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Josiane C. Cintra Keli Cristina de Lara Campos Rodolfo Leandro de Faria Olivo Tatiane Regina Bonfim Yaeko Ozaki D e s e n v o l VIMENTO P e s s o a l e P r o f is s io n a l *o g SIBUOTECA % SUMÁRIO PREFÁCIO 1. O MUNDO COMO VOCÊ VÊ Yaeko Ozaki 1.1 Introdução................................................................................................................. 15 1.2 Visão de mundo......................................................................................................... 16 1.3 Fenômenos que interferem na visão de m undo......................................25 1.4 Visão de mundo e os valores.............................................................................32 1.5 Mudança, transformação e inovação.............................................................36 1.6 Tendências.....................................................................................................................38 1.7 Considerações f in a is ............................................................................................... 41 2. O MUNDO DO TRABALHO Keli Cristina de Lara Campos 2.1 Introdução.....................................................................................................................43 2.2 Mercado de trabalho: evolução e contexto............................................... 45 2.3 Empregabilidade: cenário a tu a l.......................................................................53 2.4 Mercado de trabalho no século X X I .............................................................. 55 2.5 O mercado e a empregabilidade.....................................................................62 2.6 Considerações f in a is ............................................................................................... 65 Anexo - Exercícios para autoanálise............................................................. 66 3. PROJETO DE VIDA "O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?" Josiane C. Cintra 3.1 Introdução.....................................................................................................................69 3.2 Projeto de Vida: o que significa a fin a l? ...................................................... 71 3.3 Projeto de Vida: quem precisa de um?........................................................73 3.4 Um documento único, pessoal e intransferível.......................................75 3.5 Carreira: traçando um caminho profissional............................................79 3.6 Como elaborar um Projeto de V id a? ............................................................ 80 3.7 Considerações fin a is ............................................................................................... 90 4. EU E OS OUTROS (COMPETÊNCIA SOCIAL) Yaeko Ozaki 4.1 Introdução.....................................................................................................................91 4.2 O ser humano socia l............................................................................................... 92 4.3 Habilidades so c ia is ...................................................................................................94 4.4 A imagem que faço do outro e a imagem que o outro faz de mim......................................................................................................104 4.5 Gerenciamento de impressões ou autoapresentação..................... 107 4.6 O poder pessoal.......................................................................................................113 4.7 O poder dos relacionamentos.........................................................................114 4.8 Eu e a competência.............................................................................................. 116 4.9 Competência social................................................................................................120 4.10 Considerações f in a is ..............................................................................................121 123 125 127 128 130 132 132 133 139 143 145 146 149 152 160 161 163 171 173 176 177 181 182 182 183 188 189 190 190 192 194 195 201 203 204 205 206 5. EU, VOCÊ, NÓS: COMUNICAR É PRECISO Josiane C. Cintra 5.1 Introdução.......................................................................... 5.2 Alinhando definições e conceitos.......................... 5.3 Processo de comunicação......................................... 5.4 Barreiras para a comunicação eficaz.................. 5.5 Formas de comunicação............................................. 5.6 Canais de comunicação.............................................. 5.7 Saber o u v ir ......................................................................... 5.8 Elaborar e receber c ríticas ........................................ 5.9 Quem tem medo de falar em público?............. 5.10 Considerações f in a is ..................................................... 6. Ó MUNDO CRUEL - PROCESSO SELETIVO Keli Cristina de Lara Campos 6.1 Introdução........................................................................... 6.2 O processo seletivo - seu currículo .................... 6.3 Elaborando o currículo.................................................. 6.4 Itens que compõem um currículo......................... 6.5 Acelerando a busca por um emprego................ 6.6 Considerações sobre o processo seletivo........ 6.7 A entrevista......................................................................... 6.8 Dinâmicas de grupo....................................................... 6.9 Testes e provas................................................................. 6.10 Considerações f in a is ..................................................... Anexo - Modelos de currícu los.............................. 7. DESBRAVANDO O MUNDO DIGITAL Tatiane Regina Bonfim 7.1 Introdução............................................................ 7.2 Tecnologias.......................................................... 7.3 Tecnologia da informação........................... 7.4 Internet.................................................................. 7.5 Atividades na Internet................................... 7.6 In tranet.................................................................. 7.7 Extranet................................................................... 7.8 Netiqueta............................................................... 7.9 Bullying na Internet........................................ 7.10 Web 2 .0 .................................................................. 7.11 Redes sociais....................................................... 7.12 B log ........................................................................... 7.13 Twitter...................................................................... 7.14 T I e Comunicação............................................. 7.15 Ambiente virtual de apredizagem.......... 7.16 Considerações f in a is ...................................... 8. CONQUISTANDO O MUNDO - SUA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA Rodolfo Leandro de Faria Olivo 8.1 Introdução..................................................................................................................207 8.2 Quem quer ser um milionário? .....................................................................212 8.3 As etapas da independência financeira como milionário............ 214 8.4 Considerações f in a is ............................................................................................ 223 Anexo A - Glossário.............................................................................................. 224 Anexo B - Calculando sua poupança..........................................................226 NOTAS ...............................................................................................231 REFERÊNCIAS ................................................................................. 235 SOBRE OS AUTORES .................................................................... 249 PREFACIO Certamente prefaciar o livro de D esen v o lv im en to P e s s o a l e P r o f is s io n a l foi uma grande oportunidade de aprendizagem que os autores me deram. Esse livro tem história! Uma história de sucesso ao longo de quatro anos e que marca, mais uma vez, seu espaço na literatura nacional sobre as mudanças no mundo e no contexto do trabalho. Conheci bem de perto as outras publicações deste título e me surpreendi com a sua transformação. É preciso muita competência e flexibilidade para olhar o mesmo objeto de modo tão diferente. Isso é uma prova de que é possível mudar! E por falar em mudança, esta obra tem grande relevância social, uma vez que pode contribuir para uma importante missão que o Brasil precisa cumprir nos próximos anos: evitar o chamado "apagão da mão de obra". Tudo vai depender do uso que o leitor fará na sua vida dos assuntos aqui abordados. De forma simples e didática, o livro está organizado em oito capítulos que estimulam a capacidade de pensamento crítico do leitor. A coerência na ordem de apresentação dos capítulos, bem como o cuidado em considerar a experiência de vida das pessoas, colaboram na reconstrução do conhecimento, na aprendizagem. Os seres humanos, por meio das relações e interações que estabelecem, estão em constante transformação. E esse movimento contínuo da vida altera o panorama do mundo social e profissional em que vivemos, impulsionando as pessoas a desenvolverem competências de adaptação aos novos cenários, bem como de projeção e antecipação ao futuro. Assim, mais do que conhecer as mudanças do mundo contemporâneo e o que ele requer de todos nós, é clara a intenção de apontar as tendências e orientar os leitores em como se preparar para o presente e para o futuro. Esse é um grande passo na direção do acesso, da inclusão e do preparo das pessoas para serem protagonistas da sua própria história. Ao longo dos capítulos, são tratados temas que nos fazem rever modelos rígidos de ação, a compreender melhor nossos valores, missão e visão de mundo e de vida, seja ela pessoal ou profissional. Resumidamente, e em ordem de apresentação dos capítulos, são abor dados os seguintes assuntos: 1 - As mudanças do mundo contemporâneo e os desafios que se colocam às pessoas para agir sobre ele e transformá-lo. 2 - 0 impacto das mudanças no contexto do trabalho e no perfil do tra balhador, mostrando a necessidade de preparo cada vez maior e de aprendizagem constante para alavancar a empregabilidade. 