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Marcos Rodrigues 10 lições práticas para você desenvolver status e capital ainda na graduação 2 Marcos Rodrigues 10 lições práticas para você desenvolver status e capital ainda na graduação 1ª Edição Agosto – 2012 3 4 Dedicatória Para todos os estudantes que desejam viver num Brasil que realmente invista e valorize a educação de qualidade. 5 Agradecimentos Aplaudo a coragem de todos aqueles que se disponham a aproveitar o material contido nesta obra e de todos os que já vêm empenhando-se no próprio desenvolvimento pessoal fundamentado em princípios éticos. Aqui faço um agradecimento especial a meu pai, pela brandura e compreensão, pela pessoa tranquila e serena que é. Com ele, desde pequeno, criei o hábito de questionar o porquê das coisas e principalmente do meu papel no mundo. Agradeço à minha mãe, escritora, que me deu total apoio na construção desta primeira obra. Graças a ela, aprendi a importância do ato de pedir. Quando era mais novo e precisava de algum dinheiro, ou do carro emprestado, tinha que fazer um verdadeiro projeto dizendo-lhe em que iria investir, por quê e para quê, além de estabelecer um prazo para a devolução do dinheiro ou do carro. Depois de muito tempo percebi o quanto isso foi importante para aprender a estabelecer e cumprir metas a curto, médio e longo prazo. Agradeço aos meus amigos e colegas que colocaram em prática as ideias deste papo de universitário e que me proporcionaram centenas de horas de discussão sobre todas as temáticas aqui abordadas. Agradeço ao Ryotiras, que cedeu gratuitamente suas charges que ilustram esta edição, mais trabalhos dele no www.ryotiras.com Avancemos. 6 Introdução 01 A formação do capital social e o poder da comunicação 02 A escolha certa: O empreendedor de carreira 03 Um pouco sobre meu capital social. Dinheiro traz felicidade? 04 Afinal de contas, ter status é realmente importante? 05 As regras do jogo 06 Jogando o jogo 07 A dinâmica social e o erro como ponto de partida 08 Não ofusque os deuses 09 Proporcione oportunidades, aprenda a pedir 10 Visibilidade, popularidade e status 11 Revolucione no DCE / DA 12 Jogue na seleção da empresa júnior 13 Lidere associativamente 14 Crie seu dever de casa 15 Aprenda a atrair as pessoas certas 16 Supere a dúvida. Participe! 17 Crie suas regras 18 Social Networking 19 Referências 7 Introdução “Herói, pessoa notável por seus feitos ou capacidades que, em momentos de grande dificuldade, está pronta para agir, enquanto outras pessoas correm desesperadas ou ficam paralisadas. ( Marcos Rodrigues ) Diante dos desafios impostos pelo mundo do trabalho, você se sente paralisado ou pronto para a ação? Tem dúvidas ou acha que fez a escolha correta no momento de planejar sua carreira? Você já parou realmente pra pensar no que você quer pra sua vida? Você procura fórmulas para o sucesso enquanto ainda é estudante de graduação ou regras mágicas capazes de potencializar seu perfil acadêmico? Já percebeu que alguns dos grandes conselhos que recebeu na graduação, durante o ensino médio ou em qualquer fase importante de sua vida, dificilmente funcionaram? As pessoas são diferentes; logo, o que funciona para você pode não funcionar para mim mas, e se existissem regras que, apesar de não garantirem o sucesso, ao menos apontassem em direção confiável? Este livro se ocupa com elas. Avalie-as, levando em consideração o contexto atual: como essas regras se aplicam à sua realidade, de forma a tornarem-na mais produtiva e repleta de conquistas. As regras aqui contidas podem ajudá-lo a realizar seus sonhos. E enquanto você, leitor, estiver buscando realizá-los, busque também ajudar as pessoas que estão ao seu redor a realizarem os delas também. Sempre ao escutar ou ler algo relacionado a pessoas solidárias, lembro-me da figura do herói, pessoa com grande coragem para 8 enfrentar seus medos, que acabam inspirando modelos e exemplos a povos de diferentes culturas, constituindo-se em personalidades que traduz superação e inovação. Esse modelo é você? Antigamente, situações de guerra, conflitos ou competição eram as condições ideais para a realização de feitos heróicos. Hoje, com a mudança e evolução social, industrial e comercial dos povos e com o upgrade de códigos de ética, leis e normas de conduta, o herói está presente na figura do pai de família que sustenta mulher e filhos com um salário mínimo, no professor que leciona em quatro faculdades ou escolas para completar a renda familiar; no médico que vira plantão em cima de plantão sem comprometer suas atividades; nos estudantes submetidos a oito horas de trabalho para pagar a própria faculdade e ainda, forçados a não dormir durante a aula daquele professor enfadonho, à noite, no cônjuge fiel que vive em plena era do culto ao prazer, no qual as relações são descartáveis; no político honesto; no policial honesto; na mãe que também desempenha o papel de pai e, sozinha, educa e cria os filhos; enfim, em todas as pessoas que, pelo esforço pessoal, procuram desenvolver e dar sentido à vida de forma honesta e ética. Porém, a mídia tenta o tempo todo convecer-nos da ideia de o verdadeiro herói, por exemplo, ser alguém, tal como o participante do Big Brother, ou o político corrupto. Afinal, boa parte da mídia transforma essas personalidades em ícones de referência social, tornando-os verdadeiros heróis da geração pirata, ou anti-heróis. Além disso, usa e abusa da imagem feminina, transformando, com consentimento silencioso das próprias mulheres, seus corpos em objetos, com a erotização perversa e cada vez mais precoce, das crianças. Diante da corrida ao ouro, na qual cada pessoa parece ter seu preço, vivemos como loucos em busca de status e dinheiro para obter poder e, quase nenhum significado pessoal. Vendemos e 9 trocamos nossa força de trabalho e tempo de vida por algumas migalhas da empresa de alguém ou por um cargo público algumas vezes medíocre porque nos dá a sensação de segurança financeira. Somos educados por um sistema educacional falido em que não somos incentivados a pensar e sim a repetir conhecimento, formando um verdadeiro exército de mentes medianas. Por consequência temos medo de nos rebelarmos, de participar; abaixamos nossas cabeças como ovelhas no pasto à espera do comando do pastor; esquecemos que somos líderes de nós mesmos e responsáveis pelas próprias escolhas; buscamos as respostas nos outros, deixando de viver nosso sonho, nosso momento; esquecemos a voz interior em troca do signo do jornal do dia seguinte ou do amigo virtual que inexplicavelmente, supomos saber mais sobre nós do que nossos parentes, com quem compartilhamos o mesmo teto durante anos. Vivemos na sociedade em que delegamos a terceiros o direito de nos dizer quem somos e pra que viemos ao mundo. No Egito antigo, a arma de dominação era a força; escravizavam- se as pessoas pelo poder do mais forte. Na Idade Média, a escravidão, ou o domínio, era mediada pela coerção psicológica; o medo permeava as relações; o certo ou o errado, o preto ou o branco, o bem ou o mal transmitiam-se de modo dogmático; concebia-se o conhecimento como saber absoluto, sem lugar para a alteridade, a diferença; não se admitia discussão; o saber era ditado pela força do Estado teocrático. Depois, disseram aos escravos que seriam livres para, inclusive, oprimir e dominar outros escravos... Em plena era do conhecimento e da convergência, em vez de questionarmos a fonte da informação ou seja sua procedência se é confiávelou não, voltamo-nos, quase sempre, para o significado da mensagem, o que nos traz, muitas vezes, efeitos indesejáveis, 10 porque assimilamos todo tipo de informação como verdadeira sem filtros. Sabemos que os principais veículos da mídia constituem instituições de manipulação em massa, ditando normas, modas e crenças, criando ou descriando crises dos mais variados tipos. Dizem que a crise alimenta ou estimula o surgimento de ótimas oportunidades para os que têm comportamento empreendedor ou para aqueles que manifestam o sentimento de inconformismo com a realidade. As palavras da vez são inovação, mudança, quebra de paradigmas, “chutar o balde”, desobedecer, criar. Só há mudança para quem está inconformado, porque o satisfeito... está satisfeito. Meu objetivo aqui é convidar você, a fazer uma análise crítica da sociedade em que vivemos e da forma como o graduando diz “fazer” sua graduação, ou seja, o que está aprendendo realmente aí é relevante? Não estou preocupado com a geração que me sucederá, embora aposte alto nela. Preocupo-me aqui, agora, com minha geração, com nossa geração, porque ainda podemos fazer muito mais do que estamos fazendo. O jovem é o agora. O cenário atual não é fácil. A questão da empregabilidade é discussão certa nos centros acadêmicos em relação a qualquer faixa etária, mas não basta discuti-la em âmbito restrito, é preciso também cobrar dos governantes, projetos e ações que viabilizem mais oportunidades bem como meios para que cada um as utilize da melhor forma. Por mais que pareça óbvio, estamos em um cenário cada vez mais competitivo, aparentemente, com regras e leis claras que não passam de antigos paradigmas, prescindíveis no momento atual. O que escrevo aqui não é trabalho do acaso. Observei e explorei durante minha graduação oportunidades que, didaticamente, designo de “regras” completamente aplicáveis por você em qualquer instituição de ensino superior, e quanto mais cedo você 11 se tornar consciente delas, melhor. Penso os espaços acadêmicos como os principais ambientes de fomento para as futuras lideranças. Se você está satisfeito com sua atual situação social, este livro talvez nada lhe acrescente. Sugiro, pois, passá-lo para alguém não satisfeito com a vida que leva, já, se você for do tipo insatisfeito, vou te dar muitos motivos para a partir do momento em que concluir a leitura desse livro, nunca mais veja seu ambiente acadêmico com os mesmos olhos, o que te ofereço é a pílula vermelha, para que você possa começar a ver a matrix social em que estamos imersos o tempo todo. Aqui, abordarei alguns comportamentos direcionados àqueles que precisam dedicar-se mais às próprias vidas, que gostam de aprender novos caminhos e sentem-se responsáveis pelo protagonismo da própria história. Que o mundo se torne melhor, porque você está nele. Pense nisso. 