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Siphonaptera - Pulgas • Insetos sem asas da ordem Siphonaptera e com aparelho bucal de tipo picador-sugador. • As pernas estão adaptadas para o salto. • Na fase adulta são hematófagos, vivendo sobre o corpo de aves ou mamíferos, seja como parasitos seja como micro-predadores. • Participam na transmissão da peste bubônica e do tifo murino. Elas são hospedeiras de alguns cestoides. • A grande maioria das pulgas são pequenos organismos que medem 1 a 3 mm de comprimento, sendo os machos um pouco menores que as fêmeas. • As pulgas vivem parte do tempo sobre os animais de onde retiram seu alimento e parte nos ninhos e lugares de permanência deles. Aí põem seus ovos e desenvolvem-se as larvas e pupas; • Cada uma tem seu hospedeiro preferido, mas na falta dele buscam qualquer outro. Cada refeição dura 15 a 20 minutos. Em geral, picam 2 a 3 vezes ao dia. • Fêmeas e machos adultos alimentam-se exclusivamente de sangue, mas suportam 1 a 2 semanas de jejum. Há espécies que resistem mais tempo. Pulga adulta: só vai para o hospedeiro para sugar o sangue. Para alimentar suas larvas, o sangue é regurgitado. A pulga habita próximo de seu hospedeiro ( ex.: podem fazer seus ninhos nos locais onde o cachorro dorme); As pulgas são espécie-específicas (no entanto, se naquele hospedeiro já houver um número muito grande de pulgas, ela pode buscar outro, de uma espécie diferente). As espécies mais importantes são: Pulga do homem (Pulex irritans) Pulga do gato / cachorro (Ctenocephalides) Pulga do rato (Xenopsylla cheopis) Pulga do porco (Tunga penetrans) Pulex irritans Ctenocephalides Tunga penetrans Xenopsylla cheopis Pulex irritans (pulga das casas ou do homem): • A pulga do homem ou das casas – Pulex irritans – é cosmopolita. • Vive no domicílio humano, onde se encontra bem adaptada e chega a ser abundante, tendo preferência pelo sangue humano. • Pode alimentar-se no cão e, mais raramente, em outros animais. Ela só procura um hospedeiro para alimentar-se. • A saliva que injeta produz irritação local, com halo eritematoso e forte prurido, podendo sensibilizar os pacientes e perturbar lhes o sono. Mas, em geral, essa pulga não transmite doenças. • Como vive na poeira do chão e aí põe seus ovos e cria suas larvas e pupas, o controle é feito com inseticidas e pela remoção da poeira (de preferência com aspirador). Presença de uma cerda atrás do olho Presença de espinhos de forma irregular no III par de coxas Edeago ou pênis Ctenocephalides – Pulgas de cães e gatos No gênero Ctenocephalides encontram-se 2 espécies que vivem indistintamente sobre cães e gatos: 1. Ctenocephalides canis. 2. Ctenocephalides felis. Onde existem esses animais domésticos, elas chegam a ser mais abundantes no domicílio que a Pulex irritans. A primeira espécie é mais encontrada onde a temperatura e a umidade são mais elevadas (como, p. ex., Manaus ou Salvador). A segunda predomina em climas subtropicais, como no Sudeste do Brasil. Ctenídios occipitais/pronotais Ctenídios genais Espermateca Patas Importância humana e veterinária: • Hospedeiras intermediárias de Dipylidium caninum e Dipetalonema reconditum; • Vetoras de Rickettsia felis • Infectam-se com Leishmania infantum chagasi Tunga penetrans – Pulga do porco • Características: • Popularmente é a “pulga-da-areia”, a “pulga-do-porco” ou o “bicho-do-pé”, cuja fêmea, depois de fecundada, parasita a pele do porco ou, eventualmente, a das pessoas. • É a menor das pulgas (1 mm de comprimento) e tem a região frontal com uma ponta aguda que lhe permite furar a pele e aí introduzir-se. As mandíbulas são longas, largas e serrilhadas. Não há ctenídios. • Os adultos, machos e fêmeas virgens, vivem no solo arenoso, quente e seco dos chiqueiros e imediações. Alimentam-se de preferência sobre porcos, mas sugam também outros animais, inclusive o homem. • Quando a fêmea fica grávida penetra na pele do porco ou do homem. • Na pele fica completamente enterrada, deixando apenas a extremidade posterior