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Empoderamento Feminino a chegada ao Ministério Pastoral

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2
SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA GONÇALENSE 
LUCAS DE SOUZA QUINTANILHA
EMPODERAMENTO FEMININO
A CHEGADA AO MINISTÉRIO PASTORAL
SÃO GONÇALO
2021
LUCAS DE SOUZA QUINTANILHA
EMPODERAMENTO FEMININO
A CHEGADA AO MINISTÉRIO PASTORAL
Monografia apresentada ao Curso Livre em Teologia do Seminário Teológico Batista Gonçalense como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Teologia.
Orientador: Professor Marcos Luis Lopes
SÃO GONÇALO
2021
LUCAS DE SOUZA QUINTANILHA
EMPODERAMENTO FEMININO
A CHEGADA AO MINISTÉRIO PASTORAL
Monografia apresentada ao Curso Livre em Teologia do Seminário Teológico Batista Gonçalense como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Teologia.
São Gonçalo, _____ de _____________ de 2021.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Professor Marcos Luis Lopes 
____________________________________________________
Mestre Jonathan Bahia Vieira
 
Dedico este trabalho a minha querida mãe Miriam (in memoriam) pelo apoio incessante em oração quando eu estava longe dos caminhos do Senhor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram no decorrer desta jornada, em especial a Deus, autor da vida.
A minha família que sempre me apoiou nos estudos e nas escolhas tomadas, principalmente a Claudia, minha adjutora, por sempre me incentivar, estando ao meu lado nos momentos mais difíceis.
Ao meu orientador Professor Marcos Luis Lopes que teve papel fundamental na elaboração deste trabalho, ao meu Pastor, Marcelo Baptista Sampaio e a minha amada Primeira Igreja Batista de Várzea das Moças pelo apoio e indicação ao ministério.
Por fim, aos meus amigos e irmãos pelo companheirismo e disponibilidade para me auxiliar em vários momentos.
RESUMO
QUINTANILHA, Lucas; LOPES, Marcos Luis. Empoderamento Feminino: A chegada ao ministério Pastoral. São Gonçalo, 2021, 50f. Monografia (Curso Livre em Teologia) - Seminário Teológico Batista Gonçalense, RJ, 2021.
A participação feminina está presente em todas as camadas da nossa sociedade. Cada vez mais as mulheres têm provado seu valor e potencial nas mais diversas áreas. Sua evolução na história é realmente incrível, vencendo preconceitos e as diferenças de gêneros. Ela avança intensamente conquistando posições antes predominantemente masculinas. Movimentos femininos, como o empoderamento, a impulsionou a liderança de cargos antes jamais pensados. Era questão de tempo essa influência chegar ao meio eclesiástico. Muito se discute sobre o assunto, dividindo opiniões. Independentemente disso, elas avançaram alcançando assim o episcopado, antes exclusivo à homens.
Palavras-Chave: Diferenças de gêneros. Evolução. Movimentos Femininos. Empoderamento. Episcopado.
SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................................07
Mulher: De Eva a Maria- seu Papel na Sociedade...................................................08
1.1 Na Criação...............................................................................................................09
1.2 Na Queda.................................................................................................................11
1.3 Na Sociedade...........................................................................................................14
A Mulher no Contexto Bíblico.................................................................................17
2.1 Movimentos Feministas...........................................................................................21
2.2 Influências feministas na igreja...............................................................................26
Mulher sacerdote......................................................................................................30
3.1 Do lar.......................................................................................................................31
3.2 Da igreja..................................................................................................................34
Considerações Finais....................................................................................................47
Referências Bibliográficas...........................................................................................49
INTRODUÇÃO
Iniciando esta obra abordarei o papel das mulheres na sociedade, sua trajetória, desde a sua criação (Eva) até o advento sobrenatural do Messias no ventre mariano, onde há uma grande mudança de cenário para o gênero feminino.
A mulher no cristianismo é o segundo foco a ser abordado. Seus comportamentos e as expectativas no universo feminino cristão, prenunciaram os movimentos feministas e suas três grandes ondas que tanto influenciaram a vida eclesial e os pensamentos teológicos, religiosos, práticos, dogmáticos da igreja desta contemporaneidade.
Derradeiramente apresentarei o tópico da mulher sacerdote, expondo a transição destas de simples donas de casa a mais alta posição de liderança da igreja, possibilitando considerações finais de como todos esses movimentos influenciaram e modificaram a posição da mulher na história e contribuíram para a chegada ao episcopado.
1
Mulher de Eva a Maria - seu papel na Sociedade
Ao abordamos o papel da mulher de Eva a Maria na sociedade, é imprescindível partirmos da premissa bíblica de Gênesis 1.27 “Criou Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou."[footnoteRef:2] [2: Atualizada, A. R. Bíblia Missionária de Estudo. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2014.] 
Tomando o versículo por base, percebemos que ambos foram criados à imagem de Deus, não havendo distinção entre os gêneros masculinos e femininos no ato da criação. Daí surgem as perguntas: Por que será que a história nos apresenta essa igualdade tão distinta entre os dois? Por que essa igualdade parece ter sido perdida, cabendo a mulher o papel inferior numa relação antes de igualdade?
Kathleen Nielson em seu livro O que Deus diz sobre as mulheres, nos apresenta como esse assunto é essencial tanto para homens como para mulheres: “[...] ser criado à imagem de Deus parece envolver sua autoridade, seu governo e criação. Assim, os seres humanos, feitos à imagem de Deus, não devem dominar como Deus, mas dominar como representantes de Deus, com sua autoridade delegada: devem governar como ele.”[footnoteRef:3] [3: NIELSON, K. O Que Deus Diz Sobre As Mulheres. São José dos Campos: Fiel, 2018, p. 28-29.] 
A autora usa o termo “representantes” de Deus, destacando assim a importância desse papel na sociedade. Porém na primeira metade da criação Eva simplesmente não está presente, pois não havia sido criada ainda. Vejamos a percepção da autora a respeito: “[...]Eva não ouve a voz de Deus nesse cenário quando ele fala diretamente apenas ao homem, dizendo-lhe que é livre para comer de qualquer árvore do jardim, exceto de uma: a árvore do conhecimento do bem e do mal: “porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”[footnoteRef:4] [4: Ibid.] 
Há então uma pergunta inevitável: Por que Deus criou Adão primeiro e depois Eva? Ao longo da história muitos estudiosos sugeriram diversas teorias a respeito, dentre as quais, muitas delas tornaram a mulher inferior, mas biblicamente não podemos ter certeza do porquê Deus cria o homem primeiro. Embora alguns não gostem dessa ideia, a verdade é que o próprio Deus sabia exatamente e o que estava fazendo. 
Vejamos a percepção da autora Kathleen sobre o assunto:
O primeiro ser humano criado — o homem – recebe primeiro a palavra de Deus; ele, portanto, tem a incumbência de recebê-la, guardá-la e transmiti-la. É o homem que Deus primeiro coloca no jardim, para cuidar dele; ele é o primeiro mordomo da criação. É ao homem que Deus explica a liberdade de comer de qualquer árvore, ao lado da ordem denão comer da arvore do conhecimento do bem e do mal, bem como resultado de eventual desobediência.[footnoteRef:5] [5: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 53.] 
1.1
Na Criação
Para a autora tudo é uma questão de ordem na criação, não se tratando de inferiorização da mulher como alguns argumentam, mas é a forma como Deus escolheu conduzir sua criação. Adão recebe a responsabilidade de liderar Eva e ensinar tudo que Deus lhe comunicou, cabendo a ele adverti-la sobre o que não se podia fazer[footnoteRef:6]. [6: Cf. Ibid. ] 
Surge então o grande problema que são os pressupostos criados pela humanidade, pois se o homem lidera, ele então é o mais importante, inferiorizando a mulher. Neste ponto urge lembrar da equidade no ato da criação do homem e da mulher. Ambos são criação divina e são criados iguais para funções distintas, porém congruentes. 
Analisando o papel de algumas mulheres no cenário bíblico desde Eva até Maria, mãe ou receptáculo uterino que trouxe ao mundo o menino Jesus, poderemos aferir a importância e a função destas mulheres no propósito redentivo de Deus para a humanidade. Antes, porém se faz necessário analisar o processo da queda e suas consequências às mulheres e à humanidade.
Gênesis capítulo 3 é muito conhecido nas escrituras, principalmente por causa da história de Eva e como Deus trata a primeira portadora de sua imagem:
Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus sereis conhecedores do bem e do mal.[footnoteRef:7] [7: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Gn 3.1-5.] 
Segundo Kathleen, Eva foi tentada de três formas: a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento e isso foi suficiente para ser enganada. “Uma vez ludibriada Eva, o restante da ação se desenrola rapidamente. A próxima sentença breve, que soa meio casual, carrega uma espécie de choque elétrico: “e deu também ao marido e ele comeu.”[footnoteRef:8] [8: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 61] 
Algumas perguntas surgem ao lermos esse trecho: Então ele estava ali? Adão presencia tudo e não faz nada para impedir? Ele simplesmente ficou assistindo enquanto sua companheira comia? 
Sabemos pela narrativa bíblica que depois desses acontecimentos, o pecado invade e começa a romper a ordem da boa criação de Deus. Fica então a pergunta: Por que a serpente mirou em Eva, e não em Adão? Essa razão não nos é revelada, mas pela vitória da serpente, podemos concluir que Eva era vulnerável a investida do animal, assim como Adão a investida de Eva.
O apóstolo Paulo distingue Adão de Eva no processo da tentação, vejamos: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”[footnoteRef:9]. Seria possível diante da narrativa de Paulo dizer que Adão era mais esperto do que Eva? [9: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, 1 Tm 2.14.] 
