa prestar uma
decisão mais acertada
- O amicus curiae, embora seja parte, possui restritos
poderes, sendo que, a princípio, não tem poder recursal,
de forma que só tem legitimidade recursal em três
hipóteses:
★ Embargos de declaração
★ Recurso contra decisão que julga IRDR
★ Contra decisão que inadmite a sua intervenção
- O terceiro prejudicado também tem legitimidade
recursal, sendo que o terceiro prejudicado não é parte,
não participa do processo, pelo menos até então
- O terceiro prejudicado é aquele que é titular da relação
jurídica discutida em juizo, ou é titular de uma relação
jurídica conexa àquela discutida em juizo, ou é
legitimado extraordinário para defender o
interesse/direito discutido em juízo
- Por fim, também tem legitimidade recursal o MP,
enquanto parte, por óbvio, mas também tem
legitimidade recursal quando esse atua como fiscal da
ordem jurídica
3. Interesse
- O interesse recursal deve ser analisado sob duas
dimensões
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- Na primeira fala-se em interesse recursal utilidade,
nessa acepção há interesse recursal quando, do
julgamento do recurso, o recorrente puder alcançar uma
situação jurídica mais favorável do que aquela imposta
pela decisão recorrida
- Não é que o recurso necessariamente vai garantir a
situação mais favorável, mas, em tese, é possível
alcançar a situação jurídica mais benéfica
- Já na segunda, fala-se em interesse recursal
necessidade, quando o recurso for o único meio apto a
garantir essa situação jurídica mais benéfica para a
parte, ao menos em tese
- Ex. de recurso inútil: decisão com fundamento federal e
constitucional, decisão complexa, a qual se sustenta
com apenas um dos fundamentos, nesse caso, só terá
utilidade, só irá gerar alguma modificação, caso a parte
interponha recurso cabível para ambos os fundamentos,
ou seja, faltará interesse recursal quando a parte interpor
recurso cabível para apenas um dos fundamentos
- O interesse recursal durante muito tempo esteve muito
atrelado à ideia de sucumbência/derrota, como se
somente o sucumbente tivesse interesse recursal,
entretanto isso não é a verdade, pois, apesar de ser
manifesto o interesse do sucumbente/derrotado, não
significa que só ele tenha interesse recursal, aparte
vencedora também pode ter interesse recursal
- Ex.: autor entra com uma ação pedindo a troca de um
produto defeituoso e, subsidiariamente, pede a
devolução do valor, caso não seja acolhido o pedido
principal → interesse recursal do autor, caso não seja
acolhido o pedido principal, apenas o pedido subsidiário
- Durante muito tempo se entendeu que só haveria
interesse recursal se o recurso buscasse a alteração do
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dispositivo, da norma jurídica individual, da decisão
recorrida, entretanto, atualmente, se entende que há
como se ter interesse recursal quando o recurso tem
como objetivo apenas alterar a fundamentação da
decisão, sem que isso gere alteração do dispositivo
- Sendo assim, em um sistema de precedentes, esse
redimensionamento do interesse recursal se intensifica,
pois admite-se a configuração do interesse recursal
quando o recurso tem como objetivo apenas alterar a
fundamentação da decisão, a fim de garantir a
participação da parte na formação de precedente
4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de
recorrer
- É um requisito de admissibilidade recursal negativo, ou
seja, esse requisito é negativo, pois é composto de fatos
que não devem ocorrer para que o recurso seja
admissível, os fatos são:
★ A desistência → fato impeditivo
★ A renúncia e aquiescência da decisão que são
fatos extintivos
- Caso seja interposto recurso e ocorra um desses fatos, o
recurso sera inadmitido
➔ Requisitos extrínsecos
1. Tempestividade
- Todo recurso deve ser interposto dentro de um prazo
- O prazo para interposição de recursos é de 15 dia úteis,
no geral, sendo que o prazo para embargos de
declaração é de 5 dias úteis
- O prazo começa a ser contado, o termo inicial, é da data
de intimação da decisão, sendo que a intimação deve ser
feita, preferencialmente, pelo meio eletrônico
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2022.1
- Na intimação eletrônica, o ato de intimação é enviado
para o expediente ou portal eletrônico do advogado
vinculado ao processo, enviado o ato de intimação, a
parte terá 10 dias corridos para fazer a sua leitura,
através de seu advogado
- Se dentro desse prazo de 10 dias corridos a intimação
for aberta, o prazo recursal começa a ser contado no
primeiro dia útil seguinte a leitura pelo advogado
- Passado os 10 dias corridos para fazer a leitura, caso o
advogado não leia nesse prazo, será considerado
intimado de forma tácita no último dia do prazo de 10
dias para leitura, passando a contar o prazo recursal de
15 dias úteis no primeira dia útil seguinte
- Existem outras forma de intimação, que não é a
eletrônica, que pode ser através do Diário Oficial, no
qual o ato de intimação será disponibilizado em uma
data e no primeiro dia útil seguinte o ato será
considerado publicado e o prazo se inicia no dia útil
seguinte à publicação
- Essas são as formas preferenciais de intimação, mas
está cada vez mais comum utilizar outras formas
