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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ❖ A jurisprudência afirma que pode ocorrer furto da coisa própria, desde que ocorra a posse indireta do bem e o agente furta o bem para a ter a posse direta. ❖ Em razão da pena cominada no caput, permite-se a suspensão condicional do processo para furto simples, desde que não incidente a majorante do parágrafo 1°. Permitindo também, o acordo de não preclusão penal para as formas simples, majorada ou qualificada do crime, desde que não se trate dos parágrafos 4° A e B e o 7° Coisa móvel: É aquela que pode ser deslocada, sem perder sua essência, sua substância. ▪ O animal doméstico é tido como coisa móvel. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito passivo: Proprietário ou possuidor do bem. ❖ O funcionário público que subtrai ou facilita para que seja subtraído bem público ou particular, que se encontra sob a guarda ou custodia da administração, valendo-se, para tanto, de alguma facilidade proporcionada pelo cargo, o crime será de peculato furto (art. 312, parágrafo 1°, do CP). AÇÃO PENAL Ação penal pública e incondicionada, observadas as exceções do Art. 182 do código processual. CONDUTA Apoderar-se para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, tirando-a de quem a detém. Apoderamento: Pode ser direto (apreensão manual) ou indireto (valendo-se de interpostas pessoas ou até animais). ❖ O interesse apenas moral ou sentimental, também configura o crime. Pois não deixa de ingressar o patrimônio de alguém Não haverá crime: Em casos de subtração de coisa de ninguém ou coisa abandonada, ou de objeto perdido, não haverá o crime de furto. Há jurisprudência no sentido de que a folha de talão de cheque, não pode ser objeto de crime de furto, pois não tem valor econômico, constituindo apenas meio para a prática de estelionato (RT 570/ 349), entretanto, o STJ possui decisões em sentidos contrários. Para Cezar Roberto Bitencourt “Direito reais ou pessoais, não podem ser objeto de furto, contudo, os títulos ou documentos que os constituem ou representam podem ser furtados ou subtraídos de seus titulares ou detentores.” CARACTERÍSTICAS ▪ Crime material (exige a produção do resultado). ▪ Não existe elemento culposo, somente doloso. ▪ Possível Tentativa. Furto VOLUNTARIEDADE ▪ Dolo O agente deve ter a intenção de não devolver a coisa à vítima. Subtraindo coisa apenas para usá-la momentaneamente, e devolvendo-a, logo em seguida, haverá mero furto de uso (indiferente penal). Requisitos 1. Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída. 2. Coisa não consumível. 3. Restrição imediata e integral a vítima. CONSUMAÇÃO ➢ 1 TEORIA DA ABLATIO O furto se consuma, quando a gente tem a posse mansa e pacífica do bem (quando o criminoso consegue ficar normalmente com o bem, sem ser perseguido). • Tentativa: vai ser quando a pessoa não conseguir ficar de forma mansa e pacífica com o bem. ➢ 2 TEORIA DA AMOTIO É quando o furto se consuma no momento da subtração do objeto. • SRJ e STF adotam essa teoria • Tentativa: Quando o criminoso devido a alguma situação, não consegue subtrair o objeto. • Julgado em vara criminal, por ter pena máxima de mais de 1 ano. • Cabe suspensão do processo porque a pena mínima é de 1 ano. A INSTALAÇÃO DE SISTEMA DE VIGILÂNCIA PODE TORNAR IMPOSSÍVEL A CONSUMAÇÃO DO FURTO? Não, para o STF, segundo a súmula n° 567, “o sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”. Ocorre que o sistema de vigilância não é inerente ao meio empregado, mas é algo completamente externo, que, portanto, não pode ser considerado para caracterizar o crime impossível nos moldes em que dispões o artigo 17 do código penal. Com efeito, o fato de haver um sistema de vigilância em torno de um objeto não modifica sua natureza nem tem absolutamente nenhuma relação com o meio eleito pelo agente. • Crime impossível: pode ser absoluta impropriedade do objeto material ou absoluta inerência do meio empregado pelo agente. MAJORANTES A causa de aumento de pena, inicialmente era aplicada somente em casos de furto simples, mas posteriormente o STF decidiu ser possível a aplicação das majorantes também no furto qualificado e em furtos cometidos na via pública. ➔ 1° parágrafo Repouso noturno: Não é definido como noite, mas sim com o tempo em que a cidade ou local costumeiramente recolher-se para o repouso diário ➔ 2° parágrafo O furto privilegiado, instituído inicialmente em favor dos autores primário no crime de furto, no qual possuía originalmente 3 requisitos. Requisitos: 1. Primariamente do agente 2. Coisa de pequeno valor 3. Necessidade de usar com urgência a coisa furtada Entretanto, a doutrina tem dispensado o terceiro requisito, pois poderia ser configurado como estado de necessidade (ou furto de uso, como vimos) A coisa subtraída deve conter para a jurisprudência um valor que não ultrapasse a importância de um salário mínimo, devendo ser analisado também o valor do objeto de acordo a situação e a consideração do prejuízo da vítima. • STF súmula n° 511 Furto privilegiado X princípio da bagatela ou insignificância O furto privilegiado: Tem a natureza jurídica de uma causa de diminuição de pena, ou seja, o a gente é julgado, condenado e terá sua pena reduzida no momento da condenação se atendido os requisitos necessários. Princípio da bagatela ou insignificância: