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DIA 01 - COMO ESCOLHER UM BOM TEMA DE TCC 
 
O TCC (trabalho de conclusão de curso) é o nome da disciplina que tem, por intenção, fazer o 
aluno desenvolver uma pesquisa científica. 
 
Ao final da disciplina, o aluno deverá entregar um produto. Este produto pode ser uma 
monografia ou um artigo, a depender das regras da faculdade. 
 
E qual é a diferença entre monografia e artigo? A diferença está basicamente na complexidade. 
A monografia requer uma pesquisa mais detalhada e aprofundada, visto que o número de 
páginas é maior. O artigo científico requer uma abordagem mais objetiva, com número de 
páginas um pouco menor. 
 
Mas seja qual for a modalidade de TCC da sua instituição (monografia ou artigo), o caminho que 
você deve percorrer é o mesmo no que diz respeito à pesquisa. Ou seja: tudo o que eu escrever 
aqui, valerá para os dois tipos. 
 
Começamos o TCC por uma fase chamada PROJETO (algumas faculdades chamam pré-projeto 
ou matriz). Esse projeto é o esqueleto do seu trabalho final, um esboço bem pensado e 
planejado. 
 
Comparativamente, imagine que você tivesse comprado um lote e quisesse construir uma casa. 
O ideal seria você contratar um profissional que fizesse o projeto (o desenho) da estrutura, 
cômodos, parte elétrica, hidráulica, etc. Assim, o construtor já saberia o que fazer em cada 
etapa. 
 
O projeto de TCC também é assim: ele funciona como uma antecipação do seu trabalho final. É 
o momento de você compreender melhor o seu tema, problematizá-lo, criar os objetivos (as 
metas), justificá-lo do ponto de vista acadêmico e científico, escolher o melhor método para 
fazer a pesquisa, reconhecer os principais autores que já pesquisaram sobre o tema pretendido, 
etc. 
 
Um bom projeto irá garantir uma boa pesquisa e, consequentemente, um bom TCC. 
 
 
Para começar a elaborar o seu projeto, você precisa definir o seu TEMA. O tema é a sua proposta 
de pesquisa. Por ele, você fará seu leitor entender um pouco mais dos dilemas, conflitos, alardes 
que existem em torno de uma questão jurídica. 
 
E como deve ser a definição desse tema? Para ajudar na busca de uma proposta que seja 
realmente boa, você pode aplicar a técnica BLITZ. 
 
Blitz é uma operação policial que visa averiguar irregularidades envolvendo motoristas de 
trânsito. Um agente policial vai PROCURAR UMA IRREGULARIDADE. Se a autoridade não 
encontrar nada, irá liberar o motorista. Se encontrar alguma falha, tomará providências 
administrativas. A blitz do tema de TCC também funciona assim. Seu tema precisa gerar um 
estado de atenção, precisa causar em você a sensação de que algo não está legal. 
 
Seguindo essa lógica, veja as características de um tema bom: 
 
B élico 
L igeiramente complexo 
I mpacto jurídico 
T em limites 
Z ero viés 
 
Vou explicar. 
 
Tema bélico significa que seu tema precisa ser conflituoso. É preciso que você perceba 
polarização de interesses. Isso pode acontecer de várias formas. No Direito, é comum termos 
conflitos entre regras, entre princípios e até entre determinada lei e a realidade. Um tema 
pacífico, que não gera discussões conflituosas não é um bom tema de pesquisa. 
 
Veja, como exemplo, o tema apresentado pelo Artur: O projeto de reforma tributária da PEC 
45. Perceba que, em uma rápida análise, não conseguimos notar que tipo de conflito será 
travado nessa proposta. A impressão que eu tenho é que parece mais um estudo aprofundado 
sobre determinado tema do que uma pesquisa sobre questões tormentosas. O ideal seria se o 
Artur encontrasse interesses colidentes dentro desse assunto. Com isso, a pesquisa ganharia 
relevância maior em razão da análise dos desdobramentos da polarização. 
 