3 - Como planejar um projeto de vida e traçar estratégias para atingir seus objetivos, tendo como base seus valores, o contexto no qual está inserido e a sua visão mundo. 4 - A importância das habilidades de relacionamento social para a boa convivência, tais como a comunicação, a civilidade, a assertividade, a empatia, a ética e a construção da imagem pessoal. 5 - 0 processo de comunicação, a importância de saber ouvir, elaborar e aceitar críticas e as técnicas de apresentação em público. 6 - Como se preparar para participar de processos seletivos com maior segurança e aumentar as chances de conquistar uma vaga. 7 - 0 uso correto dos recursos da internet como oportunidade de traba lho, de visibilidade pessoal e profissional, de busca de recolocação no mercado, de colaboração e de compartilhamento. 8 - Como fazer um planejamento para conquistar a independência fi nanceira. A vida é impulsionada por tomadas de decisão em várias esferas e toda tomada de decisão tem sua conseqüência. "Saber ouvir" a mensagem deste livro pode ter excelentes conseqüências! Aproveite este desafio como uma oportunidade de aprendizagem. Ana Lúcia Jankovic Barduchi Psicóloga, sócia-administradora da empresa I e s 2 - I novação , E ducação e S o lu ç õ es T ec n o ló g ic a s 1 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? Yaeko Ozaki OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Ao final deste capítulo, o estudante terá condições de: • compreender e identificar as forças que interferem na formação da visão de mundo; • compreender os paradigmas da visão linear e da visão sistêmica; • refletir, analisar e exercitar a visão de mundo e o encadeamento das mudanças do mundo contemporâneo. 1.1 INTRODUÇÃO O objetivo deste capítulo é levantar reflexões sobre o homem em face das mudanças do mundo contemporâneo, para estimular os estudantes ao exercício da visão de mundo, desenvolvendo-lhes a capacidade de perceber as mudanças e seus impactos e a agir nesse cenário. P or que /ts p esso a s agem e reagem da forma como o fa z em ? Essa é uma pergunta que pode ter inúmeras respostas. Uma delas é que as pessoas agem e reagem orientadas pela própria visão de mundo. Mas o que é visão de mundo? Qual é a sua visão de mundo? Por que a minha visão de mundo é diferente da sua? No capítulo 4, Eu e o s O u tro s , vamos comentar que um estudo realizado para avaliar competências no mundo dos negócios 1 6 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L PARA REFLEXÃO V isã o d e mundo é A FORMA PELA QUAL VEMOS, PERCEBEMOS E INTERPRETAMOS O MUNDO PARA MELHOR COMPREENDÊ-LO E TRANSFORMÁ-LO E NOS TRANSFORMAR. E la nos ajuda ,4 E\TENDER A POSIÇÃO OCUPADA PELO HOMEM NO UNIVERSO... identificou 15 competências individuais. Ter visão de mundo a m p la e g lo b a l é uma das quinze competências individuais mais requeridas no cenário de negócios. Este capítulo não tem a pretensão de impor uma visão de mundo, mas pretende conduzir você a levantar e encontrar respostas para questões sobre alguns fenômenos que estão acontecendo na atualidade, de forma que você possa avaliar interferências desses fenômenos em cada um de nós, nos negócios e na sociedade. Esperamos que você possa exercitar a sua visão de mundo. 1.2 VISÃO DE MUNDO Embora compartilhemos um mundo comum, as formas de percebê-lo podem variar de uma pessoa a outra. Isso explica porque cada pessoa reage à percepção daquilo que ela considera realidade de modo diferente de outra (ROTHMANN e COOPER, 2009). Buscar um novo emprego, por exemplo, pode ser percebido como um grande desafio e motivação para um profissional, enquanto que, para outro, pode representar ameaça, insegurança e desconforto. A visão de mundo nos faz ressignificar o passado, entender o presente e projetar e predizer o futuro. O ato de p r o je t a r o u p r e v e r é diferente do ato de p r e d iz e r . Projetar o futuro envolve o processo de estimar um evento futuro, fundamentando-se em dados históricos. Por exemplo, você pode prever a venda de eletrodomésticos baseando-se nos relatórios dos meses anteriores. Predizer o futuro significa estimar eventos futuros, fundamentando-se em considerações subjetivas, como a intuição: você pode predizer as vendas de um produto a ser lançado no mercado, baseando-se em dados subjetivos, como a sua intuição de que os consumidores se sentirão atraídos pela cor do produto. C a p ít u lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 1 7 Entende-se, então, que cada um de nós tem a sua própria visão de mundo e essa visão exerce grande impacto sobre a nossa forma de agir. Isso é importante, pois nos ajuda a vislumbrar uma perspectiva de vida e nos faz compreender o mundo e o que acontece ao nosso redor (RAICH e DOLAN, 2010). Cada um de nós precisa dessa visão para dar direção ao nosso comportamento e nos auxiliar a estabelecer algum grau de previsibilidade para a nossa vida. Ela é um ponto de referência para que organizemos a realidade e serve como recursointerno por intermédio do qual elaboramos respostas adequadas diante de pessoas, coisas e lugares. A forma como uma pessoa interpreta e avalia a realidade contribui para a sua saúde mental e emocional (.POWELL, 1991). Vivemos em um mundo divergente, mas precisamos de soluções convergentes. Vivemos em um mundo dividido por interesses divergentes, visões de mundo divergentes, religiões divergentes, políticas divergentes e sociedades divergentes. É um mundo que pensa em termos de linhas retas, mas é dividido em muitas dimensões! (RAICH e DOLAN, 2010, p. 157) O que seria do mundo se todos nós pensássemos e agíssemos da mesma forma? As divergências possibilitam múltiplos olhares de um mesmo fenômeno. TIPOS DE VISÃO DE MUNDO No passado, havia uma visão de mundo cujo pa ra d ig m a a mostrava l in e a r e h ie r á r q u ic a . Mas agora, no mundo contemporâneo, nossa visão de mundo está se tornando mais o rg ân ica e h o l ís t ic a (RAICH e DOLAN, 2010). Na lição de M elo F ilh o (1997, pp. 761-766), o termo p a ra d ig m a , que você leu acima, foi criado pelo filósofo da História e da Ciência T h o m as K uhn , na década de 1950, no livro A E st r u t u r a d a s R ev o lu ç õ es C ie n t íf ic a s (1987), com três significados: • modelo ou padrão a ser seguido (senso comum); • instrumento de trabalho do cientista para organizar o raciocínio, selecionar questões e explicar de forma lógica; • visão de mundo. PARA FIXAR A VISÃO DE MU \DC RELACIONA-SE CO” DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DE IDEIAS, PENSAMENTOS E ATITUDES. PARA REFLEXÃO Você acred ita que são >^ s v isõ es DIVERGENTES OU 4S CONVERGENTES QUE CONDUZEM À CRIATIVIDADE E À INOVAÇÃO? Q ual é a sua visão DE MUNDO? 1 8 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L PARA REFLEXÃO A SOCIEDADE E AS EMPRESAS SÃO CONSIDERADAS ORGÂNICAS, SEMELHANTES A SERES VIVOS, QUE APRESENTAM CICLO DE VIDA. PARA FIXAR N ewton e d esc a r tes DEFENDIAM A PREVISIBILIDADE A CERTEZA, A ORDEM E A RAZÃO. Explicaremos nos próximos tópicos o que é v isã o l in e a r e o que é v isã o h o l ís t ic a . Por enquanto, tenha presente que o conceito de o rg ân ico que nos interessa aqui refere-se a ó rgão ou q u alq u er corpo o rg a n iza d o d e m a tér ia v iv a 1. Mesmo após ler as explicações que se seguem, talvez o ideal não seja você optar por uma ou outra visão de mundo aqui apresentadas, mas discutir a complementaridade dos dois tipos de visão. VISÃO LINEAR E HIERÁRQUICA A explicação do que é a visão de mundo linear e hierárquica é clássica, orientada pelo assim chamado pa ra d ig m a n ew to n ia n o - c a r t e s ia n o . Newtoniano, porque se fundamenta no pensamento do físico e matemático inglês S i r I s a a c N ew to n (1643-1727) e cartesiano porque tem por referência a base filosófica desenvolvida por R e n é D e s c a r t e s (1596-1650), físico, filósofo e matemático francês. N ew to n talvez tenha sido o cientista cuja obra causou mais impactos na história da Ciência, ao consolidar o pensamento de seus predecessores C o pérn ico , G a l il e u e K e p l e r . É dele a formulação da l e i da g r a v ita ç ã o u n iv e r s a l e dos princípios da m ecâ n ic a c l á s s ic a (assim adjetivada em oposição à m ecân ic a r e l a t iv ís t ic a