exposta ao ar, para respirar. Enquanto aí permanece, alimentando-se de sangue, seu abdome vai sendo progressivamente distendido pela massa de ovos que acumula, até alcançar o tamanho de uma ervilha ao fim de uma semana. Uns 100 ovos são, então, expelidos e a fêmea, agora murcha, é expulsa pela reação inflamatória desenvolvida em torno dela. No solo, os ovos eclodem e produzem larvas que passam a pupas. Estas darão insetos adultos ao fim de 17 dias ou mais. • Manifestações clínicas: • As localizações mais frequentes das tungíases são: a planta dos pés, os artelhos, os espaços entre eles e sob as unhas. • Cada lesão assemelha-se a um furúnculo e o número delas varia de uma única a centenas ocorrendo ao mesmo tempo. • Nos casos mais favoráveis os sintomas se reduzem a um prurido tolerável. Mas a reação inflamatória pode tornar o local tumefeito e dificultar ou impedir a marcha, se o número de parasitos for grande. • O perigo é que essas feridas abertas e em contato com o solo, em pacientes que andam descalços, podem contaminar-se com o bacilo do tétano (Clostridium tetani). Também podem infectar-se com Clostridium perfringens (gangrena gasosa). Outro risco é a blastomicose (Paracoccidioides brasiliensis). • Tratamento e prevenção: • O tratamento é feito com aplicação de inseticidas na pele. • A prevenção requer o uso constante de calçado e aspersão de inseticidas nos lugares suspeitos. Cerdas longas na cauda Patas posteriores longas Xenopsylla cheopis – Pulga do rato É cosmopolita e a principal espécie transmissora da peste bubônica e tifo murino entre roedores domiciliares, podendo depois passar destes para humanos. Ela apresenta as seguintes características: • Duas fileiras divergentes de cerdas no occipício (parte posterior da cabeça), cujos pontos de inserção formam um “V”; • Mesopleura dividida por uma sutura; • Morfologia e pigmentação das espermatecas (fêmeas); A peste bubônica: desde o Império Romano a peste bubônica percorreu o mundo em ondas epidêmicas. Durante 50 anos, no século VI, ela aterrorizou o império de Constantino; e dizimou um quarto da população da Europa durante os séculos XIV, XV e XVI. Até o começo do século XX ameaçou todos os povos, como grande pandemia. A última ocorreu no período de 1894 a 1914. • Etiologia e manifestações: o agente etiológico é a Yersinia pestis - pode sobreviver infectante, nas fezes dessecadas da pulga, durante 16 meses. Injetadas pela picada das pulgas, os cocobacilus são levados pelos linfáticos aos linfonodos regionais que inflamam formando os bubões. Além da linfadenite dolorosa e que tende a supurar, os bacilos que ultrapassam os linfonodos vão produzir lesões parenquimatosas de tipo hemorrágico e necroses, no fígado, baço, pulmões e meninges. A forma pulmonar transmite-se diretamente de uma pessoa a outra por gotículas de saliva. Na forma septicêmica, logo sobrevêm prostração, delírio e choque, com morte em 3-5 dias. A forma pneumônica mata 100% dos pacientes em 3 dias. • Epidemiologia da peste urbana: o ecossistema em que circula Yersinia pestis, em áreas urbanas, requer populações abundantes de ratos domésticos e de suas pulgas, Xenopsylla cheopis, principalmente. A quantidade de ratos é função da disponibilidade de alimentos, nas casas, depósitos e armazéns. As pulgas infectam-se ao sugar em um animal em fase septicêmica. A transmissão da peste pode ser feita mecanicamente por qualquer pulga que ao sugar um rat o infectado e, sendo perturbada, passa para outro ou para uma pessoa, com as bactérias nas suas peças bucais. • Controle: Combate aos roedores (privar esses animais de acesso aos alimentos, cuidando para que os depósitos, armazense casas os tenham protegidos por telagem, conteiners, armários e recipientes bem fechados; usar rodenticidas; uso de ratoeiras – somente quando o número de roedores for pequeno); Controle das pulgas – inseticidas; Vacinação e medicação preventiva; Educação sanitária. Ratos começaram a morrer por conta da presença das bactérias Pulga começou a buscar novas