Ao longo da história as mais variadas percepções sobre o assunto surgem, geralmente colocando culpa em Eva por ser menos inteligente, maldosa entre outros absurdos. A autora Kathleen consegue situar muito bem a posição de Eva nessa história:
Embora a Bíblia diga que ela foi “enganada”, não foi por incapacidade de raciocínio que ela foi pega; foi o desejo- a árvore era boa, agradável e desejável. Na verdade, podemos atribuir a vulnerabilidade de Eva à falta de cuidado de Adão em lidar bem com ela. Temos de nos lembrar que foi a ele que Deus originalmente deu a ordem de não comer do fruto. Porque ele não PULOU para dentro daquela conversa, declarando a palavra de Deus e salvando Eva desse engano?[footnoteRef:10] [10: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 64-65.] 
A autora ressalta que ambos caíram, e que o erro de Adão não cancela o de Eva e não foi menos grave que o dela. A questão da ordem é essencial e Paulo aborda essa questão: “Porque, primeiro foi formado Adão, depois, Eva”[footnoteRef:11]. Segundo Kathleen, por que Paulo aponta para essa ordem? Por que Adão tinha a responsabilidade primária naquela cena lá no Éden e não agiu em conformidade com essa responsabilidade? A autora conclui: [11: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, 1 Tm 2.13.] 
Adão não era incapaz, nem foi enganado; ele sabia exatamente o que a voz de deus havia dito, mas escutou a voz de sua mulher e escolheu obedecer. Em Gênesis 3.1-7, não testemunhamos uma falha feminina. Mas uma falha humana. A mulher pode ter aberto a porta para o pecado, mas Adão podia e devia ter fechado essa porta. As diversas representações de Eva como burra, má ou sedutora são injustas. Mas a Escritura não é. E o deus da Escritura não é.[footnoteRef:12] [12: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 64-65.] 
1.2
Na Queda
Analisando as nuances dessa falha humana em ambos os gêneros, com a queda vieram as consequências, não só ao casal, mas a toda raça humana representada na figura de Adão e Eva.
Interessante observar no versículo 9 do capítulo 3 de Gênesis, que após cometerem o erro há a indagação do Senhor: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: onde Estás?”[footnoteRef:13] Analisando o desenvolvimento da trama, sendo Eva a culpada pela queda, por que Deus aborda primeiro Adão, se a mulher quem pecou primeiro? Ao ser questionado por Deus, Adão lança toda a culpa sobre a mulher: “Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.”[footnoteRef:14] [13: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo.] [14: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Gn 3.12.] 
Adão além de não se impor no ato da queda, ajudando assim sua mulher, agora na presença de Deus, ele não se solidariza, mas lança a culpa sobre Eva e responsabiliza Deus por tê-la criado. Segundo Kathleen para entendermos toda essa situação, o ponto chave está na ordem:
Embora Eva tenha pecado primeiro, Adão foi criado antes, recebeu as palavras de Deus primeiro e portava a responsabilidade primeira e final de obedecer e conduzir sua esposa a obedecer àquelas palavras. Essa ordem não exime a responsabilidade de ninguém. Ela também passa a lançar a culpa em terceiro. Todo mundo está lançando a culpa sobre outrem, e todos são culpados.[footnoteRef:15] [15: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 67-68.] 
Como consequências desses fatos, temos o juízo de Deus as mulheres: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para teu marido, e ele te governará”[footnoteRef:16]. Há também juízo divino aos homens: “[...]maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.”[footnoteRef:17]. Ao quebrarem a ordem original de Deus, ambos receberam duríssima pena, aplicáveis não só a eles, mas a toda raça humana. [16: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Gn 3.16.] [17: Ibid.] 
No juízo de Deus às mulheres, há a sentença sobre o “marido dominando a mulher” no versículo 16 de Gênesis 3, que é desafiadora e traz inúmeras implicações para muitas gerações: Como assim governar?
Segundo Dan Doriani, em seu livro Mulheres e Ministério: “Gênesis mostra na criação, homem e mulher tinham igual valor e status, mas papéis diferentes”[footnoteRef:18]. O autor continua: [18: DORIANI, D. Mulheres e Ministério. Cultura Cristã, 2019, p. 54.] 
Gênesis mostra que em seu relacionamento com Eva, Adão liderou na criação como depois da queda. A liderança masculina é o plano original de Deus. Não é devido à queda e à maldição. Portanto, quando trabalhamos para inverter as consequências do pecado, nós não tentamos banir a liderança masculina; nós trabalhamos para cuidar que ela funcione de acordo com o designo original deDeus.[footnoteRef:19] [19: Ibid. p. 56.] 
Analisando governança ou subordinação, Doriani destaca: “No mundo de Deus, subordinação não significa inferioridade. Deus soberanamente designa um lugar para cada um, e um posto subordinado pode não ter nada a ver com fraqueza”[footnoteRef:20]. [20: Ibid. p. 58.] 
Casamento, trabalho e vida da igreja oferecem oportunidades de pôr em prática o princípio de subordinação entre iguais. Mas o autor vai além comparando a subordinação ao relacionamento trinitário de Deus:
Mas Jesus ilustra isso melhor ainda. Jesus é o filho, a segunda pessoa da Trindade. Ele é pleno, verdadeiramente Deus, co-equivalente e coeterno com o Pai. Ele é perfeito em sabedoria, poder e virtude. Como Senhor e Redentor, ele é digno de adoração e louvor. Ele não é de modo nenhum inferior ao Pai ou ao Espírito; contudo ele se subordinou à direção do Pai e ao direcionamento do Espírito, enquanto em terra.[footnoteRef:21] [21: Ibid. p. 59.] 
É perceptível a semelhança de pensamento dos autores sobre a questão de ordem natural da criação de Deus, terrivelmente abalada pela desordem que o pecado traz ao mundo.
Carolyn McCulley em sua obra Feminilidade Radical, nos apresenta algumas percepções importantes a respeito do pecado e suas consequências:
Quando Adão e Eva pecaram, eles renunciaram à vida no sossego do jardim do Éden. Eles trocaram a comunhão desimpedida com Deus pelas maldições do conflito marital, do parto doloroso, da fadiga vã, da morte e, mais importante, da separação de Deus. Eles foram os primeiros a pecar, mas nós não somos diferentes.[footnoteRef:22] [22: McCULLEY, C. Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista. São José dos Campos: Fiel, 2017, p. 71.] 
A autora destaca ainda:
O pecado é a razão por que os homens têm oprimido as mulheres, e as mulheres têm usurpado os homens. O pecado é a razão para inveja, o sentimento faccioso, a confusão e toda espécie de coisas ruins que caracterizam a falsa sabedoria. O pecado é a razão por que precisamos de um salvador. [...] o feminismo surgiu porque pecados foram cometidos contra as mulheres. Mas o feminismo também surgiu porque as mulheres pecaram em resposta. Este é um problema clássico: pecadores tendem a pecar em resposta a pecados cometidos contra eles.[footnoteRef:23] [23: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 72.] 
Segundo McCulley, com a queda o pecado é o grande responsável pelas mazelas da sociedade, inclusive sobre a forte oposição nos papeis sociais de homens e mulheres dando origem a movimentos como o feminismo[footnoteRef:24]. [24: Cf. ibid. p. 73.] 
Carolyn trata da questão da submissão da mulher com muita destreza, vejamos: “[...]maridos não são chamados para forçar submissão. Esposas são chamadas a se submeter a seus maridos, porque essa é uma expressão de adoração ao senhor.”[footnoteRef:25] [25: Ibid. p. 102.] 
Segunda a autora, a esposa respeita seu marido e se submete a ele, não porque sua atuação alcança merecimento, mas porque assim ela glorifica a Deus ao refletir o ministério de Cristo e da igreja.
E acrescenta: “Isso contradiz o medo feminista de que os papéis bíblicos complementares são equivalentes à dominação masculina pecaminosa contra as mulheres.[footnoteRef:26] [26: Ibid.] 
McCulley ainda destaca que sobre o medo ou desconforto ao tentar explicar essa questão de submissão feminina, precisamos lembrar de quatro coisas importantes: 
A Bíblia não diz à mulher que se submeta a todos os homens, mas somente a um homem- seu esposo. Não é prerrogativa do esposo forçar esse mandamento, porque a submissão é, em última análise, um ato voluntário da esposa de adoração e obediência ao Senhor. A submissão amorosa e proposital da esposa ao seu próprio esposo é para o propósito de criar uma união de “uma só carne” que aponta para além do casamento ao ministério de Cristo e sua igreja. A liderança amorosa do esposo como descrita na Escritura desafia os pecados, predominante, masculinos de dominação e passividade.[footnoteRef:27] [27: Ibid. p. 102-103.] 
Toda essa desordem e disputa entre homens e mulheres surge com a entrada do pecado na história, trazendo assim uma completa deturpação ao plano original divino. A inferiorizarão da mulher na sociedade é fruto deste pecado adâmico, fadando a mulher a ser tratada em condições análogas às escravas por séculos, enquanto ser homem ou nascer homem era motivo de júbilo e livramento.
A mulher apesar de tamanhos desafios, adversidades e do machismo que a degradava na sociedade patriarcal, sempre teve um papel essencial na sociedade e na história e no desenvolvimento do cristianismo.
1.3
Na Sociedade
Analisando de forma geral o papel da mulher na sociedade, nota-se sua grande luta por diretos iguais nos diversos períodos históricos.
A mulher sempre sofreu discriminação e foi forçada a uma submissão decorrente de uma sociedade predominantemente patriarcal, distante da benção da submissão estabelecida por Deus.
