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Josiane C. Cintra 
Keli Cristina de Lara Campos 
Rodolfo Leandro de Faria Olivo 
Tatiane Regina Bonfim 
Yaeko Ozaki
D e s e n v o l VIMENTO 
P e s s o a l e 
P r o f is s io n a l
*o
g SIBUOTECA %
SUMÁRIO
PREFÁCIO
1. O MUNDO COMO VOCÊ VÊ 
Yaeko Ozaki
1.1 Introdução................................................................................................................. 15
1.2 Visão de mundo......................................................................................................... 16
1.3 Fenômenos que interferem na visão de m undo......................................25
1.4 Visão de mundo e os valores.............................................................................32
1.5 Mudança, transformação e inovação.............................................................36
1.6 Tendências.....................................................................................................................38
1.7 Considerações f in a is ............................................................................................... 41
2. O MUNDO DO TRABALHO 
Keli Cristina de Lara Campos
2.1 Introdução.....................................................................................................................43
2.2 Mercado de trabalho: evolução e contexto............................................... 45
2.3 Empregabilidade: cenário a tu a l.......................................................................53
2.4 Mercado de trabalho no século X X I .............................................................. 55
2.5 O mercado e a empregabilidade.....................................................................62
2.6 Considerações f in a is ............................................................................................... 65
Anexo - Exercícios para autoanálise............................................................. 66
3. PROJETO DE VIDA
"O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?"
Josiane C. Cintra
3.1 Introdução.....................................................................................................................69
3.2 Projeto de Vida: o que significa a fin a l? ...................................................... 71
3.3 Projeto de Vida: quem precisa de um?........................................................73
3.4 Um documento único, pessoal e intransferível.......................................75
3.5 Carreira: traçando um caminho profissional............................................79
3.6 Como elaborar um Projeto de V id a? ............................................................ 80
3.7 Considerações fin a is ............................................................................................... 90
4. EU E OS OUTROS (COMPETÊNCIA SOCIAL)
Yaeko Ozaki
4.1 Introdução.....................................................................................................................91
4.2 O ser humano socia l............................................................................................... 92
4.3 Habilidades so c ia is ...................................................................................................94
4.4 A imagem que faço do outro e a imagem que o
outro faz de mim......................................................................................................104
4.5 Gerenciamento de impressões ou autoapresentação..................... 107
4.6 O poder pessoal.......................................................................................................113
4.7 O poder dos relacionamentos.........................................................................114
4.8 Eu e a competência.............................................................................................. 116
4.9 Competência social................................................................................................120
4.10 Considerações f in a is ..............................................................................................121
123
125
127
128
130
132
132
133
139
143
145
146
149
152
160
161
163
171
173
176
177
181
182
182
183
188
189
190
190
192
194
195
201
203
204
205
206
5. EU, VOCÊ, NÓS: COMUNICAR É PRECISO 
Josiane C. Cintra
5.1 Introdução..........................................................................
5.2 Alinhando definições e conceitos..........................
5.3 Processo de comunicação.........................................
5.4 Barreiras para a comunicação eficaz..................
5.5 Formas de comunicação.............................................
5.6 Canais de comunicação..............................................
5.7 Saber o u v ir .........................................................................
5.8 Elaborar e receber c ríticas ........................................
5.9 Quem tem medo de falar em público?.............
5.10 Considerações f in a is .....................................................
6. Ó MUNDO CRUEL - PROCESSO SELETIVO 
Keli Cristina de Lara Campos
6.1 Introdução...........................................................................
6.2 O processo seletivo - seu currículo ....................
6.3 Elaborando o currículo..................................................
6.4 Itens que compõem um currículo.........................
6.5 Acelerando a busca por um emprego................
6.6 Considerações sobre o processo seletivo........
6.7 A entrevista.........................................................................
6.8 Dinâmicas de grupo.......................................................
6.9 Testes e provas.................................................................
6.10 Considerações f in a is .....................................................
Anexo - Modelos de currícu los..............................
7. DESBRAVANDO O MUNDO DIGITAL 
Tatiane Regina Bonfim
7.1 Introdução............................................................
7.2 Tecnologias..........................................................
7.3 Tecnologia da informação...........................
7.4 Internet..................................................................
7.5 Atividades na Internet...................................
7.6 In tranet..................................................................
7.7 Extranet...................................................................
7.8 Netiqueta...............................................................
7.9 Bullying na Internet........................................
7.10 Web 2 .0 ..................................................................
7.11 Redes sociais.......................................................
7.12 B log ...........................................................................
7.13 Twitter......................................................................
7.14 T I e Comunicação.............................................
7.15 Ambiente virtual de apredizagem..........
7.16 Considerações f in a is ......................................
8. CONQUISTANDO O MUNDO -
SUA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA 
Rodolfo Leandro de Faria Olivo
8.1 Introdução..................................................................................................................207
8.2 Quem quer ser um milionário? .....................................................................212
8.3 As etapas da independência financeira como milionário............ 214
8.4 Considerações f in a is ............................................................................................ 223
Anexo A - Glossário.............................................................................................. 224
Anexo B - Calculando sua poupança..........................................................226
NOTAS ...............................................................................................231
REFERÊNCIAS ................................................................................. 235
SOBRE OS AUTORES .................................................................... 249
PREFACIO
Certamente prefaciar o livro de D esen v o lv im en to P e s s o a l e P r o f is s io n a l foi 
uma grande oportunidade de aprendizagem que os autores me deram. Esse livro 
tem história! Uma história de sucesso ao longo de quatro anos e que marca, mais 
uma vez, seu espaço na literatura nacional sobre as mudanças no mundo e no 
contexto do trabalho.
Conheci bem de perto as outras publicações deste título e me surpreendi 
com a sua transformação. É preciso muita competência e flexibilidade para olhar 
o mesmo objeto de modo tão diferente. Isso é uma prova de que é possível 
mudar!
E por falar em mudança, esta obra tem grande relevância social, uma vez 
que pode contribuir para uma importante missão que o Brasil precisa cumprir nos 
próximos anos: evitar o chamado "apagão da mão de obra". Tudo vai depender 
do uso que o leitor fará na sua vida dos assuntos aqui abordados.
De forma simples e didática, o livro está organizado em oito capítulos que 
estimulam a capacidade de pensamento crítico do leitor. A coerência na ordem de 
apresentação dos capítulos, bem como o cuidado em considerar a experiência de 
vida das pessoas, colaboram na reconstrução do conhecimento, na aprendizagem.
Os seres humanos, por meio das relações e interações que estabelecem, 
estão em constante transformação. E esse movimento contínuo da vida altera 
o panorama do mundo social e profissional em que vivemos, impulsionando as 
pessoas a desenvolverem competências de adaptação aos novos cenários, bem 
como de projeção e antecipação ao futuro.
Assim, mais do que conhecer as mudanças do mundo contemporâneo e
o que ele requer de todos nós, é clara a intenção de apontar as tendências e 
orientar os leitores em como se preparar para o presente e para o futuro. Esse 
é um grande passo na direção do acesso, da inclusão e do preparo das pessoas 
para serem protagonistas da sua própria história.
Ao longo dos capítulos, são tratados temas que nos fazem rever modelos 
rígidos de ação, a compreender melhor nossos valores, missão e visão de mundo 
e de vida, seja ela pessoal ou profissional.
Resumidamente, e em ordem de apresentação dos capítulos, são abor­
dados os seguintes assuntos:
1 - As mudanças do mundo contemporâneo e os desafios que se colocam 
às pessoas para agir sobre ele e transformá-lo.
2 - 0 impacto das mudanças no contexto do trabalho e no perfil do tra­
balhador, mostrando a necessidade de preparo cada vez maior e de 
aprendizagem constante para alavancar a empregabilidade.
3 - Como planejar um projeto de vida e traçar estratégias para atingir
seus objetivos, tendo como base seus valores, o contexto no qual está 
inserido e a sua visão mundo.
4 - A importância das habilidades de relacionamento social para a boa
convivência, tais como a comunicação, a civilidade, a assertividade, a 
empatia, a ética e a construção da imagem pessoal.
5 - 0 processo de comunicação, a importância de saber ouvir, elaborar e 
aceitar críticas e as técnicas de apresentação em público.
6 - Como se preparar para participar de processos seletivos com maior 
segurança e aumentar as chances de conquistar uma vaga.
7 - 0 uso correto dos recursos da internet como oportunidade de traba­
lho, de visibilidade pessoal e profissional, de busca de recolocação no 
mercado, de colaboração e de compartilhamento.
8 - Como fazer um planejamento para conquistar a independência fi­
nanceira.
A vida é impulsionada por tomadas de decisão em várias esferas e toda 
tomada de decisão tem sua conseqüência. "Saber ouvir" a mensagem deste 
livro pode ter excelentes conseqüências! Aproveite este desafio como uma 
oportunidade de aprendizagem.
Ana Lúcia Jankovic Barduchi
Psicóloga, sócia-administradora da empresa 
I e s 2 - I novação , E ducação e S o lu ç õ es T ec n o ló g ic a s
1
1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO?
Yaeko Ozaki
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
Ao final deste capítulo, o estudante terá condições de:
• compreender e identificar as forças que interferem na 
formação da visão de mundo;
• compreender os paradigmas da visão linear e da visão 
sistêmica;
• refletir, analisar e exercitar a visão de mundo e o 
encadeamento das mudanças do mundo contemporâneo.
1.1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste capítulo é levantar reflexões sobre o 
homem em face das mudanças do mundo contemporâneo, 
para estimular os estudantes ao exercício da visão de mundo, 
desenvolvendo-lhes a capacidade de perceber as mudanças e seus 
impactos e a agir nesse cenário.
P or que /ts p esso a s agem e reagem da forma como o fa z em ?
Essa é uma pergunta que pode ter inúmeras respostas. Uma 
delas é que as pessoas agem e reagem orientadas pela própria 
visão de mundo.
Mas o que é visão de mundo? Qual é a sua visão de mundo? 
