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AN02FREV001/REV 3.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 2 CURSO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 1.1 ESTADO NUTRICIONAL 1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 1.2.1 História Social 1.2.2 História Clínica 1.2.3 História Dietética 2 INQUÉRITOS ALIMENTARES 2.1. RECORDATÓRIO DE 24 HORAS 2.2. REGISTRO ALIMENTAR 2.3. FREQUÊNCIA DE CONSUMO ALIMENTAR 3. AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG) 4 ANTROPOMETRIA 4.1 PESO CORPORAL 4.2 PESO TEÓRICO OU IDEAL (PT) 4.2.1 Compleição Corporal 4.2.2 Estimativa de Peso Atual 4.2.3 Peso Ideal para Amputados 4.2.4 Estimativa de Peso - Pacientes com Edema e/ou Ascite 4.2.5 Importância da Mudança de Peso 5 ESTATURA 5.1 ALTURA DO JOELHO 5.2 EXTENSÃO DOS BRAÇOS 5.3 ESTATURA RECUMBENTE 6 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL 7. ANEXOS 7.1. ALTERAÇÃO DE PESO - ASG 7.2. ALTERAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR - ASG 7.3. CAPACIDADE FUNCIONAL - ASG 7.4. EXAME FÍSICO AN02FREV001/REV 3.0 4 7.5. MODELO AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL 8 COMPOSIÇÃO CORPORAL 8.1 MÉTODOS DIRETOS 8.2 MÉTODOS INDIRETOS 8.2.1 Pesagem Hidrostástica 8.2.2 Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) 8.2.3 Pletismografia 8.2.4 Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética 8.3 MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS 8.3.1 Circunferências Corporais 8.3.2 Razão Cintura-Quadril 8.3.3 Circunferência do Braço (CB) 8.3.4 Circunferência Muscular do Braço - CMB 8.3.5 Área Muscular do Braço corrigida – AMBc 8.3.6 Dobras Cutâneas 8.3.7 Dobra Cutânea Tricipital – DCT 8.3.8 Dobra Cutânea Bicipital – DCB 8.3.9 Dobra Cutânea Suprailíaca – DCSI 8.3.10 Dobra Cutânea Subescapular – DCSE 8.4 BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA 9 ANEXOS 9.1. MÉTODOS NÃO-CONVENCIONAIS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 9.2. PERCENTIS DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO - CB 9.3. PERCENTIS DA CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO – CMB 9.4. PERCENTIS DA ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA – AMBc 9.5. PERCENTIS DA ÁREA DE GORDURA DO BRAÇO 9.6. PERCENTIS PARA DOBRA CUTÂNEA TRICIPITAL 9.7. PORCENTAGEM ESTIMADA DA GURDURA CORPÓREA OBTIDA PELA SOMA DAS QUATRO DOBRAS CUTÃNEAS (BICIPITAL, TRICIPITAL, SUBESCAPULAR E SUPRA-ILÍACA) 10 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS 10.1 CRESCIMENTO INFANTIL 11 ANTROPOMETRIA AN02FREV001/REV 3.0 5 12 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO RECÉM-NASCIDO E LACTENTE 12.1 RECÉM-NASCIDO 12.2 LACTENTE, PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE 12.2.1 Perímetro Cefálico (PC), Torácico (PT) e Braquial 12.2.2 Dobras Cutâneas 12.2.3 Indicadores de Crescimento 12.2.4 Curvas de Crescimento 12.2.5 Índice de Massa Corporal – IMC 12.2.6 Puberdade – Maturação Sexual 13 ANEXOS CURVAS DE CRESCIMENTO E TABELAS COM PERCENTIS NCHS E OMS 13.1 CURVAS DE CRESCIMENTO NCHS COM OS PERCENTIS (3, 5, 10, 25, 50, 75, 90, 95 E 97) 13.1.1 Tabelas do NCHS com todos os percentis (3, 5, 10, 25, 50, 75, 90, 95 e 97) 13.2 CURVAS DE CRESCIMENTO ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS COM PERCENTIS (3, 15, 50, 85, 97) 13.2.1 Tabelas da Organização Mundial da Saúde - OMS com todos os percentis (1, 3, 5, 15, 25, 50, 75, 85, 95, 97, 99) 14 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE 14.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL E GESTACIONAL 14.2 CURVA DE ROSSO 14.3 CURVA PERCENTILAR 14.4 NOMOGRAMA E CURVA ÍNDICE DE MASSA CORPORAL 15 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE IDOSOS 16 PARÂMETROS BIOQUÍMICOS AN02FREV001/REV 3.0 6 MÓDULO V 1 INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 1.1 ESTADO NUTRICIONAL Definição: “Condição de saúde de um indivíduo, influenciada pelo consumo de nutrientes, identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos” (VASCONCELOS, 2000, p.67-81). O estado nutricional de um indivíduo é o equilíbrio entre a ingestão e necessidade de nutrientes influenciados por diversos fatores, dentre eles: condições econômicas, comportamento alimentar, influências culturais, alteração do apetite, capacidade de consumir e absorver nutrientes adequadamente, estresse fisiológico, processos crônicos ou agudos de doenças, crescimento, gravidez e estresse psicológico. O consumo adequado e suficiente de nutrientes promove o crescimento e desenvolvimento, atendendo as necessidades diárias do organismo e prevenindo AN02FREV001/REV 3.0 7 possíveis agravos à saúde. Dessa forma, a avaliação do estado nutricional visa a identificar os pacientes em risco nutricional, promover suporte nutricional adequado e monitorar sua evolução. Em pacientes hospitalizados observa-se cerca de 19% a 80% de desnutrição protéico-calórica. Indivíduos que apresentaram desnutrição após a