O réu é absolvido, uma vez que tal princípio reconhece a atipicidade material da conduta prática pelo agente. Parâmetro do Supremo Tribunal Federal para saber onde será aplicado a conduta ▪ Mínima ofensividade de conduta do agente. ▪ Ausência de periculosidade social da ação. ▪ Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. ▪ Inexpressividade da lesão jurídica provocada. ➔ 3° parágrafo Cláusula de equiparação, equipara à coisa móvel a energia elétrica e outras, desde que tenham valor econômico. LESIVIDADE Deve ser analisado se aquele objeto causa ou não uma lesão ao patrimônio e se sim estará de frente a um fato formal e materialmente típico, caso contrário, será um fato formal e imaterialmente típico. FURTO QUALIFICADO ➔ 1° Inciso Rompimento de algo que esteja impedido, um obstáculo. Ex: Degradação, arrombamento, Rompimento, demolição, destruição... A violência contra a coisa deve ser empregada antes, durante ou após a subtração, mas sempre anterior a consumação, pois, do contrário, ocorrerá o crime de furto simples ou qualificado por outra circunstância, em concurso material com o dano. ➔ Inciso 2° • 1° hipótese: Por abuso de confiança. Quando tiver relação de confiança, que é adquirida com o tempo. • 2° hipótese: Diferença entre furto mediante fraude e estelionato. No furto, fraude é empregada para retirar a vigilância da vítima sobre a coisa e com isso possibilitar a subtração do objeto. No estelionato, a fraude é empregada para fazer com que a vítima incida em erro e entregue voluntariamente a coisa a o agente. Exemplo de furto fraudulento: ❖ Agente que auxilia a vítima a operar o caixa eletrônico e sem que a vítima perceba, clona o cartão dela. ❖ Agente de instituição financeira que falsifica assinaturas em cheques de correntista para cometer o crime. • 3° hipótese : Através de destreza, que possibilita a subtração sem que a vítima perceba, por meio de habilidades físicas ou manuais. Caso a vítima consiga impedir a fuga do agente, será consideradoa tentava de furto simples, e caso o agente seja impedido por terceiros, a tentativa será de furto qualificado. • 4° hipótese: Quando cometido por forma anormal para ingressar no local em que se encontra a coisa visada. Ex: Penetração via subterrânea em bancos. ➔ Inciso 3° Quando se utiliza na execução do crime o uso de chave falsa para obter o objeto. ❖ Não necessariamente precisa ter a forma de uma chave (ex: grampo, pregos...) ➔ Inciso 4°-A Utilizam artefatos explosivos, na execução do crime. ❖ Neste caso, concorrem duas qualificadoras, a do rompimento de obstáculos e a do emprego de artefato explosivos. Sendo apenas a última qualificadora, considerada, pois é a circunstância mais grave. ➔ Inciso 4°-B Furto mediante fraude, cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático. ❖ Dispositivo eletrônico ou informático pode ser conceituado como qualquer aparelho com capacidade de armazenar e processar automaticamente informações. ❖ É indiferente o fato de o dispositivo estar ou na conectado à rede interna ou externa de computadores. ➔ Inciso 5° Pune-se aquele que concorreu, de qualquer modo, para o crime patrimonial sabendo que a intenção era o transporte do veículo para outro Estado ou país. ❖ A pessoa contratada apenas para o transporte, não tendo qualquer participação no delito anterior, responde somente por receptação ou favorecimento real a depender do caso. ❖ Se o agente conseguir consumar a subtração, mas for detido antes de chegar em outro Estado ou país, respondera por furto, mas não com a qualificadora do artigo 5°. ➔ Inciso 6° Se o objeto é semovente domesticável de produção ainda que abatido ou divido em partes no local da subtração. ❖ Semovente domesticável de produção, são os animais silvestres, domesticáveis e domesticados. ❖ Não admite sequer suspenção condicional do processo. ❖ Admite-se o acordo de não persecução penal ➔ Inciso 7° A subtração de substância explosiva ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente possibilitam sua fabricação, montagem ou emprego, independentemente de sua utilização. FURTO FAMÉLICO ▪ Para saciar a fome. A jurisprudência reconhece que é um estado de necessidade (Art. 24 do CP). Requisitos: 1. Fato praticado para mitigar a fome. 2. Que seja o único e derradeiro recurso do agente. 3. Que haja a subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência. 4. Insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente com o trabalho ou a impossibilidade de trabalho. FURTO DE COISA COMUM Art. 156 -Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. É a forma menos grave do crime de furto, no qual possui o mesmo objetivo jurídico sobre a posse, propriedade ou detenção de um objeto, entretanto consiste na conduta de subtrair coisa que o próprio autor é “dono”, conjuntamente com outra pessoa. ❖ Crime próprio ❖ Sujeito passivo: Todo aquele que detém legitimidade a coisa, podendo ser socio, coerdeiro, condômino ou um terceiro qualquer. ❖ Voluntariedade: Dolo ❖ Tentativa: É admissível ❖ Ação penal: Ação penal à previa representação da vítima ou de seu representante legal. O agente que por erro, subtrai coisa comum pensando em ser alheia. Segundo Francoso, “Devera sempre reconhecer-se o crime do artigo 156 do código penal, se o agente supõe, erroneamente, ser alheia a coisa comum, objeto da ação.
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