12 13 A Formação do Capital Social e o Poder da Comunicação “Eu vejo aqui os homens mais fortes e inteligentes. Vejo todo esse potencial, desperdiçado. Que droga uma geração inteira de garagistas, garçons. Escravos de colarinho branco. A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas. Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis de que não precisamos. Somos uma geração sem peso na história, sem propósito ou lugar. Não temos uma Guerra Mundial. Não temos a Grande Depressão. Nossa Guerra é a espiritual, nossa depressão são nossas vidas. Fomos criados através da TV para acreditar que um dia seríamos milionários, estrelas de cinema ou estrelas do Rock. Mas não somos. Aos poucos tomamos consciência do fato, e estamos muito, muito putos com isso. (Tyler Durden. Clube da Luta.) Todas as pessoas, ao longo da vida, herdam crenças e valores por meio da formação familiar, escolar e religiosa, transmitidos pelo convívio com amigos e pela sociedade em geral. Trata-se de uma série de experiências, de imagens sociais introjetadas a 14 fundamentar o nosso comportamento. Essa herança é chamada de capital social. O capital social gera, inconscientemente, as crenças, as quais, por sua vez, determinam o comportamento que orienta a vida das pessoas. O comportamento parece singular, mas, na verdade, é mais grupal. O capital social predispõe alguns a tornarem-se mais ativos, mais decididos; outros a tornarem-se indiferentes às oportunidades, vítimas do sistema. Eu e você leitor conhecemos pessoas assim aos montes. A maior influência desse capital sobre as pessoas é geralmente exercida pelos pais ou cuidadores. O pai advogado pode influenciar o filho a seguir a carreira jurídica e jamais deixá-lo pensar em algo diferente. O pai empreendedor pode estimular o filho a assumir postura diferenciada diante do mercado, incentivando o comportamento empreendedor deste desde cedo. Uma família de empregados pode estimular os filhos a tornarem-se profissionais aptos a empregos bons, incentivando-os a trabalhar para outras pessoas, para grande empresa ou organização ou para o serviço público à busca da tão sonhada estabilidade. Talvez, leitor, você se enquadre em um desses casos. Na verdade, vivemos à procura de estímulos constantes. Nosso mundo está cheio de intenções e estímulos conscientemente manipulados por outras pessoas para fazermos alguma coisa. Meus avós educaram meus pais, que, consequentemente, me educaram. Entretanto, depois de identificá-los como transmissores de uma cultura tradicional, a qual nem sempre respondia às demandas exigidas pela atualidade em virtude da evolução social, econômica e tecnológica, pude perceber que é preciso, sem perder o respeito, desenvolver o olhar crítico para respondermos a essas demandas como sujeitos de nossa própria história, e não como sujeitos nela alienados ou figurantes de nossas próprias histórias. 15 A mídia – não há dúvida – constitui também um importante agente na formação do capital social: ela pode nos influenciar para comprar um carro ou para votar em determinado candidato; pode transformar-se num apelo para salvar crianças desabrigadas ou comprar mais chocolates na Páscoa; pode fazer-nos sentir bem por termos alguma coisa ou frustrar-nos por não termos alguma outra coisa da qual, na maioria das vezes, nem precisamos. Como você se sente, estando solteiro no dia dos namorados? De fato, o que caracteriza o mundo moderno é a persistência da persuasão. Estamos constantemente cercados por pessoas que detêm os meios, a tecnologia e o expertise a fim de nos persuadir a fazer alguma coisa com a qual não compactuamos ou da qual não precisamos, fumar ou tomar refrigerante, por exemplo. E essa persuasão tem alcance global. Enquanto isso, o acúmulo da riqueza por uma minoria e o empobrecimento da grande massa populacional do globo são o retrato acabado da desigualdade do sistema mundial moderno. Somos bombardeados, a todo momento, de informações sobre avanços tecnológicos e desenvolvimento econômico, porém não existe melhoria generalizada das condições de vida da população, porque a renda está concentrada. A contradição está justamente no contraste que o sistema capitalista produz entre o luxo e o lixo: a opulência do capital em contradição com a miséria, a fome, a violência crescente, frutos da concentração de renda. E somos condicionados e educados a acreditar que está tudo muito bem! Alguém cria imagens legais de uma realidade irreal. Ao final das notícias ruins no jornal temos os gols da rodada esportiva. Empresas com grande conhecimento sobre persuasão gastam milhões a fim de convencer o público de que fumar é atraente e desejável, ou que o país escolhido para sediar a próxima Copa do 16 Mundo beneficie realmente seupovo por exemplo. Só espero não lamentarmos no futuro que o mesmo dinheiro gasto na construção de excelentes campos de futebol poderia ter sido usado, por exemplo, para melhorar a qualidade da educação no Brasil. Usam-se propaganda perspicaz, imagens e sons inteligentes no sentido de colocá-lo, caro leitor, em estado positivo de sentimentos no qual fica mais fácil associar um produto qualquer a você. Graças à repetição continuada, a ideia de fumar se liga à fruição de vários estados desejáveis, o que traduz relação incongruente com a realidade do tabagismo. Não há nenhum valor positivo, quanto ao aspecto social, trazido pelo consumo desse tabaco enrolado num pedaço de papel, mas somos persuadidos pela mídia de que fumar é ser adulto e atraente. Portanto, não se admira que o consumo de cigarro tenha aumentado entre as mulheres. Afinal de contas, fumar é ser diferente, dono do próprio nariz. Certo? Errado. A relação de apego e necessidade que desenvolvemos com alguns objetos acaba submetendo-nos, escravizando-nos em virtude do valor emocional que lhes atribuímos. Certa vez, peguei um copo e o enchi de um refrigerante de cor preta e outro, de água! Quando joguei a água fora, as pessoas acharam normal o desperdício da água; mas, quando fiz o mesmo com o refrigerante, a reação foi de reprovação, claro. Agora, questionemos: O que o fato de colocar cancerígenos em nossos pulmões, em nosso estômago tem a ver com um estado desejável? De fato, os anunciantes criam imagens que, pela persuasão, nos levam a um estado receptivo, ensejando a experiência, implantando a mensagem em nós. Repetem isso na televisão, nas revistas ou no rádio. E assim criam moda, desenvolvem tendências e jogam as cartas marcadas para serem escolhidas “livremente”, pois na verdade, fomos condicionados à determinada escolha achando que escolhemos livremente. 17 Aprendi a fazer isso diversas vezes, terapeuticamente, de forma simples e direta, no curso de formação em PNL para curar fobias e desenvolver crenças positivas, por exemplo. A mesma técnica, porém, pode ser usada no sentido de promover justamente o contrário. Acredite, leitor: é mesmo possível! Por que a Coca-Cola gasta milhões em publicidade no produto conhecido em todo o mundo? Por que gostamos de futebol, fast-food e celulares do momento? Esses objetos simbólicos já são âncoras poderosas na cultura. Os anunciantes simplesmente transferem o nosso fascínio por pessoas famosas para seus produtos. Eles as usam no intuito de tornar-nos receptivos. Você, acha que os atores famosos usam produtos de terceira categoria que anunciam o tempo todo, nas mídias? Em qualquer propaganda efetiva ou campanha política, adota-se algo parecido com essa estrutura: primeiro, usam-se estímulos visuais e auditivos a fim de nos colocar no estado em que seus promotores desejam; em seguida, induzem-nos a adotar o produto ou a ação para a qual desejam persuadir-nos. Isso se faz reiteradamente, até o sistema nervoso relacionar o estado com o produto ou o comportamento desejado. Lembra-se da televisão? É ela a melhor fonte de distribuição de crenças a longo prazo. A boa propaganda vai atingir estes três sistemas sensoriais representativos: visual, auditivo e cinestésico. O ponto central aqui é: num mundo cheio de pessoas persuasivas, você também pode ser uma ou... aquela persuadida. Você pode dirigir sua vida ou deixá-la ser dirigida por outros. Mas convém lembrar, as pessoas que estão no poder são persuasivas. Quem não tem poder age conforme imagens e ordens de outros; submete-se ao desejo do outro, da matrix social que molda o seu capital social. 