Por que a minha visão de mundo é diferente da sua?
No capítulo 4, Eu e o s O u tro s , vamos comentar que um 
estudo realizado para avaliar competências no mundo dos negócios
1 6 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
V isã o d e mundo é
A FORMA PELA QUAL 
VEMOS, PERCEBEMOS 
E INTERPRETAMOS O 
MUNDO PARA MELHOR 
COMPREENDÊ-LO E 
TRANSFORMÁ-LO E 
NOS TRANSFORMAR.
E la nos ajuda ,4
E\TENDER A POSIÇÃO 
OCUPADA PELO HOMEM 
NO UNIVERSO...
identificou 15 competências individuais. Ter visão de mundo a m p la e 
g lo b a l é uma das quinze competências individuais mais requeridas 
no cenário de negócios.
Este capítulo não tem a pretensão de impor uma visão de 
mundo, mas pretende conduzir você a levantar e encontrar respostas 
para questões sobre alguns fenômenos que estão acontecendo na 
atualidade, de forma que você possa avaliar interferências desses 
fenômenos em cada um de nós, nos negócios e na sociedade.
Esperamos que você possa exercitar a sua visão de mundo.
1.2 VISÃO DE MUNDO
Embora compartilhemos um mundo comum, as formas de 
percebê-lo podem variar de uma pessoa a outra. Isso explica porque 
cada pessoa reage à percepção daquilo que ela considera realidade 
de modo diferente de outra (ROTHMANN e COOPER, 2009).
Buscar um novo emprego, por exemplo, pode ser percebido 
como um grande desafio e motivação para um profissional, 
enquanto que, para outro, pode representar ameaça, insegurança 
e desconforto.
A visão de mundo nos faz ressignificar o passado, entender 
o presente e projetar e predizer o futuro. O ato de p r o je t a r o u p r e v e r 
é diferente do ato de p r e d iz e r .
Projetar o futuro envolve o processo de estimar um evento 
futuro, fundamentando-se em dados históricos. Por exemplo, 
você pode prever a venda de eletrodomésticos baseando-se nos 
relatórios dos meses anteriores.
Predizer o futuro significa estimar eventos futuros, 
fundamentando-se em considerações subjetivas, como a intuição: 
você pode predizer as vendas de um produto a ser lançado no 
mercado, baseando-se em dados subjetivos, como a sua intuição 
de que os consumidores se sentirão atraídos pela cor do produto.
C a p ít u lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 1 7
Entende-se, então, que cada um de nós tem a sua própria 
visão de mundo e essa visão exerce grande impacto sobre a nossa 
forma de agir. Isso é importante, pois nos ajuda a vislumbrar 
uma perspectiva de vida e nos faz compreender o mundo e o que 
acontece ao nosso redor (RAICH e DOLAN, 2010).
Cada um de nós precisa dessa visão para dar direção ao 
nosso comportamento e nos auxiliar a estabelecer algum grau de 
previsibilidade para a nossa vida. Ela é um ponto de referência 
para que organizemos a realidade e serve como recursointerno 
por intermédio do qual elaboramos respostas adequadas diante de 
pessoas, coisas e lugares. A forma como uma pessoa interpreta e 
avalia a realidade contribui para a sua saúde mental e emocional 
(.POWELL, 1991).
Vivemos em um mundo divergente, mas precisamos de soluções 
convergentes. Vivemos em um mundo dividido por interesses divergentes, 
visões de mundo divergentes, religiões divergentes, políticas divergentes e 
sociedades divergentes. É um mundo que pensa em termos de linhas retas, 
mas é dividido em muitas dimensões! (RAICH e DOLAN, 2010, p. 157)
O que seria do mundo se todos nós pensássemos e agíssemos 
da mesma forma? As divergências possibilitam múltiplos olhares de 
um mesmo fenômeno.
TIPOS DE VISÃO DE MUNDO
No passado, havia uma visão de mundo cujo pa ra d ig m a a 
mostrava l in e a r e h ie r á r q u ic a . Mas agora, no mundo contemporâneo, 
nossa visão de mundo está se tornando mais o rg ân ica e h o l ís t ic a 
(RAICH e DOLAN, 2010).
Na lição de M elo F ilh o (1997, pp. 761-766), o termo p a ra d ig m a , 
que você leu acima, foi criado pelo filósofo da História e da Ciência 
T h o m as K uhn , na década de 1950, no livro A E st r u t u r a d a s R ev o lu ç õ es 
C ie n t íf ic a s (1987), com três significados:
• modelo ou padrão a ser seguido (senso comum);
• instrumento de trabalho do cientista para organizar o 
raciocínio, selecionar questões e explicar de forma lógica;
• visão de mundo.
PARA FIXAR
A VISÃO DE MU \DC 
RELACIONA-SE CO” 
DIVERGÊNCIAS E 
CONVERGÊNCIAS DE 
IDEIAS, PENSAMENTOS 
E ATITUDES.
PARA REFLEXÃO
Você acred ita 
que são >^ s v isõ es 
DIVERGENTES OU 
4S CONVERGENTES 
QUE CONDUZEM À 
CRIATIVIDADE 
E À INOVAÇÃO?
Q ual é a sua visão
DE MUNDO?
1 8 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
A SOCIEDADE E 
AS EMPRESAS SÃO 
CONSIDERADAS 
ORGÂNICAS, 
SEMELHANTES A 
SERES VIVOS, QUE 
APRESENTAM CICLO 
DE VIDA.
PARA FIXAR
N ewton e d esc a r tes
DEFENDIAM A 
PREVISIBILIDADE 
A CERTEZA, A ORDEM 
E A RAZÃO.
Explicaremos nos próximos tópicos o que é v isã o l in e a r e o 
que é v isã o h o l ís t ic a . Por enquanto, tenha presente que o conceito 
de o rg ân ico que nos interessa aqui refere-se a ó rgão ou q u alq u er 
corpo o rg a n iza d o d e m a tér ia v iv a 1.
Mesmo após ler as explicações que se seguem, talvez o 
ideal não seja você optar por uma ou outra visão de mundo aqui 
apresentadas, mas discutir a complementaridade dos dois tipos de 
visão.
VISÃO LINEAR E HIERÁRQUICA
A explicação do que é a visão de mundo linear e hierárquica 
é clássica, orientada pelo assim chamado pa ra d ig m a n ew to n ia n o - 
c a r t e s ia n o . Newtoniano, porque se fundamenta no pensamento do 
físico e matemático inglês S i r I s a a c N ew to n (1643-1727) e cartesiano 
porque tem por referência a base filosófica desenvolvida por R e n é 
D e s c a r t e s (1596-1650), físico, filósofo e matemático francês.
N ew to n talvez tenha sido o cientista cuja obra causou mais 
impactos na história da Ciência, ao consolidar o pensamento de 
seus predecessores C o pérn ico , G a l il e u e K e p l e r . É dele a formulação
da l e i da g r a v ita ç ã o u n iv e r s a l e dos princípios da m ecâ n ic a c l á s s ic a 
(assim adjetivada em oposição à m ecân ic a r e l a t iv ís t ic a de E in s t e in , já 
do Século XX).
Deve-se a D e s c a r t e s , por sua vez, o desenvolvimento do 
método do pensamento analítico moderno, cuja característica 
é a fragmentação de um fenômeno em partes, para melhor 
compreendê-lo (CAPRA, 1995).
VISÃO SISTÊMICA OU HOLÍSTICA
Em contraposição a essa visão de mundo baseada na Ciência 
estabelecida desde Descartes e Newton, o Século XX viu nascer 
um debate de natureza epistemológica sobre a sua capacidade 
de discernimento das reais dimensões das relações sociais e,
C a p ít u l o 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 1 9
por conseguinte, de não ter sido capaz de fornecer instrumentos 
adequados para o desenvolvimento do ser humano.
Para o físico austríaco F r it jo f C apra (1995), um dos mais 
eloqüentes postulantes dessa crítica, a ciência cartesiana erra 
ao dar ênfase às partes e erra em acreditar que em qualquer 
sistema complexo o comportamento do todo pode ser analisado em 
termos das propriedades de suas partes. Por esse pensamento, a 
ciência cartesiana prende-se a uma visão de mundo mecanicista, 
reducionista ou atomística.
Daí que, sob essa ótica, alguns paradigmas da visão linear 
seriam como observados na Tabela 1.
V is ã o lin e a r
Previsibilidade 
Certeza 
E stabilidade 
Ordem 
D ominação 
R educionista 
S imples 
Competição 
Metáfora das máquinas
Tabela 1 - Paradigmas da visão linear
Fonte: Pereira (2008, pp. 43-44)
O pensamento subjacente a este debate critica os paradigmas 
científicos propondo como alternativa uma visão de mundo que o 
entenda enquanto s is t e m a in t e g r a d o .
Os defensores dessa nova maneira de ver a Ciência, seus 
escopos, objetivos e métodos, advogam por uma c iên c ia s is t ê m ic a 
que mostre que os sistemas vivos não podem ser compreendidos 
por meio de processos análiticos simplesmente mecanicistas, e 
que as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, 
mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior. 
(CAPRA, 1995)
Essa forma de enfoque propõe uma mudança de v isã o d e
mundo , de um pen sa m en to m e c a n ic is t a para fo r m a s s is t ê m ic a s d e pen sa m en to ,
2 0 DESENVOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
invertendo a relação entre as partes e o todo asseverada pela 
Ciência estabelecida.
Ainda que essa nova linha de pensamento não seja consensual 
nos meios científicos, ela vem conquistando adeptos até mesmo 
entre quadros de segmentos significativos da Ciência tradicional.
O ponto de partida para a visão sistêmica está na T e o r ia 
G e r a l d o s S is t e m a s , desenvolvida em 1937, por L u d w ig V on B er t a la n ffy 
(1901-1972), biólogo austríaco.
