Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@poli.canuto ´ Conceito Inflamação do pericárdio acometendo as membranas que envolvem o coração. (JATENETE) O derrame pericárdico pode ser serofibrinoso, hemorrágico, ou purulento. O derrame pode ser completamente absorvido ou pode resultar em espessamento pericárdico ou constrição crônica (pericardite constritiva) (PARK) A incidência estimada é de 3,3 casos/100.000 pessoas por ano e é responsável por cerca de 5% dos pacientes com queixa de dor torácica. (JATENETE) Não existem dados epidemiológicos em crianças e adolescentes (JATENETE) Etiologia A pericardite em crianças tem uma etiologia variada. As principais causas são: pós-operatório de cirurgia cardíaca, neoplasias, doenças renais, doenças reumatológicas, viral e idiopática (JANETE) Infecção viral; Doença reumática; Cirurgia cardíaca; A infecção bacteriana (pericardite purulenta) é uma forma rara e grave de pericardite. Os agentes comumente encontrados são S. aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis e estreptococos.; A tuberculose constitui causa ocasional de pericardite constritiva e apresenta um início insidioso; A doença do colágeno, como, por exemplo, a artrite reumatoide pode provocar pericardite. Fisiopatologia A patogênese dos sinais e sintomas do derrame pericárdico é determinada por dois fatores: a velocidade do acúmulo de líquidos e a competência do miocárdio. (PARK) Um acúmulo rápido de uma grande quantidade de líquido pericárdico produz distúrbios circulatórios mais graves. (PARK) Um acúmulo lento de uma quantidade relativamente pequena de líquido pode resultar em graves distúrbios circulatórios (tamponamento cardíaco) se a extensão da miocardite for significante (PARK) O tamponamento cardíaco ocorre quando a quantidade de líquido é grande o suficiente para que a pressão intrapericárdica seja alta a ponto de não permitir o enchimento ventricular. Há aumento da pressão venosa sistêmica e diminuição do débito cardíaco, sendo acionados mecanismos compensatórios (PARK) Um acúmulo lento de uma grande quantidade de líquido pode ser acomodado pelo estiramento do pericárdio se o miocárdio estiver intacto. (PARK) Com o desenvolvimento do tamponamento pericárdico, vários mecanismos compensatórios são deflagrados, incluindo constrição venosa sistêmica e a pulmonar para melhorar o enchimento diastólico, um aumento da resistência vascular sistêmica, para elevar a pressão sanguínea em queda, e taquicardia para melhorar o débito cardíaco. (PARK) Classificação Pericardite Definição e critérios Aguda Pelo menos dois dos seguintes critérios: Dor no peito Atrito pericárdico Elevação do ST e depressão do PR Elevação de marcadores inflamatórios: PCR, VHS ou leucocitose Evidência de inflamação pericárdica em exames de imagens Incessante Pericardite após 4 a 6 semanas, mas antes de 3 meses sem remissão Recorrente Pericardite recorrente depois de documentado o 1º episódio de pericardite aguda e livre de sintomas em um intervalo de 4 a 6 semanas ou mais Aguda Pericardite persistende por mais de 3 meses Manifestações clínicas Crianças com pericardite não complicada frequentemente se apresentam assintomáticas ou oligossintomáticas. As manifestações clínicas são decorrentes de 3 fisiopatologias: inflamação do pericárdio gerando dor torácica e febre; derrame pericárdico podendo levar ao tamponamento cardíaco; e espessamento, retração e calcificação do pericárdio configurando a pericardite constritiva. (PARK) A pericardite aguda costuma apresentar os sinais e sintomas mais evidentes de pericardite, podendo ter um quadro febril acompanhado de dor retroesternal ou precordial e mialgia. (PARK) No exame se observam taquicardia e atrito pericárdico. (PARK) O atrito pericárdico é o sinal mais característico da doença pericárdica, porém nem sempre é fácil de ser auscultado já que o paciente pode estar taquicárdico e choroso em caso de crianças pequenas. É causado pela fricção entre os folhetos pericárdicos, na borda esternal esquerda, na posição sentada, e com o diafragma. É dinâmico podendo desaparecer e reaparecer em curto período e ser confundido com um sopro. Tem 3 componentes: pré-sistólico, causado pela contração atrial, sistólico pela contração ventricular e diastólico pelo enchimento rápido ventricular. (PARK) Pode ocorrer abafamento das bulhas cardíacas (PARK) Pericardite @poli.canuto O pulso paradoxal pode estar presente e consiste em uma exacerbação da redução fisiológica da pressão arterial sistólica durante a inspiração. Quando extremo, o pulso desaparece durante a inspiração e pode ser percebido em qualquer artéria. Em situações menos intensas, o pulso apenas diminui de intensidade e é mais bem observado em uma grande artéria. Nesses casos, a palpação