fontes de sangue Bactéria disseminou-se para o homem Construção de armazéns para o armazenamento de grãos Proliferação dos ratos O que contribui para o grande número de casos da peste? Solução: Armazéns foram retirados da área residencial (ratos longe das casas). Assim, embora a doença ainda esteja presente, os focos são mais restritos. Disposição de cerdas em forma de “V” Sutura mesopleural Edeago/pênis Espinhos dispostos de forma regular no III par de cochas Anoplura - Piolhos • Os piolhos sempre foram companheiros assíduos do homem e, em muitas ocasiões produziram epidemias de tifo ou de outras rickettsioses. • As epidemias e doenças causadas por piolhos estiveram, em geral, associadas com alguma forma de miséria. A superlotação e a falta de higiene levam logo a um aumento considerável dos piolhos- do-corpo. • A infestação por piolhos é denominada pediculose. As 3 espécies adaptadas ao homem são da família Pediculidae e dos gêneros Pediculus e Pthirus: 1. Pediculus humanus (= P. humanus corporis) vive nas partes cobertas do corpo e cola seus ovos às fibras das vestes; 2. Pediculus capitis (= P. humanus capitis) habita a cabeça das pessoas e seus ovos ficam cimentados na base dos fios de cabelo; 3. Pthirus pubis ou piolho-do-púbis é menor que os outros localizando-se na região pubiana e perineal. É conhecido como “chato”. MORFOLOGIA: são insetos pequenos, sem asas, achatados dorsoventralmente e com o aparelho bucal picador-sugador. A cabeça é mais estreita que o tórax. As pernas são fortes e no tarso nota-se uma forte garra que se opõe a um processo na tíbia; esse conjunto (garra + processo tibial) forma uma pinça, com a qual o inseto fica firmemente „abraçado‟ ao pelo ou a fibra. Machos e fêmeas podem ser diferenciados pela extremidade abdominal que é arredondada nos machos e provida de uma reentrância nas fêmeas. Não raro, a genitália do macho evidencia-se pela face ventral. Os ovos são colocados aderidos aos pelos ou às fibras e são conhecidos por lêndeas. Elas são operculadas, branco- amareladas, medindo ~1 mm de Pediculus e 0,5 mm em Pthirus. TRANSMISSÃO: os piolhos são transmitidos principalmente por contato. A coabitação em locais apertados, os transportes coletivos, abraços e brincadeiras infantis etc. facilitam a transmissão. Os „chatos‟ são transmitidos por contato sexual. Temperatura, umidade e odor são estímulos para que os piolhos mudem de hospedeiro. MÉTODOS DE CONTROLE: • Pediculus humanus: banho e troca de roupa diária; aquecimento das roupas do corpo e de cama (70º.C/1hora); inseticidas. • Pediculus capitis: catação manual; penteação ou escovação frequente; ar quente (secador); corte curto ou raspagem dos cabelos; solução salina (provoca exosmose das lêndeas e sua morte); óleos, cremes e vaselina (os fios tornam-se escorregadios e não permitem a aderência). Há sérias controversas em relação à utilização de medicamentos. • Phtirus pubis: catação manual, rapagem e ar quente. Carrapatos Os carrapatos de animais domésticos são artrópodes de tamanho pequeno ou médio, que, em jejum ou pouco alimentados, têm o corpo achatado no sentido dorso-ventral; Doenças produzias por carrapatos: dermatite por picada; paralisia ascendente por picada; Doenças transmitidas por carrapatos: febre maculosa; febre Q; febre recorrente; tularemia; doença de Lyme; erlichiose; babesiose; tifo de Queensland. Ácaros Algumas alergias respiratórias como a asma e a rinite alérgica, bem como dermatites alérgicas podem ser devidas aos ácaros e seus produtos, encontrados nas poeiras. A dermatose produzida por Sarcoptes scabiei, mais conhecida como “sarna”, é infestação cosmopolita encontrada em todos os climas e regiões. Uma semana ou mais após o contágio, aparece o prurido, que é mais intenso à noite. Outros dados clínicos são o aparecimento de trajetos escuros na pele (sujeira e dejeções dos parasitos acumuladas nas galerias da epiderme) e pequena pápula no fim da galeria, onde se encontra um ácaro.
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