B er t a la n ff y definiu sistema como sendo um "conjunto de 
unidades em inter-relação". Nessa definição, estão implícitos três 
conceitos: "o conjunto, a macrounidade, as unidades menores 
e a inter-relação entre as unidades menores, inter-relação que 
assegura a unidade do conjunto" (MACHADO, 1984, p. 38).
Em outras palavras, os elementos do conjunto e o conjunto 
de elementos formam um sistema composto por três propriedades, 
na lição de P e r e ir a (2008, p.34):
1) "As propriedades ou o comportamento de cada elemento 
do conjunto afetam as propriedades ou o comportamento 
do conjunto como um todo", assim como cada órgão do 
corpo humano afeta o seu desempenho.
2) "As propriedades e o comportamento de cada elemento 
e o modo pelo qual afetam o todo dependem das 
propriedades e do comportamento de pelo menos um 
outro elemento do todo; isso quer dizer que nenhum 
elemento tem efeito independente sobre o todo." 
Um exemplo dessa propriedade mostra que o 
"comportamento do coração e o efeito que ele tem sobre o 
corpo dependem do comportamento dos pulmões."
3) "Todos os possíveis subgrupos de elementos do todo 
possuem as duas primeiras propriedades: cada um tem 
um efeito não independente sobre o todo. Portanto, o todo 
não pode ser decomposto em subsistemas independentes". 
Exemplo dessa propriedade são os subsistemas do corpo de 
uma pessoa: o sistema nervoso, o circulatório, o digestivo 
e o motor que interagem de forma que cada um afeta o 
desempenho do todo.
C a p ít u lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 21
E, ainda, na visão sistêmica há
múltiplos elementos que estão arranjados e combinadosem determinadas 
formas, nas quais a maneira como as diversas partes estão integradas e 
estruturadas no todo é mais importante do que cada uma delas isoladamente, 
por mais importantes que elas possam ser. As partes estruturadas são um 
arranjo de diferentes elementos, em que cada um ocupa determinado 
lugar e função, mas todos inter-relacionados num permanente movimento 
e interação, de forma que a mudança de qualquer elemento provocará 
mudanças nos demais elementos e toda estrutura se modificará, buscando 
harmonia. (ZIMERMAN, 2000)
Tudo no planeta parece estar conectado e cada parte é 
sistemicamente relacionada às outras. Cada atividade humana 
afeta o sistema como um todo. Na visão sistêmica, os problemas 
também estão interligados.
De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais 
de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, 
que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e 
das relações existentes entre as partes. Essas propriedades são 
destruídas quando o sistema é fragmentado, física ou teoricamente, 
em componentes isolados. Embora possamos destacar partes 
individuais em qualquer sistema, essas partes não são isoladas, e a 
natureza do todo é sempre diferente da soma das partes (CAPRA, 
1995).
A visão holística pode ser considerada como maneira de percebera realidade, 
e a abordagem sistêmica como o primeiro nível de operacionalização 
dessa visão. Assim, a busca de uma sabedoria sistêmica não deixa de ser 
a busca por uma visão holística. Destarte, um fenômeno que está sendo 
interpretado de maneira holística também é um sistema; no entanto, nem 
todo sistema é consubstanciado em uma visão holística. (FERREIRA; REIS; 
PEREIRA, 1997, citados por PEREIRA, 2008, p. 33)
Portanto, existe uma diferenciação entre a visão sistêmica e 
a visão holística, como mostrado na figura 1, a seguir.
PARA FIXAR
Uma eq u ipe 
in ter d isc ip u n a r é
UM EXEMPLO DE VISÃO 
SISTÊMICA.
22 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
Subsistem as 
Sistem a 
Visão Holística
Figura 1 - Síntese da visão holística
Fonte: Pereira (2008, p. 34)
Em contrapartida à v isã o l in e a r , a ênfase no todo é chamada
de v isã o h o l ís t ic a , o r g a n ísm ic a o u ec o ló g ic a , a partir das propriedades 
das suas partes (CAPRA, 1995).
A Tabela 2 mostra alguns paradigmas da visão holística:
Visão holística
I mprevisibilidade
I ncerteza
I nstabilidade
Caos, desordem 
Participação 
A bordagem sistêmica 
Complexa 
Colaboração 
Metáfora dos organismos vivos
Tabela 2 - Paradigmas da visão holística
Fonte: Pereira (2008, pp. 43-44)
Os dois termos, h o l ís t ic o e ec o ló g ic o , diferem ligeiramente 
em seus significados e parece-nos que ec o ló g ic o é mais apropriado 
para descrever o novo paradigma.
Ca pra (1996), fazendo uma comparação entre a visão 
holística e a ecológica, recorre a um objeto do cotidiano de 
muitas comunidades: uma bicicleta. Para ele, na visão holística, 
a bicicleta é percebida como um todo funcional, o que implica a 
interdependência de suas partes.
Ca p t t jl o 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 3
Já a visão ecológica dessa mesma bicicleta acrescenta a 
percepção de como ela se encaixa no ambiente natural e social 
em que é utilizada: a origem das matérias-primas com as quais 
foi fabricada, o processo de sua fabricação, como seu uso afeta o 
meio ambiente natural, a comunidade em que é utilizada, e assim 
por diante. Enfatiza este autor que a "distinção entre 'holístico' e 
'ecológico' é ainda mais importante quando falamos sobre sistemas 
vivos, para os quais as conexões com o meio ambiente são muito 
mais vitais" (CAPRA, 1996, p. 24).
O sentido com que o autor usa o termo "ecológico" 
está associado a uma escola filosófica que advoga a tese da 
"interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de 
que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados 
nos processos cíclicos da natureza" (CAPRA, 1996, p. 24). Por sua 
vez, essa escola, fundada pelo filósofo norueguês A r n e N a e s s , no 
início da década de 1970, faz a distinção entre "ecologia rasa" e 
"ecologia profunda" (CAPRA, 1995, p. 34, 1996, p. 25).
A "ecologia rasa" é centrada no ser humano como a fonte 
de todos os valores, considerando-o acima ou fora da natureza. 
A "ecologia profunda" percebe os seres humanos integrados ao 
meio natural e percebe o mundo como uma rede de fenômenos 
interconectados e interdependentes.
AS PESSOAS NA VISÃO HOLÍSTICA
A palavra "holística" origina-se do grego HOLO, que significa 
inteiro, não fragmentado. Então, a visão holística de pessoas 
significa uma
visão não fragmentada do real, em que sensação, sentimento, razão 
e intuição se equilibram, se reforçam e se controlam reciprocamente, 
permitindo ao homem uma plena consciência, a cada momento, de todos 
os fatores envolvidos em cada situação ou evento de sua existência, 
permitindo-lhe tomar a decisão, certa, no momento certo, com sabedoria e 
amor espontâneos, o que implica a presença de valores éticos de respeito à 
vida sob todas as suas formas. (WEIL, 1991, p. 88)
24 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L
É a visão de que pessoas, sociedade e natureza formam um 
conjunto indissociável, interdependente e em constante movimento.
A visão holística das pessoas possibilita novas formas 
de relacionamentos e pode ser entendida por meio do diagrama 
mostrado na figura 2:
Valores
Valores
Espirituais
Cultura e 
Artes
Economicos Trabalho e 
Negócios
Valores V ' " ' Valores
Eticos I Pessoas 1 Emocionais
Família e 
Amigos
Filantropia e 
Caridade
Educação e 
Desenvolvimento
Sociedade e 
Política
Figura 2 - A visão holística das pessoas 
Fonte: RAICH e DOLAN (2010, p. 146)
PARA REFLEXÃO
S erá mesmo que
FINALMENTE O SER 
HUMANO SERÁ TRATADO 
COMO O PATRIMÔNIO 
MAIS IMPORTANTE DE 
UMA ORGANIZAÇÃO DE 
TRABALHO?
As pessoas são o centro de uma rede formada de sociedade 
e política, da forma de fazer negócios e do modo de trabalho. 
Essa rede recebe influências da cultura e das artes, da família 
e de amigos. É provável que a educação e as oportunidades de 
desenvolvimento constituam um dos fatores mais decisivos. A rede 
de filantropia e caridade assegura a sobrevivência. É necessário 
combinar gestão baseada na criação de valores econômicos, éticos, 
emocionais e espirituais (RAICH e DOLAN, 2010).
C a p ít u l o 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 5
1.3 FENÔMENOS QUE INTERFEREM NA VISÃO DE MUNDO
Como vimos, a visão de mundo é individual e exerce 
impactos na nossa tomada de decisões. Ela pode gerar momentos 
de indecisão e insegurança, mas também de orientação, pois só 
poderemos alcançar aquilo que conseguimos ver.
Alguns fenômenos que interferem na nossa visão de mundo 
serão discutidos nesta seção.
GLOBALIZAÇÃO
A globalização é o conjunto de mudanças de ordem 
econômica, financeira e política, que integra os mercados mundiais. 
Um exemplo de globalização de mercados você percebe quando 
vai fazer compras no supermercado e encontra uma variedade de 
opções de compra de produtos originários de vários países.
A globalização traz mudanças comportamentais e 
socioculturais, o que leva ao multiculturalismo, isto é, à coexistência 
de muitas pessoas originárias de várias culturas diferentes numa 
mesma localidade, o que alimenta a ideia da existência de uma 
certa unificação comportamental.
Um exemplo disso são as lojas de lanches da cadeia 
McDonald's, localizadas em vários países do mundo: seus clientes 
(ou fregueses) sentem-se "consumidores globais", associados entre 
si pelo fast food (numa tradução livre, a 'comida que se consome 
rapidamente'), cujaadoção se tornou, afinal, além do resultado 
inevitável das urgências ditadas pelo alvoroço da vida nas grandes 
cidades, um conceito de "modernidade".
A globalização tem seus efeitos positivos, como a informação 
em rede, o avanço da democracia, o maior acesso às informações, 
a educação a distância, a rápida disseminação dos conceitos de 
desenvolvimento sustentável (HENDERSON , 2003).
