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Prof.: Caroline. / Aluna: Scarlett Sampaio MATÉRIA: SAÚDE DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO- 1ª aula (22/08) Doença de Gumboro A Doença de Gumboro foi descrita pela primeira vez nos Estados Unidos no ano de 1962. Acredita-se que o vírus tenha origem a partir da mutação de um Aquabirnavirus, responsável por causar necrose pancreática em peixes marinhos (MÜLLER et al., 2003). · A infecção das aves pode ter ocorrido devido a presença de farina de peixe na ração de frangos de corte. · As altas densidades de alojamento nos sistemas da avicultura industrial também contribuem para uma rápida taxa de infecção pelo patógeno. · Atinge a Bursa de Fabricius, um importante órgão imune das aves. BURSA DE FABRICIUS · E um órgão em forma de bolsa que surge entre o terceiro e quinto dia de desenvolvimento embrionário na região dorsal, da porção final da cloaca das aves. · ÓRGÃO LINFÓIDE PRIMÁRIO exclusivo das aves que realiza HEMATOPOIESE. · Maturação e diferenciação de células produtoras de anticorpos, os LINFÔCITOS B. · Estrutura histológica semelhante a Timo. Definição: · Doença infecciosa bursal (DIB); · Doença que afeta o sistema imunológico; · Infecção viral, aguda e altamente contagiosa de aves jovens (3 a 10 semanas): · Caracterizada pela extensa destruição dos órgãos linfoides, em particular da Bursa de Fabrício, causando severo efeito imunossupressor e aumentando suscetibilidade a outras doenças; · Apresenta alta morbidade, com mortalidade variável; · Ampla distribuição mundial em regiões produtoras de aves. Etiologia: · A DIB é causada pelo vírus da doença infecciosa Bursal (infectious bursal diseas vírus - IBDV). um birnavirus (família Birnaviridae). · Genoma RNA de fita dupla em dois segmentos (razão para o nome, bi-RNA-vírus). · A DG se caracteriza como uma enfermidade aguda, de alto potencial contagioso e de rápida disseminação em lotes infectados e suscetíveis. · O Birnavirus possui predileção pelos tecidos linfoides presentes na Bolsa de Fabricius, responsável diretamente pelo desenvolvimento do sistema imune das aves. · O vírus resiste mais de 100 dias em galpões infectados e por mais de 50 dias em alimentos, água, fezes; · O vírus é inativado em tratamentos com pH alcalino (12,0), e no tratamento com 0,5% de formalina por 6 horas. Características epidemiológicas: · A infectividade é elevada, pois pequenas doses do vírus são suficientes para a instalação da infecção na ave. · As galinhas e os perus são os hospedeiros naturais da DG; · Apresenta 2 sorotipos distintos domésticas - apenas sorotipo 1 causa doença galinhas domésticas. · Em plantéis totalmente suscetíveis, a morbidade pode atingir valor igual a 100% · Em plantéis parcialmente imunizados a morbidade é baixa. · Em plantéis vacinados - morbidade é quase nula. · Vetores como insetos, aves, cães, gatos, roedores e até os seres humanos são capazes de levar o vírus de lotes contaminados para lotes sadios. · Reservatório - Alphitobius diaperinus- "cascudinho" dos galpões de frangos de corte. Importante reservatório no ciclo da DIB. · Vias de eliminação: · A única via de eliminação natural do vírus da DIB é representada pelas fezes. · O vírus é excretado pelas fezes durante 10 a 14 dias. · Vias de transmissão: · Transmissão horizontal: direta e indireta. · Via fecal-oral, mas também por inalação de poeira/ aerossóis fecais. Patogenia: · Após a entrada do vírus no organismo da ave, ele inicialmente se replica nas placas de Peyer do intestino, segue para o fígado, alcançando a corrente sanguínea e chegando à bolsa de Fabricius 24 horas após a inoculação. · Após 4 a 5 horas de entrada no organismo, o vírus pode ser detectado em macrófagos e células linfoides do ceco, duodeno e jejuno; · Ocorre viremia, e o vírus infecta outros tecidos, incluindo a bolsa de Fabricius, o baço e o timo; · O vírus atua nos órgãos dos animais alterando seus tecidos e gerando imunossupressão: que ocorre devido a depleção dos linfócitos do tipo B. · Pode-se comparar a ação da Doença de Gumboro nas aves ao vírus da AIDS em humanos, comprometendo severamente o sistema e a resposta imune dos animais. Sinais clínicos: · O período de incubação do agente viral é de 2-3 dias, e a infecção dura em torno de 5-7 dias. · Os sinais clínicos agudos podem ser descritos como: depressão, inapetência, diarreia aquosa, perda de peso e, em casos extremos, as aves podem apresentar um quadro grave de desidratação e chegar à óbito (TESHOME et al.. 2015). · Também foi relatado que a DG pode causar atrofia e hemorragia da bolsa de Fabricius, além de um escurecimento dos músculos coxais e peitorais das aves (FERREIRA, 2012). · As lesões concentram-se na bolsa cloacal, rins, nos intestinos e nos vasos sanguíneos dos músculos esqueléticos. · Animais jovens: surge de forma rápida e atinge morbidade de 100%, causando apatia, diarreia e morte. · Bolsa cloacal - aumento de volume até aproximadamente após 4 dias de infecção, com edema, hemorragia. · A partir do quarto dia, há gradual redução do tamanho bursal, até a atrofia completa no sétimo dia após a infecção- diarreia, profunda prostração e inatividade. · Após a fase clínica há recuperação clínica dos sobreviventes no plantel. · Em aves jovens, a doença surge de forma aguda ou superaguda, tipicamente com até sete dias de curso clínico. · À necropsia: hemorragias nos músculos esqueléticos (coxas, pernas e peito): · Na mucosa bursal: petéquias, sufusões. Na forma subclínica: · os sinais são moderados --> retardo de crescimento, palidez de crista e barbela, sonolência discreta ou redução da atividade geral; · a mortalidade é praticamente nula, mas, como o vírus tende a lesar todo o sistema imunitário, há um prejuízo à resistência das aves, tornando-as susceptíveis a outros patógenos. · Prejuízos: interação com um ou mais fatores imunossupressores - diminuição significativa da resposta imune da ave podendo levar a problemas secundários. Diagnostico laboratorial: · Direto: · Isolamento viral. · Indireto --> técnicas sorológicas convencionais · Imunodifusão em ágar gel; · Vírus = neutralização; · ELISA; · PCR = avaliar amostras de diferentes graus de patogenicidade. Medidas de Biosseguridade: · Isolamento; · Higiene; · Lotes com idade única; · Controle de trânsito de veículos e pessoas; · Sistema"all-in-all-out"; · Vazio sanitário Vacinação precoce, no 18° dia de incubação (no ovo) ou no primeiro dia de vida. Tratamento · Não há tratamento · Devido à alta resistência do vírus às condições ambientais e à sua distribuição global, medidas de biosseguridade associadas à vacinação são essenciais para o controle e prevenção da doença - 18° dia de incubação ou no primeiro dia de vida. · recomenda-se a imunização de reprodutoras com vacinas inativadas, para a transferência de anticorpos passivos para a progênie. · Terapia antibacteriana ou antimicótica para as infecções oportunistas pode não obter sucesso pelo fato de a debilitação do sistema imune ser persistente.
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