18 Na sociedade contemporânea, o poder se traduz na capacidade de comunicar e persuadir. Se você for persuasivo sem possuir carro, convencerá alguém a dar-lhe carona; se não tiver dinheiro, convencerá alguém a emprestar-lhe algum; se não tiver como pagar a passagem do ônibus, poderá viajar nele, de graça. Há várias estratégias para conseguir quantas vezes forem necessárias! Duvida? Se não quiser esperar a fila do banco, poderá arrumar uma forma de ser atendido rapidamente. A questão é: você pode, mas deve? A persuasão parece constituir-se na melhor técnica para promover qualquer tipo de mudança. Assim, mesmo com um bom produto ou com a melhor ideia, nada conseguirá se não tiver poder de persuasão. A vida consiste em: comunicar o que temos a oferecer. E aqui vai o conceito central que sustento: você não precisa ter dinheiro, status, um carro ou qualquer coisa transmitida pela cultura como bem necessário para fazer de sua vida um case de sucesso. De fato, isso também integra o conceito de que a mídia quer, a todo momento, desenvolver nosso capital social com base nos seus objetos de consumo: puro poder do tipo de influenciação mais eficaz e sutil. As pessoas manifestam – é verdade - sentimentos interessantes e diferentes sobre o poder o qual a algumas causa medo, inveja, concebendo-o como algo negativo. Porém, no mundo moderno a persuasão não é uma escolha,e sim fato presente na vida das pessoas. Alguém está sempre persuadindo. Organizações gastam milhões no sentido de suas mensagens saírem com poder máximo e habilidade para atingir o consumidor ou o público-alvo: VOCÊ. A diferença no comportamento das pessoas talvez seja a diferença referida entre “quem” é o mais persuasivo: você ou o traficante de drogas (lícitas ou não). 19 Se quiser controlar sua vida ou ser o modelo mais efetivo para aqueles com quem se preocupa, você terá de aprender como fazer. Se abdicar da responsabilidade, muitos outros estarão prontos para preencher a vaga. Em um dos diversos cursos de oratória, conheci um grande mestre que, falava sempre da importância de nunca se dar as costas à oportunidade de falar em público, por exemplo. O segredo, dizia, seria filtrar o que seria aprender a criar a oportunidade. Pelo exposto até aqui você pode imaginar o que esse comportamento de comunicação eficaz significará para você. Vivemos na era mais notável da história humana: mudanças que antes levavam décadas para ocorrer, hoje, levam poucos dias. Não há mais espaço para o paradigma fundamentado no argumento de que o sucesso financeiro exige necessariamente a conclusão de curso superior com notas excelentes, fluência em uma ou duas línguas estrangeiras, diploma de MBA, ou intercâmbio. Mais do que nunca, o mercado exige habilidades, e o poder está na mão de quem faz melhor e diferente. Além do mais, é evidente, temos mais estímulos e liberdade do que no passado e estamos todos conectados, interligados de alguma forma. Por isso devemos estar vigilantes, atentos naquilo que interiorizamos isso sustenta nossos objetivos, viabiliza nossos sonhos, estimula nossas crenças positivamente ou não sustenta nossos objetivos, inviabiliza nossos sonhos e desestimula nossas crenças positivas. Na era do conhecimento e da convergência, aquilo que representamos, conscientemente, tende a tornar-se interiorizado em grande número de pessoas. Essas representações afetam os futuros comportamentos de determinada cultura e do mundo. Assim, se queremos criar um mundo que fale de justiça, convém rever e planejar consistentemente aquilo que queremos fazer para 20 criar representações que nos fortaleçam em escala global sobre justiça. Durante a graduação de psicologia, percebi que poderia viver de duas maneiras: como os cachorros de Pavlov, respondendo a todas as ordens e mensagens, ou como sendo responsável pelas minhas próprias escolhas. Infelizmente, observei vários colegas de curso mais preocupados em utilizar as ferramentas do behaviorismo para a manipulação de pessoas do que de conhecerem a si mesmos. A propósito, alguém, certa vez, descreveu a propaganda como sendo “a ciência de controlara inteligência humana o tempo suficiente para tirar dinheiro dela”. A realidade é que alguns de nós vivemos num mundo de inteligências permanentemente controladas seja pelo professor, pelo governo, pelos pais, pelos irmãos, pelos amigos, pela namorada(o) ou por qualquer pessoa com habilidade persuasiva suficiente para nos levar a não pensarmos por nós mesmos ou criar situações de dependência emocional. A alternativa é inovar e promover a quebra de paradigma. Tornando- nos conscientes em relação ao fato de que estamos sendo enganados e controlados socialmente em algum nível. O controle social pode se caracterizar pela probabilidade de fazer ser obedecida uma ordem determinada, proveniente de uma parte ativa, endereçada a uma parte passiva, mesmo contra a vontade desta. Mas não basta à vontade de manipular, para que ocorra a manipulação, é necessário à disposição de obedecer dos destinatários das ordens. E que maneira melhor e mais prática de obter a disposição de obedecer dos destinatários das ordens, no dias atuais, do que manipulá-los através dos meios de comunicação em massa? A televisão, o rádio ou o jornal transmitem conhecimentos, valores, ideias, modos de pensar, agir e sentir, com poder sugestivo tal capaz de formar grupos de opinião pública. 21 Antes da globalização por exemplo, haviam maiores choques culturais devido ao encontro de povos de costumes diferentes tendo cada qual sua cultura, moda, costumes e movimentos sociais. E com os choques de culturas era mais fácil a visualização das realidades sociais. Encontrando uma outra realidade torna-se mais fácil entender que a sua realidade não é a única maneira de se viver, o que é difícil de se imaginar quando se foi doutrinado desde o nascimento para viver assim. Os choques culturais entre europeus e ameríndios e europeus e africanos não representaram uma troca de cultura e conhecimento e sim mais imposição e dominação, resultando na cultura basicamente homogênea que conhecemos hoje, imposição da realidade do forte para o fraco. Vivemos num mundo onde parece haver uma direção a cada estação. Se você for persuasivo, tornar-se-á criador de direções, diferente de quem só reage a grande quantidade de mensagens. Direções produzem destinos; portanto, é importante você estar antenado na direção da correnteza, a fim de não chegar à beira das cataratas do Iguaçu e descobrir que está num bote furado, sem remos e sozinho. O trabalho do persuasor voltado para o bem constitui-se em fazer o mapa do terreno e encontrar o caminho que leve a objetivos melhores para o grupo. Entretanto em nossa sociedade, embora as tendências sejam criadas por indivíduos extremamente inovadores e persuasivos, infelizmente, a maioria, deles são egoístas e ególatras o bem de um sobrepuja o bem do grupo. Todos nós precisamos aprender a lidar com isso. Então fique atento às ideias que compra, aos programas televisivos e a qualquer tipo de mídia informativa. Comece criticando cada linha aqui escrita, cada pensamento aqui exposto. Não se preocupe em acreditar, e sim em conhecer. 22 Dentro dos espaços acadêmicos não é diferente: encontramos um mundo perfeito, pronto, com ideias fechadas, onde mais se fala em inovar, mas normalmente se reprimem as iniciativas inovadoras; homens velhos vivem antigos paradigmas cristalizados em suas “perfeições”. Ali se acomodam alguns professores com suas fórmulas mágicas prontas, verdadeiras raposas prontas a dar o bote nas ideias de alunos criativos, aos quais, porém, falta o potencial necessário para tirá-los do papel. Qualquer tentativa de mudança incomoda-os e não é vista com bons olhos. Na maioria das vezes, também encontramos professores que dão a mesma aula há anos. Se você quer ser um graduando melhor, como um graduando melhor se comportaria? Observe seus colegas de graduação, boa parte deles faz exatamente a mesma coisa, como ser melhor se você também faz o que todo mundo faz? Talvez você tenha a resposta para essa pergunta na ponta da língua que é: estudar mais que os outros, certo? Errado. Pense nisso. 23 A Escolha Certa: O Empreendedor de Carreira “A pergunta errada: O que você quer dizer? Uma pergunta melhor: O que você pretende alcançar? ( Michael Sheehan ) É muito comum o graduando terminar a graduação e ficar com o sentimento de vazio, achando que não aprendeu nem realizou nada satisfatoriamente, isso acontece porque ele não fora persuadido o suficiente por si mesmo e talvez estivesse muito contagiado por ideias alheias à sua formação ou pela ideia de que o mercado de trabalho seria difícil. Então, esperou ficar pronto, só que esperou muito. Conheci vários estudantes de fisioterapia que, terminado o curso de quase cinco anos de formação, corriam para outros, como direito ou administração, porque o mercado naquela área, diziam eles, “é difícil”, então é assim, é difícil aí você corre para algo mais fácil? Responda com sinceridade à seguinte pergunta: você gerencia a sua carreira ou é influenciado negativamente pela família ou por algum artista da televisão para fazer o que faz, em outras palavras: você, por exemplo, queria cursar música ou dança, mas escolheu direito ou medicina, porque alguém lhe falou que estes cursos lhe abririam mais oportunidades de sucesso financeiro? Mas acredite: a história de pessoas bem sucedidas tem mostrado que o sucesso financeiro vem para aqueles que executam o seu ofício com brilho nos olhos; está intimamente ligado à emoção envolvida na crença positiva de se chegar longe, de querer crescer e realizar aquilo que faz seu coração bater mais rápido. Logo, tenha paixão pelo que faz; 24 procure investir em sua carreira com o mesmo entusiasmo proporcionado pelo passatempo favorito. Sua rotina profissional deve transformar-se em aventura emocionante. Você pode estar fazendo o melhor curso, na maior e melhor