"Se a globalização diminui o papel do setor governamental e 
amplia o mercado, também força as pessoas a se organizarem em
PARA FIXAR
A GLOBALIZAÇÃO É 
IMPULSIONADA PELA 
TECNOLOGIA.
PARA REFLEXÃO
U m DOS EFEITOS 
PERVERSOS DA 
GLOBALIZAÇÃO É 
O CRESCIMENTO 
EXPONESCIAL DA 
PORNOGRAFIA NA 
INTERNET.
2 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
comunidades de interesses que garantam sua subsistência." Por outro 
lado, há que se pensar nos efeitos perversos como a desigualdade 
social, o desemprego, a liberalização e desregulamentação dos 
direitos sociais para garantir a competitividade (SOUZA NETO, 
2004, p. 106).
Além disso, outros aspectos negativos da globalização são 
a redução do nível de salário, acréscimo da carga horária dos 
trabalhadores, fechamento de empresas e a concentração de 
riquezas nos países industrializados (MARIN , 2010).
Se é verdade que cada vez mais a globalização envolve a 
interdependência entre as economias, os mercados financeiros, o 
comércio, as corporações, a produção e o consumo, não se pode 
esquecer que os problemas também têm sido globalizados, como 
nas questões das mudanças climáticas, a desertificação, a perda da 
biodiversidade, o crime organizado, o terrorismo e o lixo espacial 
(.HENDERSON, 2003).
A GLOBALIZAÇÃO TROUXE IMPACTOS NA SUA VIDA PESSOAL?
E NA SUA CARREIRA PROFISSIONAL?
O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A evolução tecnológica está melhorando a qualidade de vida 
das pessoas mais do que em qualquer momento histórico passado 
( WERBACH, 2010).
Em meio ao caos em decorrência dos problemas sociais e 
ambientais e pela falta de valores éticos universalmente aceitos 
e à potencial escassez de energia, a sociedade humana do Século 
XXI divide-se entre a expectativa de que a ciência e a tecnologia 
cumpram suas promessas e o receio do fracasso e do abuso da 
tecnologia. Com todas as descobertas, invenções e inovações e 
o emprego de tecnologias cada vez mais sofisticadas, algumas 
vezes temos a impressão de que podemos controlar o mundo físico 
(RAICH e DOLAN, 2010).
C a p ít u lo 1
COMO v o c ê VÊ O MUNDO? 2 7
Nos primórdios da História o desenvolvimento da ciência 
começou com "a observação das estrelas e partiu daí para baixo. 
Os últimos temas a entrar na observação científica foram as 
questões humanas" (MAGEE, 2001). Mas, desde então, são os mais 
recorrentes.
As quatro principais áreas de estudo da ciência e da 
tecnologia, na atualidade, são:
a) N ano - nanotecnologia - materiais e máquinas em escala 
muito, muito pequena;
b) Bio - biotecnologia, incluindo análise de gens e proteínas;
c) I n f o - tecnologia da informação;
d) C ogno - ciência cognitiva, neurociências.
(RAICH e DOLAN, 2010, p. 246)
E os principais fatores que vêm impulsionando os avanços 
cada vez maiores em ciência e tecnologia são:
a) megafoco no aspecto econômico-financeiro;
b) aplicações militares;
c) convergência entre várias tecnologias;
d) curiosidade humana;
e) surgimento de novas necessidades.
De maneira correspondente, os principais problemas 
referentes à ciência e tecnologia são:
a) a transição da pesquisa pura na direção da pesquisa 
aplicada, devido ao financiamento comercial;
b) as considerações éticas e o bem da sociedade;
c) o uso da ciência e tecnologia para fins destrutivos;
d) a perda de controle por parte dos seres humanos.
(RAICH e DOLAN, 2010, p. 128)
Descobertas no âmbito da energia nuclear, microeletrônica, 
física quântica, microbiologia, engenharia genética, etc,, interferem 
no desenvolvimento da sociedade.
Se a revolução tecnológica contribui na aproximação das 
pessoas, no autoconhecimento e no conhecimento do Planeta, 
por outro lado, poderá trazer riscos à humanidade (SOUZA NETO, 
2004).
2 8 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
PARA FIXAR
A REALIDADE 
VIRTUAL É UMA DAS 
MAIS IMPORTANTES 
TECNOLOGIAS E 
PERMITE /ÍS PESSOAS 
INTERAGIREM COM UM 
AMBIENTE SIMULADO 
OU GERADO POR 
COMPUTADOR.
PARA REFLEXÃO
Q ue im pacto s trarão
O DESENVOLVIMENTO 
DA CIÊNCIA E DA 
TECNOLOGIA SOBRE A 
SOCIEDADE HUMANA?
E PARA A SUA ÁREA DE 
FORMAÇÃO?
A realidade virtual é uma das mais importantes tecnologias 
atuais. Um ambiente de realidade virtual pode ser bastante similar 
ao "mundo real" (simulador de voo ou simulador de negócios, por 
exemplo), pode ser baseado na ficção (como o S econ d L i f e ) ou 
representar um mundo totalmente novo, além da nossa imaginação.
A realidade virtual é parte da sociedade do conhecimento e 
da economia do conhecimento, mudando o mundo e nossa forma de 
compreendê-lo, agora e no futuro (RAICH e DOLAN, 2010, p. 133).
Além de analisar riscos e oportunidades individuais no 
momento de nos inserirmos neste mundo renovado, podemos fazê- 
lo de forma sistêmica e holística, para tentar compreender melhor 
sua dinâmica e tendências.
A SUSTENTABILIDADE
A então primeira-ministra norueguesa G ro H a r l e m B run d tlan d 
utilizou pela primeira vez, na década de 1980, a palavra 
"sustentabilidade" num relatório das N a ç õ e s U n id a s ( A L M E ID A , 
2008).
Antes disso, a palavra era definida como "a condição das 
empresas cujos ganhos apresentavam crescimento crescente". 
Mas, em termos contemporâneos, a verdadeira sustentabilidade 
define-se por meio de quatro componentes, já extrapolados do 
domínio eminentemente empresarial: social, econômico, ambiental 
e cultural ( WERBACH, 2010, pp. 8-9 ).
O co m po n en te s o c ia l refere-se a ações e condições que afetam 
a sociedade, como é o caso da pobreza e seu enfrentamento e o 
das formas de superar problemas nas áreas da educação, da saúde 
pública e do trabalho e empregabilidade.
O co m po n en te eco n ô m ico concerne a ações sobre como pessoas 
e organizações satisfazem suas necessidades. Conquanto diga 
respeito, numa primeira abordagem, ao lucro das empresas, esse 
componente acaba por englobar aspectos como a garantia da 
oferta, por parte dessas empresas, de alimentos e de outros bens
C a p ít u lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 2 9
e serviços de que necessitam as populações. Trata-se, então, do 
Dem-estar das pessoas e da continuidade da sua existência.
O co m po n en te a m b ien t a l define-se a partir das relações do H omo 
S a p ien s com o seu planeta, até agora, em geral, conflituosas como 
no caso das mudanças climáticas e da preservação dos recursos da 
Natureza.
O co m po n en te c u ltu ra l relaciona-se com formas de proteção e 
/alorização, da diversidade cultural.
Em se tratando de sustentabilidade, é preciso considerar 
mitações globais, que podem ser percebidas por dois ângulos, 
segundo PORTO (2010):
• os recursos e serviços naturais são finitos, mas estão sendo 
consumidos de forma tal que podem se tornar irrecuperáveis;
• a incapacidade do meio ambiente de absorção de resíduos 
produzidos pelo homem.
Ainda, para esse autor, o mais dramático dos fenômenos 
globais da atualidade é o aquecimento global, que é conseqüência 
da impossibilidade de o planeta absorver os gases do efeito estufa 
lançados na atmosfera.
I gualm ente dramático é o que o co rre com o s ec o ssistem a s , que são uma 
complexa dinâmica d e comunidades d e plantas , a n im a is e m icro rgan ism o s e 
oa m bien te não- vivo , in teragin d o como uma unidade funcional.
Os ecossistemas fornecem água potável, alimento, ambiente 
seguro e saudável e um lar para todos os seres vivos. O bem-estar 
das pessoas depende dos ecossistemas (RAICH e DOLAN, 2010, p. 
120 ).
Quanto aos problemas que afetam os ecossistemas, três 
temas têm chamado atenção, segundo A lm e id a (2008):
• a escassez de água;
• a sobrepesca;
• as alterações climáticas.
3 0 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
Q ual é a sua 
visão DE
SUSTENTABILIDADE ?
0 QUE VOCÊ TEM 
FEITO EM PROL DA 
SUSTENTABILIDADE 
DO PLANETA?
Esses temas desenham um cenário no qual a escassez de água 
é uma das ameaças mais sérias, o desaparecimento de algumas 
espécies de peixes pode levar ao colapso a indústria de pesca e a 
emissão de gases causadores do efeito estufa e do aquecimento 
global contribui para as alterações climáticas (A L M E ID A , 2008).
Em setembro de 2000, a O r g a n iza ç ã o d a s N a ç õ e s U n id a s - 
O N U , num esforço conjunto dos países-membros, elaborou a 
D ec la ra ç ã o do M il ê n io 2, aprovando os oito objetivos do milênio a 
serem alcançados até 2015.
Esses objetivos são:
1) erradicar a extrema pobreza e a fome;
2) universalizar o ensino básico;
3) promover a igualdade de gênero e a autonomia das 
mulheres;
4) reduzira mortalidade infantil;
5) melhorar a saúde materna;
6) combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7) garantir a sustentabilidade ambiental;
8) estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
A partir desses oito objetivos internacionais, 18 metas e 48 
indicadores foram estabelecidos para concretização desses objeti­
vos em níveis regional, nacional e global.
A questão da sustentabilidade tem levado a sociedade e as 
organizações a se mobilizarem na solução desse problema, que tem 
sido encarado como um problema globalizado. Novas tecnologias, 
novos conhecimentos e mudanças nos costumes são algumas das 
conseqüências.