- Para se aferir a tempestividade do recurso, é preciso que
se verifique a data e o horário do protocolo da peça
- Se o processo é físico, o recurso poderá ser interposto
até o último dia do prazo, até o horário de encerramento
do expediente do órgão jurisdicional
- Se o processo é eletrônico, o recurso poderá ser
interposto até às 23:59 do último dia do prazo
- Se o protocolo for postal, a data a ser considerada, a fim
de ser verificada a tempestividade, é a data da postagem
do recurso no correio e não a data que o recurso chega
no órgão jurisdicional, sendo que o horário a ser
observado é o do expediente do órgão jurisdicional
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- No ato da interposição do recurso, o recorrente deverá
comprovar a ocorrência de feriado local, pois os prazos
processuais só são contados em dia útil, sendo que
feriado é considerado dia não útil, logo, quando há
feriado, não se computa prazo processual, assim,
quando o feriado é nacional, não é necessário provar,
mas quando ele é local (estadual/municipal) é preciso
que se comprove através de ato normativo que indique
que tal dia é feriado, geralmente uma lei
- STJ tem entendimento que o feriado da segunda-feira de
carnaval, que é local, pode ser comprovado depois da
interposição do recurso, diferente dos demais que
precisam ser provados no ato de interposição do recurso
- Há corrente doutrinária que entende que se a parte não
comprova no ato de interposição do recurso, mas faz
menção à existência de feriado local, seria possível que
ela juntasse a documentação respectiva posteriormente
- Embora o CPC não indique expressamente, é
importante que a parte também faça prova dos dias em
que eventualmente não haja expediente forense no ato
de interposição do recurso, pois nesses dias também não
haverá cômputo de prazo processual
- Quando no ato normativo se fala em ponto facultativo,
não será considerado um dia não útil, ou seja, será
computado prazo processual
- A União, os Estado, o DF, os Municípios e suas
autarquias e fundações de direito público são intimados
através de sua Procuradoria, que é o órgão de
representação judicial desses entes, enquanto que as
partes são intimadas através de advogado
- Essas intimações são feitas preferencialmente por meio
eletrônico, ou através de carga (retirada do processo da
secretaria) ou através de remessa
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- Uma vez intimado esses entes (Fazenda Pública), o
prazo que esse entes tem para recorrer são de 30 dias
úteis, assim como em qualquer outra manifestação
- Também tem prazo dobrado para interposição de
recurso a Defensoria Pública, os Núcleos de Prática
Jurídica vinculados à Faculdade de Direito e também as
entidade que prestam assessoria judiciária gratuita em
convênio com a Defensoria
- Também tem prazo em dobro os litisconsortes,
representados por advogados distintos vinculados a
escritórios de advocacia distintos, não sendo o processo
eletrônico, sendo processo físico
AULA 20/04
2. Regularidade formal: regra da dialeticidade dos recursos
- Também é um requisito de admissibilidade composto
por uma série de exigências formais que devem ser
observadas para que o recurso seja admitido
- Essas exigências são inúmeras e variam de acordo com
o recurso em questão (Ex.: agravo de instrumento →
exigência de instrução com cópia de alguns documentos
obrigatórios)
- Existem algumas exigências formais gerais que se
impoem a todo e qualquer recurso: 1. todo recurso tem
que ter causa de pedir recursal e pedido recursal; 2. todo
recurso tem que ser assinado por uma pessoa com
capacidade postulatória (advogado, defensor público,
promotor, procurador); 3. todo recurso precisa observar
a regra da dialeticidade recursal
- A regra da dialeticidade recursal dispõe que o recurso
deve impugnar especificamente às decisões da decisão
recorrida, ou seja, não se admite recurso genérico, pois,
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2022.1
assim como a decisão não pode ser genérica, o recurso
também não pode ser
- Em regra, a inobservância da regularidade formal gera
um vício sanável, assim, configurado esse vício, o
recorrente deve ser intimado para sanar o vício em
questão → art. 932, parágrafo único, do CPC
3. Preparo
- O adiantamento das despesas processuais relativas ao
processamento do recurso
- Essas despesas se subdividem em:
★ Taxa inicial ou custas iniciais: é o valor devido
pela interposição e processamento do recurso
★ Taxa de porte de remessa e retorno: são as
chamadas despesas postais, devidas em razão da
movimentação do recurso entre órgãos judiciais
- O preparo, em regra, deve ser comprovado no ato de
interposição do recurso, devendo ser apresentadas as
guias de preparo e os comprovantes de pagamento do
preparo, entretanto nos Juizados Especiais se admite
que o preparo seja comprovado até 48 horas após o ato
de interposição do recurso
- Existem três problemáticas a respeitodo preparo:
- A primeira problemática diz respeito ao
preenchimento equivocado da guia de preparo, ou seja,
é possível a ocorrência de um erro material na inserção
dos dados necessários, se isso ocorrer, haverá a
configuração de um vício sanável, não podendo ser
inadmitido o recurso apenas por essa razão → art.