 
O tema também deve ser ligeiramente complexo. Em outros dizeres, se você pesquisar seu 
tema no Google ou qualquer outra plataforma de busca e perceber que as questões existentes 
sobre ele já são respondidas por alguma lei, súmula, repercussão geral ou doutrina majoritária, 
esse tema não é bom. O tema não precisa ser novo ou inédito. Você não precisa escrever sobre 
algo que ninguém nunca falou. Mas também não pode ir para o extremo e falar de assuntos que 
são páginas viradas no Direito. 
 
Por exemplo, a Fabiana quer pesquisar sobre a legalização do aborto no Brasil. Essa proposta já 
está sendo discutida há muito tempo. Falar de legalização do aborto é ter que levantar os 
mesmos argumentos, definir os mesmos parâmetros, argumentar com base naquilo que já foi 
exaustivamente discutido em âmbito jurídico. 
 
“Mas Filipe, a realidade continua a mesma, apesar das discussões. Não é importante continuar 
falando sobre esse tema?” - você poderia pensar. 
 
Sim, é verdade! Falar de aborto é urgente e importante. Porém, falar mais do mesmo e não 
trazer novas abordagens, não vai contribuir em nada com o progresso do pensamento 
científico, percebe? O ideal é que Fabiana encontre uma discussão que gere mais complexidade 
argumentativa. Ao invés de simplesmente bater na tecla dos direitos humanos e fundamentais, 
ela poderia, por exemplo, contextualizar o aborto com o stealthing. Aí sim o tema ganharia 
maior complexidade. Do contrário, cairá no limbo do tema batido. 
 
O tema também precisa de impacto jurídico. Veja: se seu curso é Direito, a banca espera de 
você uma proposta em que seja possível analisar as leis vigentes, as decisões dos tribunais ou a 
aplicação de alguma técnica jurídica. Levar a sua pesquisa para outras áreas como filosofia, 
psicologia, economia, antropologia, sociologia, etc. pode ser muito arriscado. Não estou dizendo 
que você não possa fazer isso. Só tome cuidado para que a sua discussão CENTRAL seja jurídica. 
 
Pegue como exemplo, o tema da Ana: Os efeitos do processo de divórcio no desenvolvimento 
psicológico dos filhos menores. Veja que essa proposta está muito mais ligada à psicologia do 
que ao Direito propriamente dito. Afinal, o Direito consegue aferir o desenvolvimento 
psicológico de filhos após o divórcio? Acho que não temos ferramentas para isso! 
 
Seu tema precisa ter limites. É o mesmo que dizer que você não deve fazer uma proposta 
genérica, que fale de forma ampla e superficial sobre certo assunto. Seu tema deve ser objetivo 
 
e específico (o mais específico que conseguir). Existem algumas maneiras de você dar limites ao 
seu tema. Você pode delimitá-lo a partir de um princípio específico ou a partir de um artigo de 
lei específica. Você pode também delimitá-lo para uma teoria X ou a partir de um julgado Y do 
STJ, ou do STF. Ainda é possível a delimitação geográfica em que você ditará a circunscrição em 
que analisará o fenômeno jurídico estudado. 
 
Vamos pegar o exemplo do tema da Beatriz: o tratamento do direito penal brasileiro ao serial 
killer. Esse tema não tem limite. Olha só o que podemos entender: Beatriz irá revirar TODO O 
DIREITO PENAL BRASILEIRO para saber como tratar o serial killer. 
 
Isso vai levar muitos anos, Beatriz. E corre o risco de você escrever um livro (não apenas um TCC). 
 
Tem coisa demais aí. Certo seria se Beatriz identificasse alguma teoria que fosse possível nortear 
essa pesquisa. Algo mais ou menos assim: “A eficácia da medida de segurança aplicada aos 
criminosos em série segundo a teoria xxx”. Viu como, assim, o tema ganha mais contorno e fica 
mais fácil até de vislumbrar a pesquisa? 
 
