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Jurisdição e Formas Alternativas de Conflito

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JURISDIÇÃO
Fonte: Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves.
* Conceito:
Atuação estatal visando a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se de forma definitiva a crise jurídica e gerando a pacificação social.
O poder jurisdicional permite o exercício da função jurisdicional que se materializa no caso concreto por meio da atividade jurisdicional.
Jurisdição = poder = poder estatal de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados. O poder jurisdicional vai além do “dizer o direito”, chegando ao “impor o direito”.
Jurisdição = função = encargo atribuído ao Poder Judiciário, pela Constituição Federal. De maneira atípica, a função jurisdicional será exercida por outros Poderes, como no caso de processo de impeachment de Presidente da República (Poder Legislativo) ou nas sindicâncias e processos administrativos conduzidos pelo Poder Executivo.
Jurisdição = atividade = complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de jurisdição no processo.
* Equivalente jurisdicionais ou formas alternativas de conflito:
Outras formas de chegar a solução do conflito, sem ser por meio da jurisdição.
- Autotutela:
Sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora.
Origem nas sociedades mais rudimentares.
Medida excepcional.
Ex.: legítima defesa, apreensão do bem com penhor legal; desforço imediato no esbulho.
Justificável, porque o Estado não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo para solucionar violações ou ameaças ao direito objetivo. Assim, em alguns casos excepcionais, na falta do Estado, o sistema jurídico admite a solução pelo exercício da força de um dos envolvidos no conflito.
É a única forma de solução alternativa de conflito que pode ser revista pelo Poder Judiciário, pois o derrotado pode reverter judicialmente eventuais prejuízos advindos da solução do conflito pelo exercício da força de seu adversário.
Forma imediata de resolução de conflitos, mas que não recebe os atributos da definitividade.
- Formas consensuais de solução de conflitos:
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
	- Autocomposição:
Sacrifício integral ou parcial do interesse das partes envolvidas no conflito, mediante a vontade unilateral ou bilateral de tais sujeitos. 
O que determina a solução do conflito é a vontade das partes.
Espécies de autocomposição:
Transação: sacrifício recíproco de interesses; vontade bilateral das partes;
Renúncia: o titular do pretenso direito abdica dele, que poderia ser legítimo; vontade unilateral;
Submissão: o sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua resistência; vontade unilateral.
Na conciliação, há a presença de um terceiro que funciona como intermediário das partes. O conciliador não tem o poder de decidir o conflito, mas pode desarmar os espíritos e levar as partes a exercer suas vontades no caso concreto para resolver o conflito de interesse.
Na negociação, as partes chegam a uma transação sem a intervenção de um terceiro.
	- Mediação:
Inexistência de sacrifício total ou parcial dos interesses das partes envolvidas na crise jurídica.
A mediação não é centrada no conflito em si, mas sim em suas causas.
Diferente do conciliador, o mediador não propõe soluções do conflito às partes, mas conduz a descobrirem as suas causas, de forma a possibilitar sua remoção e assim chegarem à solução do conflito. 
As partes envolvidas chegam por si sós à solução consensual, tendo o mediador apenas a tarefa de induzi-las a tal ponto de chegada.
A conciliação é mais adequada nos casos em que não há relação continuada pretérita entre as partes, para resolução pontual do conflito. Já a mediação é mais adequada para os casos em que há um liame anterior entre as partes, um vínculo continuado antes do surgimento da lide. Ex.: direito societário e de vizinhança.
	- Arbitragem:
As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses.
A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes.
Não afronta o princípio da inafastabilidade da jurisdição. O STF entendeu que a aplicação da garantia constitucional da inafastabilidade é naturalmente condicionada à vontade das partes.
Natureza jurídica de jurisdição privada ou natureza jurisdicional? Discussão acirrada.
	Poderia ser natureza jurisdicional, porque a decisão arbitral vincula o juízo estatal.
	Porém, também poderia ser natureza de jurisdição privada, porque a decisão arbitral é uma sentença e não necessita de homologação do juiz, equiparando-se a uma sentença judicial. Ainda, faz coisa julgada material, tornando-se imutável e indiscutível, ficando a revisão jurisdicional limitada à ação anulatória.
O artigo 3º, §1º, do CPC consagra o entendimento de que não se trata de natureza jurisdicional, posto que prevê a inafastabilidade da jurisdição, salvo a arbitragem, deixando claro que essa forma de solução de conflito não é jurisdicional. 
* Características principais:
- Caráter substitutivo: a jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto.
- Lide: Carnelutti: a lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. A jurisdição se presta à composição justa da lide. É um fenômeno fático-jurídico, posto que a lide não é criada no processo, mas antes dele.
- Inércia: a movimentação inicial da jurisdição está condicionada à provocação do interessado. Logo, o direito de ação é disponível. 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Obs.: a exceção é o artigo 712, CPC prevê a restauração dos autos por requerimento ou de ofício pelo juiz.
A inércia é característica para iniciar o processo. Uma vez provocada a jurisdição, aplica-se a regra do impulso oficial, de maneira que o desenvolvimento do processo está garantido, até certo ponto, independentemente de vontade ou provocação das partes.
Ações sincréticas: aquelas que eram processos de conhecimento e viraram processo de execução. Pode dar início à segunda fase de ofício pelo juiz? 
	Conforme dispõe o artigo 513, §1º, CPC, “o cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente”. Já o artigo 536, caput, CPC prevê que “no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente”. Por fim, no cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa, aplica-se as disposições a respeito do cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer.
- Definitividade: decisão definitiva e imutável. Considera-se a derradeira e incontestável solução do caso concreto. Forma coisa julgada material.
* Princípios da jurisdição:
- Investidura: o juiz de direito investe-se do poder jurisdicional para que represente o Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional.
- Territorialidade: só pode exercer dentro do território nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território.
- Indelegabilidade: o Poder Judiciário não pode delegar sua função a outros Poderes, bem como o órgão jurisdicional não pode delegar sua função a outro órgão jurisdicional.
- Inevitabilidade: vinculação obrigatória dos sujeitos ao processo judicial. 
- Inafastabilidade: art. 5º, XXXV, da CF: a lei não excluiráda apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito. 
Exceção: art. 217, §1º, CF – necessidade de esgotamento das vias de solução da Justiça Desportiva como condição de buscar a tutela jurisdicional.
Outros casos que não são exceções, mas sim exigências de preenchimento das condições da ação no caso concreto: 
	Art. 5º, I, da Lei nº 12.016/2009 – prevê o não cabimento do mandado de segurança enquanto pendente de julgamento recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução.
	Entendimento do STJ – prévio requerimento administrativo para obtenção de benefício previdenciário.
	Art. 7º, §1º, da Lei nº 11.417/2006 – diante de ato administrativo que ofende súmula vinculante, a parte só poderá se valer da reclamação constitucional após o esgotamento das vias administrativas de solução de conflito.
- Juiz natural: ninguém poderá ser processado senão pela autoridade competente. Proibição de criação de tribunais de exceção. 
- Promotor natural: impede que o Procurador-Geral de Justiça faça designações discricionárias de promotores ad hoc, eliminando a figura do acusador público de encomenda.

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