Elas foram marginalizadas e tratadas como escravas no decorrer da história, cabendo a elas tarefas subalternas e indignas, além é claro das funções primordiais de reprodução, amamentação e criação dos filhos.
No Período medieval elas eram condenadas pelo simples fato de ser mulher, cabendo aos homens o controle absoluto sobre elas. É neste período que ocorre a horrenda “caça às bruxas” causando um genocídio do sexo feminino, na Europa e nas Américas. Muitas mulheres foram agredidas e mortas por serem consideradas feiticeiras. Analisando melhor a situação, percebemos que essas “bruxas” eram mulheres a frente do seu tempo, que questionavam o sistema e por esses motivos precisavam ser silenciadas basicamente por serem, do sexo feminino. O inquisidor Jacques Sprender, publicou no final do século XV, um manual de caça às bruxas, justificando sua inferioridade, em decorrência de a primeira mulher, Eva ter sido formada de uma costela defeituosa de Adão.
Não há dúvidas de que a sociedade da Idade média era machista e tudo girava em torno dos interesses dos homens. No fim da Idade Média surgem alguns códigos de referência à esfera feminina, no entanto a maior parte colocava restrições aos diretos das mulheres.
As mulheres começam a obter um papel mais importante quando do desenvolvimento econômico das cidades. “Com o surgimento de um novo modelo de trabalho, as mulheres começaram a serem inseridas nesse espaço, tendo que conciliar sua vida cotidiana, com o trabalho, casamento e trato familiar.”[footnoteRef:28] [28: OPITZ, C. O quotidiano da mulher no final da Idade Média. São Paulo: Afrontamento, 1990, p. 58.] 
Mesmo diante dessa nova possibilidade de alcance da independência profissional e social, o pensamento predominante era que toda a formação da mulher devia ser voltada para área da economia doméstica e familiar, não permitindo ainda nesse momento uma formação científica ou profissional.[footnoteRef:29] [29: Cf. Ibid. p. 59.] 
Na renascença (séc. XIV a séc. XVI ) a desvalorização da mão de obra feminina continuava cada vez mais presente na sociedade, mas isso não foi obstáculo para que essas mulheres deixassem de exercer suas atividades, principalmente porque sua sobrevivência em grande parte dependia disso.[footnoteRef:30] [30: Cf. Ibid. p.60.] 
Essa desvalorização da mulher no mercado de trabalho, acarretava remuneração inferior à dos homens. “A mulher, portanto, não foi afastada do trabalho, ela foi incluída nessa esfera, mas em condições míseras. Diante desses obstáculos para participar do mercado de trabalho, muitas passaram a realizar trabalhos a domicílios.”[footnoteRef:31] [31: OOPTIZ, C. O quotidiano da mulher no final da Idade Média, p.70.] 
Os homens cresciam e se desenvolviam intelectualmente, enquanto as mulheres com sua dupla jornada se mantinham cada vez mais estagnadas.
Segundo Heleieth Iara em sua obra a mulher na sociedade de classes, até o século XIX “[...]não havia registro de mulheres frequentando uma universidade. As mulheres perderam até a profissão de parteira, substituídapela obstetrícia, especialidade destinada aos homens.”[footnoteRef:32] [32: MOREIRA, B. Oque é feminismo. São Paulo: Brasiliense, 1981, p.34.] 
As diferenças de tratamento entre homens e mulheres, ampliaram as desigualdades de gênero nos acessos ao trabalho e educação. Essas disparidades chegaram até o período da revolução francesa, onde insatisfeitas e indignadas com a situação, as mulheres tentaram conquistar a mesma liberdade dada aos homens. As mulheres francesas não desistem de lutar, até que finalmente conseguem o direito ao voto e apoio dos católicos pela conquista da tão sonhada igualdade.
Exatamente nesse período histórico é que o feminismo se desenvolve como ação política organizada, buscando reivindicar os direitos das cidadãs, com um discurso voltado a luta das mulheres.
Segundo a autora Branca Moreira em sua obra o que é feminismo, nos Estados Unidos não era diferente: “Do texto que falava que ‘todos os homens foram criados iguais’, o conceito de “homem” englobava apenas aqueles do sexo masculino, excluindo as mulheres, bem como os negros, índios e homens de baixa renda.[footnoteRef:33] [33: MOREIRA, Oque é feminismo, p. 43.] 
Na Inglaterra, influenciado pela crítica de Mary Wollstonecrat[footnoteRef:34], o feminismo ganha uma forte aliada, pois em sua crítica mostrava que a suposta inferioridade da mulher era devido à falta de formação intelectual. [34: Nascida em Spitalfields, na Inglaterra, em 1759, Wollstonecraft era a segunda de sete filhos de uma família rica que empobreceu e faliu ao longo do tempo. Para se sustentar – e ajudar a mãe e as irmãs a sobreviverem ao pai alcoólatra e violento -, trabalhou como governanta em casas de famílias abastadas, de onde tirou grande parte de suas observações sobre a educação deficitária das mulheres da época. Dark Blog. Quem foi Mary Wollstonecraft? Disponível em: <https://darkside.blog.br/escritora-filosofa-feminista-mary-wollstonecraft/>. Acesso em 15 set. 2021.] 
Com a chegada do século XIX, o capitalismo trouxe novas mudanças a esfera feminina. Com proliferação das máquinas e o desenvolvimento de novas tecnologias, as mulheres adentraram no setor fabril, mas em condições degradantes e remuneração inferior à dos homens.
A mulher do século XXI, apesar de ainda enfrentar alguns problemas recorrentes a sua história, deixou a sombra para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas possibilidades, reponsabilidades e liberdade. Evidente que esses papeis são os mais variados possíveis, sendo o mais importante o reconhecimento igualitário em relação ao homem e suas funções.
Hoje empoderada, a mulher moderna deixa de acreditar em sua inferioridade em relação ao sexo masculino, galgando assim as mais altas posições sociais, políticas e econômicas.
2
A Mulher no Contexto Bíblico
O papel das mulheres na história do cristianismo sempre foi essencial. Desde que Jesus ascendeu aos céus, muitas mulheres tiveram uma atuação imprescindível na proclamação da sua mensagem e na edificação da igreja. Algumas deixaram uma marca por seu heroísmo, sua garra e coragem, outras, pela sua sensibilidade, doçura e sapiência. Todas as mulheres que construíram um legado na história da cristandade se tornaram conhecidas por espalhar a mensagem de Cristo.
As mulheres, historicamente, sempre constituíram a maior parte dos cristãos, porém na consulta aos livros de história da igreja tem-se a impressão de que elas são quase inexistentes, visto que os personagens retratados são, em sua imensa maioria, do sexo masculino. Diversas são as razões para que os indivíduos mais destacados sejam em sua maioria homens, mas isso não significa que as mulheres não tenham dado contribuições extraordinárias em muitos aspectos ao cristianismo.
Segundo a autora Rute Salviano Almeida, “[...]quando não se escreve sobre as mulheres, deixam-se de lado os feitos de metade dos cristãos.”[footnoteRef:35] Elas trabalharam no anonimato, sempre de forma ativa, seja na entrega de suas preciosas vidas ou na dedicação de seus bens, talentos, habilidades, mesmo no meio de uma sociedade com visão masculina e ainda em um sistema patriarcal predominante. [35: ALMEIDA, R. S. Vozes Femininas no Início do Cristianismo: Império Romano, igreja cristã, perseguição e papel feminino. Viçosa: Ultimato, 2021, p.15.
] 
A mulher não apenas creu na mensagem do Cristo, mas o seguiu e o apoiou corajosamente até sua crucificação. Seus discípulos se esconderam; um deles o traiu; outro o negou; mas um grupo de mulheres permaneceu firme até o fim, se prostando aos pés da cruz.
As mulheres embora caladas por uma sociedade opressiva e discriminatória, se esforçavam na divulgação da mensagem de Cristo. Elas influenciavam seus parentes; não temeram a prisão e a morte; e, conseguiram deixar para a posteridade testemunhos de perseverança e amor a Deus. Segundo Rute Salviano Almeida:
O simples fato de ser mulher, herdeira do pecado de Eva, a pecadora e responsável por conduzir o homem ao pecado, segundo a opinião dos líderes da época, tornou a mulher indigna de comunhão com Deus e de exercer ministério relevante na igreja cristã. O modo encontrado pelas cristãs dos primeiros séculos para redimir-se foi pelo martírio, tornando-se, assim, santas aos olhos da igreja, ou a reclusão, quando abraçavam o ascetismo e celibato em uma vida comparável à dos anjos.[footnoteRef:36] [36: ALMEIDA, Vozes Femininas no Início do Cristianismo: Império Romano, igreja cristã, perseguição e papel feminino, p.18.] 
Lutando contra sua própria cultura, sociedade e crenças religiosas, essas mulheres não se acovardaram, nem temeram desafiar governantes ímpios, mas sempre exerceram influência benéfica, doando a própria vida, seus bens, seus ensinos, sendo, então, as verdadeiras vozes femininas do início do cristianismo.
À luz da Escritura vamos encontrar algumas mulheres com seus respectivos papéis de liderança essenciais ao desenvolvimento do Reino de Deus na terra, mesmo diante de um cenário onde a maioria da liderança era exercita pelo gênero masculino.
Empreendendo uma minuciosa pesquisa nos relatos bíblicos, afirma-se que a maioria dos profetas e juízes foram homens, mas há algumas mulheres. 