Diante da perda de ecossistemas, decorrente em grande 
parte, da atividade econômica humana (A M A Z O N A S , 2010, pp. 42- 
46), na tentativa de atrair a atenção dos povos, em 2006, a A s s e m b l é ia 
G e r a l d a s Na ç õ e s U n id a s elegeu 2010 como o A no I n tern a c io n a l da 
B io d iv e r s id a d e .
C a p ít u lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 31
AS FORÇAS DO CONTEXTO AMBIENTAL
O contexto ambiental ou o meio ambiente pode ser 
representados como o conjunto de forças que influenciam nossa 
.ida enquanto indivíduos.
Por sua vez, a sociedade organizada configura os vetores 
cessas influências, como esquematizado na figura 3.
Forças
Econômicas
Forças
Legais
Forças
Demográficas
Forças
Tecnológicas
Forças
Culturais
Forças
Políticas
Figura 3 - O ser humano e as forças do contexto ambiental
Essas forças podem ser de ordem cultural, demográfica, 
econômica, legal, tecnológica e política.
• as fo rç as c u ltu r a is referem-se a aspectos dos modos de 
pensar, sentir e agir das pessoas em sociedade;
• as fo rç as d em o g rá fica s implicam questões referentes a
caracterísicas individualizadoras das pessoas, como gênero 
e idade, por exemplo;
• as fo rç as econ ô m icas atuam quando, por exemplo, a
inflação e a distribuição de renda afetam as populações;
• as fo rças l e g a is incluem os regulamentos, as normas e as leis 
em suas diferentes modalidades;
• as fo rças tecn o ló g icas envolvem as inovações de base
tecnológica;
• As fo rç as p o l ít ic a s relacionam-se a valores, decisões e
definições políticas nos âmbitos federal, estadual e
municipal.
3 2 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
Se você transporta 
ou tem filh o s 
MENORES DE 1 0 
ANOS DE IDADE, FOI 
AFETADO POR ESSA 
LEGISLAÇÃO.
C omo
VOCÊ REAGIU?
Observe, por exemplo, a Resolução 2773, de 28 de maio 
de 2008, do C o n selh o Na c io n a l d e T r â n s it o - C O N T R A N , que ficou 
conhecida como " L e i C a d e ir a d e B e b ê " , em vigor desde 1.° de setembro 
de 2010, que torna obrigatório o uso de "cadeirinhas", "assentos 
de elevação" ou o assim chamado "bebê conforto", como itens de 
segurança para o transporte de crianças nos automóveis.
1.4 VISÃO DE MUNDO E OS VALORES
Nossa visão de mundo é afetada por v a l o r e s .
Valores são a base na formação das atitudes e preferências 
pessoais e estão entre as características mais duradouras e estáveis 
das pessoas. Os valores são c r en ç a s e p r in c íp io s que orientam a vida 
de pessoas, organizações e países (ROTHMANN e COOPER, 2009).
São os valores que também determinam o comportamento 
de uma pessoa. Se os valores são de natureza ética, a pessoa se 
comportará eticamente; o contrário também é verdadeiro ( WEIL, 
1991).
A sociedade humana procura fundamentar-se em quatro 
tipos de valores tidos por essenciais, equilibradamente: os valores 
econômicos, os éticos, os emocionais e os espirituais (RAICH e 
DOLAN, 2010).
Substanciando valores dessas tipologias tem -se, por exemplo, 
que em termos ec o n ô m ic o s as pessoas devam ser comedidas nos 
seus gastos, pessoais ou sob sua responsabilidade, de modo a não 
compremeterem suas rendas e orçamentos (individuais, familiares, 
das empresas).
E, do ponto de vista da é t ic a , regras básicas de civilidade, 
como respeito à mulher, à criança e ao idoso, às minorias, o claro 
entendimento da diferença entre os espaços público e privado 
deveriam constar do horizonte comportamental de todos, no seu 
dia a dia.
C a p itu lo 1
COMO v o c ê VÊ O MUNDO? 3 3
Os outros dois tipos de valores, os e m o c io n a is e os e s p ir it u a is , 
embora digam mais respeito à, individualidade das pessoas 
normalmente são buscados e encontrados nos processos de 
ntrospecção das pessoas), têm importância capital para a boa 
sociabilidade que se exige dos cidadãos.
Sem dúvida, para uma pessoa que trabalha bem suas 
emoções, isto é, que seja equilibrada emocionalmente, não será 
cifícil harmonizar-se em relação aos amigos, familiares ou colegas 
ze trabalho, superiores ou liderados.
Quanto aos valores espirituais, então, como podem eles 
contribuir para a integração das pessoas no contexto do ambiente 
em que vivem?
Em primeiro lugar, conceituando a espiritualidade para evitar 
confusões que surgem frequentemente, deve-se afirmar que entre 
ela e a religiosidade existem diferenças fundamentais, uma não é 
igual à outra.
Entende-se que "religiosidade" remete ao envolvimento que 
as pessoas têm com crenças, com a fé em uma ou mais divindades, 
isto é, envolvimento com fenômenos da ordem do transcendente, 
do sobrenatural, que são em geral mediados por uma dada religião, 
~e maneira institucional ou não.
Nesse contexto religioso as palavras e s p ír it o e e s p ir it u a l id a d e 
tradicionalmente são associadas a essa classe de fenômenos da 
ordem da transcendência mas, para que se possa entender como a 
espiritualidade pode ser tomada como um valor positivo no contexto 
do equilíbrio pessoal e interpessoal, no âmbito de uma s o c ie d a d e 
-aica, é preciso distinguir quais dos seus significados coincidem com 
esse valor.
No universo do trabalho, de acordo com R eg o , C unha e S outo 
(2007), a espiritualidade está relacionada às necessidades de os 
trabalhadores estarem em comunhão com algo superior a si próprios, 
de serem úteis, de compreenderem e serem compreendidos; de
PARA FIXAR
Q uando s e d iz de
UMA DADA SOCIEDADE 
QUE ELA É "LAICA" 
SIGNIFICA QUE OS 
ESTATUTOS QUE A 
REGEM ( CONSTITUIÇÃO 
E LEIS) A OBRIGAM A 
NÃO SE VINCULAR A 
QUALQUER RELIGIÃO,ISTO É, NÃO PODE 
EXISTIR UMA RELIGIÃO 
OFICIAL, "DE ESTADO*.
NO ENTANTO, EM 
UMA DEMOCRACIA, É 
EXIGIDO QUE TODA E 
QUALQUER RELIGIÃO 
SEJA RESPEITADA E, 
PORTAVTO, ABRIGADA A 
SUA PRÁTICA.
3 4 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
terem um sentido e significado para o trabalho; e terem uma 
conexão com a comunidade de trabalho.
Uma empresa, por exemplo, que preza a espiritualidade não 
é aquela que induz seus trabalhadores a uma determinada crença 
ou práticas religiosas.
Evidentemente, essa definição de espiritualidade pode ser 
estendida para o conjunto de todas as pessoas, não apenas aos 
trabalhadores.
Esses mesmos autores citam como evidências concordantes 
com seus pontos de vista teóricos de visão sistêmica, que há 
dados empíricos mostrando que pessoas com forte espiritualidade 
apresentam, por exemplo, melhor qualidade de vida, elevada auto- 
estima, um sentido mais forte de pertencimento em relação ao 
mundo, melhor ajustamento a eventos traumáticos, maior proteção 
contra doenças geradas pelo estresse, maior satisfação com a 
vida, menor pressão sanguínea, melhor funcionamento do sistema 
imunológico e menor tendência a estados depressivos.
Existem, também, movimentos no sentido de identificar e 
promover valores humanos compartilhados por várias sociedades 
do mundo. Um deles é o T h e E a r t h C h a r t er I n it ia t iv e 4, uma declaração 
consensual global sobre ética e valores para um futuro sustentável, 
endossada por mais de 2000 organizações, inclusive a O rg a n iza ç ã o 
d a s Na ç õ e s U n id a s para a E ducação , C iê n c ia e C u ltu ra - U n e s c o .
Nessa D ec la ra ç ã o estão propostos 16 p r in c íp io s , divididos em
4 c a t e g o r ia s :
1 ) R espeito e C uidado pela C omunidade
• respeitar a Terra e toda a sua diversidade;
• cuidar da comunidade com compreensão, compaixão e 
amor;
• construir sociedades democráticas justas, participa­
tivas, sustentáveis e pacíficas;
• garantir a generosidade e a beleza da Terra para as 
gerações presentes e futuras.
C a p ít u l o 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 5
2 ) I ntegridade E cológica
• proteger e restaurar a integridade dos sistemas 
ecológicos da Terra, com especial atenção à 
diversidade biológica e pelos processos naturais que 
protegem a vida;
• prevenir dano como melhor método de proteção 
ambiental e, quando o conhecimento for limitado, 
assumir uma postura de precaução;
• adotar padrões produtivos de consumo e reprodução 
que protejam as capacidades regenerativas da Terra, 
os direitos humanos e o bem-estar comunitário;
• avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e 
promover a troca aberta e a ampla aplicação do 
conhecimento adquirido.
3 ) J ustiça E conômica e S ocial
• erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e 
ambiental;
• garantir que as atividades e instituições econômicas 
em todos os níveis promovam o desenvolvimento 
humano de modo equitativo e sustentável;
• afirmar a igualdade de gênero e a igualdade como 
pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e 
assegurar o acesso universal à educação, saúde e 
oportunidades econômicas;
• defender os direitos de todos, sem discriminação, para 
um ambiente social apoiado pela dignidade humana, 
saúde e bem-estar espiritual, com especial atenção 
aos direitos dos povos indígenas e minorias.
4 ) D emocracia, Não Violência e Paz
• fortalecer as instituições democráticas em todos os 
níveis e assegurar transparência e responsabilidade na 
gestão pública, inclusive na participação e tomada de 
decisão e acesso à justiça;
• integrar na educação formal e aprendizagem, ao longo 
da vida, os conhecimentos, valores e habilidades 
necessárias para um estilo de vida sustentável;
• tratar todos os seres vivos com respeito e 
consideração;
• promover a cultura da tolerância, não violência e paz.