Por fim, o tema escolhido deve ter zero viés. Estou querendo dizer que sua pesquisa deve ser 
IMPARCIAL. Se você já começa a pesquisar sobre um tema com certezas inabaláveis ou com 
convicções fortes sobre o problema jurídico, você não entregará um resultado científico - e sim 
enviesado. Escolha um tema que não te envolva sentimentalmente. Não use seu TCC para fazer 
justiça, levantar bandeiras políticas, tratar de traumas do passado… não! A proposta do TCC 
deve ser fazer pesquisa. E você, como um bom pesquisador, deve se afastar o máximo do objeto 
analisado, percebendo-o comimparcialidade. 
 
Depois de tudo isso, reflita: seu tema parou na BLITZ? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIA 02 - PROBLEMATIZANDO O TEMA 
 
Além do tema, o seu projeto de TCC deve conter o PROBLEMA DE PESQUISA. 
 
Eu ouso dizer (com apoio de vários outros professores) que o problema é o elemento mais 
importante da sua pesquisa. Isso significa que o que define um bom projeto de TCC é um bom 
problema. 
 
Mas o que é o problema? 
 
Problema nada mais é do que uma PERGUNTA NORTEADORA. 
 
Guarde isso: o problema é uma pergunta! Sempre! 
 
Então pense assim: uma vez que você já definiu o seu tema de TCC, você vai convertê-lo em 
problema. E não tem mistério para isso, a conversão deve ser fácil e simples. 
 
Se, por acaso, você não conseguir transformar seu tema em uma pergunta, é sinal de que seu 
tema ainda está mal formulado e ainda não parou na BLITZ. 
 
“Filipe, como é que eu transformo o meu tema em um problema (em uma pergunta)?” 
 
A fórmula é esta aqui: 
 
[PRONOME INTERROGATIVO OU VERBO] [SEU TEMA] [INTERROGAÇÃO] 
 
Alguns exemplos de pronomes interrogativos: 
 
Como 
Onde 
Quando 
Qual 
Que 
 
 
Alguns exemplos de verbos que podem iniciar o problema: 
 
É [possível/eficaz/constitucional…] 
Tem [validade/eficácia/coerência…] 
São [conciliáveis/contraditórios…] 
 
Veja um exemplo. A Amanda escolheu como tema “A possibilidade do Recall Político no Brasil 
e possíveis efeitos” 
 
Seguindo a fórmula, ficaria assim: 
 
[PRONOME INTERROGATIVO OU VERBO] A possibilidade do Recall Político no Brasil e possíveis 
efeitos [INTERROGAÇÃO] 
 
Agora, fazendo algumas adaptações para que a frase tenha sentido: 
 
“É possível o recall político no Brasil? Se sim, quais são os possíveis efeitos?” 
 
Ou poderia ser uma única pergunta: “Quais são os possíveis efeitos do recall político no Brasil?” 
 
Veja que não fugi da estrutura frasal do tema. Antes, aproveitei as mesmas palavras (com poucas 
adaptações) e transformei em PERGUNTA. 
 
“Filipe, o problema pode ser mais de uma pergunta?” - talvez você pergunte. 
 
Eu não recomendo, pois pode gerar confusão. 
 
A não ser que uma pergunta decorra da outra, como no primeiro exemplo que eu dei para o 
problema da Amanda: “É possível o recall político no Brasil? Se sim, quais são os possíveis 
efeitos?”. Percebe que, nesse caso, é como se fosse uma pergunta desmembrada em duas? 
 
Vamos a mais um exemplo. Veja o tema da Flávia: “Violência doméstica e intrafamiliar contra a 
mulher: os impactos do acompanhamento psicossocial para a efetividade das medidas 
protetivas de urgência”. 
 