admissão hospitalar e/ou pacientes inicialmente desnutridos podem apresentar piora do seu estado nutricional durante o período de hospitalização. Dessa forma, torna-se necessário estabelecer o diagnóstico nutricional de indivíduos em decorrência da associação da desnutrição e complicações à saúde. O método para a avaliação do estado nutricional é realizado por meio da avaliação nutricional, que utiliza técnicas apropriadas de antropometria, anamnese alimentar, história clínica, parâmetros bioquímicos e dados psicossociais. A avaliação nutricional é uma importante ferramenta para determinar a presença de fatores, condições ou diagnósticos que possam afetar o estado nutricional do indivíduo. Dessa forma, são fatores determinantes do Estado Nutricional: » Fatores econômicos (renda, acesso); » Fatores sociais (hábitos, modismos, estéticos, mídia, colegas, etc.); » Fatores culturais (descendência, costumes); » Fatores religiosos (mitos, tabus, crenças); » Fatores psicológicos (necessidade, prazer, desconforto, insegurança); » Fatores fisiopatológicos. 1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Segundo Christakis (1973, p.), a Avaliação do Estado Nutricional é a “condição de saúde de um indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. A definição de Avaliação do Estado Nutricional pela “American Dietetic Council” é uma abordagem completa realizada pelo AN02FREV001/REV 3.0 8 nutricionista para determinar o estado nutricional utilizando histórico médico, social, nutricional, exame físico, medidas antropométricas e dados bioquímicos. A avaliação do estado nutricional tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais possibilitando realizar uma intervenção de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do indivíduo por meio da coleta de dados clínicos, dietéticos, bioquímicos e da composição corpórea, com a finalidade de identificar e tratar as alterações do estado nutricional. Como parâmetro isolado não classifica o estado nutricional geral de um indivíduo, sendo necessária a associação de vários indicadores para melhorar a precisão do diagnóstico nutricional. A avaliação nutricional tem como objetivo: 1. Identificar indivíduos que necessitem de apoio nutricional intenso; 2. Recuperar ou manter o estado nutricional do indivíduo; 3. Identificar a terapia nutricional adequada; 4. Monitorar a eficáciada terapia aplicada. A Avaliação Nutricional é realizada por meio de métodos diretos e indiretos, que são complementares entre si e não há um único que possa ser considerado completo por si só, por isso devem ser interpretados conjuntamente. Os métodos utilizados para a realização da avaliação nutricional são os métodos diretos e métodos indiretos. Os métodos diretos são aqueles que exploram as manifestações biológicas do organismo humano, por meio de análises antropométricas, bioquímicas e clínicas. Os métodos indiretos são aqueles que poderão ser determinantes da situação de nutrição e alimentação dos indivíduos, por meio de dados de consumo alimentar, estatísticas vitais e socioeconômicas. A tabela 1 mostra os métodos de avaliação nutricional. TABELA 1 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL. MÉTODOS DIRETOS MÉTODOS INDIRETOS Anamnese Alimentar Inquérito de Consumo Alimentar Dados Antropométricos Estudos Demográficos Exame Físico Inquéritos socioeconômicos e culturais AN02FREV001/REV 3.0 9 Dados Bioquímicos A avaliação do estado nutricional é realizada por meio da Anamnese Alimentar, uma ficha utilizada para coletar informações importantes relativas ao indivíduo que está sendo avaliado. A Anamnese Alimentar abrange três etapas: » História Social; » História Clínica; » História Dietética; 1.2.1 História Social Deve-se investigar aspectos importantes que podem afetar a aderência ao tratamento. Na História Social deve conter: » Nome completo do paciente; » Idade e Sexo; » Estado Civil; » Profissão ou Ocupação; » Número de componentes na família, tipo de moradia, renda familiar; » Vícios, como drogas, álcool (etilismo) e fumo (tabagismo); » Atividade Física (tipo, frequência e duração). 1.2.2 História Clínica A história clínica deve obter Informações necessárias para diagnosticar e realizar o tratamento. Os componentes da história clínica são: » História da doença atual (queixa principal); AN02FREV001/REV 3.0 10 » Perda ou ganho de peso recente; » Hábito intestinal e diurese; » Sinais de doenças gastrintestinais (náuseas, vômito, etc.); » Saúde bucal; » Fatores que limitam a ingestão de nutrientes (odinofagia, disfagia, anorexia, etc.); » Uso de medicamentos; » Antecedentes médicos (número de cirurgias, doenças crônicas). 1.2.3 História Dietética A história dietética é utilizada para identificar o padrão de ingestão alimentar do indivíduo, sendo composta por: » Hábito alimentar (frequência, tipo, horário, quantidade, etc.); » Alimentos prediletos, alimentos excluídos; » Alergias, aversões e intolerâncias alimentares; » Ingestão hídrica; » Local em que se realizam as refeições (restaurante, casa). A técnica mais conhecida é o “Recordatório de 24 horas”, método qualitativo que investiga tudo o que o paciente consumiu em um período de 24 horas. 