Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC Síndrome caracterizada pela obstrução crônica difusa das vias áreas inferiores, de caráter irreversível, ou parcialmente reversível, gerando limitação do fluxo devido uma resposta anormal a partículas inaladas. Enfermidade previnível e tratável caracterizada por limitação persistente ao fluxo aéreo, que é progressiva e associada a uma resposta inflamatória pulmonar anômala à partícula ou gases nocivos. As exacerbações e comorbidades constituem gravidade. (GOLD, 2011) Uma das principais causas de internações e mortalidade no nosso país. O GOLD é um protocolo anual para orientar os médicos o manejo e tratamento da DPOC. Antes do GOLD se tratava DPOC com os mesmos medicamentos da asma. Diagnóstico é feito baseado na exposição de fatores de risco (tabagismo – 90% dos casos, fogão a lenha, carvoarias, poluição) e presença de limitação de fluxo aéreo (VERF1/CVF < que 70 e VEF1 < que 80), que não seja totalmente reversível, sendo o paciente sintomático ou não. #Limitação do fluxo aéreo que não é reversível, como na asma. # Destruição pulmonar progressiva levando a limitação. # Espirometria (Padrão-ouro para diagnóstico) mostra obstrução que não é reversível a prova de Broncodilatador. Doença de acometimento mundial. Prevalência maior em sexo masculino, porém vem aumentando sua prevalência em mulheres decorrente ao aumento de exposição ao tabagismo. Manifestando-se entre a 4º e 5º décadas de vida. Sua mortalidade vem aumentando progressivamente ao longo dos anos. O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC, sendo que 90% dos pacientes apresentam histórica tabágica positiva. As substâncias do tabaco causam uma série de alterações nas vias aéreas: estimulam a produção de muco e hipertrofia das glândulas submucosas, reduzem e impedem movimento ciliar, ativam macrófagos alveolares e secretam substâncias quimiotáticas, principalmente IL8 que leva ao recrutamento e ativação de neutrófilos, que respondem com a produção de substância proteolíticas como a elastase. Também inibem a alfa1 antitripisina que bloqueia a elastase. Também está associada com a hiper-reatividade brônquica, chamada bronquite asmática obstrutiva, sendo revertido com o uso de broncodilatadores e uso de corticóide inalatório. Não é evidenciado relação a DPOC com a asma, mas acredita-se que elas se sobrepõem, piorando os sintomas. Difere da asma, devido a bronquite crônica ser causada por uma inflamação das vias aéreas dependentes de LTCD8, macrófagos e neutrófilos, levando a fibrose. Já a asma, é a inflamação das vias aéreas pela resposta de LTCD4, eosinófilos, mastócitos e basófilos, com pouco reparo por fibrose, salvo em quadros extensamente repetidos de asma, onde o quadro fisiopatológico será bem semelhante ao DPOC. Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia Outros fatores de risco: deficiência genética de alfa 1 antitripsina em crianças/adolescentes cursando com enfisema pulmonar, ocorre devido a elastase neutrofílica não ter bloqueio por déficit da alfa 1 antitripsina, agindo livremente para destruição do parênquima pulmonar. Tabagismo passivo, poluição atmosférica, exposição ocupacional a poeiras e gases (carvão, ouro, cádmio). DPOC é um fator de risco para Carcinoma broncogênico. FISIOPATOLOGIA Troca das fibras de colágeno tipo 1 por tipo 2, levando clinicamente a um cansaço progressivo do paciente. Bronquite obstrutiva crônica é uma entidade clínica cujo sua maior causa é o tabagismo, levando a uma hipertrofia da mucosa e glândulas submucosas secretando grande quantidade de muco, que se acumulam nas vias aéreas, tendo como causa a inibição do movimento ciliar decorrentes ao tabagismo. Apresenta também redução do lúmen distal devido espessamento da parede brônquica por inflamação e infiltração celular. Clinicamente é caracterizada por tosse produtiva, geralmente matinal, a mais de 3 meses consecutivos em um ano e por mais de 2 anos. Enfisema é definido como alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos decorrentes destruição progressiva dos septos alveolares. Leva a obstrução crônica das vias aéreas distais pela perda de elasticidade de sustentação, reduzindo o lúmen brônquico, principalmente na fase expiratória. O tabagismo leva a um alargamento e destruição do parênquima nos bronquíolos respiratórios, levando a um predomínio nos lobos superiores dos pulmões. Já na deficiência de alfa 1 antitripsina essa destruição ocorre ao redor do ácino. Na DPOC a força da expiração está reduzida pela redução da elasticidade pulmonar e a resistência está aumentada pela redução do lúmen gerada pela inflamação e edema da mucosa brônquica. Esses fatores levam a uma pressão intrapleural positiva impedindo a saída de ar, aprisionamento de ar. Pulmão hiperinsuflado = aumento dos espaços intercostais. Diafragma tende a retificação levando a dificuldade de contração para inspiração. Uso de musculatura acessória. Como consequência temos alvéolos mal perfundidos levando a hipoxemia e dessaturação de hemoglobina. Inicialmente a hipoxemia é aos esforços e depois pode ser em repouso, sendo um sinal de mal prognostico. O enriquecimento de O2 inspirado pode corrigir esse problema, pois aumenta a PO2, melhorando a oxigenação do sangue. Nas fases mais avançadas pode ocorrer retenção de CO2 levando a acidose respiratória, levando a compensação por retenção de bicarbonato pelos rins. Gaso: aumento da PCO2, bicarbonato e base excess, com PH tendendo a ácido. Quando a acidose crônica se torna agudizada temos um aumento agudo da PCO2 e ai temos uma queda do pH. Consequências: Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia Centro respiratório bulbar fica hiposensível a Co2 levando a hipoventilação e mais retenção de CO2 podendo desencadear uma acidose agudizada. Cor pulmonare, devido a hipóxia as arteríolas e artérias pulmonares respondem com vasoconstrição, desviando o fluxo para os alvéolos, ocasionando a hipertensão pulmonar. Quadro clínico Dispneia progressiva, marcada por piora após períodos de exacerbação (infecção respiratória), tosse comumente acompanhada de expectoração. Redução da tolerância para exercícios físicos, aumento do tempo expiratório e aumento da reserva inspiratória (ar aprisionado). Crônica, Tosse, Dispnéia, Sibilos, Tabagismo, Exposição ocupacional Exame físico Sibilos, roncos, estertores crepitantes, Normal / quase, Hiperinsuflação, MV diminuído, Sinais de cor pulmonale. Diagnóstico Baseado em uma história de exposição a fatores de risco e na presença de limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível, na presença ou não de sintomas (Tosse, expectoração, dispneia, sibilos e roncos no exame físico). O diagnóstico da DPOC é centrado em dois pontos básicos, a história clínica e a espirometria, por ser este o método que mede o fluxo expiratório, aspecto fundamental para confirmar a suspeita clínica de DPOC. Os sintomas tosse e secreção pulmonar são os mais precoces. Eles devem ser inquiridos com perseverança, pois é comum o fumante não lhes dar maior importância, achando, por exemplo, que a tosse matinal é “a tossinha do fumante”. Nem todos os fumantes que apresentam esses sintomas evoluirão com falta de ar, e só raramente um fumante terá falta de ar sem que se manifestem os sintomas de bronquite crônica inicialmente. O profissional da área respiratória nunca deveria deixar de perguntar ao paciente se ele fuma, quantos cigarros por dia e há quanto tempo. Quase tão importante quanto a história sobre o cigarro é saber os antecedentes profissionais. Há indústriasque trabalham com pó e gases, os quais podem ser irritantes para a árvore brônquica, desencadeando um processo inflamatório crônico com tosse e secreção. A associação dos dois fatores, cigarro e contaminação ambiental, faz com que aumente a chance de aparecer a doença, assim como o trabalho com fogão à lenha. Espirometria é padrão ouro onde o critério de diagnóstico é o índice de Tiffenau abaixo