da artéria femoral pode facilitar a percepção do pulso Raramente a redução fisiológica da pressão arterial sistólica excede 10 mmHg. Quando esse limite é ultrapassado, o pulso paradoxal está presente. (PARK) O pinçamento (estreitamento) da pressão arterial, ou seja, a diferença entre a pressão arterial sistólica e a diastólica, será menor ou igual a 20 mmHg, caracterizando a pressão arterial convergente. Consiste em um sinal clínico de gravidade e de possível tamponamento cardíaco. (PARK) Diagnóstico Anamnese 1) O paciente pode apresentar uma história de infecção do trato respiratório superior. (PARK) 2) A dor precordial (indistinta, constante, ou em punhalada) com irradiação ocasional para o ombro e pescoço, pode constituir a queixa de apresentação. A dor pode ser aliviada inclinando-se para frente e pode se agravar com a posição supina ou a inspiração profunda. (PARK) 3) A febre de graus variáveis pode estar presente. (PARK) Exame físico 1) O atrito pericárdico (um som de raspagem, em crescendo e decrescendo em sincronia com as bulhas cardíacas) constitui o sinal cardinal. (PARK) 2) O coração encontra-se silencioso e hipodinâmico na presença de uma grande quantidade de derrame pericárdico. (PARK) 3) O pulso paradoxal é característico do derrame pericárdico com tamponamento (PARK) 4) O sopro cardíaco geralmente está ausente, embora possa estar presente na cardite reumática aguda (PARK) 5) Em crianças com pericardite purulenta, febre alta (38,3 a 40,5°C), taquicardia, dor torácica e dispneia estão quase sempre presentes (PARK) 6) Os sinais de tamponamento cardíaco podem estar presentes: bulhas cardíacas abafadas, taquicardia, pulso paradoxal, hepatomegalia, distensão venosa e, ocasionalmente, hipotensão com vasoconstrição periférica. O tamponamento cardíaco ocorre mais comumente na pericardite purulenta do que em outras formas de pericardite. (PARK) Exames complementares ECG Estágio 1 (primeiras horas a dias): consiste em elevação do segmento ST Estágio 2 (dias a várias semanas): ocorre retorno do segmento ST à linha de base e a onda T se achata. Neste estágio é possível observar, em alguns casos, a depressão do segmento PR (onda Ta) Estágio 3 (final da segunda/terceira semana): há inversão da onda T, sem perda da voltagem do QRS. Estágio 4 (pode durar até 3 meses): é a volta à normalidade, porém, dependendo da etiologia, a onda T pode ficar invertida por um grande período. RAIO X Aumento da área cardíaca Silhueta ardíaca em forma de garrafão de água Ecocardiograma É o método com maior sensibilidade para o diagnóstico de pericardite com derrame pericárdico, sendo de extrema importância para avaliar sinais de tamponamento cardíaco e repercussão hemodinâmica. O ecocardiograma permite avaliar características do pericárdio como a presença de espessamento (maior que 3 mm) ou aumento de ecogenicidade, que pode ser relacionada a fibrose ou depósito de cálcio Marcadores laboratoriaisde agressão inflamatória Inespecíficos: VHS, proteína C-reativa e leucometria geralmente estão elevados. Enzimas cardíacas: elevação de troponinas I ou T ocorrem habitualmente e tendem a se manter elevadas quando ocorre uma miocardite associada à pericardite. Biópsia pericárdica e pericardiocentese Análise do líquido pericárdico: análise citológica, cultura, pesquisa de células neoplásicas, pesquisa viral por PCR, dosagem de adenosina deaminase, de acordo com a suspeita etiológica: viral, bacteriana, tuberculosa, fúngica, neoplásica Peculiaridades na pericardite constritiva Embora rara em crianças, a pericardite constritiva pode estar associada a uma pericardite viral anterior, tuberculose, drenagem incompleta de pericardite purulenta, hemopericárdio, radioterapia @poli.canuto mediastínica, infiltração neoplásica, ou distúrbios do tecido conjuntivo. Nesta condição, um pericárdio fibrótico, espessado e aderente restringe o enchimento diastólico do coração. (PARK) Os achados clínicos são; Há sinais de elevação da pressão venosa jugular; A hepatomegalia, com ascite e edema sistêmico, pode estar presente. O estalido pericárdico diastólico, que se assemelha a um estalo de abertura, é frequentemente ouvido ao longo do bordo esternal esquerdo na ausência de sopro cardíaco. A radiografia de tórax pode exibir calcificação do pericárdio, aumento da veia cava superior (VCS) e do átrio esquerdo (AE), assim como derrame pleural. O ECG pode exibir baixa voltagem de QRS, inversão ou achatamento de ondas T e hipertrofia atrial esquerda (HAE). A fibrilação atrial é ocasionalmente observada. Referências JATENE, M.B.; WAGENFÜHR, J.; FORONDA, G. Cardiologia pediátrica 2a ed. (Coleção Pediatria). Park, M. K. Park Cardiologia Pediátrica. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2015.
Compartilhar