No livro de Êxodo capítulo 15, encontramos Miriã, a primeira profetisa do Antigo Testamento. Enquanto ela apoiou Moisés, foi eficaz e abençoada. Mais tarde no livro de Números capítulo 12 o cenário mudou, pois Miriã junto com Arão falaram contra seu irmão Moisés: “E disseram: Porventura, tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também por nós? O Senhor ouviu”[footnoteRef:37]. Esta pequena revolta contra a liderança de Moisés lhe custou o castigo da lepra por uma semana: “Assim, Miriã foi detida fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu enquanto Miriã não foi recolhida.”[footnoteRef:38] [37: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Nm 12.2.] [38: Ibid. Nm 12.15.] 
Débora, a juíza e profetisa: “Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo[footnoteRef:39]”. Hulda, a profetisa: “Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum [...]”[footnoteRef:40]. Há ainda algumas mulheres que se uniram a homens para proferirem falsas profecia: “[...]e também da profetisa Noadia e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me”[footnoteRef:41]. [39: Ibid. Jz 4.4.] [40: Ibid. 2Rs 22.14.] [41: Ibid. Ne 6.14.] 
No livro do profeta Isaías capítulo 8, versículo 3 é apresentada uma profetisa que deu à luz um filho chamado Rápido-Desposo-Presa-Segura: “Fui ter com a profetisa; ela concebeu e deu à luz um filho[...]”[footnoteRef:42]. [42: Ibid. Is 8.3.] 
O profeta Ezequiel, tal como Neemias, condena a atuação de falsas profetisas: “Tu, o filho do homem, põe-te contra as filhas do teu povo que profetizam de seu coração, profetiza contra elas.”[footnoteRef:43] [43: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Ez 13.17.] 
Enquanto Miriã apareceu num ponto alto da história de Israel, Hulda, a profetisa estava em uma situação oposta, durante o reinadode Josias. Durante mais de cinquenta anos, o culto pagão tinha enchido o templo e Israel havia ignorado os profetas e a Lei. Assim que o rei Josias recebeu o livro da Lei achado pelo sumo sacerdote Hilquias, Safã o lê e Josias fica apavorado com tamanhos erros que o povo estava cometendo, sendo levado a buscar a avaliação da profetisa Hulda.
Na monarquia veterotestamentária figuraram a Rainha de Sabá e Jezabel, porém no Israel do Antigo Testamento só teve um monarca do sexo feminino, a Rainha Atalia, que usurpou o trono, assassinou seus rivais e dedicou seu reinado à deidade pagãs: “Vendo Atalia, mãe de Acazias, que seu filho era morto, levantou-se e destruiu toda a descendência real.”[footnoteRef:44] [44: Ibid. 2Rs 11.1.] 
A rainha Ester também foi de suma importância ao povo de Israel, persuadindo o rei a tomar uma ação apropriada, fazendo justiça e preservando Israel em uma hora desesperadora diante da fúria de um opositor contumaz. No ambiente neotestamentário, entretanto, o gênero feminino está presente nas coortes palacianas, mas não nos tronos. 
No ambiente bíblico neotestamentário há várias atividades do gênero feminino. Mulheres profetizando em público “Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada.”[footnoteRef:45] e instruindo líderes como Apolo em particular “[...] Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.”[footnoteRef:46] [45: Ibid. 1Co 11.5.] [46: Ibid. At 18.26.] 
O próprio Paulo, rotulado por muitos como machista, louva a Deus pela vida das diversas mulheres que davam assistência imprescindível a ele e aos demais que estavam imbuídos da plantação de novas igrejas. Evódia e Síntique lutaram ao seu lado pela causa do evangelho: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordantemente, no senhor. [...] pois juntas se esforçaram comigo no evangelho [...]”[footnoteRef:47]. Maria, Júnias, Trifena, Trifosa e Pérside também são honradas pelo auxílio singular ao ministério paulino. “Saudai Maria, que muito trabalhou por vós. Saudai Andrônico e Júnias [...] Saudai Trifena e Trifosa, as quais trabalhavam no Senhor. Saudai a estimada Pérside, que também muito trabalhou no Senhor”[footnoteRef:48]. Paulo ainda dá destaque às mulheres que tinham o ofício de ensinar as crianças “Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti”[footnoteRef:49]. Cuidando da continuidade da Igreja de Cristo, Paulo aconselha as mulheres mais encanecidas a instruírem as mulheres mais novas “Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens[...]”[footnoteRef:50] [47: Ibid. Fp 4.2-3.] [48: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Rm 16. 6-13.] [49: Ibid. 2Tm 1.5.] [50: Ibid. Tt 2.3-4.] 
Dan Doriani em seu livro Mulheres e Ministério destaca:
Nossa impressão preliminar, nossa primeira estimativa dos dados bíblicos é a seguinte: em Israel e na igreja, as mulheres fazem todo tipo de coisas, mas não tudo. As mulheres assumem posições de liderança, mas fazem isso ocasionalmente, não regularmente. As mulheres de modo ocasional servem como juízas ou profetizas. Muitas vezes, ajudam a estabelecer igrejas, mas não são monarcas nem apóstolos.[footnoteRef:51] [51: DORIANI, D. Mulheres e Ministério. Cultura Cristã, 2019, p. 24.] 
O ambiente neotestamentário nos apresenta algumas poucas profetisas. Ana a profetisa é uma delas: “E, Chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperam a redenção em Jerusalém”[footnoteRef:52] formou um time com Simeão reafirmando a todos que antecipavam a redenção de Israel. Também no livro de Atos capítulo 8, há o registro de que Felipe, tinha quatro filhas que profetizavam, mas não há mais informações sobre elas. [52: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Lc 2.38.] 
Vejamos a posição de Dan Doriane sobre os fatos:
Não sabemos quantas profetisas operaram em tempos bíblicos. Aparentemente, Israel aceitava a ideia de que, enquanto profetas fossem homens tipicamente, mulheres podiam profetizar também. Além da referência casual às filhas de Felipe em Atos 8, Atos 2 cita o oráculo: “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão”, Paulo também presumia que as mulheres profetizavam na igreja de corinto. Ele regulamentou, mas não proibiu.[footnoteRef:53] [53: DORIANI, D. Mulheres e Ministério. Cultura Cristã, 2019, p. 27.] 
A Bíblia ainda registra muitas outras mulheres que mesmo no anonimato tiveram ações e reações que impactaram a expansão do Reino de Deus e de seu Cristo na face da terra. Elas demonstraram felicidade e fidelidade em servir a Deus, ao Seu Reino e ao Seu Propósito. Elas formaram um grande plantel de heroínas da fé.
Doriane conclui que as mulheres instruíram homens em particular; aconselhavam e repreendiam homens grandes e pequenos; mas não emitiam decretos que restringissem a igreja. Elas ensinavam e profetizavam, apresentando mensagens com contudo teológico, mas segundo o autor “Não há nenhum exemplo nas Escrituras de uma mulher fazer hoje o que chamamos de pregação”[footnoteRef:54]. O autor ainda argumenta: “Mulheres lideraram ao lado de homens, mas em grau abaixo deles na autoridade, não ao lado deles como pares absolutos. Quando Miriã aspirou a igualdade com Moisés, Deus a repreendeu. Quando Baraque tentou evitar a liderança, Débora incentivou-o a ir adiante.”[footnoteRef:55] [54: DORIANI, D. Mulheres e Ministério. Cultura Cristã, 2019, p. 35.] [55: Ibid.] 
2.1
Movimentos Feministas
Analisando os movimentos feministas, não há a pretensão de esgotar todas as realidades, pois pesquisas revelam que anteriormente ao período identificado como primeira onda feminista, já existia movimentos de mulheres que se propunham a fazer resistência às normas a elas impostas. 
Estudiosos costumam dividir o feminismo em ondas meramente por questões didáticas, porque mesmo quando há concordância com relação a uma ou outra pauta, existem teorias e movimentos paralelos diferentes, cada um com suas especificidades.
É, portanto, muito comum se falar em três ondas do movimento feminista, inclusive já havendo por parte dos estudiosos a possibilidade de uma quarta onda, por conta das reivindicações majoritárias dos movimentos femininos em cada momento histórico.
A autora Carolyn McCulley ressalta:
O feminismo alterou profundamente o conceito em nossa cultura do que significa ser uma mulher. Precisamos entender como esse movimento surgiu e quais têm sido seus objetivos, porque esses são agora as premissas de nossa cultura. Também precisamos reconhecer que algum bem adveio. Havia algumas sérias desigualdades que foram mudadas pelo movimento feminista.[footnoteRef:56] [56: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 39.] 
Carolyn nos apresenta ainda as mudanças positivas e negativas que o feminismo trouxe para a nossa sociedade e destaca a importância de conhecer a história do feminismo e suas influências em nossa cultura e nas nossas igrejas, o que proporcionará confrontar suas afirmações e reinvindicações com a Escritura Sagrada.[footnoteRef:57] [57: Cf. ibid.] 
A primeira onda do feminismo ocorrida no final do século XIX até meados do século XX, foi caracterizada pela reivindicação dos diversos direitos que já estavam sendo debatidos e conquistados por homens de seu tempo.
Aquela sociedade era industrial, urbana, positivista, cientificista, acadêmica, política e economicamente liberal. O século XIX foi o nascedouro do socialismo, do questionamento da ideia de lucro a todo custo, da luta por direitos dos operários, da luta por participação política, mas nada disso, naturalmente, incluía as mulheres.
As primeiras reivindicações feministas foram, então, por esses direitos que, à época, eram os considerados básicos: o voto,a participação na política e na vida pública. As feministas da primeira onda questionavam a imposição de papéis de submissão e passividade às mulheres.