 
O tema dela começa depois dos dois pontos. Então eu transformaria em problema assim: 
 
“Quais são os impactos do acompanhamento psicossocial para a efetividade das medidas 
protetiva de urgência?” 
 
CUIDADO! A pergunta que surgir do seu tema não pode ser fraca e fácil de ser respondida. Se 
você criar uma pergunta cuja resposta seja SIM ou NÃO, o problema da sua pesquisa será 
rapidamente solucionado. Por isso, pense em uma estrutura frasal que vá te gerar mais 
complexidade. 
 
O problema te guiará ao longo de toda sua pesquisa. Você terá um compromisso sério a partir 
de agora: resolver este problema. 
 
Tudo o que você ler, pesquisar e escrever deve estar voltado para se aproximar, pouco a pouco, 
da solução do problema. 
 
Percebe a importância disso? Um pesquisador fica VINCULADO ao problema do início ao fim. 
Seu leitor quer saber a solução que você vai dar. E aí está a coerência do seu TCC: desenvolver 
cada capítulo, cada tópico, cada frase pensando no problema. Ele é o seu eixo principal. 
 
Tenha muita atenção ao construir o seu problema, ok? Ele determinará a qualidade da sua 
pesquisa. 
 
Inclusive, se seu tema não atender os requisitos da BLITZ, vai ficar difícil converter em problema. 
Quer ver? 
 
Suélen tem em mente o seguinte tema: “Natimorto no Direito Brasileiro: reflexões sobre os 
direitos da personalidade”. Vamos tentar transformar isso em um problema? 
 
Eu faria assim: “Quais são as reflexões sobre os direitos da personalidade acerca do natimorto 
no Direito Brasileiro?” 
 
 
Eu sei que você deve ter pensado que ficou estranho. E ficou mesmo. Sabe por quê? Porque o 
tema de Suélen não está delimitado. “Reflexões” é uma proposta muito ampla e não é possível 
saber, exatamente, sobre qual ponto específico ela vai discutir. 
 
Sabe o que ficou parecendo? Que Suélen quer estudar sobre os direitos do natimorto, sem 
enfrentar um problema real. Só que TCC não é um estudo, Suélen. TCC é uma pesquisa baseada 
em um PROBLEMA. 
 
Vamos a mais uma análise. A Néia quer escrever sobre “Adoção por casais homoafetivos: 
avanços e dificuldades no sistema jurídico brasileiro”. 
 
Agora vamos converter esse tema em problema. Ficaria assim: 
 
“Quais são os avanços e dificuldades no sistema jurídico brasileiro nos casos de adoção por 
casais homoafetivos?” 
 
A pergunta ficou até interessante, mas veja que não existe nenhum CONFLITO aí. E, sem conflito, 
fica difícil pensar em um problema. Afinal, Néia, do que adianta descobrirmos os avanços e 
dificuldades? Qualquer pessoa que fizesse uma leitura das leis já não conseguiria perceber isso? 
 
O tema da Néia também precisa de delimitação para poder gerar um bom problema. 
 
Deixo agora, com você, a tarefa de converter seu tema em problema. Faça uma lista com várias 
tentativas. Se estiver muito difícil, pare um pouco e leia mais sobre o seu tema. Sempre aplique 
os passos da BLITZ e, só então, tente a conversão do tema para problema. 
 
Lembre-se: TCC é um processo de muitas tentativas. Não queira ser o alecrim dourado e achar 
que vai conseguir acertar tudo de primeira. Pesquisar é caminhar por pedregulhos. Mas temos 
que caminhar, não é?! 
 
Conte comigo! 
 
 
 
 
DIA 03 - A ESTRUTURA DE UM TCC JURÍDICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Falar em estrutura do TCC é pensar na divisão do trabalho em capítulos. Afinal, o que deve ser 
colocado em cada capítulo? Como criar um roteiro linear e lógico de escrita? 
 
