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AulasdeDireito Medieval

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Direito Medieval
(Roma: 476-1453: Constantinopla)
Direito Romano, Germânico e Canônico
Leges Barbarorum:
Hunos (Hungria) – Átila 452.
Vândalos – (Noruega, Suécia, Dinamarca) 455
Ostrogodos – Itália Édito de Teodorico c. 500
Visigodos – Espanha e Península Ibérica (Lex Romana Visigothorum – Breviário de Alarico) 506
Francos Lex Salica (Clóvis, 488-496). Representa um esforço para reduzir a escrito o Direito Bárbaro.
Burgúndios - Lex Romana Burgundionum 517. Atribuída ao rei Gondebaud é uma compilação muito romanizada, contendo regras de direito civil e de processo
Lombardos (Itália) - Édito do rei Rothari – 643
Anglo-Saxões – Estatuto dos reis anglo-saxões (Aethelbert de Kent, 616).
A Idade Média tem suscitado grande demanda acadêmica, desmistificada dos preconceitos a ela agregados desde o século XVIII. Le Goff e outros historiadores revelaram a sua riqueza em pesquisas cada vez profundas, criteriosas e específicas. Pensava-se erroneamente que era um período vazio, descontinuado e abandonado pela Civilização por causa de algumas características religiosas e seus efeitos: ignorância, violência... A Idade da Trevas, como era chamada, cedeu à riqueza de um período com um “grande impulso criador cortado por crises, graduado por deslocações no espaço e no tempo, segundo as regiões, as categorias sociais, os setores de atividade, diversificada nos seus processos” (LE GOFF, 1980, p. 12). Se observarmos bem, o que parece descontinuidade é ausência de percepção, pois da transição do mundo Antigo para a Idade Média, temos uma linhagem de continuações em meio às quais percebe-se a criação da Idade Moderna pelos seus problemas e contextos. Essas contribuições alcançam temas como a cidade, a nação, o livro, a pessoa, a consciência, a revolução e, em destaque, o direito e as formas jurídicas.
Como já foi discutido, é difícil precisar as divisões da história. Elas servem para uma compreensão geral, mas também se prestam a enganos. Um deles é delimitar o fim do Império Romano no Ocidente início da Idade Média em 476, quando Roma foi tomada pelos Hérulos (germânicos). Entre o enfraquecimento do Império Romano no Ocidente (Roma) e as novas configurações políticas e jurídicas que inaugurariam a Idade Média, temos que considerar outros elementos tais como: a ascensão do cristianismo e a proliferação das invasões bárbaras desde bem antes.
Os povos bárbaros sempre investiram contra Império Romano, assim como os cristãos sempre militaram nos domínios romanos, conseguindo prestígio desde Roma, vista como uma das primeiras comunidades do cristianismo primitivo. Entre os anos 70 e o edito de Milão, os cristãos disseminaram sua ideologia entre os romanos, assim como os bárbaros adentraram os domínios romanos como presença cotidiana. As invertidas dos reis bárbaros são pontualidades que demarcam as lutas e as perdas romanas, assim como o domínio cristão. Em suma, a derrubada se deu de dentro para fora. A Idade Média, portanto, se inicia com essa tríplice configuração política: Leis e procedimentos romanos, helenismo romano-cristão e domínio dos reis bárbaros nos seus novos reinos. Dito de outro modo, as novas configurações políticas seguem o domínio bárbaro sob a orientação cristã da Igreja Católica, a qual conserva a organização hierárquica e jurídica dos romanos, principalmente na conservação da escrita e do helenismo.
Império Romano, Cristianismo e Bárbaros. Direito escrito x costumes
“O Direito Germânico era primitivo: consuetudinário e não escrito. Era, sobretudo, privado, uma vez que desconheciam [...] qualquer espécie de administração pública mais elaborada” (FIUZA, 2014, p. 94).
O Império Romano do Ocidente desmoronou-se no século V, sob golpes repetidos das invasões germânicas.
Já no século III, povos germânicos tinham penetrado no Império Romano. Alguns povos instalaram-se mesmo no interior das fronteiras do Império; outros tornaram-se federados do Império, tais como os Burgúndios, os Visigodos [...]. No século V, povos germânicos apoderaram-se de quase todo o Império do Ocidente: os Visigodos na Península Ibérica e no sudoeste da Gália, os Burgúndios no sudeste da Gália, os Ostrogodos na Itália, os Francos na Renânia e no norte da França.