de E in s t e in , já do Século XX). Deve-se a D e s c a r t e s , por sua vez, o desenvolvimento do método do pensamento analítico moderno, cuja característica é a fragmentação de um fenômeno em partes, para melhor compreendê-lo (CAPRA, 1995). VISÃO SISTÊMICA OU HOLÍSTICA Em contraposição a essa visão de mundo baseada na Ciência estabelecida desde Descartes e Newton, o Século XX viu nascer um debate de natureza epistemológica sobre a sua capacidade de discernimento das reais dimensões das relações sociais e, C a p ít u l o 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 1 9 por conseguinte, de não ter sido capaz de fornecer instrumentos adequados para o desenvolvimento do ser humano. Para o físico austríaco F r it jo f C apra (1995), um dos mais eloqüentes postulantes dessa crítica, a ciência cartesiana erra ao dar ênfase às partes e erra em acreditar que em qualquer sistema complexo o comportamento do todo pode ser analisado em termos das propriedades de suas partes. Por esse pensamento, a ciência cartesiana prende-se a uma visão de mundo mecanicista, reducionista ou atomística. Daí que, sob essa ótica, alguns paradigmas da visão linear seriam como observados na Tabela 1. V is ã o lin e a r Previsibilidade Certeza E stabilidade Ordem D ominação R educionista S imples Competição Metáfora das máquinas Tabela 1 - Paradigmas da visão linear Fonte: Pereira (2008, pp. 43-44) O pensamento subjacente a este debate critica os paradigmas científicos propondo como alternativa uma visão de mundo que o entenda enquanto s is t e m a in t e g r a d o . Os defensores dessa nova maneira de ver a Ciência, seus escopos, objetivos e métodos, advogam por uma c iên c ia s is t ê m ic a que mostre que os sistemas vivos não podem ser compreendidos por meio de processos análiticos simplesmente mecanicistas, e que as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior. (CAPRA, 1995) Essa forma de enfoque propõe uma mudança de v isã o d e mundo , de um pen sa m en to m e c a n ic is t a para fo r m a s s is t ê m ic a s d e pen sa m en to , 2 0 DESENVOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L invertendo a relação entre as partes e o todo asseverada pela Ciência estabelecida. Ainda que essa nova linha de pensamento não seja consensual nos meios científicos, ela vem conquistando adeptos até mesmo entre quadros de segmentos significativos da Ciência tradicional. O ponto de partida para a visão sistêmica está na T e o r ia G e r a l d o s S is t e m a s , desenvolvida em 1937, por L u d w ig V on B er t a la n ffy (1901-1972), biólogo austríaco. B er t a la n ff y definiu sistema como sendo um "conjunto de unidades em inter-relação". Nessa definição, estão implícitos três conceitos: "o conjunto, a macrounidade, as unidades menores e a inter-relação entre as unidades menores, inter-relação que assegura a unidade do conjunto" (MACHADO, 1984, p. 38). Em outras palavras, os elementos do conjunto e o conjunto de elementos formam um sistema composto por três propriedades, na lição de P e r e ir a (2008, p.34): 1) "As propriedades ou o comportamento de cada elemento do conjunto afetam as propriedades ou o comportamento do conjunto como um todo", assim como cada órgão do corpo humano afeta o seu desempenho. 2) "As propriedades e o comportamento de cada elemento e o modo pelo qual afetam o todo dependem das propriedades e do comportamento de pelo menos um outro elemento do todo; isso quer dizer que nenhum elemento tem efeito independente sobre o todo." Um exemplo dessa propriedade mostra que o "comportamento do coração e o efeito que ele tem sobre o corpo dependem do comportamento dos pulmões." 3) "Todos os possíveis subgrupos de elementos do todo possuem as duas primeiras propriedades: cada um tem um efeito não independente sobre o todo. Portanto, o todo não pode ser decomposto em subsistemas independentes". Exemplo dessa propriedade são os subsistemas do corpo de uma pessoa: o sistema nervoso, o circulatório, o digestivo e o motor que interagem de forma que cada um afeta o desempenho do todo. C a p ít u lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 21 E, ainda, na visão sistêmica há múltiplos elementos que estão arranjados e combinadosem determinadas formas, nas quais a maneira como as diversas partes estão integradas e estruturadas no todo é mais importante do que cada uma delas isoladamente, por mais importantes que elas possam ser. As partes estruturadas são um arranjo de diferentes elementos, em que cada um ocupa determinado lugar e função, mas todos inter-relacionados num permanente movimento e interação, de forma que a mudança de qualquer elemento provocará mudanças nos demais elementos e toda estrutura se modificará, buscando harmonia. (ZIMERMAN, 2000) Tudo no planeta parece estar conectado e cada parte é sistemicamente relacionada às outras. Cada atividade humana afeta o sistema como um todo. Na visão sistêmica, os problemas também estão interligados. De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações existentes entre as partes. Essas propriedades são destruídas quando o sistema é fragmentado, física ou teoricamente, em componentes isolados. Embora possamos destacar partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da soma das partes (CAPRA, 1995). A visão holística pode ser considerada como maneira de percebera realidade, e a abordagem sistêmica como o primeiro nível de operacionalização dessa visão. Assim, a busca de uma sabedoria sistêmica não deixa de ser a busca por uma visão holística. Destarte, um fenômeno que está sendo interpretado de maneira holística também é um sistema; no entanto, nem todo sistema é consubstanciado em uma visão holística. (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 1997, citados por PEREIRA, 2008, p. 33) Portanto, existe uma diferenciação entre a visão sistêmica e a visão holística, como mostrado na figura 1, a seguir. PARA FIXAR Uma eq u ipe in ter d isc ip u n a r é UM EXEMPLO DE VISÃO SISTÊMICA. 22 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L Subsistem as Sistem a Visão Holística Figura 1 - Síntese da visão holística Fonte: Pereira (2008, p. 34) Em contrapartida à v isã o l in e a r , a ênfase no todo é chamada de v isã o h o l ís t ic a , o r g a n ísm ic a o u ec o ló g ic a , a partir das propriedades das suas partes (CAPRA, 1995). A Tabela 2 mostra alguns paradigmas da visão holística: Visão holística I mprevisibilidade I ncerteza I nstabilidade Caos, desordem Participação A bordagem sistêmica Complexa Colaboração Metáfora dos organismos vivos Tabela 2 - Paradigmas da visão holística Fonte: Pereira (2008, pp. 43-44) Os dois termos, h o l ís t ic o e ec o ló g ic o , diferem ligeiramente em seus significados e parece-nos que ec o ló g ic o é mais apropriado para descrever o novo paradigma. Ca pra (1996), fazendo uma comparação entre a visão holística e a ecológica, recorre a um objeto do cotidiano de muitas comunidades: uma bicicleta. Para ele, na visão holística, a bicicleta é percebida como um todo funcional, o que implica a interdependência de suas partes. Ca p t t jl o 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 3 Já a visão ecológica dessa mesma bicicleta acrescenta a percepção de como ela se encaixa no ambiente natural e social em que é utilizada: a origem das matérias-primas com as quais foi fabricada, o processo de sua fabricação, como seu uso afeta o meio ambiente natural, a comunidade em que é utilizada, e assim por diante. Enfatiza este autor que a "distinção entre 'holístico' e 'ecológico' é ainda mais importante quando falamos sobre sistemas vivos, para os quais as conexões com o meio ambiente são muito mais vitais" (CAPRA, 1996, p. 24). O sentido com que o autor usa o termo "ecológico" está associado a uma escola filosófica que advoga a tese da "interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza" (CAPRA, 1996, p. 24). Por sua vez, essa escola, fundada pelo filósofo norueguês A r n e N a e s s , no início da década de 1970, faz a distinção entre "ecologia rasa" e "ecologia profunda" (CAPRA, 1995, p. 34, 1996, p. 25). A "ecologia rasa" é centrada no ser humano como a fonte de todos os valores, considerando-o acima ou fora da natureza. A "ecologia profunda" percebe os seres humanos integrados ao meio natural e percebe o mundo como uma rede de fenômenos interconectados e interdependentes. AS PESSOAS NA VISÃO HOLÍSTICA A palavra "holística" origina-se do grego HOLO, que significa inteiro, não fragmentado. Então, a visão holística de pessoas significa uma visão não fragmentada do real, em que sensação, sentimento, razão e intuição se equilibram, se reforçam e se controlam reciprocamente, permitindo ao homem uma plena consciência, a cada momento, de todos os fatores envolvidos em cada situação ou evento de sua existência, permitindo-lhe tomar a decisão, certa, no momento certo, com sabedoria e amor espontâneos, o que implica a presença de valores éticos de respeito à vida sob todas as suas formas. (WEIL, 1991, p. 88) 24 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L É a visão de que pessoas, sociedade e natureza formam um conjunto indissociável, interdependente e em constante movimento. A visão holística das pessoas possibilita novas formas de relacionamentos e pode ser entendida por meio do diagrama mostrado na figura 2: Valores Valores Espirituais Cultura e Artes Economicos Trabalho e Negócios Valores V ' " ' Valores Eticos