faculdade do planeta, mas, se isso não fizer seus olhos brilharem quando falar sobre ele, dificilmente chegará a algum lugar. Já, se você estiver fazendo o curso dos seus sonhos (mesmo que alguns o considerem medíocre) na pior faculdade do planeta, mas com o comportamento empreendedor, observando multidisciplinarmente, o caminho para o sucesso estará aberto. Construir uma carreira de sucesso significa ir além do tradicional, requer análise, escolha, reflexão, tomada de iniciativas, perseverança e ação. Portanto, planeje seu desenvolvimento profissional com cuidado, e assuma atitude dinâmica e empreendedora sempre. Empregos são dados e tirados, muitas vezes, por forças fora do nosso controle, mas sua carreira pertence a VOCÊ. Durante o curso de psicologia (formei-me em dezembro de 2011), ouvia colegas e professores dizerem que empreendedorismo não tinha nada a ver com psicologia! Mas na realidade, é o perfil empreendedor que o mercado de trabalho está absorvendo. Esse perfil diferenciado é que me fez subir ao palco de mais de 100 eventos em várias cidades do Brasil, para falar a um público de mais de 45 mil pessoas de todo tipo de formação, só entre 2010 e 2012, sobre o tema aqui desenvolvido. A maioria dos universitários e professores - por que não dizer brasileiros? - acreditam que empreender é ser dono do próprio negócio. Mas, alguma vez, você já pensou que, mesmo antes de qualquer coisa, você é o seu principal e mais importante “próprio 25 negócio”? Talvez você também acredite que ser empreendedor = ter empresa. E é o começo do equívoco. Para entender melhor o empreendedorismo vamos dividir em três modalidades: a) O empreendedor tradicional - o dono do próprio negócio, seja de alto impacto (cria novo serviço ou produto que acaba mudando a vida das pessoas), seja o mais comum faz o que alguém já faz; b) O intraempreendedor– o novo perfil dos empregados colaboradores ou como preferir chamar. Trata-se do profissional dos novos tempos. Para ele, não basta apenas trabalhar na empresa, é preciso vestir a camisa, entender os processos, melhorar os serviços ou produtos envolvidos, ou qualquer departamento da empresa. Esse funcionário está comprometido de corpo e alma com o negócio em que está envolvido, podendo mesmo criar ou associar-se a outras empresas, desenvolvendo departamentos novos. Normalmente tal perfil foca o resultado e prefere ganhar por isso – tema que caberia em outro livro; c) O empreendedor de carreira - indivíduo comprometido com a realização pessoal. Por exemplo: um estudante universitário. Ele sabe o que quer, e vai na direção dos sonhos e das metas enquanto constrói uma carreira de sucesso, entendendo e criando o diferencial competitivo na sua modalidade de atuação, aumentando seu índice de empregabilidade e gerando valor por onde passa. Fazendo aquilo que a maioria não está fazendo, quebrando paradigmas e criando o próprio dever de casa. Voltarei a isso mais adiante. Outro exemplo: alguém que estuda para concurso público. Você acha fácil obter classificação numa concorrência de cem para um? ou mil para um? Quem consegue faz alguma coisa que a maioria não faz, talvez seja estudar 26 enquanto outros se divertem. Afinal de contas, você encontrará pouca gente disposta a abrir mão de lazer em busca de sonhos, certo? Errado. Depende de sua rede de relacionamentos: você vai acabar atraindo para si aquilo que você é. Essas categorias quase sempre variam e misturam-se. O bom empreendedor de carreira, por exemplo pode tornar-se grande intraempreendedor, acumulando conhecimento suficiente que o transformará em empreendedor do seu próprio negócio. Em tudo isso, o que importa é entender que empreendedorismo implica em comportamento e comportamento é reflexo de habilidades e talentos natos ou não. A grande sacada consiste em desenvolvê-los ao longo de sua vida, de modo a gerar, seja onde for ou como for alguém pronto para agir. Quando motivados, conseguimos transformar ideias em ações. No entanto, não há necessidade de impor rigidez em nossas decisões. Devemo-nos permitir sempre a flexibilidade a fim de nos adequarmos, ao longo do processo de transformação, ao nosso plano de carreira, o qual deve ser coerente, de modo que todas as etapas de mudança se alinhem com a realidade profissional e com os desejos pessoais. Proponho, a seguir, algumas reflexões que podem ajudá-lo na escolha de sua carreira. Toda carreira deve ser vista como um negócio. Existe, sim, o objetivo de lucratividade, mas, antes disso, convém perguntar-se: “O que desejo realizar com paixão e amor?”. Só depois de responder claramente é que se deve estudar o mercado onde pretende atuar. Existem clientes para serem atendidos e toda uma estrutura de habilidades e competências que você precisa 27 desenvolver e atualizar constantemente, para não ficar fora do “jogo”. Depois de escolher o curso, não saia da faculdade sem ter a ideia clara daquilo que espera por você no mercado, ou seja, envolva-se com o mundo do trabalho durante a graduação de preferência no primeiro período. Quando me refiro ao mundo do trabalho, não significa necessariamente estar empregado. Sugiro começar a treinar um olhar de quem deseja intervir na realidade. Em outras palavras, se você influencia tendências e tem clientes, está no jogo. Durante minhas graduações, costumava lanchar de graça na cantina da faculdade, como? Indicava colegas para escolherem determinada lanchonete. Previamente, fechara um acordo com a dona do estabelecimento: indicaria, por dia, 5 a 8 alunos a consumirem lá, e não no concorrente. Isso deu tão certo, que começamos a fazer rodízio: eu e vários amigos revezávamos em relação a quem iria lanchar de graça em determinado dia da semana, apenas indicando amigos e persuadindo-os a escolher a melhor cantina. E se fosse para comprar determinada marca de camisa, carro ou celular? Pense grande. Não focalize só um objetivo; junte continuamente capital intelectual. Lembre-se de que todos os outros estudantes estão fazendo a mesma coisa: assistindo às aulas, em sua maioria ultrapassadas, com conteúdos não mais absorvidos pelo mercado, para chegarem em casa com o boletim brilhando. Crie o diferencial. Invista em seu capital social invista em suas habilidades sociais, por exemplo, comunicação, liderança, negociação, marketing pessoal, resiliência, persistência, positividade, validação, a fim de, em relação às pessoas ao seu redor, tornar-se alguém diferente, positivamente atraente. Afinal de contas, se você estiver estudando e dedicando-se ao que lhe dar prazer, por que ser uma 28 pessoa negativa? Pessoas negativas são insatisfeitas, porque não se encontraram, estão sonhando o sonho de outras pessoas. Não imagine apenas seu empregador como um cliente que deseja comprar algo útil de você, como seu tempo por exemplo. Imagine também sua namorada(o), seus amigos e familiares como algo parecido e, logo menos você vai entender como funciona. As pessoas buscam resultados positivos... o tempo todo! Então, seja bom em conseguir resultados positivos. Você pode estudar sua matéria preferida e apenas estudar sua matéria preferida. Você pode jogar seu jogo favorito e apenas jogar seu jogo favorito. Pode fazer café forte ou fraco e apenas fazer um café forte ou fraco, porém você pode aproveitar cada atividade dessas, para desenvolver habilidades pessoais que iram se tornar sociais e utiliza-las numa série de outras atividades em sua vida, e esse é o ponto. Pense nisso. 29 30 Um Pouco Sobre Meu Capital Social. Dinheiro Traz Felicidade? “-Como vai você? -Improvisando como sempre. (Marcos Rodrigues) Nunca fui picado por aranha radioativa, nem meus pais foram assassinados por criminosos para que eu pudesse justificar uma máscara ou qualquer fantasia de super-herói. A verdade é que, durante o ensino médio, o mais mirabolante que fazia, como a maioria de nós nessa fase, era simplesmente existir de uma forma... simples! Nunca fui o mais popular. Meu maior superpoder na adolescência consistia em contar histórias. Adorava falar sobre os livros que lera e contar as histórias a meus amigos; consequentemente, falava muito, o que, com certeza, não me transformava em um bom comunicador mas me dava boas oportunidades para exercitar. Também não fui um nerd, ou seja, não integrava nem o time dos CDF, nem o dos populares; estava no meio, na massa de estudantes invisíveis que passam despercebidos pelos professores seja na graduação ou no ensino médio todos os anos. Nesse período, a maioria de nós acordávamos cedo, praticamente arrastados da cama pelos pais, o que não significava desamor, e sim o zelo de quem se preocupava com o futuro do filho. Eis aí o problema do zelo em excesso: criação de ruído demais, desnecessário: a escola, segundo minha mãe costumava aconselhar-me: 31 Levante-se cedo. Arrume-se. Não chegue atrasado. Entre no carro e fique na escola, aí você vai aprender a ser alguém. Tire boas notas, você receberá uma educação de qualidade e poderá entrar em uma boa faculdade e, de preferência, na que não precisa ser paga; enquanto isso, a prenda uma ou duas línguas para conseguir ter o famoso diferencial competitivo. Submeta-se a estágios, para ganhar uma boa experiência e salário razoável, porque o importante nessa fase é adquirir experiência, pois, sem ela, você não terá nada. Depois de muito aprender, termine sua graduação e faça mais dois anos de pós-graduação ou, quem sabe? umMBA, caso seu pai ou sua mãe possam passar mais algumas horas sem dormir, para ganhar um pouco mais. Economia aqui, economia ali, quem