2 INQUÉRITOS ALIMENTARES São vários os métodos utilizados para avaliar o consumo alimentar em um período estabelecido. Os métodos para avaliação do consumo alimentar são classificados em Quantitativos e Qualitativos. Possibilitam relacionar a dieta ao estado nutricional do indivíduo e pode ser o primeiro passo para identificar deficiências nutricionais. » Métodos Quantitativos permitem conhecer quantidade de macronutrientes, AN02FREV001/REV 3.0 11 micronutrientes e calorias ingeridas pelo indivíduo. » Métodos Qualitativos permitem conhecer o hábito alimentar do indivíduo. A escolha do método dependerá de recursos disponíveis, do objetivo do entrevistador, população alvo, dentre outros. O entrevistador deve ter cautela quanto a dois fatores importantes durante a aplicação do inquérito alimentar: 1º Indução da resposta pelo entrevistador. O entrevistador não deve influenciar na resposta do indivíduo entrevistado. Dessa forma, o entrevistador deve realizar questionamentos diretos, sem expor sua opinião ao entrevistado. 2º Super ou subestimação de ingestão de alimentos. O entrevistado pode omitir ou ressaltar alimentos conhecidos como “ruins” e ‘bons”. Dessa forma é importante observar contradição na resposta e depois, refazer a pergunta. 2.1. RECORDATÓRIO DE 24 HORAS Nesse método o indivíduo é questionado sobre todos os alimentos ingeridos num período de 24 horas, geralmente avalia-se o dia anterior ao inquérito. É importante registrar o tipo e quantidade de cada alimento ingerido, bebidas ingeridas durante todo o período e horário em que foram realizadas. Segundo Duarte (2007, p65), para facilitar as respostas do indivíduo, é aconselhado iniciar os questionamentos pela última refeição e terminar pela primeira refeição realizada nesse período. Vantagens Desvantagens Fácil e rápido de ser aplicado Depende da memória Baixo custo Requer treinamento do investigador para evitar indução Quando realizado em série, fornece estimativas da ingestão usual do indivíduo A ingestão prévia das últimas 24 horas pode ser atípica Não altera a dieta usual Bebidas e lanches tendem a ser omitidos Pode ser utilizado em grupos de baixo nível de escolaridade Não fornece dados quantitativos precisos sobre a ingestão de nutrientes Pode ser usado para estimar o valorNão reflete as diferenças entre a ingestão de AN02FREV001/REV 3.0 12 energético total da dieta e a ingestão de macronutrientes dias da semana e o final de semana - Pode ocorrer sub ou superestimação FONTE: Cuppari, 2005. 2.2. REGISTRO ALIMENTAR Esse método é utilizado para registrar todos os alimentos e bebidas consumidas em um período estabelecido pelo entrevistador. O registro é realizado pelo próprio indivíduo. Quando o registro é realizado por criança e indivíduo impossibilitado de escrever, a mãe ou responsável faz a anotação do consumo de alimentos. O tempo para realizar o registro varia de três a cinco dias, sendo o mais comum o registro alimentar de três dias. O indivíduo deve realizar o registro alimentar de pelo menos um dia no final de semana, por ser um dia atípico. O registro alimentar pode ser realizado de duas maneiras: 1ª Através da estimativa de consumo de alimentos. O indivíduo estimará em medidas caseiras as quantidades consumidas em cada refeição durante o dia. 2º Através da quantificação exata das quantidades consumidas durante o dia, por meio de pesagem em balança. Vantagens Desvantagens Não depende da memória Pode interferir no padrão alimentar Proporciona maior acurácia e precisão quantitativa dos alimentos Requer tempo Identifica tipos de alimentos e preparações consumidos e horários das refeições Exige que o indivíduo saiba ler e escrever - A subestimação é comum - Exige alto nível de motivação e colaboração - Apresenta dificuldade para estimar a AN02FREV001/REV 3.0 13 quantidade ingerida FONTE: Cuppari, 2005. 2.3. FREQUÊNCIA DE CONSUMO ALIMENTAR Esse método permite avaliar o indivíduo conforme o consumo usual de alimentos ou nutrientes. O questionário é realizado utilizando uma lista de alimentos predefinidos baseada nos grupos alimentares com espaço para inclusão de alimentos. A lista de alimentos pode sofrer alterações considerando o objetivo do estudo proposto pelo entrevistador. A utilização de frequência semanal (1 vez/semana, 2 a 3 vezes/semana), minimiza erros de aferição desse método. O inquérito dietético permite identificar deficiências de nutrientes e hábitos alimentares do indivíduo. Não existe um método de avaliação dietética ideal, os fatores determinantes para a escolha do método dependerá do propósito a ser estudado e a partir disso, obter melhores resultados. Vantagens Desvantagens Pode ser auto-administrado ou utilizado por outros profissionais Não fornece informações sobre a quantidade consumida Baixo custo Não é possível sabersobre a hora ou circunstância em que o alimento foi consumido Rápido Listas complicadas para a população geral podem não ser úteis para grupos com diferentes padrões alimentares Pode descrever padrões de ingestão alimentar Bebidas e lanches tendem a ser omitidos Gera resultados padronizados A análise fica difícil sem o uso de computadores e programas especiais Pode ser utilizado para estudar a associação de alimentos ou nutrientes específicos com alguma - AN02FREV001/REV 3.0 14 doença FONTE: Cuppari, 2005. 3. AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG) Inicialmente a ASG foi desenvolvida para avaliar clinicamente pacientes cirúrgicos, determinando moderado ou alto risco nutricional. Por apresentar boa correlação com morbidade pós-operatória, hoje, a avaliação é utilizada em diversas condições clínicas. A ASG é realizada por meio de questões e baseada na história clínica e no exame físico do paciente. 1 ª Questão: Alteração de peso Verificar de que maneira ocorreu a perda de peso: contínua, em um período de seis meses ou intermitente, com períodos de recuperação. A percepção por parte dos familiares desta perda de peso é importante para confirmação dos dados obtidos com o paciente. O acúmulo ou perda de líquido não deve ser considerado como mudança real no peso corporal. 2ª Questão: Alteração da ingestão alimentar Classificar se ocorreu alteração na ingestão alimentar e qual a severidade e duração da mudança. Caso tenha havido alteração, avaliar a duração (em semanas) e o tipo de modificação da ingestão alimentar. A modificação poder ser classificada em quantitativa, em que ocorre diminuição da quantidade de alimentos ingerida, ou no tipo da dieta (de sólida para líquida, normocalórica, hipocalórica e até mesmo o jejum). Quanto mais severa a redução, ou quanto mais longa a duração do declínio da ingestão alimentar, mais próximo da desnutrição grave o paciente deve ser classificado. 3ª Questão: Presença de sintomas gastrintestinais significativos Serão classificados como significativos caso ocorram diariamente em um período de duas semanas. A diarréia será caracterizada como sintoma significativo caso haja três AN02FREV001/REV 3.0 15 evacuações líquidas diárias. A hiporexia (menos apetite que o normal) ou mesmo a anorexia (ausência de apetite) somente será significativa uma vez que apresente modificações quantitativas ou do tipo de alimentação. 4º Questão: Capacidade funcional do paciente Avalia modificações ocorridas em conjunto com as alterações dietéticas e antropométricas. A perda de peso sem modificações funcionais representa um melhor prognóstico nutricional. A modificação será leve caso o paciente relate apenas maior cansaço ou grau de dificuldade para exercer as atividades cotidianas normais. Moderada, se o paciente se vir restrito ao ambiente domiciliar, com suas atividades cotidianas interrompidas e necessite permanecer sentado a maior parte do tempo. Grave se o paciente permanecer acamado na maior parte do tempo. 5ª Questão: Exame físico É utilizado para avaliar a perda de gordura, massa muscular e a presença de líquidos. O exame físico deve ser feito de maneira objetiva utilizando a inspeção e palpação. A perda de gordura é classificada: » Ausência de alteração 0; » Alterações: Leves +, Moderadas ++ e Graves +++ Verifica-se perda de gordura subcutânea nas seguintes regiões: Tríceps Observar sobra de pele sobre o braço. A palpação da região do tríceps e bíceps fornece dados sobre a intensidade da perda de gordura. Visualizar os tendões do músculo tricipital representa importante perda de gordura subcutânea. Nos idosos a inspeção da sobra da pele deve ser completada pela palpação, a fim de não se confundir a perda da elasticidade cutânea com a perda de gordura subcutânea, sentindo através da palpação tecido adiposo. Linha média axilar no nível das últimas costelas Visualizar os arcos costais ou a palpação da dobra cutânea nesta região dá AN02FREV001/REV 3.0 16 sinais de perda significativa de gordura. Ombro A aparência retangular dos ombros em virtude da visualização da clavícula é sinal de perda significativa de gordura, como também da musculatura da região. Posicione os braços do paciente para baixo, ao lado do corpo. Deve ser possível pinçar o tecido muscular da junção do ombro. Quadríceps Embora não seja tão sensível quanto aos grupos musculares da parte superior do corpo, ele também pode ser examinado para avaliar a deterioração muscular. Posicionar o paciente sentado, pinçar o quadríceps para diferenciar tecido muscular do gorduroso. Na palpação deve-se avaliar o volume da massa muscular assim como o seu tônus. A perda do tônus muscular pode ser trazida pela sensação de empastamento da musculatura (* importante excluir os fatores comuns que levam à atrofia muscular, como as alterações