I Pessoas 1 Emocionais Família e Amigos Filantropia e Caridade Educação e Desenvolvimento Sociedade e Política Figura 2 - A visão holística das pessoas Fonte: RAICH e DOLAN (2010, p. 146) PARA REFLEXÃO S erá mesmo que FINALMENTE O SER HUMANO SERÁ TRATADO COMO O PATRIMÔNIO MAIS IMPORTANTE DE UMA ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO? As pessoas são o centro de uma rede formada de sociedade e política, da forma de fazer negócios e do modo de trabalho. Essa rede recebe influências da cultura e das artes, da família e de amigos. É provável que a educação e as oportunidades de desenvolvimento constituam um dos fatores mais decisivos. A rede de filantropia e caridade assegura a sobrevivência. É necessário combinar gestão baseada na criação de valores econômicos, éticos, emocionais e espirituais (RAICH e DOLAN, 2010). C a p ít u l o 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 5 1.3 FENÔMENOS QUE INTERFEREM NA VISÃO DE MUNDO Como vimos, a visão de mundo é individual e exerce impactos na nossa tomada de decisões. Ela pode gerar momentos de indecisão e insegurança, mas também de orientação, pois só poderemos alcançar aquilo que conseguimos ver. Alguns fenômenos que interferem na nossa visão de mundo serão discutidos nesta seção. GLOBALIZAÇÃO A globalização é o conjunto de mudanças de ordem econômica, financeira e política, que integra os mercados mundiais. Um exemplo de globalização de mercados você percebe quando vai fazer compras no supermercado e encontra uma variedade de opções de compra de produtos originários de vários países. A globalização traz mudanças comportamentais e socioculturais, o que leva ao multiculturalismo, isto é, à coexistência de muitas pessoas originárias de várias culturas diferentes numa mesma localidade, o que alimenta a ideia da existência de uma certa unificação comportamental. Um exemplo disso são as lojas de lanches da cadeia McDonald's, localizadas em vários países do mundo: seus clientes (ou fregueses) sentem-se "consumidores globais", associados entre si pelo fast food (numa tradução livre, a 'comida que se consome rapidamente'), cujaadoção se tornou, afinal, além do resultado inevitável das urgências ditadas pelo alvoroço da vida nas grandes cidades, um conceito de "modernidade". A globalização tem seus efeitos positivos, como a informação em rede, o avanço da democracia, o maior acesso às informações, a educação a distância, a rápida disseminação dos conceitos de desenvolvimento sustentável (HENDERSON , 2003). "Se a globalização diminui o papel do setor governamental e amplia o mercado, também força as pessoas a se organizarem em PARA FIXAR A GLOBALIZAÇÃO É IMPULSIONADA PELA TECNOLOGIA. PARA REFLEXÃO U m DOS EFEITOS PERVERSOS DA GLOBALIZAÇÃO É O CRESCIMENTO EXPONESCIAL DA PORNOGRAFIA NA INTERNET. 2 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L comunidades de interesses que garantam sua subsistência." Por outro lado, há que se pensar nos efeitos perversos como a desigualdade social, o desemprego, a liberalização e desregulamentação dos direitos sociais para garantir a competitividade (SOUZA NETO, 2004, p. 106). Além disso, outros aspectos negativos da globalização são a redução do nível de salário, acréscimo da carga horária dos trabalhadores, fechamento de empresas e a concentração de riquezas nos países industrializados (MARIN , 2010). Se é verdade que cada vez mais a globalização envolve a interdependência entre as economias, os mercados financeiros, o comércio, as corporações, a produção e o consumo, não se pode esquecer que os problemas também têm sido globalizados, como nas questões das mudanças climáticas, a desertificação, a perda da biodiversidade, o crime organizado, o terrorismo e o lixo espacial (.HENDERSON, 2003). A GLOBALIZAÇÃO TROUXE IMPACTOS NA SUA VIDA PESSOAL? E NA SUA CARREIRA PROFISSIONAL? O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA A evolução tecnológica está melhorando a qualidade de vida das pessoas mais do que em qualquer momento histórico passado ( WERBACH, 2010). Em meio ao caos em decorrência dos problemas sociais e ambientais e pela falta de valores éticos universalmente aceitos e à potencial escassez de energia, a sociedade humana do Século XXI divide-se entre a expectativa de que a ciência e a tecnologia cumpram suas promessas e o receio do fracasso e do abuso da tecnologia. Com todas as descobertas, invenções e inovações e o emprego de tecnologias cada vez mais sofisticadas, algumas vezes temos a impressão de que podemos controlar o mundo físico (RAICH e DOLAN, 2010). C a p ít u lo 1 COMO v o c ê VÊ O MUNDO? 2 7 Nos primórdios da História o desenvolvimento da ciência começou com "a observação das estrelas e partiu daí para baixo. Os últimos temas a entrar na observação científica foram as questões humanas" (MAGEE, 2001). Mas, desde então, são os mais recorrentes. As quatro principais áreas de estudo da ciência e da tecnologia, na atualidade, são: a) N ano - nanotecnologia - materiais e máquinas em escala muito, muito pequena; b) Bio - biotecnologia, incluindo análise de gens e proteínas; c) I n f o - tecnologia da informação; d) C ogno - ciência cognitiva, neurociências. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 246) E os principais fatores que vêm impulsionando os avanços cada vez maiores em ciência e tecnologia são: a) megafoco no aspecto econômico-financeiro; b) aplicações militares; c) convergência entre várias tecnologias; d) curiosidade humana; e) surgimento de novas necessidades. De maneira correspondente, os principais problemas referentes à ciência e tecnologia são: a) a transição da pesquisa pura na direção da pesquisa aplicada, devido ao financiamento comercial; b) as considerações éticas e o bem da sociedade; c) o uso da ciência e tecnologia para fins destrutivos; d) a perda de controle por parte dos seres humanos. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 128) Descobertas no âmbito da energia nuclear, microeletrônica, física quântica, microbiologia, engenharia genética, etc,, interferem no desenvolvimento da sociedade. Se a revolução tecnológica contribui na aproximação das pessoas, no autoconhecimento e no conhecimento do Planeta, por outro lado, poderá trazer riscos à humanidade (SOUZA NETO, 2004). 2 8 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L PARA FIXAR A REALIDADE VIRTUAL É UMA DAS MAIS IMPORTANTES TECNOLOGIAS E PERMITE /ÍS PESSOAS INTERAGIREM COM UM AMBIENTE SIMULADO OU GERADO POR COMPUTADOR. PARA REFLEXÃO Q ue im pacto s trarão O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA SOBRE A SOCIEDADE HUMANA? E PARA A SUA ÁREA DE FORMAÇÃO? A realidade virtual é uma das mais importantes tecnologias atuais. Um ambiente de realidade virtual pode ser bastante similar ao "mundo real" (simulador de voo ou simulador de negócios, por exemplo), pode ser baseado na ficção (como o S econ d L i f e ) ou representar um mundo totalmente novo, além da nossa imaginação. A realidade virtual é parte da sociedade do conhecimento e da economia do conhecimento, mudando o mundo e nossa forma de compreendê-lo, agora e no futuro (RAICH e DOLAN, 2010, p. 133). Além de analisar riscos e oportunidades individuais no momento de nos inserirmos neste mundo renovado, podemos fazê- lo de forma sistêmica e holística, para tentar compreender melhor sua dinâmica e tendências. A SUSTENTABILIDADE A então primeira-ministra norueguesa G ro H a r l e m B run d tlan d utilizou pela primeira vez, na década de 1980, a palavra "sustentabilidade" num relatório das N a ç õ e s U n id a s ( A L M E ID A , 2008). Antes disso, a palavra era definida como "a condição das empresas cujos ganhos apresentavam crescimento crescente". Mas, em termos contemporâneos, a verdadeira sustentabilidade define-se por meio de quatro componentes, já extrapolados do domínio eminentemente empresarial: social, econômico, ambiental e cultural ( WERBACH, 2010, pp. 8-9 ). O co m po n en te s o c ia l refere-se a ações e condições que afetam a sociedade, como é o caso da pobreza e seu enfrentamento e o das formas de superar problemas nas áreas da educação, da saúde pública e do trabalho e empregabilidade. O co m po n en te eco n ô m ico concerne a ações sobre como pessoas e organizações satisfazem suas necessidades. Conquanto diga respeito, numa primeira abordagem, ao lucro das empresas, esse componente acaba por englobar aspectos como a garantia da oferta, por parte dessas empresas, de alimentos e de outros bens C a p ít u lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 9 e serviços de que necessitam as populações. Trata-se, então, do Dem-estar das pessoas e da continuidade da sua existência. O co m po n en te a m b ien t a l define-se a partir das relações do H omo S a p ien s com o seu planeta, até agora, em geral, conflituosas como no caso das mudanças climáticas e da preservação dos recursos da Natureza. O co m po n en te c u ltu ra l relaciona-se com formas de proteção e /alorização, da diversidade cultural. Em se tratando de sustentabilidade, é preciso considerar mitações globais, que podem ser percebidas por dois ângulos, segundo PORTO (2010): • os recursos e serviços naturais são finitos, mas estão sendo consumidos de forma tal que podem se tornar irrecuperáveis; • a incapacidade do meio ambiente de absorção de resíduos produzidos pelo homem. Ainda, para esse autor, o mais dramático dos fenômenos globais da atualidade é o aquecimento global, que é conseqüência da impossibilidade de o planeta absorver os gases do efeito estufa lançados na atmosfera. I gualm ente dramático é o que o co rre com o s ec o ssistem a s , que são uma complexa dinâmica d e comunidades d e plantas , a n im a is e m icro rgan ism o s e oa m bien te não- vivo , in teragin d o como uma unidade funcional. Os ecossistemas fornecem água potável, alimento, ambiente seguro e saudável e um lar para todos os seres vivos. O bem-estar das pessoas depende dos ecossistemas (RAICH e DOLAN, 2010, p. 120 ). Quanto aos problemas que afetam os ecossistemas, três temas têm chamado atenção, segundo A lm e id a (2008): • a escassez de água; • a sobrepesca; • as alterações climáticas. 