1.007, §7º, do CPC
- Se houver dúvida, pelo órgão jurisdicional, a respeito do
efetivo recolhimento ou do valor que foi recolhido, o
mesmo intimará a parte para sanar o vício
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- A segunda problemática é o recolhimento de preparo a
menor, ou insuficiente, nesse caso, o recorrente deverá
ser intimado para que complemente o preparo, mais
uma vez não podendo ser inadmitido o recurso,
entretanto, caso o recorrente seja intimado e não efetue
a complementação, será aplicada pena de deserção e o
recurso será inadmitido → art. 1.007, §2º, do CPC
- A terceira problemática diz respeito ao não pagamento
do preparo, nesse caso, o recorrente será intimado para
realizar o pagamento do preparo em dobro até 5 dias, ou
seja, aplica-se uma penalidade ao recorrente que não
observa esse requisito de admissibilidade recursal,
espécie de multa equivalente ao valor do preparo
- Caso o recorrente intimado não realize o pagamento do
preparo em dobro dentro do prazo, será aplicada pena
de deserção e o recurso será inadmitido, não podendo
pagar uma parte e pagar a outra depois → art. 1.007, §4º
e 5º, do CPC
- Existe uma flexibilização em relação a regra de
comprovação do pagamento do preparo no ato de
interposição do recurso, quando o recorrente comprova
justo impedimento para tanto, acolhido o impedimento
pelo órgão jurisdicional, o recorrente será intimado para
que em 5 dias úteis recolha o preparo
- Nem todo recurso, para ser processado, depende do
pagamento de preparo
- Os recursos que não dependem do preparo são:
★ Embargos de declaração
★ Agravo em recurso especial e em recurso
extraordinário
★ Agravo interno
★ Embargos infringentes de alçada
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2022.1
- Além disso, algumas pessoas são dispensadas do
pagamento do preparo, são elas: Fazenda Pública
(União, DF, Estados, Municípios…), Ministério
Público, Defensoria Pública (quando representa
beneficiário da justiça gratuita), além do próprio
beneficiário da justiça gratuita
- Art. 1.007, §1º, do CPC
➢ NATUREZA DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
- O juízo de admissibilidade pode ser positivo ou negativo, sendo ele positivo, a
natureza desse juízo é declaratória
- A decisão que admite um recurso, decisão que profere juízo de
admissibilidade positivo, tem natureza declaratória da eficácia do recurso, que
essa produz efeitos
- Se, por outro lado, o juízo de admissibilidade é negativo, haverá decisão que
inadmite o recurso, a qual tem natureza constitutiva negativa ou
desconstitutiva, pois ela extingue o recurso sem exame de mérito
- Em relação a decisão que inadmite o recurso, que tem natureza constitutiva
negativa, a discussão é se essa decisão produz efeitos retroativos (ex tunc) ou
não retroativos (ex nunc)
- Caso se entenda que essa decisão de inadmissão produz efeitos não
retroativos, significa dizer que o recurso produziu efeitos até o momento da
sua inadmissão (a professora considera que esse entendimento é o mais aliado
com a segurança jurídica)
- Embora haja quem defenda que os efeitos devem ser não retroativos, há
também quem entenda que essa defesa produz efeitos retroativos, ou seja, uma
vez proferida a decisão de inadmissão, ela retroagirá ao momento de
interposição do recurso, fazendo desaparecer todos os efeitos que
eventualmente foram produzidos até então
- Mas, o CPC e a jurisprudência vêm entendendo que, em regra, a decisão de
inadmissão produz efeitos não retroativos, entretanto, se a decisão de
inadmissão for fundada em intempestividade ou manifesta falta de cabimento,
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2022.1
essa decisão de inadmissão, excepcionalmente, produzirá efeitos retroativos →
entendimento majoritário e intermediário
AULA 27/04
➢ JUÍZO DE MÉRITO (error in iudicando e error in procedendo)
- Sendo positivo o juízo de admissibilidade, parte-se para o juízo de mérito,
sendo que nesse analisa-se o acolhimento ou rejeição das razões e pedidos
recursais
- Se for acolhido, fala-se em provimento do recurso, mas se for rejeitado, fala-se
em improvidente ou não-provimento do recurso
- Quem realiza o juízo de mérito é o juízo “ad quem”, que no mais das vezes é
órgão jurisdicional hierarquicamente superior àquele que proferiu a decisão
recorrida. Mas, há casos em que o órgão competente para realizar o juízo de
mérito do recurso é o mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida, é
chamado de órgão “a quo” (ex: embargo de declaração).