sabe? sobre dinheiro suficiente para pagar sua pós- graduação ou seu mestrado naquele país legal, fora do Brasil, isso se você não conseguir uma bolsa de estudos. Finalmente, quando você terminar, aí, sim, vai ganhar muito dinheiro e ser feliz, porque, filho, embora todos procurem a felicidade numa sociedade capitalista, a felicidade é material. Eu acreditava nisso porque era o que ouvia em todas as reuniões de família. Via meus pais, diariamente, saírem de casa de manhã cedo e só voltarem à noite, a fim de proporcionar a qualidade de vida a mim e a meu irmão que eles mesmos não tiveram na nossa idade. Assim, nossa tarefa era relativamente fácil comparada a deles: acordávamos cedo, corríamos para a escola, fazíamos o dever de casa, aprendíamos tudo o que nos passavam e frequentávamos o curso de inglês. Tudo isso no sentido de obter classificação no vestibular e entrar em boa faculdade. Então, repetiríamos, de forma prática, todo aquele discurso ouvido o tempo todo. No entanto, eu era o tipo do adolescente problemático, que só fazia o que queria. Irresponsável, respondão, nem um pouco tímido, 32 extremamente falante e conversador. Só queria mesmo me divertir. E você? Não? Que pena! Aos 17 anos, concluí mediocremente o 2º grau, inclusive com reprovação por falta no 3º ano, porque, no meu entendimento, o que ensinava era bobagem não me serviria de nada. Essa razão pela qual cansei de saltar sobre o muro da escola, “matando aula”. Mas, enquanto isso, fazia um curso técnico em desenvolvimento de software e análise de sistemas ao qual não faltava, bem como me considerava um dos melhores alunos da turma. Nessa época, já estagiando em algumas empresas de tecnologia, comecei a perceber que, embora trabalhasse mais do que meu chefe, ele sempre ficava com a maior parte do lucro que conseguíamos com os projetos, e tudo o que eu aprendia na escola não me servia de absolutamente nada! Meu chefe, apesar de não saber muito de informática nem o que todos fazíamos, é quem ficava com o verdadeiro lucro, pois ele tinha algo que nós não tínhamos: os clientes. Além do mais, claro, responderia por toda aquela burocracia para manter a empresa em funcionamento e, enfim, ficava com as dores de cabeça. Durante os intervalos para o almoço, conversávamos sobre como captar clientes e quem sabe montar nosso próprio negócio, conversei com dois amigos, pedi demissão e procurei meios para iniciar meu primeiro empreendimento, pelo menos em teoria. A verdade é que, depois de pedir demissão, voltei a tocar violão, montei uma banda e entrei para o curso superior de ciências da computação, sem muito esforço. Concluída a graduação iniciei a pós-graduação porém, abandonei-a, o que, obviamente, quase enfartou meus pais. Decidi não mais estudar sobre computadores, queria algo mais. O dinheiro me trazia, sim, felicidade, mas só até certo ponto. Surpreendia-me, refletindo sobre a relação entre as pessoas. 33 Então, resolvi tomar coragem de jogar tudo para o alto e recomeçar. Psicologia, essa foi a escolha. Meu pai achava na época que era essa formação destinava-se a pessoas que queriam morrer de fome ou ser perdedores sem futuro para viver à custa dos outros o resto da vida. De fato, existe um fundo de verdade nisso, mas, afinal de contas, nasci para fazer a diferença, pensava eu. No fundo, sabia que meu pai estava errado. Estudei mais um pouco e passei na melhor faculdade de psicologia da cidade, em último lugar e no período dos remanejados para o turno da tarde. Assim, aos 23 anos, comecei minha nova graduação a contra gosto de todos os amigos, parentes e pessoas que me conheciam como o nerdzinho da computação. Enquanto isso, primas e primos e, se não bastassem, meu irmão mais novo, já estavam iniciando suas especializações. Como ocorre em toda boa família, acabava sendo comparado com eles ou com qualquer outra pessoa da mesma idade que estivesse dando orgulho aos pais. Então, ouvia constantemente: “Gastei meu dinheiro com você e todo esse tempo jogado fora”; - era meu pai quando estava preocupado com alguma coisa ou com contas a pagar e eu o entendia. De qualquer forma na faculdade pela segunda vez, minha vida mudou não apenas quanto à escolha profissional mais principalmente quanto ao relacionamento com as pessoas e quanto aos caminhos que vislumbrei. E considero essa uma das melhores e mais difíceis decisões que tomei nessa vida. Embora as perspectivas de ganho financeiro - comparando-se com a realidade anterior como aluno de computação - fossem ridículas, agora, sentia-me realizado em ter seguido meu sonho e não ter ficado acomodado com medo de recomeçar. Aquela sensação de autorealização dinheiro nenhum no mundo poderia pagar! A verdade é que o dinheiro ajuda-nos a materializar nossos sonhos e 34 a transformar nossas ideias em realidade, sempre vi essa força como uma facilitadora para que eu pudesse desenvolver competências sociais, gosto de ver o dinheiro como uma mulher bonita e atraente, que quanto mais você aprende a lidar com ela, menos você cai em seus encantos e cede a seus caprichos. Ela nos proporciona o poder de escolha, ajuda a abrir algumas portas e pode funcionar como ferramenta para resolver necessidades reais ou não, porém, nunca será a única solução possível para nos realizarmos. A fim de entender as outras soluções, convém compreendermos dois conceitos básicos: o primeiro concerne à sociedade de consumo e o segundo, à sociedade carente por atenção ou sociedade do espetáculo e a palavra chave para esse segundo ponto é entender a força que tem as pessoas que são boas em criar entretenimento a outras. Seja por meio de uma boa conversa, uma música, um blog, vlog ou qualquer coisa que sua imaginação permita. O que buscamos quando saímos para a balada? Quando ligamos a TV? Quando ligamos o computador? Quando saímos com nossos amigos? Namorada(o)? As compras? Porque um jogador de futebol ganha cem vezes mais que um professor universitário? Entretenimento, é ele que te mantém horas no facebook sem cansar e é pra ele que vai boa parte do seu orçamento mensal e tempo. Segundo a wikipédia, entretenimento é: o conjunto de atividades que o ser humano pratica sem outra utilidade senão o prazer. É o desvio do espírito para coisas diferentes das que o preocupam. Pode ser uma distração, um passatempo ou um desporto. Hora sabendo que, buscamos o prazer em tudo o que fazemos, porque não se tornar uma pessoa boa em criar entretenimento naquilo que estiver envolvido ou criando? 35 Então ir ao barzinho se tornou mais do que ir apenas ao barzinho para beber com os amigos, pode ser além disso, assistir ao jogo preferido ou as lutas do UFC, afinal de contas, quanto mais entretenimento o ambiente tiver e você tiver acesso, mais prazer você tem, mais tempo ficará no ambiente e consequentemente mais dinheiro vai gastar. Vamos voltar um pouco, na época em que fazia o ensino técnico e a graduação em computação, aconteceu o BOOM da tecnologia, e os profissionais da área eram divididos em duas categorias, os estudantes de computação padrão e os melhores estudantes de computação que às vezes se intitulavam de hackers, eram bons em invadir sistemas operacionais e uma serie de outras habilidades que você pode encontrar facilmente numa busca rápida no google e não é tema deste livro, mas é importante, você entender, mais dois conceitos centrais, os de sistemas e o de invasão de sistemas. Vamos imaginar sistemas sociais com suas dinâmicas sociais. Imagine sua faculdade ou universidade por exemplo, como um sistema social com sua dinâmica social própria, existe todo um mundo de variáveisque se relacionam entre si num padrão que se repete ininterruptamente. Professores, graduandos veteranos, graduandos calouros, coordenadores, serventes dentre outros e seus espaços ou ambientes, sala de aula, sala da coordenação, biblioteca, lanchonetes, estacionamentos. Dentro de cada ambiente desses acontecem rotinas particulares, ou seja, existe uma dinâmica considerada normal e singular acontecendo naquele ambiente, por exemplo, você não estaciona seu carro dentro da sala de aula, da mesma forma que não assiste aula no estacionamento. Cada espaço desses contém um conjunto de regras, que as variáveis utilizam para coexistir de forma que todo o sistema funcione coerentemente nos horários pré-estabelecidos e dando os resultados esperados. 36 Era dessa forma que via minha graduação de Psicologia, a pergunta que me fazia era: Como poderia hackear, aquele sistema educacional (social) e tirar o melhor proveito dele? Enquanto estudante de computação aprendera a programar o software para funcionar congruentemente e dar vida ao hardware, enquanto estudante de psicologia estava prestes a iniciar meu aprendizado em como programar o software (mente) para tirar o melhor desempenho do hardware (corpo). Como reconhecer, modificar e ajudar as pessoas a modificarem seus próprios softwares para versões melhores de si mesmas? (sistemas de crenças pessoais). Essas eram as metáforas que usava e foi dessa forma que esse livro surgiu, observar graduandos de sucesso e estudar a dinâmica social dentro das instituições de ensino superior, de modo que pudesse tirar o melhor proveito de minha graduação para promover meu planejamento de carreira baseado em metas pessoais. Enquanto estudante de tecnologia, aprendi as famosas linguagens de computação da época (C, C++, Delphi, Java, ASP, PHP dentre outras) para inserir dados e desenvolver softwares, enquanto estudante de psicologia, percebi a importância de se desenvolver uma comunicação interpessoal eficaz para inserir informações e aumentar meu poder de persuasão enquanto aprendia as teorias padrões da psicologia (Behaviorismo, Psicanálise, Gestalt, TCC dentre outras) , cada graduação tem sua linguagem própria, perceba qual faz sentido a sua formação e invista nela, porém independente disso, desenvolva sua comunicação inter-pessoal torne-se bom em lidar com pessoas. Pense nisso. 