3 0 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L PARA REFLEXÃO Q ual é a sua visão DE SUSTENTABILIDADE ? 0 QUE VOCÊ TEM FEITO EM PROL DA SUSTENTABILIDADE DO PLANETA? Esses temas desenham um cenário no qual a escassez de água é uma das ameaças mais sérias, o desaparecimento de algumas espécies de peixes pode levar ao colapso a indústria de pesca e a emissão de gases causadores do efeito estufa e do aquecimento global contribui para as alterações climáticas (A L M E ID A , 2008). Em setembro de 2000, a O r g a n iza ç ã o d a s N a ç õ e s U n id a s - O N U , num esforço conjunto dos países-membros, elaborou a D ec la ra ç ã o do M il ê n io 2, aprovando os oito objetivos do milênio a serem alcançados até 2015. Esses objetivos são: 1) erradicar a extrema pobreza e a fome; 2) universalizar o ensino básico; 3) promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres; 4) reduzira mortalidade infantil; 5) melhorar a saúde materna; 6) combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7) garantir a sustentabilidade ambiental; 8) estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. A partir desses oito objetivos internacionais, 18 metas e 48 indicadores foram estabelecidos para concretização desses objeti vos em níveis regional, nacional e global. A questão da sustentabilidade tem levado a sociedade e as organizações a se mobilizarem na solução desse problema, que tem sido encarado como um problema globalizado. Novas tecnologias, novos conhecimentos e mudanças nos costumes são algumas das conseqüências. Diante da perda de ecossistemas, decorrente em grande parte, da atividade econômica humana (A M A Z O N A S , 2010, pp. 42- 46), na tentativa de atrair a atenção dos povos, em 2006, a A s s e m b l é ia G e r a l d a s Na ç õ e s U n id a s elegeu 2010 como o A no I n tern a c io n a l da B io d iv e r s id a d e . C a p ít u lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 31 AS FORÇAS DO CONTEXTO AMBIENTAL O contexto ambiental ou o meio ambiente pode ser representados como o conjunto de forças que influenciam nossa .ida enquanto indivíduos. Por sua vez, a sociedade organizada configura os vetores cessas influências, como esquematizado na figura 3. Forças Econômicas Forças Legais Forças Demográficas Forças Tecnológicas Forças Culturais Forças Políticas Figura 3 - O ser humano e as forças do contexto ambiental Essas forças podem ser de ordem cultural, demográfica, econômica, legal, tecnológica e política. • as fo rç as c u ltu r a is referem-se a aspectos dos modos de pensar, sentir e agir das pessoas em sociedade; • as fo rç as d em o g rá fica s implicam questões referentes a caracterísicas individualizadoras das pessoas, como gênero e idade, por exemplo; • as fo rç as econ ô m icas atuam quando, por exemplo, a inflação e a distribuição de renda afetam as populações; • as fo rças l e g a is incluem os regulamentos, as normas e as leis em suas diferentes modalidades; • as fo rças tecn o ló g icas envolvem as inovações de base tecnológica; • As fo rç as p o l ít ic a s relacionam-se a valores, decisões e definições políticas nos âmbitos federal, estadual e municipal. 3 2 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L PARA REFLEXÃO Se você transporta ou tem filh o s MENORES DE 1 0 ANOS DE IDADE, FOI AFETADO POR ESSA LEGISLAÇÃO. C omo VOCÊ REAGIU? Observe, por exemplo, a Resolução 2773, de 28 de maio de 2008, do C o n selh o Na c io n a l d e T r â n s it o - C O N T R A N , que ficou conhecida como " L e i C a d e ir a d e B e b ê " , em vigor desde 1.° de setembro de 2010, que torna obrigatório o uso de "cadeirinhas", "assentos de elevação" ou o assim chamado "bebê conforto", como itens de segurança para o transporte de crianças nos automóveis. 1.4 VISÃO DE MUNDO E OS VALORES Nossa visão de mundo é afetada por v a l o r e s . Valores são a base na formação das atitudes e preferências pessoais e estão entre as características mais duradouras e estáveis das pessoas. Os valores são c r en ç a s e p r in c íp io s que orientam a vida de pessoas, organizações e países (ROTHMANN e COOPER, 2009). São os valores que também determinam o comportamento de uma pessoa. Se os valores são de natureza ética, a pessoa se comportará eticamente; o contrário também é verdadeiro ( WEIL, 1991). A sociedade humana procura fundamentar-se em quatro tipos de valores tidos por essenciais, equilibradamente: os valores econômicos, os éticos, os emocionais e os espirituais (RAICH e DOLAN, 2010). Substanciando valores dessas tipologias tem -se, por exemplo, que em termos ec o n ô m ic o s as pessoas devam ser comedidas nos seus gastos, pessoais ou sob sua responsabilidade, de modo a não compremeterem suas rendas e orçamentos (individuais, familiares, das empresas). E, do ponto de vista da é t ic a , regras básicas de civilidade, como respeito à mulher, à criança e ao idoso, às minorias, o claro entendimento da diferença entre os espaços público e privado deveriam constar do horizonte comportamental de todos, no seu dia a dia. C a p itu lo 1 COMO v o c ê VÊ O MUNDO? 3 3 Os outros dois tipos de valores, os e m o c io n a is e os e s p ir it u a is , embora digam mais respeito à, individualidade das pessoas normalmente são buscados e encontrados nos processos de ntrospecção das pessoas), têm importância capital para a boa sociabilidade que se exige dos cidadãos. Sem dúvida, para uma pessoa que trabalha bem suas emoções, isto é, que seja equilibrada emocionalmente, não será cifícil harmonizar-se em relação aos amigos, familiares ou colegas ze trabalho, superiores ou liderados. Quanto aos valores espirituais, então, como podem eles contribuir para a integração das pessoas no contexto do ambiente em que vivem? Em primeiro lugar, conceituando a espiritualidade para evitar confusões que surgem frequentemente, deve-se afirmar que entre ela e a religiosidade existem diferenças fundamentais, uma não é igual à outra. Entende-se que "religiosidade" remete ao envolvimento que as pessoas têm com crenças, com a fé em uma ou mais divindades, isto é, envolvimento com fenômenos da ordem do transcendente, do sobrenatural, que são em geral mediados por uma dada religião, ~e maneira institucional ou não. Nesse contexto religioso as palavras e s p ír it o e e s p ir it u a l id a d e tradicionalmente são associadas a essa classe de fenômenos da ordem da transcendência mas, para que se possa entender como a espiritualidade pode ser tomada como um valor positivo no contexto do equilíbrio pessoal e interpessoal, no âmbito de uma s o c ie d a d e -aica, é preciso distinguir quais dos seus significados coincidem com esse valor. No universo do trabalho, de acordo com R eg o , C unha e S outo (2007), a espiritualidade está relacionada às necessidades de os trabalhadores estarem em comunhão com algo superior a si próprios, de serem úteis, de compreenderem e serem compreendidos; de PARA FIXAR Q uando s e d iz de UMA DADA SOCIEDADE QUE ELA É "LAICA" SIGNIFICA QUE OS ESTATUTOS QUE A REGEM ( CONSTITUIÇÃO E LEIS) A OBRIGAM A NÃO SE VINCULAR A QUALQUER RELIGIÃO,ISTO É, NÃO PODE EXISTIR UMA RELIGIÃO OFICIAL, "DE ESTADO*. NO ENTANTO, EM UMA DEMOCRACIA, É EXIGIDO QUE TODA E QUALQUER RELIGIÃO SEJA RESPEITADA E, PORTAVTO, ABRIGADA A SUA PRÁTICA. 3 4 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L terem um sentido e significado para o trabalho; e terem uma conexão com a comunidade de trabalho. Uma empresa, por exemplo, que preza a espiritualidade não é aquela que induz seus trabalhadores a uma determinada crença ou práticas religiosas. Evidentemente, essa definição de espiritualidade pode ser estendida para o conjunto de todas as pessoas, não apenas aos trabalhadores. Esses mesmos autores citam como evidências concordantes com seus pontos de vista teóricos de visão sistêmica, que há dados empíricos mostrando que pessoas com forte espiritualidade apresentam, por exemplo, melhor qualidade de vida, elevada auto- estima, um sentido mais forte de pertencimento em relação ao mundo, melhor ajustamento a eventos traumáticos, maior proteção contra doenças geradas pelo estresse, maior satisfação com a vida, menor pressão sanguínea, melhor funcionamento do sistema imunológico e menor tendência a estados depressivos. Existem, também, movimentos no sentido de identificar e promover valores humanos compartilhados por várias sociedades do mundo. Um deles é o T h e E a r t h C h a r t er I n it ia t iv e 4, uma declaração consensual global sobre ética e valores para um futuro sustentável, endossada por mais de 2000 organizações, inclusive a O rg a n iza ç ã o d a s Na ç õ e s U n id a s para a E ducação , C iê n c ia e C u ltu ra - U n e s c o . Nessa D ec la ra ç ã o estão propostos 16 p r in