Inicialmente, quero alertar que a divisão do trabalho é uma decisão que deve ser pensada e 
tomada pelo pesquisador. Afinal, ninguém melhor do que você para decidir sobre como as ideias 
irão se concatenar. 
 
Significa que o que escreverei aqui é apenas uma SUGESTÃO de estrutura. É como tenho 
trabalhado com meus alunos nesses 9 anos de profissão. 
 
Você irá pensar na seguinte estrutura: INTRODUÇÃO - CAPÍTULO 1 - CAPÍTULO 2 - CAPÍTULO 3 
- CONCLUSÃO. 
 
A introdução e a conclusão são elementos obrigatórios e devem seguir um certo padrão. Vamos 
falar deles daqui a pouco. 
 
A quantidade de capítulos, por sua vez, fica a critério do pesquisador. Eu gosto de três capítulos 
porque acho suficiente. Menos que isso, as ideias ficam muito confusas e amontoadas. Mais do 
que isso, a escrita começa a ficar prolixa e foge do eixo central (o problema da pesquisa). No 
entanto, nada impede de você pensar em uma quantidade de capítulos diferente, desde que 
faça sentido para sua pesquisa. 
 
Então vamos ao conteúdo de cada parte do TCC. 
 
 
INTRODUÇÃO: seguindo as NBRs 6022 e 14724 da ABNT, sua introdução deve conter o tema, o 
problema, o objetivo principal, os objetivos específicos, a justificativa, a hipótese (se houver) 
e a metodologia escolhida. Também sugiro inserir parágrafos explicando brevemente o 
conteúdo de cada capítulo. 
 
CAPÍTULO UM: é o capítulo do CAOS. Nele, você irá apresentar todo o cenário caótico que 
impera sobre o seu tema. A intenção, aqui, é chocar (!!!) seu leitor e mostrar, com clareza, por 
que seu tema merece ser pesquisado. Esse é um capítulo de apresentação e, por isso, você deve 
evidenciar conceitos importantes, teorias, natureza jurídica, posicionamento dos tribunais, 
discussões doutrinárias, etc. 
 
CAPÍTULO DOIS: é o capítulo do conflito. Nele você irá explorar os interesses queestão em jogo 
dentro do seu tema. Se o conflito envolve duas regras colidentes, explore-as ao máximo. Se o 
conflito diz respeito a princípios que requerem ponderação, apresente esses princípios. É 
importante lembrar que, ao falar da polarização de interesses, você deve sempre fazer um 
gancho com o problema de pesquisa (o seu eixo). Fique atento para não colocar em questão 
outros conflitos ou informações que não vão te ajudar a solucionar o problema. 
 
CAPÍTULO TRÊS: o capítulo da hipótese. Esse será o espaço em que você tentará resolver o seu 
problema. Você poderá escolher ferramentas de integração de normas, regras de hermenêutica 
ou mecanismos de ponderação de interesses. Mostre todo o raciocínio que dará suporte à 
resposta da pergunta norteadora. Você pode também, nesse capítulo, mostrar os 
desdobramentos práticos da solução do problema. 
 
CONCLUSÃO: nas páginas finais, você irá ressaltar quais objetivos foram cumpridos. Se houver 
algum objetivo não cumprido, o ideal é que você explique porque não foi possível atingi-lo. 
Reforce a resposta dada ao problema, conforme os argumentos trabalhos no último capítulo. 
Evidencie as limitações encontradas em sua pesquisa (a honestidade acadêmica é muito 
valorizada e mostra que o pesquisador sabe até onde conseguiu chegar e o que falta a ser 
discutido pelos próximos pesquisadores). 
 
Agora vamos aos exemplos, a partir de temas que vocês me enviaram. 
 