neurológicas). Têmporas Para visualizar este músculo, vire a cabeça do paciente para o lado (em alguns casos, esta região é melhor observada de frente). Região interna da perna: Observar o grau de definhamento destes músculos e se houve perda ao redor dos joelhos. Edema A presença de líquido no espaço extravascular é avaliada pela presença de edema na região do tornozelo e na região sacral, para aqueles que permanecem a maior parte do tempo acamado. Quanto maior o cacifo, maior será o edema. Após obtenção de todas as informações necessárias, o paciente será classificado em: A – bem nutrido; B – moderadamente desnutrido ou com suspeita de desnutrição; C – gravemente desnutrido. AN02FREV001/REV 3.0 17 A ASG é um método de fácil execução e pode ser realizado por todos os profissionais da equipe mutidisciplinar. Ao mesclar informações sobre alterações de peso, ingestão alimentar, sintomas gastrintestinais, ser indicador de pacientes que possam sofrer maior risco de complicações associados ao estado nutricional, a ASG pode ser classificada como um instrumento tanto prognóstico quanto diagnóstico. Ao final do módulo, encontram-se em anexo parâmetros para avaliação do estado nutricional e exame físico para a realização da ASG. 4 ANTROPOMETRIA Antropometria é a medida das dimensões corpóreas. As medidas antropométricas mais empregadas na avaliação do estado nutricional são: peso, altura, circunferências (braço e cintura) e dobras cutâneas (tríceps, bíceps, subescapular, suprailíaca). Constitui-se em um método de investigação científica em nutrição que se ocupa da medição das variações nas dimensões físicas e na composição global do corpo humano em diferentes idades e em distintos graus de nutrição. A antropometria apresenta as seguintes vantagens: método não invasivo, de fácil execução, baixo custo, simples e alta confiabilidade. No entanto, pode sofrer algumas interferências em situações limítrofes do estado nutricional, na presença de ascite ou edema. A interpretação das medidas antropométricas exige o uso de padrões de referência e de pontos de corte definidos, distinguindo os que necessitam e os que não necessitam de intervenção, permitindo ainda discriminar níveis de malnutrição. Por meio das medidas antropométricas pode-se estimar massa corporal total expressada pelo peso, massa corporal gordurosa expressada pelas dobras cutâneas e a massa corporal proteica expressada pela circunferência e área muscular do braço. AN02FREV001/REV 3.0 18 4.1 PESO CORPORAL O peso é a soma dos componentes corpóreos e reflete o equilíbrio das reservas totais de energia do corpo. Mudanças no peso refletem alterações no equilíbrio entre ingestão e consumo de nutriente. Pesando crianças maiores de 2 anos e adultos: - Após o calibramento da balança (nivelamento da agulha do braço e do fiel), ela deve ser travada e só então a criança/adulto subirá na plataforma paraser pesado; - Posicionar a criança/adulto de costas para a balança, descalço, com o mínimo de roupa possível, no centro do equipamento; - Mantê-lo ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo; AN02FREV001/REV 3.0 19 - Destravar a balança e mover os cursores sobre a escala numérica: primeiro, o maior para os quilos; depois, o menor para os gramas; - Assim que a agulha do braço e o fiel estiverem nivelados, travar a balança novamente e realizar a leitura de frente para o equipamento. AN02FREV001/REV 3.0 20 O peso corpóreo pode ser medido por três formas: peso teórico ou ideal, peso habitual ou usual e peso atual. A seguir, veremos como é realizado o cálculo do peso corporal por meio desses três tipos citados anteriormente. 4.2 PESO TEÓRICO OU IDEAL (PT) É aquele peso que o indivíduo deveria ter de acordo com sexo, altura e estrutura óssea. O método mais utilizado para o cálculo do peso ideal é o Índice de Massa Corporal (IMC). FONTE: Cuppari, 2005. Quando o peso habitual for desconhecido ou quando não há possibilidade de registrar o peso atual, o peso teórico pode ser determinado por meio do IMC médio, segundo dados abaixo: Peso Ideal ou Desejável = IMC desejado X Altura2 HOMEM = altura² x 22 MULHER = altura² x 20,8 AN02FREV001/REV 3.0 21 O cálculo do peso teórico ou ideal também pode ser calculado pelo biótipo, levando em consideração o sexo e a altura (cm). Dessa forma, o paciente pode ser classificado em Brevilíneo (tórax largo e membros curtos), Normolíneo (apresenta harmonia entre tórax e membros) e Longilíneo (apresenta escassez de tecido subcutâneo e musculatura, sendo alto e esguio). O cálculo do peso teórico ou ideal por meio do biótipo é realizado conforme tabela abaixo. TABELA 2 - TABELA PARA CÁLCULO DO PESO TEÓRICO SEGUNDO BIÓTIPO Biótipo Homens (Variação Peso) Mulheres (Variação Peso) Brevelíneo h-100 até (h-100)-5% (h-100)-5% até (h-100)-10% Normolíneo (h-100)-5% até (h-100)-10% (h-100)-10% até (h-100)-15% Longilíneo (h-100)-10% até (h-100)-15% (h-100)-15% até (h-100)-20% * h = altura (cm). FONTE: Augusto, 1999 apud Duarte, 2007. 