c íp io s , divididos em 4 c a t e g o r ia s : 1 ) R espeito e C uidado pela C omunidade • respeitar a Terra e toda a sua diversidade; • cuidar da comunidade com compreensão, compaixão e amor; • construir sociedades democráticas justas, participa tivas, sustentáveis e pacíficas; • garantir a generosidade e a beleza da Terra para as gerações presentes e futuras. C a p ít u l o 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 5 2 ) I ntegridade E cológica • proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e pelos processos naturais que protegem a vida; • prevenir dano como melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução; • adotar padrões produtivos de consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário; • avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido. 3 ) J ustiça E conômica e S ocial • erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental; • garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de modo equitativo e sustentável; • afirmar a igualdade de gênero e a igualdade como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, saúde e oportunidades econômicas; • defender os direitos de todos, sem discriminação, para um ambiente social apoiado pela dignidade humana, saúde e bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias. 4 ) D emocracia, Não Violência e Paz • fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e assegurar transparência e responsabilidade na gestão pública, inclusive na participação e tomada de decisão e acesso à justiça; • integrar na educação formal e aprendizagem, ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um estilo de vida sustentável; • tratar todos os seres vivos com respeito e consideração; • promover a cultura da tolerância, não violência e paz. PARA REFLEXÃO A IDENTIFICAÇÃO E A DIVULGAÇÃO DE VALORES HUMANOS COMPARTILHADOS PODEM AUXILIAR HA v is ã o De Muftoo DAS PeSSOAS E DA SOCHiADe. 3 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L PARA REFLEXÃO M udanças são opo rtunidades ou CRISES? 1.5 MUDANÇA, TRANSFORMAÇÃO E INOVAÇÃO "A mudança que você deseja ver no mundo precisa começar com sua própria mudança." M ahatma G handi Diante da visão e da interpretação dos fenômenos do mundo, geralmente decidimos por uma a d aptação o u por uma m u d an ça . Toda vez que deixamos um padrão de comportamento e adotamos outro, podemos dizer que houve mudança. Mudar significa deixar uma situação conhecida, à qual já estávamos acostumados, para uma nova situação, que poderá, até, nos causar desconforto e insegurança. Toda mudança, para ser duradoura, deve basear-se em uma transformação na forma de pensar. A forma como percebemos o mundo, como lidamos com ele e encontramos fontes para o sentido da nossa vida decidirão o nosso destino. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 95) O SENTIDO DE MUDANÇA É DIFERENTE DE TRANSFORMAÇÃO. PARA REFLEXÃO O NASCIMENTO E A MORTE SÃO EXEMPLOS DE TRANSFORMAÇÃO SÚBITA. O ENVELHECIMENTO HUMANO É UMA TRANSFORMAÇÃO PAULATINA. A transfo rm ação é uma mudança irreversível que cria algo novo. Ela pode criar valor, mas pode ser neutra em relação ao valor ou até mesmo destruí- lo. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 197, grifo nosso) Além de adaptações e mudanças, muitas vezes temos de lidar com uma tra n sfo rm a çã o o u com uma in o v a ç ã o . Esta última resulta da insatisfação, da curiosidade, de uma ideia, conceito ou visão alternativa e sua implementação leva a um novo valor. C a p ít u l o 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 7 A figura 4 mostra as diferenças entre mudança, transformação = inovação. Transformação: Mudança sem retorno. Se criar novos valores, é uma inovação transformadora Figura 4 - Diferenças entre mudança, transformação e inovação Uma transformação pode ocorrer continuamente ou subitamente, por ação do tempo e em toda parte. M achad o (1984) chama de "adaptação evolucionária" as modificações no desenvolvimento de uma criança desde o nascimento •'ormas e dimensões do corpo, gestos, traços fisionômicos e comportamentos); o ser humano estaria, assim, descobrindo ambientes mais complexos, adaptando-se a diferentes situações, e a essas fases de adaptação este autor denomina "evolução". Para o autor, esse p r o c e s s o d e ad aptação durante toda a vida compõe o trinômio in fo rm ação , h o m eo st a se , a d a p ta ç ã o . Mudanças trazem muita incerteza, receios e riscos. Por outro lado, criam novos valores. Se esses valores passam a ser aceitos, constituem uma in o v a ç ã o . Ocorrem, então, novas formas de criação de valor. Criatividade, empreendedorismo e iniciativas são características dessa cultura de inovação (RAICH e DOLAN, 2010). Mudanças rompem equilíbrios e mexem com nossas zonas de conforto. Elas podem perturbar, provocar rupturas, perdas e destruição. PARA REFLEXÃO C om o a s m udanças e s tã o a fe ta n d o v o cê com o p e sso a e com o p r o f is s io n a l ? Q u a is são a s im p l ic a ç õ es d a s m udan ças? 3 8 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L O nde estã o AS RAÍZES DAS MUDANÇAS? E starão n as n o ssa s FORMAS DE VER O MUNDO? Por outro lado, mudanças apresentam um lado positivo: abrem novos caminhos, apresentam novas soluções, permitem novas abordagens, constroem e reconstroem, renovam, induzem melhoras, modernizam. As mudanças trazem desafios como d e sa p r en d er para a p r e n d e r , dando espaço para o novo, a p r en d er a a p r en d er c o n tin u a m en te e colocar- se a par dos novos cenáriosque surgirem nesses processos. As mudanças, assim como a perda, exigem aprendizado. Nos estágios iniciais de uma mudança, parece impossível ser positivo, aprender novas técnicas ou mudar hábitos e estilos de vida. No entanto, passada a fase de crise, segue-se um período de aceitação e readaptação à nova situação (MCLAGAN e NEL, 2000). 1.6 TENDÊNCIAS "O homem é produto do passado e produtor do presente e do futuro." S ouza neto DICIONÁRIO STAKEHOLDERS P a r t e s in t e r e ss a d a s q ue podem a feta r £ s e r e m a feta d a s &ELA ATUAÇÃO DE UMA EMPRESA. As transformações produzem efeito sobre a nossa percepção em relação ao futuro, como entendem RAICH e DOLAN (2010): "A nossa percepção do futuro é dinâmica e está em constante mudança, como o mundo ao nosso redor" (pp. 101-102). "O futuro nasce na nossa imaginação! É produto do passado, do presente, de nossos sonhos e habilidade de antecipar, de pensar à frente e adiante." (p. 31). Para estes autores, para se compreender o futuro do mundo é necessário reconhecer cinco dos seus atuais p r o p u l so r e s - c h a v e , que são: a globalização; a demografia; os recursos naturais e as questões ambientais; as regulações governamentais eoativismo dos consumidores, acionistas e STAKEHOLDERS em cada nível; a mudança de valores dos consumidores. Capítu lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 9 No que se refere à g lo balização , esse reconhecimento passa celos aspectos de integração econômica, política, social e tecnológica :os países, assim como, em relação à d em o g ra fia , é de notar-se que :s países industrializados enfrentam o envelhecimento das suas ropulações enquanto os países em desenvolvimento apresentam forte evolução populacional de cidadãos entre 15 e 39 anos de dade. Quanto aos r e c u r s o s n a t u r a is e às q u e s t õ e s a m b ie n t a is , um dos principais fatores que trazem preocupações com o futuro, entre outros, é a escassez de petróleo, que ainda é a principal fonte de energia de que dispomos. Seguindo os autores citados, podemos perceber como estes cenários de transformação vêm, por outro lado, provocando 'eações positivas na mentalidade e no comportamento das pessoas, ~as ações de governos e das instituições em geral, inclusive nas empresas e corporações. Por exemplo, em função da fragilidade da matriz energética —lundial, ainda dependente dos combustíveis fósseis, a busca de •'ontes alternativas de energia tornou-se uma necessidade cada vez mais urgente. No mesmo diapasão, vêm ocorrendo alterações no padrão de comportamento dos consumidores. Em função de uma consciência ecológica mais aguçada, as pessoas estão mudando seus estilos ;e vida em todas as partes do mundo, principalmente nos novos ~iercados emergentes, abraçando causas ambientais e defendendo rolíticas de desenvolvimento sustentável. A partir da percepção da ocorrência de transformações, ameaças e riscos podem ser avaliados de forma mais efetiva, assim como novas descobertas científicas e tecnológicas podem, por exemplo, fornecer ferramentas para o controle das emissões de C02, para lidar com a escassez de petróleo, para prevenir desastres naturais (ou pelo menos amenizar seus efeitos), para enfrentar mudanças climáticas, etc. 4 0 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L PARA REFLEXÃO /4s POPULAÇÕES VÊM AUMENTANDO EM DECORRÊNCIA ATÉ MESMO DE FATORES POSITIVOS COMO MAIS NASCIMENTOS, COM BAIXAS TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL E A ELEVAÇÃO DOS ÍNDICES DE LONGEVIDADE, DECORRENTE DAS MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA. Em particular, no que diz respeito a problemas demográficos, como o aumento acentuado das populações, mudanças na economia dos países desenvolvidos, a expectativa da aposentadoria dos baby-boomerss (a partir de 2012), os processos cada vez mais céleres de urbanização e o surgimento de megacidades6, estima-se que, até 2050, a humanidade precisará 2 vezes mais recursos para suprir o planeta (RAICH e DOLAN, 2010). A população global chegará a 9 bilhões de pessoas e isso acarretará alterações demográficas, além de riscos sociais, políticos e ambientais. A s POPULAÇÕES QUE MAIS CRESCEM S/ÍO /IS DOS MERCADOS EMERGENTES, COMO BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA - PAÍSES QUE FORMAM O BLOCO CONHECIDO COMO BRIC, QUE A PARTIR DE 2011 CONTA COM A PARTICIPAÇÃO TAMBÉM DA A frica do S u l . E, é claro, a superpopulação implica uma gama de problemas, tais como: • conflitos por recursos escassos; • desmatamento; • degradação das infraestruturas de saneamento básico; • esgotamento de recursos naturais, em especial os combustíveis fósseis; • terrorismo crescente; • altos índices de criminalidade; • altas taxas de desemprego, especialmente em áreas urbanas; • disseminação cada vez maior de doenças e epidemias; • maior desertificação e perda irreversível de terra cultivável; • perda de biodiversidade e extinção de espécies (de acordo com alguns estudos, os índices de extinção atuais podem chegar a 140 mil espécies perdidas todos os anos); • menor expectativa de vida; • pobreza; • escassez de água; • fome e subnutrição; e • turbulência social. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 83) C a p ít u lo 1 COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 41 Para o enfrentamento desse tipo de circunstância, é possível z je a humanidade promova a convergência de várias tecnologias, :omo robótica, nanotecnologia, biotecnologia, engenharia genética, -■'ormática, tecnologia neural, bioeletrônica, física quântica e realidade virtual. Deve também ocorrer a criação de novos materiais, novos Drodutos, novas formas de informação e comunicação, novos -neios de transporte, novas oportunidades, mas também - e nfelizmente - , novas formas de destruição em massa e novas ameaças (RAICH e DOLAN, 2010). Q u al é a s u a v is ã o SOBRE ESSAS TENDÊNCIAS NA SUA VIDA PESSOAL E NA SUA VIDA p r o f is s io n a l? E na v id a em s o c ie d a d e ? 1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfrentar mudanças gera ansiedades, envolve riscos e requer criatividade para ampliar nossa visão de mundo. Diante das discussões deste capítulo, sob a ótica de uma . isão holística de mundo, isto é, assumindo que as mudanças estão nter-relacionadas, será que as mudanças no mundo acontecem num encadeamento? Tomemos como exemplo as mudanças que acontecem nas :rganizações. Elas estão inseridas num contexto maior, o ambiente externo, o mundo. Qualquer mudança no ambiente organizacional poderá -nudar o universo do trabalho, sua estrutura, recursos, processos e 'elações interpessoais. Consequentemente poderá haver mudanças no perfil do trabalhador. A realidade virtual, com a possibilidade de simulações, está 'econfigurando as diferentes disciplinas do conhecimento. E essas cisciplinas estão sendo cada vez mais utilizadas nas organizações, alterando estruturas, os recursos e os processos de trabalho. Em decorrência, os trabalhadores estão sendo preparados - e estão se preparando - para lidar com essa nova situação. Q u a l q u e r MUDANÇA NO MUNDO PODERÁ AFETAR AS ORGANIZAÇÕES. 42 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L A figura 5 mostra o possível encadeamento de mudanças, Mudanças no mundo Mudanças nas * organizações Mudanças no ----- ► universo do trabalho Mudanças no ------► perfil profissional Figura 5 - As mudanças que ocorrem em cadeia Não deixe de exercitar a sua visão de mundo. A cada exercício melhoramos enquanto observadores, melhoramos como participantes desse universo e passamos a compreender melhor o cenário no qual estamos inseridos. Por meio da nossa própria visão de mundo temosa opção de decidir por uma de duas atitudes: • atitude passiva: adaptar-se às mudanças; • atitude ativa: mudar, transformar-se e inovar. Pessoas que assumem atitude passiva veem e percebem o mundo e se adaptam. Pessoas que decidem pela atitude ativa veem e percebem o mundo e geram mudanças. C omo você vê o mundo em que está in s e r id o ? D ia n te d e um mundo em co n stan te transformação , tem o s d e mudar NOSSA VISÃO d e MUNDO NA MESMA VELOCIDADE? Você m o d ifica s e u comportamento quando p r e s s e n t e q ue a MUDANÇA SERÁ NECESSÁRIA? 2 O MUNDO DO TRABALHO Keli Cristina de Lara Campos OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Ao final deste capítulo, o estudante terá condições de: • compreender as mudanças ocorridas no contexto do trabalho; • conhecer o conceito de empregabilidade e seus indicadores; • fazer uma autoanálise de sua empregabilidade. 2.1 INTRODUÇÃO CONCEITO DE TRABALHO O trabalho sempre esteve presente, mesmo que de modo ntuitivo, na vida do homem. Estudos antropológicos relatam que ;á na pré-história havia uma organização e divisão do trabalho: os nomens caçavam e as mulheres cuidavam da colheita de raízes e cos filhos (ENGELS, 1986). Desde então, o trabalho sofreu grandes mudanças e, em função das condições sociais e econômicas que •'oram se estabelecendo ao longo da história, tem sido motivo de -luitos estudos e discussões. O trabalho é tido como fundamental na vida humana e a evolução da sociedade se deu, em grande parte, graças à capacidade do homem de criar ferramentas que tornaram possível transformar o meio e adaptar-se a este, de modo a garantir um constante desenvolvimento. Ao analisar a relação do homem com o : rabalho, verifica-se que este pode adquirir diferentes significados, de acordo com as funções que possui na vida do ser humano. 4 4 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L Segundo D e jo u r s (1997), o trabalho é um elemento estruturante da sociedade, visto que se apresenta como um veiculador da cultura e da ordem civilizatória. Além disso, apresenta-se como um elemento que participa da estruturação da identidade psíquica e social do indivíduo como sujeito que atua e produz. Assim sendo, em seu polo positivo o trabalho pode ser descrito como apontam as definições de D a v is e S h a c k leto n (1977): • Meio pelo qual são produzidos os bens e serviços que a sociedade deseja; • Atividade instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para uma alteração planejada de certas características do meio ambiente do homem; • O trabalho é uma atividade que produz algo de valor para outras pessoas. Ou seja, TRABALHO É QUALQUER ATIVIDADE FÍSICA OU MENTAL QUE TEM POR OBJETIVO CRIAR, TRANSFORMAR OU OBTER ALGO DA INTERAÇÃO HOMEM—MEIO AMBIENTE. O TRABALHO AFASTA DE NÓS TRÊS GRANDES MALES: O TÉDIO, O VÍCIO E A NECESSIDADE. (VOLTAIRE) Ao mesmo tempo, D e jo u r s , psiquiatra especialista em saúde mental do trabalhador, lembra também que o trabalho pode adquirir uma conotação negativa, pois, diante de certas condições, pode servir como um instrumento de dominação, capaz de produzir sofrimento. O próprio termo "trabalho" seria, segundo uma dada corrente de estudos lingüísticos, derivado do latim vulgar t r ip a l iu m , que significa t r ê s p a u s , e que na maioria dos dicionários modernos é definido como um in str u m en to d e to rtu ra u t il iz a d o p e l o s ro m an o s a f im DE SUBJUGAR OS CRISTÃOS. Essa prática deu origem ao verbo t r e p a l ia r e , depois a t r a p a l ia r e e, finalmente, trabalhar e, nesse contexto, o trabalho é tido como sacrifício, árduo, causador de transtorno e preocupação, ligado à punição, obrigação e dever. C a p ítu lo 2 O MUNDO DO TRABALHO 4 5 Em verdade, o significado que temos de "trabalho" sofre as nfluências de diversos aspectos socioeconômicos, tais como os -ecursos e as condições materiais, a representação social do cargo, o ganho econômico que possibilita um certo grau de realização cessoal, etc. A experiência que vivenciamos a partir desses fatores resulta ia atribuição p o s it iv a ou n eg a t iv a do que seja o t r a b a lh o . "quando e x is t e , [ O TRABALHO] DEFORMA m ú scu lo s e c é r e b r o s . Q uando não e x is t e , red u z o homem a tr a p o s" (MARX) No contexto atual, as organizações buscam, cada vez mais, ressoas que considerem o trabalho como uma atividade que lhes auxilie em seu desenvolvimento pessoal, e não apenas como um sacrifício a ser cumprido. O significado p o s it iv o atribuído ao trabalho por uma pessoa rode ser considerado um fato r d if e r e n c ia l do seu potencial de EMPREGABILIDADE. 2.2 MERCADO DE TRABALHO: EVOLUÇÃO E CONTEXTO As mudanças iniciadas com o processo de globalização, as novações tecnológicas, a concorrência cada vez mais acirrada, a rusca da excelência, exigência por qualidade e melhorias contínuas 'esultaram em profundas alterações nas formas de produção. Todas estas mudanças trouxeram em seu bojo transformações :anto positivas como o acesso às novas tecnologias, bens e serviços _teis à humanidade, como também uma carga negativa, que se restaca especialmente pela eliminação de muitos postos de trabalho. Mas para compreender o mercado de trabalho atual é preciso dedicar-lhe um olhar m acro e considerar múltiplas facetas, que abordaremos a seguir. 