 
Andressa escolheu o tema “Carta psicografada como meio de prova”. Ela poderia dividir o TCC 
dela da seguinte forma: 
 
INTRODUÇÃO 
CAPÍTULO 1: explicar o que é uma carta psicografada e o que é um meio de prova processual. 
Explorar a importância das provas para o processo. Evidenciar as discussões da doutrina sobre 
o cabimento ou não das cartas psicografadas como prova. Apresentar julgados que falam sobre 
isso. 
CAPÍTULO 2: apresentar os interesses em jogo. De um lado, o princípio da liberdade das provas 
e, de outro, a segurança jurídica que envolve (ou não) as cartas psicografadas. 
CAPÍTULO 3: evidenciar regras de hermenêutica para avaliar o cabimento (ou não) das cartas 
psicografadas no processo. Buscar fundamentos legais e jurídicos que embasem a hipótese. 
Analisar os efeitos práticos da hipótese (se a carta for aceita como prova, como deveria ser 
aceita?) 
CONCLUSÃO 
 
A Carolaine optou por escrever sobre “A responsabilidade civil da propaganda de produtos e 
serviços por influenciadores digitais”. Podemos pensar na seguinte divisão: 
 
INTRODUÇÃO 
CAPÍTULO 1: explorar conceito de propaganda nos termos do CDC, apresentar o conceito de 
fornecedor, explicar quem são os influenciadores digitais e como eles atuam nas redes sociais. 
Apresentar discussões doutrinárias sobre o tema e possíveis julgados sobre o assunto. 
CAPÍTULO 2: apresentar os interesses conflituosos. De um lado, a responsabilidade dos 
influenciadores pelos produtos e serviços que divulgam e, de outro, os interesses do consumidor 
lesado. 
CAPÍTULO 3: buscar a construção da hipótese (se há ou não responsabilidade dos 
influenciadores). Evidenciar regras de hermenêutica que serão usadas. Apresentar as 
implicações práticas da hipótese desenvolvida. 
CONCLUSÃO. 
 
Você consegue, a partir do seu tema, pensar em uma divisão? Vamos tentar? 
 
 
 
 
DIA 04 - ESCREVENDO AS PRIMEIRAS LINHAS 
 
Escrever as primeiras linhas do TCC não é tarefa fácil. Mas, posso garantir, após o primeiro 
parágrafo, as ideias começarão a fluir melhor. 
 
Então bora aprender uma forma de vencer esse bloqueio inicial? 
 
Primeiramente, quero sugerir que você comece a escrever seu TCC pelo primeiro capítulo. Deixe 
a introdução para o final, pois ela contém elementos que costumam mudar ao longo da pesquisa 
(falei dos elementos da introdução na aula de ontem, é só você ir no material da aula 3 para 
lembrar). 
 
O primeiro capítulo, como eu já disse, serve como uma apresentação de ideias. Certamente você 
irá dividi-lo em subcapítulos, desmembrando a ideia principal. Veja um exemplo de subdivisão 
de capítulo: 
 
CAPÍTULO 1 - O bebê medicamento à luz do Ordenamento Jurídico Brasileiro 
 
1.1. Conceito de bebê medicamento conforme a bioética 
1.2. A técnica de reprodução prevista na Resolução xxx do Conselho Federal de Medicina 
1.3. Posicionamento da doutrina brasileira acerca da técnica 
 
Pensando nessa estrutura do primeiro capítulo, você precisa idealizar um pequeno parágrafo 
introdutório de apresentação. Esse parágrafo virá entre o Capítulo 1 e o tópico 1.1. Assim: 
 
 CAPÍTULO 1 - O bebê medicamento à luz do Ordenamento Jurídico Brasileiro 
 
Este capítulo tem por objetivo apresentar conceitos importantes sobre a técnica de reprodução 
humana conhecida como bebê medicamento. Para tanto, serão apresentados três subcapítulos. 
O primeiro versará sobre a concepção da bioética sobre o bebê medicamento. O segundo 
abordará a técnica à luz da resolução xxx do Conselho Federal de Medicina. O último subcapítulo 
apresentará posicionamentos da doutrina brasileira acerca da técnica, evidenciando os dilemas 
jurídicos presentes no tema. 
 