Naturalmente, essas mulheres que reivindicavam o direito ao voto, denominadas de suffragettes, na prática continuavam subordinadas a seus maridos ou pais, mas já não seriam suas propriedades institucional e jurídica (diferente das mulheres negras estadunidenses). No bojo das reinvindicações desta primeira onda está também algo ainda mais básico, a abolição da escravatura.
A autora McCulley classifica a primeira onda feminista pela conquista do voto da mulher
:
Em 1848, a Convenção de Direitos das Mulheres se reuniu em Seneca Falls, Nova Iorque. A convenção foi realizada por cinco mulheres, incluindo as ativistas Elizabeth Cady Stanton e Lucretia Mott. [...]historiadores geralmente apontam essa convenção do século XIX como a semente para o movimento feminista. Ela é considera o ponto de partida da primeira onda do feminismo, também conhecida como movimento sufragista ou a companha para obter o direito ao voto das mulheres. [...]finalmente, foi concedido o direito de votar às mulheres através da ratificação da Décima Nona Emenda à Constituição em 1920.[footnoteRef:58] [58: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 48.] 
A retórica predominante a primeira onda é o liberalismo e o universalismo. As mulheres defendiam que homens e mulheres, por serem iguais nos âmbitos moral e intelectual, deveriam ter iguais oportunidades de estudos, trabalho, desenvolvimento, participação política e posições. É um feminismo que prega a igualdade.
Por mais importante que tenha sido o fato de essas primeiras feministas terem obtido o direito de votar, duas questões adicionais foram igualmente significativas: a cobertura e a reforma do cristianismo. A cobertura era o conceito legal que subordinava os direitos de propriedade de uma mulher no casamento. Naquele tempo, antes do matrimonio, a mulher poderia livremente executar um testamento, assinar contrato, processar ou ser processada em nome próprio, e vender ou doar suas posses ou propriedades pessoais conforme desejasse. Com o advento do matrimonio, porém, sua existência e identidade legal como indivíduo eram suspensas. As organizadoras de Seneca Falls tinham esta situação como a sua grande queixa, a qual foi alvo de tratativas na denominada Declaração dos Sentimentos. Elas também fizeram tratativas sobre a Igreja, o que pode parecer surpreendente, chegando a emitir uma resolução por mudanças:
O homem permite à mulher, na igreja assim como na sociedade, apenas uma posição subordinada, afirmando autoridade apostólica para sua exclusão do ministério, e, com algumas exceções, de qualquer participação pública nas questões da igreja [...]. Resolve-se que, por muito tempo, a mulher permaneceu satisfeita nos limites circunscritos que costumes corrompidos e uma aplicação pervertida das Escrituras estabeleceram para ela, e que é hora para que ela se mova em direção à esfera abrangente que o grande Criador lhe designou.[footnoteRef:59] [59: Luiza, Alcântara. A Declaração dos Sentimentos, ou os Homens que Amavam as Mulheres. Disponível em: <http://www.emdialogo.uff.br/content/declaracao-dos-sentimentos-ou-os-homens-que-amavam-mulheres>. Acesso em 17 set. 2021.] 
Outro interessante feito foi realizado por Lucretia Mott na sessão de encerramento da Declaração de Seneca Falls: “[...]conseguiu a aprovação para derrubada do monopólio do púlpito, e pela garantia às mulheres de participação igual à dos homens nos vários negócios, profissões e comércios.”[footnoteRef:60] [60: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 48.] 
Essas mudanças capitanearam às reformas necessárias na educação, no matrimonio, no sufrágio e no trabalho feminino, mas ainda havia grandes desafios para essas reformas sociais no que tange o cristianismo, o governo da igreja, o ensinamento bíblico e o culto público.
Segundo Carolyn “[...]o desafio à igreja que foi levantado nesse documento levou, por fim, à destruição de conceitos biblicamente definidos de Deus, pecado, diferenças de gênero, matrimônio e outros.”[footnoteRef:61] [61: Ibid.] 
Diferente da primeira onda, a segunda foi de caráter político, tendo seu início em meados dos anos 50 e se estende até meados dos anos 90 do século XX. Nessa época foram iniciados uma série de estudos focados na condição da mulher, estabelecendo uma teoria-base ou raiz sobre a opressão feminina. Por conta deste preâmbulo o feminismo de segunda onda é conhecido como o feminismo radical (de raiz). Este movimento teve início nas décadas de 60 e de 70, onde toda movimentação feminista era pautada na teoria radical que versava sobre a condição exploratória das mulheres devido seu gênero e suas funções reprodutivas. As discussões desta fase se caracterizaram então pelas lutas por direitos reprodutivos e acerca da sexualidade.
É neste período que se começa a distinguir sexo e gênero, onde o sexo passa a ser entendido como uma característica biológica; e gênero como uma construção social, isto é, um conjunto de características e de papéis imposto à pessoa dependendo de seu sexo.
A visão dessas mulheres força-as ao pioneirismo da crítica à pornografia e, por conseguinte, a crítica à prostituição, a exploração da mulher via maternidade e casamento, e, o uso do estupro e da violência sexual enquanto ferramenta de manutenção do poder masculino.
A obra O segundo sexo, publicada por Simone de Beauvoir em 1949 foi importantíssima para a veiculação destas ideias, inclusive por ter sido traduzida para diversos idiomas: “ O segundo Sexo é considerado a obra seminal do feminismo moderno”[footnoteRef:62]. Nela evidenciava-se o fato de alguns intelectuais homens terem designado a si mesmos como representantes da humanidade e definido “a mulher” como algo diferente de si e inferior. Além disso, Beauvoir denunciava ser produto da dominação masculina aquilo que se acreditava ser a essência de uma mulher. Em 1963, Betty Friedan publicou A mística feminina, apontando o papel da publicidade e do sistema educacional no convencimento e restrição das mulheres às tarefas domésticas. Friedan explora uma inominada e dolorosa insatisfação entre as donas de casa suburbanas, que ela denominou de “o problema que não tem nome”. Sua teoria era que as mulheres estavam tentando viver de acordo com o ideal do feminino, “a mística”, que as deixava sentindo-se presas. Friedan sempre será ligada à segunda onda do feminismo. [62: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 60.] 
Das inúmeras mudanças criadas pela segunda onda, a mais notória seria o compromisso inabalável do movimento com o aborto. McCulley destaca: “Na questão do aborto é onde a segunda onda do feminismo mais se separa da primeira, visto que as ativistas pelos direitos das mulheres no século XIX eram geralmente pró-vida”[footnoteRef:63]. [63: Ibid. p. 226.] 
Uma terceira onda, não tão documentada surgiu no início da década de 1990. Foi a onda feminista na versão da mulher branca e de classe média alta. A influência desta terceira onda ganha destaque na cultura pop como as chamadas bandas riot girl[footnoteRef:64], que distribuíam vídeos onde mulheres sedutoras com seus corpos malhados e roupas curtas, divulgavam a cultura vulgar evidenciada por jovens usando camisas da Playboy, como uma total degradação da mulher evidenciada pela invasão pornográfica na internet. [64: Garota rebelde, em tradução livre.] 
O denominador comum dos movimentos de terceira onda é a busca pela destruição de pensamentos conservadores e a crítica às narrativas de liberação e de vitimização, características das duas ondas anteriores. É importante ressaltar que a terceira onda, de forma geral, rejeita quaisquer tentativas de identificação de objetivos comuns, gerais, padronizados, sequer se reconhecendo como um movimento coletivo. O conceito de feminismo aqui se atomiza, mas também se individualiza, levando-o a um enfraquecimento e a dependênciade capitalização.
Ao contrário de suas precursoras onde a luta era para quebrar estereótipos associados à mulher, as feministas de terceira onda se apropriaram desses estereótipos, de condutas e de símbolos de feminilidade. Em outras palavras, elas pegaram os sutiãs, os batons e os saltos que suas precursoras haviam abandonado e os colocaram de volta, em defesa da liberdade individual de cada mulher.
	A autora Carolyn adverte: “[...]o resultado do impacto da terceira onda do feminismo na sexualidade feminina. A atual cultura da vulgaridade é um completo engano para as mulheres.”[footnoteRef:65] [65: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 283.] 
Há uma cultura de sexualidade feminina hiperagressiva, a qual é possivelmente a pior já registrada na história. O sexo criado por Deus como bom, passou a ser usado fora do regramento divino, inevitavelmente trazendo muitos problemas.
As jovens mulheres assaltadas com a ideologia do sexo positivo da terceira onda acabam ficando exaustas, desconfiadas e frequentemente com baixa estima devida essa tal liberdade que na verdade é libertinagem.
Sobre essas dificuldades causadas pela terceira onda, McCulley alerta:
Teorias do “sexo-positivo” ou “sexo-radical” são uma grande parte do feminismo de terceira onda. As feministas desta fase fizeram uma reviravolta, abolindo a oposição, da segunda onda, à pornografia e ao trabalho do sexo, afirmando que as profissionais do sexo ou pornografia podem ser “empoderadas”. As feministas da terceira onda também abraçaram um conceito fluido de gênero e rejeitaram qualquer definição universal de feminilidade.[footnoteRef:66] [66: Ibid. p. 287.] 
As três ondas do movimento feminista trouxeram aspectos positivos e negativos para a sociedade. A instituição do direito igualitário para homens e mulheres à educação e ao voto encabeçam os efeitos societários positivos. Contudo, negativamente, a total depravação do feminino pela indústria da pornográfica põe o gênero feminino em uma jornada totalmente contraria as ideias originais do movimento. 