Ver: GILISSEN, John, Introdução histórica ao Direito, p. 165ss
Fundado exclusivamente no costume, o Direito germânico mais antigo não trazia leis ou documentos escritos [...] (AZEVEDO,2013, p.85).
[Antes das invasões, os germânicos eram governados pelo direito primitivo de suas tribos, que se baseava em costumes imemoriais transmitidos por uma tradição puramente oral. Em seus novos reinos, esses direitos nacionais eram às vezes registrados por escrito, sob a influência de modelos antigos: eram as leges nationum Germanicarum (ou, em Alemão, Volksrechts). No entanto, as compilações não passavam de tentativas desajeitadas de expressar em latim um direito primitivo que era desprovido de qualquer princípio geral e, consequentemente, de qualquer tradição analítica. Essas compilações continham principalmente normas de direito penal, que assumiam a forma de especificações detalhadas, fixando penas e compensações em caso de homicídio e vários delitos, assim como normas processuais e o (ainda primitivo e racional) direito de prova. Eram normas que refletiam a sociedade agrária arcaica da qual derivavam; a mais conhecida é a lex Salica, o direito dos francos sálicos, cuja versão mais antiga data provavelmente dos últimos anos do reinado de Clóvis (507-511 d.C.) Nela poderemos encontrar as “glosas malbérgicas”, velhos termos jurídicos dos francos que apareceram no texto latino e são assim chamadas por causa das palavras rituais pronunciadas na “malberg”, isto é, na colina em que o tribunal (mallus) se reunia.
Devemos mencionar também as importantes compilações do direito germânico fora do reino franco, tais como o edito do rei Rothari de 643 d.C., nos territórios italianos conquistados pelos lombardos. Na Inglaterra, os reis anglo­saxões, a partir do rei Aethelberht de Kent (616 d.C.), promulgaram também uma série importante de "estatutos" (dooms); mas, em contraste com as outras compilações, as inglesas foram compostas em vernáculo.
Os reinos germânicos do continente -francos, ostrogodos, visigodos e lombardos - uniam povos de origem romana e germânica. Os romani permaneceram sujeitos ao direito romano vulgar, os germanos às leis de suas próprias tribos. Este é o princípio da ''personalidade" do direito: seja qual for o seu lugar de residência e seja qual for o soberano deste lugar, um indivíduo permanece sujeito ao direito de seu povo de origem. Desse modo, no vasto império franco de Carlos Magno, ao lado dos romani, existiam várias nações germânicas regidas pelo seu próprio direito. Para superar a inconveniência gerada por essa complexidade, Carlos Magno tentou impor um reino com unidade jurídica, mas sem êxito. Só num período bem posterior, o principio de personalidade em direito foi abandonado em favor do principio de territorialidade, pelo qual o direito consuetudinário da região era aplicável a todos os seus habitantes, independentemente de sua origem étnica. Esse desenvolvimento deve ser vinculado não só ao enfraquecimento de velhas lealdades tribais como também à emergência de um novo sentido de unidade política, que agora se baseava não mais em laços étnicos, mas sim na adesão ao soberano da região. ] Ver: CAENEGEM, R. C. van. Uma Introdução Histórica ao Direito Privado, p. 23-29.
Patrística – Movimento intelectual dos primeiros padres filósofos da Igreja Católica que influenciaram toda a tradição filosófica, teológica, política e jurídica ocidental. São temas originários da Patrística: Teoria das Duas Espadas (494 Gelásio I), Direito Natural e Livre-Arbítrio – Sto. Agostinho (354-430)
Roma-Igreja-Propriedade - Pepino (714-68) Período Carolíngio (768-814). Sacro Império Romano, 800.
ISLÃ: Mohamed (610-632) Meca-Medina- Caaba –
CORÃO (114Suras – capítulos 5000 vers).
Sunitas, Xiitas e Kharijitas
Talião. Homicídio, aborto, mulheres( Sura XLIII 17/18). Adultério, repúdio, divórcio.
Sharia: Corão, Suna, Ahadith, Ijma (consensos) e Qiyas (analogias), além do Al-Urf (costumes).