 
1.1. Conceito de bebê medicamento conforme a bioética 
 
[...] 
 
Veja que essa estrutura de escrita pode ser reproduzida para cada início de capítulo. Servirá 
como uma sumarização daquilo que você tratará no capítulo que se iniciará. 
 
Vamos pegar como exemplo o tema da Naiara: “A natureza jurídica das criptomoedas para fins 
tribuários”. 
 
Podemos pensar na seguinte subdivisão do primeiro capítulo: 
 
CAPÍTULO 1. Compreensões iniciais sobre as criptomoedas. 
 
1.1. Conceito e classificação das criptomoedas 
1.2. Posicionamento doutrinário acerca da natureza jurídica das criptomoedas 
1.3. Postura dos tribunais brasileiros quanto à tributação das criptomoedas 
 
Agora vamos escrever as primeiras linhas do primeiro capítulo do TCC da Naiara: 
 
CAPÍTULO 1. Compreensões iniciais sobre as criptomoedas. 
 
Este capítulo tem por objetivo apresentar noções gerais sobre as criptomoedas. Para tanto, 
serão apresentados três subcapítulos. O primeiro trará conceitos do direito financeiro, tributário 
e a classificação das criptomoedas. O segundo abordará o posicionamento dos principais juristas 
brasileiro acerca da natureza jurídica das criptomoedas. O último subcapítulo evidenciará a 
postura dos tribunais acerca da tributação das criptomoedas. Parte-se, então, para a análise 
conceitual e classificatória do mencionado tema. 
 
1.1. Conceito e classificação das criptomoedas 
 
[...] 
 
 
Agora você já quebrou o principal bloqueio. Sua página não está mais em branco! Já podemos 
pensar nas próximas linhas, certo? 
 
Comece contextualizando o assunto principal do subcapítulo. Contextualizar é o mesmo que 
explorar noções primárias sobre o tema. Por exemplo, usando o subcapítulo 1.1 da Naiara, ela 
pode iniciar dizendo da importância das criptomoedas para o cenário mundial. Ou ela pode 
começar explorando a mudança das transações econômicas (a passagem das moedas de papel 
para as moedas virtuais). 
 
Em seguida, após a contextualização, é possível inserir uma citação. Se você não sabe, a citação 
nada mais é do que a ideia de determinado autor. Usamos as citações para conferir credibilidade 
e cientificidade nos argumentos apresentados. A citação pode ser direta (você transcreve 
literalmente a ideia do autor) ou pode ser indireta (você coloca com as suas palavras, em 
paráfrase). Nos dois casos, citação direta ou indireta, você precisa evidenciar a fonte. Nunca use 
ideias de terceiros como se fossem suas. Isso é plágio e plágio reprova. 
 
A partir da citação, você continuará seu texto. Existem vários caminhos para isso. Você poderá: 
 
a. explicar com suas palavras a relação da citação com o seu tema ou problema de pesquisa. 
b. esclarecer melhor as ideias do autor, seja reforçando conceitos ou abordando de forma mais 
didática e clarao que o autor pretendeu dizer. 
c. apresentar uma crítica, evidenciando alguma falha na ideia do autor usado na citação. 
d. exemplificar, mostrando, por meio de exemplos, a aplicação das ideias do autor citado. 
 
O ideal é que você sempre mescle uma citação com um parágrafo autoral. O empilhamento de 
citações polui o texto da mesma forma que um texto sem citação desperta dúvidas. 
 
Por fim, uma dica de ouro: busque sempre conectar sua escrita ao problema do seu TCC. Assim, 
de tempos em tempos, abra um parágrafo para conectar tudo o que foi dito com o seu problema 
de pesquisa. É uma forma de situar o seu leitor e também de direcionar a sua escrita, mostrando 
que tudo o que foi construído, até então, ajuda a compreender melhor a grande questão que 
você se dispôs a solucionar.

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