Carolyn McCulley em seu livro Feminilidade Radical nos apresenta os verdadeiros resultados desse culto a vulgaridade da terceira onda:
[...]o feminismo “sexo-radical” que surgiu na terceira onda do início dos anos 1990. Ele se baseia na ideia de que a liberdade sexual é essencial para liberdade das mulheres, e se opõe a todos os esforços legais ou sociais de controlar ou limitar atividades sexuais. De acordo com uma definição, as feministas sexo-positivas rejeitam o vilipêndio da sexualidade masculina, o qual elas atribuem a muitas feministas radicais de segunda onda, e, ao invés disso, “aceitam toda a gama da sexualidade de humana”, incluindo a sexualidade gay, lésbicas, bissexual e transgênera.[footnoteRef:67] [67: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 307.] 
2.1 
Influências Feministas na Igreja
“Quanto mais feminista alguém se torna, mais difícil se torna ir para a igreja”[footnoteRef:68]. Rosemary Radford faz essa importante observação sobre o sentimento e a aflição de muitas mulheres. Guiadas por Radford essas mulheres criaram uma igreja alternativa à igreja tradicional e irremediavelmente patriarcal, a igreja das mulheres. Nesta igreja ao invés de invocar a linguagem de Deus pai, elas também oram à deusa mãe e lhe prestam adoração. [68: GRENZ, E. L. Teologias Contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.180.] 
Observemos um trecho de sua liturgia:
Em um ritual importante dessa igreja, o “exorcismo dos textos patriarcais”, uma das responsáveis pelo culto lê trechos da Bíblia que, segundo as participantes, oprimem as mulheres. O grupo responde então de modo litúrgico, “Fora, demônios, fora!” Em seguida, uma das presentes proclama: “Esses textos e todos os textos opressivos perderam seu poder sobre nossas vidas.”[footnoteRef:69] [69: Ibid.] 
 
Rosemary se tornaria a articuladora mais lida e influente do movimento feminista emergente no campo da teologia, logo após sua transferência para o seminário Teológico Garrett, nas imediações de Chicago.
Wayne Grudem, em seu livro O feminismo evangélico, nos apresenta algumas dessas influências, entre elas se destaca a negação de tudo que seja exclusivamente masculino. Esta influência leva a rejeição da liderança masculina no casamento e estabelecendo mulheres como pastoras e presbíteras nas igrejas.[footnoteRef:70] [70: Cf. GRUDEM, W. O Feminismo Evangélico. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 190.] 
Uma vez que o feminismo evangélico ganhe o controle de uma igreja ou de uma denominação, o ensino tenderá a crescer em direção à negação de qualquer coisa que seja exclusivamente masculina além das diferenças físicas óbvias. A igreja terá problemas com qualquer coisa que enfatize a força e a verdade “masculina” e irá suprimi-la. Isso é previsível. Esse é o próximo estágio no caminho em direção ao liberalismo.[footnoteRef:71] [71: Ibid, p.191.] 
Grudem evidencia outro estágio problemático: Deus, nossa mãe. O autor nos adverte que à negação da “masculinidade” e de qualquer coisa exclusivamente masculina, como defendido por Rosemary e suas seguidoras, irá obscurecer e negar a identidade de Deus como nosso Pai.[footnoteRef:72] [72: Cf. GRUDEM. O Feminismo Evangélico, p.197.] 
Esse é o próximo estágio no avanço das ideias do feminismo evangélico. Os feministas evangélicos estão revisando nosso entendimento de deus, nosso Pai, conforme nos foi revelado pela Bíblia. Eles estão, portanto, mudando as doutrinas de Deus conforme reveladas na escritura para fazer as pessoas pensarem em deus como “Nossa Mãe que está no céu”. Eles estão minando a autoridade da Bíblia nessa real descrição do próprio Deus. Mudar nossa ideia sobre Deus é claramente o passo final em direção ao libertarismo.[footnoteRef:73] [73: Ibid, , p.198.] 
Os argumentos de Rosemary Radford reverberaram a ponto das denominações protestantes mais liberais, entre os anos de 1950 e 1970, aprovarem a ordenação de mulheres, e, mais recentemente, usarem muitos dos mesmos argumentos que as feministas usaram para endossar e aprovar a conduta homossexual no ambiente eclesial.
Wayne cita a Episcopal Church nos Estados Unidos com sua aprovação a ordenação de V. Gene Robinson como seu primeiro bispo abertamente declarado homossexual:
Recentemente, em 1998, essa mesma denominação aprovou uma resolução considerando a atividade homossexual “incompatível com a Escritura”. Mesmos os jornais seculares observaram os paralelos entre a controvérsia anterior da ordenação de mulheres. Os conservadores que não saíram quando uma mulher foi ordenada como pastora episcopal, e que não saíram quando uma mulher foi ordenada bispa, provavelmente não sairão com a aprovação de um bispo homossexual também, alegaram os que apoiam o bispo Robinson.[footnoteRef:74] [74: Ibid. p.200.] 
O autor ainda cita outras denominações que vivenciam o mesmo cenário, deixando claro que a influência do feminismo na igreja abriu caminho para a aprovação da homossexualidade, ampliando os tentáculos do liberalismo.
Dan Doriani aponta que a chegada das mulheres nas últimas décadas ao episcopado foi resultado das influências do feminismo nas igrejas: “[...] a ordenação de mulheres era quase inexistente até a segunda metade do século 20, quando surgiu o feminismo. Até então os líderes da igreja sempre concordaram que mulheres tinham dons que deveriam ser usados em situações particulares (não públicas)”[footnoteRef:75] [75: DORIANI, Mulheres e Ministério, p. 120.] 
A influência do feminismo, na vida e na teologia da igreja, não foi de toda negativo, pois em alguns aspectos apontaram falhas que precisavam ser resolvidas em relação a participação da mulher na igreja. Entretanto, ofereceu uma gama de interpretações erradas e soluções falhas, como destaca a autora Carolyn: “Então, enquanto olhamos para a história da influência do feminismo sobre a própria igreja, quero reconhecer mais uma vez que onde quer que existam seres humanos, haverá pecados e imperfeição.”[footnoteRef:76][76: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 303.] 
A autora assevera que precisa haver humildade para admitir que houve falhas nos dois lados, mas que isso nunca poderá ser usado como desculpa para negar a palavra de Deus:
Portanto, precisamos abraçar o ensino da Bíblia acerca da masculinidade e da feminilidade de forma clara e ousada. A igreja deve liderar o movimento, equipando o povo de deus para pensar biblicamente sobre toda a vida, incluindo a perspectiva bíblica dos papéis de gênero e os relacionamentos.[footnoteRef:77] [77: Ibid.] 
McCulley, assim como Wayne Grudem, afirma que o feminismo e o liberalismo caminham de mãos dadas. Carolyn acrescenta que à medida que o liberalismo começou a tomar o segmento da igreja, o feminismo encontrou uma grande porta aberta. Como a teologia liberal, nega a autoridade da Bíblia, a obra expiatória de Jesus Cristo e muitas outras doutrinas centrais dos cristianismos, ela abraça filosofias e pleitos populares de seu tempo.
Por volta de meados do século XX, quando o feminismo de segunda onda começou, líderes feministas começaram a negar qualquer crença no cristianismo, no monoteísmo ou na religião tradicional. Por volta dos anos 1970, era comum que feministas seculares abraçassem espiritualidade alternativas, tais como a wicca (feitiçaria).
No lugar de Deus, muitas feministas adotaram uma mistura caseira de adoração a deusas e feitiçaria, planejada para promover energia espiritual para o movimento. O feminismo sempre foi, em essência, um movimento religioso, e agora foi abertamente reconhecido como tal.[footnoteRef:78] [78: Ibid. p.339.] 
A autora ainda cita a grande pressão que os líderes eclesiásticos sofrem frente às tendências culturais desta contemporaneidade:
 Hoje muitos líderes de igreja sentem a pressão para se conformarem às tendências culturais atuais, não apoiando a liderança masculina na igreja. Oro para que o testemunho da história encoraje tanto esses pastores como sus membros a reconsiderar essa bola de neve de adulteração Bíblica.[footnoteRef:79] [79: Ibid. p.340.] 
O feminismo realiza uma grande investida sobre a igreja, conforme pode ser visto em diversas e volumosas obras a disposição dos ávidos leitores, mas que não estão alinhadas com o âmbito desta pesquisa.
3
Mulher Sacerdote
A emblemática questão da ordenação de mulheres ao sacerdócio, gera debates polêmicos de múltiplas correntes, algumas favoráveis e outras definitivamente contrárias. A igreja contemporânea veda ou aceita essa prerrogativa, mas a fundamentação bíblica perde a prerrogativa de regra, para ficar na dependência da ótica e das opiniões humanas. Esta postura causa dúvidas, embates, discursões, desconfortos, ataques, polarizações em diversos líderes cristãos, principalmente nas igrejas chamadas protestantes.
O Papa João Paulo II, pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, no dia 22 de maio de 1994 se posicionou sobre o assunto em sua carta apostólica:
 Para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos, declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.[footnoteRef:80] [80: Conforme: JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis: sobre a Ordenação sacerdotal reservada somente aos homens. Disponívelem:<https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1994/documents/hf_jp-ii_apl_19940522_ordinatio-sacerdotalis.html>. Acesso em: 08 de set. 2021. ] 
Longe de colocar um fim a questão, Vossa Santidade vê que sua bula papal ao invés de colocar um ponto final nesta celeuma, que tanto importunou seu pontificado, acabou trazendo combustível para fomentar discussões ainda mais ácidas. Seus próprios fiéis, no bojo do feminismo alastrado na sociedade, requerem urgente releitura e novo posicionamento da Santa Sé sobre esta demanda. 