Ver: GILISSEN, John, Introdução histórica ao Direito, p. 117ss.
Direito Canônico- IUS Divinum (Bíblia, Doutores, Patrística, Concílios, Direito Romano) Decreto de Graciano (1140-1917)
“O Direito canônico é o direito da Igreja Católica. Qualquer estudo histórico do direito na Europa seria incompleto se não englobasse um esboço da evolução do direito canônico. Com efeito, por uma lado, a Igreja desempenhou um papel considerável na sociedade medieval; por outro, foi durante este mesmo período um poder temporal muito poderoso, pelo menos em certas épocas e em certas regiões”(GILISSEN, 1986, p. 134). 
Consideremos quatro fatores importantes, segundo Gilissen:
O caráter ecumênico da Igreja: desde os seus primórdios, o cristianismo coloca-se como a única religião verdadeira para a universalidade dos homens; a Igreja pretende impor a sua concepção ao mundo inteiro.
Certos domínios do direito privado foram regidos exclusivamente pelo direito canônico, durante vários séculos, mesmo para os laicos.
O direito canônico foi, durante a maior parte da Idade Média, o único direito escrito.
O direito canônico constituiu objeto de trabalhos doutrinais, muito mais cedo que o direito laico. Exercendo profunda influência na formulação e desenvolvimento do direito laico (GILISSEN, 1986, p. 134).
O Direito Canônico nasce da necessidade de ordem na Igreja Católica, uma vez que, amplamente divulgada, não dispunha de entendimentos pacificados sobre seus princípios (mesmo mediante os concílios) e sobre seu funcionamento, cujo princípio era tão somente a obediência. Era um conjunto de normas jurídicas de inspiração divina, determinando a sua organização e atuação e a dos seus fiéis (AZEVEDO,2013, p. 100).
A inspiração divina vem das tradições já consagradas em Mateus 16:19 e 18:18. “Este poder de decidir não se destinava, apenas, a coibir transgressões de ordem espiritual ou doutrinaria, mas buscava resolver, também, os possíveis desacertos temporais existentes entre os membros do mesmo credo (AZEVEDO,2013, p. 101). Vide Mt 18:15-17 e I Coríntios, 6:1. Outra fonte importante dessa função provém de obras da tradição apostólica, tais como Didaché e Didascália.
A função jurídica dos bispos católicos é presente desde o primeiro século da nossa Era, confirmando, assim, a existência de tribunais episcopais pelos pontífices Cleto (76-88) até Caio (283-296) e Marcelino (296-304). Na instituição do tribunal episcopal, reconhece-se o direito à apelação, estabelece-se o princípio do contraditório, proíbe-se o julgamento dos ausentes, especificam-se quais as pessoas que não podem vir acusar em juízo (AZEVEDO,2013, p. 103). A partir de Constantino, “a jurisdição eclesiástica torna-se competente mesmo para as causas cíveis, se assim solicita uma das partes” (IDEM).
Conforme Azevedo, 
“o Direito Canônico vai atingir a sua consolidação nos séculos XIII e XIV: é o momento em que a Igreja reúne extraordinário poderio, dentro dos limites do ocidente europeu. No mundo estratificado e disperso do feudalismo, onde a natureza e a ambição dos nobres nada mais sabem que despojar dos servos suas parcas opções, vem o ânimo destes fundado na esperanca de uma vida melhor, embora extraterrena. Se o povo sofre o castigo das guerras, insufladas ao capricho dos senhores, e o horror das epidemias, estigma comum dos burgos espraiados junto às torres dos castelos, tambem está, todo ele, impregnado de fé, lançando­-se, de bom grado, à finalidade última da existencia, que outra nao é senao a redenção da alma.
[…] se o Direito Romano, mais o costumeiro, é mantido, vige apenas na medida em que não se opõe ao Canônico; o que nao consta da compilação ter-se-á por revogado. Erige-se, de tal sorte, um direito essencialrnente pontifical, que se expressa nas Decretais de Gregorio IX, cuja repercussao não permaneceu no âmbito do que lhe era próprio, mas foeneceu subsídios valiosos ao direito das nações europeias, desde as bancas universitárias até a inclusão de suas normas na legislação que se editava (1234)”.