4.2.1 Compleição Corporal A estimativa de peso ideal pela compleição é realizada pela relação (r) entre a circunferência do punho (cm) do braço não dominante e a altura (cm), obtida por meio da fórmula: Os valores de r para a classificação da compleição são determinados conforme tabela abaixo: Compleição (r) = Altura (cm) Circ. do punho (cm) AN02FREV001/REV 3.0 22 TABELA 3 - CLASSIFICAÇÃO DA COMPLEIÇÃO CORPORAL Compleição (r) Pequena Média Grande Homens > 10,4 9,6 a 10 < 9,5 Mulheres > 11 10,1 a 11 < 10,1 FONTE: Grant et al, 1981. Após a determinação da compleição corporal, encontrar o peso ideal na tabela abaixo: TABELA 4 - TABELA DE PESO ESTIMADO DE ACORDO COM A COMPLEIÇÃO CORPORAL ESTATURA (cm) ��� ���� ESTATURA (cm) MULHERES OSSATURA OSSATURA Pequena Média Grande Pequena Média Grande 155 50,0 53,6 58,2 142 41,8 45 49,5 156 50,7 54,3 58,8 143 42,3 45,3 49,8 157 51,4 55,0 59,5 144 42,8 45,6 50,1 158 51,8 55,5 60,0 145 43,2 45,9 50,5 159 52,2 56,0 60,5 146 43,7 46,6 51,2 160 52,7 56,4 60,9 147 44,1 47,3 51,8 161 53,2 56,8 61,5 148 44,6 47,7 52,3 162 53,7 57,2 62,1 149 45,1 48,1 52,8 163 54,1 57,7 62,7 150 45,5 48,6 53,2 164 55,0 58,5 63,4 151 46,2 49,3 54 165 55,9 59,5 64,1 152 46,8 50 54,5 166 56,5 60,1 64,8 153 47,3 50,5 55 167 57,1 60,7 65,6 154 47,8 51 55,5 168 57,7 61,4 66,4 155 48,2 51,4 55,9 169 58,6 62,3 67,5 156 48,9 52,3 56,8 170 59,5 63,2 68,6 157 49,5 53,2 57,7 AN02FREV001/REV 3.0 23 171 60,1 63,9 69,2 158 50 53,6 58,3 172 60,7 64,4 69,8 159 50,5 54 58,9 173 61,4 65,0 70,5 160 50,9 54,5 59,5 174 62,3 65,9 71,4 161 51,1 55,3 60,1 175 63,2 66,9 72,3 162 52,1 56,1 60,7 176 63,8 67,5 72,9 163 52,7 56,8 61,4 177 64,4 68,2 73,5 164 53,6 57,7 62,3 178 65,0 69,0 74,1 165 54,5 58,6 63,2 179 65,9 69,9 75,3 166 55,1 59,2 63,8 180 66,8 70,9 76,4 167 55,7 59,8 64,4 181 67,4 71,7 77,1 168 56,4 60,5 65 182 68,0 72,5 77,8 169 57,3 61,4 65,9 183 68,6 73,2 78,6 170 53,2 62,2 66,8 184 69,8 74,1 79,8 171 58,8 62,8 67,4 185 70,9 75,0 8,1 172 59,4 63,4 68 186 71,5 75,8 81,7 173 60 64,1 68,6 187 72,1 76,6 82,5 174 60,9 65 69,8 188 72,7 77,3 83,2 175 61,8 65,9 70,9 189 73,3 78,0 83,8 176 62,4 66,5 71,7 190 73,9 78,8 84,4 177 63 67,1 72,5 191 74,5 79,5 85,0 178 63,9 67,7 73,2 FONTE: Silva, 1998. 4.2.2 Estimativa de Peso Atual Em razão da dificuldade de se obter o peso atual de pacientes hospitalizados ou pacientes impossibilitados de se levantar, pode-se estimar o peso atual, por meio das seguintes equações: AN02FREV001/REV 3.0 24 FONTE: Chumlea, 1985 apud Cuppari, 2005. Onde: CP – circunferência da panturrilha; AJ – altura do joelho; CB – circunferência do braço; PCSE – prega cutânea subescapular. Após a obtenção do peso ideal e do peso atual é realizada a adequação de peso. A adequação de peso indicará quanto adequado ou inadequado está o peso atual do indivíduo em relação ao peso ideal. A adequação de peso é calculada a partir da fórmula: TABELA 5 - CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ACORDO COM A ADEQUAÇÃO DO PESO Adequação do peso (%) Estado Nutricional ≤ 70 Desnutrição Grave 70,1 a 80 Desnutrição Moderada 80,1 a 90 Desnutrição Leve 90,1 a 110 Eutrofia 110,1 a 120 Sobrepeso > 120 Obesidade FONTE: Blackburn; Thornton, 1979 apud Cuppari, 2005. Homem = [(0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,69] Mulher = [(1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35] Adequação de peso (%) = peso atual x 100 peso ideal AN02FREV001/REV 3.0 25 Quando a adequação de peso for inferior a 95% ou superior a 115%, realiza- se a determinação da necessidade energética e de nutrientes por meio da correção do peso ideal. Essa correção é obtida pela fórmula do Peso Ajustado. 4.2.3 Peso Ideal para Amputados A correção do peso corpóreo de amputados é realizada subtraindo o peso da extremidade amputada do peso ideal calculado. É importante ressaltar que para amputações bilaterais as porcentagens dobram o valor. A tabela 6 mostra a porcentagem de peso correspondente a cada membro amputado. TABELA 6 - PORCENTAGEM DO PESO CORRESPONDENTE A CADA SEGMENTO DO CORPO Membro Amputado Proporção de Peso (%) Mão 0.8 Antebraço 2.3 Braço até ombro 6.6 Pé 1.7 Perna abaixo do joelho 7.0 Perna acima do joelho 11.0 Perna inteira 18.6 FONTE: Osterkamp, L.K., apud Cuppari, 2005. A partir dos valores encontrados na tabela 6, faz-se o cálculo do peso corrigido e posteriormente o IMC corrigido para amputados, conforme dados abaixo: Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual AN02FREV001/REV 3.0 26 FONTE: Isosaki, M.; Cardoso, E. 2004. 