As lideranças da Igreja Católica, bem como das demais igrejas cristãs, são unânimes em valorizar a mulher como imagem de Deus, tal como o homem, entendendo que ambos têm ordenamentos divinos para suas múltiplas funções no mundo, que devem provocar unidade, aperfeiçoamento, alinhamento à vontade de Deus. Com a queda da geração adâmica, instabilidades se seguiram no decorrer da história humana, do cristianismo e da Igreja, e segundo Kathleen “A solução de Deus para esse mal é chamar tanto homens como mulheres a se prostar diante dele”[footnoteRef:81] [81: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 234.
] 
	Há consenso, no macro ambiente eclesiástico, de que as mulheres desempenham com maestria, excelência, comprometimento, piedade e eficácia diversas funções, mas no âmbito do sacerdócio feminino, o dito consenso é esfacelado, ganhando múltiplas direções belicosas. Inclusive passa a ser o grande divisor de opiniões entre “complementarista” e “igualitarista”. Segundo Wayne Grudem “complementarista” é: 
Queríamos um termo que sintetizasse a nossa posição de que homens e mulheres são iguais em valores e pessoalidade diante de Deus, mas exercem papéis diferentes. Cunhamos a palavra “complementarista” para refletir o fato de que homens e mulheres “complementam” um ao outro com suas igualdades e diferenças.[footnoteRef:82] [82: GRUNDEM, W. Confrontando o Feminismo Evangélico. Cultura Crista, 2000, p.13.] 
Grudem chama de igualitarista o mesmo que feminismo evangélico, ou seja, ao contrário do complementarismo, não há limites ou barreiras funcionais entre os sexos.[footnoteRef:83] [83: Cf. Ibid. ] 
A igreja quando resolver retornar à Escritura pela Escritura, trará à memória que homens e mulheres são iguais perante Deus, gozando por parte do Grande Eu Sou preciosidade, valor e importância maior do que todo o universo, e isto poderá trazer um caminho de convergência. Andar na contramão da revelação é rejeição ao regramento divino perfeito, explicitado em Gênesis 1.27 “Criou Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”[footnoteRef:84]. [84: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Gn 1.27.] 
Como há consenso de que a Igreja é um “reino de sacerdotes”, onde o sacerdócio de todos os santos é requerido, podemos então estudar o sacerdócio feminino em duas nuances: no lar como sacerdote de sua casa e na igreja como sacerdote espiritual.
3.1
Do Lar
A centralização dos discursos em torno da figura feminina, quer disseminar na mentalidade social a defesa de um ideal feminista, onde as mulheres devem atuar além dos padrões aceitos, atingindo em cheio os princípios religiosos.
A figura da mulher, mãe e esposa é entendida como uma herança religiosa, que a limita a estas únicas funções, influenciando o modo de pensar da maioria da sociedade, onde a luta feminista por mais liberdade sempre enfrentou grande resistência. Surgem muitos discursos em defesa do verdadeiro instinto feminino, onde a genuína mulher deve com alegria aceitar sua função maternal de sacrificar-se pelos filhos, marido e o lar. A única funcionalidade desta mulher era do lar para o lar como mãe, esposa, dona de casa, sacerdotisa do lar, pois não se podia sequer cogitar a possibilidade de um lar sem sua força reguladora. As representações que construíram esse perfil de mulher foram respaldando o ser feminino, afirmando-o como o único ser capaz de dar visibilidade aos problemas da casa, como também as faltas que devem ser compensadas.
Havia um consenso na sociedade de que o jugo da mulher e seu sofrimento para manter sua família feliz, era o preço a ser pago, mesmo sem reconhecimento algum, pois sua maior recompensa seria ver esposo e em especial seus filhos felizes, saudáveis, ajustáveis à sociedade.
A função da mulher fica assim estagnada até o século XX quando, a partir da década de 1960, surgem fortes discussões que eclodem nos atuais movimentos feministas, onde “O legado feminista foi tornar a potencialcooperação complementar entre homens e mulheres num espírito de competição”[footnoteRef:85]. Esses movimentos requeriam novas funções feminina no lar e na sociedade, rompendo com as representações arraigadas em amarras biológicas e religiosas sobre a mulher e o homem. [85: McCULLEY, Feminilidade Radical fé feminina em um mundo feminista, p. 133.] 
A sociedade, entretanto, ainda coloca sob a mulher o ônus e o bônus da ordem familiar, exigindo dela o pleno desenvolvimento da sua personalidade maternal e marital, uma espécie de busca pelo desabrochar de uma nova mulher. Nessa perspectiva, o sexo feminino deveria então agir sempre com sabedoria na sua lida com o lar, fazendo dos seus desafios cotidianos, muitas das vezes desagradáveis, uma espécie de troféu, onde a grande oportunidade de aprendizagem facilitaria a aceitação de sua condição, mesmo que inferior ao homem. É uma visão que buscava dar forma à personalidade de boa mãe.
Carolyn McCulley apresenta a atuação da mulher no seu papel social da maternidade, tomando por base o antigo Testamento como referência:
O cuidado com as crianças permaneceu como a responsabilidade principal da mãe ou esposa, que tinha autoridade para gerenciar a casa. Ela racionava e alocava os suprimentos de comida, preparava os alimentos, processava-os e estocava-os. Ela servia como administradora com responsabilidades econômicas quando gerenciava o “orçamento da família” e com responsabilidades judiciais, quando decidia as responsabilidades dentro do lar. Embora o pai ou patriarca designasse um herdeiro, a mãe com regularidade exercia esse poder (note o papel de Bete Seba na escolha de Salomão como rei). A mãe educava os filhos. Esse é um ponto importante para se ter em mente quando pensamos em todas as mulheres pagãs do harém de Salomão, incapazes de criar os filhos nos caminhos do Deus e, assim, contribuindo para o surgimento da idolatria.[footnoteRef:86] [86: Ibid. p. 167, 168.] 
O feminismo surge trazendo propostas e ideias inovadoras e ousadas de desestruturação do papel da mulher no contexto do lar. A prédica principal dos movimentos feministas arrogava à mulher aos espaços públicos. O novo pleito não ganhou uma conotação positiva na sociedade, e se não fosse o empoderamento feminino, elas jamais chegariam ao sacerdócio. 
Na percepção social do início do século XX, o sexo feminino nasceu para ocupar apenas a esfera privada da porta fechada do lar, onde o silêncio, o conforto, a segurança da ambiência e das tarefas domésticas seriam suas maiores obrigações e direitos. A abertura das portas do lar apresentando ao público feminino um novo mundo, acessível e possível às mulheres as faria sobressair para novos empreendimentos.
Os discursos, de cunho machista, alegavam que o lugar da mulher era no lar, pois o desejo de viver como um homem não caberia a ela, uma vez que até então ela fora educada para cuidar da família e do lar.
Rosemary Radford diz: 
[...]a cultura patriarcal definiu as mulheres como estando “mais perto da natureza”, como estando do lado da natureza, numa natureza cultural hierarquicamente dividida. Isso é revelado na maneira pela qual as mulheres têm sido identificadas com corpo, terra, sexo, a carne na sua mortalidade, fraqueza e “inclinação ao pecado”. Enquanto a masculinidade é identificada com espírito, mente e poder soberano sobre ambas mulheres e natureza, como propriedade das classes dominantes masculinas.[footnoteRef:87] [87: RUETHER, R. R. Mulheres Curando a Terra. São Paulo: Paulinas, 2000, p.10.] 
Radford revela como o machismo dividiu e oprimiu as mulheres que eram consideradas “inclinadas ao pecado”, enquanto os homens eram os chamados voltados a “espiritualidade”. O modelo de mulher que deveria então prevalecer na sociedade, seria aquele onde ela aceitasse sua condição feminina atrelado tão somente ao espaço do lar. A mulher moderna seria então aquela que preservasse a moral cristã e os princípios religiosos, inclusive no casamento.[footnoteRef:88] [88: Cf. Ibid. ] 
À luz da Palavra de Deus o assunto dos papéis masculino e feminino no casamento e na igreja têm sido dissecados por muitos estudiosos bíblicos, que com frequência os categorizam sob dois rótulos geralmente conhecidos como “complementaristas e “igualitaristas”.
O alvo para os cristãos é se manter fiéis à Palavra de Deus, não a amoldando as circunstâncias do mundo. O capítulo 5 da carta do Apóstolo Paulo aos efésios revela alguns regramentos eternos de Deus para o homem e a mulher no contexto matrimonial, os quais mostram a beleza e a unidade com Cristo.
A ideia principal do Eterno é descrita como submissão: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”[footnoteRef:89]. Como essa submissão acontece? Em primeiro lugar em relação as mulheres aos seus maridos: [89: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Ef 5.21.] 
As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.[footnoteRef:90] [90: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Ef 5.22-24.] 
Segundo Kathleen Nielson “submissão significa, literalmente, ser colocado sob. O termo carrega consigo o significado de se sujeitar à liderança ou autoridade de outro - nesse caso, o marido, que é o “cabeça” da mulher” [footnoteRef:91]. Essa palavra “cabeça” pode significar literalmente uma cabeça que está no topo do corpo ou, figurativamente, uma pessoa com autoridade. [91: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 183.] 
O significado mais evidente e imediato é que se uma mulher é chamada a se submeter a esse cabeça, é que o cabeça carrega a autoridade sob a qual a esposa se coloca. Esse significado de “cabeça” é confirmado primeiro por um claro paralelo estabelecido nessa passagem, entre o contexto do casamento e o da igreja. Paulo coloca dois relacionamentos (e duas cabeças) lado a lado: o marido é o cabeça da mulher, tal como Cristo é o cabeça da igreja. Assim como a igreja se submete a Cristo, também as esposas devem ser submissas a seus maridos, pois este relacionamento temporário e visível marido e mulher, aponta para um relacionamento eterno e invisível no presente, Cristo e a igreja.[footnoteRef:92] [92: Cf. Ibid. p. 184.] 