Importância histórica do Direito Canônico no direito ocidental:
Mas se o campo do Direito Canonico conhece atualmente limites quanto a aplicacao, nem por isto sua presenca se afastou do plano geral dos direitos, em especial quando os principios eticos ou morais atuam com igual intensidade com os juridicos: e o que sucede junto aos institutos de direito privado, como o casamento e sua eventual anulacao; a protecao da familia, da crianca, dajuventude; opatrio poder, a adocao, tutela, curatela. Como tambem nao se arredou dos muitos anseios de ordem so­ cial, lancados no curso destes dois ultimos seculos, antecipando-se na defesa dos direitos dos trabalhadores e a pr6pria legislacao que a seguir viria disciplina-los.
Deste empenho, dao vivo exemplo as enciclicas Humanae Vitaee Gaudium et Spes, de um lado; de outro, a Rerum Novarum, Quadragesimo anno, M ater et Magistra (AZEVEDO,2013, p. 100).
Azevedo descreve ainda outras contribuições:
A importancia e relevancia do processo, (Decreto 2.2.1); e a necessidade deste ser inteiramente escrito - Decretais 2.19.11. Este requisito repete-se no libelli oblatione, quando se afirma que o libelo-a peticao inicial dirigida ao juiz -deve ser feita obrigatoriamente por escrito (Decretais 2.3.1). A direção do processo cabe ao juiz, tanto que pode ouvir as partes em qualquer momento, conclamando-as à composição (Decretais 1.36.11) A oposição do terceiro vem explicitada no Canone 17 (Decretais 2.27) (p.108).
Mas não ficou aí a contribuição: a feição emprestada ao testemunho, onde pesava a idoneidade e o caráter do depoente e nao só os fatos que ele relatasse; a maior precisao quanto ao valor dos documentos, quando públicos ou privados; a pericia, em casos onde esta se oferecia imprescindível e necessária (Decreto 1.20.3). […] Resta mencionar a figura dos advocati pauperum, destinados a atender as pessoas carentes de recursos, as viúvas, aos órfaos. Assim determinou o Papa Honorio III (1216-1227), segundo consta das Decretais ( 1.22.1). Por sua vez, Inocencio III nomeou vinte e quatro procuradores para esse fim, os quais, ao jurar fidelidade ao compromisso assumido, integravam-se a familia pontifícia. Precursores da assistencia judiciaria gratuita, aosquais sobrelevou a figura de Santo lvo, patrono dos advogados, acabaram proporcionando maiores possibilidades de acesso a justiça aqueles que não dispunham de condições para arcar com as despesas do processo (AZEVEDO, 2013, p. 108-9).
Ordália (judicium Dei). Tipo de prova medieval. “colocando os braços em água fervente, segurando bolas incandescentes de ferro, caminhando sobre carvão em brasa” (Adam Clarke). Foi proibida pelos papas Estêvão VI (887/888), Alexandre II (1063) e Inocêncio III no IV Concílio de Latrão (1215), proibindo que o clero cooperasse com os julgamentos pelo fogo e pela água, substituindo-os pela compurgação (um misto de juramento e testemunho).
INQUISIÇÃO (de 1184 a 1230 com Gregório IX). Denúncia, Inquérito, Confissão e Testemunho.
A evolução do direito na Europa Ocidental é dominada:
pela sobrevivência (depois do desaparecimento progressivo do dir. Romano;
pelo progresso do direito dos povos germânicos, em contato com as populações romanizadas;
pela atividade legislativa dos reis e imperadores, sobretudo dos Carolíngios;
pelo desmembramento do poder no quadro das instituições feudais;
pelo papel considerável do Direito Canônico entre os séc. IV e XII.
FEUDALISMO (Senhor, Vassalo, Servo). Sobrevivência Defesa
Contrato de Obrigações recíprocas. Fidelidade – proteção – sustento. Auxilium: ajuda militar e material
Público, oral, ritual: investidura, fé e homenagem. Juramento de fidelidade. Suserano.