PARA REFLEXÃO
A IDENTIFICAÇÃO E 
A DIVULGAÇÃO DE 
VALORES HUMANOS 
COMPARTILHADOS 
PODEM AUXILIAR HA
v is ã o De Muftoo
DAS PeSSOAS 
E DA SOCHiADe.
3 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
M udanças
são
opo rtunidades
ou
CRISES?
1.5 MUDANÇA, TRANSFORMAÇÃO E INOVAÇÃO
"A mudança que você deseja ver no mundo precisa 
começar com sua própria mudança."
M ahatma G handi
Diante da visão e da interpretação dos fenômenos do mundo, 
geralmente decidimos por uma a d aptação o u por uma m u d an ça . Toda 
vez que deixamos um padrão de comportamento e adotamos 
outro, podemos dizer que houve mudança. Mudar significa deixar 
uma situação conhecida, à qual já estávamos acostumados, para 
uma nova situação, que poderá, até, nos causar desconforto e 
insegurança.
Toda mudança, para ser duradoura, deve basear-se em uma transformação 
na forma de pensar. A forma como percebemos o mundo, como lidamos 
com ele e encontramos fontes para o sentido da nossa vida decidirão o 
nosso destino. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 95)
O SENTIDO DE MUDANÇA 
É DIFERENTE DE TRANSFORMAÇÃO.
PARA REFLEXÃO
O NASCIMENTO E A 
MORTE SÃO EXEMPLOS 
DE TRANSFORMAÇÃO 
SÚBITA.
O ENVELHECIMENTO 
HUMANO É UMA 
TRANSFORMAÇÃO 
PAULATINA.
A transfo rm ação é uma mudança irreversível que cria algo novo. Ela pode 
criar valor, mas pode ser neutra em relação ao valor ou até mesmo destruí- 
lo. (RAICH e DOLAN, 2010, p. 197, grifo nosso)
Além de adaptações e mudanças, muitas vezes temos de 
lidar com uma tra n sfo rm a çã o o u com uma in o v a ç ã o . Esta última 
resulta da insatisfação, da curiosidade, de uma ideia, conceito ou 
visão alternativa e sua implementação leva a um novo valor.
C a p ít u l o 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 7
A figura 4 mostra as diferenças entre mudança, transformação 
= inovação.
Transformação:
Mudança sem retorno.
Se criar novos valores, é uma 
inovação transformadora
Figura 4 - Diferenças entre mudança, transformação e inovação
Uma transformação pode ocorrer continuamente ou 
subitamente, por ação do tempo e em toda parte.
M achad o (1984) chama de "adaptação evolucionária" as 
modificações no desenvolvimento de uma criança desde o nascimento 
•'ormas e dimensões do corpo, gestos, traços fisionômicos e 
comportamentos); o ser humano estaria, assim, descobrindo 
ambientes mais complexos, adaptando-se a diferentes situações, 
e a essas fases de adaptação este autor denomina "evolução". Para 
o autor, esse p r o c e s s o d e ad aptação durante toda a vida compõe o 
trinômio in fo rm ação , h o m eo st a se , a d a p ta ç ã o .
Mudanças trazem muita incerteza, receios e riscos. Por 
outro lado, criam novos valores. Se esses valores passam a ser 
aceitos, constituem uma in o v a ç ã o . Ocorrem, então, novas formas de 
criação de valor. Criatividade, empreendedorismo e iniciativas são 
características dessa cultura de inovação (RAICH e DOLAN, 2010).
Mudanças rompem equilíbrios e mexem com nossas zonas 
de conforto. Elas podem perturbar, provocar rupturas, perdas e 
destruição.
PARA REFLEXÃO
C om o a s m udanças 
e s tã o a fe ta n d o v o cê 
com o p e sso a e com o 
p r o f is s io n a l ?
Q u a is são a s 
im p l ic a ç õ es d a s 
m udan ças?
3 8 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
O nde estã o
AS RAÍZES DAS 
MUDANÇAS?
E starão n as n o ssa s
FORMAS DE VER O 
MUNDO?
Por outro lado, mudanças apresentam um lado positivo: 
abrem novos caminhos, apresentam novas soluções, permitem 
novas abordagens, constroem e reconstroem, renovam, induzem 
melhoras, modernizam.
As mudanças trazem desafios como d e sa p r en d er para a p r e n d e r , 
dando espaço para o novo, a p r en d er a a p r en d er c o n tin u a m en te e colocar- 
se a par dos novos cenáriosque surgirem nesses processos.
As mudanças, assim como a perda, exigem aprendizado. Nos 
estágios iniciais de uma mudança, parece impossível ser positivo, 
aprender novas técnicas ou mudar hábitos e estilos de vida. No 
entanto, passada a fase de crise, segue-se um período de aceitação 
e readaptação à nova situação (MCLAGAN e NEL, 2000).
1.6 TENDÊNCIAS
"O homem é produto do passado e produtor 
do presente e do futuro."
S ouza neto
DICIONÁRIO
STAKEHOLDERS
P a r t e s in t e r e ss a d a s 
q ue podem a feta r 
£ s e r e m a feta d a s
&ELA ATUAÇÃO DE UMA 
EMPRESA.
As transformações produzem efeito sobre a nossa percepção 
em relação ao futuro, como entendem RAICH e DOLAN (2010):
"A nossa percepção do futuro é dinâmica e está em constante mudança, 
como o mundo ao nosso redor" (pp. 101-102).
"O futuro nasce na nossa imaginação! É produto do passado, do presente, 
de nossos sonhos e habilidade de antecipar, de pensar à frente e adiante." 
(p. 31).
Para estes autores, para se compreender o futuro do mundo 
é necessário reconhecer cinco dos seus atuais p r o p u l so r e s - c h a v e , 
que são:
a globalização; 
a demografia;
os recursos naturais e as questões ambientais; 
as regulações governamentais eoativismo dos consumidores, 
acionistas e STAKEHOLDERS em cada nível; 
a mudança de valores dos consumidores.
Capítu lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 3 9
No que se refere à g lo balização , esse reconhecimento passa 
celos aspectos de integração econômica, política, social e tecnológica 
:os países, assim como, em relação à d em o g ra fia , é de notar-se que 
:s países industrializados enfrentam o envelhecimento das suas 
ropulações enquanto os países em desenvolvimento apresentam 
forte evolução populacional de cidadãos entre 15 e 39 anos de 
dade.
Quanto aos r e c u r s o s n a t u r a is e às q u e s t õ e s a m b ie n t a is , um dos 
principais fatores que trazem preocupações com o futuro, entre 
outros, é a escassez de petróleo, que ainda é a principal fonte de 
energia de que dispomos.
Seguindo os autores citados, podemos perceber como 
estes cenários de transformação vêm, por outro lado, provocando 
'eações positivas na mentalidade e no comportamento das pessoas, 
~as ações de governos e das instituições em geral, inclusive nas 
empresas e corporações.
Por exemplo, em função da fragilidade da matriz energética 
—lundial, ainda dependente dos combustíveis fósseis, a busca de 
•'ontes alternativas de energia tornou-se uma necessidade cada vez 
mais urgente.
No mesmo diapasão, vêm ocorrendo alterações no padrão de 
comportamento dos consumidores. Em função de uma consciência 
ecológica mais aguçada, as pessoas estão mudando seus estilos 
;e vida em todas as partes do mundo, principalmente nos novos 
~iercados emergentes, abraçando causas ambientais e defendendo 
rolíticas de desenvolvimento sustentável.
A partir da percepção da ocorrência de transformações, 
ameaças e riscos podem ser avaliados de forma mais efetiva, 
assim como novas descobertas científicas e tecnológicas podem, 
por exemplo, fornecer ferramentas para o controle das emissões de 
C02, para lidar com a escassez de petróleo, para prevenir desastres 
naturais (ou pelo menos amenizar seus efeitos), para enfrentar 
mudanças climáticas, etc.
4 0 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L
PARA REFLEXÃO
/4s POPULAÇÕES VÊM 
AUMENTANDO EM 
DECORRÊNCIA ATÉ 
MESMO DE FATORES 
POSITIVOS COMO MAIS 
NASCIMENTOS, COM 
BAIXAS TAXAS DE 
MORTALIDADE INFANTIL 
E A ELEVAÇÃO 
DOS ÍNDICES DE 
LONGEVIDADE, 
DECORRENTE DAS 
MELHORES CONDIÇÕES 
DE VIDA.
Em particular, no que diz respeito a problemas 
demográficos, como o aumento acentuado das populações, 
mudanças na economia dos países desenvolvidos, a expectativa 
da aposentadoria dos baby-boomerss (a partir de 2012), os 
processos cada vez mais céleres de urbanização e o surgimento de 
megacidades6, estima-se que, até 2050, a humanidade precisará 2 
vezes mais recursos para suprir o planeta (RAICH e DOLAN, 2010).
A população global chegará a 9 bilhões de pessoas e isso 
acarretará alterações demográficas, além de riscos sociais, políticos 
e ambientais.
A s POPULAÇÕES QUE MAIS CRESCEM S/ÍO /IS DOS MERCADOS EMERGENTES, 
COMO BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA - PAÍSES QUE FORMAM O BLOCO CONHECIDO 
COMO BRIC, QUE A PARTIR DE 2011 CONTA COM A PARTICIPAÇÃO TAMBÉM DA
A frica do S u l .
E, é claro, a superpopulação implica uma gama de problemas, 
tais como:
• conflitos por recursos escassos;
• desmatamento;
• degradação das infraestruturas de saneamento básico;
• esgotamento de recursos naturais, em especial os 
combustíveis fósseis;
• terrorismo crescente;
• altos índices de criminalidade;
• altas taxas de desemprego, especialmente em áreas 
urbanas;
• disseminação cada vez maior de doenças e epidemias;
• maior desertificação e perda irreversível de terra cultivável;
• perda de biodiversidade e extinção de espécies (de acordo 
com alguns estudos, os índices de extinção atuais podem 
chegar a 140 mil espécies perdidas todos os anos);
• menor expectativa de vida;
• pobreza;
• escassez de água;
• fome e subnutrição; e
• turbulência social.