No aprofundamento destes dois paralelos Cristo – Igreja e Homem – Mulher o alvo máximo de Deus é revelado: o povo amado por Cristo, seu redentor, o cabeça, aquele a quem a humanidade deve obedecer e servir em amor para todo sempre.
A mulher como sacerdotisa do seu lar precisa, então, estar atrelada e balizada às Escrituras a fim de que possa exercer seu papel e suas múltiplas funcionalidades de forma hígida, nunca concorrendo ou usurpando de outrem, principalmente de seu marido. No lar todos em amor, exercendo com temor e tremor suas funções instituídas por Deus, colaboram juntos para a harmonia e o aperfeiçoamento do lar que agrade aos Pai das Luzes.
3.2
Da Igreja
Toda pesquisa bibliográfica realizada neste trabalho, nos conduz exatamente a esse ponto crítico: a mulher como sacerdotisa da igreja. Antes de prosseguir urge a necessidade de conceituar a igreja.
Considerando a igreja em relação aos papéis das mulheres e dos homens, tende-se a pensar nela como uma organização onde as pessoas precisam encontrar o seu lugar por um tempo, como se fosse meramente uma empresa, na qual as pessoas trabalham como funcionários.
A Bíblia, contudo, mostra a igreja como um organismo vivo: o corpo de Cristo ligado a Cristo, a cabeça. “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter primazia [footnoteRef:93].” Efésios 5.23 ainda ratifica: “porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.”[footnoteRef:94] [93: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Ef 5.22-24.] [94: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, Ef 5.23.] 
No momentoem que uma pessoa pertence a este corpo, sua identidade muda para sempre, tornando-se uma nova pessoa eternamente redimida, chamada “igrejas”.
A grande questão a ser respondida é: Como as mulheres cristãs podem encontrar seu lugar na igreja, junto com os homens e ainda assim agirem em conformidade com a bíblia?
Jesus mostrou pleno e igualitário respeito as mulheres e aos homens. Deus enviou seu filho para restaurar homens e mulheres em um relacionamento com ele e uns com os outros. Na tentativa de responder à questão em aberto, é indispensável avaliar as descrições feitas às mulheres nas epístolas do Novo Testamento, cartas estas inspiradas pelo Espírito Santo, escritas pelos apóstolos à diversos pastores e igrejas. Estes textos neotestamentários possibilitam a observação dos papéis das mulheres no cenário eclesiástico, bem como seus limites, segundo o perfeito regramento divino.
Em 1 Coríntios 11, Paulo mostra uma ordem entre a mulher e o homem que reflete a ordem entre Cristo e Deus. Este princípio central está na seção em que Paulo instrui a igreja de Corinto nas práticas no culto coletivo.
Vejamos o que Kathleen Nielson diz a respeito:
O ponto central de Paulo é que as distinções criacionais entre homens e mulheres devem ser respeitadas e afirmadas no culto. Ele aplica esse aspecto aos coríntios no que diz respeito ao uso de véus e ao comprimento do cabelo, que tinham significados específicos para homens e mulheres naquela sociedade. Esperava-se, por exemplo, que uma mulher casada cobrisse a cabeça, mostrando essa condição. A cabeça com cobertura era um sinal de identidade e respeito por seu marido-cabeça.[footnoteRef:95] [95: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 209-210.] 
No processo de notar a ordem e a distinção entre homens e mulheres, não há como perder de vista o que os homens e mulheres estavam fazendo:
Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu. Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deu, mas a mulher é glória do homem[...] Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?[footnoteRef:96] [96: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, 1Co 11.4-7,13.] 
Há clareza de entendimento que ambos, homens e mulheres, participavam do culto público de adoração por meio da oração e da profecia. Entendendo que oração é a comunhão direta com Deus em louvor e petições, a qual só se torna possível por Cristo, homens e mulheres cultuavam juntos a Deus em oração, ratificando na Igreja o propósito original de Deus ao criar homem e mulher à sua imagem e semelhança nas gênesis.
Entretanto, o que quer dizer profecia nesse contexto? Será que o apóstolo Paulo se refere ao mesmo tipo de profecia de Débora no ambiente veterotestamentário? Segundo Nielson, provavelmente não. Vejamos:
Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas entregavam a palavra inspirada de Deus, escrevendo-a enquanto eram levados a isso pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.21). Nos tempos do Novo Testamento, os apóstolos entregavam a palavra inspirada por Deus, escrevendo-a conforme eram dirigidos pelo Espírito Santo, tornando completa a revelação escrita de Deus.(Existem também falsos profetas em todos os tempos; eles entregam palavras não oriundas de Deus). Na igreja estabelecida sob as Escrituras completas de Deus; conforme o ensino de Paulo, hoje entendemos profecia como promulgada pelo Espírito Santo e entregue e uma congregação da igreja, mas sempre sujeita a avaliação e correção das Escrituras, sob a supervisão de presbíteros que julguem de acordo com o testemunho apostólico bíblico.[footnoteRef:97] [97: NIELSON, O Que Deus Diz Sobre As Mulheres, p. 211.] 
Os autores Wayne Grudem e Dan Doriani auxiliam no aprofundamento da questão do véu, apresentando alegações mais usados pelos igualitaristas e, ao mesmo tempo, propondo algumas devidas argumentações:
Assim como a igreja aprendeu que as mulheres não são obrigadas a cobrir a cabeça com um véu, como determina 1 Coríntios 11, precisa igualmente aprender que elas não têm de se submeter a seus maridos nem de abrir mão dos papéis de liderança na igreja a favor dos homens. Todas essas coisas eram simplesmente tradições que Paulo estava seguindo naquela cultura.[footnoteRef:98] [98: GRUNDEM, Confrontando o Feminismo Evangélico, p.158.] 
Segundo Grudem, à primeira leitura, esse raciocínio parece bastante razoável. Quando os leigos leem que Paulo exigia o uso de véus como era o costume da antiguidade e, ao mesmo tempo, constatam que poucas igrejas hoje demandam que as mulheres cubram suas cabeças, então se torna fácil racionalizar, segundo o autor, que de igual modo não devemos impedir as mulheres de ensinar a Bíblia à igreja, como faziam no mundo antigo.[footnoteRef:99] [99: Cf. GRUNDEM, Confrontando o Feminismo Evangélico, p.150.] 
Wayne argumenta que o apóstolo Paulo se preocupava com o uso do véu porque é um símbolo de alguma coisa a mais. O significado desse símbolo, porém, variará conforme o povo de uma dada cultura venha a entendê-lo, sendo, portanto, errado exigir hoje o mesmo símbolo se ele carregasse um sentido completamente diferente segundo Grudem.
O autor aponta que o mais provável para uma mulher usar o véu em Corinto do primeiro século era mostrar que era casada:
 Mas na atualidade, uma mulher que cobrisse a cabeça com um véu, não seria vista assim. “[...]a mulher casada usa uma aliança de casamento como sinal público de que é casada.[...]hoje as mulheres casadas não deveriam esconder as alianças de casamento nem desonrarem publicamente seus casamentos, de alguma forma, quando vêm à igreja. [...] Observem que não estou dizendo que “não temos mais que obedecer a 1 coríntios 11”. Antes, estou dizendo que a forma exterior de obedecermos à passagem pode variar de cultura para cultura, assim como o sinal físico que simboliza o casamento varia de cultura para cultura.[footnoteRef:100] [100: Ibid. p.160.] 
Concordando com Grudem, Doriani apresenta seus argumentos favoráveis ao véu no ambiente do casamento:
Quando maridos e esposas são mostrados juntos, as cabeças das mulheres estão geralmente cobertas. Usam xales de tecido em cima da cabeça, não véus no rosto. Mas meninas, moças, meretrizes e esposas imorais andavam de cabeça descobertas. Para uma adulta, cabelo curto poderia significar prostituição ou lesbianismo.[footnoteRef:101] [101: DORIANI, Mulheres e Ministério, p.77.] 
O autor crê que quando o apóstolo Paulo diz “Se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo”[footnoteRef:102], seus leitores sabiam que uma mulher com cabelo curto ou cabeça rapada foi humilhada, como castigo por adultério ou prostituição, por exemplo. [102: Atualizada, Bíblia Missionária de Estudo, 1Co 11.6.] 
Doriani conclui:
Quando Paulo manda as mulheres cobrirem suas cabeças, ele as incentiva a conservar os valores recomendáveis da sua sociedade. Elas não devem se vestir de maneira que tragam desonra a seus esposos. Se uma mulher não tem sua cabeça coberta, ela envergonha sua cabeça figurativa-seu esposo.[footnoteRef:103] [103: DORIANI, Mulheres e Ministério, p.77.] 
Em relação aos homens, o autor diz: “os homens raramente cobriam as cabeças em público, mas retratos romanos mostram que os homens da elite cobriam as cabeças durante atividades religiosas[...]”[footnoteRef:104]. Segundo Doriani quando Paulo proibiu homens de cobrir suas cabeças, era para não ostentar sua posição, pois causaria divisões e busca de “status” na igreja. Não usando nada na cabeça, eles proclamavam que Cristo é o seu cabeça. [104: DORIANI, Mulheres e Ministério, p. 78.] 
Segundo o autor “Se mulheres se recusam a cobrir suas cabeças, desonravam suas “cabeças” (ou seus cabeças) em dois sentidos: sua cabeça física e também

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