Consilium (conselhos) /Curia
Direito Feudal. Do século VIII em diante, o direito feudal desenvolveu-se e espalhou-se pelo reino franco e, em seguida, por terras ocidentais.Era um sistema original de direito, que não se ligava a qualquer nação em particular e que fora criado na Idade Média em completa independência do direito romano ou dos direitos nacionais germânicos. Suas características gerais são todavia mais germânicas do que romanas: importância das relações pessoais e da propriedade fundiária; ausência de qualquer concepção abstrata do Estado; falta de legislação escrita e formal. O direito feudal era um corpo completo de normas jurídicas que, sobretudo no campo da propriedade fundiária, foi mantido durante vários séculos. Tomou forma e se desenvolveu durante quatro séculos sem a intervenção de qualquer legislação significativa e sem qualquer ensino ou saber jurídico. Seu desenvolvimento dependia dos costumes e, eventualmente, do envolvimento de um soberano que estivesse preocupado em regulamentar uma questão de detalhe ou inovar num aspecto particular. As Leges feudorum, primeiro resumo do direito feudal (na verdade, lembrado), Só apareceram no século XII.
Legislação. Os imperadores romanos foram grandes legisladores. Ao promulgar suas constituições e ao encaminhar seus rescritos (rescripta), mostravam-se conscientes de sua participação ativa na formação do direito. Através de suas legislações, os imperadores elucidaram, especificaram e interpretaram normas do direito; também deram uma nova direção à ordem jurídica. Essa atividade legislativa entrou em colapso junto com o Estado romano no Ocidente. Os reis germânicos emprestaram, naturalmente, sua autoridade ao processo de redigir e promulgar o direito tradicional, e às vezes aproveitavam a oportunidade para inovar, mas seu objetivo primordial era fixar o velho direito da tribo. O declínio da legislação nessa época não pode ser explicado apenas pelo desaparecimento do império; liga-se também às concepções dos povos germânicos acerca da realeza e do direito. Em sua visão, o direito não era uma técnica social que podia ser manipulada e adaptada quando as autoridades centrais desejassem, mas uma realidade eterna, um principio fixo e intemporal de orientação, que devia ser elucidado e interpretado, mas jamais alterado fundamentalmente. Reconhecia-se que o rei tinha o poder de elucidar o significado do direito e desenvolver princípios jurídicos, desde que respeitasse os fundamentos existentes e incontestáveis, mas mesmo assim ele não podia de modo algum alterar a antiga lei. Não surpreende portanto que, durante toda a alta Idade Média, raramente são encontrados estatutos genuínos, e mesmo os soberanos que vieram depois foram lentos e indecisos em retomar a atividade legislativa.] Ver: CAENEGEM, R. C. van. Uma Introdução Histórica ao Direito Privado, p. 23-29.
O ritual simbólico da vassalagem
Le GOFF, Jacques: Para uma outra Idade Média, p.441ss.
O contrato feudo-vassálico é assim descrito por Le Goff como um rito em três etapas: homenagem, fé e a investidura.
Primeira fase: a hominium – homenagem.
Ela compreende normalmente dois atos. O primeiro é verbal. É geralmente a declaração, o compromisso do vassalo, expressando sua vontade de se tornar homem do senhor. 
Um segundo ato completa essa primeira fase de entrada na vassalagem: é o immixtio manuum: o vassalo coloca suas mãos entre as de seu senhor, que as envolve em suas mãos. O gesto do vassalo não basta, é necessário que o gesto do senhor responda ao dele [in manu nostra trustem et fidelitatem].
A mão expressa um dos grandes simbolismos da Idade Média: [...] expressa o ensino, a defesa, a condenação, mas principalmente, como se vê aqui, a proteção, ou melhor, o encontro da submissão e do poder.{...]
Segunda fase: a fé ou fidelidade.
[...]pertencendo à segunda fase, a fé ou fidelidade, a saber, o beijo, o osculum, que trocam senhor e vassalo: “em seguida, com suas mãos juntas entre as do conde, que as abraça, eles aliaram-se através de um beijo” (BRUGES, apud Le GOFF). [...] “e eles lhe deram um beijo para marcar essa doaçãoo pela fé” (Nicolau de Angers). [...] O osculum de vassalagem é um beijo na boca, ore ad os, [...], um beijo ritual mútuo. Um dá o beijo, o outro o retribui. (Chénon, apud Le GOFF).
A segunda etapa da vassalagem [...] é completada por um sermão.
Terceira fase: a investidura.