(RAICH e DOLAN, 2010, p. 83)
C a p ít u lo 1
COMO VOCÊ VÊ O MUNDO? 41
Para o enfrentamento desse tipo de circunstância, é possível 
z je a humanidade promova a convergência de várias tecnologias, 
:omo robótica, nanotecnologia, biotecnologia, engenharia genética, 
-■'ormática, tecnologia neural, bioeletrônica, física quântica e 
realidade virtual.
Deve também ocorrer a criação de novos materiais, novos 
Drodutos, novas formas de informação e comunicação, novos 
-neios de transporte, novas oportunidades, mas também - e 
nfelizmente - , novas formas de destruição em massa e novas 
ameaças (RAICH e DOLAN, 2010).
Q u al é a s u a v is ã o
SOBRE ESSAS 
TENDÊNCIAS NA 
SUA VIDA PESSOAL 
E NA SUA VIDA
p r o f is s io n a l?
E na v id a em 
s o c ie d a d e ?
1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfrentar mudanças gera ansiedades, envolve riscos e requer 
criatividade para ampliar nossa visão de mundo.
Diante das discussões deste capítulo, sob a ótica de uma 
. isão holística de mundo, isto é, assumindo que as mudanças estão 
nter-relacionadas, será que as mudanças no mundo acontecem 
num encadeamento?
Tomemos como exemplo as mudanças que acontecem nas 
:rganizações. Elas estão inseridas num contexto maior, o ambiente 
externo, o mundo.
Qualquer mudança no ambiente organizacional poderá 
-nudar o universo do trabalho, sua estrutura, recursos, processos e 
'elações interpessoais. Consequentemente poderá haver mudanças 
no perfil do trabalhador.
A realidade virtual, com a possibilidade de simulações, está 
'econfigurando as diferentes disciplinas do conhecimento. E essas 
cisciplinas estão sendo cada vez mais utilizadas nas organizações, 
alterando estruturas, os recursos e os processos de trabalho. Em 
decorrência, os trabalhadores estão sendo preparados - e estão se 
preparando - para lidar com essa nova situação.
Q u a l q u e r
MUDANÇA NO MUNDO 
PODERÁ AFETAR AS 
ORGANIZAÇÕES.
42 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
A figura 5 mostra o possível encadeamento de mudanças,
Mudanças no 
mundo
Mudanças nas
* organizações
Mudanças no
----- ► universo do
trabalho
Mudanças no
------► perfil
profissional
Figura 5 - As mudanças que ocorrem em cadeia
Não deixe de exercitar a sua visão de mundo. A cada 
exercício melhoramos enquanto observadores, melhoramos como 
participantes desse universo e passamos a compreender melhor o 
cenário no qual estamos inseridos.
Por meio da nossa própria visão de mundo temosa opção de 
decidir por uma de duas atitudes:
• atitude passiva: adaptar-se às mudanças;
• atitude ativa: mudar, transformar-se e inovar.
Pessoas que assumem atitude passiva veem e percebem o 
mundo e se adaptam.
Pessoas que decidem pela atitude ativa veem e percebem o 
mundo e geram mudanças.
C omo você vê o mundo em que está in s e r id o ?
D ia n te d e um mundo em co n stan te transformação , tem o s d e mudar
NOSSA VISÃO d e MUNDO NA MESMA VELOCIDADE?
Você m o d ifica s e u comportamento quando p r e s s e n t e q ue a
MUDANÇA SERÁ NECESSÁRIA?
2
O MUNDO DO TRABALHO
Keli Cristina de Lara Campos
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
Ao final deste capítulo, o estudante terá condições de:
• compreender as mudanças ocorridas no contexto do 
trabalho;
• conhecer o conceito de empregabilidade e seus indicadores;
• fazer uma autoanálise de sua empregabilidade.
2.1 INTRODUÇÃO
CONCEITO DE TRABALHO
O trabalho sempre esteve presente, mesmo que de modo 
ntuitivo, na vida do homem. Estudos antropológicos relatam que 
;á na pré-história havia uma organização e divisão do trabalho: os 
nomens caçavam e as mulheres cuidavam da colheita de raízes e 
cos filhos (ENGELS, 1986). Desde então, o trabalho sofreu grandes 
mudanças e, em função das condições sociais e econômicas que 
•'oram se estabelecendo ao longo da história, tem sido motivo de 
-luitos estudos e discussões.
O trabalho é tido como fundamental na vida humana e 
a evolução da sociedade se deu, em grande parte, graças à 
capacidade do homem de criar ferramentas que tornaram possível 
transformar o meio e adaptar-se a este, de modo a garantir um 
constante desenvolvimento. Ao analisar a relação do homem com o 
: rabalho, verifica-se que este pode adquirir diferentes significados, 
de acordo com as funções que possui na vida do ser humano.
4 4 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PRO FISSIO N A L
Segundo D e jo u r s (1997), o trabalho é um elemento estruturante 
da sociedade, visto que se apresenta como um veiculador da 
cultura e da ordem civilizatória. Além disso, apresenta-se como 
um elemento que participa da estruturação da identidade psíquica 
e social do indivíduo como sujeito que atua e produz. Assim sendo, 
em seu polo positivo o trabalho pode ser descrito como apontam as 
definições de D a v is e S h a c k leto n (1977):
• Meio pelo qual são produzidos os bens e serviços que a 
sociedade deseja;
• Atividade instrumental executada por seres humanos, cujo 
objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para 
uma alteração planejada de certas características do meio 
ambiente do homem;
• O trabalho é uma atividade que produz algo de valor para 
outras pessoas.
Ou seja, TRABALHO É QUALQUER ATIVIDADE FÍSICA OU MENTAL QUE TEM 
POR OBJETIVO CRIAR, TRANSFORMAR OU OBTER ALGO DA INTERAÇÃO HOMEM—MEIO 
AMBIENTE.
O TRABALHO AFASTA DE NÓS TRÊS GRANDES MALES:
O TÉDIO, O VÍCIO E A NECESSIDADE.
(VOLTAIRE)
Ao mesmo tempo, D e jo u r s , psiquiatra especialista em saúde 
mental do trabalhador, lembra também que o trabalho pode 
adquirir uma conotação negativa, pois, diante de certas condições, 
pode servir como um instrumento de dominação, capaz de produzir 
sofrimento.
O próprio termo "trabalho" seria, segundo uma dada 
corrente de estudos lingüísticos, derivado do latim vulgar t r ip a l iu m , 
que significa t r ê s p a u s , e que na maioria dos dicionários modernos é 
definido como um in str u m en to d e to rtu ra u t il iz a d o p e l o s ro m an o s a f im
DE SUBJUGAR OS CRISTÃOS.
Essa prática deu origem ao verbo t r e p a l ia r e , depois a t r a p a l ia r e 
e, finalmente, trabalhar e, nesse contexto, o trabalho é tido como 
sacrifício, árduo, causador de transtorno e preocupação, ligado à 
punição, obrigação e dever.
C a p ítu lo 2
O MUNDO DO TRABALHO 4 5
Em verdade, o significado que temos de "trabalho" sofre as 
nfluências de diversos aspectos socioeconômicos, tais como os 
-ecursos e as condições materiais, a representação social do cargo, 
o ganho econômico que possibilita um certo grau de realização 
cessoal, etc.
A experiência que vivenciamos a partir desses fatores resulta 
ia atribuição p o s it iv a ou n eg a t iv a do que seja o t r a b a lh o .
"quando e x is t e , [ O TRABALHO] DEFORMA m ú scu lo s e c é r e b r o s .
Q uando não e x is t e , red u z o homem a tr a p o s"
(MARX)
No contexto atual, as organizações buscam, cada vez mais, 
ressoas que considerem o trabalho como uma atividade que lhes 
auxilie em seu desenvolvimento pessoal, e não apenas como um 
sacrifício a ser cumprido.
O significado p o s it iv o atribuído ao trabalho por uma pessoa 
rode ser considerado um fato r d if e r e n c ia l do seu potencial de
EMPREGABILIDADE.
2.2 MERCADO DE TRABALHO: EVOLUÇÃO E CONTEXTO
As mudanças iniciadas com o processo de globalização, as 
novações tecnológicas, a concorrência cada vez mais acirrada, a 
rusca da excelência, exigência por qualidade e melhorias contínuas 
'esultaram em profundas alterações nas formas de produção.
Todas estas mudanças trouxeram em seu bojo transformações 
:anto positivas como o acesso às novas tecnologias, bens e serviços 
_teis à humanidade, como também uma carga negativa, que se 
restaca especialmente pela eliminação de muitos postos de 
trabalho.
Mas para compreender o mercado de trabalho atual é preciso 
dedicar-lhe um olhar m acro e considerar múltiplas facetas, que 
abordaremos a seguir.
4 6 DESEN VOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
MUDANÇAS NA ECONOMIA MUNDIAL
Até a década de 1980 o empresariado, especialmente no 
Brasil, não estava preocupado em "encantar o cliente". Afinal, se só 
havia duas ou três marcas de um determinado produto, no mercado, 
os consumidores obrigatoriamente se dividiam entre elas e assim 
as empresas permaneceram estáveis e lucrativas por décadas.
Afastadas de qualquer concorrência, as empresas 
conseguiram acumular grande capital, mas pouco investimento foi 
repassado para o desenvolvimento de máquinas, equipamentos ou 
melhorias no processo produtivo.
O trabalhador, nesse tipo de organização, também era 
uma pessoa acostumada à estabilidade, que em geral entrava 
também para trabalhar na "firma" na qual o pai e o avô estiveram 
empregados por todas as suas vidas. Assim como eles, ali aprendia 
o que deveria ser feito e sabia que ali ficaria até sua aposentadoria.