de 70% mesmo após prova broncodilatadora. VEF1/CVF <70% após uso de broncodilatador confirma que a limitação do débito aéreo não é completamente reversível. VEF1 < 80% Diagnóstico: História +Espirometria + Radiografia para descartar outras patologias Acompanhamento da gravidade: Espiro + StO2 + Dispnéia + Indice de Massa Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia *Diferença de DPOC e asma: DPOC Início após os 40 anos, ausência de atopia e ausência de história familiar positiva para Asma. Tabagismo maior que 20 anos/maço, melhora variável com tratamento, obstrução parcialmente reversível. Asma Inicia na infância, passando por uma fase de latência e retoma na fase adulta com períodos de agudização. Pacientes apresentam antecedentes presentes para atopia e história familiar positiva para asma. Tabagismo ausente, melhora acentuada com tratamento, obstrução reversível. Conforme a definição da DPOC, o tratamento da sua obstrução não é completamente reversível, ao contrário da obstrução na asma, que na sua grande maioria, com as medicações adequadas pode haver reversibilidade à normalidade. Uma diferença marcante entre as duas doenças é a inflamação neutrofílica na DPOC e eosinofílica na asma. Esta diferença é a razão do corticóide ter uma boa ação na asma e a sua pouca ação na DPOC. ***Não existe paciente começar com asma aos 70 anos, ***Não existe paciente ter DPOC jovem, a menos que for deficiência de alfa 1 antitripsina. ***Asma obstrução é reversível. AVALIAÇÃO DO PACIENTE Avaliar não somente a obstrução, mas também a massa muscular, grau de dispneia (Escala MRC), e grau de limitação. GRANDE GANHO COM O GOLD. Escala da dispneia –MRC 1 e 2 paciente está bom. 3, 4 e 5 paciente já tem grandes limitações. 1 Atividade física intensa (nadar, correr, praticar esportes). 2 Caminhada apressada no plano, ou quando sobe morro. 3 Andar no mesmo passo que pessoas da mesma idade, ou, para para respirar quando caminha no plano no próprio passo. 4 Andar alguns minutos ou 100 metros no plano. 5 Trocar de roupa, ou que o impede de sair de casa Diagnóstico diferencial: -ICE: Hipertensão arterial ou doença coronariana - dispnéia crepitações - aumento de área cardíaca e congestão pulmonar - espirometria normal – ecocardiograma. -Bronquiectasias: Expectoração - associada às formas mais graves crepitações fixas - radiografia normal - espirometria normal ou obstrutivo – TCAR. -Fibrose pulmonar: Tosse seca persistente - crepitações - baqueteamento digital - imagens reticulares em bases - espirometria normal ou com padrão restritivo – TCAR. - TB: Febre, emagrecimento e adinamia - crepitações ou sopro cavitário - imagem cavitária - Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia exame de escarro. - CA: Emagrecimento e adinamia - ausculta normal imagem nodular ou tumoral - broncoscopia ou toracotomia com biópsia. CAPACIDADES PULMONARES Aumento do tempo expiratório e redução do tempo inspiratório. Aumento da reserva inspiratória = aumenta o aprisionamento de ar. Ciclo do aprisionamento aéreo: Tem-se a limitação expiratória ao fluxo aéreo, levando a hiperinsuflação ,e consequentemente a dispnéia, descondicionamento, redução das atividades e baixa qualidade de vida . OBS: O desenvolvimento ou agravamento da hiperinsuflação pulmonar dinâmica, com aprisionamento aéreo, consiste na principal alteração fisiopatológica na exacerbação da DPOC. Os principais mecanismos envolvidos são: aumento da obstrução ao fluxo aéreo (causada por inflamação, hipersecreção brônquica e broncoespasmo) acompanhado de redução da retração elástica pulmonar. Todos esses fatores resultam em prolongamento da constante de tempo inspiratório, ao mesmo tempo em que se eleva a freqüência respiratória como resposta ao aumento da demanda ventilatória, encurtando-se o tempo para expiração. Ocorre pela inflamação crônica um espessamento da Via aérea, leva a destruição das fibras alveolares e então tem uma redução da tração radial, que retira o ar do alvéolo, assim