O ritual de entrada na vassalagem finda pela investidura do feudo que se opera por meio da entrega de um objeto simbólico pelo senhor a seu vassalo. “Em seguida – disse Galbert de Bruges – com o bastão que tinha em mãos, o conde lhe deu as investiduras [...].” Os objetos de investidura são variáveis, conforme o tempo, os costumes e o meio: facas, espadas, anéis, elmo, arco, flecha...
DIREITO INGLÊS
Statute Law - Rei-Nobres Guilherme (1066), Ricardo (coração de Leão) e João sem Terra.
Inquisitio (consulta à opinião). Assize (demanda entre proprietários) Jurata (outros julgamentos) – tribunais 
1215- Magna Charta Libertatum João sem Terra
Conselho dos Nobres (1265)
1350- No reinado de Eduardo I (1272-1307), oficializou-se a existência do Parlamento. – Câmara dos Lordes e Câmara dos comuns
1628 – Petição de Direitos (Jaime I e Carlos I (p. 189) A Petição de Direito, iniciada por Sir Edward Coke, baseou–se em estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro princípios: (1) Nenhum tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento, (2) Nenhum súbdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do direito de habeas corpus), (3) Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos, e (4) a Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz..
1679 – Habbeas Corpus Act: “ninguém pode ser preso ou despojado de seus bens senão após julgamento por seus pares”. 
1689 – Bill of Rights – Parlamento x monarca: o rei reina, mas não governa (nenhuma lei pode ser posta em vigor ou suspensa sem o acordo do Parlamento).
Common Law – Direito forjado por precedentes. O Common Law é uma direito jurisprudencial, elaborado pelos juízes reais e mantido graças à autoridade reconhecida aos precedentes judiciários. [...] a lei não desempenha qualquer papel na sua evolução (GILISSEN , p. 208).
Equity – Judicature Acts (1873-75)
Diferenças do Common Law para o direito romanista do Ocidente (GILISSEN, 1986, p. 208-9):
	Common Law
	Direito Europeu
	É um judge-made-law
	Jurisprudência é secundária
	Direito judiciário
	O processo é um acessório
	Não romanizado
	Sofreu forte influência do direito erudito com base no direito romano
	Costumes locais não desempenham qualquer papel na evolução do common law
	É historicamente influenciado pelos costumes até o século XVIII
	Legislação tem função secundária
	Legislação é fonte principal
	Codificação é desconhecida
	Os direitos são codificados
Ver: FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. Belo Horizonte: Del Rey, p. 63-68.
GILISSEN, John, Introdução histórica ao Direito, p. 207-17.
DIREITO INGLÊS: (DAVID, René. O Direito Inglês. São Paulo: Martins Fontes.
A tradição jurídica inglesa
DAVID, René. O direito inglês, p. 1-15.
Não há, na Inglaterra, códigos como encontramos na França, e apenas em matérias especiais foi feito um esforço para apresentar o direito de forma sistemática. O direito inglês, que foi elaborado pelas Cortes Reais, apresenta-se aos ingleses como o conjunto das regras processuais e materiais que essas consolidaram e aplicaram tendo em vista a solução dos litígios. A regra de direito inglesa (legal rule) [...] não possui o caráter de generalidade {...}. As categorias e conceitos, no direito inglês, derivam de regras processuais formalistas que as Cortes Reais foram obrigadas a observar até uma época recente; a distinção entre direito público e direito privado, em particular, por esse motivo, é desconhecida na Inglaterra.
O direito aplicado pelas Cortes Reais apresentou-se [...] como um direito público, distinto dos costumes locais que as jurisdições tradicionais aplicavam. Ao contrário deste, aquele valia para todo o reino; por isso foi chamado comune ley ou common law. Aconteceu, porém, que os particulares, por diversas razões, abandonaramas jurisdições locais, que julgavam seus processos de acordo com os costumes locais, e dirigiram-se em todos os casos, para julgamento, às Cortes Reais, porque estas julgavam de acordo com regras processuais mais modernas, e porque a execução de suas decisões era garantida de maneira mais eficiente. As Cortes Reais desejavam ampliar sua competência, por isso acolheram de bom grado as solicitações que lhes eram feitas e vieram, assim, a abranger todos os litígios, recorrendo a uma ficção que lhes permitia, em todos os casos, pretender que o litígio a elas submetidas concernia à Coroa. Nessas condições, a common law deixou de ser o direito público que fora; ela se tornou um sistema geral comportando regras para todas as situações, tanto de direito público como de direito privado.