4.2.4 Estimativa de Peso - Pacientes com Edema e/ou Ascite Para que os dados de peso sejam mais precisos em pacientes edemaciados e/ou ascíticos (apresentam retenção hídrica), deve-se descontar do peso atual os valores apresentados nas tabelas 7 e 8 para edema e ascite, respectivamente, afim de que seja obtido o peso “seco”. TABELA 7 - ESTIMATIVA DE PESO PARA PACIENTES COM EDEMA Grau de Edema Local Atingido Peso a ser subtraído + Tornozelo 1 Kg ++ Joelho 3 a 4 Kg +++ Raiz da coxa 5 a 6 Kg ++++ Anasarca 10 Kg FONTE: Isosaki, M.; Cardoso, E., 2004. TABELA 8 - ESTIMATIVA DE PESO DE ACORDO COM A INTENSIDADE DA ASCITE Grau de Ascite Peso Ascítico Edema Periférico Leve 2,2 Kg 1 KgModerada 6 Kg 5 Kg Grave 14 Kg 10 Kg FONTE: James, 1989. Peso Corrigido = 100% - % segmento amputado x Peso Ideal 100 IMC Amputados = peso corrigido(kg) altura (m2) (1 - % amputação) AN02FREV001/REV 3.0 27 4.2.5 Importância da Mudança de Peso A perda de peso é uma informação importante para avaliar a gravidade do problema de saúde do indivíduo. Pode-se verificar se a alteração de peso é significativa em relação ao tempo em que ocorreu. Em indivíduos hospitalizados, deve-se levar em consideração vários fatores como a patologia e o tratamento utilizado. A fórmula para o cálculo da mudança de peso segue abaixo: A porcentagem obtida determina a significância da redução de peso em relação ao tempo, como mostra a tabela 9. TABELA 9 - SIGNIFICADO DA PERDA DE PESO EM RELAÇÃO AO TEMPO Tempo Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%) 1 semana 1 a 2 >2 1 mês 5 >5 3 meses 7,5 >7,5 6 meses 10 >10 FONTE: Backbum, G.L.& Bistrian, B.R.,1977 apud Cuppari, 2005. 5 ESTATURA Segundo Acunã e Cruz (2004), a estatura representa o maior indicador do tamanho corporal e do comprimento dos ossos. Pode ser utilizada em associação ao Perda de Peso (%) = (peso usual – peso atual) x100 peso usual AN02FREV001/REV 3.0 28 peso corporal para compor o Índice de Massa Corporal. É medida utilizando-se o estadiômetro. Medindo crianças maiores de 2 anos e adultos: - Descrever as partes do equipamento: parte móvel, escala numérica, ponto para leitura das medidas. - Enfatizar a importância do antropômetro: * Estar fixado numa parede lisa e sem rodapé; * Estar posicionado numa distância correta do chão, de modo a garantir uma leitura fidedigna da estatura. Posicionar a criança/adulto, descalço, no centro do equipamento, com a cabeça livre de adereços; ele deve se manter: - De pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos (1° passo). AN02FREV001/REV 3.0 29 - Calcanhares, ombros e nádegas em contato com o antropômetro e parede (2° passo). - Ossos internos dos calcanhares devem se tocar, bem como a parte interna de ambos os joelhos; os pés unidos mostram um ângulo reto com as pernas (3° passo). AN02FREV001/REV 3.0 30 - Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo. Retirar a criança/adulto, quando tiver certeza de que o mesmo não se moveu (4° passo). - Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento (5° passo) e anotar o resultado na ficha da Vigilância Alimentar e Nutricional/prontuário (6° passo). AN02FREV001/REV 3.0 31 Alguns métodos alternativos são utilizados para estimar a altura de indivíduos impossibilitados de utilizar o método convencional. Dentre eles, são utilizadas a altura do joelho, a extensão dos braços e a estatura recumbente. A seguir determinaremos a medida de cada um dos métodos de estimativa de altura. 5.1 ALTURA DO JOELHO Para a estimativa de estatura utiliza-se a altura do joelho (AJ), que com o paciente sentado com os pés apoiados no chão ou em posição supina, mede-se a altura do joelho em relação à altura do chão, a partir do ponto ósseo externo logo abaixo da rótula (cabeça da tíbia) até a superfície do chão. FONTE: Disponível em: http://www.rxkinetics.com/height_estimate.html. Acesso em: 25 set. 2009. A partir da AJ calcula-se o equivalente de estatura: AN02FREV001/REV 3.0 32 *Altura do joelho em cm. FONTE: Chumlea, 1985 apud Cuppari, 2005. 5.2 EXTENSÃO DOS BRAÇOS Pode-se obter a estimativa de altura de duas formas: 1ª - O paciente deverá estar sentado, em posição ereta, encostado em uma parede, com os braços estendidos no nível dos ombros; medir a distância entre as pontas dos dedos médios. Este será a altura do paciente. 2ª - Esta medida é utilizada para pacientes que possuem alguma deformidade em uma das extremidades ou presença de acesso venoso: com um dos braços estendido na altura do ombro, medir a distância da ponta do dedo médio até o esterno, multiplicar o valor obtido por 2, obtendo assim a altura estimada. 