temos o alçapamento de ar dentro desse alvéolo. LEMBRAR DA CAMA ELÁSTICA, se eu pulo em cima de uma cama elástica eu consigo chegar ao teto, ou seja, chegando a sua capacidade pulmonar total. O aprisionamento de ar leva a uma hipersunflação que aumenta o tempo expiratório, na tentativa de eliminar esse ar, porém o volume expiratório forçado vai diminuindo com a progressão da doença. O paciente tem uma intolerância ao exercício, isso ocorre por que como ele está com ar aprisionado ele inspira menos ar, encontrando se dispneico, na tentativa de oxigenar ele aumenta a FR reduzindo assim o tempo inspiratório. O exercício faz o paciente alçapar mais ar, hiperinsuflando. Retificação do Diafragma devido hiperinsuflação. Ciclo vicioso, mais dispneico fica, mais ar ele alçapa e mais hiperinsuflação ele tem. #Diferença distúrbio restritivo para Obstrutivo: O Indice de Tifennau reduz abaixo de 75% nos distúrbios obstrutivos. Já nos distúrbios restritivos ele se encontra normal, porque o VEF1 e a CVF reduzem proporcionalmente. Asma/DPOC = redução do Fluxo expiratório Forçado. Curva de Fluxo volume na doença obstrutiva tem concavidade bastante acentuada. DPOC: aumento grande do Volume residual e redução do volume de reserva inspiratório. Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia Na DPOC, danos irreversíveis fazem com que as paredes alveolares percam elasticidade em comparação com a condição normal. As vias aéreas são parcialmente ocluídas, um efeito agravado pela constrição. Como resultado, a deflação é mais lent, e assim os alvéolos ficam parcialmente esvaziados ao longo de uma exalação. Fluxo aéreo limitado devido perda da elasticidade dos alvéolos e estreitamento das vias aéreas a saída desse ar. Pacientes com DPOC sofrem de redução do fluxo expiratório. Como resultado, os pulmões não podem totalmente vaziar-se antes da próxima respiração começar. Isto é particularmente provável se o paciente tem que respirar mais rápido como resultado de uma atividade física. Como os pulmões não esvaziam totalmente, eles tornam-se progressivamente insuflados a cada respiração. Este processo é conhecido como o aprisionamento de ar , o que leva a uma hiperinsuflação. Aprisionamento de ar reduz a capacidade do doente para respirar, o que provoca a dispneia que é típica da DPOC. TRATAMENTO Objetivo de reduzir os sintomas (reduzir a dispnéia, melhorar a capacidade exercício, melhorar a qualidade de vida). E reduzir o risco futuro (redução da queda da função pulmonar, redução das exarcebações, redução da mortalidade). Reduzir os fatores de risco (cessar o tabagismo, vacinação – pneumonia/gripe, reabilitação). Prática de exercícios físicos (troca da fibra tipo 2 por tipo 1). Farmacológico Abordagem da DPOC estável deve ser baseada na gravidade e estado clínico do paciente . Cessar tabagismo. Reabilitação para melhorar qualidade de vida do paciente. Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia Exercício físico (troca fibras tipo 1 por tipo 2). Vacinação contra gripe e Pneumonia (Paciente com DPOC morre na exacerbação, por infecções respiratórias). Pacientes com DPOC tem risco aumentado de Doenças cardiovasculares, osteoporose, infecções repiratorias, ansiedade e depressão, DM, CA de pulmão. Comorbidades devem ser investigadas e tratadas apropriadamente a fim de evitar exacerbação. Principal causa de exacerbação é as infecções respiratórias: Pneumococo, Haemophilos, Moraxerrella. Paciente vai acabar vivendo no hospital, adquirindo flora hospitalar, até ter uma pneumonia por germes atípicos (pseudômonas, micoplasma). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Broncodilatadores e anticolinérgicos de curta duração para as crises. Se paciente mesmo assim continua sintomático acrescenta Xantina. Quando eu indico corticoide inalado? Associação da DPOC com a Asma e quando o paciente for GOLD D, ou GOLD D exacerbador (que tem mais de duas pneumonias por ano). Maisa Dulci – Medicina/UCB-DF Pneumologia
Compartilhar