4 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L MUDANÇAS NA ECONOMIA MUNDIAL Até a década de 1980 o empresariado, especialmente no Brasil, não estava preocupado em "encantar o cliente". Afinal, se só havia duas ou três marcas de um determinado produto, no mercado, os consumidores obrigatoriamente se dividiam entre elas e assim as empresas permaneceram estáveis e lucrativas por décadas. Afastadas de qualquer concorrência, as empresas conseguiram acumular grande capital, mas pouco investimento foi repassado para o desenvolvimento de máquinas, equipamentos ou melhorias no processo produtivo. O trabalhador, nesse tipo de organização, também era uma pessoa acostumada à estabilidade, que em geral entrava também para trabalhar na "firma" na qual o pai e o avô estiveram empregados por todas as suas vidas. Assim como eles, ali aprendia o que deveria ser feito e sabia que ali ficaria até sua aposentadoria. Nesse cenário, não era necessário maior empenho seja por parte do trabalhador seja por parte do empresário, porque afinal o futuro era bastante previsível para todos. Ocorre que, a partir daí, o cenário mundial sofreu profundas mudanças, com o surgimento da chamada g lo b a liz a ç ã o ec o n ô m ic a , acelerada principalmente pelo desenvolvimento dos meios de transporte e de telecomunicações, que disseminam informações com menor custo, interligando o mundo. Essa abertura do mercado passou a alterar aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos dos países, facilitando o processo de importação e exportação de produtos, pela diminuição de barreiras a transações financeiras. Por outro lado, tais mudanças criaram um mercado de forte concorrência mundial, em que a briga por espaço e a procura por menores custos de produção tornam-se, por vezes, desleais. C a p ítu lo 2 O MUNDO DO TRABALHO 4 7 MUDANÇAS NO PADRÃO DE CONSUMO Quem fizer uma pesquisa básica nos sites de busca da Internet ::~n a expressão m ercad o d e tr a b a lh o , rapidamente encontrará as ra avras mudança , c o m petên c ia , e x ig ê n c ia , q u a lid a d e . Ao que parece, a ún ca coisa perene atualmente é o cenário de mudanças, pois a e~presa, o mercado, o trabalhador, oshábitos de vida mudaram e ::-tinuam mudando. Hoje, as exigências e preferências de cada cidadão podem ser atendidas, pois existe uma infinidade de organizações pensando e~ como realizar os seus desejos e superar suas expectativas e-quanto consumidores. Basta lembrar que há 15 anos você ia ao supermercado para ii^ p ra r um iogurte e lá havia no máximo duas marcas do produto :=-a você escolher. Hoje, as geladeiras de iogurtes trazem uma . a-edade enorme de tipos, sabores, preços e benefícios agregados a esse produto e você pode eleger o que mais se adequa às suas -ecessidades e desejos. Caso você queira comprar um carro, pode entrar nos sites :e cada montadora e fazer uma simulação, na qual é possível e eger todos os componentes e acessórios que você deseja e ver instantaneamente os possíveis resultados, com seus preços ::~espondentes. Tudo isso sem precisar sair de casa e com poucos d zues. Alguns podem dizer que antigamente também era fácil : :~ r r a r um automóvel, pois, afinal, só havia três opções de cores r-e:o , branco e cinza) e os poucos acessórios eram padronizados, não Dermitindo variações, o que agilizava de algum modo a escolha, '•'as as opções de hoje parecem agradar bem mais o consumidor, ;_ e se acostumou com melhores serviços e agora exige cada vez '-Tais. 4 8 DESENVOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L INOVAÇÕES NO PROCESSO PRODUTIVO Com a livre concorrência, o mercado brasileiro, acostumado com a "firma estável e o empregado pacato", se viu forçadamente obrigado a mudar. O s EMPRESÁRIOS TIVERAM DE INVESTIR RECURSOS NA COMPRA DE MAQUINÁRIOS MAIS MODERNOS, NA AUTOMAÇÃO E NA AUTOMATIZAÇÃO DE DIVERSOS PROCESSOS PRODUTIVOS. A necessidade de competitividade exigiu modificações profundas e a modernização das empresas trouxe como conseqüência cortes significativos de pessoal, reduzindo drasticamente a necessidade de trabalhadores braçais. Houve o enxugamento da estrutura hierárquica, eliminando muitos cargos de supervisão e média chefia. Esses fatores foram sentidos principalmente nas indústrias do país e deram lugar ao que chamamos hoje de desemprego estrutural, ou seja, um contingente grande de trabalhadores que foram demitidos, não por incompetência, mas por conta das inovações e melhorias implantadas nos processos de produção vigentes. Como exemplo, se uma indústria têxtil trabalhava com um tear manual que requeria 10 homens para ser operado, ao substituí- lo por um tear mecânico, passou a necessitar de apenas 5 homens para manter o mesmo nível de produção. PARA FAIXAR P r ó - a t iv id a d e É A CAPACIDADE DE SE ANTECIPAR /ÍOS PROBLEMAS, PROPONDO SOLUÇÕES E OFERECENDO AUXÍLIO EM DIFERENTES SITUAÇÕES. " E n treg ar m a is DO QUE LHE É so l ic it a d o " MUDANÇAS NO PERFIL DO TRABALHADOR Outro ponto a considerar é que esse avanço no m o d u s o per a n d i fez com que o trabalho passasse a ser mais intelectual do que braçal e foi preciso pensar novas maneiras de produzir, criar e satisfazer o consumidor. Inovação passou a ser a palavra de ordem e o trabalhador ideal passou a ser aquele com capacidade criativa, educação superior, espírito empreendedor e p r o a t iv id a d e . C a p ít u lo O MUNDO DO TRABALHO O empregado pacato e bom executor, que nunca tinha sido cobrado a melhorar sua escolaridade ou desenvolver competências, c d dia para a noite se viu forçado a buscar novos conhecimentos cue pudessem fazê-lo voltar ao mercado que, recém-mudado, agora o considerava desatualizado e obsoleto. Assim surgem as manchetes de que sobram empregos especializados no país, mas a verdade é que a pouca qualificação cos trabalhadores impede que a demanda atual seja atendida. J á o s p ro fis s io n a is que se encaixam nas novas co n d içõ es podem e sc o lh e r onde re a liz a r su a s ta re fa s e quanto querem ganhar. São procurad os no m ercado e valem "p eso d e o u ro ", ju sta m en te POR SEREM POUCOS PARA /3S n e c e ss id a d e s a t u a is . Como exemplo dessa situação, Na b il S ah yo u n , presidente ca A s so c ia ç ã o B r a s il e ir a D e L o jis t a s D e S h o ppin g - A L S H O P , em uma -eportagem sobre mercado de trabalho da revista V o cê S / A , de julho ce 2010, afirma que tem sido freqüente a busca por candidatos com -lelhor formação em razão da evolução e da tecnologia utilizada no .='ejo, bem como da necessidade de atendimento cada vez mais especializado, exigido pelo consumidor atual. Tal afirmação é válida também para outros nichos de mercado c je buscam constantemente por mão de obra qualificada e capaz ce enfrentar os novos tempos. MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Como conseqüência das alterações citadas, ocorreram •codificações nas relações de trabalho. Antigamente os contratos ce trabalho baseavam-se no tempo de serviço do trabalhador como tério para sua promoção a quadros mais importantes da empresa, -tualmente entende-se que o desempenho assegura a chamada e m p r e g a b il id a d e por meio da a p r e n d iz a g e m , e assim se estabelece a :-oca entre trabalho e recompensas (ROMANIUK & SNART, 2000). 5 0 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L I l e s , F o r s t e r e T in l in e (1996) entendem que as bases dos c o n tra to s p s ic o ló g ic o s deixaram de ser o emprego seguro para assentarem-se em empregabilidade, pois agora, ao invés de as organizações tomarem a responsabilidade pelo gerenciamento da carreira de seus trabalhadores, por meio de mecanismos de oferta de segurança e de promoções, seus funcionários são obrigados a assumir a responsabilidade pela progressão de suas próprias carreiras. Tal fato implica que os empregados demonstrem comprometimento com as metas da organização e flexibilidade no seu desempenho profissional como moeda de troca imprescindível à obtenção de postos de trabalho desafiantes, oportunidades de desenvolvimento e suporte aos planos de carreira desejados. No presente, ainda é comum encontrarmos pessoas que, tendo trabalhado por muito tempo em uma organização, sentiam- se perfeitamente integradas às suas exigências, mas ao serem demitidas depararam-se com situações que requerem diferentes modos de atuação para as quais não se prepararam no passado, restando a necessidade de se atualizarem rapidamente para voltar ao mercado de trabalho. É p r ec iso a ler ta r a o s q ue e stã o em preg ad o s que o m ercad o d e trabalho OFERECE CADA VEZ MENOS ESTABILIDADE, E QUE A PROBABILIDADE DE VIREM 4 PERDER SEUS EMPREGOS DURANTE SUAS VIDAS PRODUTIVAS É ALTA. A previsão é de que um profissional passe por pelo menos cinco a oito locais de trabalho e/ou empregos diferentes até se aposentar. CUIDE SEMPRE DE SEU CURRÍCULO E AMPLIE CONHECIMENTOS REALIZANDO CURSOS E AS ATUALIZAÇÕES QUE PUDER! C a p ítu lo 2 O MUNDO DO TRABALHO 51 Entende-se, portanto, que se os contratos antigos rezavam = dependência do trabalhador à empresa, nos dias atuais os contratos de trabalho nutrem a independência do trabalhador com 'eiação à organização por meio da e m p r e g a b il id a d e . Dito de outra •arma, os contratos começam a ficar mais autônomos, refletindo a necessidade de flexibilidade organizacional e de adaptação do t-abalhador. Aqui é relevante diferenciar a questão do emprego versus t-abalho, onde e s t a r em pr eg a d o de modo tradicional significa casicamente ocupar um cargo em uma determinada empresa ou :'ganização, com carteira assinada, benefícios garantidos por e . atividades bem definidas e horário regular de trabalho. Já o —a ba lh o , como vem-se delineando,
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