Nesse cenário, não era necessário maior empenho seja por 
parte do trabalhador seja por parte do empresário, porque afinal o 
futuro era bastante previsível para todos.
Ocorre que, a partir daí, o cenário mundial sofreu profundas 
mudanças, com o surgimento da chamada g lo b a liz a ç ã o ec o n ô m ic a , 
acelerada principalmente pelo desenvolvimento dos meios de 
transporte e de telecomunicações, que disseminam informações 
com menor custo, interligando o mundo.
Essa abertura do mercado passou a alterar aspectos 
econômicos, sociais, culturais e políticos dos países, facilitando o 
processo de importação e exportação de produtos, pela diminuição 
de barreiras a transações financeiras.
Por outro lado, tais mudanças criaram um mercado de forte 
concorrência mundial, em que a briga por espaço e a procura por 
menores custos de produção tornam-se, por vezes, desleais.
C a p ítu lo 2
O MUNDO DO TRABALHO 4 7
MUDANÇAS NO PADRÃO DE CONSUMO
Quem fizer uma pesquisa básica nos sites de busca da Internet 
::~n a expressão m ercad o d e tr a b a lh o , rapidamente encontrará as 
ra avras mudança , c o m petên c ia , e x ig ê n c ia , q u a lid a d e . Ao que parece, a 
ún ca coisa perene atualmente é o cenário de mudanças, pois a 
e~presa, o mercado, o trabalhador, oshábitos de vida mudaram e 
::-tinuam mudando.
Hoje, as exigências e preferências de cada cidadão podem 
ser atendidas, pois existe uma infinidade de organizações pensando 
e~ como realizar os seus desejos e superar suas expectativas 
e-quanto consumidores.
Basta lembrar que há 15 anos você ia ao supermercado para 
ii^ p ra r um iogurte e lá havia no máximo duas marcas do produto 
:=-a você escolher. Hoje, as geladeiras de iogurtes trazem uma 
. a-edade enorme de tipos, sabores, preços e benefícios agregados 
a esse produto e você pode eleger o que mais se adequa às suas 
-ecessidades e desejos.
Caso você queira comprar um carro, pode entrar nos sites 
:e cada montadora e fazer uma simulação, na qual é possível 
e eger todos os componentes e acessórios que você deseja e 
ver instantaneamente os possíveis resultados, com seus preços 
::~espondentes. Tudo isso sem precisar sair de casa e com poucos 
d zues.
Alguns podem dizer que antigamente também era fácil 
: :~ r r a r um automóvel, pois, afinal, só havia três opções de cores 
r-e:o , branco e cinza) e os poucos acessórios eram padronizados, 
não Dermitindo variações, o que agilizava de algum modo a escolha, 
'•'as as opções de hoje parecem agradar bem mais o consumidor, 
;_ e se acostumou com melhores serviços e agora exige cada vez 
'-Tais.
4 8 DESENVOLVIM ENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
INOVAÇÕES NO PROCESSO PRODUTIVO
Com a livre concorrência, o mercado brasileiro, acostumado 
com a "firma estável e o empregado pacato", se viu forçadamente 
obrigado a mudar.
O s EMPRESÁRIOS TIVERAM DE INVESTIR RECURSOS NA COMPRA DE MAQUINÁRIOS 
MAIS MODERNOS, NA AUTOMAÇÃO E NA AUTOMATIZAÇÃO DE DIVERSOS PROCESSOS
PRODUTIVOS.
A necessidade de competitividade exigiu modificações 
profundas e a modernização das empresas trouxe como conseqüência 
cortes significativos de pessoal, reduzindo drasticamente a 
necessidade de trabalhadores braçais.
Houve o enxugamento da estrutura hierárquica, eliminando 
muitos cargos de supervisão e média chefia. Esses fatores foram 
sentidos principalmente nas indústrias do país e deram lugar 
ao que chamamos hoje de desemprego estrutural, ou seja, um 
contingente grande de trabalhadores que foram demitidos, não 
por incompetência, mas por conta das inovações e melhorias 
implantadas nos processos de produção vigentes.
Como exemplo, se uma indústria têxtil trabalhava com um 
tear manual que requeria 10 homens para ser operado, ao substituí- 
lo por um tear mecânico, passou a necessitar de apenas 5 homens 
para manter o mesmo nível de produção.
PARA FAIXAR
P r ó - a t iv id a d e
É A CAPACIDADE 
DE SE ANTECIPAR 
/ÍOS PROBLEMAS, 
PROPONDO SOLUÇÕES 
E OFERECENDO 
AUXÍLIO EM 
DIFERENTES 
SITUAÇÕES. 
" E n treg ar m a is 
DO QUE LHE É
so l ic it a d o "
MUDANÇAS NO PERFIL DO TRABALHADOR
Outro ponto a considerar é que esse avanço no m o d u s o per a n d i 
fez com que o trabalho passasse a ser mais intelectual do que braçal 
e foi preciso pensar novas maneiras de produzir, criar e satisfazer 
o consumidor.
Inovação passou a ser a palavra de ordem e o trabalhador 
ideal passou a ser aquele com capacidade criativa, educação 
superior, espírito empreendedor e p r o a t iv id a d e .
C a p ít u lo
O MUNDO DO TRABALHO
O empregado pacato e bom executor, que nunca tinha sido 
cobrado a melhorar sua escolaridade ou desenvolver competências, 
c d dia para a noite se viu forçado a buscar novos conhecimentos 
cue pudessem fazê-lo voltar ao mercado que, recém-mudado, 
agora o considerava desatualizado e obsoleto.
Assim surgem as manchetes de que sobram empregos 
especializados no país, mas a verdade é que a pouca qualificação 
cos trabalhadores impede que a demanda atual seja atendida.
J á o s p ro fis s io n a is que se encaixam nas novas co n d içõ es podem 
e sc o lh e r onde re a liz a r su a s ta re fa s e quanto querem ganhar.
São procurad os no m ercado e valem "p eso d e o u ro ", ju sta m en te 
POR SEREM POUCOS PARA /3S n e c e ss id a d e s a t u a is .
Como exemplo dessa situação, Na b il S ah yo u n , presidente 
ca A s so c ia ç ã o B r a s il e ir a D e L o jis t a s D e S h o ppin g - A L S H O P , em uma 
-eportagem sobre mercado de trabalho da revista V o cê S / A , de julho 
ce 2010, afirma que tem sido freqüente a busca por candidatos com 
-lelhor formação em razão da evolução e da tecnologia utilizada no 
.='ejo, bem como da necessidade de atendimento cada vez mais 
especializado, exigido pelo consumidor atual.
Tal afirmação é válida também para outros nichos de mercado 
c je buscam constantemente por mão de obra qualificada e capaz 
ce enfrentar os novos tempos.
MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Como conseqüência das alterações citadas, ocorreram 
•codificações nas relações de trabalho. Antigamente os contratos 
ce trabalho baseavam-se no tempo de serviço do trabalhador como 
tério para sua promoção a quadros mais importantes da empresa, 
-tualmente entende-se que o desempenho assegura a chamada 
e m p r e g a b il id a d e por meio da a p r e n d iz a g e m , e assim se estabelece a 
:-oca entre trabalho e recompensas (ROMANIUK & SNART, 2000).
5 0 DESENVOL VIMENTO PESSO AL E PR O FISSIO N A L
I l e s , F o r s t e r e T in l in e (1996) entendem que as bases dos 
c o n tra to s p s ic o ló g ic o s deixaram de ser o emprego seguro para 
assentarem-se em empregabilidade, pois agora, ao invés de as 
organizações tomarem a responsabilidade pelo gerenciamento da 
carreira de seus trabalhadores, por meio de mecanismos de oferta 
de segurança e de promoções, seus funcionários são obrigados 
a assumir a responsabilidade pela progressão de suas próprias 
carreiras.
Tal fato implica que os empregados demonstrem 
comprometimento com as metas da organização e flexibilidade no 
seu desempenho profissional como moeda de troca imprescindível 
à obtenção de postos de trabalho desafiantes, oportunidades de 
desenvolvimento e suporte aos planos de carreira desejados.
No presente, ainda é comum encontrarmos pessoas que, 
tendo trabalhado por muito tempo em uma organização, sentiam- 
se perfeitamente integradas às suas exigências, mas ao serem 
demitidas depararam-se com situações que requerem diferentes 
modos de atuação para as quais não se prepararam no passado, 
restando a necessidade de se atualizarem rapidamente para voltar 
ao mercado de trabalho.
É p r ec iso a ler ta r a o s q ue e stã o em preg ad o s que o m ercad o d e trabalho
OFERECE CADA VEZ MENOS ESTABILIDADE, E QUE A PROBABILIDADE DE VIREM 
4 PERDER SEUS EMPREGOS DURANTE SUAS VIDAS PRODUTIVAS É ALTA.
A previsão é de que um profissional passe por pelo menos 
cinco a oito locais de trabalho e/ou empregos diferentes até se 
aposentar.
CUIDE SEMPRE DE SEU CURRÍCULO E AMPLIE CONHECIMENTOS REALIZANDO 
CURSOS E AS ATUALIZAÇÕES QUE PUDER!
C a p ítu lo 2
O MUNDO DO TRABALHO 51
Entende-se, portanto, que se os contratos antigos rezavam 
= dependência do trabalhador à empresa, nos dias atuais os 
contratos de trabalho nutrem a independência do trabalhador com 
'eiação à organização por meio da e m p r e g a b il id a d e . Dito de outra 
•arma, os contratos começam a ficar mais autônomos, refletindo 
a necessidade de flexibilidade organizacional e de adaptação do 
t-abalhador.
Aqui é relevante diferenciar a questão do emprego versus 
t-abalho, onde e s t a r em pr eg a d o de modo tradicional significa 
casicamente ocupar um cargo em uma determinada empresa ou 
:'ganização, com carteira assinada, benefícios garantidos por 
e . atividades bem definidas e horário regular de trabalho. Já o 
—a ba lh o , como vem-se delineando,

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