37 Afinal de Contas, Ter Status é Realmente Importante? “Nunca é demais dizer obrigado. (Jeff Zucker, presidente da NBC Universal.) Certamente você, leitor, já deve ter visto ou ouvido falar alguma coisa sobre marketing pessoal. Por sua vez, a universidade nos seduz com a ideia de que a vida real é um oásis no qual o puro talento e bom curso são o suficiente. A atriz Meryl Streep, em entrevista, afirmou: “Pensei que a vida seria como a universidade, mas não é. É como o ensino médio”. Sim, a vida é como o ensino médio. De fato, as coisas que nos tornavam populares começam a ter novamente importância. O graduando competente e agradável atrairá muito mais colaboradores do que o brilhante, o nota 10, mas socialmente deficiente. Portanto, para adquirir status, antes de nos tornarmos profissionais, precisamos ser agradáveis àquelas pessoas com as quais nos sentimos bem. Sucesso hoje é muito mais uma questão que implica personalidade e comportamento do que necessariamente capital intelectual. O status é reflexo de atenção e, consequentemente, atração. E parece evidente que a mídia trabalha com esses conceitos o tempo todo. O produto mais vendido é aquele que gera no cliente o conceito de status e valor agregado à compra. As mídias televisivas precisam o tempo todo manter a atenção do consumidor a fim de vender seus produtos e criar “conexão”. Em nossa sociedade, o valor atribuído ao carro do ano, ao melhor celular, à melhor roupa é compartilhado com aqueles que se utilizam desses objetos, os quais conferem status social a determinado público. Ao mesmo 38 tempo em que consumimos tais produtos, mesmo sem precisar deles, automaticamente atraímos a atenção de outros que desejam os mesmos objetos. É como atualizar seu perfil no facebook, constantemente, com fotos interessantes e frases de efeito que, no fundo, induzem as pessoas a acharem que você é aquilo, quando, na maioria das vezes, não é. Imaginemos que, no ambiente acadêmico (universitário), essa sociedade de consumo e carente por atenção está aí o tempo todo. O estudante que conseguir desenvolver habilidade para transitar em vários espaços, desde a sala dos professores até as salas de aula, com outros alunos de outros cursos, certamente estará expondo-se mais e, consequentemente, abrindo portas para a promoção de atividades inimagináveis. Quanto mais se tornar diferente e “especial” dentro desse espaço compartilhável com outros estudantes, professores e empresários em diversas atividades, geralmente, no mínimo, por dois anos, melhor para seu desempenho profissional, independente do curso escolhido. O ponto aqui é aprenda a investir no seu marketing pessoal; aprender a poupar e a investir em si mesmo; aprender a economizar e a estabelecer orçamento adequado a sua realidade. Para poupar, é preciso cortar o supérfluo. Mas o conceito de supérfluo é bastante relativo, porque ele que nos dá, de certa forma, a graça na vida. Ninguém sente prazer de pagar juros, atrasar um pagamento ao banco; porém conversar com os amigos após o término das aulas, no barzinho da esquina, sim! O dinheiro gasto com esse supérfluo é o objeto de desejo da maioria das empresas do prazer a curto prazo e da propagadora do “tenha status”. Por exemplo, você, algum dia, caro leitor, possuiu um celular simples que fazia basicamente a mesma coisa que o modelo mais moderno faz por um valor muito maior? Investimos no 39 supérfluo, porque, além de nos trazer satisfação, gera status pelo poder do consumo. É bem verdade que, em nossa vida pessoal, não somos muito racionais. As emoções, muitas vezes sobrepõem à razão. A faculdade afetiva interfere nas decisões o tempo todo. Daí a diferença significativa entre querer e desejar algo. O desejo é dimensão inconsciente da subjetividade; é ele que move muitas decisões. Sabemos, por exemplo, que não devemos fazer algo, mas acabamos fazendo por desejar. Isso se sobrepõe à razão. Já querer refere-se à ordem consciente da subjetividade, requer responsabilidade. Assim, após avaliarmos se algo é realmente necessário, decidimos adquiri-lo ou não. O segredo não é evitar o desejo, mas pensar de forma responsável e consciente sobre o querer. Há muito de psicologia na gestão das finanças. E você, caro leitor, por acaso, duvida de que os sistemas bancários e as mídias de divulgação de serviços e produtos não sabem disso? Além de saberem, usam o tempo todo o conceito básico do marketing “atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca.” (Kotler) e dele abusam para atingir todos os públicos, sobretudo os jovens, que tendem a ser menos racionais, pelo menos em tese. Observamos o tempo todo o marketing superando a verdade e a vontade. A sociedade de consumo, carente de atenção, está diariamente ligada a isso. Entender o funcionamento do jogo social para aprender a lidar com essa sociedade é a regra de ouro. Você, leitor, só poderá jogar bem se souber como agir e como transformar tal realidade em algo a seu favor. Status é algo importante para nossa sociedade porque te permite acessar locais e ser visto de maneira diferenciada, esse status se conquista com resultados positivos 40 dentro de sua área de atuação ou através de comportamento adequado. Pense nisso.41 42 As Regras do Jogo “A forma mais significativa de diferenciar sua empresa da concorrência, a melhor forma de destacar você da multidão é realizar um trabalho excepcional com as informações. A maneira como você coleta, gerencia e utiliza as informações determina se você vai vencer ou perder. ( Bill Gates, presidente da Microsoft.) Uma das dificuldades da maior parte das pessoas é implementar o que boa parte dos gurus das finanças ou “grandes jogadores” têm a dizer, como, por exemplo, Kiyosaki, escritor do best-seller Pai rico e pai pobre. Ele recomenda que as riquezas sejam acumuladas na forma de imóveis, invenções que gerem royalties. É fácil dar um conselho assim: “Em vez de ir trabalhar todo dia, compre uma padaria, coloque funcionários e um gerente e faça o dinheiro trabalhar para você”. Mas a distância entre as pequenas economias da classe média predominante e o capital necessário a fim de fazer grande investimento - comprar um imóvel ou alugá-lo para montar um negócio, por exemplo - é praticamente inviável. Vivemos numa verdadeira “matrix” social, processo que nos aprisiona e nos condiciona a ser o que somos. Ficamos sem alternativa, continuamos comparecendo ao emprego diariamente para pagar contas, investir em coisas fúteis e perpetuar o processo pessoal de limitação de riqueza. E, por trás de boa parte do discurso de estímulo ao empreendedorismo, da superação pessoal e das políticas públicas 43 medíocres, existem verdadeiros truques de marketing e de psicologia, por meio dos quais somos educados durante a vida e, por intermédio da mídia, condicionados a manter, por exemplo, a classe média onde ela está. Vamos imaginar, por breve momento, que a vida é um jogo. Quando estamos envolvidos na luta diária da existência, tendemos a não considerar o fato de que há alegria em viver. Duvidamos da existência de algo como divertimento quando estamos trabalhando, por exemplo. É muito fácil ver um jogo em termos de futebol, mas não é fácil ver a vida como um jogo quando nos obrigam a levantar cedo, ganhar pouco e trabalhar muito. A vida, independente do seu tom, pode ser vista como um jogo, no qual os elementos da própria vida constituem os elementos desse jogo. Então, a eficiência em qualquer atividade poderia ser definida como a capacidade de jogar o jogo à nossa disposição; a ineficiência, ao contrário, a incapacidade de jogá-lo. Assim, a entrevista de emprego, a busca por notas boas na faculdade, os relacionamentos, a falta de educação financeira para os brasileiros, a falta de educação de qualidade, todos têm regras que exigem dos participantes habilidades específicas para vencer ou controlar a situação até o fim do embate. Todo jogo consiste basicamente de três elementos - liberdade, barreiras e propósitos - e nele sempre existe a necessidade de haver um oponente ou inimigo. Assim, é necessário o jogador manifestar singularidade suficiente para lidar com determinada situação e desenvolver um propósito para jogar, o que, exige oposição ou propósitos que impeçam sua realização, pois precisamos estar em relação de alteridade. Sempre existem os parceiros e os concorrentes, todos com o mesmo objetivo: ganhar. 