- Quais são as razões recursais possíveis? São causas de pedir recursos possíveis
a omissão, a obscuridade, a contradição e o erro material.
➔ Quando a causa de pedir recursal é a omissão, o pedido correlato será
complementação ou integração da decisão recorrida
➔ Quando, por outro lado, a causa de pedir recursal é contradição ou
obscuridade, o pedido recursal é de esclarecimento.
➔ Quando a causa de pedir recursal for erro material, o pedido será de
correção/saneamento do erro.
- Além dessas que são mais comuns, existem outras duas causas: erro de
julgamento e erro de procedimento. Essas são causas de pedir recusais
possíveis em qualquer recurso de fundamentação livre.
- Erro de julgamento (error in iudicando) é um equívoco de conteúdo, de
substância da decisão recorrida, no qual o pedido do recurso será a reforma da
decisão recorrida, se configurando quando:
➔ se aplica equivocadamente uma norma jurídica;
➔ quando se interpreta equivocadamente um texto legal ou os fatos;
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2022.1
➔ quando se faz uma contraposição errada de fatos e provas produzidas
no processo
- Erro de procedimento é um erro de forma da própria decisão recorrida e
forma do procedimento que precedeu ao ato decisão, ou seja, uma decisão
incompleta ou um erro de curso do processo
- Exemplo: quando há produção de provas e as partes não foram intimadas a se
pronunciarem sobre a prova, sem oportunizar o contraditório, existindo, então,
um vício de forma.
- Se o erro for de procedimento, o pedido recursal é de invalidação/anulação da
decisão recorrida, será invalidado a partir do momento em que houve o vício
de forma; juízo rescinde, todos os atos são desfeitos
- Assim como é possível formular mais de um pedido na ação, é possível
formular mais de um pedido no recurso, podendo ser:
➔ cumulação própria: quando é formulado mais de um pedido
objetivando que todos eles sejam acolhidos.
➔ cumulação imprópria: quando é formulado mais de um pedido
sabendo que apenas um pode ser acolhido, estabelecendo-se uma
ordem de preferência, uma ordem hierárquica dos pedidos.
- Quando o pedido de reforma é rejeitado fala-se no juízo substitutivo, significa
dizer que a decisão que julgou o recurso substitui para todos os efeitos a
decisão recorrida
- Existe o juízo rescindente, quando o pedido de anulação é acolhido, é um juízo
de desfazimento de um conjunto de atos
9. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS → VEDAÇÃO AO
BENEFÍCIO COMUM DO RECURSO
- Não tem previsão normativa expressa, mas decorre do próprio interesse
recursal.
- O interesse recursal utilidade se configura quando do julgamento do recurso,
por vir de uma situação jurídica melhor para o recorrente do que aquela que
foi imposta da decisão recorrida.
- De acordo com esse princípio, o julgamento do recurso NÃO pode vim uma
PIORA da situação do recorrente da decisão recorrida, sendo que esse
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2022.1
princípio só se aplica no recurso único, aquele em que uma única parte
recorre, ou seja, se ambas as partes recorrerem, não se aplica.
- Exceção: ainda que o recurso seja único, poderá decorrer do seu

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