5.3 ESTATURA RECUMBENTE É utilizada nos casos em que o paciente não consegue dobrar o joelho para fazer a altura do joelho ou com incapacidade de movimento dos braços. Medida realizada com o indivíduo no leito. Posiciona-se o avaliado em posição supina, com o leito completamente na posição horizontal. Fazer marcas no lençol na altura do topo da cabeça e da base do pé e medir comprimento entre as marcas, utilizando fita métrica. HOMENS = 64.19 - (0,04 x idade) + (2,02 x AJ) MULHERES = 84.88 - (0,24 x idade) + (1,83 x AJ ) AN02FREV001/REV 3.0 33 6 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL O IMC ou Índice de Quetelet é o indicador simples de estado nutricional, obtido por meio da relação entre o peso (em quilos) e a altura (em metros) elevada ao quadrado. É considerado por diversos autores o melhor indicador de massa corporal no adulto, porém outros autores chamam atenção para três limitações do IMC: 1. Relação com a proporcionalidade do corpo, pessoas com as pernas curtas para a sua altura terão IMC aumentado; 2. Relação com a massa livre de gordura, especialmente em homens, pois atletas e indivíduos musculosos podem ter IMC na faixa da obesidade; 3. Relação com a estatura, que, apesar de baixa, pode ser significativa, especialmente em menores de 15 anos. Em 1995, os pontos de corte do IMC foram modificados para emagrecimento e, em 1998, para obesidade, preconizando sua utilização tanto para diagnóstico de desnutrição quanto de obesidade. A classificação do estado nutricional segundo o IMC é, tabela 10: TABELA 10 - CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Classificação IMC (Kg/m2) Desnutrição Grave < 16 Desnutrição Moderada 16 a 16,99 Desnutrição leve 17 a 18,49 Eutrófico 18,5 a 24,99 Sobrepeso 25 a 29,99 Obesidade Grau 1 30 a 34,99 Obesidade Grau 2 35 a 39,99 Obesidade Grau 3 > 40 FONTE: OMS, 1998. AN02FREV001/REV 3.0 34 A combinação entre peso e altura são as variáveis mais utilizadas em estudos epidemiológicos, no entanto não distingue massa muscular de adiposidade, sendo necessária a utilização de métodos complementares para a determinação do diagnóstico nutricional. Nos módulos seguintes veremos os métodos complementares de avaliação nutricional. 7. ANEXOS 7.1. ALTERAÇÃO DE PESO - ASG CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR DA PERDA DE PESO. Estado Nutricional Eutrófico Desnutrição leve/moderada Desnutrição grave Categoria A (perda de peso não significativa). B (perda de peso potencialmente significativa) C (perda de peso significativa). Parâmetros *Perda < 5% *Perda > 10% nos últimos 6 meses, porém com ganho durante o último mês. *Perda de 5 a 10 % *Declínio de rápido peso e > 10%, porém com recuperação evidente. *Perda > 10% *Declínio grave, rápido e contínuo, principalmente no mês anterior e, sem sinais de recuperação. AN02FREV001/REV 3.0 35 7.2. ALTERAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR - ASG CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR DA INGESTÃO ALIMENTAR Estado Nutricional Eutrófico Desnutrição leve/moderada Desnutrição grave Categoria A B C Parâmetros Ingestão alimentar boa. Melhorando a ingestão. Redução moderada na ingestão, sem melhora aparente. Consumo de dieta líquida exclusiva Redução severa na ingestão e emdeclínio Jejum ou ingestão de líquidos hipo- calóricos 7.3. CAPACIDADE FUNCIONAL - ASG CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR DA CAPACIDADE FUNCIONAL Estado Nutricional Normal Desnutrição leve/moderada Desnutrição grave Categoria A B C Parâmetros - Nenhuma perda de gordura subcutânea - Sinais de perda em algumas regiões - perda grande de gordura subcutânea 7.4. EXAME FÍSICO CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR DO EXAME FÍSICO Estado Nutricional Normal Desnutrição leve/moderada Desnutrição grave Categoria A B C AN02FREV001/REV 3.0 36 Músculos - Sem evidências de perda - Sinais de perda em algumas regiões. - sinais de perda severa em todas ou na maioria das regiões. Têmporas - Músculo aparente através da têmpora. - depressão leve próxima às têmporas - Depressão grande e profunda próxima às têmporas - Região reta e plana Clavícula - H: a clavícula não é visível - Difícil de distinguir - Clavícula bastante proeminente - M: a clavícula visível Ombros - Ombros redondos, especialmente na junção entre o pescoço e o ombro. - Embora os ombros não estejam quadrados, a protusão do acrômio pode estar evidente. - Ombros quadrados - A protusão do acrômio é bastante proeminente Escápula - escápula não proeminente - Os músculos podem parecer definhados. - Escápula visível - Não existem depressões ao redor do osso - Pode haver depressões em todas as regiões ao redor do osso - Perda evidente de tecidos nas depressões acima da escápula, entre estas e a articulação do ombro, e entre esta e a espinha dorsal. Costelas - As costelas não aprecem - As costelas podem estar aparentes, mas as depressões não estão tão profundas. - As costelas estão muito aparentes Dorso das mãos - H: músculo proeminente - A depressão é pequena - Depressão profunda entre os dedos polegar e indicador. - M: músculo normalmente plano Quadríceps - Aparência normal - Pouca redução - Significativamente reduzido Região interna da perna - Aparência normal ao redor dos - Perda moderada ao redor dos - Ossos dos joelhos protraídos AN02FREV001/REV 3.0 37 joelhos joelhos Panturrilha - aparência normal - Difícil de detectar -Redução acentuada deste tecido AN02FREV001/REV 3.0 38 7.5. MODELO AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL AN02FREV001/REV 3.0 39 ----------- FIM DO MÓDULO -----------
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