44 Num jogo, o oponente atua como fator descontrolador; se não, saberíamos exatamente como o iria desenrolar-se e acabar. E isso não seria jogo nenhum! Se uma equipe de futebol fosse completamente capaz de controlar a outra equipe, não haveria jogo ou competição. O detalhe importante aqui é: abra seus olhos e comece a questionar “Quais são as regras do jogo que estamos dispostos a jogar? Como podemos nos dar bem? O que é preciso fazer? Quem está jogando também? Como os outros jogam? Quem é o melhor jogador? Podemos modelar o comportamento dele? Como? O jogador mais experiente pode nos ensinar? Os jogadores trapaceiam? Se sim, como trapaceiam? Existe a carta saída livre da prisão”? Se sim, como conseguir?” Quando estamos prestes a participar de um novo jogo, temos duas opções: aprender com um jogador mais experiente ou aprender lendo o manual do jogador. Meu jogo, por exemplo, é me tornar um dos psicólogos mais influentes de minha geração. Então, quem são os melhores jogadores ou onde conseguir os melhores manuais para aprendê-lo? Existem cursos de qualificação que podem ensinar-me a jogar melhor ou me proporcionar cartas na manga? Posso aliar-me a outros jogadores e fazer parcerias? Outro detalhe importante é que, em nossa sociedade, o fato de não haver tempo disponível dá certo ar de importância aos jogadores, porque criamos a ideia de que, se temos tempo, isso não é suficientemente interessante. Então é preciso mesmo trabalhar muito e ganhar muito, a fim de conquistar independência financeira, pra fazer sobrar tempo. As regras são simples. A maioria das pessoas, no Brasil e no mundo, levanta-se cedo em busca da tão sonhada independência financeira ou da realização pessoal - ou você tem isso, ou está fora. É essa a máxima que escutamos e pela qual somos bombardeados a todo momento. 45 Vivemos num clima de tensão de desemprego, que termina, de certa forma, assustando-nos, estressando-nos, criando mal-estar não só naqueles que estão fora do mercado como também nos que já estão dentro. O desemprego faz os menos preparados submeterem-se a trabalhos medíocres, ganhando pouco, e em alguns casos, a humilhações. Esse é um dos preços que paga por não saber jogar adequadamente ( querendo ou não, sabendo ou não). A palavra trabalho vem do latim, tri palium, “três paus”, que é um instrumento de tortura. O sistema dominante fez do trabalho seu principal valor. Nós, os escravos sociais, devemos trabalhar cada vez mais para pagar a crédito nossa vida, que, na maioria das vezes, é sem graça e a prazo. Esgotamo-nos no trabalho, perdemos com ele a maior parte de nossa força vital e caímos na ciranda do consumo: trabalhar para consumir. Nosso desejo de ter produtos e serviços cada vez mais caros - carros do ano, celular da moda, roupa de marca, dentre outros - vai aumentando gradativamente. O sistema entende a regra do jogo tão bem, que, no sentido de manter tudo funcionando capitalisticamente oferece até a forma de pensar pronta, ou seja, não precisamos pensar por nós mesmos, porque a persuasão propagandística nos diz: “Compre a prazo e use cartões de crédito”. Encontramos em canais de televisão aberta o que devemos vestir, comer; como nos devemos comportar; e o principal: a sugestão subliminar de que devemos aceitar tudo, não reclamar de nada, ser passivo, obedecer sem reclamar. Ainda quanto ao desemprego, o que dizer da situação financeira dos estudantes no Brasil? Você, leitor, já percebeu a dificuldade de encontrar um espaço no mercado de trabalho, razão pela qual o 46 estudante precisa aprender a desenvolver, independentemente do curso, comportamento empreendedor, já que a maioria dos estudantes acredita no velho paradigma do mito do sucesso: apenas só depois de concluir cursos exaustivos de graduação, de falar fluentemente várias línguas e terminar uma pós-graduação, aquele jovem poderá realmente ganhar dinheiro. Na verdade, porém, a graduação vai acabando e a angustia vai aumentando. Entretanto, enquanto alguns graduandos aguardam a conclusão desse ciclo, existem outros que ainda no inicio da graduação ganham muito mais dinheiro e reconhecimento por meio de seus próprios projetos. Conheço vários graduandos que, ainda na faculdade, conseguiram mudar sua realidade em curto espaço de tempo, por meio de ideias e de ações próprias. Acredite em você mesmo e faça diferente. Se tiver tênis surrado, calça jeans rasgada e uma ideia brilhante, poderá tornar-se o “cara”. Uma outra estratégia no jogo da vida largamente utilizada pelogoverno e empresas é o FALSO paradigma da empregabilidade. É muito comum escutarmos coisas assim: “Se fulaninho que era pobre, miserável, saiu de onde saiu e hoje ganha milhões, você também pode”. Certo? Errado. Esse argumento tenta esconder a triste realidade mundial, no qual governos corruptos não promovem condições de educação, saneamento básico, condições mínimas de existência entre todas as classes sociais, por exemplo. E aí nos iludimos quando, no universo de um milhão de pessoas, uma consegue se dar bem. Dessa forma o governo transfere para você, cidadão que paga impostos altíssimos, total responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de sua vida, quando, na verdade, o governo é quem deve exercer o papel fundamental no que tange a disponibilizar oportunidades para todos de forma justa. O mesmo acontece dentro das empresas, quando se transfere toda a responsabilidade aos funcionários pelo sucesso ou fracasso em suas carreiras profissionais. Como se percebe, é necessário termos 47 um olhar amplo, afinal tal questão compete a ambos: governo e cidadão. Ao cidadão cabe criar e aproveitar, da melhor forma possível, todo seu potencial; ao governo compete criar condições favoráveis ao aperfeiçoamento e à criação de oportunidades legítimas. Portanto, devemos exigir de nossos respectivos representantes políticos projetos e investimentos adequados à realidade de nossa cidade. Quando certos líderes nos ensinam a não nos rebelarmos ou não reinvidicarmos um direito, a não exigir, estão recorrendo a mecanismos que o sistema usa para manter o jogo sempre a favor de uma minoria que continua ditando as regras. A propósito disso, quantos colegas e amigos estão estagiando de forma irregular, mas aceitam essa situação calados, coniventes, porque parece ser a única oportunidade ou alternativa de se manterem empregados? Enquanto isso, infelizmente a maioria das IES (instituições de ensino superior) ainda não mostraram a importância da multidisciplinaridade aos estudantes e do desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Então cabe aos próprios estudantes saírem de sua zona de conforto e decidir o que deseja. No geral, o que se chama de empreendedorismo não passa de uma disciplina na qual se aprende a elaborar plano de negócios, o que, no final das contas, é o menos importante. Na verdade, você tem aula de negócios com professores que nunca tiveram um empreendimento na vida - pessoas teóricas dando aulas para uma realidade prática, que é bem diferente. Se você não tiver uma ideia interessante nem comportamento agregador, o melhor plano de negócios do mundo não irá levá-lo ao outro lado da esquina. E mais: a maioria das IES entende que o empreendedorismo se restringe a alunos de administração ou de engenharia, porque esquece, como já discutimos, que existe o intraempreendedor, o novo perfil 48 comportamental dos empregados, ou o empreendedor de carreira. A maioria dos calouros entram nas faculdades cheios de sonhos e sem informação suficiente sobre os cursos; então, argumentos como “Não gostei do curso”, “Vou trocar”, ou “Pensei que fosse A e é B” são comumente ouvidos. Esse é o comportamento típico do estudante padrão, contaminado com o antigo paradigma do “Tire notas boas e você será alguém”. É como o jogador que pede dicas a outros jogadores medíocres e despreparados. E o tempo vai passando, chega-se ao término do curso e a maioria se dá conta de que não fez nada ou não fez o suficiente - o professor finge que ensina e o estudante finge que aprende. Além do mais, boa parte dos professores adota métodos de ensino ultrapassados, são péssimos jogadores. Quantas vezes encontramos aquele professor poço de conhecimento, mas que não sabe ministrar a aula? Nossa geração não mais aceita o costumeiro “café com leite”, só aula não basta. O desafio da empregabilidade atinge todas as classes sociais, ao mesmo tempo, muitas pessoas sentem que podem fazer mais e percebem a necessidade pulsante de transformação pessoal. Essas vão entender melhor as regras do jogo, a importância de afinar seus instrumentos constantemente. Ser bem-sucedido, depois de formado, conforme a imagem culturalmente vigente, é quase obrigação de todo graduando, embora isso não corresponda à realidade, o que gera sentimento de frustração na maioria dos estudantes. O desafio e o diferencial consistem em o estudante procurar dar-se bem ainda na condição de estudante, comportando-se como profissional - DENTRO DO MERCADO DE TRABALHO, porque é dentro dele e fora das 49 universidades que ele encontrará a maioria dos melhores jogadores para trocar experiências e aprender jogadas mais interessantes. Desenvolver status e adquirir capital social e intelectual são inegociáveis para o sucesso profissional nesta sociedade de conceitos e valores distorcidos. Por que um jogador de futebol ganha cem vezes mais que professores graduados com mestrado, doutorado e pós-doutorado? Isso acontece porque ele tem maior habilidade de criar atração e status sobre si mesmo, ao mesmo tempo em que gera entretenimento. Em outras palavras o jogo do jogador de futebol cria mais entretenimento e atrai mais atenção do que o jogo do professor pós-doutor na maioria dos casos. No curso de oratória que ministro, destaco quatro pilares básicos para qualquer apresentação, comunicação ou abordagem eficaz: entretenimento, ensinamento, informação e motivação. Mais de 90% dos professores fazem uso apenas de informação, nas aulas e apresentações em sala, em geral, focalizam-se o ensinar e o informar despreza-se o motivar e o entreter, diferenciais de qualquer bom comunicador. Essa é uma razão por que aprender através da Internet se torna, por vezes, muito mais interessante do que assistir à maioria das aulas. Gerar entretenimento é a principal característica