O direito inglês não continha verdadeiramente regras materiais, mas apenas uma série de técnicas processuais graças às quais resolviam-se os litígios. O direito romano, em tais circunstâncias, não pode ser utilizado como modelo da mesma maneira que o era no continente.
Entravadas pelo formalismo do processo, as Cortes Reais não puderam desenvolver a common law como teria sido necessário para mantê-la em harmonia com uma concepção da justiça que evoluía com o tempo. As partes numa disputa que não tivessem acesso às Cortes Reais, ou que não pudessem obter justiça dessas Cortes, tinham, porém, uma possibilidade: dirigir-se, por uma petição, ao rei, fonte de justiça, pois este não podia tolerar um mau funcionamento desta em seu reino. Ao rei era permitido, nos casos excepcionais, intervir em nome da consciência e da equidade, para proibir que uma pessoa abusasse da situação que existia em termos de direito estrito (at law), para exortá-la a comportar-se de acordo com a moral, para a salvação da sua alma, em suas reações com o peticionário. O sujeito assim admoestado, se não obedecesse de boa vontade, iria meditar na prisão, ou seus bens seriam objeto de sequestro, até que voltasse a ter melhores sentimentos.
Raramente apresentadas e julgadas pelo próprio rei em seu Conselho até a guerra das Duas Rosas, essas petições tornaram-se [...] numerosíssimas e passaram a ser julgadas, fora do Conselho, por um alto funcionário da Coroa, o Chanceler. Com a multiplicação dos recursos, o Chanceler, por outro lado, em vez de procurar em cada caso o que a equidade exigia, acabou definindo “regras de equidade” (rules of equity) de acordo com as quais examinaria as petições que lhe eram dirigidas e julgaria os diferentes casos-tipos a ele submetidos. O método processual da Chancelaria, elaborado com base no modelo do processo canônico, era muito diferente do das Cortes de Common Law. Ao contrário desta, era inquisitório, escrito e nunca comportava um júri. Entre os casos-tipos submetidos com maior frequência ao Chanceler figurava o caso do trust. Um indivíduo A transferia a propriedade de bens a outro, B, para que B, o trustee, os explorasse no interesse de um beneficiário, C. Essa combinação, que evoca a fidúcia no direito romano, era [...] muito utilizada na Inglaterra, notadamente porque a mulher casada não podia possuir bens em seu nome e porque o menor, de acordo com as regras do regime feudal, não podia herdar um imóvel. Mas a common law era incapaz para fazê-la respeitar; ela considerava o trustee, um proprietário puro e simples, e não reconhecia nenhum caráter juridicamente obrigatório ao compromisso que assumira. O Chanceler, nessas condições, intervinha: ele enviava uma ordem judicial ao trustee e impunha-lhe, sob pena de prisão, ser fiel à sua promessa. Note-se que a equity - como veio a ser chamada a jurisprudência do Chanceler – não era contrária à common law; ela se limitava a fornecer à common law um complemento: não nega, em nosso caso, que o trustee seja proprietário. A regra de common law é, nesse sentido, respeitada, mas a equity impõe, fora e além da common law, obrigações ao trustee.
Referências: 
CAENEGEM, R. C. van. Uma Introdução Histórica ao Direito Privado. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à História do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: 70, 2012.
GILISSEN, John, Introdução histórica ao Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2014.
Le GOFF, Jacques: Para uma outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013.
GROSSI, Paolo. A Ordem Jurídica Medieval. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
PRODI, Paolo. Uma História da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
DAVID, René. Os Grandes Sistemas do Direito Contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2014
FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. Belo Horizonte: Del Rey.
DAVID, René. O Direito Inglês. São Paulo: Martins Fontes.
Outras fontes:
LOT, Ferdinand. O Fim do Mundo Antigo e o Princípio da Idade Média. Lisboa: 70, 2008.
BAUMGARTNER, Mireille. A Igreja no Ocidente – Das Origens `as Reformas no Século XVI. Lisboa: 70, 2015.
BARROS, José DÁssunção. Papas, Imperadores e Hereges. Petrópolis: Vozes, 2012.
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