procurada pelos serviços de Internet e a mídia de uma forma geral. Informar e ensinar com motivação e entretenimento criam seguidores e fidelizam clientes. Hoje se fala muito em inovação. Sempre que ouço alguém falando sobre esse tema, questiono-me: como inovar? Saber que precisamos inovar é a modinha do momento. O desafio é ensinar o real conceito de inovação ou recriar produtos e serviços, a famosa destruição criativa que o empreendedorismo clássico tanto defende. Para criar, é necessário estar informado sobre o que se 50 deseja mudar; estar de olhos abertos a novos modelos e, sobretudo, estar inconformado com a realidade vigente. Pessoas conformadas não inovam, porque a realidade momentânea lhes satisfazem. Mas, como querer uma geração inovadora, se somos educados a todo momento para SERMOS JUSTAMENTE CONFORMADOS? Quer inovar? Então coloque, caro leitor, um pouco de inconformismo no seu repertório, é impossível ser inovador e conformista ao mesmo tempo. Você terá que escolher... Embora a criatividade seja uma habilidade extremamente importante, pouco se fala nos ambientes acadêmicos, as ementas de alguns cursos de graduação são medíocres, limitantes e desestimulantes. Sendo assim, por que as IES não investem nos estudantes, em cursos de extensão no sentido de promover habilidades quanto à empregabilidade, liderança, negociação, a vendas, à comunicação e a tantos outros temas importantes para qualquer graduação? Devo as minhas conquistas pessoais 80% não às disciplinas do curso, mas justamente àquelas que procurei fora do espaço acadêmico. Se você, leitor, cursar dois, três ou quatro anos de uma graduação qualquer e, ao final, perceber que não seria aquilo que gostaria de seguir, quem será o maior beneficiado: você ou a instituição, que faz parte desse conceito “excelente” de educação no Brasil? Como em todo bom jogo, o fator sorte também é condição importante para a vitória ou derrota de qualquer player, porém,no jogo do mercado de trabalho, quanto mais preparado você estiver, mais você terá. Informação de qualidade lhe poupa dinheiro e tempo. Pense nisso. 51 52 Jogando o Jogo “O patrimônio de uma empresa desce pelo elevador cada noite. (Faifax Cone, publicitário.) Educação, na verdade, é um negócio lucrativo, e você precisa aprender a tirar proveito dele. Observe como o número de faculdades particulares tem aumentado consideravelmente, em todo canto do pais. Concorrentes entre si, precisam, a todo instante, criar diferenças competitivas a fim de, mais uma vez, gerar atração e entretenimento ou motivar e entreter bem como manter o estudante matriculado. Mas é esse estudante que vai dar o reflexo real da qualidade do serviço oferecido por determinada faculdade, ou seja, quanto mais estudantes brilhantes, mais sucesso ela terá. Caiu a ficha? Ainda não? Então, vamos lá! Exemplo simples: quantos amigos seus estudantes do 2º grau passaram no vestibular de faculdades públicas, com as melhores notas e rapidamente a escola ou o cursinho tratou de tirar sua foto, fazer entrevistas com eles e aplicar sua imagem em outdoors, panfletos ou cartazes? Com a faculdade é a mesma coisa. Fato: o garoto-propaganda da faculdade A, B ou C é o próprio estudante de sucesso que ali está matriculado. Conheço vários casos de alunos que obtiveram o 1º lugar em algum concurso, ou em campeonato de conhecimento, por isso foram convidados por faculdades particulares a estudar em seu campus, de graça ou com um belo desconto. Você duvida disso? Então, se 53 você estuda em IES particular, procure saber qual a forma de pagamento dos alunos-estrela. Se não pagam menos do que a maioria, não estão sabendo utilizar seu status de forma rentável; se ainda pagam os 100% referentes à mensalidade, está na hora de começar a pensar “fora da caixa”. Então, se você é um ótimo estudante, com um diferencial no mercado de trabalho em relação aos outros, escolha onde quer estudar e quanto vai pagar à instituição para tê-lo ai dentro. A ideia é ser patrocinado por ela para agregar valor a sua estrutura acadêmica tal qual os esportistas fazem com empresas de produtos esportivos. Caiu a ficha? É o graduando que forma a faculdade ou a faculdade que forma o graduando? Depende do graduando... e da faculdade. Para o graduando “fazer” a faculdade, precisará ser diferente. Harvard, por exemplo, é altamente conceituada, porque, um dia, um professor universitário, que tinha sido um aluno habilidoso, juntou outros professores habilidosos e resolveram fundar uma universidade onde só entrariam estudantes com potencial de dominar, persuadir e influenciar outros. Mas, aqui no Brasil, a história é diferente: um professor habilidoso ou não, convida outros professores, com algumas habilidades ou não, para criar faculdade ou cursinho particular a fim de ensinar pessoas a continuar sendo controladas, formar o velho e bom empregado, porque sabem que a educação no Brasil é um negócio rentável. Já viu, como se processa a seleção de estudantes em boa parte das IES particulares? Vestibular agendado ou vestibular na HORA! Já observou o mercado lucrativo dos cursinhos preparatórios para concursos? Eles ganham muito dinheiro, alimentando o sonho da tão amada e idolatrada segurança financeira prometida pelos concursos públicos. Então, para tornar determinada instituição mais atraente, tentam agregar a seu serviço valores e conceitos. Você já ouviu falar sobre 54 cursos a distância, a famosa EAD? Fórmula mágica para se ganhar muito, investindo pouco. A massa estudantil não absorvida pelas IES públicas busca as particulares e começa o desafio da escolha face à grande diversidade. Qual o critério de seleção? Qual faculdade particular seguir? A mais perto de casa (comodidade)? A com melhor conceito no mercado (status)? Ou a mais adequada a sua condição financeira (valor das mensalidades)? A melhor faculdade particular é aquela que consegue agregar boa localização a bom conceito, que tem professores capacitados e oferecer condições de pagamento flexíveis. Já percebeu a quantidade de IES que estão mudando para o modelo Escola de Negócios? Trata-se da tentativa de atrair mais alunos, prometendo estágios e empregos garantidos no mundo dos negócios (ri alto quando escrevi isso). Daí, a estratégia secundária será captar os alunos talentosos e se possível, os líderes associativos. Isso porque que onde há um aluno com o diferencial, existem outros, pelo menos teoricamente, formadores de opiniões, que conseguem levar para sua faculdade amigos e colegas que admiram suas realizações e, frequentemente, colocam o mérito na instituição de ensino, embora essa tenha contribuído muito pouco. Assim, o graduando não poderá ser apenas mais um no meio do campus de sua universidade ou faculdade; precisará tornar-se alguém e deixar claro, por meio de atitudes, de palavras e de projetos, o motivo por que veio e onde quer chegar. Portanto, se ainda não sabe a resposta para tais questões, deve começar a procurá-la, porque esse é o primeiro passo a dar, no sentido de gerar atitudes reais. Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho dará em qualquer lugar e isso não o fará ser alguém. Alice no país das maravilhas aprendeu este conceito básico: direção, saber para onde se deseja ir. Não saber aonde se quer 55 chegar não é o caminho para um bom graduando que deseja empreender em sua carreira. Então, é preciso tornar-se um observador ativo e entender o conceito central a fim de poder visualizar as oportunidades ou criá-las. Qual tema você defende? O que faz você levantar pela manhã? Que tema faz seus olhos brilharem quando você fala sobre ele? O que o medo te impede de fazer? No contexto do aluno de mente mediana e da universidade contemporânea, toda liberdade de pensar e de criar é inadvertidamente reprimida, tornando os alunos meros participantes passivos ou, pior, instrumentos a desempenhar meras funções nos sistemas de entretenimento bem parecidas com o papel de algumas mulheres bonitas em nossa sociedade: entreter homens mais velhos com dinheiro. Em vez de agentes de transformação social e seres ativos no processo da aprendizagem criativa, tornam-se meros repetidores de conhecimentos perfil inaceitável em qualquer período de graduação. Pense em seus professores como POSSÍVEIS caminhos de sucesso. Existe uma infinidade de outros. Antes de prosseguir a leitura, tente responder à pergunta: Como estarei em minha área de atuação daqui a três anos se continuar fazendo o que faço? Pense nisso. 56 57 A Dinâmica Social e o Erro como Ponto de Partida “Comandantes fracassados dão ordens e depois retornam ao seu jogo de cartas no quartel-general. Eles acreditam que o simples ato de dar uma ordem fará com que tudo se arranje e que a batalha esteja ganha. Eles esperam que tudo ocorra exatamente de acordo com seus planos. Isso é tão irreal quanto estúpido. Um comandante de sucesso dá uma ordem e depois se certifica de que, além de ser cumprida, ela está gerando resultados planejados. Se as coisas derem errado ou a situação mudar, o comandante logo saberá e poderá reagir dando novas orientações. Não tire conclusões precipitadas nem pressuponha nada. Faça o acompanhamento de tudo. ( General George S. Patton) Todos nós precisamos nos alimentar, respirar e descansar para sobreviver; porém a forma de fazer tudo isso difere de uma pessoa para outra. Buscamos no espaço de vida, ou como vou chamar ao longo deste manual, no campo, a cidade em que está a faculdade e seus respectivos cenários ou sets, como fila
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